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Saber ver a Arquitetura

Capítulo I A ignorãncia da Arquitetura

-Dentre as artes a arquitetura é a menos notada pelos críticos e consequentemente pelo


publico no geral.
-O público não tem paixão pela arquitetura.
-Os jornais não dão a mesma atenção há arquitetura como dão a um livro ou a uma exposição.
‘’o desinteresse do publico pela arquitetura não pode, contudo, ser considerado fatal’’
‘’E necessário já ter interesse por este tema e estar munido de notável boa vontade
para vera a arquitetura com uma certa ordem e inteligência’’
-Os arquitetos que são aqueles que nutrem essa paixão não possuem em sua maioria cultura
para entrar no debate critico e histórico. Muitos ignoram a produção do passado.
-Apesar da infinidade de críticos da arte que tem como objeto de estudo a arquitetura, a
maioria deles tratam a arquitetura da mesma forma que a pintura e a escultura, como simples
fenômenos plásticos.
-A renovação da pintura a partir do cubismo trouxe uma simplificação da representação e
como consequência, a arquitetura “voltou à moda”.
-A aplicação de critérios de várias áreas à critica arquitetônica não traz uma abordagem clara e
contribui para a ignorância e desinteresse pela arquitetura.
-Não há nada que define uma boa ou má arquitetura.
-“Se queremos, de fato, ensinar a saber ver a arquitetura, precisamos, antes de mais nada nos
prpor uma clareza de método”
- Termos utilizados em livros arquitetónicos têm certamente um lugar legitimo na história da
arquitetura, mas com uma condição que tenha sido esclarecida a essência da obra.

Capítulo II O Espaço, Protagonista da Arquitetura


-A falta de uma história da arquitetura satisfatória resulta na falta de hábito da maioria dos
homens de entender o espaço e a falta de métodos, por parte dos historiadores, de
compreensão da arquitetura.
-O caráter essencial da arquitetura é o seu vocabulário tridimensional que inclui o homem, ou
seja, o espaço.
-Plantas bidimensionais servem apenas para obter medidas, que apesar da sua funcionalidade
não traz a compreensão teórica necessária, que só pode ser vivenciada na prática. As fachadas
de um edifício, por mais belas que sejam, são apenas uma “capa” e não podem qualificar a
arquitetura, pois o real conteúdo se encontra dentro da “caixa”.
-Entretanto em algumas épocas, como exemplo o barroco, foi dado muita importância ao
invólucro. Ao longo da história da arte as técnicas forma se aperfeiçoando.
-As pinturas que antes eram “chapadas” se tornaram mais reais com a descoberta da terceira
dimensão, esse avanço foi de grande importância para a representação da arquitetura, mas
teve ainda mais importância a descoberta da quarta dimensão: o tempo.
-Isso se deve aos cubistas que notaram que para representar um objeto como um todo, seriam
necessárias perspectivas, ou seja, de cada ponto há uma visão diferente.
-Mesmo sendo o tempo resposta satisfatória á questão das dimensões na arquitetura, não
pode ser sua essência, esta transcende a quarta dimensão.
-Em pintura e escultura a quarta dimensão esta no objeto, enquanto que na arquitetura ela e
criada a medida que o observador se move por ela.
-O que é então arquitetura? Aquilo que possui espaço interno. Pode ser bela ou má se nos
atrai ou repele. Deve se evitar dois equívocos. O primeiro de que apenas interiores de edifícios
são arquitetura.
-Pelo contrário, todos os vazios ou espaços criados pelo homem transmitem a mesma
experiência espacial da arquitetura, exemplo; ruas, parques, estádios, etc. o segundo de que a
arquitetura se resume ao espaço.
-Há fatores, que apesar de não ser a essência, devem ser levados em consideração para se ter
uma boa arquitetura: econômicos, sociais, artísticos, técnicos, funcionais, etc.
-A arquitetura moderna trouxe o valor esquecido da volumetria e espacialidade dos edifícios.
-Em contrapartida, negou a importância decorativa, deixando os edifícios “nus”. O julgamento
do espaço interno pode ser: Urbanístico pela falta de espaço interno;
Má arquitetura: - espaço + decoração;
Boa arquitetura, mas não satisfatória: + espaço - decoração;
Obras arquitetônicas: + espaço + decoração;

Capítulo III Representação do Espaço


1435 Gutenberg- inventou a impressora
1839 Daguerre- inventou a fotografia
1877 Edison- inventou radio
- O progresso cientifico-técnico possibilitou a expansão e o acesso das massas à cultura antes
reservada a poucas pessoas nas áreas da pintura, fotografia, literatura, escultura, música.
-Entretanto, no campo da arquitetura, por falta de definição consiste no caráter arquitetónico,
o problema da representação do espaço além de não ser resolvido ainda não foi colocado.
-Cabe estudar as técnicas já existentes e torná-las eficientes.
-As plantas, apesar de não fazer parte das experiências concretas visuais de um edifício, são
meios fundamentais na representação do edifício.
-Uma das causas da falta de conhecimento espacial é a rapidez em que se analisam as obras
arquitetónicas. Comparativamente, é dedicado muito mais tempo a estudar uma obra literária
do que uma obra arquitetónica no mesmo nível de complexidade.
-A basílica de S. Pedro de Michelangelo é representada em planta, do ponto de vista espacial,
de uma forma bem limitada.
-Um estudo de volumes, fluxos, altimetria, relação interior-exterior e aplicação destes a planta
contribuem enormemente na compreensão espacial.
-A representação das fachadas é geralmente feita em duas dimensões e representadas de
forma também limitada. Se isso vale para formas esferométricas simples (Palazzo Farnese de
Letarouilly), ainda mais para edifícios com volumes mais complexos (Falling Water de F. L.
Wright).
-A modelagem (ex: maquetes), torna-se uma solução viável para esse problema, entretanto
ainda é limitada por ignorar a escala humana.
-As fotografias reproduzem as três dimensões de edifício e torna percetível a sua escala real.
Porem, não fornece a visão do todo muito menos a espacialidade do edifício.
-A cinematografia resolve praticamente todos os problemas relacionados à quarta dimensão.
-Mas somente a vivência direta no espaço possibilita a maior compreensão arquitetónica.

Capítulo IV As várias idades do espaço


A história da arquitetura é reflexo da cultura de determinada época.

Processo histórico- crítico:


 Pressupostos sociais
o Situação económica do país;
o No sistema de vida;
o Relações de classe;
o Costumes;
 Pressupostos intelectuais
o O mundo dos sonhos;
o Meios sociais;
o Aspirações, crenças religiosas;
 Pressupostos técnicos
o O progresso das ciências;
o As aplicações no artesanato/indústria;
o Organização da respetiva mão-de-obra;
 Mundo Figurativo/Estético
o Conjunto das conceções e interpretações da arte e o vocabulário;
A crítica dos monumentos
 Análise urbanística: história dos espaços exteriores;
 Análise arquitetónica: história conceção espacial;
Viver os espaços interiores;
 Análise volumétrica: estudo invólucro mural que contém o espaço
 Análise elementos decorativos: escultura/pinturas aplicadas à arquitetura
 Análise da escala: relações dimensionais do edifício relativamente ao parâmetro
humano

A escala humana dos gregos


Templo grego: - lacuna, na ignorância do espaço interior;
- Supremacia incontestada;
O espaço interior nunca foi pensado porque não respondia a funções e interesses sociais
“O templo grego não era concebido como a casa do fies, mas a morada impenetrável dos
deuses”. Os gregos utilizavam mais o espaço urbanístico do que os internos. As “neo-
arquiteturas” buscam imitar a arquitetura grega, mas não passa de mascaramento de
invólucros murais que encerram espaços interiores. Uma prova da humanização do espaço do
templo é que com expansão para a Itália, os peristilos foram ampliados.
O espaço estático da antiga Roma
Ao contrario da arquitetura grega que era essencialmente escultórica ignorando a espacialidade do edifício,
as obras romanas mesmo não tendo o sensível requinte dos gregos tinha um grandioso espaço interno.
Possui pluriformidade do programa que contem novas técnicas construtivas. Há um amadurecimento dos
temas sociais.
Ao comparar um templo grego com uma basílica romana, percebe-se que as colunatas que antes cingiam o
templo, agora passam para o espaço interno.
As obras romanas impressionam pela grandeza e dimensão, mas não comovem pela inspiração.

A diretriz humana do espaço cristão


Os cristãos reuniram nas igrejas a escala humana dos gregos e a consciência do espaço interno dos romanos
Comparando uma basílica romana com uma igreja cristã, percebe-se que apesar das semelhanças, a igreja
rompeu com a simetria romana priorizando o caminho humano.
A dimensão humana é vista também em edifícios com esquema central.

A aceleração direcional e a dilatação de Bizâncio


Nas igrejas bizantinas o espaço cêntrico se amplia e o espaço interior é dilatado através de um movimento
centrífugo
Apesar dos romanos já terem conseguido anteriormente a dilatação do espaço interior, ela era estática,
enquanto a bizantina é dinâmica.

A barbárica interrupção dos ritmos


Os séculos VIII, IX, X não tinham uma concepção espacial definida, entretanto serviu de gestação para a
arquitetura românica.
Elementos iconográficos e estruturais característicos desse século: elevação do presbitério; jogo de naves em
torno do vão absidal; engrossamento das paredes; gosto pelo material bruto.
Nesse período há um rompimento com a longitudinalidade bizantina.

A métrica românica
Houve um “terremoto orgânico” na arquitetura, em que uma concepção espacial distinta se desenvolve.
Características da arquitetura românica: concatenação dos elementos e métrica espacial (complexa)

Os contrastes dimensionais e a continuidade espacial do gótico


Características da arquitetura gótica: aperfeiçoamento construtivo (concentração de pesos nos pilares, arcos
ogivais, acobotantes e contrafortes); negação das paredes e continuidade interior-exterior (vitrais);
Pela primeira vez a arquitetura cristã os espações estão em antítese polêmica com a escala humana,
produzindo estado de espírito de desequilíbrio.
Proporção do edifício entre si relativo ao homem.
No gótico há duas diretrizes: longitudinal e vertical
A arquitetura gótica inglesa tem qualidade “orgânica”

A lei e as medidas do espaço no século XV


Existem dois preconceitos sobre a arquitetura renascentista: de que rompe totalmente com os estilos
precedentes, negando a historicidade; e o outro que ela não passa de arquitetura neo-românica.
Os arquitetos da renascença adotam nas igrejas uma métrica espacial baseada em relações de matemática
elementares, onde o observador “mede” em poucos segundos o espaço.
Na renascença o homem é quem dita as leis do edifício e não o contrário
Nos séculos XV e XVI são preferidos os edifícios com planta central
A iconografia renascentista racionaliza, sem revolucionar, a medieval.
Volumetria e plástica do século XVI
A produção desse período é caracterizada por um conformismo classicista
Com relação aos temas espaciais, desenvolve a aspiração cêntrica do século XV; “Qualifica a mesma busca
espacial em termos eurrítmicos da antiga renascença voltando à antiga antítese entre espaço interior e
exterior, com a solidez pesada e corpórea das suas paredes e com a maciça plástica dos componentes
decorativos.”
“ no século XVI, todas as forças dinâmicas que haviam sido travadas mas não extintas, acalmam-se
definitivamente.”
Enquanto que no gótico, as abóbadas possuem espigões evidentes com zonas neutras de enchimento, na
renascença, aumentam-se os espigões e não existe mais zona neutra, apenas uma massa plástica.
As fachadas góticas possuem saliências e um intenso jogo de claro e escuro, já na renascença o edifício possui
um volume unitário.
No gótico havia uma continuação interior-exterior, na renascença há uma separação entre eles.
Apesar das semelhanças o espaço estático romano não possuía a vontade estática, corpórea, de perfeição
dos renascentistas.
O movimento barroco não é conquistar espacial, é um conquistar na medida em que representa espaço,
volumetria e elementos decorativos em ação.

Espaço urbanístico de séc. XIX


Acontece no final da época barroca
É um a época de mediocridade inventiva e de esterilidade poética.
A redenção realiza-se no exterior- urbanística
Fenómenos acontecem a seguir á revolução industrial e ao advento dos novos meios de locomoção, este
seculo defronta-se com os problemas do espaço urbano.

A ‘’planta livre’’ e o espaço orgânico da idade moderna


Foram exaustivamente expostos por Persver, Beherendt e Giedion fundamentada na ‘’planta
livre’’
O problema de moradias e a exploração da nova técnica construtiva do aço e do concreto, que
permite colocar os elementos da resistência estática num finíssimo esqueleto estrutural.
As divisões internas se tornam mais finas, curvam-se e movem-se livremente criando a
possibilidade de conjugar os ambientes.
As duas correntes do movimento moderno são o funcionalismo: surgindo na América (1880-1890) na
Escola de Chicago, mas encontra a sua formulação na Europa com Le Corbusier, e o movimento orgânico
de Frank Lloyd Wright nos EUA.

Capítulo V As interpretações da arquitetura


As interpretações técnicas são autênticas, na medida em que é aplicável a todos os movimentos da
arquitetura, atingido os elementos permanentes da arquitetura.
Ex.: A Catedral de Wells tornou-se possível também graças a nova técnica construtiva dos arcos
ogivais e arcobotantes e das abóbodas em guarda-chuva.
Belcher: tese da verdade estática equivocada pela generalização, em fazer surgir uma norma poética
particular com valor de princípio.
Renascença Florentina: Palazzo Riccardi/Palazzo Quaratesi/Palazzo Vecchio/Palazzo Strozzi/Palazzo
Rucellai/Capella Pazzi/Igreja de Santo Spirito.
- Gregos V a.C.: 490 Atenas vence a batalha de Maratona, 480 encontro naval em Salamina, 479
combate de Platéia.
Com isso Péricles se afirma politicamente e consequentemente atua arquitetônicamente seu mundo.
- Gótico Francês no reinado de Luiz IX: Catedral de Amiens/Chatres/Reims/Beuvais/Sainte-Chapelle.
Gótico Inglês no reinado de Henrique III: Catedral de Lincoln/Salisbury/Westminster.
Com o advento do nacionalismo e o fervor das Cruzadas.
1453 com a invasão de Constantinopla os artistas emigraram para a Europa e Inglaterra trazendo as
cúpulas em substituição das agulhas góticas. (Catedral de São Paulo)
Século XVIII o rococó francês dá lugar ao ideal clássico por influência política.
1933 fim da Bauhaus de Gropius e Mendelsohn impulsionadores do movimento funcionalista na
Inglaterra.
Tendência retórico-monumental na Itália aliada com a Alemanha influencia o obscurantismo da cultua
nazista.
A arquitetura é o aspeto visual da história.
1416 descoberta dos textos de Vitrúvio no mosteiro San Gallo; renascença que dizer laicismo ou
protestanismo.
Ecletismo é a arquitetura da Revolução Industrial em vários momentos históricos: século I e II
d.C./século XVIII Inglês/século XIX Americano.
Classicismo: Henrique VII e Elisabeth na Inglaterra, Luiz XVI e Napoleão III na França, Hitler e
Mussolini na Alemanha e Itália.
Neo-helenismo na Inglaterra em 1800.
Século XVIII Neoclássico reacionário ao rococó.
Século XIX Neogótico francês: Viollet Le-Duc, Neogótico Inglês: Ruskin.
A emoção artística consiste na identificação do espectador com as formas, e por isso no fato de a
arquitetura transcrever os estados de espírito nas formas da construção, humanizando-as e animando-as.
Elementos geométricos:
- A linha horizontal: dá o sentido do imanente, do racional, do intelectual.
- A linha vertical: é o símbolo do infinito, do êxtase, da emoção.
- Linhas retas e curvas: decisão, rigidez e força/hesitação, flexibilidade, decoração.
- A helicoidal: é o símbolo do ascender, do desprendimento, libertação.
- O cubo: representa integridade, dão ao espectador a sensação de certeza.
- O círculo: dá a sensação do equilíbrio.
- A esfera: representa a perfeição, a lei final, conclusiva.
- A elipse: torna a vista móvel e irrequieta.
A interpretação das formas geométricas é símbolo de dinamismo e movimento.
Interpretações da arquitetura:
- Proporções: existem proporções arquitetónicas belas em si sós.
Interpretações geométrico-matemática: baseados em harmonias espaciais cósmicas e nucleares.
Interpretações antropomórficas: teoria aristotélica da mimese, justificava as ordens pela sua
consonância com o corpo humano.
Interpretações formalistas: A unidade/A simetria/O desequilíbrio ou "balance"/A ênfase ou
acentuação/O contraste/A proporção/A escala/A expressão ou caráter/A verdade/A propriedade/A
urbanidade/O estilo.

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