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1 Introdução
O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por meta, esta é a máxima
positivista idealizada por Auguste Comte, que inspirou o lema “Ordem e Progresso“
estampado por Raimundo Teixeira Mendes na bandeira nacional, ícone máximo do
positivismo brasileiro. Nem só nos símbolos nacionais encontramos os ideais positivistas,
em Porto Alegre eles estão espalhados pela arquitetura e estatuária, um de seus
representantes mais importantes é o edifício da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, à
época chamado Intendência Municipal.
Este trabalho se atem a uma breve verificação da fachada principal do edifício, por
entendermos tratar-se da parte mais representativa do ideal positivista, tanto no estilo
quanto na composição e estatuária.
Foram analisados separadamente a composição, os elementos arquitetônicos e as
esculturas, desta forma é possível ter um entendimento mais específico de cada parte do
projeto.
Inicialmente é apresentado um sucinto histórico que possibilita ao leitor se situar
quanto ao pensamento político dos líderes da época.
3 O “estilo” positivista
Veneziano, Colfosco projetou a, então, Intendência Municipal ao estilo de um
palacete neorrenascentista italiano, onde impera a simetria, característica primordial, e a
composição tripartida, composta de base, corpo e coroamento (figura 01), a planta foi
desenhada em forma de “H”, sobre a rigidez da do projeto Doberstein nos coloca:
...o positivismo no Rio Grande do Sul teve uma estética que, na arquitetura, tendia
para formas mais rígidas e geométricas (...) uma proposta tão rígida e inflexível como
aquela que os positivistas seguiam para a organização da sociedade, corresponderia
uma arquitetura, e, por extensão, uma estatuária fachadista e monumental, que se
pautasse pelas formas mais rígidas, sóbrias, contidas e subordinadas as regras
clássicas. (Doberstein, 2011 p.19)
Doberstein ainda especula, para explicar tal rigidez, que poderia ser possível que os
positivistas tivessem seguido este caminho dada a utilização do edifício para “...abrigar o
poder constituído...” (Doberstein, 2011 p.21), tendendo, assim, a melhor transmissão de
seus ideais com certo decoro que a gestão pública exige.
Fonseca, acima uma cúpula de tambor octogonal com pendentes, as pilastras que adornam
a torre e a cúpula são de ordem compósita.
No primeiro grupo escultórico (figura 02), localizam-se três figuras, são elas: Ao
centro a deusa grega da agricultura Demeter, com espigas de trigo representando a
fertilidade da terra, a sua direita temos o deus Hermes representando o comércio, a haste
de metal com serpentes enroladas representava a sabedoria e o poder de transformar tudo
em ouro, o saco de moedas indicava o caráter mercantil, a esquerda da agricultura temos
uma figura feminina com uma roda dentada, uma bigorna e um martelo nas mãos
representando a indústria, ela não é inspirada em nenhum deus grego ou romano, esta
figura surgiu no século XVI representando a revolução industrial.
A três figuras estão dispostas em formato triangular, que é a forma mais perfeita
segundo os matemáticos e representa a perfeição buscada pelos positivistas, a aquicultura
em pé ao centro demonstra o caráter de um estado agrícola, mas seu manto caindo sobre
as figuras da indústria e comércio nos alerta para a importância dada a integração entre
esta tríade econômica.
A direita do primeiro grupo temos uma figura isolada que representa a justiça punitiva
(figura 03), ela segura uma espada e uma balança, e tem os olhos desvendados para
premiar o bem e punir o mal o que pode indicar que a justiça poderia ser tendenciosa, a
espada é grande e a balança é pequena e pode representar que a punição era mais
aplicada que a imparcialidade da justiça, a característica da arte da época era a
necessidade de representar a realidade, na arte positivista não poderia ser diferente.
A direita da justiça temos outra figura feminina representando a república (figura 04)
com o braço direito estendido segurando uma esfera com uma águia, passada a guerra civil
de 1893-95 os republicanos do PRR (Partido Republicano Rio-grandense) vencedores
queriam demonstrar que dominavam (águia) o território (esfera), era uma forma de opressão
aos adversários que é arrematada com o barrete trígio, uma espécie de maça, que é o cetro
XII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
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que aparece na mão esquerda, o rosto tem feições enérgicas e o cabelo está atado ao estilo
dos revolucionários franceses, inspiradores do positivismo e da república.
4.4 Bustos
Na torre (figura 06) que marca o eixo principal do edifício temos os bustos de José
Bonifácio de Andrada e Silva importante articulador da independência e do Marechal
Deodoro da Fonseca, articulador da proclamação da república, os dois bustos ladeiam o
brasão da república, marcando incisivamente o ideal Republicano.
5 Conclusão
Referências
SPALDING, Walter. Pequena História de Pôrto Alegre. 2a Edição. Porto Alegre: Editora da
Cidade, 2011. 167 páginas.