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Revista do Instituto Geológico, São Paulo, 31 (1/2), 67-92, 2010

A PEDOLOGIA E A EVOLUÇÃO DAS PAISAGENS

Carlos Roberto ESPINDOLA

RESUMO

Geomorfologia e pedologia surgiram em épocas distintas e com diferentes méto-


dos de investigação das paisagens, instituindo a dualidade morfogênese-pedogênese.
Às fases de evolução do relevo foram ajustados graus de desenvolvimento dos solos,
estando normalmente aí envolvidas causas tectônicas e mudanças climáticas. Datações
relativas das superfícies associavam critérios altimétricos a formas assumidas como
testemunhas de antigos processos: lateritas, stone lines e paleossolos. A evolução da
ciência mostrou que estas formas não precisam ser obrigatoriamente tomadas como pa-
leo, e que a própria autoevolução dos solos pode afetar o modelado superficial. Méto-
dos sedimentológicos e datações absolutas associados às transformações dos horizontes
pedológicos em topossequências possibilitam vislumbrar a instituição de uma morfo-
pedogênese, ou uma pedomorfogênese, pela indissociabilidade do solo e do relevo na
gênese das paisagens, posto que dependentes dos mesmos fatores de formação.

Palavras-chave: morfogênese, pedogênese, evolução da paisagem, paleoprocessos.

ABSTRACT

Geomorphology and pedology were developed in different times and use different
methods for landscape analysis, presenting a morphogenesis-pedogenesis duality
approach. Each phase of relief evolution was related to a distinct soil development
state. Tectonic processes and climatic changes are important factors to be considered in
this study. The relative ages attributed to the associated surfaces were mainly based on
laterite, stone lines and paleosol occurrences. New developments on science showed that
particular processes related to soil development (autoevolution) can create new relief
patterns, confirming that soil is a real factor for relief formation. Sedimentological and
absolute dating methods associated with conventional studies of pedon transformation in
toposequences made it possible to imagine a morphopedogenesis or pedomorphogenesis
science, since soil and relief form an indissoluble unity affected by the same factors.

Keywords: morphogenesis, pedogenesis, landscape evolution, paleoprocesses

1 INTRODUÇÃO rização de vertentes e identificação de testemunhos


de relevos antigos. Tornou-se paradigmática a re-
Geomorfologia e Pedologia surgiram em presentação das paisagens pelas fases do relevo –
épocas e lugares distintos, cada qual com o propó- juventude, maturidade e senilidade, a despeito das
sito de oferecer uma visão dinâmica das formações severas críticas sobre o caráter cíclico que Davis
superficiais da litosfera a partir dos seus objetos de atribuiu a esse mecanismo.
estudo: o relevo (morfogênese) e os solos (pedogê- A evolução do relevo em áreas desprovidas
nese), o que, em outras palavras, pode ser traduzi- de movimentos tectônicos expressivos estaria su-
do por evolução da paisagem. bordinada a um nível de base a comandar os me-
A geomorfologia ocupou-se, sobretudo, dos canismos de acumulação e remoção dos materiais
processos superficiais responsáveis pela modela- das formações superficiais. Compartimentos com
gem das superfícies ao longo do tempo geológico, relevos suaves seriam aptos a acúmulos de espes-
tendo empreendido técnicas de minuciosa caracte- sos mantos de alteração e solos; ao contrário, rele-

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vos ondulados estariam sujeitos a descarnamentos racterizações de superfícies geomorfológicas das


erosivos e solos rasos. Mudanças climáticas, acom- paisagens tropicais, assim como a teoria da etch-
panhadas de modificações das coberturas vegetais, planação para estudos detalhados (VITTE 2001).
acarretariam novos direcionamentos nessa dinâ- Contudo, do ponto de vista pedológico en-
mica. Raramente se atribuía ao solo a co-respon- trevisto por Dokuchaev, os solos não foram usu-
sabilidade pelas modificações dos fluxos hídricos almente inseridos naqueles modelos, mas apenas
geradores das denudações. como mantos de alteração da crosta em evolução.
O posterior surgimento da pedologia, com o Acredita-se que esteja aí envolvida, principal-
russo Dokuchaev, já na segunda metade do século mente, uma questão de escala de observação (VI-
dezenove, subordinou a origem do solo à ação do DAL-TORRADO et al. 2005), que nem sempre
relevo, junto aos demais fatores de formação, que torna possível a inserção de diferentes unidades
JENNY (1941) eternizou numa clássica formula- de solos. A geração de novas formas de modelado
ção matemática: conduzidas pela pedogênese encontra substancio-
Solo = f (material de origem, relevo, clima, so suporte no conceito de solos como sistemas de
organismos, tempo). transformação (MILLOT 1977, 1980), sob esca-
O crescente interesse científico despertado las detalhadas e técnicas analíticas especializadas,
pelo estudo sistematizado do solo propiciou uma como a micromorfologia.
diversificação dos distintos campos de atuação: Certos descompassos entre ambas as ciências
fertilidade, adubação e nutrição vegetal, técnicas foram objeto de reflexões críticas em mesa redonda
agrícolas conservacionistas e outros, ficando a de- do VII Simpósio Nacional de Geomorfologia, em
nominação pedologia reservada ao campo da gê- Recife (ESPINDOLA 2010) e constituem objeto de
nese, classificação e cartografia dos solos. Neste, o ponderação no presente trabalho, com o intuito de
objeto de enfoque centrou-se no perfil - o “indiví- mostrar que solos e relevo agem solidariamente, o
duo solo”, representativo de unidades cartográficas tempo todo, na modificação das paisagens terres-
aparentemente homogêneas - unidades de mapea- tres, cujo passado no mundo intertropical é difícil
mento. Raramente se cogitava sobre as relações en- de ser resgatado sem envolver uma grande dose de
tre os perfis isolados e as unidades de mapeamento, subjetividade.
como se estas tivessem vida própria e independên-
cia da paisagem que as continha. 2 SUPERFÍCIES GEOMÓRFICAS E
Porém, a pedologia nacional passava ao largo “LATERALIDADE” NOS PROCESSOS
das preocupações com as modificações das paisa- PEDOLÓGICOS
gens, embora o espírito acurado de Paul Vageler,
do Instituto Agronômico de Campinas, conhecedor É generalizada a premissa de que se não ocor-
de áreas tropicais africanas, tivesse comentado que rer nenhuma elevação das terras durante certo tem-
no decorrer de milênios até o mais pronunciado po, as vertentes tendem sempre a um aplainamento
macro-relevo seria arrasado num peneplain (VA- por efeitos erosivos, com modificações na expres-
GELER 1953), assertiva inserida nos conhecimen- sividade dos mantos de alteração e do recobrimen-
tos fornecidos por ERHART (1956) e TRICART to vegetal condicionadas pelo comportamento do
(1968), com o binômio morfogênese-pedogênese. nível de base regional (BIROT 1968).
Passou praticamente despercebida pela comuni- É indispensável levar em conta, nessa análise,
dade científica brasileira uma linha metodológica mecanismos desencadeados por ações tectônicas,
em que FRANÇA (1968) associou a evolução de antigas e recentes, constituindo obra clássica nacio-
redes de drenagem à natureza dos solos, adaptando nal o trabalho de FREITAS (1951), sobre a tectônica
parâmetros até então adstritos à fotointerpretação moderna no nosso território. Inúmeras descrições
aplicada a mecanismos geológicos. dessa influência nos modelados são encontradas
A seu turno, a influência climática, há mui- no Norte-Nordeste (SAADI 1993), no Centro-Sul
to tempo ressaltada por WAYLAND (1933), veio (SOARES & LANDIM 1976), ou, especificamente,
ampliar os conhecimentos geomorfológicos, nota- na Bacia Sedimentar de Curitiba (SALAMUNI &
damente com PENCK (1953). Movimentos ascen- EBERT 1997). A sismicidade constitui uma mani-
sionais de água no manto provocariam alteração do festação tectônica em áreas de falhas, com manifes-
saprólito, rebaixamento da superfície original e a tações sentidas em Manaus (AM), Belém (PA), São
criação de etched plains, responsáveis por setores Luís (MA), Cuiabá (MT) e nos municípios paulis-
aplainados da paisagem. Os peneplanos e pedipla- tas de Ribeirão Preto, Presidente Prudente e Santos
nos assim gerados prestaram-se amplamente a ca- (BARTORELLI & HARALYI 1998).

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No esquema davisiano de evolução do rele- Uma notável expansão desses paleopavimen-


vo, a uma fase de juventude, de vigorosa morfo- tos foi atribuída ao Plio-Pleistoceno, de semi-aridez
gênese, estariam associados solos jovens e rasos, climática, o que chegou a assumir até certo caráter
que evoluiriam para a maturidade sob um relevo dogmático, base para datações relativas. Cangas li-
menos recortado, com mais equilíbrio entre erosão moníticas dos chapadões cristalinos de Goiás e de
e acumulação de materiais (espessamento), até a topos das serras de Minas Gerais foram tomadas
senilidade, com a pedogênese refletindo solos num como representantes de tais condições, cujas stone
estádio máximo de desenvolvimento. lines seriam oriundas do desmantelamento de de-
Critérios altimétricos sempre constituíram pósitos lateríticos, que se juntariam aos materiais
base fundamental para a caracterização de amplas em trânsito nas encostas (AB’SÁBER 1957).
superfícies de aplainamento típicas das regiões inter- Com esses testemunhos paleoclimáticos,
tropicais, acompanhados de registros particulares das PENTEADO (1976) cartografou pedimentos e
posições cimeiras, relevos residuais, testemunhos, pediplanos da depressão periférica paulista, assim
inselbergs ou monadnocks, na tentativa de se atribuir como AB’SÁBER (1972) já procedera na identifi-
idades correlacionáveis aos respectivos tempos geo- cação de superfícies aplainadas de diversas regiões
lógicos de sua instalação (datações relativas). brasileiras, compondo uma “rede de neogênicas”.
Esse procedimento foi amplamente empregado Algumas poucas pesquisas correlatas levavam em
em superfícies tropicais, nos trabalhos pioneiros de conta a natureza dos solos associados, como as em-
DE MARTONNE (1943) e KING (1956) para o nos- preendidas por QUEIROZ NETO & MODENESI
so território, tornando possível “balizar” eventos ge- (1973) e DIAS FERREIRA & QUEIROZ NETO
omorfológicos na escala geológica do tempo. BAR- (1974), diminuindo a sujetividade de observações,
BOSA (1959) chegou a propor um quadro provisório por vezes, meramente especulativas.
das superfícies de erosão e aplainamento escalona- A geomorfologia desenvolveu critérios mi-
das para o Brasil começando no remoto Paleozóico nuciosos para caracterização das vertentes, em
Inferior (Paleoplano pré-Siluriano) e prosseguindo geral a partir de elementos essencialmente des-
até o Holoceno (Ciclo Paraguaçu, de King). critivos, porém, inicialmente, sem associá-los a
Dentre as feições ou registros temporais em- atributos específicos dos solos ou dos mantos de
pregados em associação a essas evidências paleogeo- alteração envolvidos, de modo que esses pudessem
gráficas, as diversas formas lateríticas (couraças, ca- representar verdadeiros parâmetros indicativos das
rapaças, cangas, nódulos, concreções e cascalheiros), idades das superfícies e dos mantos de alteração,
stone lines e horizontes escuros enterrados (sômbri- bem como das condições de deflúvio e infiltração,
cos) muito se prestaram como evidências de paleo- diretamente envolvidas no modelado.
processos, ou seja, testemunhos de uma geração em Com a teoria da etchplanação, a geomorfo-
condições pretéritas diferentes das atuais. logia incorporou, sobretudo, informes sobre as
Para VAN DER VOORT (1950), verdadei- condições de intemperismo e velocidade das al-
ras lateritas apenas poderiam ser atribuídas a anti- terações em mantos superficiais, as quais afetam
gas condições climáticas, por requerem um tempo diretamente os solos e as formas topográficas. Da-
muito longo para a sua formação. Assim, corpos tações absolutas também vieram acrescentar con-
lateríticos e concreções constituiriam indícios tribuições primordiais sobre a evolução das paisa-
bastante seguros de antiguidade, uma vez que os gens, diminuindo expressivamente a subjetividade
mecanismos de migração e acumulação dos quais das hipóteses que presidiam tais mecanismos, as-
resultam poderiam ser enquadrados, até mesmo, sunto esse que a pedologia nacional não explorou
na categoria de processos geológicos (QUEIROZ ainda devidamente.
NETO 1969). O emprego da palinologia (MODENESI
Tornaram-se clássicas as pesquisas de BI- 1980) e da relação 13C/12C em solos de Campos do
GARELLA et al. (1965), caracterizando pedi- Jordão (MODENESI et al.1982) permitiu avançar
mentos (P) e pediplanos (Pd), usualmente envol- no conhecimento das relações entre evolução das
vendo depósitos rudáceos alinhados em posições vertentes e distribuição da vegetação. Pesquisas ex-
diversas nos mantos de alteração e solos, assumi- perimentais foram efetuadas por MOEYERSONS
dos como paleopavimentos detríticos e indicati- (1981) na África Central, com medições de espes-
vos de descontinuidades entre os materiais acima suras de terra erodida das colinas por rastejo. DE
e abaixo posicionados. Essas stone lines poderiam PLOEY (1985) estimou quantidades de materiais
faltar caso os materiais transportados fossem po- deslocados por esse mecanismo, em função do
bres em elementos grosseiros. tempo, tendo pontificado que a evolução morfoge-

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nética é controlada essencialmente pela velocidade mesma diretriz, acrescentando análises micromor-
de erosão, enquanto o rastejo pode mostrar-se em fológicas, com a riqueza de informações que essa
equilíbrio com a velocidade de alteração. técnica já revelara em solos africanos (CHAUVEL
Parâmetros da rede de drenagem associados 1972, BOCQUIER 1973). Discriminou em Ribei-
a solos e relevo podem também proporcionar rele- rão Preto, São Paulo, latossolos basálticos (LR)
vantes informações. A relação Infiltração/Deflúvio morfologicamente idênticos em superfícies de di-
(I/D), empregada por BELCHER (1945) na inter- ferentes idades, principalmente a partir da natureza
pretação de padrões aerofotogramétricos, é que, de suas argilas.
em última análise, governa os processos evolutivos Analogamente, na zona basáltica do Médio
das paisagens, conforme devidamente incorporado Tietê, o Latossolo Vermelho rico em gibbsita (LR1)
na mencionada tese de FRANÇA (1968), que deu ocorre em Jaú, numa antiga superfície, cujo des-
início a uma série de investigações posteriores. mantelamento gerou novos compartimentos topo-
Uma eficiente drenagem funcional do manto gráficos, caracterizados nas vizinhas imediações de
de alteração, ou de determinado compartimento to- Barra Bonita. Nas porções mais entalhadas foram
pográfico, faz que solos argilosos revelem padrões gerados Nitossolos (TE) e Neossolos litólicos (Li),
superficiais da rede de drenagem semelhantes aos e nas mais suaves um Latossolo Vermelho mais
dos arenosos, como constatado por DUNBAR jovem (LR2), praticamente desprovido de gibbsita
(1950) em latossolos argilosos e latossolos de tex- (ESPINDOLA 1979). Com efeito, MONIZ & JA-
tura média. Para RAY (1963), o que governa os CKSON (1967) e LEMOS (1976) já haviam verifi-
processos é a drenagem do perfil. cado que a quantidade de gibbsita oriunda da des-
Evidências dessas assertivas foram constata- silicificação da caulinita pode constituir um bom
das em latossolos argilosos e solos arenosos espes- índice para inferências dessa natureza.
sos das antigas superfícies aplainadas, com as de- Todavia, nem sempre os latossolos ocupam
pressões fechadas associadas de Araras, Conchas as superfícies mais antigas, como no caso anterior,
e Anhembi, SP (ESPINDOLA & GARCIA 1978, embora sejam muito espessos e intemperizados
1979). Aos seus padrões descritivos e parâmetros (LEPSCH et al. 1977). Coberturas latossólicas
de drenagem superficial somaram-se caracteriza- microagregadas não devem ser obrigatoriamente
ções morfológicas, físicas, químicas e mineralógi- interpretadas como correlativas de superfícies anti-
cas de perfis, possibilitando inferências adicionais gas, por não ocorrerem sistematicamente em posi-
sobre a evolução das paisagens (ESPINDOLA ções cimeiras (QUEIROZ NETO 2000).
1977, ESPINDOLA et al. 1983). Não obstante em algumas pesquisas na-
Uma esclarecedora evidência da influência cionais pedogênese e morfogênese tenham sido
do relevo, ou das condições topográficas, sobre a associadas em superfícies mais amplas do que
natureza e as propriedades dos solos ficou devida- catenas ou vertentes ― como a de LEPSCH &
mente estampada com o emblemático conceito de BUOL (1974), dentre as já citadas ―, a visão da
catena, que colocava os solos de uma sequência gênese nas publicações tradicionais de pedologia
topográfica como elos de uma corrente, cada um ficou praticamente restrita à mineralogia das ar-
deles afetando o desenvolvimento do seu vizinho gilas em perfis verticais isolados, daí se inferindo
e o conjunto sendo influenciado pelas condições de mecanismos de evolução pedogenética. Sob esta
drenagem interna (MILNE 1935). óptica metodológica, uma quantidade substancial
A pormenorizada caracterização das altera- de publicações foi produzida nos nossos diferen-
ções mineralógicas em catenas dos meios tropicais, tes domínios geográficos.
empreendida por DELVIGNE (1965) na África, De posse desses dados de mineralogia das ar-
veio acrescentar importantes informes para o es- gilas e de informações documentais sobre as super-
tudo dos mecanismos evolutivos das superfícies, fícies de aplainamento, feições paleo e datações re-
notadamente sobre a gênese e transformação dos lativas, PÉDRO & VOLKOFF (1984) produziram
argilominerais e óxidos dos solos, até então muito um mapa generalizado da cronologia das principais
circunscritos a domínios morfoclimáticos diferen- coberturas pedológicas brasileiras.
tes das nossas condições. Com o acréscimo do registro de ocorrências
No final da década de 60, começaram a surgir de solos, com suas designações populares, MA-
no Brasil pesquisas conjugando solos e relevo em BESOONE & LOBO (1980) estabeleceram um
sequências topográficas, com o trabalho pionei- esboço das superfícies aplainadas de uma vasta ex-
ro de QUEIROZ NETO (1969) na região de São tensão do Nordeste brasileiro, cuja sequência geo-
Carlos, São Paulo. CARVALHO (1970) seguiu a cronológica inicia-se na Superfície Sulamericana,

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do Oligoceno (com o solo senil Camaragibe e a formação do solo começa já no momento de insta-
Formação Campos Novos), e termina na Superfí- lação dos organismos sobre as rochas, aí se desen-
cie Paraguaçu, do Pleistoceno ao Holoceno antigo volvendo um processo biológico.
(solo jovem Potengi, areias brancas e Formação Este solo em formação é diferenciado da al-
Macaíba), com outras intermediárias. terita ou substrato em vias de alteração por ser me-
nos rico em fragmentos e minerais primários. Nas
3 ESTUDOS PIONEIROS SOBRE A ORIGEM rochas básicas essa passagem pode ser brusca, pela
E DESENVOLVIMENTO DOS SOLOS fragilidade de seus constituintes aos agentes intem-
péricos. O sobreveniente espessamento do conjun-
FELLER et al. (2006) elaboraram um minu- to, com um progressivo decréscimo de minerais
cioso inventário a respeito de estudos científicos alteráveis, gera horizontes mais ricos em minerais
do solo antes da existência de uma ciência espe- secundários e/ou minerais muito resistentes às al-
cífica para tal finalidade. Em publicação anterior, terações. Em superfície, a constante deposição,
FELLER et al. (2003) reproduziram ilustrações sobretudo a orgânica (viva e morta), provoca es-
de cortes arqueológicos de escavações romanas curecimento do horizonte diretamente em contato
de Abinger, efetuadas por Darwin em 1881, mos- com a atmosfera.
trando uma sucessão de camadas A-B-C-D e suas À sucessão vertical de materiais gerados deu-
respectivas constituições, e até mesmo um ali- -se o nome de perfil de solo, cujas camadas gené-
nhamento de fragmentos, possivelmente análogo ticas justapostas acompanham a superfície estabe-
ao que viria a ser referido muito tempo depois lecendo uma certa horizontalidade – os horizontes.
como stone line. Um perfil bem desenvolvido seria representado
A concepção do solo como um corpo natural pela sequência vertical A-B-C, cujo estudo siste-
em evolução na paisagem surgiu no vácuo da bom- mático garantiu à pedologia a condição de ciência
bástica teoria darwinista de evolução das espécies. autônoma para tratar do solo.
O russo Dokuchaev considerou-o originário de Segundo TANDARICH et al. (2002), nos
uma rocha-mãe (posteriormente, um material de primórdios da pedologia norte-americana o perfil
origem) situada em determinada posição do relevo, de solo ainda era representado sem os horizontes;
sujeita à ação do clima e dos organismos ao lon- mesmo a denominação perfil foi formalizada apenas
go do tempo. Sua publicação sobre os solos negros em 1924, mediante uma circular do órgão oficial que
das estepes russas – o Chernozém (DOKUCHAEV tratava desses assuntos, sacramentada na represen-
1893) representa um marco histórico. tação dos solos brunos do nordeste (KRUSEKOPF
Estavam aí esboçados os fatores de forma- 1925) e em solos da Austrália (SHAW 1925). Atri-
ção dos solos, cuja ação integrada desencadearia bui-se a KELLOGG (1936) a denominação solum
processos internos complexos, mediante distintas para as camadas acima do horizonte C (A+B).
combinações entre mecanismos de translocações Uma vertiginosa aplicação dos conhecimen-
(seletivas e não seletivas), transformações dos tos em química dos solos ocorreu com a defla-
constituintes gerados pelas alterações mineralógi- gração da teoria mineralista da nutrição de plan-
cas, adições ao manto de alteração e perdas subsu- tas (LIEBIG 1840), com forte apoio do meio de
perficiais, muito bem exploradas em SIMONSON produção agrícola, e, sobretudo, da indústria de
(1959). Aos processos de formação gerados pelas fertilizantes. O conhecimento sobre os solos foi se
intensidades variáveis de cada mecanismo inte- ampliando, aplicado aos vários ramos das ciências
rativo cada escola pedológica atribuiu diferentes básicas tradicionais, o que propiciou uma ciência
denominações: podzolização, ferralitização, latos- do solo com vários ramos: física do solo, fertili-
solização, gleização etc. (DUCHAUFOUR 1968). dade do solo, gênese e classificação de solos etc.
Sob a ação de agentes do intemperismo, A denominação pedologia acabou se restringindo
constituintes orgânicos (vegetais e animais) depo- a este último campo, com grande aplicação no ma-
sitados numa superfície de rochas ou sedimentos peamento de solos.
coadjuvam uma série de modificações físicas, quí- No clima temperado com inverno rígido em
micas e mineralógicas. Uma fragmentação é res- que a pedologia foi concebida, o perfil A-B-C típi-
ponsável pela geração de componentes mais finos co gerado era o do Podzol, muito ácido, com um
(areias, siltes e argilas) aglutinados (agregados), B em arranjamentos poliédricos, enriquecido em
promovendo uma expansão volumétrica do siste- colóides minerais e orgânicos por eluviação-ilu-
ma e prenunciando o início da formação de uma viação decorrente de decomposições minerais pro-
camada diferenciada. Para VILENSKI (1937), a duzidas por ácidos orgânicos enérgicos no A (fer-

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rólise). Corresponde atualmente ao Espodossolo, Por essas razões KUBIENA (1952) chegou a
com o horizonte diagnóstico - B espódico, outrora representar como (B) o horizonte típico dos Latos-
referido por Bhir (h=húmus; ir=ferro), com eleva- solos, além de ter mencionado perfis com horizon-
do incremento de argilas iluviais, revestimentos es- tes B e (B) justapostos, o que pode ser interpretado
curos de componentes orgânicos e elevada acidez como um horizonte poliédrico sobre um microa-
(baixos valores de pH). gregado, como é comum ocorrer em Argissolos,
No mundo intertropical foram identificadas Luvissolos (Bt-Bw) e Nitossolos (Bni-Bw).
vastas extensões de solos com perfis morfologica- Essa antiga preocupação em descartar o em-
mente semelhantes aos Podzóis, porém com atributos prego de horizonte B para os Latossolos foi ressus-
químicos e mineralógicos muito diferentes, por te- citada por RUELLAN & DOSSO (1993), com a
rem sido gerados sob condições normais de pH. Aos proposição de um bizarro horizonte sesquioxídico
seus horizontes poliédricos deu-se o nome B textural caulinítico – Sk, em contato direto com a rocha-
–Bt, formado por uma pseudo-podzolização (ZONN -mãe, ou, mais comumente, com o horizonte de
1978) ou lessivage (DUCHAUFOUR & LELONG alteração C. Esse cuidado induz à suposição da
1967), caracterizada pelo arraste mecânico de partí- passagem direta do material em alteração para o
culas finas, com a presença comum de cerosidade ou horizonte microagregado.
cutãs (clay skins) revestindo agregados (shiny peds). Porém, a mesma representação (B) fora tam-
Estes perfis com Bt passaram a representar so- bém empregada como horizonte B incipiente nos
los referidos por Podzólicos ou Podzolizados (BRA- primeiros levantamentos de solos de nossos estados
SIL 1960), denominação empregada em alguns federativos. No Estado de São Paulo, foram des-
países para solos sob podzolização. Apenas muitos critas unidades de mapeamento de solos arenosos
anos depois, passaram a ser denominados Argissolos espessos e muito intemperizados como Regosols
e Luvissolos (EMBRAPA 2006), embora mantidas intergrades (BRASIL 1960), denominação poste-
as tradicionais siglas PV ou PVA (Podzólico Verme- riormente substituída por Areias Quartzosas (CA-
lho-Amarelo) nas legendas dos mapas pedológicos. MARGO et al. 1987), com aquele horizonte passan-
O horizonte A2 ou A2, de máxima perda, passou a ser do a ser (indevidamente) representado por C.
designado horizonte E, embora mantido como Ae na Posteriormente, o significado explícito de
classificação canadense, sem descaracterizar o tradi- B incipiente – Bi passou a identificar um horizon-
cional sistema A-B-C (CANADÁ 1987). te contendo minerais alteráveis, ou elevado teor
Mais disseminados no mundo tropical, mais de silte, características típicas de moderado grau
espessos e intemperizados, são os solos engloba- de desenvolvimento, como o cambic horizon dos
dos inicialmente sob a designação Lateríticos, Cambissolos da classificação norteamericana. Nes-
como os Laterite soils (BALDWIN et al. 1938), tes, não há exigências quanto ao tipo de estrutura,
com horizontes B subsuperficiais predominante- podendo, ou não, conter cerosidade, sugerindo uma
mente microgranulares e irrelevante translocação evolução progressiva tanto em direção a um solo
de colóides, pela condição floculada das argilas, com B poliédrico como a um com B microgranular.
praticamente destituídos de cerosidade e com pas- A denominação Bni – horizonte nítico surgiu
sagens graduais ou difusas de uma camada a outra. para representar uma estrutura também poliédrica
Para dissociá-los da suposta presença de lateri- no B, mas em perfis sem gradientes texturais signi-
ta, que a denominação solo Laterítico sugeria, aquela ficantes e com abundante cerosidade, como o solo
designação foi substituída por Latosol (KELLOGG de rochas básicas anteriormente denominado Terra
1948) e, por extensão, seu horizonte característico Roxa Estruturada. Instituiu-se, assim, a classe dos
passou a ser o B latossólico dos nossos Latosols Nitossolos (EMBRAPA 2006).
(BRASIL 1960), termo posteriormente aportuguesa- Não obstante esses aprimoramentos taxonômi-
do para Latossolos. Para condições correspondentes, cos, o horizonte C continuou a manter uma insólita
os norteamericanos empregaram o designativo oxic concepção dupla, até mesmo contraditória, já apon-
horizon – Bw (USA 1994), indicativo de um elevado tada reiteradas vezes (ESPINDOLA et al. 1980, ES-
grau de intemperismo (w = weathering). PINDOLA 2008): a) pouco desenvolvido, com frag-
Alguns especialistas reforçaram a preserva- mentos de rocha e/ou minerais em franca alteração;
ção do designativo B apenas para horizontes de b) camada espessa, muito intemperizada, abaixo do
acúmulo. Assim, acúmulos de argilas e cálcio no B horizonte A, com menos de 15% de argila, como nas
caracterizariam horizontes Bt e Bca, como aponta- Areias Quartzosas, que passaram a ser denominados
do por LAATSH (1938), o que restringiria o aplica- Neossolos Quartzarênicos, da mesma classe dos Li-
tivo B a horizontes como o B latossólico. tossolos e dos Aluviais (EMBRAPA 2006).

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Essa contradição cria um descompasso na in- QUEIROZ NETO et al. (1981). RESENDE et al.
terpretação das relações pedogênese-morfogênese, (1988) agregam também as condições de drenagem
pois os Neossolos Quartzarênicos, assim como os interna apresentadas por esses solos.
Latossolos, ocupam, quase invariavelmente, po-
sições cimeiras de antigas superfícies aplainadas. 4 A COMPLEXIDADE DO MATERIAL DE
São muito espessos e intemperizados (ESPINDO- ORIGEM NO MUNDO TROPICAL
LA & GARCIA 1979, ESPINDOLA & CARVA-
LHO 1986), contrariando a assertiva de AZEVE- A pedologia emergiu como ciência na Rússia,
DO & DALMOLIN (2004) de que os Neossolos onde os solos provêm do curto período de intempe-
estão “em processo de formação”; mais fácil é rismo posterior à última glaciação, com o substrato
admiti-los como senis, em processo de desmante- identificado como rocha-mãe. Essa denominação
lamento das superfícies a que eles se associam. foi substituída por material de origem, de maior
O fato de possuírem menos de 15% de argila amplitude, passível de transporte e redeposição já
revela-se inconsistente para justificar um solo como com determinado grau de alteração.
pouco desenvolvido. Teria sido mais coerente res- Contudo, em tempos não distantes, descri-
gatar o limite de 8%, outrora utilizado para atribuir ções morfológicas em nossos manuais de campo
essa qualificação, que confere um aspecto desagre- apregoavam ainda a prospecção de perfis “até uma
gado ou desestruturado (grãos simples), como mui- profundidade que atingisse o material de origem do
tos depósitos aluvionares ou formações dunares de solo” (LEMOS & SANTOS 1976), numa alusão a
costas litorâneas. Além disso, a estrutura não mais um corpo rígido como a rocha, ou pouco alterado,
constitui atributo diagnóstico para classes de solos, pressupostamente in situ
sendo até admitidos horizontes Bw com estruturas A designação lateríticos para os solos das
em blocos ou coesas (EMBRAPA 2006). regiões tropicais residia na expressiva quantidade
O levantamento de solos do território pau- de minerais residuais do intemperismo, como o
lista (BRASIL 1960) reunia, nas categorias mais quartzo e sesquióxidos, componentes usuais das
elevadas do sistema adotado: a) Solos com B tex- lateritas, em suas diversas formas e denominações:
tural; b) Solos com B latossólico; c) Solos Hidro- nódulos, concreções, pisolitos, piçarras, cangas,
mórficos; d) Solos Pouco Desenvolvidos. Propug- couraças e carapaças. Stone lines também são fre-
nava a seguinte evolução: Rocha → Litossolo → quentemente constituídas por esses componentes e
Solo com B textural → Solo com B latossólico. por seixos de constituições diversas.
As categorias a e b reuniam os solos bem desen- Idades avançadas foram atribuídas a essas
volvidos; c, os solos moderadamente desenvolvi- feições e solos associados, prestando-se até a cor-
dos e d, os pouco desenvolvidos. relações em datações relativas das superfícies onde
Difícil é encaixar nessa evolução progressi- ocorrem, em contraste com as formações superfi-
va os solos arenosos espessos, razão pela qual a li- ciais das regiões temperadas, com gênese relacio-
teratura registra denominações escapistas, como: nada a materiais frescos da última glaciação qua-
“Latossolos arenosos” - Sand Latosols (MAR- ternária. QUEIROZ NETO (1969) ponderou que
QUES 1958), ou “solos com B latossólico areno- no meio tropical úmido esses processos pedolo-
sos” (COUTARD et al. 1983). LORANDI et al. gicamente antigos, envolvendo lateritas e concre-
(1985) representaram com horizontes (B) Areias ções, poderiam ser até enquadrados na categoria de
Quartzosas de posições elevadas de antigas super- processos geológicos, o que posteriormente reviu
fícies aplainadas, e OLIVEIRA & PRADO (1984) e contestou.
as correlacionaram aos solos Ferralíticos arenosos Para essas regiões livres das glaciações, com
da classificação francesa, reconhecidamente bem alternâncias de períodos chuvosos e secos, passou-
desenvolvidos. -se a dar mais importância à natureza transportada
A associação dessas categorias com o rele- dos materiais de origem, conferindo à pedogênese
vo era assim referida, como predominante: a) so- tropical uma real complexidade. Características
los com Bt, em relevo ondulado; b) solos com B múltiplas poderiam ser adicionadas a cada nova
latossólico, em relevo suave-ondulado; c) solos condição climática, com sobreposições de proces-
hidromórficos (gleizados), em relevo plano; d) sos, apagando determinadas feições e deixando
solos pouco desenvolvidos – Aluviais, em relevo testemunhos de outras (características paleo).
plano e Litossolos, em fortemente ondulado. Ge- Para o continente sulamericano, BENNEMA
neralizações aproximadas dessas associações para et al. (1962) consideraram a possibilidade de retraba-
a Mantiqueira Norte-Ocidental são encontradas em lhamentos de dimensões territoriais, que envolviam a

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cordilheira andina e a vasta planície amazônica, afe- não implantado por alegação de outras priorida-
tando a formação e a natureza dos nossos solos, cujos des, mas que chegou a ser divulgado em meios
processos genéticos poderiam recuar ao Mesozóico. restritos. Distinguiam-se, neste, duas categorias
Já muito antes, MORAES RÊGO (1945) dis- de materiais de origem: a) alterito, formado no
tinguira solos autóctonos e alotóctonos (sic), em local, a partir da rocha subjacente e b) pedolito,
conformidade com suas formações in situ ou trans- formado alhures e redepositado por agentes mo-
portada pelo vento ou pela chuva. Para RUELLAN bilizadores (FAUCK et al. 1979).
(1950), os solos eram derivados da desagregação e Alguns critérios tradicionais empregados
decomposição das rochas, sujeitos a mecanismos para estabelecer a aloctonia ou a autoctonia dos
eluviais, coluviais ou aluviais. A designação elu- materiais foram as frações e subfrações granulo-
viais foi empregada para designar materiais produ- métricas dos solos, a distribuição de minerais resis-
zidos in loco, que aquele pesquisador reconhecia tentes e relações entre seus teores no perfil, a mor-
da semelhança entre o aspecto do solo formado e a foscopia das areias, as análises químicas totais e
rocha granítica associada. outras. Fator complicador costuma ser a ocorrência
Em pedogênese, chegou a se tornar redun- de minerais estranhos ao substrato, detectados nos
dante a generalização de que os nossos solos não minerais pesados das areias dos horizontes (MAR-
se formam diretamente às custas de um material CONI 1973), ou as diferentes formas de quartzo
in situ. Segundo TRICART (1968), eles provêm de (ESPINDOLA et al. 1981 b).
formações superficiais, alteritas, depósitos de ver- Em descrições morfológicas de perfis de so-
tentes, aluviões, colúvios, acumulações eólicas etc, los, linhas de seixos, pedras, cascalhos, ou, gene-
de sorte que a rocha-mãe, na maior parte dos ca- ricamente, stone lines, representam a ocorrência
sos, pertence mais ao meio geomorfológico do que, inconteste de descontinuidades entre os horizontes
propriamente, ao meio geológico. Acrescenta que pedológicos, mesmo que haja uma semelhança mar-
em morfogênese são requeridos conhecimentos so- cante entre eles (OLIVEIRA et al. 1987). Por isso,
bre fenômenos de transferência de matéria, migra- é usual encontrar descrições de perfis assinalando
ção de íons, deslocamento de detritos ao longo das stone lines com algarismos antepostos à designação
vertentes e outros, para que a geomorfologia não dos horizontes abaixo de onde elas ocorrem.
permaneça no estágio da descrição e explicação Hipóteses sobre a gênese dessa desconti-
imaginativa da qual W. M. Davis foi a expressão nuidade são fartamente encontradas na literatura,
mais avançada. algumas advogando a formação in situ, outras in-
Para MONIZ et al. (1982), a falta de conheci- vocando retrabalhamentos a distâncias variadas,
mento sobre o material de origem dificulta a tarefa remanejamentos mecânicos localizados (transpor-
de decifrar a gênese dos nossos solos, sendo muito tes ascensionais pela fauna edáfica) e possibilida-
difícil, senão impossível, desvendar esse material des conjugadas. Para TRICART (1959), não existe
em um perfil formado em ciclos pedogenéticos senão uma longínqua relação entre a composição
sobrepostos. Reafirma-se a menção de GUPTA petrográfica de um cascalheiro e a natureza dos
(1993), de que os trópicos constituem um depósito afloramentos que a alimentaram.
preenchido por maravilhas geomorfológicas aguar- As diversas possibilidades de formação das
dando estudos apropriados e especializados. stone lines, desde os primórdios de sua menção
QUEIROZ NETO (1974) chegou a propor científica, então referidas como pebble-bands
uma tipologia dos materiais de origem dos solos do (KAY 1931), ou landslides (SHARPE 1938), fo-
Brasil de Sudeste, pela qual OLIVEIRA & MEN- ram esmiuçadas em ESPINDOLA (2008), lem-
CK (1984) atribuíram a formação de Latossolos a brando que há muito tempo, no oeste paulista,
materiais poligenéticos, com perfis complexos, por WASHBURNE (1930) já as havia referido como
exibirem linhas de seixos e cascalheiros. Igual- seixos de idade terciária sobrepostos por sedimen-
mente, descontinuidades erosivas e materiais retra- tos argilo-arenosos.
balhados foram atribuídos por QUEIROZ NETO Retomadas críticas surgiram à medida que
& MODENESI (1973) a stone lines, horizontes de novas pesquisas mostravam determinadas evidên-
cascalhos miúdos e paleohorizontes Bt sobrepondo cias. Assim é, que QUEIROZ NETO (2000), an-
horizontes Bt e Bw. tes defensor da aloctonia das stone lines, passou
Com o propósito de uma classificação de a atribuir-lhes uma gênese autóctone, principal-
ampla aplicação ao mundo tropical, pesquisado- mente com base nas pesquisas geradas sob a ópti-
res da antiga ORSTOM (França) elaboraram um ca da análise estrutural da cobertura pedológica
projeto de classificação taxonômica, infelizmente (BOULET et al.1990).

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A tese de MIKLÓS (1992) postulou uma Contudo, em projeto de A.A.W. Miklós, para
ação homogeneizadora exercida pela fauna edá- orientação em programa de mestrado, MARTINS
fica nas camadas separadas pelas stone lines, (2007) caracterizou um pedon sobre quartzo-xisto
após ter fotografado a ação de cupins sobre um com um cupinzeiro extinto adjunto, tendo confirma-
basalto em alteração na base de um perfil, com a do observações de ESCHENBRENNER (1986) e de
produção de microagregados atribuíveis à estru- SCHAEFFER (2001), de que câmaras, canais bioló-
tura do latossolo superposto. Essas ações bioló- gicos e vazios de raízes mortas são preenchidos por
gicas poderiam gerar também horizontes escuros agregados granulares elaborados pelos cupins ape-
subsuperficiais (sômbricos), descartando a con- nas em sítios preferenciais de umidade, incluindo a
sensual concepção de paleossolos enterrados a alterita. Porém, a estrutura do conjunto, em blocos
eles atribuída. subangulares, ocupa quase todo o perfil (Figura 1).

FIGURA 1 – Solo de estruturação poliédrica com sítios microgranulares


produzidos por cupins (Foto cedida por G. M. Martins)

Microagregados vermelhos contendo gru- ascensionais de grandes volumes, haveria impossi-


mos bruno escuros de coprólitos de minhocas bilidade de recobrimento de toda uma vertente.
indicaram que a desintegração do edifício, por Uma nova revisão sobre a origem das stone li-
chuvas e formigas, acarreta uma integração dos nes foi procedida por HIRUMA (2007), incluindo re-
microagregados ao solo, confirmando observa- ferências a análises geoquímicas de multielementos,
ções de JUNGERIUS et al. (1999). SHAEFFER empregando terras raras e elementos químicos índi-
(2001) chegou a atribuir a estrutura microgranular ces de baixíssima mobilidade - Th, Sc e Hf (BRO-
de latossolos brasileiros à prolongada ação bioló- WN et al. 2004), bem como isótopos cosmogênicos
gica pós-desmonte desses edifícios. Como refor- (COCKBURN & SUMMERFIELD 2004). A partir
ço, referiu-se à sintonia entre a geração dos solos do isótopo cosmogênico 10Be, BRAUCHER et al.
e a ação biológica, sendo o microagregado um (1998, 2004) constataram que a origem tanto pode ser
produto gerado ao longo do tempo. Essa hipótese autóctone como alóctone, não sendo ambas excluden-
ora não se consubstancia, pois haveria necessida- tes, podendo até se complementarem, mas considerou
de de todo o conjunto poliédrico (Bt) transformar- oportuna uma elucidação multidisciplinar, envolven-
-se em microagregado, neste caso, sem a ação dos do pedólogos, geomorfólogos e biólogos.
cupins, já inexistentes no local. SANTOS et al. (2010) também utilizaram o
AB’SÁBER (1962) já contestara veemente- isótopo cosmogênico 10Be, dando porem mais cré-
mente uma ação tão ampla de cupins a ponto de dito à autoctonia, com geração de detritos garanti-
gerar stone lines e responder pelas suas espessuras, da por veios de quartzo ou fragmentos de crostas
continuidade espacial e densidade na acomodação lateríticas, mas sem afastarem a possibilidade de
entre os seixos; além disso, mesmo com transportes recobrimentos eólicos, coluvionamentos, inver-

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sões de materiais por processos sucessivos de re- Distribuição muito irregular desses minerais
moção e deposição. Sismicidade poderia favorecer alógenos deve configurar descontinuidades apenas
acúmulos localizados de fragmentos (THOMAS quando ocorrem em concentrações localizadas, por
1994) e pressões elevadas de água nos poros po- vezes ligadas a mudanças texturais abruptas ou a
deriam causar descenso de elementos grosseiros outras feições anômalas do perfil. Considerando que
(MOEYERSONS 1987). acumulações e transformações tornam-se mais super-
Para solos sobre rochas básicas seria plausível ficiais à medida que o solo se espessa (BOCQUIER
atribuir as stone lines a produtos do desmantelamen- 1973), esses alógenos podem estar ausentes em certos
to de lateritas, como entrevisto por BOCQUIER et horizontes ou em distintos perfis de um mesmo solo.
al. (1984), ao comentarem que os resíduos grossei- Reais discrepâncias nas relações entre minerais índi-
ros acima e abaixo de stone lines podem ter origens ces (zircão/ turmalina, por exemplo) devem ser inter-
comuns, ligadas à degradação de couraças ferrugi- pretadas pelo emprego de probabilidades estatísticas
nosas in situ. Outra fonte imaginável seriam os are- nas análises sedimentológicas (SUGUIO 2003).
nitos eólicos adjuntos à Formação Serra Geral, por Com propósito cartográfico-taxonômico,
vezes até dispostos na forma de trapps, colocando OLIVEIRA et al. (1987) estudaram a morfoscopia,
ambas as rochas em contato direto. mineralogia e granulometria das areias de solos
Admitida a aloctonia, os solos acima dos de uma mesma classe taxonômica, porém em po-
alinhamentos seriam provenientes de distâncias sições litoestratigráficas distintas, incluindo stone
variáveis, de materiais semelhantes ou diferentes lines. Distribuições diferenciadas das areias nos
daquele que, supostamente, teriam dado origem perfis, em seus diâmetros médios, esfericidade e
ao conjunto inferior. Contudo, na grande maio- arredondamento, apontaram diversidade no trans-
ria dos casos, os horizontes pedológicos acima e porte e sedimentação, a revelarem uma natureza
abaixo das stone lines são muito semelhantes em poligenética dos solos.
seus atributos morfológicos, físicos, químicos e Se por algum mecanismo incontestável se
mineralógicos, o que alimenta uma defesa pró- confirmar a aloctonia, reforça-se a ação de homo-
-autoctonia, coadjuvada pela reconhecida homo- geneização das camadas dos perfis exercida pela
geneização praticada por cupins. fauna edáfica, processo entrevisto como responsável
Solos sobre rochas básicas, com ou sem sto- pela transformação de um Bt em um Bw (BRASIL
ne lines, revelam sempre determinadas ocorrências 1960). Esta via de evolução progressiva foi pouco
que denunciam a natureza do substrato, tais como explorada pela micromorfologia, cujas pesquisas
a presença expressiva de magnetita e ilmenita, enfatizaram a via inversa, ou seja, de uma evolução
mesmo que os alinhamentos estejam a mais de 20 regressiva - transformação do Bw em Bt ou Bni.
metros de profundidade e ocorram minerais típicos Calcado na autoctonia dos materiais de ori-
de outras rochas ou sedimentos, conforme consta- gem, no Estado de São Paulo, as unidades de mape-
tado por MELFI et al. (1966) em solos de diabá- amento pedológico foram estabelecidas sempre em
sio. Entretanto, minerais alogênicos podem ter se conformidade com as respectivas formações geoló-
imiscuído nos pedons durante o seu espessamento, gicas. Porém, na área sob influência do Reservatório
com deposições sujeitas às condições topográficas de Furnas, reconheceu-se que nem mesmo os jovens
e ao vigor dos transportes vigentes nas diferentes litossolos estavam livres de descontinuidades entre
ocasiões (ESPINDOLA 2008, 2009). o horizonte superficial e a rocha abaixo (BRASIL
Aportes dessa natureza já haviam sido apon- 1962). É porém incontestável que a pedogênese é
tados por AGAFONOFF (1932) em solos dia- fortemente influenciada pela natureza do substrato.
básicos de Piracicaba e Campinas, ao constatar Sob condições particulares, como efeitos de
quartzos com feições que denunciavam transpor- altitude ou hidromorfismo, podem ser gerados ho-
tes por água e vento. Também TRICART (1968) rizontes orgânicos, chernozêmicos, turfosos, ou so-
menciona que variações volumétricas provocadas los como a “terra preto de índio”, ricos em fósforo.
pelas variações de umidade, especialmente nos ho- Cinzas vulcânicas geram Andossolos, a ponto de,
rizontes superficiais, provocam reptações ao longo na fria Islândia, a rocha-substrato de solos limosos
das vertentes, facultando o ingresso de elementos de prados pouco interferir sobre a adição que essas
alógenos, os quais podem misturar-se a produtos cinzas conferem (AUBERT & CAILLEUX 1962).
de ações biológicas, inclusive detritos resistentes A superimposição de um fator de formação
de rochas provenientes da parte mais alta das ver- sobre os demais levou KALPAGÉ (1976) a ressaltá-
tentes. Acrescenta que a caracterização de minerais -la com denominações indicativas. Forte domínio do
pesados poderia indicar essa contribuição. material de origem caracterizaria um fator litogêni-

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co, como no caso das cinzas nos Andossolos, argilas dos solos bem desenvolvidos (perfis A-B-C), sem
expansivas nos Vertissolos e carbonatos nas Rendzi- cogitarem na existência do B latossólico.
nas. O fator topogênico mostraria forte influência Mesmo que o substrato se identifique como
do relevo ou das condições topográficas. Atribuiu material de origem do solo, muita complexida-
primordialmente ao fator climatogênico a ação de de ainda persiste no entendimento da pedogênese
ferralitização (laterização) ou podzolização. tropical, uma vez que à intensidade do intempe-
De certa forma, essa preocupação já estava rismo associa-se o prolongado tempo de pedogê-
implícita no início da pedologia, na lei da zonali- nese, com irrefutáveis mecanismos operantes nos
dade, apropriada àquelas condições bioclimáticas, distintos paleoclimas, tais como coluvionamentos,
mas de difícil adaptação para as tropicais, onde mudanças das coberturas florísticas e faunísticas,
atuaram paleoclimas. Exemplo típico é a ocorrên- ações neotectônicas, além das atuais impactantes
cia no nordeste semiárido brasileiro de latossolos ações antrópicas, capazes de modificar paisagens
idênticos aos de outras regiões úmidas (NUNES em tempos muito curtos.
& ESPINDOLA 1993). Por razões dessa natureza, Em certos casos, nem mesmo a natureza do
ZONN (1978) ressaltou a importância de se levar substrato é simples de ser decifrada, conforme
em conta as características zonais e subzonais dos apontado por WHOLERS (1964), reportando-se ao
solos para determinar seus padrões de distribuição geólogo Sérgio Mezzalira, que mencionava exem-
geográfica em regiões bioclimáticas específicas. plos dessa dificuldade em Piraçununga e Conchal
Verifica-se, pois, um caráter ambíguo na aplicação (SP), ora mapeados como Botucatu e ora como Tu-
do termo zonalidade. barão, “podendo, na realidade, constituírem depó-
A forte influência exercida pelo substrato nos sitos mais modernos” (cenozóicos).
perfis pedológicos sob condições normais de boa Essa complexidade é também exposta por
drenagem foi assinalada por QUEIROZ NETO COOPER et al. (2005), ao atribuírem o material de
(2008), em defesa da autoctonia do material de origem de Nitossolos de Piracicaba a uma mistura
origem e das stone lines; a maior parte dos solos de diabásios e sedimentos argilosos vermelhos do
seria proveniente da alteração dos respectivos em- Quaternário, De fato, nessa província geomorfoló-
basamentos, reformulando proposições antigas em gica as rochas sedimentares estão muito associadas
favor da aloctonia. a intrusivas básicas, podendo ocorrer misturas de
Antigos trabalhos atribuíam origens distintas produtos de alteração, o que leva a cogitações sobre
às “terras roxas”: a partir de basaltos vesiculares, de- pedogêneses múltiplas ou superpostas, solos policí-
rivados de diabásio e da alteração de gabros (GUT- clicos ou poligenéticos, comuns nos meios tropicais
MANS 1943). Para solos análogos, PAIVA NETTO (THORNBURY 1957, DUCHAUFOUR 1968).
et al. (1951) distinguiram solos cauliníticos, da de- No domínio paulista das “cuestas basálticas”,
composição antiga do diabásio, e solos ricos em gi- MONIZ & OLIVEIRA (1974) chegaram a admi-
bbsita, do intemperismo atual. Encontram-se aí insi- tir um coluvionamento misturando os materiais de
nuadas superfícies geomórficas de diferentes idades, origem do Latossolo Vermelho (Latossolo Roxo)
como posteriormente evidenciado por CARVALHO e do Nitossolo (Terra Roxa Estruturada). BJOR-
(1970) em solos basálticos paulistas. NBERG & TOLENTINO (1959) notaram que no
Provavelmente, embuídos da idéia de au- Planalto Ocidental, no reverso da cuesta, o conta-
toctonia, TOLEDO et al. (2000), na difundida to entre arenito Bauru e lava básica costuma ser
obra “Decifrando a Terra”, representam o pedon a pouco nítido, pelo fato de o intemperismo poder
partir diretamente da rocha fresca sobre a qual se alcançar a relativa pequena espessura dos arenitos
instalam saprolito e solum, constituindo o regolito alterados e assim apagar o contato entre os dois.
(manto de alteração), com a explicação de que o sa- A suscetibilidade das rochas básicas na pro-
prolito é sujeito a reorganizações promovidas por dução de materiais edafizados em curto tempo é
processos pedogenéticos que dão origem ao solo. ressaltada quando diques de diabásios denudados
MELFI & MONTES (2008) reforçam que a ocorrem circundados por rochas mais resistentes,
pedogênese se dá pela transformação do saprolito como os granitos e gnaisses. Na Rodovia BR 415
(material friável, móvel, anidro, mineral e abiótico) (Ilhéus - Barreiras, BA), no município de Itapetinga,
em um corpo organizado, friável, poroso, hidrata- solos argilosos sesquioxídicos vermelhos ocupam
do, mineral+orgânico, capaz de assegurar a alimen- uma vertente em meio a rochas ácidas praticamen-
tação mineral dos organismos vivos autotróficos e, te inalteradas, que revelam sinais de dobramento e
em particular, dos vegetais superiores. Retomam o veios de quartzo, prenunciando a formação de uma
conceito de horizonte B como de máxima iluviação stone line que avança em direção ao solo basáltico.

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Mesmo com o progresso promovido pela vi- com o limite mínimo de 15% de argila. Essa or-
são dos solos como sistemas em transformação nas ganização latossólica pode ser encontrada já nos
vertentes (CHAUVEL 1972, BOCQUIER 1973), primeiros estádios de evolução do perfil, ou nos
ainda faltam elementos esclarecedores sobre os me- horizontes B incipientes – Bi ou câmbicos.
canismos pretéritos que teriam levado os perfis mais Horizontes Bt fragmentares, em blocos, pris-
desenvolvidos, a montante, a possuírem as atuais mas ou colunas - poliédricos, como nos Argissolos,
características. As transformações a jusante são pre- Luvissolos e Planossolos, devem apresentar acrés-
visíveis e evidenciadas pela sucessão de horizontes cimo significativo no teor de argila abaixo do A –
de um perfil para outro nas representações bi e tri- gradiente textural elevado, com transições claras
-dimensionais propiciadas pela análise estrutural da ou abruptas entre ambos, diferenciando–se do Bni
cobertura pedológica (BOULET et al. 1982, 1990). dos Nitossolos, cujo gradiente textural é muito bai-
Acredita-se que, se às análises de rotina xo, mas com expressiva quantidade de cerosidade.
usualmente empregadas forem conjugados dados O Bw e o Bt são representativos das categorias
sedimentológicos, mineralogia e microscopia das de solos mais desenvolvidos e disseminados dos tró-
frações grossas (areias), seja possível aprofundar picos úmidos, onde ocupam cerca de 65% da área to-
o reconhecimento das possíveis relações entre os tal (SÁNCHEZ 1985) e comumente ocorrem associa-
constituintes dos horizontes e do substrato, ou dos na paisagem. No Brasil, mais de 60% do território
materiais de áreas vizinhas que possam ter servi- é recoberto por Latossolos (OLIVEIRA et al. 1992),
do como fonte de componentes que entraram nos tanto quanto o Estado de São Paulo, onde os solos
perfis. É necessário esclarecer que materiais esta- com B poliédrico ocupam 30% (BRASIL 1960).
riam envolvidos na evolução dos perfis, posto que Os Latossolos ocorrem predominantemente
certos minerais presentes não possuem filiação em relevos suaves, maduros ou senis, com dre-
compatível com o substrato presente. Assim é que nagem interna boa quando argilosos, ou excessi-
a composição dos minerais pesados empreendida va, quando de textura média (15 a 35% de argila).
por MODENESI et al. (1975) em latossolo e em Com frequência ocupam antigas superfícies, assim
seu substrato de alaskito, na região paulista de Itu, como os Neossolos Quartzarênicos, os quais reve-
revelou independência genética entre ambos. lam drenagem interna excessiva e estrutura fraca
De qualquer forma, a identificação dos di- ou maciça, com teores de argila inferiores a 15%
ferentes tipos de perfis e horizontes pedológicos é (geralmente de 8 a 15%).
fundamental quando se pretende associar pedogê- Áreas de solos com estruturas poliédricas,
nese e morfogênese em pesquisas de detalhe, pela em geral sob relevos mais movimentados, em ver-
possibilidade de serem encontradas feições ligadas tentes e com maior quantidade de canais naturais
a processos que deixaram de operar e que teriam de drenagem, confrontadas com as de Latossolos
sido importantes para a modificação da forma das e Neossolos Quartzarênicos, fornecem indicações
vertentes. Descrições morfológicas apuradas devem sobre o grau de evolução do relevo e, por extensão,
preceder essas investigações, levando em conta as sobre a dinâmica da paisagem (ESPINDOLA &
minuciosas variações das condições topográficas. GARCIA 1978, 1979).
Nos primeiros levantamentos pedológicos
5 GÊNESE DOS HORIZONTES (BRASIL 1958, 1960) advogava-se a concepção
MICROGRANULARES E POLIÉDRICOS de uma evolução progressiva dos solos e relevo no
sentido rocha → litossolo → solo com Bt → solo
Com a evolução dos levantamentos pedoló- com B latossólico, chegando a um estádio final má-
gicos no País, o B latossólico acabou sendo iden- ximo ou clímax. A transformação do Bt em B la-
tificado com o Bw norteamericano, de estrutura tossólico dar-se-ia por uma ação homogeneizadora
maciça ou granular muito pequena (microgranu- promovida pela fauna edáfica.
lar), semelhante a pó-de-café, em solos de rochas Esse sentido evolutivo já era subentendido por
básicas (BRASIL 1960). NIKIFOROFF (1949), que ponderava que o solo e
A estrutura deixou de ser critério diagnósti- seu material de origem alcançam um steady state,
co (EMBRAPA 2006), aceitando-se Bw em blocos permanecendo nesta condição enquanto o meio se
sem revestimentos com cerosidade, como o hori- mostrar estável; porém, tinha dúvida sobre quanto
zonte coeso de certos Latossolos (RIBEIRO 1998). tempo tal estado seria mantido: se apenas por um
Passou-se a exigir uma diferença textural pequena curto período, ou algo da ordem de milênios.
em relação ao horizonte imediatamente superior, Para DANIELS et al. (1970), seria mais im-
com uma transição gradual ou difusa, porém, ainda portante a duração em que determinado processo foi

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ativo e a sua intensidade num tempo considerado, finos iria constituir um horizonte Bt, que aos pou-
do que o tempo total para a formação do solo Mu- cos se espessaria, diferenciando-se do horizonte
danças internas, controladas principalmente pelas superficial. Posteriormente, sua degradação apaga-
flutuações do lençol freático, representariam o fator ria a distinção entre as partes superior e inferior,
primordial na mudança de desenvolvimento do solo resultando um perfil latossólico.
ao longo do tempo. Dependendo dos processos em Outra feição que QUEIROZ NETO (1976)
ação, os efeitos do material de origem poderiam ser atribuiu a essa transformação foi a ocorrência de
de curta vida (BARNIHISED & RICH 1967). perfis com características intermediárias (intergra-
A gênese de perfis diferenciados (microgra- des), com Bt sobreposto a Bw, resultado da pro-
nulares ou poliédricos) originados de rochas bási- gressiva diminuição no arraste de finos do Bt e de
cas chegou a ser atribuída às naturezas afanítica e maior perda de bases. Esse mecanismo poderia até
vesicular dos respectivos substratos (GUTMANS culminar com a remoção erosiva do horizonte su-
1943 e PAIVA NETTO et al. 1951). Por sua vez, perficial à medida que o perfil fosse assumindo ca-
SCHAETZL & ANDERSON (2005) admitiram ráter predominantemente latossólico, ampliando a
diferentes materiais de origem para um mesmo homogeneização do solo resultante.
perfil: um horizonte B avermelhado, fraco e não Para esses perfis intergrades, ou bimodais,
iluvial poderia advir de um acentuado intemperis- comuns em Argissolos, Luvissolos e Nitossolos,
mo, com acúmulo de óxidos e perda da estrutura da COLTRINARI et al. (1978) encontraram um cami-
rocha, ou seja, uma transformação direta rocha → nho genético explicativo inverso: o B textural é que
Bw, sem passar por Bw. se organizaria no topo de um horizonte de perfil
A maioria das explicações para a geração latossólico, com migração de argilas até uma certa
alternativa de um ou outro tipo de horizonte tem profundidade, em consequência de desequilíbrios
sido buscada em hipóteses relacionadas às tensões no regime hídrico operante, sobretudo por remoção
dos fluxos hídricos, alternâncias secagem-umede- da cobertura vegetal.
cimento, condições de drenagem, flutuações do Considerava-se, inicialmente, que apenas su-
lençol e aspectos correlatos, reconhecidamente de- perfícies de erosão terciárias comportariam esses
pendentes das condições topográficas, como devi- solos microagregados, posto que oriundos de mate-
damente contemplado no conceito de catena. riais remanejados – uma formação superficial com
Quando o complexo de alteração possui pouca mecanismos de instalação ainda mal conhecidos
quantidade de óxidos férricos não é possível manter ou mal definidos. Posteriormente, os solos com Bt
a floculação das argilas, favorecendo o desenvolvi- foram também assim entendidos, com a pressupo-
mento de perfis Bt (DE VILLIERS 1962). Nesses ca- sição de que as condições locais para migração ou
sos, movimentos laterais da água no solo, portando imobilização das argilas é que iriam conduzir o de-
compostos solúveis e colóides, exercem importante senvolvimento para uma direção ou outra (QUEI-
papel na gênese (DE VILLIERS 1965). Compres- ROZ NETO et al. 1981).
sões pelo fluxo hídrico foram consideradas respon- LEPSCH et al. (1977) também defenderam a
sáveis pela origem dos Bt, enquanto sob drenagem formação de Bt a partir de materiais alterados de la-
muito eficiente, sem essas pressões, horizontes Bw é tossolos remanescentes em superfícies antigas, por
que seriam gerados (MONIZ & BUOL 1982). influência de movimentos laterais de água e redução
Em alterações com elevada produção de ses- dos óxidos de ferro, processo esse que poderia se
quióxidos, de pequena mobilidade, agentes mobi- desenvolver num curto espaço de tempo. A trans-
lizadores, como o clima e a vegetação, podem não formação Bw → Bt nas vertentes foi amplamente
se manifestar, favorecendo o desenvolvimento do explorada na análise estrutural da cobertura pedo-
Bw (VAN WAMBEKE 1967). Para TOWSEND & lógica, contudo PÉDRO et al. (1976) já haviam ad-
REED (1971), a desidratação do ferro e de géis de mitido tanto esse mecanismo como o da evolução
alumínio pode adquirir um caráter irreversível, pela progressiva, nas “terras roxas” do Médio Tietê.
intensa floculação dos colóides. Cargas da caulinita A concepção regressiva foi empregada por
podem chegar a ser bloqueadas por cátions férricos KAWAKUBO et al. (2006) para os Neossolos
(CHAUVEL 1972). Quartzarênicos de São Pedro, SP, cuja elevada po-
QUEIROZ NETO (1970) admitiu que, nos rosidade e permeabilidade facilitam a translocação
estádios iniciais de intemperismo, o desapareci- de argilas e a consequente formação de Argissolos
mento de minerais primários alteráveis acarretaria ao longo das encostas. Essa associação de ambos
um decréscimo da capacidade de troca iônica e da na paisagem estende-se a Santa Maria, São Manuel
relação silte/argila. Uma migração de componentes e Botucatu, com a ocorrência de pequenas bacias

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hidromórficas fechadas em posições de topo (ES- subsistindo horizontes e características relictuais dos
PINDOLA & CARVALHO 1986). estádios precedentes, principalmente na base dos per-
É possível admitir que transformações desse fis, posto que, por autoevolução, as acumulações e
tipo estejam se intensificando nos tempos atuais, transformações as tornam cada vez mais superficiais
com os desmatamentos acelerando mecanismos (BOCQUIER 1973). Todavia, mesmo certos minerais
naturais e provocando desequilíbrios hídricos nas pesados são passíveis de alteração (SOYER 1972).
coberturas pedológicas. De acordo com CHAU- A ampla distribuição dos latossolos nos trópi-
VEL (1983), o deflorestamento pode provocar uma cos pode sugerir que tanto a evolução progressiva
destruição da estrutura microgranular em apenas tenha intensamente operado ao longo do tempo (Bt
algumas dúzias de anos; porém, a reorganização → Bw), como a transformação rocha → organiza-
dos constituintes em nova organização estrutural ção latossólica seja o principal mecanismo. Esta úl-
demandaria um tempo da ordem de milênios. tima consubstancia a preocupação de RUELLAN
Modificações em padrões vegetativos como o & DOSSO (1993), evitando representar por B o
das florestas tropicais úmidas requerem apenas um horizonte latossólico. Com efeito, é comum iden-
ou dois séculos para atingir o seu climax, mas para tificar uma organização estrutural dessa natureza
profundas alterações ferralíticas dos solos esse tem- também em horizontes C ou em horizontes câmbi-
po requer dezenas de milhares de anos e ainda muito cos – Bi sem passar por um estágio Bt.
mais tempo para o desenvolvimento de um modela- A via condizente com uma evolução regressiva
do tropical característico, após as alterações já terem foi pioneiramente entrevista na Amazônia brasileira
atingido uma espessura suficiente (TRICART 1968). (KLINGE 1965), com a transformação de um latos-
Nos solos basálticos do Médio Tietê apenas solo em podzol, pesquisa retomada e enriquecida
o Latossolo Roxo de Jaú (LR1), de uma superfície por TURENNE (1977) na Guiana Francesa. A quase
mais antiga, possui organização integralmente la- totalidade das investigações em topossequências do
tossólica. Na área vizinha, em Barra Bonita, o LR2 Brasil, com o emprego da micromorfologia, explorou
apresenta sinais de cerosidade, e a Terra Roxa Es- a transformação do Bw em Bt (CASTRO 1989).
truturada (TE) tem perfil bimodal - Bni sobre Bw Todavia, não foram contestadas investiga-
(ESPINDOLA & ALONSO 1983). ções efetuadas por PÉDRO et al. (1973, 1976) que
Na superfície mais antiga os minerais trans- evidenciaram os dois sentidos de transformação.
parentes pesados e leves são equilibrados (50% em A via mais ignorada, Bt→Bw (progressiva) ocor-
peso), com diminuição dos primeiros nas posições reria pela deionização contínua dos constituintes,
rejuvenecidas do relevo, além da distribuição mui- acompanhada por uma ferrização (sic) superficial
to caótica tanto entre perfis, como nos distintos dos componentes secundários e inativação pro-
horizontes do mesmo perfil; muitos dos pesados gressiva do material argiloso; estaria aí envolvida
são atípicos dos basaltos, ou seja, são alogênicos uma alteração ferralítica seguida de uma evolução
(ESPINDOLA 1979). ferralítica. Para PERECIN & CAMPOS (1976),
Descarta-se a possibilidade de os solos da su- também ambas as vias de transformação devem ser
perfície mais recente terem sido gerados das camadas encaradas como processos dinâmicos.
mais profundas do LR1, como ocorre em Echaporã, BEAUDOU (1972) constatou que arranjos
São Paulo (LEPSCH et al. 1977). A própria composi- plásmicos do Bt podem evoluir para uma microa-
ção granulométrica dos perfis contraria essa possibili- gregação destituída de cutãs de iluviação; NETTLE-
dade. Os intergrades sugerem uma evolução Bt poste- TON et al. (1969) já haviam verificado que secagem
rior à constituição do Bw, como indica a fraca e pouca e umedecimento alternados podem destruir cutãs no
cerosidade no LR2. Mesmo os solos litólicos apresen- próprio horizonte, mantida a sua organização em
tam revestimentos argilosos, de elevada birrefringên- blocos, o que pode representar transição para uma
cia ao microscópio, que chegam a recobrir também os transformação mais intensa que conduza a estrutura
basaltos em alteração (ESPINDOLA 1979). poliédrica a uma conformação latossólica.
Admite-se que a inclusão de alógenos se ve- A evolução regressiva parece tornar mais fácil
rifique em diferentes momentos da evolução dos e lógica a compreensão do binômio pedogênese-
solos e do relevo, em conformidade com as con- -morfogênese, pois a autoevolução do solo cria
dições ambientais vigentes: vigor do transporte, mecanismos internos de subtração de constituintes
quantidades transportadas e situações topográficas (erosão geoquímica), modificando as organizações
(ESPINDOLA 2009). estruturais no seio dos perfis e, por consequência, o
Esses dados consubstanciam que as transfor- modelado superficial. Em zonas cársticas esse pro-
mações de um solo em outro não são completas, cesso gera dolinas, mas em outros substratos con-

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corre para criar novos modelados superficiais, por perficiais sejam mais sujeitas a mecanismos mobi-
subtração de volumes internos dos mantos alterados. lizadores, capazes de gerar horizontes poliédricos
Reflexos dessa autoevolução são denuncia- sobre as camadas microagregadas abaixo, mais an-
dos por abatimentos na superfície, em geral na for- tigas e menos suscetíveis a pedoturbações e varia-
ma de depressões hidromórficas fechadas, inicial- ções sazonais de umidade.
mente desvinculadas da rede de drenagem natural, À complexidade dessas transformações, jun-
conferindo um padrão aerofotogramétrico de baixo tem-se feições por vezes tomadas como indicativas
grau de integração dos compartimentos topográfi- da contemporaneidade ou antiguidade dos proces-
cos envolvidos (LUEDER 1959). Na mencionada sos envolvidos, como é o caso das diversas formas
região basáltica do Médio Tietê, o antigo LR1 é en- lateríticas. Nem sempre elementos tomados como
tremeado por essas bacias hidromórficas fechadas relictuais (couraças, carapaças, nódulos, concre-
de topo (ESPINDOLA et al.1981). ções) são confiáveis ou reais registros dos momen-
As depressões inicialmente isoladas dão tos em que foram gerados.
início a uma modificação do relevo por posterior LEPRUN (1977) e TARDY (1993) contesta-
incorporação delas à rede de drenagem, que se ra- ram a antiguidade de couraças africanas, pressu-
mifica com o entalhe da superfície, criando verten- posta por inúmeros estudiosos, pela possibilidade
tes e expondo rochas nas incisões mais profundas. de formação e destruição daqueles depósitos sob
Esse rejuvenescimento do relevo propicia o trunca- as condições atuais. Evidências análogas foram en-
mento de porções de antigos solos e a instalação de contradas em Guaíra, SP (KERTZMAN 1989, LA-
novos mecanismos pedogenéticos, impelidos pelas DEIRA 1995) e em Londrina, PR (FERNANDES
modificações das condições de circulação hídrica BARROS & QUEIROZ NETO 1994).
externa e interna, criando solos mais jovens. Parece ter sido relegada ao esquecimento a tese
Condição análoga já havia sido apontada por de Reinhard Maack ― desenvolvida em 1948, apre-
CASTRO FRANÇOSO et al. (1974), em substra- sentada e aprovada na II Reunião Brasileira de Ciên-
to de argilitos do platô de Itapetininga (SP), com cia do Solo e posteriormente transcrita no Boletim
bacias doliniformes associadas aos latossolos. Geográfico (MAACK 1950) ―, na qual ele aponta-
Também nos Neossolos Quartzarênicos a mesma va a destruição de lateritos paranaenses pelas atuais
feição é encontrada (ESPINDOLA & CARVALHO condições climáticas, gerando solos do tipo feralitos,
1986), demonstrando que o mecanismo autoevolu- segundo nomenclatura de VAGELER (1933).
tivo é genérico para qualquer embasamento litoló- As modernas técnicas de datação absoluta
gico inserido na dinâmica do relevo. vêm substituindo as simples conjecturas emprega-
No Nitossolo Vermelho eutroférrico latossó- das em datações relativas, agregando conhecimen-
lico (Bni sobre Bw), COOPER et al. (2005) mos- tos mais consistentes. À tradicional radiometria de
traram que uma transformação parcial da estrutura carbono, efetuada sobre vestígios de constituintes
em blocos do Bni deu origem a agregados miú- orgânicos (PESSENDA 1991), podem ser acres-
dos de formatos variados. Os ovais associados ao centadas técnicas que possibilitam maior recuo no
quartzo foram atribuídos à ação mecânica da me- tempo geológico, como a termoluminescência so-
sofauna (cupins e formigas); os ovais sem quartzo, bre grânulos minerais (DULLER 2004).
a mecanismo químico-biológico, e os agregados Pela termoluminescência opticamente esti-
poliédricos, a fissurações da matriz por efeitos sa- mulada – LOE sobre grãos de quartzo, TATUMI
zonais de expansão e contração, intensificados pelo et al. (2006) dataram colúvios do noroeste paulista
desmatamento e introdução de pastagens. (935 a 103 mil anos AP) e SALLUN & SUGUIO
Contudo, não é esclarecido se a estrutura (2007) esclareceram a natureza de sedimentos res-
nítica mais próxima à superficie provém da trans- ponsáveis pela formação de terraços fluviais do
formação do Bw abaixo, já que as constatações Alto Rio Paraná.
referem-se justamente à transformação do Bni em Outro recurso analítico ainda pouco difun-
Bw. Poder-se-ia, talvez, imaginar uma transforma- dido no meio pedológico nacional é o emprego de
ção inicial do substrato, gerando um perfil Bw, para isótopos cosmogênicos, como o 10Be ou o 26Al, para
depois este transformar-se em Bni, o qual, poste- estimar a velocidade de produção de regolito pelo
riormente, voltaria a transformar-se, gerando os intemperismo (SMALL et al. 1999). O aquecimento
agregados miúdos. induzido a laser de grãos minerais em relações isotó-
Na prática, não se encontram perfis em que o picas, como 40Ar/39Ar, 87Sr/86Sr, ou 187Os/186Os, vem
horizonte poliédrico ocorre sob o microagregado, tendo aplicação crescente (CARMO & VASCON-
sendo mais plausível admitir que as camadas su- CELOS 2004, 2006; VASCONCELOS et al. 2002).

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Mesmo com a introdução de técnicas avan- desvendar a história do solo - a sua 4ª dimensão.
çadas persistem dúvidas sobre a gênese das stone Isso ainda requer, pelo menos, a inserção de aná-
lines. As últimas revisões revelam que, embora lises sedimentológicas e mineralógicas das frações
certos pesquisadores tendam a privilegiar uma das grossas (as areias), as quais podem portar compo-
vias ― in situ ou retrabalhamento ― mediante so- nentes residuais de um passado que o intemperis-
fisticada instrumentação (BRAUCHER et al. 2004, mo não conseguiu apagar. O mesmo se diga para
BROWN et al. 2004), ambas acabam sendo admi- uma interpretação mais definitiva das stone lines e
tidas, a depender da situação em estudo. suas possíveis filiações.
Esse esclarecimento se afigura fundamental Em pedogênese há que lastimar o abandono
para legitimar ou refutar tradicionais representa- da fração areia dos solos, que teve mais expressão
ções cartográficas que associaram solos e superfí- há cerca de quatro décadas (MARCONI 1969, AL-
cies usando datações relativas (MABESOONE & TAFIN 1977). Na pedologia vigente nas ciências
LOBO 1980, PÉDRO & VOLKOFF 1984). Para agrárias a gênese ficou praticamente restrita às se-
situações dessa natureza, investigações de determi- quências de intemperismo das argilas, enquanto a
nados horizontes pedológicos, alteritas e substratos evolução dos solos-relevo tem sido mais explorada
líticos que possam estar supostamente associados na geografia, com a micromorfologia intermedian-
devem ser buscadas em datações absolutas. do ambos os domínios, além de importante suporte
à geologia de engenharia. A interação de pesquisa-
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS dores de diversas áreas, defendida por TRICART
(1968), deve ser intensificada nos tempos atuais,
Na presente revisão não se cogitou abordar a com os recursos metodológicos que surgiram nos
ação antrópica na evolução das paisagens, de reco- últimos tempos.
nhecidos efeitos avassaladores (VITEK & GIARDI- Determinadas conjecturas antigas, porém
NO 1993). Porém, esta questão tem sido amplamen- muito judiciosas, parecem ter sido esquecidas, se-
te divulgada na atualidade, além de devidamente não ignoradas pela comunidade científica, e, por
incorporada aos diferentes níveis de ensino, como vezes, ressurgem travestidas de novas proposições
demonstra a programação do V Simpósio Brasileiro ou roupagens. Outras já se transformaram em ver-
de Educação em Solos realizado em Curitiba, em dadeiros dogmas ou paradigmas, sem as devidas
abril de 2010. Nem mesmo faltaram relatos espe- contestações que enriqueceriam o debate epis-
cíficos sobre as relações solo-paisagem (RITTL & temológico necessário a uma ciência que evolui
COOPER 2010) ou solo-relevo (JANJAR 2010). (GOMES & ESPINDOLA 2007).
O caráter correlativo do solo em relação à Felizmente, alguns pesquisadores resgatam
superfície em que repousa deve merecer, em ter- matérias julgadas ultrapassadas, acrescentando
mos de idade relativa, especial atenção. Em geral, novas visões interpretativas e críticas, graças aos
uma superfície nunca é suficientemente homogê- seus conhecimentos acumulados, servindo como
nea para conter apenas uma classe de solo. Além exemplo a estigmatizada ciclicidade do relevo,
disso, a superfície gerada comportaria apenas ma- habilmente retomada por MABESOONE (2000).
teriais edafizados, ou também rochas e fragmentos Louve-se a disposição de outros em reverem postu-
rudáceos? O espessamento evolutivo do solo seria ras anteriormente assumidas, como as demonstra-
acompanhado por mecanismos capazes de levar das por QUEIROZ NETO (2000, 2008), a respeito
detritos grosseiros a constituir uma stone line? de stone lines e lateritas.
À subjetividade que usualmente permeou o Uma geopedologia é advogada por GOU-
discurso sobre a evolução das paisagens vêm sen- LART & GIMENES (2008) na identificação de
do crescentemente adicionados dados mensuráveis processos geradores das formas, em vez da simples
e procedimentos mais detalhados de campo, tais adoção de modelos pré-estabelecidos. Por ana-
como o emprego de infiltrômetros (PORTILHO & logia, valeria a pena acrescentar o incremento de
ALMEIDA 2008) e do radar de penetração no solo termos como morfopedogênese, pedomorfogênese
- GPR (UCHA et al. 2010), antes adstritos a outros ou geopedogênese, em prol de uma morfogênese-
ramos do conhecimento científico. O emprego da -pedogênese substituindo a dualidade. Poder-se-ia
sedimentologia e de datações absolutas faz vislum- pensar, então, na seguinte representação da gênese
brar avanços ainda mais consistentes. das formações superficiais, numa adaptação à con-
Esclarecimentos dessa natureza poderão sagrada formulação matemática de JENNY (1941):
aproximar o pedólogo da condição que ele mais Solo/Relevo = f (material de origem, clima,
almeja, na visão de RUELLAN (1986), qual seja, organismos, tempo)

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Endereço do autor:

Carlos Roberto Espindola – Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geociências da


Universidade Estadual de Campinas – Cidade Universitária Zeferino Vaz – Distrito de Barão Geraldo,
CEP 13083-970, Campinas, SP. E-mail: carlosespindola@uol.com.br

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