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© Matheus Pereira
Escrito por Matheus Pereira
Seja para iniciar a análise de um detalhe ou para impressionar alguém em uma roda de
conversa ou em uma viagem, o entendimento de uma edificação clássica inicia-se ao
ter consciência das diferentes ordens clássicas arquitetônicas. Dentro do referencial
bibliográfico pela história, o primeiro relato acerca das ordens foi escrito por Vitrúvio.
“[...] As ordens vieram propiciar uma gama de expressões arquitetônicas, variando da
rudeza e da firmeza até a esbelteza e a delicadeza. No verdadeiro projeto clássico, a
seleção da ordem é uma questão vital – é a escolha do tom” [1], que para o autor,
sintetiza a “gramática da arquitetura” [2].
Realizamos um breve referencial sobre as diferenças nos capitéis das cinco ordens
clássicas arquitetônicas:
Dórica
Jônica
Coríntia
Toscana
Compósita
Notas:
[1] SUMMERSON, p.12, 2006.
[2] SUMMERSON, p.12, 2006.
[3] SUMMERSON, p.04, 2006.
[4] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.
[5] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.
[6] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.
[7] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.
[8] VITRÚVIO in SUMMERSON, p.11, 2006.
Referências Bibliográficas
SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2006.
A arquitetura grega
A arquitetura pré-helênica floresceu nas Ilhas do Mar Egeu e atingiu a Grécia onde se
desenvolveu. A arquitetura grega sofreu influencia oriental trazida pelos hititas e fenícios. As
principais cidades eram Tirinto e Micenas. As civilizações egéias data de um período de 2000 a
3000 a.C. A Ilha de Creta, a maior das ilhas do mediterrâneo, foi o palco desse
desenvolvimento e tinha como uma das edificações de maior importância o Palácio de
Cnossos. Além dos fenícios, um fato que impulsionou a arquitetura grega foi a invasão dos
dóricos. A arquitetura grega não trouxe consigo nenhuma herança das abóbadas micênicas e
baseou todas as suas construções no simples modelo trilítico. O emprego do ferro no trabalho
da pedra permitiu o aperfeiçoamento dos cortes e o progresso na escultura, e na arquitetura.
O que se pode perceber é que o desenvolvimento gradual dos equipamentos e dos utensílios
de uso dos artistas teve influência direta no resultado formal encontrado nas edificações da
época. Primeiramente os instrumentos de trabalho eram constituídos de sílex de bronze e não
eram capazes de trabalhar as pedras com eficiência. A ausência do ferro deu origem a um tipo
de alvenaria ciclópica. As ferramentas de ferro permitem, num segundo estagio, encarar de
frente o problema da construção dando origem a um novo conceito construtivo.
Os edifícios gregos eram constituídos por blocos horizontais sustentados por paredes e
colunas: construção de pilar e lintel. Não existiam praticamente nem curvas nem arcos. A
simetria era característica das construções e foi em parte atingida através de um processo
conhecido como entasis destinado a eliminar as ilusões de ótica. Os edifícios a que os antigos
gregos dedicavam maior importância eram os templos. Os primeiros templos foram
construídos de madeira e tijolos de barro, mas no fim do séc VI a.C., passaram a ser
construídos de pedra calcária. O mármore, que pode ser polido e trabalhado até a perfeição,
tornou-se cada vez mais utilizado. Os templos não eram constituídos para abrigar
congregações; sua finalidade imediata era a de recolher a estátua de um deus. Um único
recinto antecedido de um átrio servia a este fim. Os templos eram geralmente construídos
sobre uma plataforma com três degraus que lhe davam acesso. Nos mais belos templos, os
quatro lados do edifício eram rodeados por uma colunata denominada peristilo. A entrada
principal estava orientada para o Leste. O conjunto das fachadas oriental e ocidental era
coroado por frontões. ATENAS: a deusa apresentava-se armada com lança, capacete e escudo,
trajando na mão direita erguida uma estátua da vitória e estava acompanhada por uma cobra.
O teto de madeira era decorado com pinturas e dourados. A luz penetra no templo apenas
pelas portas, que orientadas para o Leste banhavam de sol a estátua de Atenas quando as
portas eram aberta.
Dórica: era simples e transmitia uma única impressão de solidez e força. A colunata não tinha
base, ergue-se direto sobre a plataforma. A superfície do fuste era dividida (comprimento) em
estrias largas e côncavas (caneluras). O capitel (que pode ser chamado de equino) era liso com
formato semelhante ao de uma almofada e sustentado por um ábaco (tem a função de
diminuir o vão entre as colunas) quadrado e liso. A arquitrave era também lisa, não
suportando diretamente a cornija, havendo entre eles o friso. Na fachada dos templos se
sobrepunha o frontão, que podia ter sua superfície decorada e servia para esconder o telhado.
Como exemplos de templos de ordem Dórica temos: Atenas em Corinto, Zeus em Olímpia,
Teseu em Atenas, Partenom em Atenas, Apolo em delos. Cinco nomes célebres são
responsáveis pela realização do templo de Atenas na Acrópole: Péricles - administrador e
protetor das artes, Ictinus, Calicrates, Mnesicles - arquitetos gregos e Phidias - escultor.
Jônica: Introduzida através do Mar Egeu. Era mais ornamentada que a dórica e mais
trabalhada. O fuste era mais alto e estreito e se erguia sobre uma base formada por uma série
de anéis. O capitel apresentava dois pares idênticos de espirais e volutas semelhantes a um
rolo de papel. O espaço entre as espirais era preenchido com uma escultura decorativa,
encontrada também no ábaco. A arquitrave era composta por 3 planos horizontais. Alguns
frisos eram lisos e outros decorados com esculturas em relevo. Como exemplos de templos
jônicos: Artemisa em Efeso, Ilissos em Atenas, Dionisio em Teos, Erecteo na Acrópole de
Atenas.
Coríntia: capitel mais bem ornamentado com folhas de acanto, rodeavam a parte inferior do
capitel, coroado por volutas simétricas ou folhas de lótus ou de palmeira. Os gregos o
consideravam como uma variante rica da ordem jônica. Segundo Vitrúvio, o primeiro capitel
coríntio foi executado por um ourives em Corinto (as formas frágeis e os finos detalhes são
mais apropriados para terem nascido do metal e não do mármore).
A cariátide consistia em um entablamento dórico ou jônico, sobre colunas cujo fuste é uma
figura humana a exemplo do Templo Erecteo. A arquitetura e a estatuária se completam
mutuamente num todo único e harmonioso. A razão dessa harmonia se dá pelo fato dos
escultores e arquitetos gregos praticarem ambas as artes, e serem ávidos na busca da
perfeição do traço.
As medidas, por exemplo a altura de uma colunata eram expressas em múltiplos do diâmetro
da base do fuste. Dórica 4x e 6x, Jônica 9x, Coríntia 10x. As esculturas nos templos utilizavam o
espaço (frontões triangulares, as métopas nos templos dóricos, e os longos frisos nos templos
jônicos) para empregar toda a sua arte retratando grandes acontecimentos da vida cotidiana ,
da história e da mitologia. O efeito do conjunto das esculturas dos frontões era acentuado pela
utilização de tinta vermelha, azul e dourada.
O Partenon, que constituía o templo da Deusa Atena, teve sua construção concluída em 436
a.C. Possuía uma estátua da Deusa Atena de ouro e marfim em sua sala principal, que era
antecedida por uma antecâmara. No séc. VI d.C. o edifício foi convertido em Igreja, sendo mais
tarde convertido em mesquita. No séc. XVII foi utilizado como arsenal e em 1687 sofreu vários
danos quando os venezianos cercaram Atenas. Era orientado com sua pronaus para o
quadrante leste e media 68x30x18m.
A planta da casa grega derivou do mégaron, subdividida em uma sala retangular com um
pórtico frontal suportado por colunas. Além das civilizações cretenses, o grego sofreram
influência egípcia, de povos do mediterrâneo oriental, assírios sendo percebidos nos
ornamentos arquitetônicos, flor de lotus, palmas, espirais e volutas que tem sua origem no
mundo oriental.
Os gregos também se desenvolveram nas correções de ótica. As linhas retas eram substituídas
por linhas curvas. As arquitraves côncavas, paredes internas e colunas eram inclinadas para
dentro, ábacos e cornijas sobressaiam das paredes, o fuste das colunas reduzia com a altura e
as estrias menos pronunciadas na parte superior diminuíam a sensação de tortuosidade.
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Referências Bibliográficas:
. JANSON,H. W. Arquitetura Grega e Romana. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Capitulo –
Arquitetura (168-184)
. CARVALHO, Benjamin . A História da Arquitetura. Edições de Ouro
. HISTÓRIA GERAL DA ARTE - ARQUITETURA I,II,III,IV,V,VI . ediciones del Prado. tradução:
LETRAS, S, 1995
. MUMFORD, Lewis. A Cidade na História. Ed. Martin Fontes.
A arquitetura egípcia
Neste artigo são apresentadas algumas características gerais da arquitetura egípcia, suas
relações com aspectos formais e simbólicos, principais métodos e sistemas construtivos, os
avanços técnicos em relação à arquitetura primitiva e uma análise de alguns templos
importantes. Serão feitos ainda alguns apontamentos sobre a arquitetura de adobe na
mesopotâmia.
Se analisarmos o caráter dos templos reais da civilização egípcia percebemos que a construção
simbolizava a recriação para o rei morto da vida que ele levava na terra. Templos como as
pirâmides tinham um caráter predominantemente funerário. As tumbas eram construídas
basicamente por motivos religiosos, e o esforço para sua execução suplantava até mesmo as
necessidades de construção de habitações para a população. Nos seus rituais de inumação, os
egípcios envolviam os corpos em esteiras e os colocavam com a cabeça orientada para o
quadrante sul. (prescrições religiosas ao culto solar). A idéia primitiva da existência de uma
divindade e de uma vida após a morte é um fator decisivo e marcante das obras de arquitetura
egípcia. A idéia de reencarnação da alma irá condicionar quase todas as formas de
desenvolvimento das construções, gerando impactos decisivos na linguagem, orientação,
decoração, técnicas de construção, proteção, etc. A exemplo dos símbolo da serpente que
morde a própria calda, podemos encontrar símbolos diversos que trazem a idéias de vidas
sucessivas implantados nas faces das edificações. As principais divindades eram retratadas na
figura do Deus Sol (Rá = representado por um sol alado) e Horus (o sol nascente). A doutrina
esotérica egípcia é baseada na ressurreição e no renascimento. Eram extremamente
preocupados com a orientação solar das edificações: o que definia o posicionamento era
fundamentado no conceito de "força vital" emanada pelo sol, que deveria continuar a ser
captada pelo morto durante certos períodos do ano.
O processo de mumificação pode ser entendido como sendo responsável pela salvação da
alma. Quanto aos edifícios funerários, podemos hierarquizá-los primeiramente nas pirâmides e
depois nas mastabas.
De todas as figuras geométricas, o triângulo foi o preferido do Vale do Nilo, seja pelo fato de
ser um polígono indeformável, seja por ser "trino" (a trindade estava impressa em todos os
princípios se sua doutrina religiosa) o fato é que eles empregaram largamente esta figura.
Entre os triângulos, um lhes chamou particularmente a atenção: o que exibia em seus lados a
relação três, quatro e cinco, e que era portanto um trilátero retângulo. Esta figura deve ter
sido de grande importância, pois como sabemos, permite a construção fácil e exata de linha
perpendiculares, até pelo emprego de uma simples corda. Na figura que se chama "regulador
de proporções", o cateto menor tripartido simbolizava Osiris, a base com quatro divisões
representava Isis e a hipotenusa fragmentada em cinco figurava Horus. O perfil das abóbadas
de tijolo era desenhado a compasso, com três centros feitos sobre os três vértices de dois
destes triângulos geminados. Outro triângulo retângulo possui a relação áurea - a hipotenusa e
o menor cateto guardam entre si a relação 1,618. Antes dos gregos, os egípcios procuraram
corrigir as ilusões de ótica, oriundas das grandes fachadas horizontais onde existe a repetição
sistemática de elementos como por exemplo as colunas. Os gregos compensavam a flecha
aparente por uma curva inversa, segundo um plano vertical, enquanto os egípcios a
compensavam no sentido de um plano horizontal.
"Nenhuma arquitetura tem como esta a exata correspondência das massas, ninguém sabe
talvez, melhor sacrificar a realidade para obter a aparência." Auguste Choisy
O templo era uma obra longa. Sua construção levava às vezes centenas de anos para ser
concluída. Outra característica marcante nos templos do Vale do Nilo era a sua policromia
interior. Esses desenhos narravam de maneira singela a história do templo e dos deuses em
homenagem aos quais ele tinha sido construído, a vida dos faraós e seus construtores, e das
pessoas que colaboraram para a sua realização. Os obeliscos eram pilastras decorativas que
serviam como marcos históricos. Compunham-se de um vasto monólito, prismático de base
quadrangular, que se pode encontrar sempre aos par, nas entradas de alguns templos. A
esfinge era uma estátua situada à entrada da Grande Pirâmide, e voltada para o oriente. É
quase um monólito esculpido em pedra viva. As residências privadas eram de alvenaria de
tijolos e teto plano com terraço; as janelas eram invariavelmente abertas para um pátio ou
jardim interno. As defesas militares eram construídas em planaltos de quase vinte metros de
altura. Eram edificados de tijolos crus e as suas paredes atingiam dez metros de espessura e
eram dotadas de vigas e outros elementos estruturais embutidos na alvenaria.
Civilização assentada em uma zona pantanosa entre os rios Tigre e Eufrates, suas primeiras
habitações devem ter sido choças de juncos (planta pantanosa de regiões temperadas, caule
cilíndrico, delgado e flexível), com esteiras para tapar buracos e para impermeabilização
utilizavam substâncias betuminosas. Os povos mesopotâmicos também foram célebres
trabalhadores de blocos de argila: adobes. A argila era encontrada em abundância para a
fabricação de tijolos. Os adobes eram blocos prismáticos de barro seco ao sol de uns 35cm de
comprimento. Era costume dispô-los ainda úmidos, de forma que, ao secarem, constituíssem
blocos compactados. Por vezes, as paredes reforçavam-se com encadeados de madeira e
tijolo. A partir do IV milênio costumava-se esmaltar a face externa dos tijolos para preservar as
paredes de umidade. Raras vezes se utiliza a argamassa de cal para a fixação ou o betume. A
escassez e a má qualidade da pedra que se tinha determinaram a sua pouca utilização como
material de construção. A pedra e a madeira precisavam ser importadas.
As cidades eram planejadas com uma planta quadrada, e possuíam muralhas defensivas,
resultado da necessidade e se evitar invasões e dominações por outros povos. As muralhas
eram construídas com barro cru com 6 metros de espessura, estucadas e decoradas com cenas
das vidas dos Reis. Eles dominavam a técnica dos tijolos esmaltados e relevos.
Os tijolos eram usados, na maioria das vezes, crus e de preferência úmidos, o que dava ao
conjunto a solidez e aparência de um monobloco de argila. Era comum usar os tijolos crus
servindo como embasamento (miolo) para depois ser revestido com tijolos cozidos. O betume,
farto na Babilônia, também serviu como argamassa para os tijolos e para a impermeabilização
das galerias de escoamento de águas pluviais; eram grandes mestres de drenagem. Com a
intenção de manter tanto os cadáveres como os utensílios secos e conservados, instalaram
tubos e manilhas, com forma de um hiperbolóide de revolução para aumentar a sua
resistência. Na parte superior eram constituídos de calotas esféricas sobrepostas e perfuradas.
A pedra foi sempre para os povos antigos um material de luxo, que reservavam para a
escultura, quer livre, quer incorporada à decoração arquitetônica. As paredes se levantavam
sobre fundações de escassa profundidade. A espessura era variável. É muito característica a
decoração das paredes com mosaicos, que são também usados para decorar o fuste dos
pilares. Como suporte empregou-se a madeira (na maioria originária das palmeiras ou cedro) e
mais tarde os pilares de tijolos. A madeira devia ser transportada e, tal como no Egito, era
escassa; por isso foi raramente empregada nas construções.
Segundo escavações, a construção dos templos remonta o IV milênio a.C. O modelo do templo
é uma edificação quadrada formada por uma nave com câmaras laterais e capelas na
cabeceira. A entrada na lateral impede que a imagem seja vista a partir da porta: sistema em
cotovelo.
Os palácios: alguns deles, como o de Mesalim de Kish, constituíam uma verdadeira cidade. Era
formado por dois corpos independentes de estreita planta retangular, coroados por amplas
esplanadas em que se dispunham jardins, o que garantia certo grau de umidade, benéfico para
melhorar a conservação dos adobes. Compreendia vários pátios com dependências anexas,
para além de templos com zigurates. O habitual era que o palácio, como o santuário,
constituísse um núcleo independente do casario, isolando-se dele por uma alta muralha. Esta
organização passará ao mundo assírio e mais tarde ao bizantino e ao islâmico, mantendo-se o
conceito de pequena cidade dominando a grande.
Nota-se um funcionalismo muito acentuado, sem a menor preocupação com a simetria. Os
corredores tortuosos e a disposição confusa sempre indicam uma preocupação com ataques
surpresa; defesa da casa e do proprietário.
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Referências Bibliográficas:
A arquitetura românica
A utilização das abóbadas eram freqüentes. A unidade estrutural era composta pelas aduelas,
uma série de blocos de pedra em forma de cunhas. O arco vence um vão maior que o lintel,
sendo necessários menos suportes, uma grande vantagem para os construtores cristãos que
procuravam o mínimo de obstruções internas no interior das igrejas. O arco e a abóbada são
os elementos mais importantes do sistema construtivo dessa arquitetura. O arco aumentaria
as larguras das passagens entre as colunas, e as abóbadas supriam a deficiência originária das
dificuldades de serem cobertas grandes áreas de reuniões e práticas rituais. No início, somente
as absides eram abobadadas. O templo românico era uma cruz latina, composta por uma nave
longitudinal e um cruzeiro.
Outro problema estrutural românico foi a cobertura do cruzeiro que é o quadrado central
oriundo do cruzamento da nave central e o transcepto. Na arquitetura bizantina foi
solucionado o problema com uma cúpula sobre base quadrada, utilizada com o emprego de
elementos de contraventamento. Outra forma de serem anulados os empuxos laterais das
abóbadas de berço, era a interseção de duas delas, propiciando a descarga em apenas quatro
pontos separados. Assim foi inaugurada nestes templos a chamada abóbada de arestas. Outra
novidade foi o contraforte ou gigante, às vezes substituído por tirantes. Os materiais mais
diversos eram empregados em diferentes lugares, sendo a pedra o mais preferido, depois o
mármore e depois o tijolo. Apesar de ser melhor utilizada em função da liberdade e leveza
estrutural, a construção da abóbada de arestas se torna complicada para espaços que não
tenham um planta quadrada. Essas duas formas, a abóbada de berço e a abóbada de arestas
foram utilizadas na grande maioria das igrejas românicas. Visualmente transmitem a sensação
de solidez, calma e repouso, de ausência de esforço ou tensão.
O papel das outras artes era muito importante nesse período. Numa época em que muito
poucas pessoas sabiam ler ou escrever, a igreja recorria substancialmente às pinturas e às
esculturas para comunicar-se com os seus membros. Os interiores das igrejas exibiam
freqüentemente pinturas de cenas religiosas nas paredes e nas abóbadas. Como acontece na
maioria das representações românicas de eventos religiosos, a composição é muito simétrica.
Mas o achatamento e o encurtamento arbitrários das figuras dos apóstolos, de modo a ajustá-
las claramente ao lintel, indicam uma nova atitude por parte do artista. Ele parece preocupar-
se menos com as proporções idealmente belas do que com a apresentação concisa de uma
história dentro do espaço disponível. Ex.: Ascensão de Cristo, tímpano da Porta Miègeville,
basílica de Saint-Sernin, em Toulouse.
No que tange às asas, quanto mais baixo era o nível social do proprietário, menos provável
seria que as construções permanecessem de pé. Podemos entanto ter uma idéia do aspecto
das casas dos camponeses medievais de, pelo menos, uma região da Europa examinando
alguns casebres de pedra na Galizia, norte da Espanha. O traçado dessa pallozas remonta aos
tempos célticos. Cada palloza é normalmente retangular, mas com os cantos arredondados
tendo a estrutura em pedra assentada sem argamassa e coberta por um telhado cônico. São
construídas próximas ao chão, de modo a conservar o calor, pois se trata de uma região fria.
Eram divididas ao meio por um tabique de madeira. A aspereza do clima também requeria
janelas exíguas para entrada de luz e ar.
Algumas poucas casas românicas remanescentes em centros urbanos sugerem como vivia a
população citadina no séc XII. A princípio a casa poderiam funcionar como loja no primeiro
pavimento e como residência no segundo pavimento. Os balcões eram assentados sobre
cavaletes e ao fim do dia retirados para se fechar a loja.
O período românico foi de transição. Os templos pediam mais luz, maiores proporções e mais
inspiração. A tradição românica não falava a favor de grandes alturas e nem de paredes
delgadas, vazada por grandes aberturas, uma vez que se apoiavam em um sistema de arcos a
abóbadas solicitadas a violentíssimos esforços. Era necessário substituir ou aperfeiçoar aqueles
dois elementos medulares, que eram o arco e a abóbada, que foi finalmente conseguido
escorando-se lateralmente o arco por outro arco (arco botante) e reforçando-se as arestas das
abóbadas com nervuras, que na realidade passam a suportar todo o peso da cobertura. Estas
nervuras descarregam em vários pilares ou colunas finas que rodeavam uma mais larga, que
suportava maior carga, resultando na esbeltez dos feixes góticos de varas de pedra.
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Referências Bibliográficas:
Neste artigo poderão ser encontradas algumas definições e conceitos acerca da "arquitetura"
sob ótica da produção do espaço imediato ao corpo, da construção física da habitação e
paralelamente a execução de um "microclima" (que explicaremos adiante mais
profundamente), tendo em vista a relação entre as técnicas construtivas disponíveis em um
determinado período histórico com os ofícios e práticas de construção existentes, visando
finalmente a produção do "abrigo". Estarão presentes definições como: a abordagem
Vitruviana, uma análise etimológica do termo arquitetura, a abordagem tectônica, um olhar
sobre "tecnologia" e a idéia de "casa como uma extensão do corpo". São recuperados aqui os
trabalhos de Benjamim de Carvalho, cujas importantes publicações encontram-se algumas fora
de catálogo, do crítico inglês Kenneth Frampton, e do historiados mexicano Alberto Pérez-
Goméz. As relações conceituais estabelecidas entre autores citados buscam oferecer um
panorama inicial acerca dos princípios fundamentais da arquitetura e da produção do espaço
por comunidades primitivas.
A transcorrência da evolução humana fez com que, uma vez construído o abrigo elementar
pelo homem primitivo, de acordo com as limitações naturais e técnicas, ele começou a
perceber que o ato inicial de abrigar-se não era por si só suficiente. Carvalho nos lembra que,
paulatinamente, o ser primitivo inicia a introducão ao seu abrigo ainda rudimentar de
melhorias e aperfeiçoamentos que permitissem a ele um melhor rendimento frente seus
objetivos. Cabe destacar que neste contexto, as técnicas construtivas elaboradas sempre
foram o produto da manipulação e aplicação direta dos materiais de construção disponíveis e
geralmente adquiridos da região geográfica onde ele se insere.
Uma definição resultante destas primeiras considerações permite definir esse processo de
"melhoria substanciada" como uma "ordenação das peças, lugares e objetos, programados
segundo uma disposição, orientação e interdependência coerentes com a sua natureza e
necessidade". Além dessas considerações de ordem prática, o que faz da arquitetura uma das
mais intricadas das artes (aqui considerando um recorte da "arte como ofício", características
dos períodos antigos) é a conciliação dos fatores naturais-construtivos com princípios estéticos
(questões que não serão abordadas aqui neste artigo, mas discutidas posteriormente num
momento oportuno). O recorte "arte enquanto ofício" é conveniente para podermos
considerar o "arquiteto primitivo", antes de tudo, como um "artista", no sentido definido por
Carvalho de um "criador de formas condicionadas", cujo ofício implica na resolução de
aspectos práticos das mais diversas ordens e a simultânea expressão de valores subjetivos.
O arquiteto italiano Marcus Vitruvius Pollio, ou apenas Vitrúvio, desenvolveu, ainda no séc.I
a.C., um tratado de arquitetura denominado: "De Architectura Libri Decem" (os "Dez Livros da
Arquitetura"). Continha um conteúdo teórico rico em informações relativas aos métodos e
estratégias construtivas, e traçava toda uma linha doutrinal que, segundo o seu pensamento,
auto regeria a ação do arquiteto e o evolver da arquitetura. Carvalho nos apresenta a seguinte
passagem contida nos tratados de Vitrúvio: "É preciso que ele (o arquiteto) tenha facilidade de
redação, hábito de desenho e conhecimento de geometria; deve ter algumas tinturas de ótica,
conhecer a fundo a aritmética, ser versado em história, dar-se com atenção ao estudo da
música, não ser alheio à medicina e à jurisprudência, e estar a par da ciência astronômica que
nos inicia nos movimentos celestes (...) A arquitetura tem por objetivo a ordenação,
disposição, a eurritmia, simetria, conveniência e a distribuição". Vitrúvio realizou um dos
primeiros registros de codificação das construções e princípios de ordenação, e estabeleceu
novos parâmetros para uma epistemologia pregressa da arquitetura. Sustentou suas
abordagens em uma tríade conceitual definida como: firmitas, utilitas e venustas (firmeza,
utilidade e beleza).
Uma análise etimológica da palavra "arquitetura" revela sua origem no vocábulo grego
"architekton", que trata do entendimento de que o ato criativo está condicionado à produção
das necessidades primordiais de permanência. Carvalho nos conta que Platão via na obra de
arquitetura não a representação de um objeto conceituado, tal qual ocorria em outras artes de
figuração como a pintura e a escultura, mas o real-objeto. Para as artes, excetuando a
arquitetura, Platão definia seu processo como a elaboração de uma idéia abstrata que é
atribuída à uma forma específica, gerando um objeto concreto a partir de uma realização
imaginária. Comparando um pintor a um arquiteto, Platão define a pintura como nada mais
que uma imagem, "um fantasma, desprovido de existência verdadeira". Contrariamente a
arquitetura possuiria uma existência própria, seu aspecto funcional respaldaria sua condição
vital de proteção da presença humana, e neste caso a abstração é justificada pela importância
real de sua condição de interface para o ser humano. Obviamente trata-se de uma
consideração definitivamente específica de um momento histórico em que os fundamentos
clássicos ainda estavam em gestação. Apesar de limitada, essa abordagem é extremamente
importante para o entendimento das origens do termo "arquitetura" e sua conotação de
"primordialidade" sobre as outras artes e ofícios.
O conceito pode também ser aplicado para a avaliação dos que ele define como "
agrupamentos", partes específicas de edifícios e outros construtos, e também objetos. O livro
analisa diversos momentos históricos da arquitetura considerando o recorte do "ofício do ato
da construção", ou ainda, a arquitetura como a "arte dos agrupamentos". Nota-se que a arte é
aqui entendida como princípios de produção ue envolvem técnica e habilidade. Debruçado
sobre os trabalhos de Auguste Perret, Louis Kahn, Mies van der Rohe, Frank Lloyd Wright e
Carlos Scarpa, Frampton avalia como a forma construtiva e as características dos materiais
foram integrais para o desenvolvimento das expressões arquitetônicas. "O arquiteto ordena,
manipula, utiliza aquilo que dá origem aos espaços em que vivemos". Seguindo este raciocínio,
explora múltiplos conceitos de arte (enquanto ofício), tal qual comentamos anteriormente nas
abordagens de Carvalho, vinculada à construção ou fabricação de um produto, objeto ou
ambiente, de caráter artesanal. Seguindo este argumento, o conceito de valor tectônico
estabelece um retorno à "materialidade dos objetos", podendo ser compreendido como uma
"sintaxe da construção", como a aplicação de uma série de "formas de arte", novamente
lembrando do recorte ofício, profissão.
Carvalho comenta que Herbert Marcuse compreendia a tecnologia como um processo social,
mais do que simplesmente técnico. As técnicas, por sua vez, constituem um fator parcial, ou
seja, o aparato da industria, dos transportes e das comunicações. Já em um contexto
moderno industrial, a tecnologia compreende o modo de produção, a totalidade de
instrumentos, aparelhos e idéias, que caracterizam destacadamente a Era da Máquina. Ela é,
ao mesmo tempo, modo de organização, perpetuação ou mudança das relações sociais, e
manifestação dos padrões predominantes de pensamento e comportamento. Tecnologia é
instrumento de controle, nas suas mais distintas e complexas aplicações.
Para o arquiteto Alberto Pérez-Gomez, tecnologia implica muito mais do que o entendimento
de máquinas ou processos técnicos neutros. Ela é o "nosso mundo, a realidade histórica que
nós fabricamos". Neste sentido, a tecnologia não pode ser liberada do ponto de vista das artes
tradicionais, da metafísica e de suas implicações humanistas. Há um empuxo subjacente às
realizações técnicas que o autor define como uma "sede por transcendência", e uma carência
humana de efetivação de sua existência e liberação pessoal.
Sob a perspectiva sociológica, a tecnologia não pode ser definida apenas como a aplicação da
lógica, da razão e do conhecimento aos problemas de matérias primas do meio-ambiente.
Conceitos como "técnicas sociais" estão compreendidos na abordagem tecnológica e voltam-
se aos problemas de organização humana. Se a tecnologia envolve a criação de instrumentos
materiais (máquinas) utilizadas na interação do homem com a natureza, a abordagem
sociológica entende que ela também envolve a criação de instrumentos sociais (burocráticos,
legais, codificados) utilizadas para a organização humana. Se por um lado a tecnologia pode
ser compreendida como uma seqüência de operações criadas pelo homem como assistência
para se alcançar um objetivo, ela também abarca o corpo do conhecimento
humano envolvendo processos de comportamento, sistemas de relações, definição de
estratégias de controle social e legislações. Todas essas definições voltam-se para a aplicação e
transmissão do conhecimento. Em termos arquiteturais, todas são importantes, apesar de
grande parte da cultura arquitetural associá-la ao estudo sistemático de métodos, técnicas e
ferramentas aplicadas na adaptação do meio-ambiente físico às necessidades e desejos da
humanidade.
"A morada dos mortos é a primeira arquitetura". Essa afirmação articula-se ao fato de que
grande parte das construções mais significativas e imponentes realizada pelos povos primitivos
estavam associadas aos templos funerários. A inumação do cadáver na terra é o ritual
funerário mais utilizado pelos povos primitivos. Desse tipo de estruturação se desenvolvem a
maioria dos exemplares dos túmulos encontrados. Etimologicamente, o termo túmulo remete
ao conceito de lembrança. Segundo Lewis Munford, "o respeito do homem antigo pelos
mortos (...) teve um papel maior ainda que as necessidades de ordem mais prática, ao fazer
que procurasse um local fixo, um ponto fixo. Os mortos foram os primeiros a ter uma morada
permanente: uma caverna, uma cova assinalada por um monte de pedras, um túmulo coletivo.
Constituíam marcos aos quais provavelmente retornavam os vivos a intervalos, a fim de
comungar com os espíritos ancestrais".
Apesar da rudimentaridade das técnicas e do simplismo das relações sociais encontradas nos
primórdios das arquitetura, já era possível reconhecer aí indícios de uma formação cultural
baseada na intervenção direta sobre o ambiente e um modo não-autoconsciente de articular
estas intervenções. Maiores informações disponíveis nas fontes bibliográficas citadas abaixo.
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Referências Bibliográficas:
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MASSARA, Bruno (2002). Conceitos sobre arquitetura primitiva e derivações. Artigo Online.
Disponível em <http://www.territorios.org/teoria/H_C_primitiva.html> Acessado em: inserir
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