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SALVADOR-BA
06/2021
ENILDA ALVES DE JESUS SANTOS
Trabalho apresentado
no curso de Arquitetura
e Urbanismo do Centro
Universitário Jorge
Amado - Unijorge
Professor/orientador:
Piero C. L. Baptista
SALVADOR-BA
06/2021
MUSEU DO AMANHÃ
❖ O museu
❖ Entorno
❖ Idealização
Localizado no Pier Mauá, desativado há algum tempo, o Museu integra o Porto Maravilha,
programa de revitalização da zona portuária e ajuda na integração entre essa zona e o centro
da cidade, valorizando o bairro e tornando-o mais conhecido. Com uma área de 15 mil metros
quadrados, rodeado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e área de lazer, dentre esses foi
implantada a praça Mauá em frente ao museu com o intuito de criar um espaço urbano e
também trazer harmonia com o edifício.
O projeto, inspirado nas bromélias do Jardim Botânico, tem a intenção de integrar-se à
paisagem e manter a vista para o Mosteiro de São Bento. Vizinhos ao museu, estão edifícios
como o MAR - Museu de Arte do Rio e A Noite, primeiro arranha-céu da América Latina e
sede da Rádio Nacional. Seu paisagismo foi realizado pelo escritório paisagístico Burle Marx.
Foram utilizadas espécies nativas e de restinga a fim de tornar mais visíveis e adaptáveis os
aspectos ambientais do lugar em 5.500 metros quadrados de área plantada.
❖ Organização interna
Inspirado na cultura do Rio, sua intenção é explorar a relação entre a cidade e o meio
ambiente natural. Definido como um museu de ciência diferente, conta com exposições
permanentes e temporárias. A exposição permanente está alojada no pavimento superior,
possui um pé direito de 10 metros de altura. A altura total do edifício é limitada a 18 metros,
não incidindo na vista para o Mosteiro.
O nível inferior é constituído por salas funcionais e técnicas, com escritórios administrativos
do museu, instalações educacionais, espaço de pesquisa, auditório, loja do museu, um
restaurante, lobby, arquivos, armazenamento e uma área de entrega.
❖ Sustentabilidade
O museu incorpora energia natural e fontes de luz. A água regula a temperatura interior do
edifício, que utiliza painéis solares ajustáveis ao ângulo dos raios do sol, gerando energia
solar para seu interior. Há um espelho d’água ao redor do edifício, do lado externo, usado para
filtrar a água que bombeada a partir da Baía de Guanabara e liberada de volta a partir do final
do pier, causando a impressão externa de um museu flutuante e contribuindo para o
resfriamento em seu interior.
A ideia é que a arquitetura e as diretrizes de sustentabilidade do edifício sejam integradas ao
Museu do Amanhã. Sua temática incentiva a abordagem de assuntos como energia solar,
novas formas de arquitetura moderna, relação com a paisagem da cidade e recuperação da
Baía de Guanabara. Baseia-se na resposta de cinco questionamentos comuns ao ser humano:
➔ De onde viemos?
➔ Quem somos?
➔ Onde estamos?
➔ Para onde vamos?
➔ Como queremos viver juntos durante os próximos cinquenta anos?
❖ Arquiteto responsável
Arquitetado por Santiago Calatrava, premiado arquiteto espanhol contemporâneo. Famoso por
suas obras futuristas inspiradas em elementos da natureza, Calatrava afirma que o edifício é o
“resultado de um diálogo muito consistente para que o edifício se alie à intenção de ser um
museu para o futuro, como uma unidade educativa”.
❖ Alguns dados
Para a arquitetura da edificação foram usadas fôrmas específicas, encomendadas sob medida.
Cada uma possui desenho próprio e com recortes para a instalação de luminárias e formatos
individuais. Possui dois balanços de cobertura metálica. Um em direção a praça medindo 70m
de comprimento e outro sobre o espelho d'água medindo 65m, ancorados em apenas dois
pontos fixos e todos os demais apoios são móveis. Para execução dos balanços foram
utilizados elementos mecânicos e o aço como material específico.
Sua estrutura passou por testes no laboratório de vento do IPT - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo, foram 300 toneladas de pressão.
Em cada cabeceira instalou-se uma fábrica para montar as peças e compor os módulos. Um
pórtico corria de uma ponta a outra realizando a distribuição dos módulos montados e assim
que posicionados, realizavam-se as soldagens de composição.
O projeto possui peças únicas e desenvolvidas para determinada posição da montagem, os
tipos adotados foram os banzos, painéis de chapa e aletas.
Na cobertura há 5.492 unidades de painéis solares voltaicos divididos em 24 módulos que
produzem 247,9 MWh/ano, esses módulos ficam sobre as 1.380 aletas, que têm de 2m a 24m
de comprimento. Sobre essa estrutura há 48 conjuntos móveis no formato de asas metálicas
onde foram instaladas as placas fotovoltaicas que movimentam-se durante o dia conforme o
movimento do sol com a intenção de aproveitar ao máximo a luz solar. A estrutura metálica
foi pintada de branco para permitir menor absorção do calor.
❖ Visão internacional
❖ O Elevado da Perimetral
O Elevado da Perimetral foi um viaduto que cortava a região portuária do Rio de Janeiro. Seu
primeiro esboço data do ano de 1946. Procedente do antigo Departamento de Urbanismo da
prefeitura do Rio, sua ideia inicial não incluía nenhum tipo de elevação.
Em 1955 uma segunda opção começou a ser concebida. Esse desenho trazia trechos de
elevação, fazendo a via expressa seguir abaixo do Mosteiro de São Bento e elevar-se por cima
da Av. Rodrigues Alves.
❖ Construção
A obra na realidade foi feita em etapas, utilizando um tempo total de 25 anos para que
finalmente fosse concluído. O primeiro trecho foi inaugurado em 1960, interligando as
avenidas General Justo e Presidente Vargas. Depois disso, o projeto ficou parado por oito
anos, sendo retomado em 1968 e estendido até a Rodrigues Alves. Segundo Emílio Ibrahim,
secretário de Obras que entregou o segundo trecho do viaduto, ‘os militares não autorizaram a
passagem de um túnel tão próximo ao arsenal da Marinha’, mas sim a construção do elevado,
exigindo grades de proteção para impedir a queda de objetos na área. Devido a essas
limitações foi preciso realizar mudanças no projeto original, exigindo mais tempo que o
planejado.
❖ Funcionalidade
O Elevado tornou-se a via mais importante da cidade. Além do acesso ao Aeroporto Santos
Dumont e à Ponte Rio-Niterói, interligava a linha Vermelha, linha Amarela, a Rodovia
Washington Luís, a Via Dutra, a estrada Rio-São Paulo e a Rodovia Rio-Santos, também
mantendo ligação direta com a Baixada Fluminense, zonas Norte, Sul, Oeste e o Centro.
Porém, com o tempo, o que era solução para o trânsito, tornou-se fonte de problemas. As
críticas ficavam em torno do engarrafamento produzido pela inclusão de duas vias de acesso -
uma em direção Norte e outra no sentido Sul, com distância de menos de 500 metros do final
da via, causando um efeito de afunilamento, tornando o trânsito apertado.
Outra crítica se dava no sentido estético, pois segundo diversas opiniões, a construção
bloqueava a vista da cidade, escondia a região da Igreja e Mosteiro de São Bento, impactava
na conservação do Centro Histórico do Rio, além do fato de possuir pouca iluminação na área
abaixo, contribuindo para o aumento da insegurança e violência, tornando um espaço
perigoso para a circulação de pessoas, inclusive moradores da região.
❖ Demolição
O elevado foi reconhecido como grande feito da engenharia nacional, símbolo da indústria
automobilística e da ideia de velocidade, grandes características do Governo Juscelino
Kubitschek (1956-1961) e da Ditadura Militar (1964-1985). Mas ainda assim, a partir dos
pontos negativos passou-se a idealizar sua demolição entre 1990 e 2000. A ideia foi debatida
frequentemente, até que em 2010, parcerias possibilitaram a execução a partir do projeto de
revitalização da Zona Portuária. A ideia era demolir em 2011, porém sua implosão foi
realizada por partes - a primeira em 2013 e a segunda em 2014.
❖ Antes do viaduto
Antes do viaduto destacava-se na região o Centro Histórico do Rio de Janeiro, onde havia o
Mercado Central da Praça Quinze (inauguração em 1907), que por um longo período foi o
maior centro de abastecimento de pescados e hortifruti da cidade, encontrava-se também o
Hotel Pharoux, considerado um dos primeiros grandes hotéis do Brasil. Como parte do
mercado restou somente um quiosque no qual se manteve o restaurante Albamar que depois
recebeu o nome de Ancoramar.
PONTOS A SEREM ANALISADOS
❖ Perda Histórica
O Pier Mauá integrou uma área histórica. Lugar onde desembarcaram antigos navios
negreiros e após passou a ser um dos principais centros comerciais pesqueiro e de frutas e
verduras. Esse conteúdo histórico infelizmente foi suplantado pela construção do Elevado da
Perimetral. Pensado do ponto de vista do pioneirismo, constante busca dos governantes
brasileiros, o viaduto fala mais da vaidade de determinada época que da sua finalidade. O
elevado tornou-se uma resposta provisória ao propósito que seria realizar a ligação entre as
principais áreas do Rio e o Aeroporto Santos Dumont. Essa “solução” ocasionou a resolução
de demolir grande parte da Zona Portuária. A partir disso começa a desvalorização da história
da região e consequentemente do país. Com o tempo, o elevado torna-se um problema e mais
uma vez a decisão final é uma demolição, enterrando mais alguns anos da história carioca. A
solução “provisória” dessa vez tem muito mais a ver com as Olimpíadas do Rio, ocorridas em
2016. Muitas construções desse período estão sem utilidade nos dias atuais.
❖ Elevado e Museu
❖ Custos
A obra do museu foi financiada por empresas de propriedade privada, porém é necessário
saber que a obra do antigo elevado, avaliada em bilhões no ato de sua construção, que além de
levar mais de duas décadas para ser acabada ainda foi paga com dinheiro público, e sua
derrubada, avaliada em milhões (sem contar as vigas de ferro que sumiram de um terreno da
prefeitura), evidenciam a retirada de um patrimônio pertencente à cidade, na primeira gestão
do prefeito Eduardo Paes (2013-2017).
Ainda considerando valores, segundo dados de O Globo, o Museu do Amanhã teve um custo
de R$215 milhões de reais, isso teria custado R$14.333 por metro quadrado. As obras
arquitetônicas de Santiago Calatrava são espetaculares aos olhos, no entanto, estipula-se que o
arquiteto tenha o hábito de aumentar os valores cobrados após a aprovação de um projeto,
além disso, por vezes os projetos finalizados apresentam defeitos e a necessidade de
manutenção devido aos materiais utilizados, o que acaba gerando gastos futuros.
❖ Benefícios
A iniciativa privada não costuma “beneficiar”, mas sim trabalhar com o objetivo de um
retorno que na maioria das vezes volta-se ao financeiro. Considerando a extrema desigualdade
no Brasil, tal que muitas famílias passam por dificuldades ao ponto de não conseguirem se
alimentar com as três refeições básicas diárias, é de se pensar que todo esse “investimento”
seria beneficente se aplicado em saúde, educação, saneamento, alcance de áreas mais
carentes, ou quaisquer outros projetos que atendessem as necessidades da população.
O museu conta com poucos pontos de apoio ao social, dentre esses, a possibilidade de entrada
gratuita aos moradores do entorno, o que de forma alguma ameniza os transtornos causados, a
história perdida e todo o dinheiro mal aplicado.
Além de todos esses pontos apresentados, os próprios moradores não tem sua história
contada. Como acontece em diversas regiões do país, as comunidades do Rio são compostas
prioritariamente por pessoas negras, no entanto o museu volta-se para a ciência explicada para
pessoas brancas e de maior poder aquisitivo.
❖ Panorama
❖ Vista Lateral
Referência:
❖ Vista Frontal
Referência:
❖ Vista Superior
Referência:
Imagens:
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FONTES
Museu do Amanhã;
Museu do Amanhã / Santiago Calatrava – Lopes Dias Arquitetura;
A arquitetura de Santiago Calatrava
Projeto de Santiago Calatrava, Museu do Amanhã é inaugurado no Rio de Janeiro;
Circuito Praça Mauá: Museu de Arte do Rio e Museu do Amanhã;
Museu do amanhã - Instituto de Engenharia
Museu do Amanhã de Santiago Calatrava é eleito o melhor destino cultural da América do
Sul;
https://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2015/12/21/obrigatório-museu-do-amanhã-torna
-visíveis-problemas-do-brasil-de-hoje/;
'Antes e depois': as transformações no Rio para os Jogos 2016;
Elevado da Perimetral
https://diariodorio/historia-do-elevado-da-perimetral
Uma Crítica ao (Nem Sequer Lançado) Museu do Amanhã
https://diariodorio.com/historia-do-elevado-da-perimetral/
Sobre a demolição do Elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro
Museu do Amanhã custou o dobro de Cidade da Música e ninguém falou nada