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BRUNNA NOBRE
EDUARDA QUEIROZ
LETÍCIA CALDAS
YURI CRUZ
MACEIÓ-AL
2022
BRUNNA NOBRE
EDUARDA QUEIROZ
LETÍCIA CALDAS
YURI CRUZ
MACEIÓ-AL
2022
SUMÁRIO
1. Introdução………………………………………………………………………….……………………………………..….04
2. Pesquisa Histórica………………………………………………………………………………………………….……....04
2.1. Contexto Urbano - Área do Projeto…………………………………………………………..………….………..04
2.2. Contexto Histórico - Edificação………………………………………………………………….…………..…….05
3. Levantamento Cadastral……….............................................................................................................................06
4. Diagnóstico de Patologias……………………………………………………..……………………………………….…09
5. Prognóstico de Patologias……………………………………………………………………………………….……….37
6. Proposta de Restauro……………………………………………………………………………………………………...47
6.1. Justificativa………………………………………………………………………………………………………….47
6.2 Proposta………………………………………………………………………………………………………………47
7. Conclusão…………………………………………………………………………………………………………………...49
8. Referências………………………………………………………………………………………………………………….49
9. Anexos……………………………………………………………………………………………………………………….50
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1. INTRODUÇÃO
O bem material de um local, é de extrema relevância para sua cidade e todos que nela habitam, contudo, nem sempre
esse bens recebem a atenção e cuidado devido, necessitando de manutenção e de procedimentos de conservação adequados,
sendo a restauração o recurso a ser utilizado em último caso. A escolha da edificação como objeto de estudo foi feita tendo em
vista se tratar de uma edificação importante devido a sua contribuição para evolução histórica na formação da cidade de Maceió.
Dessa forma, foram realizados os levantamentos histórico, fotográfico e cadastral para obter mais dados sobre o local com o
objetivo de exercitar conceitos e fundamentos teóricos essenciais relativos à preservação e restauração do patrimônio cultural.
Para este trabalho, a edificação escolhida foi a Cruz Vermelha de Maceió - Filial de Alagoas, localizada no bairro da
Mangabeiras, hoje área nobre e muito movimentada da cidade. A Cruz Vermelha foi fundada em 1908 no Rio de Janeiro e desde
então possui diversas unidades pelo Brasil, de acordo com os dados disponíveis em sua página do Facebook, a instituição é uma
organização humanitária que busca promover a paz e aliviar o sofrimento humano através de ações de solidariedade.
Contudo, em relação à sede da Cruz Vermelha em Maceió, as informações são bem escassas e os poucos dados obtidos
foram através de Agarina Vasconcelos, que trabalha na organização há mais de 50 anos e atualmente ocupa o cargo de
presidente da Cruz Vermelha - Filial de Alagoas. Por conta disso, o levantamento histórico ficou comprometido, visto que pouco se
sabe do local, como por exemplo quando foi construído e quem é o autor do projeto. Já o levantamento cadastral pôde ser feito
sem muitos problemas.
2. PESQUISA HISTÓRICA
Segundo o jornalista Jair Pimentel (O JORNAL, 1996), espremido entre o morro do Jacintinho e o mar, o bairro de
Mangabeiras originalmente era um imenso sítio, onde se plantava fruteiras, principalmente a mangaba, típica de Alagoas e muito
consumida pela população. De acordo com Edberto Ticianeli (2018), após assumir o governo em 12 de junho de 1918, Fernandes
Lima iniciou imediatamente as ações para a construção da Estrada do Norte, sendo que o primeiro trecho inaugurado em fins de
1920 tinha 21 quilômetros e ligava Maceió a Ipioca. Dessa forma, as antigas casas dos proprietários dos sítios foram dando lugar a
edificações comerciais e edifícios verticais altos. Restando apenas as edificações do Orfanato São Domingos e da Cruz Vermelha.
As construções mais antigas do bairro apresentam características arquitetônicas ecléticas, misturando elementos da
arquitetura colonial com elementos de influência neoclássica. Neste bairro, tem-se acesso a um dos mais importantes santuários
da cidade o da Virgem dos Pobres (1983), ao Shopping Center Iguatemi (1989) e também a sede da maior fábrica de
beneficiamento de coco da América Latina: a Sococo Indústrias Alimentícias (1960).
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2.2. Contexto Histórico - Edificação
O mais antigo prédio de Mangabeiras é o Orfanato São Domingos, construído em 1921, seguindo pelo segundo mais
antigo, onde se encontram as instalações da Cruz Vermelha, construído logo após o orfanato, em meados do século XX. O prédio
consiste em um casarão com características ecléticas. Mistura características arquitetônicas do estilo neoclássico, como por
exemplo a simetria dos pilares, a geometria e a regularidade encontrada na estrutura arquitetônica (imagem 02 e 03) e
características do estilo colonial das casas-grandes dos engenhos de açúcar, perceptível na distância em relação ao solo natural,
recomendada como forma de isolamento da umidade do solo (Arquitetura na formação do Brasil, 2006). O telhado, sempre em
quatro águas, estendendo-se no mesmo plano inclinado, para cobrir também os alpendres que acompanhavam as fachadas.
Não houve alterações na arquitetura ou estrutura do casarão, apenas a manutenção do mesmo com reparos e pinturas. Já
nas casas que foram executadas posteriormente como anexo da edificação antiga, foram feitas reformas e novas construções nos
espaços vazios do terreno.
Também não se tem conhecimento de quem originalmente foi o dono da edificação, contudo segundo Agarina Vasconcelos
(2022), foi propriedade e moradia por muitos anos de José Fernandes de Barros Lima, ex-governador de Alagoas, e de sua família.
Após a morte da esposa de Fernandes Lima, a família teria se mudando da propriedade, deixando apenas um funcionário morando
lá e cuidando da edificação, até que ela foi doada à Cruz Vermelha Brasileira e desde então, a edificação tem como função abrigar
a sede da instituição na cidade de Maceió, apresentando atualmente algumas ampliações além da edificação mais antiga.
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Atualmente o imóvel da Cruz Vermelha Filial Alagoas é considerado uma Unidade Especial de Preservação (UEP) pelo
Plano Diretor de Maceió, contudo não fica claro quais elementos dela devem ser preservados.
3. LEVANTAMENTO CADASTRAL
O levantamento consiste na medição de todos os elementos da edificação, sejam eles estruturais, esquadrias, decorativos,
externos ou internos. Para sua realização, foram utilizadas a mangueira de nível, uma trena manuel emborrachada de 5,00 metros
(para os ambientes menores) e uma trena longa em fibra de 50,00 metros (para medidas maiores e de difícil acesso, como as
diagonais dos ambientes). Também foi feito uso da fotogrametria aproximada para obter as dimensões dos ornamentos das
paredes, bancos e pilares, além dos gradis das janelas.
Não houve empecilhos na realização das medições pois, mesmo em funcionamento, não é um local com muito fluxo de
pessoas e nem muito volume de mobiliário que pudessem atrapalhar as medições, além do que os funcionários foram muito
solícitos com a equipe.
Pelas plantas e cortes mostrados a seguir, dá para visualizar como se dispõem os ambientes considerando a atual função
como sede da Cruz Vermelha, mas que originalmente foi pensado com função de moradia. De acordo com Edberto Ticianeli
(2015), Fernandes Lima casou-se com Olímpia Falcão Lima, com quem teve 11 filhos. Alguns deles apresentavam problemas
psiquiátricos em níveis diferentes. Sua esposa cometeu o suicídio em 1965, pulando dentro do poço da Vila Britânia, em
Mangabeiras, onde residiram por muito tempo. Posteriormente, o local recebeu a Cruz Vermelha. Segundo Agarina Vasconcelos,
atual presidente da filial da Cruz Vermelha em Maceió, onde hoje estão as salas da secretaria e do financeiro, antes eram os
quartos das filhas do ex-governador e acredita-se que as grades instaladas nas janelas foram devido aos problemas psiquiátricos
que elas apresentavam.
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Já nas fachadas, é possível ver mais dos detalhes que compõem a estrutura, como por exemplo as esquadrias simétricas.
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DIAGNÓSTICO DE
PATOLOGIAS
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4. DIAGNÓSTICO DE PATOLOGIAS
Nesta etapa, a partir das visitas e levantamentos feitos na edificação, foi possível formular fichas que apresentam mais
detalhes sobre o local, além das patologias nele presentes. As fichas foram divididas em dois tipos, a 1ª mostra uma planta baixa
onde é possível visualizar o ambiente a ser comentado e logo abaixo estão expostas as informações sobre parede, piso, teto e
esquadrias desse local, bem como o estado de conservação de cada um dos itens.
Já a ficha 2 mostra imagens tiradas pela equipe no ambiente em questão, além de um texto mais detalhado explicando as
patologias presentes, bem como uma melhor formulação do estado de conservação. Além disso, também apresenta uma planta
baixa com o ambiente destacado e os ângulos em que as fotos foram tiradas.
Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - apresenta desgaste em algumas partes, porém, em sua maioria, está em bom estado.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - paredes desgastadas e com tinta descascada, em algumas áreas. Pequenas fissuras
superficiais, além de mais comprometedora no topo do arco do corredor. Mas, em geral, está em bom estado.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - está em bom estado, porém, apresenta uma abertura onde da para ver a estrutura interna e a
fiação.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha
OBSERVAÇÕES:
Foto 3: perspectiva 1
OBSERVAÇÕES:
Foto 6: perspectiva 2
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pouco danificado em geral. As áreas próximas as paredes são as mais danificadas.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - com algumas manchas e desgastes. Rodapé bastante prejudicado e com áreas sem a tinta.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - danificadas, com desgaste de pintura e um pouco de oxidação do ferro das dobradiças.
OBSERVAÇÕES:
Foto 8: perspectiva 2
OBSERVAÇÕES:
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - em geral, está em bom estado. Nas laterais está mais desgastado.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura um pouco desgastada, além da presença de algumas fissuras não tão profundas. Foi
refeito recentemente um novo peitoril para uma das janelas, estando o mesmo ainda sem revestimento.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura desgastada, principalmente nas janelas. Madeira pouco desgastada.
OBSERVAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura um pouco desgastada, além da presença de algumas fissuras nos arcos não tão
profundas.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - bom estado de conservação, com algumas aberturas causando desgaste na parede.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha
OBSERVAÇÕES:
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - apresenta desgaste em algumas partes, porém, em sua maioria, está em bom estado.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura um pouco desgastada, além da presença de algumas fissuras não tão profundas.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - janelas feitas de madeira com detalhes de vidro e fechamento vazado em ferro e porta feita de madeira, ambas as
parte de madeira e ferro são revestidas com tinta acrílica vermelha
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura desgastada, na porta e janelas. Madeira, vidro e ferro pouco desgastados.
OBSERVAÇÕES:
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - apresenta desgaste em algumas partes, porém, em sua maioria, está em bom estado.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura desgastada, principalmente nas janelas. Madeira pouco desgastada.
OBSERVAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
PISO:
MATERIAL - ladrilho hidráulico nas cores vermelho e branco formando um desenho geométrico.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - apresenta desgaste em algumas partes, porém, em sua maioria, está em bom estado.
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - paredes descascadas e desgaste de tinta, em algumas áreas, além de fissuras não tão
profundas.
TETO:
MATERIAL - forro de PVC e estrutura de caibros e ripas em madeira.
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura desgastada, principalmente nas janelas. Madeira pouco desgastada.
OBSERVAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
PISO:
MATERIAL - cimento queimado com pigmentação vermelha
PAREDE:
MATERIAL - estrutura de alvenaria rebocada com revestimento de tinta acrílica branca.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - paredes descascadas e desgaste de tinta, mostrando diversas camadas do revestimento
TETO:
MATERIAL - estrutura de madeira com telhas cerâmica
ESQUADRIAS:
MATERIAL - tanto as portas quanto as janelas são feitas de madeira e revestidas com tinta acrílica vermelha. Também
apresentando gradil
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - pintura desgastada, principalmente nas janelas. Madeira pouco desgastada. Gradil enferrujando
OBSERVAÇÕES:
OBSERVAÇÕES:
Foto 43: Vista oeste-leste Foto 44: Vista oeste-leste, na metade da fachada
OBSERVAÇÕES:
Foto 46: Vista sul-norte. Foto 47: Vista norte sul, perímetro externo
OBSERVAÇÕES:
Foto 49: Vista leste-oeste. Foto 50: Vista leste-oeste, no fim da fachada
OBSERVAÇÕES:
PAREDES
Materiais: alvenaria rebocada e pintura acrílica.
Descrição: o principal problema encontrado é o descascamento tanto do reboco quanto da pintura, tanto nas paredes externas
quanto internas. Um fator de causa para a desagregação do reboco é a umidade excessiva, além da perde de adesão do reboco com a
alvenaria. Já falando da pintura, além da umidade, outras causas podem ser água de chuva (ou proveniente de qualquer meio) em
excesso, má aplicação da tinta ou reações químicas provenientes da alcalinidade da cal com o cimento em contato com a a água.
Com relação as fissuras que, em geral, são de leve profundidade, uma das principais causas é o excesso de carga. Já os
microrganismo que não são tão recorrentes, aparecendo apenas na parede do corredor e de um dos cômodos, tem a sua presença
ligada a umidade excessiva.
Orientação: para desagregação da pintura - a solução começa numa bom preparação da superfície. Para tal, o local deve estar
limpo e seco, qualquer imperfeição ou perda de reboco deve ser corrigida (será explicado adiante), além de que deverá ser
utilizada um escova para retirar alguma parte solta e uma lixa para eliminar qualquer brilho. Após esses processos, a superfície
deve ser lavada com água e sabão e, em caso de presença de microrganismos, deverá ser feita uma limpeza mais específica que
também será explicada mais adiante. Para uma pintura a base de cal, após a secagem completa da superfície, a tinta deve ser
diluída com água, até se tornar um leite grosso, e aplicada com uma primeira demão mais fluida e horizontal com uma proporção
de 1 leite pra 3 águas, a segunda aplicada verticalmente com uma proporção de 1:2 e por ai vai, sempre alternando o sentido e
com a mesma proporção de 1:2. Com 3 demãos, geralmente já se tem a pintura ideal, que pode ser batida com uma escova para
que as direções das camadas não fiquem visíveis;
PAREDES
para desagregação do reboco - para o conserto do reboco é necessária a remoção das partes soltas e danificadas a partir de
cortes regulares que vão até a base da alvenaria. Após o corte, os restos de materiais devem ser removidos com uma escova de
cerdas duras e as juntas cortadas a uma profundidade de, no mínimo, 16cm para uma melhor aderência do novo reboco, porém,
antes de sua colocação, a superfície deve ser molhada com uma solução de água e cimento para reduzir a sucção. Com isso, já é
possível aplicar a 1ª camada de argamassa, emboço, que é a mistura de cal e areia grossa e possui um traço de 1:2. Já a 2ª camada,
reboco, é uma argamassa de cal e areia fina com um traço de 1:3. Ambas as camadas devem ser alisadas com uma
desempenadeira dentada para uma melhor aderência do reboco ao acabamento;
para fissuras - o procedimento recomendado é o selamento dessas aberturas, porém, antes disso, deve-se ter certeza de que é
apenas um problema superficial e não estrutural. Para isso, é necessário acompanhamento de um profissional da área que saiba
avaliar cada situação. Constatado que as fissuras são superficiais, o procedimento a ser feito é a limpeza das áreas por meio de
escareamento, em seguida, após molhar a alvenaria, é feito o preenchimento da abertura com argamassa forte de cal e areia. Após
esses processos, basta seguir as orientações para reintegração de reboco e pintura já citadas anteriormente;
para presença de microrganismos - antes de qualquer ação, se faz necessária a identificação e bloqueio da fonte de umidade
em questão. Para a limpeza da alvenaria, deve ser feita uma lavagem com hipoclorito de sódio a 10%, bastante água e uma escova
de nylon ou aço com cerdas duras. Após a completa secagem, o fungicida deve ser aplicado e retirado após 3 dias por escovação
para assim ser possível a reaplicação do acabamento e da pintura.
Preservação: tanto para externas quanto internas, a cada 2 anos a repintura deve ser feita, visando manter a pintura em bom
estado e também para verificar se existem fissurar superficiais.
PISO INTERNO
Material: ladrilho hidráulico.
Descrição: o piso em geral possui um bom estado, porém, alguns ladrilhos, principalmente nos cantos próximos as paredes, estão
muito desgastados e até mesmo quebrados, A causa principal para tal é uma carga excessiva nos ladrilhos, possivelmente
proveniente de algum móvel colocado e que depois foi retirado do local.
Orientação: para a substituição de um peça que está firmemente presa deve ser feita uma quebra em seu centro, a fim de não
danificar as vizinhas, e retirar todo o resto de peça e argamassa que sobrar. Após esse processo, o local deve ser molhado e a
argamassa formada por cal e areia na proporção de 1:2 deve ser aplicada numa junta de 1,5cm. Para colocação da peça nova, que
deve estar de molho por 24h, basta coloca-la no local e nivela-la com uma tábua batida com um martelo até ela estar no mesmo
nível das vizinhas. Para finalizar, o excesso de argamassa deve ser limpo com uma espoja e o rejuntamento feito após alguns dias.
Preservação: varrer diariamente o piso retirando o máximo de poeira para em seguida, com auxilio de uma pano ou esponja
macia com água e sabão neutro, fazer a limpeza completa. O enxague deve ser feito apenas com água e o piso secado
imediatamente depois.
FORRO INTERNO
Material: PVC (policloreto de vinila).
Preservação: limpar utilizando esponja macia ou pano úmido, bastante água e sabão neutro.
ESQUADRIAS
Material: madeira, ferro.
Situação: desgaste na pintura e madeira, oxidação em pontos da estrutura de ferro.
Descrição: Na edificação estudada, todas as esquadrias analisadas foram diagnosticas com problemas específicos. As
janelas e portas são compostas de madeira que possuem desgaste na pintura e em alguns casos desgaste na madeira por o
uso constante. Em duas janelas em específico, localizadas nas salas da diretoria e vice- diretoria, possuem além da
esquadria de madeira uma estrutura de proteção composta de ferro com oxidação em alguns pontos causadas devido a
umidade.
Orientação: A solução adotada é o preenchimento dos buracos e desgastes, com uma mistura de cola e pó de serra fino da
mesmo tom da madeira original. Deve-se ter os cuidados de escolher uma madeira mais dura que a original e na aplicação
deixar uma camada maior de material para o posterior acabamento.
Já as peças de ferro, deve ser aplicado diretamente no foco da oxidação, uma camada de solução de anticorrosivo.
Preservação: Para uma boa conservação, manter sempre uma pintura integral das superfícies, protegeria dos desgastes e a
aplicação de fungicida e cupinicida garantiria uma maior durabilidade das esquadrias de madeira. Na estrutura de ferro, a
pintura em sua totalidade garantiria maior vida útil.
PISO EXTERNO
Material: cimento queimado
Preservação: A aplicação de substâncias hidro-repelentes sobre as superfícies do piso é essencial, podendo ser usada
também parafina, cera micro-cristalina, produtos acrílicos e os silicones( as vezes misturados a fungicidas e bactericidas
como proteção de ataques biológicos). Antes da aplicação desses produtos, é essencial que a superfície sobre a qual o
produto será aplicado esteja limpa, após esse processo, começa a pintura com auxilio de um pincel ou pistola, formando
uma película sacrifical, que possui uma vida útil, devendo tem a reaplicação do produto periodicamente.
TELHAMENTO EXTERNO
Materiais: Madeira e Telha cerâmica
Situação: Desgaste na madeira e desordenamento na estrutura de telhas,
Descrição: Há um telhado feito com estrutura amadeirada, que apresenta quatro águas. Completamente revestido com telhas
cerâmicas coloniais. Não se sabe ao certo a inclinação do telhado, já que não há como ter acesso ao seu ponto de cumeeira. As telhas
apresentam fissuras e descontinuidade frequente, inclusive deixando terças, caibros e ripas expostos ao sol. O que acaba por acelerar
ainda mais a deterioração das madeiras. Por conta do passar do tempo e intempéries, as madeiras estão começando a apresentar
ranhuras, principalmente nos elementos das terças.
Orientação: Antes de refazer o telhado, é necessário que haja a averiguação da inclinação total do telhado, visto que para telhas
cerâmicas, o recomendado seria de cerca de 30%, no mínimo para que ela possa proporcionar um desague adequado. Feito isso, o
maior fator de deterioração é a falta de uniformidade do telhado, por isso é recomendado um olhar atento a sua estrutura, e refazê-la.
Sempre repondo as brechas e averiguar as causas das quedas das telhas. Aconselha-se verificar mais profundamente nas partes cima
do forro interno se há agentes deterioradores, como animais xilófagos, popularmente conhecido como "cupim".
Preservação: Após a averiguação, caso seja constatada a presença de tais organismos, tomar as medidas cabíveis, tais como:
eliminar fontes de humidade ao redor da madeira assim como impermeabilizar o contato das mesmas com a parede, se livrar das que
apresentam danos irreversíveis e que causem risco à estrutura geral, fazer a troca dessas peças, e realizar imunização regular da
armação. Os maios mais fáceis de imunizar a madeira é através do pincelamento e pulverização, buscando sempre o serviço e a
responsabilidade de um profissional capacitado por conta dos riscos altamente tóxicos dessa prática. Não deixando de verificar a
ocorrência de mais organismos do gênero a cada seis meses, verificando em toda a estrutura.
ESTRUTURAS EXTERNAS
Materiais: Alvenaria rebocada e pintada
Situação: Desgaste aparente na superfície, e deformidade nas formas originais
Descrição: Por todo o entorno, há diversos acúmulos de matéria orgânica, por conta do beiral não ser avantajado em relação aos
limites da edificação, bem como as falhas na cobertura do telhado, deixando tanto a área externa quanto a interna do limite edificável
muito suscetível a microrganismo. Especificamente na parte externa, há diversas fissuras no calçamento feito de concreto, outro local
propício para o crescimento de plantas, bem como a divisão entre colunas no lado noroeste da edificação. Também é notável algumas
partes preenchidas diretamente com cimento na tentativa do mantimento da forma original do objeto, como os bancos presentes na
varanda
Orientação: Após as obras necessárias no telhado, descritas na página anterior, o ideal é uma limpeza regular das partes que estão
expostas à ação da chuva. Usando água limpa juntamente com uma solução de hipoclorito de sódio, se necessário, retocar a pintura.
Evitando tintas acrílicas, e de preferência aplicando tinhas a base de cal. É recomendável verificar se a tinta pode ser misturada a um
produto fungicida, para aumentar a eficácia da prevenção. Sobre as plantas aflorando em juntas, externamente na calçada, o reparo é
feito facilmente com a retirada de todo material orgânico, incluindo as raízes, e preenchendo novamente com material novo, sendo do
mesmo tipo que o material original. A respeito da planta aflorando na junção de duas colunas na parte posterior, é altamente
recomendável a remoção imediata da mesma, pois o seu tamanho juntamente com o acumulo de umidade pode causar danos
novamente a coluna do casarão, que já foi reformada. Danos desse que podem ser fatais para a edificação.
Preservação: Após a retirada, aguardar toda a umidade excessiva exaurir do local, aplicar fungicida, evitando a proliferação de todo
microrganismo restante da planta e posteriormente, assentar o material devido, respeitando as características do edifício.
6. PROPOSTA DE RESTAURO
6.1 Justificativa
A proposta elaborada foi feita devido ao valor histórico e arquitetônico da edificação, por ser uma das edificações
mais antigas do bairro. Sendo assim a proposta apresentada tem como objetivo destacar a importância da conservação de
um bem considerado pela população como chave para compreender a origem do bairro, que por sua vez é importante para
a cidade também. A partir dos dados históricos e cadastrais levantados nas etapas anteriores do trabalhos, foram
elaboradas soluções numa proposta que se baseia principalmente na manutenção da edificação, sem ser necessário
demolição ou construção de qualquer elemento, uma vez que o programa de necessidades e a setorização já são
considerados adequados para o uso atual da edificação como sede da filial alagoana da Cruz Vermelha.
A principal reflexão teórica considerada na proposta foi a Teoria da Restauração (1963), de Cesare Brandi. De acordo
com Beatriz Kuhl, em meados do século 20 vários autores propõem se passar a encarar o restauro como um ato
histórico-crítico, que respeite as fases pelas quais a edificação passou e que preserve as marcas da passagem do tempo.
Com a consciência de que toda vez que alguma intervenção é feita na obra, sua realidade figurativa é alterada, sendo o
processo de restauro responsável por servir de instrumento para configurar, controlar e justificar as intervenções feitas, as
quais devem respeitar os aspectos documentais, materiais e formais da edificação.
Dessa forma, optou-se por uma abordagem de uma proposta restaurativa mais voltada para manutenção e
conservação das características da edificação, com aplicação de técnicas de manutenção que não agridam seus materiais.
6.2 Proposta
A edificação serve atualmente como prédio central das instalações da Cruz Vermelha (fazendo parte de um conjunto
de edificações no lote que pertencem à organização e com outras funções), abrigando todas as atividades administrativas.
Uma vez que já atende de forma satisfatória as demandas necessárias para suportar as atividades que são realizadas lá,
será mantida a mesma setorização de ambientes:
- Recepção (53,51m²);
- Secretaria (18,36m²);
- Financeiro (17,29m²);
- Vice-diretoria (11,71m²);
- Diretoria (11,03m²);
- Sala de convivência (45,86m²)
- Circulação (15,53m²)
Devido a pré-existência de uma abertura no forro da Recepção propõe-se a instalação de um acesso tipo alçapão no
local servindo para futuras manutenções (Imagem 12).
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A maior intervenção proposta, contudo, é a troca do madeiramento e telhamento da cobertura da edificação, tendo
em vista o estado degradado em que se encontra atualmente, sugerindo-se adotar uma inclinação de no máximo 30% para
o adequado escoamento das águas pluviais (Figura 13).
Diante do conteúdo apresentado é possível notar a complexidade de um projeto de restauro, que deve ser feito de
forma meticulosa e detalhada devido a responsabilidade que carrega em ser o instrumento orientador da abordagem e
metodologia utilizados no processo de conservação do patrimônio. Devido ao baixo nível de degradação da edificação
estudada foram necessárias intervenções apenas pontuais visando a conservação de suas atuais características, o que trás
uma reflexão sobre a importância de respeitar as preexistências do local nas propostas apresentadas.
8. REFERÊNCIAS
TELLES, Augusto; GOMES, Geraldo; ROCHA-PEIXOTO, Gustavo; SEGAWA, Hugo; CURTIS, J. N. B.; DERENJI, Jussara;
ANDRÈS, Luiz; OLIVEIRA, Myriam. Arquitetura na formação do Brasil. Edição publicada pela Representação da UNESCO no
Brasil: Conselho Editorial da UNESCO no Brasil, 2006. cap. Arquitetura do açúcar, p. 109.
TICIANELI. Estrada do Norte, a grande obra do governador Fernandes Lima. História de Alagoas. Disponível em:
<https://www.historiadealagoas.com.br/estrada-do-norte-a-grande-obra-do-governador-fernandes-lima.html>. Acesso em:
01/07/2022
TICIANELI. Fernandes Lima, o governador construtor de estradas. História de Alagoas. Disponível em:
<https://www.historiadealagoas.com.br/fernandes-lima.html>. Acesso em: 05/06/2022
9. ANEXOS
Escritura da doação do casarão e casas em anexo para a Cruz Vermelha.
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52
Comunicado oficial municipal que informa que a edificação é uma Unidade Especial de Preservação.
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Imagem 22: Fachada frontal modificada no photoshop apresentado elementos mais preservados
Fonte: autoral