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Eliza R. Acosta
Erdisson A. G. Acosta
Gilda R. Acosta
Thiago Vieira
Rio Grande - RS
2017
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus por ter nos dado saúde e inteligência para superarmos os
obstáculos e conseguir chegar aonde chegamos, com coragem e determinação para lutar pelos
nossos ideais.
À Escola Lemos Júnior por nos proporcionar um excelente ambiente de estudos,
assim como a oportunidade concedida para realização do Técnico em Meio Ambiente.
Ao supervisor Marcelo Cousin, pela confiança em nós depositada, e por todo
auxílio e aprendizado.
Aos professores, por toda paciência e humildade ao nos ensinar e passar
conhecimentos extremamente essenciais para concretização do Técnico contribuindo para
nossa formação profissional.
Aos entrevistados Ronaldo (faroleiro), Henrique (administrador) e Alexandre
(área de comunicação náutica e meteorologista) atuantes no Farol da Barra do Chuí.
Por fim, a todas as pessoas que nos cercam que sempre nos apoiaram e nos
auxiliaram de alguma maneira para que nós nunca desistíssemos dos nossos objetivos, por
maiores que fossem as dificuldades e contribuíram para a realização deste trabalho.
2
RESUMO
O homem primitivo viu na navegação uma maneira de sobreviver: através da pesca, sustento e
alimentação; e através do transporte náutico ele se lançou ao mar em busca de novas
conquistas tanto territorial quanto econômica. No século XVI em Portugal, na cidade de
Sagres, foi fundada por D. Henrique, o Navegador, uma escola de navegação com o objetivo
de preparar e ensinar as técnicas aos navegadores, além de aperfeiçoar os conhecimentos de
navegação. Com o progresso das técnicas de navegação foi necessário o desenvolvimento de
instrumentos de sinalizações náuticas, como os faróis, que auxiliam a navegação. Ao circular
pelas cidades do interior do país, observa-se, com frequência, a degradação de inúmeros
imóveis seculares, de valor artístico e cultural, de propriedade particular ou pública, que
lamentavelmente dão lugar a outras edificações, ou simplesmente caem em total abandono e
acabam se deteriorando. Neste contexto, o patrimônio cultural do Sul do Rio Grande do Sul,
registrado através dos faróis e de grande importância para a navegação deve m ser
preservados. O presente trabalho buscou registrar o estado de conservação destes “velhos
gigantes do mar”, através de expedições aos faróis observando estado de conservação e
funcionamento, registros fotográficos, entrevista com um faroleiro e pesquisas sobre os faróis
a partir de fontes como internet e livros. Os faróis foram construídos com o objetivo de vencer
a fúria das ondas e dos ventos, porém enfrentam agora seus piores inimigos: o vandalismo, o
abandono, a ferrugem e a solidão. São de grande importância ações que gerem a
conscientização, pois o conhecimento da história e da importância dos faróis lhes garantirá a
sobrevivência, e também a nossa, já que os faróis foram criados para salvar vidas informando
os perigos do percurso. A preservação é importante principalmente para quem se arrisca na
navegação por estas águas, preservando a vida e o patrimônio que quem muitas vezes depende
do mar para sobreviver.
3
ABSTRACT
Primitive man saw in navigation a way to survive: through fishing, sustenance and food; And
through nautical transport he threw himself into the sea in search of new territorial and
economic achievements. In the 16th century in Portugal, in the city of Sagres, a navigational
school was founded by D. Henrique, the Navigator, with the aim of preparing and teaching
techniques to navigators, as well as improving navigational knowledge. With the progress of
navigation techniques, it was necessary to develop nautical signaling instruments, such as
headlamps, which aid navigation. As we move through the cities of the interior of the country,
we often see the degradation of innumerable secular buildings, of artistic and cultural value,
of private or public property, which unfortunately give way to other buildings, or simply fall
into complete abandonment and End up deteriorating. In this context, the cultural heritage of
the South of Rio Grande do Sul, recorded through the lighthouses and of great importance for
navigation should be preserved. The present work sought to record the state of conservation of
these "old sea giants" through expeditions to the lighthouses observing state of conservation
and functioning, photographic records, interview with a lighthouse keeper and researches on
lighthouses from sources such as the internet and books. The headlights were built to
overcome the fury of waves and winds, but now face their worst enemies: vandalism,
abandonment, rust and loneliness. Actions that generate awareness are of great importance,
since knowledge of the history and importance of the headlights will guarantee their survival,
as well as ours, since the headlights were created to save lives by informing the dangers of the
course. Preservation is important especially for those who risk navigating these waters,
preserving life and heritage, who often depend on the sea to survive.
4
Lista de Figuras
5
Figura 32 – Farol da Barra do Chuí, 1934
Figura 33 – Farol da Barra do Chuí
Figura 34 – (a) Farol do Albardão em 1909, (b) Foto recente do Farol do Albardão
Figura 35 – Farol do Verga
Figura 36 – Farol Sarita
Figura 37 – Farol da Barra de Rio Grande
Figura 38 – Molhe da Barra de Rio Grande
Figura 39 – Molhes Leste e Oeste
Figura 40 – Farol da Barra em São José do Norte
Figura 41 – Farol do Estreito
Figura 42– Farol Conceição intacto e após seu desmoronamento
Figura 43- Farol Conceição atual
Figura 44 - Farol Capão da Marca de Fora
Figura 45 – Farol de Mostardas
Figura 46 – Farol de Solidão
Figura 47 - Farol Berta
Figura 48 - Farol de Cidreira
Figura 49 – Antigo Farol de Tramandaí
Figura 50- Atual Farol de Tramandaí
Figura 51– Diversos ângulos do Farol de Capão da Canoa
Figura 52 – Farol de Arroio do Sal
Figura 53 – Farol de Torres, em 1912
Figura 54 – Farol de Torres, em 1928
Figura 55 – Farol de Torres, em 1952
Figura 56 – Atual Farol de Torres
Figura 57 – Mapa dos Faróis da Lagoa dos Patos
Figura 58- Destroços do Farol Fronteira Aberta
Figura 59 – Farol da Ponta Alegre
Figura 60 – Farol de Itapuã
Figura 61 – Farol Cristóvão Pereira
Figura 62 – Farol Cristóvão Pereira
Figura 63 - Farol Cristóvão Pereira, 2016
Figura 64 – Farol Cristóvão Pereira
6
Figura 65 – Visão aérea do Farol Cristóvão Pereira
Figura 66 – Farol da Marca
Figura 67 - Farol de Bujuru
Figura 68 – O Farol e os Molhes de Mampituba
Figura 69 – Trabalho de faroleiro
Figura 70 – Faroleiros, em 1900
Figura 71 – Imagem incrível registrada do Farol de La Jument
7
Lista de tabelas
Listas de símbolos
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12
2 PROBLEMA.......................................................................................................................... 13
3 HIPÓTESE ............................................................................................................................ 13
4 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 13
4.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 13
4.2 Objetivo Específico......................................................................................................... 14
5 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 14
6 HISTÓRICO DA NAVEGAÇÃO ......................................................................................... 14
7 HISTÓRIA NAVAL BRASILEIRA ..................................................................................... 17
7.1 Sinalização Náutica......................................................................................................... 17
8 OS FARÓIS DO IMPÉRIO ................................................................................................... 19
9 FARÓIS ................................................................................................................................. 22
9.1 Função dos faróis ............................................................................................................ 24
9.2 Composição de um farol ................................................................................................. 26
9.3 Como funcionam os faróis .............................................................................................. 27
9.4 Tecnologia dos faróis ...................................................................................................... 31
9.5 Classificação dos faróis................................................................................................... 35
9.5.1 Como identificar e diferenciar um farol ................................................................... 37
9.5.2 Auxílios eletrônicos à navegação ............................................................................. 38
9.6 Fornecedores de equipamentos para faróis ..................................................................... 39
10 FARÓIS BRASILEIROS .................................................................................................... 41
11 FARÓIS DO SUL DO BRASIL .......................................................................................... 43
11.1 Faróis Descritos Na Direção Sul-Norte: ....................................................................... 45
11.1.1 Farol da Barra do Chuí, na fronteira entre Chuí - Brasil e Chuí –Uruguai ............ 45
11.1.2 Farol do Albardão ................................................................................................... 47
11.1.3 Farol do Verga ........................................................................................................ 48
11.1.4 Farol Sarita ............................................................................................................. 49
11.1.5 Farol dos Molhes da Barra de Rio Grande ............................................................. 50
11.1.6 Farolete do Molhe Leste ......................................................................................... 52
11.1.7 Farol da Barra, no município de São José do Norte ............................................... 53
11.1.8 Farol Estreito .......................................................................................................... 54
9
11.1.9 Farol Conceição ...................................................................................................... 55
11.1.10 Farol Capão da Marca de Fora ............................................................................. 56
11.1.11 Farol de Mostardas ............................................................................................... 57
11.1.12 Farol Solidão ........................................................................................................ 58
11.1.13 Farol Berta ............................................................................................................ 59
11.1.14 Farol de cidreira.................................................................................................... 59
11.1.15 Farol de Tramandaí............................................................................................... 60
11.1.16 Farol de Capão da Canoa...................................................................................... 61
11.1.17 Farol de Arroio do Sal .......................................................................................... 62
11.1.18 Farol de Torres ..................................................................................................... 63
11.2 Faróis situados as margens da lagoa dos patos no sentido sul- norte ............................ 66
11.2.1 Farol Fronteira Aberta ............................................................................................ 67
11.2.2 Farol da Ponta Alegre ............................................................................................. 67
11.2.3 Farol de Itapuã ........................................................................................................ 68
11.2.4 Farolete CS Álvaro Alberto .................................................................................... 69
11.2.5 Farol Cristóvão Pereira ........................................................................................... 70
11.2.6 Farol de Capão da Marca, em Tavares ................................................................... 72
11.2.7 Farol do Bujuru....................................................................................................... 73
11.2.8 Faroletes das Lagoas............................................................................................... 74
11.2.9 Farol do Molhe Sul de Mampituba - Torres, Brasil ............................................... 76
12 TRABALHO DE FAROLEIRO .......................................................................................... 76
12.1 Atribuições ao faroleiro ................................................................................................ 78
12.2 Competências do faroleiro encarregado do farol .......................................................... 79
12.3 Rotina diária de um faroleiro ........................................................................................ 80
12.4 Tecnologias faroleiras ................................................................................................... 81
12.5 Homenagem ao Faroleiro.............................................................................................. 81
13 ENTREVISTA COM UM FAROLEIRO ............................................................................ 82
14 CURIOSIDADE: A FOTO DE FAROL MAIS FAMOSA DO MUNDO .......................... 87
15 METODOLOGIA ................................................................................................................ 88
16 CRONOGRAMA ................................................................................................................ 89
17 ORÇAMENTO .................................................................................................................... 90
18 RECURSOS......................................................................................................................... 91
19 ANÁLISES E RESULTADOS............................................................................................ 91
10
20 CONCLUSÃO: PRESERVAÇÃO ...................................................................................... 92
21 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 94
ANEXO .................................................................................................................................. 103
11
1 INTRODUÇÃO
12
Porém, ao enfrentar os oceanos era preciso conhecimento e sabedoria, já que a
navegação foi resultado de progressos anteriores na construção naval, cartografia, astronomia,
matemática, instrumentos náuticos e, além disso, foi necessária a formação de uma
mentalidade inovadora, voltada para o conhecimento, experiência e técnica e ciência, em
busca de horizontes econômicos e culturais. Com o aperfeiçoamento das técnicas de
navegação foi necessário o desenvolvimento de instrumentos de sinalizações náuticas, como
os faróis, que auxiliam a navegação (MARTINS, 2015).
2 PROBLEMA
3 HIPÓTESE
4 OBJETIVOS
5 JUSTIFICATIVA
6 HISTÓRICO DA NAVEGAÇÃO
14
produtos comerciais. Nos primórdios, navegava-se em pequenas embarcações em rios e baías,
procurando sempre águas calmas, seguras e à vista de terra, mas com a ampliação das
estruturas náuticas o homem passou a se aventurar em viagens cada vez mais longas, mas
sempre tendo a costa como orientação (UNIÃO DOS ESCOTEROS DO BRASIL, 2007).
No decorrer dos séculos VIII e XI, os Normandos e os Vikings assumiram o posto
de grandes navegadores com seus Drakens, representado na figura 1. O aumento do tamanho
das embarcações, a invenção de uma série de instrumentos de auxílio náutico e o
conhecimento adquirido na Escola de Sagres, tiveram papel importante nas Grandes
Navegações dos séculos XV e XVI. Desse modo, o homem passou a conquistar inúmeros
territórios até então somente habitados por índios e nativos, como a América, descoberta por
Cristóvão Colombo em 1492; a abertura dos caminhos para as Índias, por Vasco da Gama, em
1498; o descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, e a primeira viagem de
circum- navegação (viagem marítima em torno de um lugar, que pode ser uma ilha, um
continente ou ao redor da Terra) realizada por Fernão de Magalhães em 1504 (UNIÃO DOS
ESCOTEROS DO BRASIL, 2007). A figura 2 representa os desbravadores Portugueses se
lançando ao mar.
15
Figura 2 – Portugueses se lançam ao mar para desbravar novos horizontes
Fonte: MARTINS, 2015.
Disponível em: <http://escola-nautica-carioca.blogspot.com.br/>. Acesso dez. 2016.
A História Colonial Brasileira foi marcada por diversos conflitos, que originaram
altos gastos a Coroa Portuguesa, neste contexto foi uma elaborada uma estratégia eficiente
para estabelecer um território com regras estipuladas pela autoridade da colônia. Essa
estratégia foi desenvolvida pelos portugueses e resumi-se em três pilares: defender, repovoar e
conhecer o território (BAEZ, 2001).
A defesa incluía estratégias militares, sendo que uma das iniciativas foi à
construção de fortes e fortalezas; o repovoamento com descendência portuguesa marcou a
concretização no processo de colonização e o conhecimento do território esta relacionado com
a cartografia descrita em relatos, cartas e descrições de viagens. Esses elementos: fortificar,
repovoar e conhecer o território, são fatores importantes na construção e inauguração dos
faróis, assim como a instalação das identidades urbanas que podem ser observadas como
consequências destas estratégias (BAEZ, 2001).
As fortificações construídas à beira- mar, no primeiro século da colonização
brasileira, podem ser avistadas nos litorais, principalmente no litoral nordeste, onde os
portugueses se instalaram na chegada ao Brasil. Ao redor destas fortalezas estabeleceram-se
os espaços urbanos protegidos dos ataques inimigos. Além de conferir proteção os fortes são
obras arquitetônicas e fazem parte do patrimônio cultural, já os faróis são construções
símbolos da delimitação das fronteiras marítimas, pois desempenham papéis relevantes na
orientação marítima e proteção do marinheiro (BAEZ, 2001).
17
contribui para a Segurança da Navegação na área de Jurisdição do Comando do 5º Distrito
Naval sobre Responsabilidade da Marinha do Brasil (MARINHA DO BRASIL).
Os “faróis guarnecidos” que dispõem de profissionais para seu contínuo
funcionamento são indicados nas cartas náuticas brasileiras pelo símbolo “(G)”. Já, os faróis
que não dispõem desses profissionais em suas instalações são indicados nas cartas náuticas
brasileiras pelo símbolo “(SG)” após sua nomenclatura. Embora, no Brasil, tal notação esteja
em desuso, ainda é encontrada em alguns registros de cartas náuticas brasileiras (SILVA,
2014). A seguir segue a tabela 1, referente aos faróis da costa sul brasileira onde pode ser
observada sua classificação como: “faróis guarnecidos” e “faróis não guarnecidos”.
19
primeira sede da Coroa Portuguesa. Segundo o Registro da Abertura dos Portos, datado de 29
de Janeiro de 1808, D. João abriu os portos para a navegação das nações amigas,
intensificando as atividades de navegação, portanto, após a instalação da Família Real no Rio
de Janeiro, o ritmo de construção dos faróis foi intensificado, e uma série de campanários foi
“fincada” pela linha da costa, sobretudo nos estados onde a circulação comercial era mais
intensa (BAEZ, 2001).
20
Figura 5 – Representação do Navio Galeão Português Sacramento de 1668.
Fonte: ALERNAVIOS, 2009.
Disponível em: <http://alernavios.blogspot.com.br/2009/07/santa-luzia.html>. Acesso jan. de
2017.
21
desenvolvimento durante o Império, e segue sofrendo expansão durante os primeiros anos do
século XX e a Primeira República (BAEZ, 2001).
Tais monumentos passam a sinalizar para as embarcações tanto a chegada a terra
quanto à presença do Estado brasileiro nas regiões mais distantes, consolidando o território,
ou seja, a construção dos faróis do Império e da República são ações políticas de ocupação
territorial da Colônia baseada em “Repovoar, Cartografar e Fortificar” (BAEZ, 2001).
9 FARÓIS
Os faróis são tão antigos quanto à arte de navegar. Eles têm a função de orientar
os navegantes, para indicar a entrada de portos ou a presença de recifes, bancos de areia e
outras áreas perigosas. Em meados do século VIII a.C., antes do surgimento dos faróis, havia-
se o hábito de acender fogueiras para indicar os pontos críticos do litoral, ao longo das rotas
navegáveis. Registros que datam de 280 a.C indicam que o primeiro farol ficava localizado no
porto de Alexandria, no Egito, conforme visto na figura 6. Este farol foi erguido na ilha de
Pharos (origem do nome Farol), ele foi construído durante o reinado do Faraó Ptolomeu II
(283 - 246 a.C), e foi destruído durante um terremoto no século XIV. O farol possuía a
iluminação produzida no topo, por uma fogueira e devido a um co njunto de espelhos
refletivos, era possível vê- lo a uma distância de 40 km, além disso, possuía uma base de
aproximadamente 30 m2 e tinha 120 m de altura, era então o maior farol já construído, porém
atualmente a cidade de Jeddah, na Arábia Saudita, detém o mais alto farol do mundo, com 133
m de altura (SALA DE FÍSICA, 2015).
Vários faróis datados do período medieval estão em atividade até hoje. O farol
Hook Head, na Irlanda, funciona desde 1172, e está representado na figura 7. Em La Coruña,
na Espanha, fica localizado o farol mais antigo do mundo, ainda em funcionamento - o
edifício original foi erguido pelos romanos (os maiores construtores de “Pharos” da
antiguidade), provavelmente entre os séculos I ou II d.C., observado na figura 8
(VENTURELLA, 2005). Este farol é conhecido como a Torre de Hércules e foi tombado
como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) (GOMES, 2007).
22
Figura 6 – Farol no porto de Alexandria
Fonte: FREITAS, 2014.
Disponível em: <http://www.arabeegipcio.com/2014/12/o-grande-farol-de-alexandria-
uma-das-7.html>. Acesso em fev. 2017.
24
costa ou em ilhas oceânicas, bancos, rochedos, recifes ou margens de rios cuja função é servir
de referência aos marinheiros, observado na figura 9 (SILVA, 2014).
Em meados do século XX, ocorreu à automatização dos faróis, antes disso eles
utilizavam sistemas complexos e contavam com profissionais treinados, os faroleiros, para
manutenção. Eles eram responsáveis pela iluminação 24 horas por dia e por garantir o
contínuo funcionamento dos mesmos. Além do farol, era preciso ter instalações com uma
estação completa de iluminação que incluía sinais de nevoeiro, garagem para barcos,
acomodações para o faroleiro e seus familiares e um casa separada para isolar os agentes
inflamáveis que impulsionavam as lâmpadas (SANTOS et. al., 2012).
Por possuírem características e serem utilizados para o mesmo fim, os faróis são
reconhecidos internacionalmente como construções arquitetônicas, que fazem parte da cultura
das tradições náuticas, compondo um conjunto de instrumentos fundamentais no auxílio a
navegação e posicionamento dos marujos e marinheiros durante as viagens náuticas. A função
dos faróis tem um significado cultural e afetivo para a comunidade costeira, além de
proporcionar uma bela vista dessas construções integrando-se esteticamente aos contornos
litorâneos (SILVA, 2014).
25
Mesmo com o passar dos tempos, a estrutura física dos faróis não apresentou
grandes alterações, já que é representado na forma de uma torre com um dispositivo luminoso
de alta intensidade em seu topo. Porém, além dos faróis de estrutura fixa existem os barcos-
faróis, registrado na figura 10. Estes ficam ancorados em pontos afastados da costa
sinalizando os locais perigosos, eles são usados quando não há possibilidade de ser
estabelecida uma unidade fixa. Os faróis fixos e os barcos- faróis possuem aparelhos de rádio
transmissão, além disso, são dotados de sirenes e buzinas, para as ocasiões em que a região
apresente nevoeiros. Alguns postos controlados por operador utilizam ainda sinais explosivos,
detonados geralmente em intervalos de cinco minutos (SALA DE FÍSICA, 2015).
Figura 10 – Barco-Fárol
Fonte: PIXABAY, 2015.
Disponível em: <https://pixabay.com/pt/navio- farol- vermelho-rio-porta-945803/>. Acesso em
jan. 2017.
Segundo Venturella (2006), farol é uma estrutura fixa, elevada, com formato de
torre, erguida a frente de um porto ou em uma ilha, em cuja parte superior há uma luz com
características pré-determinadas, cujo alcance luminoso é superior a 10 milhas,
aproximadamente 20 km, para servir de referência para orientação da rota aos navegantes.
Um farol é composto basicamente por: base, torre e lanterna, a figura 11 apresenta
a composição e o funcionamento de um farol (VENTURELLA, 2006).
26
Base: construída conforme as características do local e compreende as fundações e os
alicerces, pode ser no formato circular, quadrangular ou retangular, segundo o formato da
torre que será edificada;
Torre: é a estrutura principal, o corpo do farol, que deve ser resistente as intempéries,
alta, ter acesso através de escadas internas ou externas até a sua parte superior, visível e
reconhecida pelos navegantes. Pode apresentar divisões internas, que servem de acomodação
para o faroleiro, de câmara de serviço, de pequena oficina, de depósito ou para qualquer outro
fim;
Lanterna: é um compartimento que protege o equipamento luminoso constituído pela
fonte de luz e por um aparelho óptico responsável pela concentração dos raios luminosos e um
eclipsor, que dá ritmo a luz projetada (VENTURELLA, 2006).
Os faróis mais antigos foram construídos com materiais disponíveis no local como
madeira, ferro, concreto, tijolo, pedra, entre outros. Alguns eram construídos as margens do
mar com vista para a água enquanto outros eram construídos no próprio mar acima de recifes,
27
sobre rochas ou molhes. A altura da torre também varia entre um farol e outro dependendo da
vista para a água, entretanto há semelhanças regionais quanto as suas construções. Com a
expansão do comércio marítimo, ocorreu a proliferação de vários faróis ao redor do mundo,
da China à Indonésia, da África à Estônia (SANTOS et. al., 2012).
As primeiras fontes de iluminação eram feitas com fogueiras a partir de madeira.
Porém, com a proliferação dos faróis, as lâmpadas alimentadas por carvão, óleo de baleia,
querosene e outros combustíveis tornaram-se comuns. Uma das maiores invenções que surgiu
junto com os faróis foram as lentes de Fresnel, criadas em 1822, que utilizavam uma rede de
prismas para ampliar uma pequena quantidade de luz e lançar um raio que atingia mais de 32
km de distância. Em 1886, a Estátua da Liberdade tornou-se o primeiro farol alimentado
por eletricidade e serviu ao porto de Nova York por 15 anos, como mostra a figura 12. No
entanto, por volta de 1930 a maioria dos faróis já era equipada com iluminação elétrica
(SANTOS et. al., 2012).
28
figura 13. Inicialmente utilizou-se uma lâmpada de arco voltaico, que não apresentou
resultados satisfatórios, sendo substituída por lâmpadas de filamentos. No início do século
XX, foi realizada uma nova adaptação da lâmpada de Argand, utilizado em locais onde não
havia disponibilidade de energia elétrica. Contudo, o maior desenvolvimento foi registrado na
obtenção de fontes luminosas e dispositivos refletores e intensificadores mais eficientes
(SALA DE FÍSICA, 2015).
29
Figura 14 – Equipamento de iluminação de um farol
Fonte: SALA DE FÍSICA, 2015.
Disponível em: < http://www.geocities.ws/saladefisica7/funciona/farol.html>. Acesso
dez. 2016.
32
onde um peso fixo a um cabo descia pelo centro da torre, e ao final de seu curso tinha que ser
rebobinado pelo faroleiro, como representado na figura 18 (LÍVIO, 2016).
33
Figura 20 – Farol de Itapuã, Salvador, BA
Fonte: LÍVIO, 2016.
Disponível em:
<http://faroisbrasileiros.com.br/far%C3%B3is/farol%20itapu%C3%A3.html>. Acesso dez.
2016.
34
Durante séculos, faroleiros e suas famílias viveram em lugares inóspitos,
garantindo o perfeito funcionamento dos faróis. Devido à invenção do Suéco Gustav Dalén,
em 1914, ocorreu o surgimento de equipamentos a gás acetileno, isto deu origem ao processo
de automação que foi intensificado a partir dos anos 80, com o desenvolvimento do controle
via satélite. Atualmente, muitos faróis são equipados com lanternas compactas de acrílico em
seu interior, eclipsores eletrônicos fazem a luz piscar e trocadores automáticos comportam até
5 lâmpadas que garantem a iluminação. Em muitos faróis, a fonte luminosa é uma bateria de
LED's e sensores eletrônicos acendem e apagam a luz, por este motivo a profissão e presença
do faroleiro são cada vez mais raras (LÍVIO, 2016).
36
cientes de que uma eventual irregularidade no sinal poderá não ser corrigida tão prontamente
quanto ocorreria em um farol guarnecido;
Classificação dos faróis quanto à fonte de energia (MIGUENS, 1983):
• faróis a querosene;
• faróis a gás (acetileno ou butano);
• faróis elétricos, cuja energia pode ser proveniente de rede elétrica comercial, diesel–
gerador, baterias ou fontes alternativas (especialmente solar ou eólica).
37
podem ser observados pelas luzes exibidas (cor e ritmo de apresentação) e pelo som emitido
ou sinal radioelétrico transmitidos.
38
em código Morse. Alguns faróis abrigam também estações radiotelegráficas e meteorológicas
(LÍVIO, 2016).
39
Figura 24- Construção de um farol por Barbier & Fenèstre
Fonte: FAU, 2016.
Disponível em: <https://fauufpa.org/2016/10/28/o-farol-de-salinopolis-e-antigo- farol-de-
apehu/>. Acesso fev. 2017.
40
10 FARÓIS BRASILEIROS
O Sul do Brasil também abriga alguns famosos faróis, como : o Farol das Conchas
localizado na Ilha do Mel, no Paraná; o Farol de Santa Marta, em Laguna, Santa Catarina,
representados nas figuras 27 e 28 respectivamente; o Farol de Torres, localizado na cidade de
Torres, no Rio Grande do Sul; e o Farol do Chuí, localizado no extremo sul do país e marco
divisório entre o Brasil e Uruguai (SANTOS et. al., 2012).
41
Figura 27 – Farol das Conchas
Fonte: MINUBE, 2015.
Disponível em: <http://www.minube.pt/fotos/sitio-preferido/169850/466972>. Acesso dez.
2016.
42
11 FARÓIS DO SUL DO BRASIL
O litoral do Rio Grande do Sul compreende uma grande faixa continua de terra
plana, praticamente sem acidentes geográficos, sendo assim é possível trafegar pela sua costa.
Antigamente, quando ainda não haviam sido construídas as estradas, as rotas litorâneas
intermunicipais eram muito utilizadas por comerciantes, habitantes e pescadores (LÍVIO,
2016).
Segundo Lauro Barcellos, diretor do Museu Oceanográfico da Universidade
Federal de Rio Grande (FURG), em uma reportagem ao jornal Zero Hora, informou que
ocorreram aproximados 287 naufrágios registrados na costa do Rio Grande do Sul. O Litoral
do rio grande do Sul é cemitério de grandes embarcações, pois como não existem baías nem
outros acidentes, o mar é muito violento e as ondas quebram com força na costa, muitas vezes
arrastando as embarcações que ficam encalhadas e abandonadas pelos seus tripulantes. Mais
uma vez fica registrada a importância dos faróis, a fim de evitar acidentes, a lém disso, os
faróis também ajudam a identificar e localizar acidentes na costa (ZERO HORA, 2009).
Existem seis faróis entre a maior praia em extensão do mundo, Cassino, e a Barra
do Chuí. São eles: Molhe Oeste, Molhe Leste, Sarita, Verga, Albardão e Barra do Chuí,
representados na figura 29.
43
Além desses faróis na Costa Sul do Rio Grande, há outros tão importantes quanto
e que serão relatados a seguir. Porém, no Rio Grande do Sul não se encontram só esses faróis
costeiros, pois o Sul apresenta uma formação de Lagoa, conhecida como Lagoa dos Patos, que
foi condicionada pelo desenvolvimento de uma barreira múltipla, arenosa, sob a influência
das oscilações eustáticas ocorridas durante o período Quaternário. A história da na vegação na
Lagoa dos Patos iniciou com a chegada dos colonizadores açorianos no ano de 1743, eles se
fixaram ao longo das margens da Lagoa dos Patos, onde hoje se situam, ao Sul Rio Grande e
Pelotas, e ao Norte Porto Alegre, representado na figura 30 (VILLWOCK, 1977).
44
Mas, há ainda outra lagoa, que apresenta faróis em sua margem, a Lagoa Mirim.
A Mirim é a maior lagoa de água doce do país e a segunda maior da América Latina. O
vilarejo formado as margens da lagoa viveu tempos áureos já que foi uma das grandes sedes
econômicas da região, que vivia do charque no século XIX, desta maneira com o tráfego de
embarcações comerciais viu-se a necessidade da construção de faróis nesta região (RBA,
2013).
A seguir estão listados todos os faróis e faroletes do Rio Grande do sul, do Chuí até
Torres. Portanto identificando e descrevendo os faróis da Costa do Rio Grande do Sul na
direção Sul-Norte:
No extremo Sul do Brasil, na divisa entre Brasil e Uruguai, esta localizado o Farol
da Barra do Chuí, com aproximadamente 30 metros de altura. O Farol da Barra é o terceiro de
uma série de faróis construídos no século XX, este farol foi inaugurado 24 de maio de 1910.
O terreno da construção do farol foi doado por João Pedro Pereira (PANORAMIO, 2008).
João era proprietário da região da desembocadura do Chuí, isto é, melhor local
para se fazer a travessia até o mar. Este, aproveitando a situação, doou parte de suas terras ali
para que seus amigos acampassem com suas carretas e, antevendo uma oportunidade de
negócios, começou a construir ranchos de palha e madeira que davam para praia, alugando-os
aos caravaneiros e proporcionando o início de uma simples povoação, que depois viria a ser a
mais bela das estações de veraneio do município. Assim deu-se o início da criação do
balneário que atualmente é um ponto turístico brasileiro e que recebe veranistas do Prata e de
muitas cidades do Brasil e do mundo (RODRIGUES, 2010).
Como condição da doação, os descendentes de João deveriam ser os próximos
faroleiros. A partir de então, iniciou-se uma dinastia que conta com representantes em vários
faróis no sul do país. O Farol da Barra foi construído por Alfredo Kurt Schultze e foi erguido
no sistema Mitchell. Este tem aproximadamente 26 metros de altura, apresenta um aparelho
dióptrico de 4ª ordem de luz branca e encarnada/vermelho que alcança 18 milhas. Mas com o
45
passar do tempo este ficou enferrujando, e foi então, substituído por um de concreto em 1934,
cujo sistema dióptrico foi adaptado para exibir dois lampejos, mas com isso seu alcance
diminuiu. Porém, devido à instabilidade do terreno, poucos anos depois, este ameaçou
desabar, então a construtora Engenharia e Construção em Fortaleza (SCOPA), uma empresa
de engenharia reconhecida pelo desenvolvimento de projetos de alta qualidade, montou uma
operação para reconstruir o farol danificado (PANORAMIO, 2008).
Em 1941, o atual farol entrou em operação, a nova torre de concreto apresenta 30
metros e possui um sistema utilizando uma lanterna fabricada na Diretoria de Hidrografia e
Navegação (DHN), onde a lente sofreu novas alterações até ser substituída pela atual em
1945. Em 1966, suas listras roxo-terra foram pintadas de vermelho, quase um ano após a sua
eletrificação. O farol esta representado na figura 31 e data de 1910; A figura 32 data de 1934 e
a figura 33 mostra a imagem atual do farol (LÍVIO, 2016).
46
Contudo, para evitar seu abando histórico e cultural a Prefeitura de Santa Vitória
do Palmar iniciou um projeto para aproximar a comunidade do ponto turístico. Desta forma o
farol pode ser visitado as terças e quintas-feiras das 15h00 às 17h00 (PANORAMIO, 2008).
47
e o novo farol estão representado na figura 34 (a), e novo farol com uma visão atual esta
representado na figura 34 (b) (LÍVIO, 2016).
Figura 34 – (a) Farol do Albardão em 1909, (b) Foto recente do Farol do Albardão
Fonte: LÍVIO, 2016.
Disponível em: <http://faroisbrasileiros.com.br/memorial/painel.html>. Acesso dez. 2016.
48
O Farol do Verga possui 11 metros de altura e foi construído em 1964. Entretanto,
no inóspito cenário se encontra um ex-jornalista vivendo como eremita solitário (VASQUES,
2012).
A Praia do Cassino é conhecida como a mais extensa praia do mundo, com 212
km de extensão, este trecho compreende do Balneário Cassino até a Barra do Chuí. Esta
região esteve às escuras até 1909, não sendo favorável para navegação. Sendo assim, foi
inaugurado em 12 de outubro do mesmo ano, o Farol Sarita que leva o nome de um navio
naufragado no local. Sua primeira torre foi construída do tipo Mitchell, com 26 metros de
altura, equipada com um aparelho de luz dióptrico de 4ª ordem e seu alcance era de 15 milhas,
e está representado na figura 36. No mesmo ano entraram em operação os faróis do Chuí e do
Albardão, de construção análoga, todos montados pelo mecânico Alfredo Kurt Schultze.
Como outras torres desse tipo, foi vítima da ferrugem, sendo substituída em 1929 por outra
torre metálica da marca sueca AGA, com sistema luminoso automático a gás acetileno. Em
1952 foi inaugurada a atual torre de alvenaria, com 37 metros de altura, equipada com um
aparelho de 3ª ordem. O Farol Sarita esta situado na divisa do município de Rio Grande, a 135
km da Barra do Chuí (LÍVIO, 2016).
49
11.1.5 Farol dos Molhes da Barra de Rio Grande
Em meados do século XVIII, Rio Grande e Pelotas eram habitadas por indígenas,
Minuanos e Tapes. Portanto, para facilitar a comunicação da fortaleza de Colônia do
Sacramento (próxima a Buenos Aires) com o Rio de Janeiro, era necessário estabelecer um
ponto de apoio intermediário, por este motivo, foi inaugurada a cidade de Rio Grande. Com a
cidade estabelecida, já em 1737, 6 navios partiram de Sacramento com destino a Rio Grande,
onde o Coronel Cristóvão Pereira os esperava fundeado na barra do balneário. O rei D. João
V, tentava assegurar a soberania da região, pressionado pela constante ameaça de invasão
pelos espanhóis. Contudo, Rio Grande era um ponto estratégico na defesa da região
(RIBEIRO, 2013).
Após, o estabelecimento da Colônia Portuguesa em Rio Grande, imigrantes da
Ilha dos Açores e Madeira vieram repovoar a região. Como conseqüência da expansão da
região em 1780, foi instalada em Pelotas, a primeira charqueada na região. Por alguns séculos
o charque trouxe riqueza à região e a barra de Rio Grande tor nou-se um caminho
movimentado a fim de escoá- lo. Com o movimento de embarcações, em 1846, o Império
criou a Inspetoria da Praticagem da Barra, comandado por um oficial da armada nacional, já
que por Rio Grande entravam muitas mercadorias vindas da Europa e Grã Bretanha. Os
navegantes vindos da Europa e do Prata com destino ao porto de Rio Grande, temiam a
entrada na barra natural da Lagoa dos Patos, já que era muito perigosa devido as formações de
bancos de areia de posição inconstante, por força da corrente dos ventos. Em 1855, o
Ministério da Marinha enviou o especialista em engenharia hidráulica, Ten. Cel. Eng. Ricardo
Gomes Jardim, para estudar a Barra e o Porto e concluiu que deveria ser feito um molhe com
o intuito de prolongar o leito do rio ou dar maior força à corrente, após a construção passou-se
a desenvolver-se uma crescente navegação através da Barra, sendo que 1847
aproximadamente 668 embarcações passaram pelo local (RIBEIRO, 2013).
As terras da Laguna até o Uruguai são baixas e planas, dificultando a visão de
pontos de referência na costa, ou seja, em alto- mar, a orientação visual da Laguna até o
Uruguai, é muito difícil, levando ao naufrágio de muitas embarcações na costa de Rio Grande,
então com a construção dos molhes possibilitou-se construir um farol no final do molhe para
sinalizar os capitães das embarcações, servindo então o farol da barra de Rio Grande como
um ponto de referência aos viajantes de alto mar. O farol pode ser observado na figura 37
(RIBEIRO, 2013).
50
Durante o século XIX, foram realizados estudos de viabilidade, licitações,
anulações, etc. Em meados de 1911, deu-se início a abertura do canal de acesso aos Portos
Velho e da Barra na cidade de Rio Grande. Estudos realizados na época pela companhia de
dragagem Compagnie Française du Port de Rio Grande do Sul avaliou a localidade e
chegou-se ao início das obras dos Molhes Leste e Oeste. A construção dos molhes começou
em 1911 com sua conclusão em 1919. Os molhes fixam a barra do canal e o protegem da ação
das ondas e do assoreamento natural, garantindo a navegação em condições seguras. Ele é
constituído pelo molhe oeste com 3,8 km (Praia do Cassino), e o leste (S. José do Norte) com
4,6 km. Na construção do mesmo foram utilizadas pedras de até 10 ton. que foram sendo
arremessadas ao mar, estima-se que foi utilizado um total de 4,5 milhões de toneladas de
pedras que foram transportadas na época por ferrovia de 90 km. Porém nos anos 80, o molhe
leste cedeu em vários pontos e a areia começou a invadir o canal, colocando em risco a
navegação. Então, em 1995, começou a recuperação dos molhes pelo Governo Federal, com
um custo de 140 milhões de dólares, lançando mais meio milhão de toneladas de pedras e 100
mil toneladas de tetrápodes (blocos de concreto), representado na figura 38. Além de
favorecer a navegação os molhes também servem como atração turística para banhistas e
turistas de todo mundo (ROLDÃO, 2012).
Nesta região marítima o sal do mar se encontra com a água doce da Lagoa dos
Patos, demonstrando as belezas da região, considerado ponto turístico, local de pesca e
monumento da engenharia, já esta região oceânica também conta com a construção de molhes
que datam de 1911. Este também apresenta aproximadamente quatro milhões de toneladas de
em sua construção. Na extremidade do molhe leste se encontra o farolete de iluminação
náutica, guiando os navios do Oceano para o porto de Rio Grande. O molhe Leste tem
extensão de 4,6 km e o oeste de 3,8 km e serve como descanso de leões marinhos e encanta m
os visitantes, que admiram a preguiça destes simpáticos animais ao deleitar-se com o calor do
sol e a brisa do mar (PREFEITURA DE SÃO JOSE DO NORTE, 2015).
A Superintendência do porto cuida desse espaço para que seja bem utilizado pela
navegação e pela sociedade. O porto gaúcho tem o canal com maior profundidade, sendo esta
uma vantagem competitiva muito grande quando se refere ao transporte de cargas. A
construção dos Molhes teve início em 1908 e foi finalizada em 1915. A necessidade de
aprofundar o canal da Barra do Rio Grande, que apresentava a profundidade de 2,75 m, e a
fim de deter os bancos de areia, foi realizado a construção de dois quebra-mares, utilizando-se
blocos de granito, ou seja, os molhes. A obra de ampliação iniciou em 2001 e foi finalizada
em 28 de fevereiro de 2011 (SANTOS, 2011). Os Molhes Leste e Oeste são representados na
figura 39.
O Farol da Barra esta localizado na cidade de São José do Norte, no litoral Sul do
estado do Rio Grande do Sul, esta localidade compreende a Ligação entre a Lagoa dos Patos e
o Oceano Atlântico, uma importante rota que permite às embarcações chegarem à cidade de
Porto Alegre. Até meados dos anos 80, a barra do pequeno município de São José do Norte
não possuía farol construído, porém o clarão de uma enorme fogueira avisava aos navegantes
dos perigos que por ali existiam, entretanto em 1820, em cumprimento a uma provisão da
Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação concedeu o início a construção do
primeiro farol assentado na entrada da Barra do Rio Grande de São Pedro do Sul (LÍVIO,
2016).
No entanto, após uma forte chuva de granizo a construção desabou, ficando
aquela província novamente sem farol. Na época, por motivo de segurança foi recomendado
pelo governador geral, Saldanha, acender em noites escuras uma fogueira nas proximidades
desse farol para que fosse possível a cobrança de impostos a todos os navios que ali
ingressassem. Em ofício de 7 de julho de 1827, Salvador José Maciel, pela Junta do
Comércio, julgou ser de grande importância, a reconstrução deste farol assim como a
construção de mais 4 faróis no interior da Lagoa dos Patos (LÍVIO, 2016).
Em 18 de janeiro de 1848, foi inaugurado um moderno farol de ferro vindo de
Londres que possuía formato de torre de ferro com formato piramidal apresentando 110 pés
ingleses de altura, 15 pés de diâmetro na base 7 e 9 polegadas e era visível há 30 milhas, esta
iniciativa foi proveniente do Capitão dos Portos Antônio Caetano Ferraz, que conseguiu
adaptar a estrutura Londrina ao solo arenoso da região. Mas só em dezembro de 1886, foi
inaugurado um aparelho de luz de 2ª ordem, dióptrico, lanterna da marca francesa BBT. Com
luz fixa variada por luz cintilante de 30 em 30 segundos, elevada 31,65 metros acima do pré-
amar 29,55 metros acima do solo e visível a 16 milhas (LÍVIO, 2016).
Atualmente, este farol é de responsabilidade da Marinha do Brasil, e apresenta
faixas horizontais pretas e brancas, seu formato é de torre troncônica metálica, com alcance
luminoso de 30 milhas, altitude focal de 32 metros, altura focal 31 metros, alcance geográfico
de 15 milhas, construído entre a lagoa dos patos e a praia do mar grosso. Ao seu lado,
encontra-se restaurada a torre do patrão-mor, a mais antiga torre de farol ainda de pé no
Brasil. Representado na figura 40 (LÍVIO, 2016).
53
Figura 40 – Farol da Barra em São José do Norte
Fonte: FONTE, 2015.
Disponível em: <http://fonte192.blogspot.com.br/>. Acesso fev. 2017.
54
11.1.9 Farol Conceição
A região que rodeia o Farol Conceição é formada por arenitos (rocha sedimentar
que resulta da compactação e litificação (conjunto complexo de processos que convertem
sedimentos em rocha consolidada) de um material granular da dimensão das areias). O
arenito, o mar agitado e as fortes ressacas da localidade fizeram com que a areia cedesse e o
Farol Conceição desabasse (ANDARILHO, 2014).
Os arenitos e o farol caído formam um cenário diferente na região do litoral
central do Rio Grande do Sul, o que atraí turistas para a região, procurando antigas histórias
que cercam o local, cenários exuberantes e aventura, pois há muita dificuldade para chegar ao
farol, uma vez que, a faixa de areia entre as dunas e o mar é praticamente inexistente em
algumas épocas do ano. Como o Farol Conceição foi destruído pelas águas, foi construído um
novo ao seu lado, de estrutura férrica, porém ainda é possível ver os destroços do antigo farol,
como é possível ver nas figuras 42 e 43 respectivamente (ANDARILHO, 2014).
55
Figura 43- Farol Conceição atual
Fontes: PANORAMIO, 2008.
Disponível em:<http://www.panoramio.com/user/362682>. Acesso fev. 2017
Durante anos, o único farol costeiro no atual Estado do Rio Grande do Sul foi o da
Barra. Em 1887, o diretor de faróis Cerqueira Lima elaborou um relatório recomendando a
instalação de vários faróis na região, entre eles um na ponta de Mostardas. No mesmo ano foi
encomendada na França uma torre de ferro de 33 metros de altura no sistema Mitchell, com
um aparelho dióptrico de 3ª ordem, de luz branca e encarnada. O farol, pintado de branco, só
foi inaugurado em 11 de junho de 1894. Em 1940, foi inaugurado o atual ”espigão” de
concreto de 38 metros. Para ele foram transferidas a lente e a lanterna da antiga torre. Em
1975 o farol ganhou um revestimento externo em pastilhas vitrificadas, dispensando pinturas
posteriores. Na década de 80 passou a funcionar com energia elétrica. Atualmente, este farol
esta sob posse da marinha brasileira, e está representado na figura 45. Mostardas é um dos
principais núcleos de imigrantes açorianos no país e é o principal ponto de apoio aos
visitantes do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (LÍVIO, 2016).
57
11.1.12 Farol Solidão
58
11.1.13 Farol Berta
59
Figura 48 - Farol de Cidreira
Fonte: BROCKER, 2014.
Disponível em: <http://www.litoralmania.com.br/cidreira-revitaliza-farol/>. Acesso mar. 2017
60
Figura 50- Atual Farol de Tramandaí
Fonte: PANORAMIO, 2008.
Disponível em: <https://www.panoramio.com/user/1478662?photo_page=2> .
Acesso fev. 2017.
O Farol de Capão da Canoa, erguido em 1930, já foi uma das construções mais
altas do litoral gaúcho, ao seu redor só havia areia e o mar imenso. Hoje é um monumento
histórico localizado na Praça Caramuru, ou “Praça do Farol”. Atualmente a praça é
arborizada, com muitos bancos e locais para diversão, porém, a vista mais imponente da praça
é a visão privilegiada de um monumento histórico e cultural, o Farol de Capão da Canoa. Em
1992, a Prefeitura Municipal projetou e construiu um novo farol. Depois da obra concluída, a
prefeitura entregou para a Marinha que mantém e conserva o farol. O pátio que certa o farol
abandonado e o portão sem tranca, qualquer pessoa entra sem autorização no local (Wainer,
2017). O Farol de Capão da Canoa esta representado na figura 51.
61
Figura 51– Diversos ângulos do Farol de Capão da Canoa
Fonte: WAINER, 2017.
Disponível em:< http://bora.ai/poa/passeios/passeando-pelo- litoral- norte-gaucho>.
Acesso mar. 2017.
62
Figura 52 – Farol de Arroio do Sal
Fonte: PORTAL FÉRIAS, 2007.
Disponível em: < http://www.ferias.tur.br/cidade/7423/arroio-do-sal-rs.html>. Acesso fev.
2017.
Na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a praia é quebrada pela
formação rochosa conhecida desde o século XVII como "As Torres". Seu prolongamento em
direção ao mar forma a Ilha dos Lobos, um perigoso obstáculo para navegação. Por este
motivo, foi inaugurado em 25 de janeiro de 1912, o Farol de Torres, para melhorar a
iluminação daquele trecho da costa sul foram construídas 4 torres: uma Sul, Guarita, do Meio
(ou das Furnas) e do Norte, cujo topo esta à 40 metros acima do nível do mar. A torre de ferro
roxo-terra da marca BBT de 10 metros foi montada por James Magnus & Cia e pelo mecânico
Alfredo Kurt Schultze. Seu aparelho de luz dióptrico de 3ª ordem alternava lampejos brancos
e encarnados. O alcance inicial de 19 milhas foi mantido até a inauguração do farol atual que
em pouco tempo foi vitimado pela corrosão. Diante do perigo eminente de desabamento, foi
substituído por outra torre de 10 metros em treliça de ferro pintada de branco. Equipado com
um sistema automático AGA de gás acetileno que entrou em operação em 18 de fevereiro de
1928. A figura 53 mostra o Farol de Torres, em 1912. A figura 54 mostra o Farol de Torres,
em 1928 (LÍVIO, 2016).
63
Figura 53 – Farol de Torres, em 1912
Fonte: LÍVIO, 2016.
Disponível em:<http://faroisbrasileiros.com.br/memorial/painel.html>. Acesso dez.
2016.
64
A partir de então passou a exibir somente luz branca. E mais uma vez, foi
consumido pela ferrugem. Um terceiro farol foi construído, desta vez em alvenaria. Com
projeto de Roberto Lacombe e Flávio Barbosa, a torre branca de 15 metros foi inaugurada em
19 de maio de 1952, e equipada com uma lanterna AGA similar à do farol anterior, porém
adaptada à energia elétrica. Em 1958, recebeu o revestimento de azulejos (LÍVIO, 2016). A
figura 55 mostra o Farol de Torres, em 1952.
65
Figura 56 – Atual Farol de Torres
Fonte: LÍVIO, 2016.
Disponível em: <http://faroisbrasileiros.com.br/memorial/painel.html>. Acesso dez.
2016.
66
11.2.1 Farol Fronteira Aberta
67
“Foi inaugurado, no dia 20 do corrente, um pharol de 5ª ordem com torre
quadrangular de alvenaria, de 16 metros de altura acima do solo e 17 acima do nível das
águas, 1.000 metros a sudoeste (SW) da Ponta Alegre, na Lagoa Mirim. Sua luz é branca,
fixa, visível a 12 milhas, com tempo claro. A torre é pintada de branco, bem como as duas
casas dos pharoleiros que lhe ficam juntas” (PEREIRA, 2011).
A Ponta Alegre é ponto de parada obrigatório dos navegadores que ainda
aventuram-se por essas águas, sendo o Farol local estratégico de parada para descanso e
registro de belas imagens do farol e de sua vista paradisíaca do alto de sua torre. Este farol
encanta por sua bela arquitetura e está bem conservado já que foi abandonado por volta de
1950. Esta localizado há Norte da Lagoa Mirim. Ele tem 16 m de altura e 17 m do nível da
lagoa (PEREIRA, 2011). A figura 59 apresenta o Farol da Ponta Alegre.
68
então, a lagoa dos Patos se transformou num movimentado corredor. Para sinalizar o ponto
onde o Rio Guaíba encontra a lagoa, foi inaugurado em 1º de março de 1860 um farol,
projetado pelo Tenente Coronel Jardim e executado pela comissão militar de engenharia da
província, sua torre octogonal de alvenaria tem 13 metros de altura e no centro ficava a casa
dos faroleiros. Seu equipamento luminoso era catóptrico de luz fixa com alcance de 12
milhas, substituído em 1904 por um dióptrico da marca BBT de 5ª ordem. Os faroleiros foram
dispensados em 1926 quando o farol passou a funcionar automaticamente com equipamentos
AGA a gás acetileno. Atualmente dispõe de lanterna de acrílico alimentada por energia so lar.
O farol está na área do Parque Estadual de Itapuã. Este farol esta representado na figura 60
(LÍVIO, 2016).
Além dos faróis a Lagoa Mirim e a Lagoa dos Patos contam com outros
sinalizadores náuticos como bóias, e faroletes. A Marinha é responsável pela manutenção dos
faróis, além da sinalização de Carta de Serviço (CS) Álvaro Alberto. O restante das bóias
luminosas e faroletes são de responsabilidade da Superintendência de Portos e Hidrovias
(SPH) (SANTOS, 2011).
69
11.2.5 Farol Cristóvão Pereira
70
Figura 62 – Farol Cristóvão Pereira
Fonte: LÍVIO, 2016
Disponível em:<http://faroisbrasileiros.com.br/memorial/painel.html>.Acesso dez.2016.
71
Figura 64 – Farol Cristóvão Pereira
Fonte: PANORAMIO, 2008.
Disponível em:<http://www.panoramio.com/user/5329596?photo_page=1>. Acesso fev.2017.
A Lagoa dos Patos, a maior do País, é uma via natural de transporte entre Porto
Alegre e Rio Grande, cujo nome deriva de seus primeiros habitantes, os índios Patos
(Carijós). Em 1827, foi encaminhado ao imperador D. Pedro I o pedido para a instalação de
faróis na região que compreende o interior da laguna, porém devido a poucos recursos
72
financeiros, os faróis só entraram em operação 22 anos depois, entre eles o do Capão da
Marca, próximo à cidade de Mostardas, este foi inaugurado em 5 de setembro de 1849, era
uma torre de madeira com pouco mais de 7 m de altura, equipada com um lampião, cuja luz
tinha alcance de 5 milhas. Em 25 de março de 1881, foi reconstruído um novo farol, sendo
uma torre de ferro da marca francesa Sautter, Lemonnier & Cie com um aparelho de luz fixa
de 4ª ordem, que aumentou seu alcance para 11 milhas. O farol de 14 metros, exemplar único
no país, foi pintado de roxo-terra por volta do início do século XX, e assim permaneceu até
sua automatização (com equipamentos AGA a gás acetileno). Atualmente, o farol esta pintado
de branco, abandonado, em péssimo estado de conservação e se encontra desativado. O farol
de Tavares esta representado na figura 66 (LÍVIO, 2016).
Após algumas pesquisas, identifiquei alguns faroletes nas Lagoas Mirim e dos
Patos, no entanto só encontramos suas nomenclaturas, sendo que suas características,
histórias, funcionamento e funções não estão registrados em nenhum material de pesquisa
utilizado para produção deste. Porém suas nomenclaturas são mencionadas a baixo:
Farolete São José Nr 20;
Farolete São José do Norte;
Farolete Balizão Nr 18;
Farolete Honório Bicalho;
Farolete Enrg Norte;
Farolete Enrg Sul.
O Diretor Técnico da Praticagem da Lagoa dos Patos, Amaro Paiva, constatou a
péssima situação atual da sinalização na Lagoa dos Patos. A notícia foi publicada pelo jornal
Correio do Povo, de Porto Alegre, em 2014. Segundo Paiva, que exerce a profissão de Prático
74
há 45 anos há marcas de sinalização deslocadas, sem pintura, sem numeração e adernadas. O
Comandante Emilio Petry Oppitz, inveterado velejador, afirma que a sinalização luminosa da
Lagoa dos Patos está inoperante, com exceção do Farol Cristóvão Pereira e do navio
soçobrado Álvaro Alberto, sendo estes dois de responsabilidade da Marinha (POPA, 2014)
Há baixo esta a lista faroletes e bóias e seus respectivos estados de conservação:
BL CS Saturno Apagada
75
11.2.9 Farol do Molhe Sul de Mampituba - Torres, Brasil
O rio Mampituba é um rio brasileiro que atua como divisa natural dos estados do
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina no extremo leste destes, desaguando no Oceano
Atlântico. A foz do rio Mampituba foi protegida do assoreamento pelos molhes, o que facilita
a saída dos barcos pesqueiros. O nome Rio Mampituba vem do Tupi-Guarani que quer dizer
"Rio de Muitas Curvas", ou "Pai do Frio". A figura mostra a vista do Farol da Barra do Rio
Mampituba, na fronteira dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Localizado
na Praia de Torres, Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Nesta localidade fica m dois molhes
como os que foram construídos na cidade de Rio Grande, Mampituba Norte de 10 m de altura
e Mampituba Sul de 10 m (CHARDÔ, 2007). O Farol e os Molhes de Mampituba são
mostrados na figura 68, respectivamente.
12 TRABALHO DE FAROLEIRO
76
Normalmente, o faroleiro contava com o auxílio de alguns assistentes que trabalhavam por
turnos, e consequentemente passavam longos períodos longe de suas famílias, isso era comum
em faróis localizados em praias. Porém, muitos faroleiros também podiam optar por trazer
suas famílias para viverem junto com eles no local (SANTOS, et al., 2012).
Por este motivo, com algumas poucas exceções, os faroleiros em sua maioria eram
homens. Para trabalhar como faroleiro era preciso muita atenção, pois antes da automação, o
trabalho do faroleiro incluía: recarregar as lâmpadas a óleo, trocar o pavio, dar o sinal de
nevoeiro, limpar as lentes, manter todas as coisas arrumadas, faxina e manutenção, a figura 69
e 70 mostram a jornada de trabalho de faroleiros. Por volta dos anos 1600, começaram a ser
utilizados navios luminosos, ou seja, embarcações ancoradas com balizas no topo de seus
mastros que faziam a função de um farol (SANTOS, et al., 2012).
78
registrando no livro de quarto todas as ocorrências e alterações verificadas, dando ciência ao
encarregado de qualquer anormalidade;
e) Morar nas casas que lhes são destinadas, zelando pelo seu asseio e
conservação;
f) Não permitir visita ao farol durante o serviço noturno;
g) Levar ao conhecimento do encarregado qualquer ocorrência estranha à rotina
do serviço;
h) Prestar todos os socorros possíveis e ao seu alcance aos navegantes em caso de
encalhe e naufrágio, inclusive asilo, fazer comunicação para socorrê- lo;
i) Não abandonar o seu posto de serviço a fim de que a vigilância não sofra
interrupção, quer de serviço diurno ou noturno;
j) Conviver em harmonia e usar de toda urbanidade com todos os funcionários do
farol e com estranhos em objeto de visitas;
k) Apresentar-se devidamente uniformizado e
m) No início e no regresso de licença ou férias, apresentar-se sempre ao
encarregado do farol.
79
h) Passar a responsabilidade do serviço ao faroleiro imediato sempre que se
ausentar do farol por qualquer motivo;
i) Organizar uma tabela de horários para as conduções;
j) Zelar pelos interesses da Fazenda Nacional, comunicando ao SSN, Capitania,
Delegacia ou Agência, qualquer irregularidade sobre o material e sua escrituração;
k) Organizar e encaminhar os pedidos de sobressalentes, levando em conta o
material existente no farol;
l) Manter correspondência com o SSN, Capitania, De legacia, Agência por meio
de ofício ou telegrama, escriturar os mapas e relatórios;
m) Conservar as características da luz, de acordo com as publicadas na Lista de
Faróis;
n) Ter todo o material permanente sob sua responsabilidade, devidamente
inventariado;
o) Dar exemplo de assiduidade, dedicação e moralidade de costumes.
80
o) Apoiar eventos de socorro marítimo via rádio e apoio no caso de náufragos;
p) Manter o controle de todo material de sua responsabilidade;
q) Manter o controle do combustível do farol;
u) Manter controle de aguada das casas;
v) Fazer os relatórios mensal, semestral e anual;
x) Retirar as sanefas;
z) Ligar o farol ao por do sol.
Com uma notável bagagem cultural o Comandante Ney Dantas escreveu a obra
intitulada: “A História Da Sinalização Náutica Brasileira”, nesta obra ele homenageia o
profissional compromissado com a sinalização dos faróis, o faroleiro. A seguir é descrito um
trecho deste poema intitulado “Ser Faroleiro” (SANTOS et. al., 2012):
É uma vocação forte, persistente, permanente
É abraçar um trabalho nobre, anônimo, silencioso
É orgulhar-se de seu serviço e de sua profissão
É ser auto-responsável
É ser honesto, acima de tudo, consigo mesmo.
81
É conhecer cada uma de suas partes
É ter intimidade com cada uma de suas peças ou parafusos
É esquecer o calendário e atentar para os nascer e ocasos do sol
(...)
É contemplar a natureza, admirá-la e conservá- la, ainda que longe de tudo e de todos, sem
testemunhas
É tentar conhecê-la, entende- la e respeitá- la
É não temer o mar, mas aprender a vencê- lo
É poder sentir o seu cheiro e o gosto da chuva
É poder ver a chegada e a partida das tempestades
(...)
É ter a certeza de que cada navio, à sua vista, depende dele
É ansiar por sua chegada
É contentar-se com os amigos que vêm, raros, de quando em quando
É pressentir a saudade aos vê- los partir
É guardar quantas histórias que terá para contar
Foi realizada uma entrevista com um faroleiro, para fins de esclarecimentos sobre
sua profissão. As informações coletadas nesta pesquisa têm liberação perante documentação
de Declaração de Autorização de Uso de dados (documento de autorização de imagem em
Anexo). A entrevista deu-se em 29 argumentações solucionadas por Ronaldo o Faroleiro,
Henrique do setor administrativo e Alexandre do setor náutico e meteorologista. O Farol,
cujo faroleiro foi entrevistado fica localizado na Barra do Chuí.
82
Perguntas:
83
8) Em nossas pesquisas, soubemos que o farol faz uso de um sistema diotropico de 4°
ordem, o que isso significa?
Este sistema refere-se ao tamanho das lanternas náuticas. Sendo que a maior lanterna
(lâmpada) é encontrada no farol de Santa Marta, em Santa Catarina.
13) Você tem alguém que lhe substitua em caso de folga ou doença?
Sim, pois é realizado um sistema de revezamento entre os 3 funcionários deste farol. Porém
quando há necessidade de substituições o 5° Distrito Naval de Rio Gra nde em caminha o
funcionário ao devido local.
84
16) Você já presenciou algum acidente marítimo?
Ronaldo não presenciou, mas Henrique presenciou dois incidentes. O primeiro no farol
Sanches, onde o tripulante de uma embarcação de pesca sofreu um acidente, então o
comandante do barco pediu ajuda, segundo Henrique o resgate foi muito difícil, devido ao
intenso nevoeiro, isso causou uma enorme dificuldade no salvamento. O resgate foi realizado
pelo SAMU, através de um helicóptero e uma lancha da Marinha do Brasil. O segundo
incidente aconteceu com um barco Argentino que estava aderiva por estar “quebrado”, este
estava sem tripulantes, porém até hoje não houve registros de sobreviventes e nem de corpos.
17) Qual o momento mais difícil que você presenciou durante o seu período de trabalho?
Segundo os profissionais neste farol não houve ocorrências de acidentes. Porém, em meados
de 1993, enquanto Henrique trabalha em uma embarcação, denominada Minas Gerais, com
aproximadamente 1900 tripulantes presenciou um incêndio na casa de máquinas da
embarcação em que se encontrava, sendo difícil o resgate de todos os tripulantes uma vez que
era madrugada, a embarcação se encontrava lotada, em plena escuridão, aderiva e incendiada.
18) Na sinalização náutica como as cores são identificadas, já que este é branco e
vermelho, têm algum significado às cores na sinalização náutica?
As cores servem para diferenciação entre os faróis, desta forma, tornam mais fácil a
localização dos tripulantes ao se deparar com tal farol, uma vez que, cada farol apresenta
cores, formatos e feixes de iluminação diferentes. Durante o dia o os tripulantes se localizam
pela cor e estrutura e durante a noite os tripulantes se localizam pelos feixes de luz.
19) Quem se responsabiliza pelo farol, Brasil ou Uruguai, já que fica localizado na
fronteira?
Brasil, já que está localizado no lado brasileiro no extremo Sul. Este farol não mantém
nenhum tipo de comunicação o Uruguai.
20) Houve uma aproximação da comunidade com o farol após a iniciativa de Santa Vitória
do Palmar como projeto turístico?
Sim, já que turistas Argentinos e Uruguaios, além de turistas de outras nacionalidades
passaram a visitar e conhecer o farol.
85
21) Esta iniciativa trouxe benefícios para a comunidade em torno do farol, farol e você?
Não, uma vez que esta iniciativa não tem fins lucrativos.
22) Para ingressar como faroleiro há a necessidade de um concurso público? Onde ocorre
a formação?
Antigamente era contratual, sendo que a marinha contratava serviços terceirizados, porém nos
últimos anos para trabalhar em um farol, o profissional deve ser marinheiro, além de realizar
uma especialização e cursos como faroleiro oferecido pela marinha.
O faroleiro que avista da figura 70, fica localizado na ilha francesa de Ouessant,
no Finisterre da Bretanha. O farol se chama La Jument e é uma das lanternas de mar mais
espetaculares da costa francesa. Está a 2 km da ilha de Ouessant e foi construído entre 1904,
em 1911 passou a sinalizar os perigosíssimos escolhos que causaram inumeráveis naufrágios
(EL PAÍS, 2015).
A história da foto se passa em 21 de dezembro de 1989. O fotógrafo francês
especializado em imagens de faróis Jean Guichard sobrevoava de helicóptero La Jument em
um dia de forte temporal buscando a foto perfeita das gigantescas ondas do Atlântico
golpeando a estrutura do farol. Dentro, o faroleiro Theophile Malgorn, que na época tinha por
volta de 30 anos, escutou as repetidas passagens do helicóptero e imaginou que anormal
estaria acontecendo. E em uma ação impensada ele abriu a porta para ver o que estava
acontecendo. A ação completa durou apenas alguns segundos. Guichard fotografou: o homem
e a força da natureza, apresentada na figura 71. No momento em que uma onda gigante com
toneladas de água enraivecida abraçou a estrutura do farol, o faroleiro Malgorn – na soleira da
porta – escutou um trovejar seco, como um estampido brutal, este foi o momento do impacto
da onda contra a frente do farol. Tão rápido como abriu voltou a fechar a porta, um milésimo
de segundo antes que a onda levasse sua vida. O último faroleiro abandonou La Jument em 26
de Julho de 1991. Desde então é um farol automático. Theophile agora é controlador do farol
de Creac´h, também em Ouessant (EL PAÍS, 2015).
Os faroleiros são (ou eram) pessoas muito especiais. Seres solitários e de poucas
palavras, artistas com todo o tempo do mundo para escrever, p intar ou esculpir. Filósofos de
uma vida que poucos foram capazes de suportar. Por isso eles têm dificuldade em adaptar-se a
uma vida sedentária, controlando um farol, sentados diante de um computador em uma sala
asséptica com calefação depois de terem sido os últimos românticos do mar; filósofos
solitários que a cada noite acendiam luzes com as quais salvavam vidas de navegantes
anônimos que nunca os conheceriam ou teriam ocasião de agradecer- lhes (EL PAÍS, 2015).
87
Figura 71 – Imagem incrível registrada do Farol de La Jument
Fonte: JEAN GUICHARD
Disponível em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/07/elviajero/1428415454_964369.html>. Acesso fev.
2017.
Mas certamente suas luzes não se lançam apenas para o passado, já que há novas
simbologias e significados associados aos faróis. Hoje, tais monumentos fazem parte de uma
paisagem costeira, dando uma identidade cultural a muitas localidades e integrando seus
roteiros de turismo e lazer (BAEZ, 2001).
15 METODOLOGIA
88
mesmo propósito de armazenar informações sobre essas lindas obras de valor artístico,
cultural e de grande importância para a navegação. Além disso, foi possível observar a
presença de várias espécies de animais e plantas silvestres que nos encantaram ao longo do
caminho. A segunda expedição teve a partida da cidade de Rio Grande e m direção a Barra do
Chuí, no extremo Sul do Brasil, pela costa brasileira, onde buscamos registrar o estado de
conservação destes “velhos gigantes do mar” através de fotos, registros escritos e visuais.
Além dos registros dos faróis a expedição foi cheia de aventuras, onde foi possível admirar as
paisagens isoladas e se inserir diretamente em contato com a natureza e suas belezas. Esta
expedição teve a duração de dois dias e foi realizada no mês de Maio de 2017. A partir dos
registros obtidos dos faróis e devido à grande curiosidade em torno destes, pesquisamos a
história de cada um deles, incluindo aqueles que não conseguimos visitar devido ao
esgotamento do fator econômico e de tempo disponível para realizar a expedição por toda a
costa litorânea do Sul do Brasil. As buscas por informações sobre as histórias dos faróis foram
realizadas através de livros e sites na internet, visto que há poucas informações sobre esses
sinalizadores náuticos a disposição de alunos e curiosos. Devido à importância destacada dos
faróis da costa Sul, realizamos uma entrevista com um faroleiro que guarnece o Farol da
Barra do Chuí. As perguntas foram realizadas pelos integrantes deste trabalho com base na
curiosidade histórica, cultural e profissional do faroleiro e do farol. Integrantes deste projeto
realizaram uma expedição entre a cidade de Rio Grande até a Barra do Chuí, para a realização
dos questionamentos e curiosidades com o faroleiro atuante do farol. Ao chegar lá os
integrantes do projeto foram muito bem recebidos pelos profissionais do farol que assinaram a
documentação de permissão reprodução de dados e imagens. Estes foram muito receptivos
fornecendo dados e respondendo a entrevista, levaram os integrantes para conhecer o farol
externamente e internamente. A magia dos faróis se espelhou por entre os integrantes, que ao
relatarem sua experiência contagiam os expectadores com seus depoimentos.
16 CRONOGRAMA
89
Tabela 3 – Registro das previsões do fim do trabalho
17 ORÇAMENTO
Para concretizarmos este trabalho foram utilizados três automóveis que partiram
da cidade de Rio Grande em direção a São Jose do Norte, atravessando a Lagoa dos Patos, por
balsa. Neste primeiro roteiro fomos costeando o Oceano Atlântico de São de José do Norte até
Mostardas com o a finalidade de visitar os Faróis desta costa. Esta expedição foi realizada em
um período de 6 hs devido às paradas para fotografias e registros dos faróis. Por este motivo
tivemos que hospedar em um hotel. Ao retornarmos seguimos o percurso ao entorno da Lagoa
dos Patos para visitação dos Faróis desta região. O segundo roteiro foi o percurso de Rio
Grande a Barra do Chuí com o intuito de registrar o estado de conservação do Farol da Barra
do Chuí. Para a concretização do presente trabalho foi investido um total de R$ 910,00,
conforme tabela 4.
90
Tabela 4 – Representação dos investimentos do projeto
Produto Quantidade Valor Valor
unitária unitário (R$) total (R$)
Automóvel (de Rio Grande até Mostardas) 3 110, 00 330,00
Automóvel (de rio Grande até Santa Vitória 3 130,00 390,00
do Palmar)
Balsa (Trans porte Hidroviário) 3 60,00 180,00
Xerox de mate rial 1 10,00 10,00
Custos com hospedagem 4 80,00 320,00
Custos com alimentação 4 100,00 400,00
Total 1.630,00
18 RECURSOS
19 ANÁLISES E RESULTADOS
91
das ondas e dos ventos, enfrentam agora seus piores inimigos: o vandalismo, o abandono, a
ferrugem e a solidão. É importante ações que gerem a conscientização, pois o conhecimento
da história e da importância dos faróis lhes garantirá a sobrevivência, e também a nossa, já
que os faróis foram criados para salvar vidas informando os perigos do percurso.
20 CONCLUSÃO: PRESERVAÇÃO
A curiosidade nos leva a querer saber e contemplar o que está escondido dentro do
farol, mesmo que seja somente uma escada em caracol que leva ao seu topo. Conquistá- la
subindo degrau por degrau é gratificante, uma vez que obtemos uma vista formidável lá de
cima. Além disso, em alguns faróis, em sua base há pequenos museus, com dados,
curiosidades e fotos deste e de outros faróis. Percebemos com a entrevista, o quanto esta foi
motivadora, emocionante e recompensadora, pois foi possível conhecer histórias e os
profissionais atuantes desses “gigantes da costa” e entender a importância e a evolução desse
monumento cultural de importância incontestável para navegação brasileira e para seus
navegantes, mesmo com aparatos tecnológicos modernos, a luz de um farol é a confirmação
mais segura do rumo seguido pelos usuários do mar. Com isto, recomendamos aos “marujos”,
curiosos e amantes do mar a visita ao farol da Barra do Chuí, no extremo Sul do Brasil, já que
este é aberto ao público, à entrada é franca, e a recepção é calorosa pelos profissionais
atuantes. Com as expedições podemos concluir que os faróis da Costa Sul Rio-Grandense são
guarnecidos pela Marinha Brasileira. Estes se apresentam em ótimo estado de conservação e
plena atuação, sendo apenas o da Barra do Chuí aberto ao público. Porém os faróis e faroletes
das Lagoas Mirim e dos Patos não estão em funcionamento devido ao baixo fluxo de
embarcações nestas, além disso, encontram-se abandonados e depredados, sendo que muitos
destes nem apresentam a sistema de iluminação interno. No entanto, conforme a Carta de
Veneza, documento aprovado em Veneza durante o II Congresso dos Arquitetos e Técnicos
dos Monumentos Históricos, publicada pelo ICOMOS em 1966. Sendo o ICOMOS o
Conselho Internacional de Monumentos e Sítios com um comitê no Brasil, cita que:
"A conservação e o restauro dos monumentos constituem uma disciplina que
apela à colaboração de todas as ciências e de todas as técnicas que possam contribuir para o
estudo e salvaguarda do patrimônio monumental."
Porém, através de registros realizados nas expedições, conc lui-se que no Sul do
país a preservação do patrimônio cultural não é vista pela sociedade brasileira e pelas
92
autoridades como fundamental. Já que a preservação de nossa identidade cultural deveria ser a
meta de toda política de preservação de bens culturais. Entretanto a falta de compreensão da
preservação destes bens promove um processo de degradação e destruição física e social,
contudo a responsabilidade de preservação do patrimônio é de cada cidadão e não apenas do
Estado, porém cabe ao cidadão prestigiar e cobrar do governo leis que amparem e assistam o
patrimônio histórico e cultural brasileiro.
93
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102
ANEXO
Documento de autorização de Imagem.
103