Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE BACABAL


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL BACHARELADO
DISCIPLINA DE MECÂNICA DOS SOLOS I

ESTUDO DE CASO: RECALQUE OCORRIDO NA TORRE DE PIZA

BACABAL
2022
EDER LUANDERSON PEREIRA DE OLIVEIRA

ESTUDO DE CASO: RECALQUE OCORRIDO NA TORRE DE PIZA

Atividade de pesquisa em relação à estudo de caso,


apresentada como requisito para obtenção de nota da
disciplina de Mecânica dos Solos I, do sexto período do
Curso de Engenharia Civil Bacharelado, da Universidade
Estadual do Maranhão, do Centro de Estudos Superiores de
Bacabal.

Professor(a): Me. Natália Cutrim

BACABAL
2022
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Torre de Pisa ladeada pela Catedral de Pisa.............................................................. 6


Figura 2 – Cronologia da construção .......................................................................................... 7
Figura 3 – Detalhes da Estrutura ................................................................................................ 8
Figura 4 – Perfil do solo sob a terra.......................................................................................... 10
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5
1 OBJETIVO ................................................................................................................... 6
1.1 A TORRE ....................................................................................................................... 6
1.2 CARACTERISTÍCAS DA TORRE ............................................................................... 7
2 PROBLEMÁTICA ....................................................................................................... 8
2.1 ASPECTOS DO SOLO ................................................................................................. 9
3 CONCLUSÃO DA CAUSA ....................................................................................... 10
4 RESOLUÇÃO ............................................................................................................. 11
4.1 SOLUÇÃO PERMANENTE E MÉTODOS GEOTÉCNICOS ................................... 11
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 13
5

INTRODUÇÃO

É sabido que para realizar determinados trabalhos, é necessário seguir etapas de um


processo, nas quais sejam profundamente fundamentadas, para que então o resultado final
obtido seja o mais eficiente possível. Tendo em vista isso, a engenharia civil é um ramo
direcionado veementemente nesse princípio. O hodierno trabalho será mais especificamente
relacionado a uma das etapas iniciais para a construção de uma edificação, na qual se concentra
no estudo da mecânica dos solos, sendo essencial para a definição das características do solo
local, influenciando na tomada de decisão que dará prosseguimento principalmente na fundação
e estrutura.
Isto posto, é importante citar que, todas as estruturas são edificadas sob solos dos mais
diversos e cada um com características próprias, no quais serão submetidos a cargas e nossos,
geralmente sofrem o conhecido recalque, que nada mais é do que uma deformação vertical do
terreno, deformação do solo, ou seja, um rebaixamento devido ao adensamento do solo sob sua
formação. O recalque é bastante comentado nas áreas da construção civil em virtude de, por
vezes, influenciar a consistência e qualidade das construções.
Em referência ao presente trabalho, a obra escolhida é Torre de Pisa, que ficou famosa
por conta de um erro causado na fase inicial do projeto, pois não foi feito um estudo completo
visando que a mesma fosse realizada da forma mais segura, durável, econômica, dentre outras
atribuições. Embora na época realmente não tinham tantos embasamentos teóricos e práticos
quanto temos na atualidade.
6

1. OBJETIVO

O vigente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso relacionado à


mecânica dos solos, o mesmo será abordado um caso real com embasamento teórico,
identificando os tipos de patologias encontrado, quais foram as medidas de controle das
movimentações e a análise das decisões dos engenheiros responsáveis pelo caso especifico, no
qual é referente à Torre de Pisa.

1.1 A TORRE

A torre pendente de Pisa, internacionalmente conhecida como Torre de Pisa (Figura 1)


é localizada a 263 km de Roma, na cidade de Pisa, Itália. Pesquisadores indicam que a torre
começou a ser construída exatamente em 9 de agosto de 1173, e foi concluída a quase 200 anos
depois, aproximadamente no ano de 1370. Além disso, o edifício foi declarado Patrimônio
Mundial pela Unesco, em 1987 (TODA MATÉRIA, [s. d.]).

Figura 1 – Torre de Pisa ladeada pela Catedral de Pisa

Fonte: CRAVEN, 20191

Inicialmente o principal intuito para qual a obra foi concebida, foi para abrigar os sinos
da catedral da cidade de Pisa. De início, não se sabe qual foi exatamente o arquiteto ou
engenheiro autor do projeto da torre, mas há evidencias de ter sido o escultor italiano Bonanno
Pisano, além disso, alguns historiadores afirmam que Giorgio Vasari atribuiu equivocadamente
o projeto a Pisano. Já para a segunda e terceira etapa de construção, foram atribuídas as autorias

1
Disponível em: <https://www.thoughtco.com/leaning-towers-from-pisa-and-beyond-4065247>. Acesso em: 29
set. 22.
7

de, respectivamente, Giovanni di Simone, no qual retomou a construção em 1272 depois de


quase um século paralisada, e Andrea Pisano, que posteriormente concluiu com a sino-câmera
em 1370 (MACEDO, 2019).
Os motivos por ter sido tão demorada sua conclusão e por haver uma divisão em etapas
da construção, foi que, além dos problemas de inclinação, existia também a parte política, a
qual mais influenciou esse retardamento, tais problemas políticos estavam relacionados a
guerras da época, que impediram que a torre progredisse em subsequência (Figura 2).

Figura 2 – Cronologia da construção

Fonte: BOUÇAS & RIBEIRO, 19992

Já hoje, devido aos erros que causaram a inclinação, a Torre de Pisa é muito mais famosa
do que poderia ser se não houvesse essa característica (inclinação), assim, atraindo diversos
turistas de todo o globo terrestre todos os anos. Ainda que detenha uma vasta reputação por
conta de sua pendencia, a edificação não é a mais inclinada do mundo.

1.2 CARACTERÍSTICAS DA TORRE

Apesar de despertar curiosidades sobre o interior da torre, ela não é um edifício sólido
formado por diversas salas. Na verdade, além da bela arquitetura, a edificação possui uma
funcionalidade simples, contendo uma escada helicoidal com propósito de dar acesso ao local
dos sinos. A Torre de Pisa é composta por um corpo de pedra cilíndrico cercado por galerias
abertas com arcadas e pilares apoiados em um eixo inferior, com o campanário no topo. O corpo
central é composto por um cilindro oco com uma face externa de blocos moldados em mármore

2
Disponível em:
<https://civil.fe.up.pt/pub/apoio/ano5/seminario/trabalhos/RRF____DESACTIVADO_POR_ALVARO_AZEVE
DO/Trabalho/Exem%20de%20Pisa/torre_de_pisa.htm>. Acesso em: 29 set. 2022.
8

branco e calcário cinza de San Giuliano. Além disso, destaca-se que, a alvenaria de cerca de
4,09 metros na base e 2,48 metros no topo (Figura 3) possui enchimento com entulho e
argamassa (CRAVEN, 2019).

Figura 3 – Detalhes da Estrutura

Fonte: BOUÇAS & RIBEIRO, 19993

Outras características importantes a se apresentar é que a Torre de Pisa possui 8 níveis,


sendo, no lado mais baixo, a altura do solo até o topo é de 55,86 metros, já no lado mais alto, é
de aproximadamente 56,70 metros. O seu diâmetro é 15,50 metros na parte mais larga e 9,50
metros na parte mais estreita. Seu peso é estimado em 14.700 toneladas. Além disso, a escada
existente é composta por 296 ou 294 degraus, a dúvida se dá por conta de que o sétimo andar
da face norte possui dois degraus a menos. Ademais, a título de curiosidade, dentro dela existem
7 sinos, correspondentes a cada nota musical, com pesos variando de 300 kg a 3600 kg
(SHEETZ, [s. d.]). Já no tocante à fundação, de forma básica, a mesma é anelar medindo cerca
de 9,80 metros de raio com círculo vazio no centro de 4,50 metros de diâmetro e peso estimado
em 144,5 MN (BOUÇAS & RIBEIRO, 1999).

2. PROBLEMÁTICA

Durante a construção preliminar da torre, quando um total de três pavimentos foram


construídos, a construção estabeleceu uma inclinação para o norte, por conta disso e de questões

3
Disponível em:
<https://civil.fe.up.pt/pub/apoio/ano5/seminario/trabalhos/RRF____DESACTIVADO_POR_ALVARO_AZEVE
DO/Trabalho/Exem%20de%20Pisa/torre_de_pisa.htm>. Acesso em: 29 set. 2022.
9

políticas, a obra foi paralisada. Consequentemente, quando o trabalho recomeçou em 1272


(após um intervalo de quase 100 anos), a torre estava inclinada em um ângulo de 0,27°. Nesse
mesmo período, para compensar o desaprumo, os responsáveis da época pela obra construíram
andares com um lado mais alto do que o outro, isso fez a torre começar a inclinar-se em outra
direção, devido a isso, a torre é realmente curva. Assim sendo, na conclusão do sétimo
pavimento da torre, percebeu-se que inclinação estava para o sul em um ângulo de 0,67°,
portanto, novamente devido a problemas políticos, ocorreu a segunda grande pausa na
construção (PANWAR, [s. d.]).
Após quase 90 anos parada, retomou-se novamente a obra. Na vez, foi adicionada a
sino-câmera, chegando na finalização da torre. No ano de 1360, o grau de inclinação da torre já
totalizava cerca de 1,60°. Com o passar dos anos, a inclinação continuou a aumentar, e, em
1817, o ângulo de inclinação da torre já era de surpreendentes de 4,87º (PANWAR, [s. d.]).
A condição piorou em 1838, quando o arquiteto italiano Alessandro della Gherardesca
interveio na fundação da torre com intuito de corrigir a inclinação. Infelizmente, à medida que
a escavação se estendia abaixo do nível das águas subterrâneas, a água entrava na cavidade de
modo que a inclinação sul da torre, que antes era de 4,87°, evoluísse cerca de 0,575°. No ano
de 1928, quatro estações de nivelamento foram instaladas perto da área da fundação para medir
a inclinação da torre.
A torre tem sido muito sensível a interrupções no solo e modificações nas condições das
águas subterrâneas. Na década de 1930, 361 buracos foram perfurados na alvenaria da fundação
e 80 toneladas de rejunte foram injetadas para fortalecer o trabalho em pedra. Naquela época,
como resultado de perturbações do solo e redução temporária das águas subterrâneas, houve
um aumento repentino na inclinação da torre. Em 1970, o bombeamento de água das areias
aluviais desencadeou subsidência e a torre inclinou-se mais para o sul. Em 1990, observou-se
que a torre estava inclinada para o sul e atingira um ângulo máximo de aproximadamente 5,50°
(PANWAR, [s. d.]).
Ao longo dos séculos, percebe-se que houveram diversas tentativas de remover ou
reduzir a inclinação da torre, mas só resultaram na piora da situação. Até que, em 1990, uma
comissão especial designada pelo governo italiano, determinou que a torre não era mais segura
para os turistas, a fechou e começou a criar maneiras de tornar o edifício mais seguro. Sendo
posteriormente reaberta ao público 11 anos depois.

2.1 ASPECTOS DO SOLO


10

Baseado nos resultados de variados ensaios ao solo sob a Torre, nos quais referem-se a
amostras indeformadas, ensaios de piezocone, ensaios sísmicos, e uma grande variedade de
ensaios laboratoriais, concluiu-se que, a camada de solo abaixo da Torre consiste em três tipos
de solo: os dez primeiros metros são compostos por areia e silte argiloso. Abaixo da camada de
areia e silte argiloso há uma camada com cerca de 30 metros de profundidade formados por
argila marinha, um solo que perde muita rigidez quando submetido a tensões. Nos 20 metros
seguintes, existe uma camada de areia marinha densa, conforme apresentado na Figura 4. O
contato entre a camada A (Horizon A) e a camada B (Horizon B) abaixo da Torre se apresenta
de forma côncava, o que indica um adensamento na camada B provocada pela distribuição de
tensões da fundação.

Figura 4 – Perfil do solo sob a terra

Fonte: PANWAR, [s. d.]4

3. CONCLUSÃO DA CAUSA

O rápido aumento no processo de inclinação de qualquer edifício ou torre no final do


processo de construção é conhecido como instabilidade de inclinação. A instabilidade inclinada
de uma estrutura alta e estreita ocorre a uma altura crítica quando o momento de capotagem
gerado por um pequeno aumento na inclinação é igual ou maior que o correspondente momento
de resistência gerado pelas fundações. A instabilidade de inclinação não se deve à falta de força
do solo, mas à rigidez insuficiente. É evidente que a combinação do solo muito macio e da
geometria resultou na torre de Pisa atingindo sua altura crítica.

4
Disponível em: < https://theconstructor.org/case-study/leaning-tower-of-pisa-tilt/63377/>. Acesso em: 29 set.
2022.
11

Para complementar, os fatores que contribuíram para a inclinação, além dos problemas
aqui citados, nos quais fazem parte a característica física solo e do mal dimensionamento da
fundação no projeto inicial, foi a mudança no lençol freático causando subsidência na areia
aluvial, tempestades fortes e a variação de temperatura nos verões, que causou a mudança na
estabilidade inclinada da torre.

4. RESOLUÇÃO

Como foi visto anteriormente, durante centenas de anos, houveram diversas tentativas
falhas de consertar a Torre de Piza. Até que, em 1990, preocupados com o aumento progressivo
da inclinação da Torre e com o risco iminente de desabamento da estrutura, o governo da Itália
instaurou um Comitê Internacional, com o intuito de estabilizar a Torre e garantir a sua
segurança. Devido a isso, o ponto turístico foi fechado ao público, consequentemente, deu-se
início a uma operação para reforço e estabilização da edificação.
O encarregado responsável pelo serviço foi John Burland, professor de mecânica do
solo, que, em termos básicos, utilizou do sistema de remoção do solo do lado norte, a fim de
fazer o edifício se instalar novamente no chão e, assim, reduzir a inclinação. Isso funcionou e a
torre foi reaberta ao turismo em 2001. Antes do trabalho de restauração realizado entre 1990 e
2001 a torre estava inclinada com um ângulo de 5,5 graus, estando agora a torre inclinada em
cerca de 3,99 graus.

4.1 SOLUÇÃO PERMANENTE E MÉTODOS GEOTÉCNICOS

Para girar permanentemente a torre de volta na direção norte, o comitê procurou uma
solução permanente e conduziu ensaios para vários métodos. Esses métodos incluíam drenagem
abaixo da fundação norte usando poços, consolidação abaixo da fundação norte por eletro-
osmose e carregamento do solo ao redor da fundação norte usando uma laje premente carregada
por âncoras no solo. No entanto, nenhum desses métodos provou ser satisfatório.
Depois disso, o comitê decidiu adotar o método de subsidência induzido no lado norte
da torre. Os seguintes pontos descrevem o método de subsidência induzido para girar a torre de
volta no lado norte:
• Este método envolve a instalação de vários tubos de extração de solo logo abaixo do
lado norte da fundação;
12

• Este método foi conduzido primeiro no teste instalado perto da área da torre. A base do
teste foi girada com sucesso para 0,25°;
• Em agosto de 1998, o trabalho real de estabilização permanente começou na fundação
norte da torre. A princípio, um pequeno volume de solo foi extraído do lado norte da
fundação, o que resultou na formação de uma cavidade. A cavidade começou a fechar
automaticamente devido à pressão de sobrecarga e resultou na pequena subsidência da
superfície;
• O processo mencionado acima foi adotado para toda a largura do lado norte da fundação.
Cerca de 41 orifícios de extração foram instalados no lado norte da fundação, com um
espaçamento de 0,5 m.
• Após a subsidência totalmente induzida, a torre girou significativamente em direção ao
lado norte.
13

REFERÊNCIAS

TORRE de Pisa. Toda Matéria, s. d. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/torre-


de-pisa/>. Acesso em: 27 set. 2022.
MACEDO, Márcia. Torre de Pisa. EducaMaisBrasil, 2019. Disponível em:
<https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/torre-de-pisa>. Acesso em: 29 set. 2022.
SHEETZ, Kathleen. Leaning Tower of Pisa. Britannica, s. d. Disponível em:
<https://www.britannica.com/topic/Leaning-Tower-of-Pisa>. Acesso em: 29 set. 2022.
BOUÇAS & RIBEIRO, J. M. O. N., J. T. A. P. FEUP, 1999. Disponível em:
<https://civil.fe.up.pt/pub/apoio/ano5/seminario/trabalhos/RRF____DESACTIVADO_POR_
ALVARO_AZEVEDO/Trabalho/Exem%20de%20Pisa/torre_de_pisa.htm>. Acesso em: 29
set. 2022.
PANWAR, Ravi. Tower of Pisa: An Architectural Marvel or Engineering Failure? The
Constructor, s. d. Disponível em: <https://theconstructor.org/case-study/leaning-tower-of-
pisa-tilt/63377/>. Acesso em: 30 set. 2022.

Você também pode gostar