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”
Introdução - Jacques Yves Cousteau
3.2. O plano diretor: Zonas de Estruturação que sobrepõe a camadas de vulnerabilidade ambiental.
Algumas áreas mapeadas como zonas de risco e insegurança ambiental sobrepõe-se à zonas de ocupação incentivadas no Plano Diretor vigente na cidade de São Paulo e é o que ocorre na bacia do Córrego Água Preta.
Capítulo 4: O projeto
Conclusão
Introdução
Este Trabalho Final de Graduação nasce com o objetivo de questionar a inundação e a vulnerabilização de áreas ocupadas em mananciais.
cidade existente e sua relação com seus cursos d’água, partindo da O resgate histórico do perfil do sítio natural da atual cidade de São
prerrogativa de que as alterações físicas no meio natural mudaram Paulo é essencial para o entendimento de que a ocupação sobre os
completamente a relação dos habitantes com seu suporte físico e cursos d’água e seus mananciais é especialmente incompatível com a
patrimônio ambiental. forma dos rios de planície sedimentar, que possuem as estruturas de
Chegamos em um estado como humanidade que cometemos tantas meandros, onde o volume d’água varia constantemente durante o ano
alterações no solo, no relevo, na fauna, flora e no clima que causamos dependendo das épocas de chuva ou seca.
uma Era Geológica, chamada de Antropoceno. O capítulo 1 deste Dentre os três principais rios da cidade -Tamanduateí, Pinheiros e Tietê-,
trabalho aborda e explica o tema, contextualizando os impactos do talvez o último esteja mais presente no imaginário dos paulistas e dos
Antropoceno para a sociedade e cidade. Pensar que mudamos tanto o brasileiros, sendo conhecido como um dos rios mais poluídos do
planeta para causar uma Era Geológica dá parâmetro do impacto das território nacional. Suas microbacias foram canalizadas, ocupadas (com
atividades humanas e muda completamente a perspectiva de como índices sociais muitas vezes “opostos”) e impermeabilizadas em sua
vamos interferir, produzir e nos construir como sociedade a partir disso, maioria (especialmente nas áreas da cidade mais providas de
visto que a construção do modo de vida humano impactou infraestrutura, o que mostra a negligência do planejamento urbano com
severamente os ecossistemas naturais do planeta e paradoxalmente o patrimônio hídrico). O curso do rio, foi retificado e sua várzea ocupada
criou um perigo a própria sobrevivência da espécie homo sapiens no e impermeabilizada seguindo a lógica de criação de rodovias em fundos
Planeta Terra. de vale (Plano de Avenidas Prestes Maia).
Dentro da lista extensa de elementos que foram explorados a limites de O capítulo 3 contextualiza as discussões apresentadas nos capítulos
esgotamento, um dos mais lembrados é a água. A água ainda não está anteriores na Bacia do Córrego do Água Preta, a área de estudo deste
em estado real de acabar da face da Terra, porém a doce e potável trabalho. Pertencente territorialmente aos distritos da Lapa, Barra
própria para consumo já é escassa em várias partes do planeta. 2/3 da Funda e Alto de Perdizes, a área e o curso d’água foram escolhidos para
área do globo terrestre abriga este elemento líquido conhecido desde implantação de um possível objeto projetual porque:
os primórdios da história como essencial à vida – todos os tipos de vida – (1) O Córrego do Água Preta é um afluente do Rio Tietê em uma área
mas ainda sua má gerência e distribuição faz com que várias partes do central da cidade que segue o clássico modelo de ocupação e
planeta lidem com a dura e, inconcebível no ideal de sociedade, criação de vias estruturantes do sistema viário na várzea dos rios e
realidade da sede. foz dos Córregos, o que faz com que canalizações, escoamento e
As paisagens do Antropoceno são as metrópoles e as cidades. A vida pontos de transferência a outros cursos d’água sejam soluções
urbana já é contemplada por mais da metade da população mundial e ineficientes a inundações e futuras mudanças climáticas;
os cursos d’água foram alterados, adaptados e integrados na (2) Apesar de tímido, nas nascentes do córrego do Água Preta, há um
classificação de infraestrutura urbana para resolver também o problema reconhecimento do curso d’água invisibilizado por parte dos
de mobilidade e ocupação urbana, dentro de uma visão rodoviarista. moradores locais do bairro, o que é visto como uma potencialidade
São Paulo é uma metrópole que escancara em sua paisagem a distopia para projeto de desenterramento, valorização e de criação de áreas
do cenário urbano, completamente desprendido de suas características verdes junto do patrimônio hídrico do território.
naturais. O capítulo 2 pretende resgatar a história da ocupação da (3) A área do Córrego Água Preta faz parte de uma Zona de
cidade a partir dos cursos d’água. Junto com a destruição da flora Estruturação Metropolitana no PDE de 2014, por isso, está sofrendo
nativa para a ocupação do sítio urbano, os rios e seus afluentes foram nos últimos anos, várias mudanças na paisagem e densidade
incorporados à malha viária e de mobilidade, desconfigurando e populacional. É preciso que as mudanças futuras sejam compatíveis
canalizando seus cursos e impermeabilizando seus mananciais, o que com a vulnerabilidade ambiental da área – numa lógica de
posteriormente, resultou em impactos e problemas de erosão, resiliência das cidades às mudanças climáticas.
Finalmente, o capítulo 4 apresenta o projeto para a Bacia do Córrego
da
Água Preta, visando a purificação do seu curso e o sobrepondo com
equipamentos verdes, que servem, além de permeabilização para as
áreas alagáveis do recurso hídrico, para abrigarem usos ao longo do
curso exposto, na intenção de gerar uma consciência de gestão
coletiva ao patrimônio hídrico da cidade, com proposição de
paisagismo que exalte e exponha a vegetação nativa desta área.
Um dos conceitos mais importantes do projeto é, ainda, o
desenterramento do córrego Água Preta em alguns momentos. Além
de o desenterramento e preservação do verde do manancial de um
curso d’água (principalmente dos rios de planície e seus afluentes) ser
uma das soluções mais efetivas quanto aos problemas de drenagem, a
exposição do córrego em alguns momentos serve também para
mostrar essa camada do meio urbano que foi invisibilizada, inclusive e
principalmente, na cidade formal e áreas mais providas de
infraestrutura, o que mostra os desprezo sistêmico pelos recursos
naturais no meio urbano e o desprendimento dos seus habitantes com
a consciência de gestão coletiva do patrimônio hídrico e ambiental
das cidades.
A intenção é, ilustrar nesta Bacia, um modelo de ocupação que seja
condizente com a vulnerabilidade ambiental de um curso d’água, que
deve ser levado em consideração mediante as atuais mudanças
Climáticas.
o Projeto
A Bacia do Córrego Água Preta na cidade
A lógica de Avenidas de Fundos de Vale que definiu o desenho de mobilidade automotiva em São Paulo é um fato pré determinante importante para a mobilidade
da cidade, mesmo que no ponto de vista ambiental seja uma ruim alternativa. Apesar de a lógica de enterramento do córrego urbano estar atrelada com o desenho
rodoviário, é importante que se mantenha os fluxos de conexão, porém recalibrando principalmente o desenho das linhas de trem e da marginal tietê, que são
barreiras para o pedestre e pensando na possibilidade de um cenário ideal em que a várzea do rio Tietê fosse respeitada e a marginal fosse transferida para as suas
paralelas. As adaptações serão mais detalhadas a seguir.
características físico-naturais
745
720
800
730
Fonte: Programa Córrego limpo Sabesp – monitoramento demanda bioquímica de oxigênio nos córregos urbanos
Para a conceituação do projeto foi essencial o estudo das dinâmicas naturais do local, incluindo a busca pela vegetação nativa que se dá da sobreposição da cartografia mais antiga que se tem da cidade (Sara, 1930) que relatam o meio
natural naquele momento, incluindo o perfil natural de meandros do Tietê e a exposição do córrego em estudo. A carta geotécnica da pista sobre as especificidades físicas da vegetação natural do local. Ainda, a tabela de oxigenação
atual do córrego, que indica que a água está boa para desenterramento.
características atuais
745
720
800
730
2.
3. 4.
1. 5.
6.
7.
9.
10.
Nas visitas de campo à Bacia Água Preta, notou-se diferenças entre o perfil de uso, ocupação, drenagem e arborização no percurso de mais ou menos 3 quilômetros que se dá entre a nascente e a foz do curso d'água. Por isso, foram
classificados 3 perfis para que sejam classificados de uma forma mais específica e portanto, ser abordados em perspectivas e ações diferentes.
PERFIL 1: nascente – residências unifamiliares – vielas hidráulicas - declive PERFIL 2: condomínios novos – ruas locais – densidade PERFIL 3: várzea do rio – barreiras urbanas – trem – marginal Tietê
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
Áreas de intervenção
Responsável pela desimpermeabilização das áreas com seleção de espécies que funcionem nas dinâmicas
naturais do local – inclusive na pretensão de aumento a longo prazo
terra vegetal
brita arbóreas
arbustivas
entulho
reciclado
frutíferas ornamentais
nativas
herbáceas arbóreas
macrófitas trepadeiras
brasiliorchis gomesa crispa
schunkeana
União dos programas selecionados para localidade abertos para a cidade com materialidade que possua
desempenho em áreas molhadads
valorização da
h nascente
suporte hídrico
para
f
arborescências
do córrego
3. utilização das
vielas
b
d 4. hidráulicas
e
para percursos
e estares junto
1.
a 2. ao curso d’água
c desenterrado
corte via a
1.
corte via b
Ponto 1
Estar Urbano | Contemplação do Rio | Sanitários
corte transposição
A
corte via c
planta
corte via d
c d
corte A
2.
Ponto 2
Jardim Aquático | Calçadão para Feiras Livres | Uso Noturno - bar
corte B
corte via e
3.
planta
e
f
4.
corte Ponto 3
Jardim Alagável| Carnaval de Rua | Playgroung
corte via h
planta
4.
f
g
corte 2
Ponto 4
Contemplação do Rio | Bar – Restaurante | Queda d’Água h
o
Perfil 2
n
m trazer uso
j
noturno para o
térreo dos
6. 8.
k
l prédios
5. 9.
7. desprivatização
i
de parte do
curso do
córrego
corte via i
corte via j
planta
i j
5.
Ponto 5
Praça | Restaurante
corte
corte via k
corte
corte via l
6.
k
planta
Ponto 6
Contemplação do Rio
corte p8
planta p8
planta p7 m
7.
corte p7
corte via n
n
Ponto 7
Praça condomínio 1
Ponto 8
8.
Praça condomínio 2
corte via m
corte 2
corte via o
planta
9.
Ponto 9
Usos de lazer complementares a Universidade S. Camilo
corte 1
Perfil 3
A.
B
C
p.
11. q.
corte via p
planta p11
planta superior p11 contemplação do rio
área de exposição
planta p10
13.
ponto 12. auditório a céu aberto
12.
r.
15.
14.
s.
corte via s
Massa B: forração e usos de lazer e esporte
18.
planta p18
contemplação flora
corte p18
área de exposição
19.
planta p19
corte via t
1. MANCUZZO, Stefano. Revolução das Plantas. [S. l.]: Ubu Editora, 2019. 192 p. v. 12.
2. TUCCI, Carlos EM. Água no meio urbano. Livro água doce, p. 1-40, 1997.
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urbano: o caso da bacia hidrográfica do córrego Jaguaré, São Paulo. 2021. 348 f. Tese ( Doutorado em Arquitetura e
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