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TÍTULO DO ARTIGO: ANOTAÇÕES SOBRE PROBLEMAS DE RESTAURO

ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO NA CIDADE HISTÓRICA DE SÃO


LUIZ DO PARAITINGA - TERRA, MADEIRA E ÁGUAS: SOBREVIVÊNCIAS
DO LUGAR E SEU TEMPO.

TITLE OF THE PAPER: NOTES ON PROBLEMS OF ARCHITECTURAL


AND URBANISTIC RESTORATION IN THE HISTORICAL CITY OF SÃO
LUIZ DE PARAITINGA - LAND, WOOD AND WATERS: SURVIVES OF THE
PLACE AND ITS TIME

Luiz Cláudio Bittencourt, Dr.1


Ludmilla Sandim Tidei de Lima Pauleto2, M.Sc.

(1) Universidade Estadual Paulista – UNESP, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – FAAC,
Campus Bauru/SP
e-mail: civitas-campinas@uol.com.br

(2) Universidade Paulista - UNIP, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Campus Bauru / SP


e-mail: ludtideip@gmail.com

Patrimônio Cultural, Preservação, Restauro

O ensaio que segue é resultado de pesquisa sobre gestão do patrimônio e projeto de restauro. Nossa hipótese é de
que essas duas abordagens, embora possuam o mesmo objeto, seus objetivos e ações diante do problema são
diferenciados. Para alcançar o objetivo proposto verificamos as políticas públicas e ações de órgãos considerados
referência na gestão do patrimônio arquitetônico e da cidade no Brasil: o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) e Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do
Estado de São Paulo (CONDEPHAAT). Para confrontação entre gestão e projeto optamos por um estudo de caso em
contexto específico, a cidade de São Luiz do Paraitinga após a enchente de 2010.

Cultural heritage, preservation, restoration

The following essay is the result of research on heritage management and restoration project. Our hypothesis is that
these two approaches, although possessing the same object, their objectives and actions in the face of the problem
are differentiated. In order to reach the proposed objective, we verify the public policies and actions of organs
considered as reference in the management of the architectural heritage and of the city in Brazil: the National
Historical and Artistic Heritage Institute (IPHAN) and the Historical, Archaeological, Artistic and Tourist Heritage
Defense Council Of the State of São Paulo (CONDEPHAAT). For the confrontation between management and
project we chose a case study in a specific context, the city of São Luiz do Paraitinga after the flood of 2010.

1
1 Introdução Mateus[1].

Este estudo pretende avaliar algumas Pasquale Petrone [2] avalia o lugar, onde se
intervenções arquitetônicas e urbanísticas encontra São Luiz, como possuidor de
ocorridas na cidade histórica de São Luiz do características físicas muito próprias e evidentes,
Paraitinga após a enchente de 2010 arrasar seu que imprimem características a estruturação do
centro histórico. A abordagem urbanística espaço “intra-urbano” e suas relações com a
restringe-se a interpretação entre os desenhos do região próxima.
sistema de arruamento de origem tropeiro
“O setor que nos interessa, município de São
sertanista e sua relação com a grande Praça da
Luís do Paraitinga e zonas limítrofes,
Matriz, provavelmente influenciada pelo abrange trecho do médio vale do Paraitinga,
Morgado de Mateus e o iluminismo despótico no planalto cristalino do reverso da serra do
esclarecido de Pombal, marcados pela tensão Mar, em parte alteado pela serra do Quebra-
entre ordem espacial e geometria planimétrica. A Cangalha. Os elementos altimétricos nos
visão urbanística elaborada pelos órgãos revelam uma superfície erguida a mais de
gestores do patrimônio IPHAN e 700 metros. O leito do Paraitinga encontra-
CONDEPHAAT conduziram os projetos de se, na secção que nos interessa, entre 780
restauro de forma diferenciada, gerando metros a montante, 20 quilômetros a
produtos mais ou menos adaptados às nordeste de São Luís, e 745 metros a
jusante, a cerca de 15 quilômetros da cidade.
necessidades dos moradores. Para explicitar esta
A praça principal de São Luis, próxima ao
situação elaboramos um estudo de caso a partir rio, está a 749 metros.” [3]
de dois edifícios polêmicos e simbólicos aos
moradores da cidade, a Igreja Matriz e o casarão De imediato é fácil verificar a pouca altura entre
onde funcionava uma escola municipal. O texto o leito e a Praça atual de São Luís. Fica evidente
não pretende ser conclusivo diante de temática também que, no local onde será implantada a
tão abrangente em situação tão específica e vila e depois cidade é topograficamente plano, e
traumática. É uma provocação para os que contorna como moldura a colina próxima do
estudam as relações entre patrimônio e projeto “Morro do Cruzeiro”. Trata-se de terreno frágil
de restauro. em relação às altas do Rio Paraitinga, pois é
várzea, originada das sedimentações do próprio
2 A paisagem e as hipóteses urbanísticas: rio.

A atual cidade de São Luiz do Paraitinga do “Essas soleiras foram responsáveis por um
Estado de São Paulo nasce durante o período aspecto comum dos vales, particularmente
colonial, no contexto da “rede”i de pousos e do Paraitinga, ou seja o estrangulamento que
esses vales, sofrem de espaço a espaço,
vilas, que visavam ocupar e domesticar o sertão
dando margem ao aparecimento de
paulista. Está localizada entre a Vila de Taubaté verdadeiros alvéolos. Cada um desses
e Porto de Ubatuba, ao lado da transposição do alvéolos, uns mais, outros menos
Rio Paraitinga onde, posteriormente, é nitidamente, sofreu um processo de
construída uma ponte. colmatagem em função do nível de base
local representado pela soleira, dando
A vila do Porto de Ubatuba, fundada em 1637, e origem a pequeninos planos aluviais com
a Vila de Taubaté, oito anos após 1645, várzeas periodicamente inundáveis. Em área
sinalizam para existência do caminho de ligação de topografia tão acidentada como a dessa
mais curto entre Taubaté no Vale do Paraíba e região, um desses alvéolos tornou-se o sítio
Ubatuba no Litoral. Este caminho solicita, de São Luís, como veremos adiante.” [4]
necessariamente a existência de uma passagem e
A transposição do Paraitinga em São Luís não é
seu pousoii sobre o Rio Paraitinga, o qual
apenas passagem do caminho (leste-oeste) entre
secciona as duas Vilas a meio caminho. Local
Taubaté e Ubatuba, mas é também transposição
onde surgiria a Vila de São Luís e Santo Antônio
para o caminho (norte-sul) entre atual Cunha e
do Paraitinga (1773), no contexto das políticas
Paraibuna, situação que aumenta a condição de
urbanizadoras para restauração da Capitania de
pouso significativo, como ponto de cruzamento
São Paulo, conduzidas pelo Morgado de
de tropas. Para Petrone, a região “já se
encontrava parcialmente povoada na primeira perpendicular, a primeira ocupação deveria
metade do século XVIII” [5]. Lugar chamado de apresentar fortes características de linearidade
“Encruzilhada” [6]. como aponta Petrone [9], com moradias simples
(térreas de porta e janela), dispostas ao lado dos
A geometria das conformações físicas naturais caminhos, protegidas das enchentes e o plano da
da macrorregião conduz o observador ao ponto várzea provavelmente de construções precárias
de inflexão urbanístico, focalizado inicialmente destinada ao manejo das tropas e ao comércio.
sobre a ponte e a transposição do rio. Arremete,
de um lado a ocupação local sobre a área plana Não é possível mencionar, neste momento,
do “alvéolo” [7] e de outro, na encosta da lateral nenhuma característica iluminista ou de projeto
oeste do “Morro do Cruzeiro” (Fig. 1). Destes de racionalidade geométrica desenhado a priori,
dois lugares opostos, extraídos da topografia que expresse os ideais das luzes. Predomina a
natural, o primeiro a lateral aproveitável na tradição sertanista da estruturação de pousos,
tangente do “Morro do Cruzeiro” e o segundo poucas moradias alinhadas entre si, algumas
assentado sobre o traçado da estrada e sua famílias e seus agregados, produção de
relação com a ponte cria-se a possibilidade do subsistência com excedente destinado ao
encontro geométrico em perpendicular entres as comércio de suporte às tropas [10/11].
ruas (atuais) Coronel Domingues Castro (antiga
Rua da Ponte, traçado da estrada) e Rua Para Luís Saia [12] e Petrone [13], a primeira
Monsenhor Inácio Gióia ligação a uma estrada rua chamada “Da Ponte” inicia o balizamento
regional de acesso aos sítios rurais. sobre o traçado da estrada apoiada pelo plano da
várzea sujeito a inundações. O traçado deveria
seguir sentido sul até encontro do Córrego do
Chapéu, para defletir no sentido Leste, depois
nordeste em direção atual Cunha (Facão), passa
pelas terras da Fazenda Catuçaba. Trata-se de
caminho suave para as tropas, aproveitando as
inclinações estabelecidas pelos córregos e suas
nascentes, inicialmente Chapéu depois Itaim. A
atual Rua Monsenhor Gióia (antiga Rua do
Rosário) deveria conduzir a sítios à margem
esquerda do Paraitinga, pois não teria sentido
utilizar esse traçado em direção a atual Lagoinha
para depois defletir em direção a Cunha, uma
vez que este caminho implicaria cruzar o
Paraitinga duas vezes. Em nossa busca, não
encontramos nenhum caminho que oferecesse
continuidade pelo lado da margem esquerda do
Paraitinga até Cunha, além disto, os desenhos da
cartografia históricaiii confirmam o enlace por
Catuçaba.

Até este momento, os desenhos do Pouso e


depois da Vila seguem a forma do modelo
colonial, em que as referências naturais do
Figura 1: Mapa “planialtimétrico”.
relevo e das águas, associadas à estrada e
Fonte: PETRONE, 1959, pg. 74.
caminhos regionais, balizam a implantação das
Assim, o plano da várzea, a colina, a ponte sobre primeiras casinhas “ordinárias”, depois com a
o Paraitinga e o balizamento de duas ruas, que doação do Rocio, a Freguesia, sua capela, seu
também são estradas, definem o sítio e as adro e praça, para em seguida instalar a “Casa de
primeiras referências para desenho que Câmara e Cadeia” e a autonomia política da Vila
configurará os espaços da futura vila e cidade de [18].
São Luiz. Apesar do cruzamento em
No caso específico de São Luiz, são fortes os
sinais que indicam como o Pouso, e depois a madeira lavrada e roliça, entrelaçadas no interior
Vila optaram por instalarem-se sob a proteção das paredes quando de “sopapo” sobre esqueleto
das cotas mais elevadas cortando o Morro do em gaiola armada entre baldrames de madeira e
Cruzeiro em diagonal, pelas ruas atuais Do vigas da estrutura do telhado de telhas cozidas
Carvalho e Monsenhor Inácio Gióia até o apoiadas em frechais, que amarram às taipas
encontro da Matriz, seu adro e praça, ao lado da externas, conjunto sabidamente frágil à água.
Casa de Câmara e Cadeia de frente para estrada, Eventualmente nas correções das alturas em
depois Rua da Ponte, atual Rua Coronel terreno muito inclinado, uma base de
Domingues de Castro. Evidencia-se como a enrocamento de pedras [21]. A única mudança
forma do leito do Rio Paraitinga e o fluxo das além do tamanho das habitações será a
águas denunciavam os riscos de ocupação verticalização em sobrados principalmente em
abaixo das cotas 750 e 751 no plano interposto torno da nova praça, reflexo das limitações de
no “L” formado pelo leito do rio [19]. espaços definido pelo sítio original sobre o
“alvéolo”, e disputa pelos espaços entre os ricos
3 A rotação da Matriz e a nova geometria dos lucros do café em sua primeira etapa no Vale
urbanística: do Paraíba.
Do ponto de vista plástico, o sistema construtivo
As transformações urbanísticas ocorridas se expressa nas fachadas em contínuo linear
especialmente na primeira metade do século definido ainda pelo alinhamento das ruas. É uma
XIX, sob a riqueza dos cafeeiros do Vale do arquitetura mural, alinhada pelo arruamento,
Paraíba, tomarão a Matriz como pivô de uma sem platibandas, o que movimenta o plano
nova geometria, voltada para conformação principal voltado para os espaços públicos pelas
urbanística em quadras, mas ainda com forte aberturas recortadas nas paredes de taipa,
influência do sistema de “ruação”, em que a através das portas e janelas em geometrias
parcela vendida ou cedida pela Câmara regulares. Estas são demarcadas pelo trabalho de
Municipal ainda é medida pela testada e não carpintaria nas ombreiras, vergas e peitoris, que
pelo o lote. apresentam cores e formas contrastantes com o
fundo mural e oferecem textura com ritmo
Luiz Saia [20] evidencia como a rotação regular à monotonia dos planos desse fundo.
exercida sobre o eixo vertical da Igreja Matriz Eventualmente, nos casos mais sofisticados,
reposiciona a Nave, Altar Mor e o Adro no geralmente nas esquinas das quadras, destacam-
sentido Leste-Oeste, e redefine a nova área para se os cantos vivos, através de cunhais em
expansão do desenho, agora em forma de madeira (no caso de esteios expostos) revestidos
retícula, favorecida pelo plano da várzea, em de reboco ou não, para marcar a vertical ao
volta da grande praça colocada de frente para a encontro das horizontais, superior do telhado e
nova Matriz, reposicionando também a antiga cimalhas ou cachorros, e na do chão com
ponte, para favorecer a entrada da cidade mais pedestal ou não.
nobre pela nova praça e Igreja Matriz.
4 O tombamento como figura legal de
Fica estabelecida a tensão entre a antiga gestão e abordagens do Estado:
linearidade do Pouso e da Vila e o reticulado
espraiado sobre o terreno plano do “alvéolo”. São Luiz do Paraitinga é cidade tutelada pelo
Conduzida pela cidade do café, esta nova Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
ocupação demarca, também, formas de Nacional – IPHAN e pelo Conselho de Defesa
convivência mais difíceis com as altas do rio, já do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico
que as novas áreas do plano ocupado pertencem e Turístico do Estado de São Paulo -
ao seu curso natural, logo ficam expostas as CONDEPHAAT, como bem protegido pela
variações dos níveis da águaiv. União e pelo Estado. O IPHAN tombou São
Luiz como conjunto urbano de valor histórico e
Apesar dos riscos sabidos, não há mudanças paisagístico, conforme processo 1590, com
essenciais das técnicas e do sistema construtivo: abertura de processo em 2010 inscrito nos livros
terra socada em taipas ou em barro amassado, do tombo “Arqueológico, Etnográfico e
ambas amarradas pela carpintaria rústica da Paisagístico” e Histórico, em dezembro de 2012.
Anteriormente apenas a “Casa Natal de Oswaldo do século XIX e XX, para drenar ou dissipar a
Cruz” estava tombada como processo 452 no energia dos fluxos extremos do Rio Paraitinga.
livro do tombo “Histórico”, em setembro de
1956v. O CONDEPHAAT protege a região onde O IPHAN e CONDEPHAAT concentraram suas
está inserida a cidade de São Luiz em “Livro do atenções sobre os bens imóveis de valor
Tombo Arqueológico, Etnográfico e histórico que oferecem unidade histórica a
Paisagístico”: inscrição nº 16, p. 305, paisagem da cidade do século XIX, evidenciada
08/09/1986; protege a “Capela de Nossa principalmente a praça para onde expandiu a
Senhora das Mercês”, “Livro do Tombo vila durante. Os levantamentos e diagnósticos
Histórico”: inscrição nº 155, p. 28, s.d., a “Casa das duas instituições podem ser comprovados
de Oswaldo Cruz”, “Livro do Tombo Histórico”: pelo site da Prefeitura Municipal x.
inscrição nº 104, p. 14, 06/05/1975; o “Centro
Histórico de São Luís do Paraitinga”, “Livro do O documento intitulado “RELATÓRIO DE
Tombo Histórico”: inscrição nº 200, p. 51, SITUAÇÃO SÃO LUIZ DO PARAITINGA
18/08/1982; e o “Sobrado na Praça Oswaldo JANEIRO/2010 UPPH/CONDEPHAAT”
Cruz”, “Livro do Tombo Histórico”: inscrição nº apresenta conjunto de mapas associado a
104, p. 14, 06/05/1975vi. legendas que remetem a vários inventários dos
arruinamentos pós-enchente, as categorias
Assim, todo processo de recuperação da cidade, estabelecidas e quantificadas são relativas a bens
após a trágica enchente de 2010, enfrenta tombados:
critérios restritivosvii no seu refazimento GP1 - 18
arquitetônico e urbanístico, com o objetivo de GP1A - 10
manter a unidade e resgatar os valores estéticos GP2 - 175
estabelecidos na paisagem natural e construída. GP3 - 153
Esta condição obriga a municipalidade local GP4 – 70”
dividir a gestão das intervenções com instâncias TOTAL DE 426 imóveis
de governo exógenas (Estado e União), às Sendo os critérios de gestão:
tradições culturais locais e as estruturas legais GP1 - Proteção Total.
municipalistas típicas do Brasil. GP1A - Proteção Total (bem alterado).
GP2 - Proteção Volumetria e Fachada.
Pelo exposto na descrição da paisagem local, GP3 - Proteção de Fachada.
deve-se levar em conta o fato histórico e GP4 - Reforma/Construção seguindo
geográfico, de que novas enchentes ocorrerão. ambiência arquitetônica.
Assim, diretrizes do projeto de gestão para o
necessário restauro, que vise o Estas categorias são quantificadas e associadas
“restabelecimento” arquitetônico e urbanístico aos níveis de arruinamento:
da cidade de São Luiz, após a enchente de 2010, Bens arruinados
precisam considerar este fato latente, que GP1 - 6
transcende abordagens em perspectivas apenas GP1A - 1
conservadoras, pois uma vez mantidas as GP2 - 7
condições urbanísticas de infraestrutura, e de GP3 - 3
“dinâmica dos fluidos” atuais, novas prejuízos GP4 – 1
ao patrimônio ocorrerão.
Parcialmente arruinados:
O cenário de destruição de 2010, apresenta para GP1 - 5
intervenções contemporâneas dois problemas GP1A - 5
mais difíceis que a simples “anastilose”viii. O GP2 - 32
primeiro se refere à escolha de tecnologias GP3 - 16
edilícias adequadas e resistentes, para substituir GP4 – 7
as partes destruías pelas águas sem perder a
unidade da paisagem arquitetônica e a coesão Aparentemente íntegros:
urbanística dos traçados das ruas e praçasix. GP1 - 6
Depois intervenções de engenharia para GP1A - 4
proteção do “alvéolo” onde se espraiou a cidade GP2 - 136
GP3 - 134 interpretativo caso a caso, e a intervenção
GP4 – 62 não pode se enquadrar, a priori, em uma
determinada categoria fixa. Cada caso deve
Acompanha o relatório alguns levantamentos ser analisado de modo singular, pelas
fotográficos e mapas. No seu conjunto, o peculiares características da obra e por seu
particular transcorrer no tempo; a
relatório evidencia de um lado, a preocupação de intervenção não pode, pois, seguir
quantificar os níveis da destruição arquitetônica; colocações dogmáticas.” [23]
e de outro, estabelecer parâmetros restritivos
para intervenções através de critérios típicos da Existe também, um mapa elaborado pela equipe
figura legal do “tombamento”, para direcionar UPPH, na escala 1:1000, com o título “PLANO
novos projetos de arquitetura, necessários a DE EMERGÊNCIA SÃO LUIZ DO
recuperação urbanística, arquitetônica e a volta a PARAITINGA – MAPA DE DANOS X GRAU
rotina urbana dos seus moradores. DE PRESERVAÇÃO”, 11/02/2015. Este mapa
pertence ao momento muito próximo à limpeza
Outro documento significativo intitula-se dos destroços, para reconstrução da cidade.
“Palheta de Cores”, na linha das limitações no Trata-se de cadastro gráfico das áreas e edifícios
tratamento arquitetônico, o qual produz planilha mais atingidos pela pressão das águas sobre o
que cruza níveis de preservação “GP1-GP2- “alvéolo”, que reflete os critérios de leitura
GPE-GP4” com limites específicos das cores das estabelecidos pelo CONDEPHAAT. Evidencia
paredes e esquadrias, aparecendo claro o intuito também, que a concentração de edifícios
de estabelecer as unidades entre os edifícios “arruinados” e parcialmente arruinados, ocorre
produzidos antes de 1800, de 1800 a 1910 e próxima à área da Praça da Matriz, caminho de
posteriores a 1910. Não identificamos entrada do “L” encontrado pelo fluxo do rio. As
explicações plausíveis do ponto de vista para exceções são os edifícios da quadra “O”
estas escolhas. números 04-05-16, além da Capela das Mercês.
Segundo Kühl em seu artigo “O tratamento das Porém, a ausência de diagnóstico claro, que
superfícies arquitetônicas como problema explique o porquê da ruina, total ou parcial de
teórico da restauração”: cada edifício atingido, neste acervo consultado,
surge como falha do processo, pois são
“o tratamento das superfícies, deveria pois,
claramente documentos produzidos rapidamente
ser ato fundamentado, consequência de
esforços multidisciplinares que envolvam para enfrentar condição de catástrofe e a
acurada pesquisa histórico-documental, reconstituição da cidade.
iconográfica e bibliográfica, pormenorizado
levantamento métrico-arquitetônico e Como vimos o IPHAN entra posteriormente ao
fotográfico do(s) edifício(s), exame de sua CONDEPHAAT neste processo. Até a enchente
técnica construtiva e dos materiais, de sua de 2010, o único imóvel tombado pelo IPHAN
estrutura, de suas patologias, e análise era a chamada “Casa Natal de Oswaldo Cruz”.
tipológica e formal. Fatores esses que levam Com a enchente abre o processo de tombamento
ao entendimento das várias fases por que do conjunto urbano em 2010. Em dezembro de
passou a obra (ou conjunto de obras) no
2012, inscreve nos livros do tombo
decorrer do tempo e de sua configuração e
problemas atuais (...)
“Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico e
Histórico”.
O tratamento das superfícies dos
monumentos deve, pois, fazer parte desse A presença do Instituto e o Tombamento são
processo histórico-crítico.” [22] estratégicos para canalização de recursos do
“PAC” destinado a cidades históricas. Dois
No caso de Paraitinga observa-se a preocupação documentos esclarecem esta ação do Governo
com o período das construções, porém não Federal, o primeiro “ACORDO DE
existem orientações que direcionem as futuras PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
intervenções para análises histórico-crítica e CULTURAL QUE ENTRE SI CELEBRAM O
muito menos estudo caso a caso: INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
ARTÍSTICO NACIONAL E O MUNICÍPIO DE
“Essas proposições exigem esforço SÃO LUIZ DO PARAITINGA VISANDO A
IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO totalmente arruinados, com reconstruções quase
DA CIDADE HISTÓRICA DE SÃO LUIZ DO completas, até pequenas correções na
PARAITINGA” e o segundo estabilidade ou ajustes tipológicos. Não
“APRESENTAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO mencionam aspectos urbanísticos para
PARA CIDADES HISTÓRICAS”, em 15 de intervenção, quer do ponto de vista do resgate
abril de 2010. São partes integrantes destes do período da vila ou do período da cidade. As
documentos o Anexo II que delimita o perímetro atenções sobre a praça “iluminista” são
e a planilha Anexo I “RESUMO tangentes, pois não abrem o debate sobre a
INVESTIMENTOS DO PAC-CH - SÃO LUIZ transformação desta em jardim, impedindo com
DO PARAITINGA – SP”, no qual se as copas das árvores a percepção plena do seu
estabelecem metas entre 2011 e 2012. espaço original delimitado pelos sobrados e a
Matriz.
As ações de gestão possuem o mesmo objetivo
geral, recuperação do Município. Os objetivos 5 O restauro arquitetônico estudo de caso,
específicos são quatro: revitalizar e readequar recomposição e reconstrução
espaços urbanos, prevenir novas tragédias, arquitetônica:
identificar e recuperar a memória da cidade e,
auxiliar e aparelhar a administração local. As Neste estudo, focalizamos dois edifícios
sete ações restritas à área urbana estão assim próximos entre si, totalmente arruinados e de
divididas: Urbanização e paisagismo do Alto do soluções de projetos opostas do ponto de vista
Cruzeiro, criação do bosque Alto do Cruzeiro, da teoria do restauro. O primeiro é a Matriz São
Estudo Hidrológico do Paraitinga, Aplicação do Luiz de Tolosa, e ao seu lado, na esquina da Rua
Inventário Nacional de Referências Culturais, Inácio Gióia antigo colégio da cidade
Compra de Equipamentos, Instalação de transformado em biblioteca pelo projeto atual.
Escritório Técnico para auxílio na gestão e Segundo declarações dos moradores, o edifício
Capacitação de Servidores Municipais para do antigo colégio foi o primeiro a ruir, o que é
Patrimônio Cultural. estranho, pois deveria estar protegido pela
Matriz em relação ao curso das águas do
Finalmente, acompanha uma publicação Paraitinga. Ocorre que, segundo os moradores, o
intitulada “[dossiê] São Luiz do Paraitinga” que curso do Paraitinga voltou ao encontrar com as
é uma espécie de atualização diante da águas do Córrego de Chapéu, formando uma
catástrofe, da Publicação nº2 de 1977, espécie de redemoinho ou remoinho, o que
“CONDEPHAAT” conhecida como “livro negro ajudaria a explicar também a destruição da
de São Luiz do Paraitinga” com textos de Luís Capela das Mercês.
Saia e Jaelson Bitran Trindade, juntamente com
levantamentos métrico e fotográfico de um O memorial descritivo da Biblioteca aponta
conjunto de edifícios térreos, a meia encosta e “grau de proteção 1, na resolução 55, 1982, de
sobrados. O [dossiê], além de complementar e tombamento do CONDEPHAAT. Isto significa
estender o texto de 1977 procura construir tese que representava um dos exemplares mais
historiográfica urbanística, de que São Luiz seria significativos dentro do conjunto de São Luiz do
“uma cidade do urbanismo ilustrado” a partir da Paraitinga, e que demandava preservação
gestão do D. Luís Antônio Mourão, o Morgado integral”xi. Definida a importância do edifício, a
de Matheus, entre 1765 e 1775 [24], resposta em termos de projeto arquitetônico
substituindo a tradição do urbanismo medieval ficou afastada de qualquer proposta possível de
português transladado para o Brasil, baseado na interagir com atitude de restauro. Com
“arte da ruação” pelo sistema geométrico de argumento de que não sobrara nada em termos
quadras regulares, grandes espaços públicos da taipa de pilão ou de mão, todo madeiramento
orientados por fachadas homogêneas a cercar foi descartado, optando-se por “tábula rasa”, em
estes espaços, e um monumento “civil” ou relação ao terreno e o material arruinado.
religioso como ponto focal.
No mesmo local, foi proposto um edifício novo
Os inventários do IPHAN e CONDEPHAAT (reconstrução), com outros acessos em relação à
informam a necessidade de intervenções de rua, novos espaços interiores e modificação do
restauro em larga amplitude, desde edifícios velho quintal em pequena praça. Os espaços
internos são amplos e apresentam vínculos com nos habituamos sem dificuldade, mas no
setorização modernista. Apesar de manter a distúrbio que a lacuna traz ao gozo da
mesma volumetria, as novas fachadas imagem’. A lacuna, para dizê-lo como
aproximam-se de uma metáfora rude com as Brandi, tende a se por como figura fazendo
regredir a imagem no fundo e, igualmente,
originais. A nova construção, para os leigos e
interrompe a continuidade da forma.
para aqueles que não conhecem a história local, ‘Reduzir este distúrbio para render à
poderá ser interpretada como parte integrante do imagem o máximo de presença que esta é
patrimônio e criar “um falso histórico”, de ainda suscetível de realizar, respeitando,
acordo com Césari Brandi [25], embora todavia, a sua autenticidade de criação e de
grosseiro. documento histórico: este é o verdadeiro
problema crítico da reintegração das
lacunas.” [28]

A reconstrução do edifício da antiga escola pelo


CONDEPHAAT, agora com nova função,
biblioteca, poderia ter sido tratada com a mesma
preocupação que o IPHAN teve na reconstrução
da Matriz. A preservação da única parede de
taipa de pilão que se manteve de pé, do
madeiramento e janelas de madeira que
permaneceram após a enchente manteria a
memória histórica da edificação e permitiria o
conhecimento do sistema construtivo original.
Figura 2 Edifício onde funcionava a escola da cidade. Dessa forma, a recomposição teria a função de
Fonte: Bittencourt, 07/06/2007. preenchimento de lacunas, mas com
intervenções que remetessem mais à arquitetura
contemporânea, com uso de materiais mais
atuais e claramente visto como intervenção
atual.

O que foi executado nada se parece com


“completamento de lacunas”. Muito pelo
contrário, trata-se de reconstrução com a
utilização de elementos que remetem a
arquitetura posterior a original, porém de época
não atual. O vínculo com a setorização
modernista, como dito acima, insinua a
falsificação.
Figura 3 Novo edifício da Biblioteca Municipal
projeto de construção CONDEPHAAT. No caso da Matriz, as escolhas foram diferentes,
Fonte: Bittencourt, 16/10/2015.
apesar de utilizar na sua reconstrução o mesmo
sistema construtivo da Biblioteca (estrutura de
Fazendo contraponto com as teorias de restauro
aço, fechamento das paredes em tijolos e
contemporâneas, o teórico Paul Philippot fala do
reboco), as sintaxes classicizantes dos antigos
tratamento das lacunas como problema de
ornamentos externos do início do século XIX
restauro. O autor, assim como Brandi, defende o
mantiveram-se. No interior o forro e sua pintura
“completamento” das lacunas com ações
foram restaurados e as antigas taipas
recreativas contemporâneas, considerando que:
sobreviventes, foram tratadas como objetos
“neste contexto, a não intervenção é museológicos, o que possibilita registros para
igualmente ‘uma forma de apresentação que leituras históricas e reconstrução mental do
ilude o problema estético’. Este ‘pelo passado. O edifício surge agora como um
restauro concebido modernamente como pergaminho corroído pelo tempo, oferecendo ao
interpretação crítica, não consiste tanto no observador a possibilidade da reconstrução
caráter incompleto da obra, com o qual hoje imagética da velha igreja.
6 Conclusão:

Pelo exposto, verifica-se que, conclusões plenas


ainda são precipitadas, mas trabalhar com
restauro, em uma cidade histórica arrasada pela
enchente, tombada pelo IPHAN e
CONDEPHAAT, como é o caso de São Luiz do
Paraitinga, não é tarefa simples. Agrava-se a
condição da cidade está e sempre esteve viva,
não é um espaço museológico contemplativo.
Ela convive em “continuum” com a paisagem
urbana desde sua origem, conservando,
Figura 5 Interior da Sacristia, parede arruinada adaptando, transformando espaços construídos
com sobras de reboco ao lado da estrutura de madeira, barro e pedra, sobre base frágil em
metálica, tijolo a vista e demais rebocados e relação ao rio. Suas escalas e proporções das
terminado com massa corrida. Fonte: Bittencourt, visuais, ao lado da vida cotidiana, ainda estão
16/10/2015.
muito próximas à perspectiva do pedestre e
fruição da vizinhança comunitária.

A inutilidade de construir de acordo com a


cadeia produtiva, programa e valor estético
colonial, em que o peso artesanal da mão de
obra escrava possibilitava o uso tosco da
madeira e do barro em urbanismo de pequena
escala definido testada da rua, apresenta para o
projeto de restauro contemporâneo os problemas
estéticos de interação, enfrentados pelos
futuristas e modernistas desde início do século
passado [35] (Reyner Banham, 1975). Expressar
a cultura tecnológica atual em sua plenitude (aço
e vidro) ao lado do patrimônio cultural de
origem colonial apresenta problemas ainda de
tradição acadêmica ligados à composição e ao
sentido de medida, proporção e tipologia, que
afetam os bens imóveis protegidos pelos
tombamentos citados, oferecendo dignidade e
reconexão plausível entre o passado
parcialmente arruinado ou não, e as
possibilidades de sobrevivência para o futuro,
sem prejuízo da percepção original e evitando-se
o “falso histórico”. Razão e técnica ainda
sobrevivem como valores estéticos
Figura 4 Fachada atual depois da reconstrução.
Fonte: Bittencourt, 16/10/2015.
contemporâneos difíceis de superação no campo
do projeto e da construção.

As intervenções feitas na Matriz se revelam iBUENO, Beatriz Picclotto Siqueira. VILAS E CIDADES
enquanto técnicas e materiais contemporâneos. NA FORMAÇÃO DA CAPITANIA DE SÃO PAULO
O mesmo não é observado na reconstrução do (1532-1822). São Paulo, Anais do Museu Paulista, v.7 n2,
edifício da escola, atual biblioteca. A p. 250-294. Jul.-dez. 2009. Aceito e utilizarei o conceito de
rede e do controle da Metrópole sobre a criação de vilas e
manutenção do que sobrou da Igreja, alvenarias
cidades apresentada pela autora neste trabalho. A
de taipa, pisos, forro continuam contando a cartografia apresentada neste texto revela de um lado do
história do antigo vilarejo e ao mesmo tempo domínio formal do território e de outro pontua os lugares
contam a tragédia recente. de interesse dos usuários das estradas e caminhos.
melhores e por meios mais eficazes ou mais perfeitos.” In,
iiHOLANDA, Sergio Buarque. MONÇÕES. São Paulo, RESTAURAÇÃO, op., cit., pag., 54.
Alfa-Ômega, 1976. Nesta obra o autor evidecia a
x
preferência dos paulistas pelos caminhos em terra, evitando A CIDADE: planejamento, Prefeitura Municipal de São
navegações sobre os rios força a intersecção, gera Luiz do Paraitinga, Assessoria de Planejamento,
encruzilhadas e pousos para as tropas. CERESTA – Centro da Reconstrução Sustentável de São
Luiz do Paraitinga. Disponível em:
iiiVer mapas de: INSTITUTO HISTÓRICO E http://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/site/a-
GEOGRÁFICO DE SÃO PAULO. Daniel Pedro Müller: cidade/planejamento-ceresta/. Acesso em: 19 nov. 2015.
Mappa Chorographico da Província de São Paulo, 1837.
xi
São Paulo/SP. FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Cultura.
Francisco Tosi Columbina: Mappa da Capitania de S. UPPH – Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico,
Paulo e Seu Sertão, séc. XVIII. Rio de Janeiro/RJ. CONDEPHAAT. Memorial Descritivo, Biblioteca de São
ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Carta Luiz do Paraitinga, São Paulo, 2010, pg.10.
Corográfica da Capitania, 1766. São Paulo/SP.

iv
7 Referências Bibliográficas
Caso demonstrado pela historiografia em relação a Casa
de Câmara e Cadeia. SAIA, 2009.
[01] BELLOTTO, Heloísa Liberalli.
v IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico AUTORIDADE E CONFLITO NO BRASIL
Nacional. LISTA DE BENS TOMBADOS. Brasília, s/ COLONIAL: O GOVERNO DE MORGADO
data. Disponível em: DE MATEUS EM SÃO PAULO (1765-1775).
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Lista_ São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura /
Bens_Tombados_pelo_Iphan_%202015.pdf. Acesso em:
10 out. 2015. Conselho Estadual de Artes e Ciências
Humanas, 1979.
viSECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA. UPPH –
Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico, [02] PETRONE, Pasquale. A REGIÃO DE SÃO
CONDEPHAAT. LISTAGEM DOS BENS LUÍS DO PARAÍTINGA - ESTUDO DE
TOMBADOS: Município de São Luiz do Paraitinga.
São Paulo, s/ data,. Disponível em:
GEOGRAFIA HUMANA. São Paulo, Revista
www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.9e39945 Brasileira de Geografia, julho-setembro de 1959,
746bf4ddef71bc345e2308ca0/?vgnextoid=300d6ed1306b0 pg. 74.
210VgnVCM1000002e03c80aRCRD&IdCidade=f9853a61
b54f8210VgnVCM1000002e03c80a____&Busca=Busca. [03] Ibidem, pg. 03.
Acesso em: 10 out. 2015.

viiA figura legal do tombamento no Brasil desde a


[04] Ibidem, pg. 08.
fundação do SPHAN sempre esteve caracterizada pelos
aspectos conservadores decorrentes do [05] Ibidem, pg. 15.
“tombamento”(DECRETO N.0 19.402, DE 14 DE
NOVEMBRO DE 1930. LEI N.0 378, DE 13 DE [06] TRINDADE, Jaelson Bitran. DOSSIÊ SÃO
JANEIRO DE 1937). O CONDEPHAAT no Estado de São
Paulo ancorado na constituição paulista de 1967, não altera
LUIZ DO PARAITINGA. Instituto do
esta abordagem, mas amplia sua ação através da criação da Patrimônio Histórico e artístico nacional
“área envoltória” e proteção imediata antes da conclusão do Superintendência em São Paulo, março de 2010.
Conselho, apenas com aceite do protocolo de solicitação e
a abertura de processo. [07] PETRONE, op. cit., pg. 15.
Anastilose já merecia atenção na “Carta de Atenas” de
viii

1931. [08] Ibidem, pg. 74.

ixA Carta de Veneza de 1964 em seu artigo 10 aponta: [09] Ibidem, pg. 313.
“Sempre que as técnicas tradicionais se revelarem
inadequadas, a consolidação de um monumento pode ser [10] HOLANDA, Sérgio Buarque de.
assegurada com o apoio de todas as técnicas modernas de CAMINHOS E FRONTEIRAS. Rio de Janeiro,
conservação e de construção cuja eficácia tenha sido
comprovada por dados científicos e garantida pela José Olynpio, 1902.
experiência.” Ante Viollet-le-Duc já propunha algo
semelhante para edifícios medievais: “Nas restaurações, há [11] FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho.
uma condição dominante que se deve ter sempre em mente. HOMENS LIVRES NA ORDEM
É a de substituir toda parte retirada somente por materiais
ESCRAVOCATA. Instituto de Estudos
Brasileiros, São Paulo, 1969.
[12] SAIA, Luís. EVOLUÇÃO URBANA DE [24] BELLOTTO, op. cit.
SÃO LUÍZ DE PARAITINGA. São Paulo,
RISCO, Revista de Pesquisa em Arquitetura e [25] BRANDI, Cesare. TEORIA DA
Urbanismo, USP, n10, 2/2009. RESTAURAÇÃO. Cotia, Ateliê Editorial, 2004.

[13] PETRONE, op. cit., pg. 313. [26] BITTENCOURT, Luiz Cláudio. Edifício
onde funcionava a escola da cidade. 07/06/2007.
[14] MAPA COM RECONSTRUÇÃO dos 1 fotografia, color, digital.
traçados da Rua da Ponte em direção a Catuçaba
e Cunha (em azul) e Rua Monsenhor Inácio [27] Idem. Novo edifício da Biblioteca
Gióia (em vermelho). São Luiz do Paraitinga/SP, Municipal: projeto de construção do
2015. 1 mapa, color. S/ escala. Disponível em CONDEPHAAT, 16/10/2015. 1 fotografia, color,
Google Earth. Alterado por Bittencourt, digital.
16/10/2015.
[28] CARBONARA, Giovanni. Avvicinamento
[15] FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. al Restauro. Teoria, Storia, Monumenti. Napoli,
Francisco Tosi Columbina: Mappa da Liguori, 1997, p. 331.
Capitania de S. Paulo e Seu Sertão, séc.
XVIII. Coleção Morgado de Mateus, Rio de [29] FOTO DO EDIFÍCIO onde ficava a escola
Janeiro/RJ. após a enchente. Defesa civil de São Luís do
Paraitinga constrói muros de contenção contra
[16] ARQUIVO DO ESTADO DE SÃO enchentes: depois de retirar maior parte do
PAULO. Carta Chorográfica da Capitania de entulho, prefeitura começa a estudar
São Paulo, 1766. São Paulo/SP. reconstrução. 1 fotografia, color. In: R7
Notícias, São Paulo, Notícias, 08 de fevereiro
[17] MAPA DE RECONSTRUÇÃO do caminho de 2010. Disponível em:
de São Luiz do Paraitinga até Cunha (Facão). http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/defesa-
Estado de São Paulo, 2015. 1 mapa, color. S/ civil-de-sao-luis-do-paraitinga-constroi-muros-
escala. Disponível em Google Earth. Alterado de-contencao-contra-enchentes-20100208.html.
por Bittencourt, 16/10/2015. Acesso em: 19 nov. 2015.

[18] MARX, Murillo. CIDADE NO BRASIL [30] FOTO DO EDIFÍCIO CRUZ, Fernanda.
TERRA DE QUEM?. Nobel/EDUSP, São Paulo, Enchente desabriga 240 pessoas em São Luiz do
1991 Paraitinga. Exame.com, Agência Brasil,
Mundo, São Paulo, 14 jan. 2013. Disponível
[19] PETRONE, op. cit, pg. 73. em:
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/enche
[20] SAIA, op. cit. nte-desabriga-240-pessoas-em-sao-luiz-do-
paraitinga. Acesso em: 19 nov. 2015.
[21] VASCONCELLOS, Sylvio de.
ARQUITETURA NO BRASIL: SISTEMAS [31] BITTENCOURT, Luiz Cláudio. Interior da
CONSTRUTIVOS. Belo Horizonte, UFMG, Sacristia, parece arruinada com sobras de reboco
1979 ao lado da estrutura metálica, tijolos a vista e
demais rebocados e terminado com massa
[22] KÜHL, Beatriz Mugayar. O corrida, 16/10/2015. 1 fotografia, color, digital.
TRATAMENTO DAS SUPERFÍCIES
ARQUITETÔNICAS COMO PROBLEMA [32] Idem. Fachada atual depois da
TEÓRICO DA RESTAURAÇÃO. In: Anais do reconstrução, 16/10/2015. 1 fotografia, color,
Museu Paulista: História e Cultura Material. digital.
Universidade de São Paulo, Museu Paulista. v. 1
(1922) – v. 35 (1987). – São Paulo, 2004, p. 320. [33] Idem. Corredor lateral à nave, as ruínas das
taipas protegida por vidro, em contraste com a
[23] Ibidem, p. 316. parede branca, a escada em estrutura metálica e
piso de madeira e teto de barrotes madeira sem Paulo, 1837. São Paulo/SP
forro, 16/10/2015. 1 fotografia, color, digital.
KÜHL, Beatriz Mugayar. ARQUITETURA DO
[34 Idem. Corredor lateral oposto ao anterior, FERRO E ARQUITETURA FERROVIÁRIA
piso original, taipas protegidas por vidro, EM SÃO PAULO – REFLEXÕES SOBRE SUA
16/10/2015. 1 fotografia, color, digital. PRESERVAÇÃO. São Paulo, Ateliê
Editorial/FAPESP/Secretaria Da Cultura, 1998.
[35] BANHAM, Reyner. TEORIA E PROJETO
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Mappa Chorographico da Província de São

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