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Você sabia?

Que o IPT ajudou no atendimento e reconstrução de São Luiz do Paraitinga


após a enchente?
No fim de 2009 ocorreu uma enchente avassaladora em São Luiz do Paraitinga, cidade histórica
localizada no interior de São Paulo. O índice total de precipitação na região foi de 605 mm,
quando o normal para o mês seria de 150 a 200 mm. Apenas no dia 31 de dezembro o índice foi
de 200 mm – mais do que era esperado para todo o mês. O rio chegou a subir até 12 metros em
certas áreas da cidade
A enchente destruiu inúmeras moradias e edificações históricas construídas em taipa de pilão e
pau a pique.
Equipe do IPT atuou nos mapeamentos em São Luiz do Paraitinga
Atendendo à solicitação da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, por meio do
PATEM - Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios, o IPT prestou auxílio disponibilizando,
entre dezembro de 2009 e junho de 2010, a capacitação multidisciplinar de suas equipes técnicas
compostas por especialistas das áreas de geologia, estruturas, fundações, geotecnia, materiais
de construção e biologia.
A equipe do Laboratório de Riscos Ambientais avaliou as situações de risco relacionadas a
inundações, escorregamentos e solapamentos de margens fluviais, principalmente na área
urbana do município. Fizeram mapeamentos para conhecer os locais de risco e poder chegar
mais rapidamente aos morros e áreas ribeirinhas. Além disso, o mapeamento quantificou os
danos trazidos pela enchente: número de pessoas afetadas; moradias destruídas; estradas, vias
urbanas, pontes e galerias danificadas.
As equipes da Seção de Engenharia de Estrutura, da Seção de Geotecnia, do Lab. de
Preservação de Madeiras e Biodeterioração de Materiais, e do Lab. de Madeira e Produtos
Derivados atuaram na fase emergencial após a enchente, investigando uma amostra de 23
edificações dentre as mais atingidas. O trabalho serviu principalmente para orientar intervenções
emergenciais em cada um dos imóveis avaliados de modo a restabelecer condições mínimas de
segurança e permitir a entrada nos locais afetados.
No escopo das investigações realizadas, as equipes do IPT realizaram a identificação e avaliação
do estado de conservação dos materiais de construção empregados, bem como as condições das
fundações, alvenaria e estruturas de madeira.
Além disso, a população foi orientada a prestar atenção a trincas ou rachaduras na casa ou
terrenos, e também a deslocamentos, escorregamentos ou surgência de água nos morros. Antes
de qualquer intervenção, como reformas, ampliações ou escavações, os moradores deveriam
também procurar orientação técnica.
Ao término dos trabalhos, foram emitidos relatórios indicando as áreas situadas na cidade e
arredores com potencial de risco relacionado a escorregamentos de encostas. Os relatórios
também identificaram as condições de estabilidade estrutural das moradias investigadas, com
indicação, em alguns casos, das soluções de engenharia. Além disso, foram apresentadas para o
CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
do Estado), órgão responsável pelo tombamento dos imóveis da cidade, diretrizes para a
reconstrução das edificações afetadas pela inundação.
São Luís do Paraitinga (SP)
O centro histórico de São Luís do Paraitinga - no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo - com
arquitetura em estilo colonial, preserva características da época dos barões do café. O
tombamento realizado pelo Iphan, em 2012, inclui os casarões, capelas, praças, coretos e fontes,
ladeiras, ruas e largos - marcos de preservação urbana que trazem relevantes referências
espaciais da cidade e caracterizam as fases de sua expansão urbana. O dossiê de tombamento
finalizado pelo Iphan, em 2009, foi atualizado após a enchente que ocorreu em janeiro de 2012 e
danificou grande parte da cidade.
A delimitação da área do conjunto urbano tombado abrange mais de 450 imóveis e a preservação
visual do entorno. Esse entorno compreende o “mar de morros” que envolve a cidade, formando
uma moldura verde que valoriza o conjunto arquitetônico. A área total de preservação visual
ultrapassa os seis milhões de metros quadrados. Os marcos urbanísticos e arquitetônicos
descritos no perímetro da área urbana, têm como objetivo, prioritariamente, a proteção pública e
abrange o rio Paraitinga, ruas e áreas seriamente afetadas pela enchente.
Em São Luís do Paraitinga, destacam-se as características arquitetônicas e o traçado urbano
singular dos períodos colonial e imperial. O conjunto tombado foi classificado em dois setores:
centro histórico I (171 grandes sobrados de uso residencial em sua maioria, predominantemente
do século XIX, com tipologias do império) e o centro histórico II (constituído por 262 casas de um
ou dois pavimentos, de uso residencial e pequeno comércio). A importância do município histórico
de pouco mais de 10 mil habitantes deve-se, também, à sua paisagem natural.
Os tropeiros que partiam de Taubaté e desciam a encostas da Serra do Mar em direção ao Porto
de Paraty, costumavam parar às margens do rio Paraitinga, onde - desde os tempos dos
bandeirantes - havia um porto avançado. Localizada no topo da Serra do Mar, a freguesia de São
Luís do Paraitinga foi criada em 1769, pelo governador da Capitania de São Paulo, Luís Antonio
Botelho de Souza Mourão, para o controle de uma região por onde se burlava a proibição de
acesso ao planalto e ao litoral pela estrada Cunha‐Parati.
Condicionada pela paisagem natural, São Luís do Paraitinga foi implantada junto ao rio
Paraitinga, em uma bacia, circundado pelo mar de morros. Desenvolveu-se com os sítios rurais
voltados para as estradas e seus viajantes, indicando a cidade como um lugar de passagem. Pelo
rio Paraitinga (parahy-tinga - águas claras, em tupi-guarani) passavam o café e o ouro mineiro
que saía da região. O povoado foi elevado à condição de vila, em 1773, e à cidade, em 1857.
No século XIX, a economia cafeeira promoveu o desenvolvimento regional e a cidade participou
desse período de abastança, que levou os proprietários rurais à expansão de suas riquezas. A
região também produzia feijão, cana, milho e mandioca, além do gado leiteiro - o que valeu à
cidade o título de “Celeiro do Vale” -, enquanto o restante do Estado priorizava a cultura do café.
Como resultado desse período produtivo, iniciaram-se as obras públicas, o calçamento das ruas
com pedras, o loteamento urbano e a ornamentação dos casarões dos senhores rurais.
A marca da cidade é o conjunto religioso e as residências urbanas. Os sobrados e casas grandes
presentes no núcleo histórico são o resultado da riqueza do café que promoveu um período de
grande produção arquitetônica na cidade, resultando em uma expressiva arquitetura urbana. Há,
ainda, um terceiro tipo de edificação - as casas térreas - caracterizado por ser um modelo mais
simples, popular, posterior à riqueza do café.
Monumentos e espaços públicos tombados: Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja Matriz de
São Luiz de Tolosa, Capela de Nossa Senhora das Mercês, Grupo Escolar, Hospital da Santa
Casa de Misericórdia, Casa natal de Oswaldo Cruz, antiga Cadeia e Fórum, e o Mercado Público;
as ruas Coronel Manoel Bento, Coronel Domingues de Castro, Dr. Oswaldo Cruz, Monsenhor
Ignácio Gióia, do Carvalho; os largos da Igreja de Nossa Senhora das Mercês e da Igreja do
Rosário; e a Praça da Matriz.
Obras do PAC Cidades Históricas
Requalificação urbanística:
Centro histórico - 2ª fase (ruas Monsenhor Ignácio Gióia, Cel. Domingues de Castro e Cônego
Costa Bueno)
Margem do rio Paraitinga (trecho da Rua do Carvalho - Rua da Música)
Requalificação:
Encosta do trecho da Rua do Carvalho
Implantação do paisagismo:
Bosque Oswaldo Cruz - 2ª fase
Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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