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FACULDADE NORDESTE

Arquitetura e Urbanismo

Fortaleza, Ceará, Brasil, 11 de abril de 2013

Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

1
Equipe
2
Nome do professor orientador

Resumo

O presente artigo é resultado de pesquisa e análise da Praça Ceart (Luíza Távora),


no bairro de Aldeota, na cidade de Fortaleza (CE), e realizada a partir das teorias da
arquitetura sob o olhar da função, forma e conteúdo do edifício ou espaço; através
da sua firmeza, que trata do sistema da estrutura e do envoltório físico; das funções
da arquitetura; do estudo das formas arquitetônicas e da preocupação com a forma
estética aplicada àquela construção e dos conteúdos inseridos na edificação sendo
eles histórico, social e psicológico.

O estudo da Praça Ceart nasce de uma atividade universitária do curso superior de


Arquitetura e Urbanismo, que visa produzir uma reflexão sobre como o espaço
urbano pode agregar valores a depender dos diferentes pontos da arquitetura
analisados. Elaboramos, a partir das relações das teorias estudadas, uma síntese do
lugar, evidenciando sua importância e relação com o entorno.

Neste estudo, pudemos definir que a praça pública é um elemento urbano que
identifica e organiza o espaço da cidade. Sua característica fundamental é o acesso
livre depositado no seu caráter público. Esta definição implica a relação de um
espaço com os edifícios, os seus planos marginais e as fachadas, mas também é
diretamente definido pelo seu uso e valor social.

1. Introdução

A Praça Luiza Távora, também conhecida como Praça do Ceart, fica localizada
entre a Avenida Santos Dumont e as ruas Carlos Vasconcelos, Monsenhor Bruno e
Costa Barros, no bairro de Aldeota, na cidade de Fortaleza, estado do Ceará.
A praça tem um belo contexto histórico, pois foi ali que no inicio da década de
1920, um castelo começou a ser erguido como condição da jovem italiana Pierina
para se casar com o comerciante Plácido de Carvalho e vir morar no Brasil.

1
David (12211628), Evandro Cardoso (13113118), Jéssica (13113593), José Walber (13113292), July Gabriella (13112917).
2
FANOR. Emmanuelle Matos, Professora da disciplina de Teoria de Arquitetura e Urbanismo, turma 2013.1 Noturno, do Curso
de Arquitetura e Urbanismo. E-mail emanuelematos@hotmail.com
Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

O castelo foi lamentavelmente demolido na década de 70 para dar lugar a um


supermercado. Depois de alguns anos de abandono, o terreno foi desapropriado e
nele foi erguido o Centro de Artesanato Luiza Távora, por Natale Rossi, e anos
depois, após sofrer desgaste natural da edificação que foi feita com madeira de
carnaúba, um novo projeto para a estrutura física é encomendado às arquitetas
Nélia Romero e Melânia Cartaxo A. Lobo.
Revitalizada em 2011, a Praça Luiza Távora tem uma boa freqüência de pessoas
que buscam descanso e lazer. A diversão é válida para adultos e crianças.
Com a reforma foram retiradas barreiras, os meio fios foram rebaixados, foram
instaladas rampas, faixas de pedestres e pisos podotáteis (de alto relevo) marcados
com linhas que permitem o livre e independente trajeto de todos, pois antigamente a
mesma era de difícil acesso aos idosos e cadeirantes.
Atualmente é vista pelos freqüentadores como um parque, por ter várias opções de
lazer e entretenimento, e pelo clima agradável que a mesma oferece.
Na praça ainda estão localizados centros de capacitação para artesões, a
coordenação de políticas públicas para pessoas com deficiência, uma gráfica Braille,
e no canto da leitura existem livros produzidos pela gráfica.
A vegetação existente na praça faz com que o clima de Fortaleza não interfira nas
atividades realizadas nela, principalmente as atividades físicas, sendo assim bem
freqüentada em todos os horários do dia, sete dias por semana.
Neste artigo, iremos analisar a praça de uma forma geral, tendo em vista sua
beleza, importância e função que a mesma oferece sobre e para a sociedade.
Escolhemos essa edificação por seu conteúdo histórico, sua localização e pela
quantidade de usuários, independente do horário.

2. Objetivo

Analisar a edificação sob os seguintes pontos:


 Conteúdo Histórico (e História da edificação)
 Firmeza
 Forma estética
 Função
 Conteúdo Social
 Conteúdo Psicológico

3. Metodologia

Para analisar a Praça CEART foram feitas visitas ao local (no bairro de Aldeota,
perímetro das ruas Carlos Vasconcelos, Costa Barros, Monsenhor Bruno e avenida
Santos Dumont), análise de projetos fornecidos pela administração da praça,
abordagem com pessoas que circulavam no entorno e passantes em horários
distintos (jovens, adultos e crianças), pesquisas on-line em sites de mecanismo de
busca, enciclopédias digitais, memoriais digitais e blogs.
Foi pesquisado a fundo o conteúdo histórico da praça através de páginas na
internet e informações coletadas no local.
Para a análise da firmeza, função, estética e conteúdo social e psicológico, foram
feitas visitas e perguntas informais aos funcionários e usuários de longa data.

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

4. Análise e Discussão dos Resultados

 Conteúdo Histórico (e História da edificação)


O conceito de Conteúdo Histórico, conforme estudado no capítulo XIV do
livro de Silvio Colin (Uma Introdução à Arquitetura), descreve que: “A
arquitetura é uma manifestação cultural das mais aptas a reter informações
de conteúdo histórico; isto se deve sobretudo à capacidade dos marcos
arquitetônicos de permanecer, de vencer o tempo e os agentes de
destruição”. Fica esclarecido que um edifício pode fazer parte de
acontecimentos históricos e políticos.
Sendo assim, antes de analisarmos a função histórica propriamente dita da
Praça CEART, precisamos antes mencionar os fatos históricos ligados àquele
espaço.

 História da Edificação
Neste caso, foi uma grande história de amor que deu origem a Praça Luíza
Távora, popularmente Praça CEART que hoje conhecemos.
Nas primeiras décadas do século XX, Plácido Barbosa de Carvalho (nascido
aos 17/01/1873 em Canindé-CE, e filho de Bernardino Plácido de Carvalho e
de Alexandrina Barbosa Cordeiro de Carvalho), era um importante
comerciante do Ceará, e fazia periódicas viagens à Europa para trazer
tendências e mercadorias de luxo que entre outros nichos de mercado,
trabalhava com moda para casamentos.
Numa dessas viagens, conheceu Maria Pierina Rossi, em Paris. Logo o
cearense encantado pela bela italiana nascida em Milão propôs o casamento
e quis trazê-la para morar no Brasil, especificamente na cidade de Fortaleza,
cidade onde mantinha negócios. Maria Pierina, na época viúva e com uma
única filha (Zaira), foi relutante na decisão e não cedeu aos encantos de
Plácido, preferindo continuar na Europa. Ele, dividido entre o amor e os
negócios, decidiu arriscar e foi ousado na proposta para sua bela Pierina,
prometendo-lhe construir um castelo tal quais ambos tinham visto em Veneza,
firmando assim sua palavra de que faria a Sra. Pierina muito feliz no Brasil.
Em 1917, o casal chega ao Brasil e se instala provisoriamente em uma casa
na Rua Princesa Isabel, enquanto a construção do Palácio está a todo o
vapor pelas mãos do artista plástico e engenheiro João Sabóia Barbosa.
Em 1920, com grande parte do castelo já erguido, eles se mudam para o
então Palácio do Plácido (Palacete Plácido de Carvalho), no bairro do Outeiro,
hoje Aldeota.
O palácio com requinte europeu e traços da arquitetura renascentista (de
forte origem italiana) trazia mármores e vitrais importados que se misturavam
com as preciosas madeiras brasileiras em sua decoração.
Em 1921, o Castelo finalmente é inaugurado.
O casal (e Zaira, a filha de Maria Pierina) vivem ali até meados de 1933,
quando o Sr. Plácido contrai uma grave enfermidade e então decidem se
mudar para o luxuoso Excelsior Hotel, onde Plácido pode contar com o
atendimento médico primoroso e de forma mais rápida devido a localização
no centro da cidade.
Um ano depois, em 1934, dá-se o falecimento do Sr. Plácido, aos 60 anos
de idade.

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

Em 1938, a viúva D. Pierina decide construir seis “castelinhos” no entorno


do Palácio do Plácido, onde tinha intenção de morar e abrigar os serviçais,
saindo do palácio para viver uma vida mais simples e longe das lembranças
fortes do Sr. Plácido. O técnico em edificações Sr. Emílio Hinko é o escolhido
para construir os castelinhos.
Não demora muito para o Sr. Hinko se encantar pela Sra. Pierina e se
casam pouco tempo depois. O casal nunca ocupou a construção principal do
palácio, porém residiram em 2 dos castelinhos.
Em 1957 D. Pierina vem a falecer e a filha Zaira toma conta do complexo do
palácio, sem nele voltar a morar, deixando boa parte do tempo abandonado e
sem cuidados.
Na década de 60, Zaira vende o complexo a um grupo empresarial de
Fortaleza que decide demolir o palácio abandonado para a construção de um
supermercado. O grupo que comprou estava endividado com o poder público
e paga a dívida transferindo o complexo ao Governo do Estado, tragicamente
com o castelo já demolido.
Em 1979, a então 1ª Dama do Estado, D. Luíza Távora, decide construir
uma edificação onde antes era o palácio, e que pudesse abrigar artesãos da
cidade em plena atividade.
Surge então o CEART (Central de Artesanato) que foi construído pelo
habilidoso Engenheiro Natale Rossi, coincidentemente sobrinho de D. Pierina.
Rossi utilizou troncos de carnaúba na estrutura da edificação, tornando uma
construção ousada em sua forma.
Devido ao desgaste natural da madeira estrutural, o CEART é submetido a
uma reforma em 1992 para reforçar sua estrutura.
Longos anos se passam até que recentemente em 2011 uma nova
reestruturação na praça é concebida com base em conceitos de
acessibilidade universal, como rebaixamento de meio fio, instalação de
rampas, pisos podotáteis (de alto relevo), e criação de espaços de
convivência que proporciona a interação entre os diversos públicos,
especialmente famílias que moram no entorno da área.
Nos castelinhos que restaram originalmente do complexo, são abrigados
diversos serviços importantes para o desenvolvimento social e econômico do
Estado, como a Central Cearense de Artesanato (CEART) que desenvolve o
Programa Estadual de Artesanato e Economia Solidária. Além do CEART, a
área abriga a sede do Programa Ceará Acessível, idealizado pela Primeira
Dama do Estado e executado pelas secretarias estaduais com ações de
garantia dos direitos de pessoas idosas e pessoas com deficiência em todo o
Estado, e ações de Coordenadoria do Trabalho da STDS (Secretaria do
Trabalho e Desenvolvimento Social), com capacitação para jovens, inscrição
para cursos nos Centros de Inclusão Tecnológica e Social (CITS) e rodas de
leitura, entre outras atividades. Ainda na Praça CEART, concentra-se o
funcionamento da Gráfica Braille, a gestão do Portal Ceará Inclusivo e a
Ouvidoria da pessoa idosa e pessoa com deficiência.
Segundo a coordenadoria do CEART (Amanaci Diógenes), então sendo
reformados também dois castelinhos para abrigar oficinas de capacitação de
artesãos e exposição de seus produtos.
Adicionalmente a todos estes fatos históricos, a praça abriga um vagão de
trem que se transformou em biblioteca pública.

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

Trata-se de um antigo carro de passageiros da Rede Viação Cearense que


foi transformado em Biblioteca Municipal.
O vagão original em madeira utilizado para transporte de passageiros foi
fabricado em 1938 pela Cia. Centrale Constructions, em Haine Saint Pierre,
na Bélgica. Era considerado de 1ª classe para os padrões da época. O vagão
operou pela Rede de Viação Cearense (RVC) em duas linhas, cobrindo as
regiões norte e sul do Estado do Ceará. Entre seus usuários ilustres
destacam-se Rachel de Queiroz ( nascida em Fortaleza, 17 de novembro de
1910, foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e
importante dramaturga brasileira), o Padre Cícero e Getúlio Vargas também
foram outros usuários importantes deste vagão.
O acervo da biblioteca do trem não é muito diversificado, mas há uma oferta
razoável de autores cearenses e de literatura infantil. As três mesas no final
do vagão propiciam uma leitura sossegada. O interior, reformado, é um
espaço simpático.

 Conteúdo Histórico
Através do estudo e análise da história da praça Ceart, podemos destacar
três pontos de vista históricos que contribuíram para a arquitetura daquele
espaço:

Primeiro ponto de vista: A praça faz referência histórica no sentido de ter


sido construída naquele complexo (espaço) como uma construção para
homenagear pessoas importantes - o palácio do Plácido construído em
homenagem à Sra. Pierina, e os castelinhos construídos em memória ao
falecido Sr. Plácido.

Segundo ponto de vista: Destacamos também conteúdo histórico inserido


na praça pois abrigou pessoas importantes que viveram ali (Sr. Plácido, D.
Pierina e Zaira, a filha) e fatos importantes também ocorreram que levam a
sociedade fazer referência para a praça Ceart (ou Luíza Távora). Este nome
surge após a então 1ª dama do estado, Luíza Távora, em 1979 e em posse
do terreno onde antes era o palácio, decide construir uma estrutura para
abrigar artesãos da cidade e comercializar suas obras e objetos.

Terceiro ponto de vista: A praça Ceart também é a representação de um


tipo arquitetônico histórico ou estilo arquitetônico produzido em uma época do
passado, o estilo renascentista claramente evidenciado na arquitetura do
Palácio do Plácido (cópia de um castelo de Veneza, na Itália). Quanto à
arquitetura dos seis castelinhos mantidos originalmente até hoje na praça
Ceart, podemos dizer que o estilo de suas edificações mantêm um valor
histórico eclético. Percebe-se apenas pequenas relações formais com o
Palácio através de reproduções de torres pouco elevadas anexadas a cada
castelinho.

 Firmeza
A respeito da firmeza e solidez (FIRMITAS), a teoria nos ensina que a
arquitetura deve ter solidez, resistir às intempéries, permanecer e para
atender a estes requisitos os fatores “durabilidade dos materiais” e
“excelência técnica” devem ser consideradas.

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

Dos três pilares da arquitetura (Firmitas, Utilitas e Venustas), a firmeza ou


solidez é o que se refere aos sistemas estruturais, ao envoltório físico, às
tecnologias e à qualidade dos materiais utilizados. Segundo Vitrúvio “a solidez
pode ser erguida quando as fundações são plantadas em solo firme e os
materiais são sabidamente escolhidos”.

Na Praça Ceart observa-se a presença de formas estruturais como a


estrutura trilítica (dois elementos de suporte vertical e um elemento horizontal
de cobertura) e de arcos, visivelmente na construção do Palácio do Plácido e
dos seus seis castelinhos.
Alguns materiais como o mármore e a madeira maciça fizeram parte da
construção da estrutura e dos adornos do palácio, sendo que em seu interior
a decoração com madeiras brasileiras trouxeram um estilo luxuoso e
requintado ao lar da família do importante comerciante cearense Sr. Plácido.
Segundo relatos históricos, a grande maioria dos vitrais usados para
adornar o Palácio do Plácido vieram da Europa e foram fabricados
especialmente para esta edificação.
Conseguimos enxergar construções sólidas na Praça Ceart e prova disso é
a presença intacta de seus seis castelinhos que foram construídos em 1938,
com sua total originalidade e provando sua resistência ao clima árido de
Fortaleza.
Infelizmente, por razões comerciais gananciosas, uma das maiores
construções da cidade (o Palácio do Plácido) foi demolida sem a mínima
consideração ao seu conteúdo histórico. Poderíamos talvez até hoje apreciar
e nos orgulharmos de tamanha construção detalhada e construída com
personalidade e muita história.
No seu lugar foi construído o Centro de Artesanato usando troncos de
carnaúba em toda a sua estrutura. Por medidas de segurança e devido ao
desgaste natural da madeira, toda a estrutura passou por uma reforma mas
ainda mantém a madeira como material principal de sustentação de sua
imensa estrutura.

 Forma estética
“Ao observarmos o vasto conjunto de edifícios que constitui o domínio da
arquitetura, com vistas a entender o fenômeno complexo da forma
arquitetônica, observaremos que esses edifícios, além das diferenças
acidentais que ostentam entre si, apresentam diferenças muito mais
profundas, relacionadas com as estruturas elementares de conceitos sob os
quais esses edifícios foram concebidos. A estas estruturas chamamos de
categorias da forma arquitetônica.” Assim como explica tal trecho tirado do
livro “Uma Introdução à Arquitetura” de Silvio Colin, todas as construções
possuem uma categoria, todas têm suas diferenças e podem pertencer a uma
ou mais formas arquitetônicas. Analisaremos a seguir as formas aplicadas a
Praça Luíza Távora.
A Praça CEART possui três formas estéticas, sendo elas, forma tipológica,
forma geométrica e forma analógica.
A forma tipológica se encaixa perfeitamente em alguns elementos da praça,
pois certas características remetem a uma época anterior, como por exemplo,
os seus “castelinhos”- que ficam ao redor da mesma – possuem um estilo
renascentista, relembrando a Itália do século XV. Porém, esses “castelinhos”

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

são ecléticos, pois apesar de manterem um pouco do estilo renascentista, são


aplicadas cores vivas, que não possui a tal época.
A forma geométrica está presente no telhando do centro de artesanato
da Praça, que dá ideia de prismas que se encaixam entre si. É aí que
chegamos à parte da forma analógica, pois podemos até mesmo
encontrar o formato do rosto de uma fênix, pássaro da mitologia grega que
quando morria entrava em autocombustão e passado algum tempo,
conseguia renascer de suas próprias cinzas. Daria até mesmo uma ótima
história, pois antes desse centro artesanal, havia um castelo que pertencia
a um grande comerciante chamado Plácido e sua esposa italiana, Pierina,
ou seja, podemos imaginar que o centro artesanal surgiu das “cinzas do
castelo”, metaforicamente falando.

 Função
Sintática: é o simples fato de o edifício estar onde está, de existir naquele
espaço
Semântica: é o que aquele edifício simboliza ou representa para a
sociedade.
Pragmática: é a função prática daquele edifício, que nada mais é do que
abrigar uma atividade.

A Praça Luiza Távora é uma praça bem movimentada por famílias e


pessoas de terceira idade.
Acabou ganhando o conceito de parque pelos moradores próximos a ela,
por reunir vários atrativos de lazer como: equipamentos de ginástica
acessíveis, voltados para os idosos; pista de skate e bicicross; parque infantil;
santuário de Nossa Senhora de Fátima; central de monitoramento; fábrica
para produção de livros em Braille; Café Cultura, funcionando em um carro de
trem de passageiros que fica estacionado na Praça; Central Cearense de
Artesanato (Ceart), espaço voltado para comercialização do artesanato; a
gestão do Portal Ceará Inclusivo e a Ouvidoria da pessoa idosa e pessoa com
deficiência.
A praça, grande como é (ocupa um quarteirão inteiro) e reunindo todos os
atrativos, acaba sendo bem movimentada em todos os horários do dia, sem
contar que após uma reforma em 2011 a praça adota o conceito de
acessibilidade universal, facilitando a visita de idosos e pessoas com
deficiência.

 Conteúdo Social
As praças são espaços de coesão social, de vivências urbanas, de intensa
simbolização, e talvez seja o único elemento morfológico (relação ambiente x
uso) ainda capaz de expressar o sentido máximo de urbe, em respeito e
valorização da vida urbana.

Na Praça Ceart as atividades mais realizadas são a caminhada e a corrida,


com maior fluxo de pessoas por volta das 07:00h às 12:00h e das 14:00h às
21:00h.
A praça por ser ampla, oferece um tipo de “circuito”, onde as atividades são
realizadas andando/correndo em volta da mesma. O público que mais realiza
essas atividades são os idosos.

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

Além disso, há grande concentração de pessoas com seus animais de


estimação, estimuladas pela área verde existente, que promove a sensação
de ventilação e sombreamento.
Segunda atividade mais realizada na praça é a utilização dos aparelhos de
ginástica, estes sendo mais utilizados no período da noite.
Aos sábados, por volta das 17:00h começa a surgir adolescentes e
crianças, que utilizam a pista de skate para praticar o esporte com segurança,
quase sempre acompanhada dos pais.
A noite, durante a semana e nos fins de semana também há grande
concentração de pessoas no Café Cultura, onde lêem livros e se servem de
bebidas quentes.
A respeito do comércio local, além do Centro de Artesanato que atrai os
turistas, há vários ambulantes que certamente se utilizam do fluxo de pessoas
para comercializarem algum tipo de alimentação, sendo pipoca, água, picolé e
tapioca como os alimentos mais vendidos.
Além do comércio ambulantes, há ao menos 4 bancas de jornais, onde os
seus usuários aproveitam e compram seus jornais,revistas, doces e outros
serviços disponíveis, como recarga de créditos para celular.
A praça, sendo analisada de outra forma, não é apenas um local onde se
transitam pessoas. Muitos que ali estão, irão exercer alguma atividade
proposital, ou seja, os usuários não estão só de passagem.
As vezes, em datas previstas é celebrado missas à Nossa Senhora de
Fátima, que tem um altar quase no centro da praça, reunindo pessoas de
vários locais. Essas pessoas são acomodadas em cadeiras cedidas pela
própria Organização da praça.
Aos domingos, no fim da tarde, acontece o show das águas, acompanhado
de música clássica, onde as crianças já vão com roupa de banho e fazem do
show uma diversão à parte.
Anualmente a praça recebe decoração típica natalina durante todo o mês de
dezembro e adicionalmente no local comercializam-se enfeites e peças com o
toque regional.

 Conteúdo Psicológico
A praça do Ceart (Luiza Távora) é um grande atrativo para os olhos, não só
para quem praticamente tem a sua vida feita ali, mas também para quem
passa brevemente por ela. A percepção de liberdade que essa sensação
causa é reconfortante e acaba sendo a escolha de crianças, jovens, adultos e
idosos, para passar o tempo, fazer novas amizades, reencontrar velhos
amigos ou reviver uma lembrança.
O que chama mais atenção na praça é a diversidade de elementos capazes
de atender as necessidades de quem procura pela praça, mas o uso da
arquitetura antiga na construção dos castelinhos, a presença do vagão de
trem, não pela função que exerce, são os elementos que geram mais
curiosidade, segundo algumas pessoas da própria praça.
Segundo dona Fran, funcionária do centro de artesanato, a renovação da
praça trouxe um fôlego novo às pessoas que visitam a praça, ela diz sentir-
se bem ao ver as pessoas aparecendo pela praça com mais frequência ;
“Acho que hoje em dia a praça passou a ser bem mais conhecida!” como
dona Fran diz nada é perfeito e sua reclamação sobre a praça, fica acerca
dos skatistas que não respeitam as regras da praça e acabam por praticar

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

seu esporte pela área onde passam pedestres, questionados sobre esse
assunto, ele disseram fazer isso somente quando não há muita
movimentação na praça.
Já seu Edwaldo que trabalha na banquinha de jornal, diz que a praça
sempre foi ótima, mas que veio ficar melhor depois da reforma, sempre houve
pessoas que à apreciassem, há 19 anos vê as pessoas andarem pela praça e
se sentirem bem, ele ainda diz que todos os públicos aproveitam a praça de
uma maneira diferente; para ele a praça significa uma vida toda de trabalho e
satisfação, tristezas e alegrias, quando retoma suas lembranças quando fala
da importância que ela tem na sua vida.
Houve uma boa impressão da praça enquanto se escrevia este tópico do
artigo, onde desfrutava-se da brisa refrescante do fim de tarde, enquanto
ouvia-se o nervoso som das rodinhas dos skates rasgarem de leve o chão
das rampas, e aquilo tudo trouxe reflexão e tranquilidade, atenção apenas nas
paisagens que a forma da praça proporcionava e nas pessoas que passava
por ela despreocupadas.

5. Conclusões
Neste artigo, foi analisada a Praça Ceart de uma forma geral, tendo em
vista sua beleza, importância e função que a mesma oferece sobre e para a
sociedade.
Assim, após as análises e discussões a respeito dos pontos abordados na
teoria de arquitetura, podemos dizer que a Praça Ceart é um grande celeiro
de história e cultura da cidade de Fortaleza, trazendo objetos e construções
históricas, agregando neste conteúdo as memórias de pessoas importantes
que fizeram parte da evolução daquele espaço em que a praça foi concebida
e consequentemente interferindo no seu entorno.
A partir da experiência de produção deste artigo pudemos refletir quão
rico e oculto podem ser os valores intrínsecos de uma simples ou
complexa construção, edificação ou espaço público.
Uma única pergunta pode nos trazer uma infinidade de conteúdos: “O
que os lugares podem significar para os indivíduos sociais e qual sua
relação ou influência no espaço físico?” Tais reflexões foram
representadas ao longo deste trabalho e esta visão múltipla tende a
contribuir para a prática de um olhar profundo, crítico e poético e não
apenas superficial que considere apenas a forma física.
Muitos podem não admitir que a arquitetura seja um possível veículo
para a expressão das emoções, e isto é compreensível, uma vez que
nossa época é nutrida pela razão e nossas maiores conquistas não foram
obtidas pelo discernimento moral ou pela expressão dos sentimentos, mas
sob a orientação da ciência e da técnica.
Concluindo, sob a análise dos resultados, a Praça Ceart atende os
conceitos estético, histórico, social, psicológico e as funções da arquitetura.

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

6. Anexos

Anexo 1 – Palácio do Plácido,


inaugurado em 1921 para abrigar o
comerciante cearense Sr. Plácido e sua
esposa italiana Maria Pierina
Fonte: (blog Fortaleza Nobre)

Anexo 2 – Um dos seis castelinhos do complexo da


Praça Ceart, construídos em homenagem ao Sr.
Plácido por sua esposa
Fonte: (Google imagens)

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Análise da Praça Ceart sob as teorias da arquitetura

Anexo 3 – O Centro de Artesanato (Ceart), erguido em


1979 pela a então 1ª Dama do Estado, D. Luíza Távora,
para abrigar artesãos de Fortaleza.
Fonte: (Google imagens)

Anexo 4 – o complexo da Praça Ceart (ou Praça Luíza


Távora), reformada e reestruturada em 2011 com base em
conceitos de acessibilidade universal
Fonte: (Google imagens)

7. Referências Bibliográficas e Pesquisas

BENEVOLO, Leonardo.. História da cidade. São Paulo: PERSPECTIVA, .


LEMOS, Carlos A.c. o Que é Arquitetura. São Paulo: Brasiliense, .
LE CORBUSIER. Urbanismo. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ZEVI, Bruno.. Saber Ver à Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, .
COLIN, Silvio. Uma introdução à arquitetura – Rio de Janeiro, RJ; Editora UAPÊ, 2000.
Prefeitura de Fortaleza (http://www.fortaleza.ce.gov.br/)
Governo do Ceará (http://www.ceara.gov.br/)
Administração CEART (http://www.ceart.ce.gov.br)
Guia Inclusivo de pessoas com deficiência (http://www.guiainclusivo.com.br/)
Jornal o Povo (http://www.opovo.com.br/)
Blog Fortaleza em Fotos (http://fortalezaemfotos.blogspot.com.br)
Blog Fortaleza Nobre (http://fortalezanobre.blogspot.com.br)
Google Maps / Google Earth / Google Imagens (https://www.google.com.br/)

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