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Teoria da Arquitetura, urbanismo e Paisagismo

AULA 1
A arquitetura sofre uma série de transformações em sua estrutura ao longo da história da humanidade. Essas transformações
ocorrem em função de uma série de fatores. Podemos citar alguns desses fatores, como clima, relevo, legislação, economia,
tecnologia, técnica construtiva, política, cultura e costumes locais, entre vários outros.
Uma forma de compreender como esses fatores contribuem para a formatação da arquitetura é a teoria. Enquanto a história da
arquitetura se ocupa em estudar as obras do passado, um olhar para aquilo que já aconteceu, a teoria da arquitetura tem por
objetivo discutir possibilidades, e lança, portanto, um olhar para o futuro.
Kate Nesbitt (2006, p. 15): “A teoria da arquitetura é um discurso sobre a prática e a produção da disciplina, que aponta para
seus grandes desafios. Tem pontos em comum tanto com a história da arquitetura, que estuda obras do passado, como com a
crítica, esta atividade específica de julgamento e interpretação de obras existentes segundo os critérios assumidos pelo crítico
ou pelo arquiteto.”
A teoria da arquitetura “oferece soluções alternativas a partir da observação da situação corrente da disciplina e propõe novos
paradigmas de pensamento para o tratamento de seus problemas”
Caráter analítico e reflexivo sobre as obras e os arquitetos do passado.
Oferece soluções alternativas a partir da observação da situação corrente, da disciplina e proponho novos paradigmas de
pensamento para o tratamento de seus problemas.
Consiste na preparação contínua e exercitada da experiência, a qual se consegue manualmente a partir da matéria.
Atualmente, podemos identificar três tipos de análise arquitetônica, sendo cada um subdividido em vários métodos, que
consistem numa forma de encarar e entender a arquitetura, a saber:

Análise histórica
 Diz respeito à História da Arquitetura e trata das teorias, eventos e métodos de projeto e de construção no decorrer do
tempo. Pretende estabelecer uma sequência cronológica de fatos do passado, que mantém uma relação direta ou não com
o presente e projetá-la para o futuro.

Análise conceitual
 Diz respeito à Teoria da Arquitetura e trata do que é arquitetura, o que ela deve produzir e como deveria fazê-lo. Pretende
conceituar o pensamento que a produziu, identificando-o e explicando-o, principalmente pelo uso de analogias.

Análise crítica
 Diz respeito à Crítica da Arquitetura e trata do processo e registro da resposta ao meio ambiente construído. Pretende
estabelecer uma valoração da arquitetura, baseada na teoria e na história da mesma.
A análise arquitetônica, tanto na História, Crítica ou Teoria da Arquitetura, é essencial, principalmente nas sociedades que
estão experimentando mudanças.
Toda mudança requer uma decisão, e para que esta seja acertada, não deve ser tomada sem a identificação das metas e a
compreensão dos processos em operação na sociedade.

Arquitetura Clássica
Significado da a palavra “clássico”, principalmente em termos de arquitetura? O conceito “clássico”, como tantos outros, possui
vários significados em diversos contextos, daí a importância de conhecer adequadamente o significado de “clássico” no âmbito
da arte e da arquitetura.
Um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do
mundo antigo – o mundo “clássico‟, em especial alinhado as civilizações Gregas e Romanas.

Grécia
A terminologia Grécia Clássica é utilizada para descrever a civilização europeia desenvolvida no período compreendido entre
1100 A.C até a conquista romana depois da Batalha de Corinto (146 A.C).
Na arquitetura grega, as edificações que despertam maior interesse são os templos. Essas obras foram construídas não para
reunir dentro delas um grupo de pessoas para o culto religioso, mas para proteger das chuvas ou do sol excessivo as
esculturas dos seus deuses e deusas.
A essência de todo o pensamento grego, que busca a realização de seu ideal de beleza – e para atingir este objetivo decodifica
a arquitetura em uma série de elementos necessários para que ela obtenha a harmonia, a proporção e a combinação de
elementos de modo que ela seja, de fato, uma bela arquitetura.
O homem grego decide que ele mesmo é o ponto de referência da realidade, o valor objetivo para a referência de todas e cada
uma das coisas que o rodeiam, tanto na sua impressão sensorial, quanto na sua valoração: a verdade, a justiça, a bondade, a
beleza”.
Esta posição influencia a arquitetura, pois este antropocentrismo leva ao desenvolvimento de um sistema de medidas
baseados no corpo humano, entendido como cânone de beleza e proporção. Este sistema de medidas determinará uma das
grandes contribuições dos gregos para a arquitetura: a escala humana.
Um exemplo são as estátuas Policleto e Lisipo, esculpidas por volta de 440 a.C., nos traz um princípio de proporção entre as
medidas tidas como perfeitas no corpo humano.
O mesmo raciocínio era transferido também para a arquitetura, procurando produzir construções que seguissem as mesmas
proporções.
Os gregos criaram um sistema de regras que teriam como objetivo desencadear a beleza e as proporções da natureza, que
são chamadas de ordens arquitetônicas.
A arquitetura grega é composta por um sistema ortogonal de elementos: colunas ou paredes (vertical) encimadas por vigas
(horizontal), sustentando um telhado. Supõe-se que estes elementos tenham sido resultado da transposição à pedra.
As colunas são compostas por três partes: o fuste (corpo da coluna); a base, na qual o fuste se apoia; e o capitel, que é o
elemento decorativo no topo da coluna, que costuma ter diferentes aparências de acordo com a ordem a que pertence.
As colunas e o entablamento eram construídos segundo os modelos da ordem dórica, jônica ou coríntia.

ORDEM DÓRICA
Era a mais simples e maciça. Os fustes das colunas eram grossos e firmavam-se diretamente no estilo bata [sem ter base]. Os
capitéis, que ficavam no alto dos fustes, eram muito simples. A arquitrave era lisa e sobre ela ficava o friso que era dividido em
tríglifos – retângulos que podiam ser lisos, pintados ou esculpidos em relevo.
O dórico foi relacionado, a partir de Vitruvius, com o gênero masculino – exemplifica a “proporção, força e graça do corpo
masculino” (VITRUVIUS).
A ordem dórica deveria ser utilizada em igrejas dedicadas aos santos mais extrovertidos e a figuras combativas em geral .

ORDEM JÔNICA
Elegante, mais esbelta e sugeria mais leveza – seu diâmetro é menor em relação à sua altura e as colunas se firmavam sobre
uma base decorada. Seu capitel é em voluta, e “a arquitrave é dividida em três faixas horizontais. O friso também é dividido em
partes ou então decorado por uma faixa esculpida em relevo.
A cornija é mais ornamentada e podia apresentar trabalhos de escultura. Vitruvius associava o jônico à “ao feminino”, e mais
tarde foi associada também a homens do saber, sendo muito utilizado em universidades e tribunais de justiça.
O Erectéion, um templo com padrões da arquitetura jônica A característica mais importante da ordem jônica é o friso,
na Acrópolis de Atenas. que geralmente é esculpido com escultura em relevo
disposta em um padrão contínuo ao redor do edifício.
Coluna jônica do templo de Ártemis em Sardis.

Ordem Coríntia
Uma terceira ordem da arquitetura grega, conhecida como coríntia, os capitéis coríntios têm forma de sino decorado com folhas
de acanto e espirais. Há também um par de volutas pequenas em cada canto; Assim, o capitel fornece a mesma visão de todos
os lados.
Por serem tão belas, acabaram como a ordem mais prestigiada entre os romanos. E servia para transmitir, através da
arquitetura, a mensagem de abundância, opulência e riqueza dos povos.
Última ordem desenvolvida pelos gregos e foi utilizada no Período Helenístico, século IV a I a.C.. Eram mais altas e delgadas,
parecendo mais delicadas; extremamente bem esculpidas, com uma moldagem luxuosa; e decoradas com ornamentos
lembrando folhas de palmeiras.
Coluna coríntia do Templo de Zeus em Atenas. As cariátides são impressionantes e também foram muito
imitadas ao longo da história da arquitetura.
As cariátides, que são estátuas representando mulheres
que fazem o papel estrutural das colunas, sustentando a
arquitraves com suas cabeças.

Roma
Uma mistura de elementos inovadores com técnicas de diferentes povos: assim pode ser definida a arquitetura romana. Suas
obras inspiraram sociedades ao longo da história e hoje encantam diversos grupos — tanto profissionais da área da construção
civil quanto admiradores de construções antigas, tratamos neste contexto principalmente do período do Império Romano.
O Império Romano foi a terceira fase da civilização romana, segundo a periodização utilizada pelos historiadores. Esse período
iniciou-se em 27 a.C., com a coroação de Otávio como imperador de Roma, e estendeu-se até 476 d.C.
Os romanos se apropriaram dos ensinamentos que haviam recebido e os modificaram – em alguns pontos até aprimoraram.
Por exemplo, eles acrescentaram aos estilos herdados – dórico, jônico e coríntio – duas novas formas de construção na
arquitetura romana: a toscana e a composta.
Basicamente, uso do estilo de construção grega e etrusca e, em cima dessa técnica, estabelecer a sua própria criando
inclusive formas inovadoras de construção.
Nas obras romanas é possível observar a influência dos gregos com o uso de colunas – especialmente nos templos – e a
inspiração etrusca nos arcos e abóbodas.
Projetos sólidos e resistentes, Arcos e abóbodas em novos Paredes largas com aberturas
capazes de sobreviver ao tempo; formatos, como berço e aresta; estreitas que se assemelhavam a
janelas;
Construções funcionais e luxuosas; Os arcos eram os grandes
responsáveis pela forma artística Simetria e proporções matemáticas;
Uso inovador do concreto nas das obras romanas;
construções; Espaços com grandes aberturas;
Retorno do mármore nas Obras inspiradas no espirito prático
construções; e guerreiro dos romanos;
Coliseu. O anfiteatro possui 46 metros de altura e capacidade para 80 mil espectadores.
A arquitetura romana que fascina pelas grandes e monumentais construções. serviu o grande Império Romano, a sua
expansão e os conceitos a este associados.
As principais construções romanas visavam a glória do Império Romano mas integram edifícios de utilização pública.
Aquedutos , fóruns, arenas, coliseus, termas, villas e cidades.
Assim, a arquitetura romana introduz novos conceitos de construção e urbanismo. As principais construções romanas integram
ainda novos materiais, novas soluções construtivas e novos elementos arquitetônicos.

Arquitetura Publica
 Religiosa : O templo ( retangular e circular), inserido no contexto urbano.
Panteão/Pantheon
As abobadas romana, é possível encontra-las em algumas obras. Além disso, basílicas (edifícios construídos em praça
pública).
Panteão/Pantheon de Roma foi construído em 126 A.c como templo para todos os deuses romanos.
consiste num grande pórtico circular com três filas de enormes colunas de granito coríntio. O pórtico abre-se sobre uma
rotunda que é coroada por uma cúpula de betão com uma abertura central: o oculus.
Uma boa altura para visitar o Panteão durante uma visita romana é quando chove em Roma e se pode ver como a chuva entra
no edifício através do oculus.
A importância concedida às vias de circulação e abastecimento fez com que os romanos desenvolvessem esplêndido
progresso técnico, o que pode ser visto com a criação das calçadas, utilizadas por vários séculos, as pontes, em Roma, e os
aquedutos, como o Pont Du Gard, junto à cidade francesa de Nimes.
Obras Publicas: Pontes, aquedutos Domus: casas urbanas Villae: Chácaras
Arquitetura Privada: moradas Insuloe: Apartamentos (exército) Palácios: Império
O objetivo da arquitetura romana
Para além de utilitárias e belas, as construções eram enriquecidas com elementos decorativos e pedras e mármores, num
gosto excessivo pelo luxo, reflexo do seu poder.
De caráter triunfal e histórico, assinalando façanhas militares e políticas do povo romano, os relevos decoravam estruturas
arquitetônicas, principalmente arcos do triunfo e colunas comemorativas
Fórum romano
Era no Fórum onde aconteciam a vida pública, cultural e econômica em Roma. Ele era rodeado por edifícios públicos, e está
localizado até hoje entre as colinas mais importantes da cidade.
Os arcos de triunfo
A arquitetura romana presenciou várias inovações que ainda são muito utilizadas hoje. Os romanos foram responsáveis pela
invenção de uma espécie de cimento (base para o modelo que utilizamos hoje), do concreto armado e do ladrilho.

Arquitetura Civil
Edifícios Públicos: Basílicas, Termas Monumentos comemorativos: Arco de triunfo , coluna.
Edifício Para espetáculo: Teatro , anfiteatro , circo Arquitetura Funerária : Tumulares com escultura
A história e a teoria da arquitetura se sobrepõem em diversos momentos ao longo dos tempos.
Dessa maneira, o arquiteto-teórico explora soluções tanto conceituais, em que se nutre da filosofia para enriquecer o seu
discurso, como físicas, em que explora a materialidade da construção.
O arquiteto da antiguidade, vitruvio, versa nas primeiras páginas de seu tratado a importância da teoria na formação do
arquiteto ao estabelecer um paralelo com a prática. Ele esclarece que a ciência do arquiteto é fruto de várias disciplinas e
saberes ,e que, portanto, arquitetura nasce da prática e da teoria.

O tratado de arquitetura do vitruvio


O termo “tratado” possui algumas conotações. Significa um acordo formal entre 2 ou mais governantes; Algo que foi
Combinado; Um tópico de discussão. A definição que mais se torna relevante para a discussão da arquitetura é “Obra que
demonstra didática e detalhadamente um ou muitos assuntos”.
O primeiro grande tratado de arquitetura que se tem notícia, O que minimamente sobrevive aos tempos até os dias atuais são
os 10 livros sobre arquitetura [De architectura libri decem] de Vitruvio. Ainda que Vitruvio Não tenha sido o primeiro que
escreveu sobre a Disciplina, Sou tratado, representa a única documentação da arquitetura da antiguidade que não se perdeu.
Antes de abordar o tratado, é importante revelar alguns traços biográficos do autor. Assume-se que Vitrúvio tenha nascido no
ano de 84 a.C. Durante o império de César, serve ao exército romano e constrói armas de combate como catapultas e
equipamentos de infraestrutura como pontes. Com o falecimento de César em 44 a.C., Vitrúvio participa da construção do
aqueduto romano a serviço de Otávio. Aposenta-se em 33 a.C. obtendo uma indenização financeira por intercessão de Otávia,
irmã do imperador. Nessa época, aposentado aos 51 anos, Vitrúvio começa a se dedicar a seu tratado de teoria da arquitetura.
A hipótese é que os livros tenham sido escritos entre os anos de 33 e 14 a.C., de modo que não se sabe ao certo a sua ordem.

Vitruvio
O Tratado de Arquitetura de Vitrúvio é composto por dez livros, com informações sobre arquitetura, planejamento urbano,
ordens gregas, técnicas, edifícios públicos e privados, materiais de construção, descrição de mecanismos de aplicação civil e
militar, relógios e máquinas hidráulicas. Existem registros de que desenhos acompanhavam a obra, porém todas as ilustrações
do autor sobre as descrições foram perdidas. A obra se caracteriza por ser a primeira teorização desenvolvida sobre
arquitetura, manual de urbanismo, construção, decoração e engenharia que se conhece.
De acordo com algumas passagens do documento, conclui-se que Vitrúvio não se destaca tanto enquanto arquiteto. Como
mencionado, realiza algumas obras militares e de infraestrutura sob os impérios de Júlio César (Roma, 100 –44 a.C.) e de seu
filho e sucessor, Otávio Augusto (Roma, 63 a.C. –Nola, 14 d.C.), sendo que apenas uma obra de sua autoria é mencionada em
seu texto, a basílica da província de Fano. Sendo assim, a sua obra de maior importância é o seu tratado, dedicado ao
imperador Augusto.

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