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Arquitetura e Urbanismo - Teoria e História da Arquitetura

Suelen Vicencio Bruno - 8° período


Prof° Haniel Saulo

A Linguagem Clássica da Arquitetura - John Summerson

Cap. 1

É impossível abordar as questões que me proponho neste livro sem primeiro


mostrar as distinções existente entre os edifícios que são prima facie clássicos, e os
que não são. Deverei falar da arquitetura como linguagem e, por enquanto, parto do
pressuposto de que vocês conhecem o latim da arquitetura quando o escutam - ou
melhor, quando veem.
Vários teóricos, os quais demonstraram que a harmonia em uma estrutura, assim
como na música, é alcançada por meio de proporção, ou seja, ao se fazer com que
as proporções de todas as partes de um edifício sejam funções aritméticas e
estejam relacionadas entre si.
O conceito renascentista de proporções é razoavelmente simples: a finalidade da
proporção é estabelecer harmonia em uma estrutura - uma harmonia que se torna
inteligível, seja pelo uso evidente de uma ou mais ordens como componentes
dominantes, seja simplesmente pelo uso de dimensões que requerem a repetição
de razões simples.
Vitrúvio foi um arquiteto de alguma importância durante o reinado de Augusto,e
escreveu um tratado em dez livros, De Architecture, dedicado ao imperador. No
gênero, este é o único tratado da antiguidade que sobreviveu e, por essa razão, tem
sido objeto de enorme veneração. Vitrúvio não tinha grande gênio nem talento
literário e nem, ao que se saiba, talento arquitetônico. Mas seu tratado reúne e
preserva para nós uma imensa quantidade de conhecimento tradicional sobre
construção - é o manual prático do arquiteto romano do século I a.C., enriquecido
com exemplos e anotações históricas.
As ordens passaram a ser consideradas a pedra de toque da arquitetura, os
instrumentos arquitetônicos de maior sutileza possível, corporificando toda a
sabedoria acumulada pela humanidade na antiguidade no que diz respeito à arte de
construir - quase que produtos da própria natureza. E é aqui que o olho moderno
deve frequentemente confessar-se derrotado. A menos que você realmente
conheça as ordens e possa reconhecer de imediato uma ordem toscana segundo
Vitrúvio, uma ordem coríntia oriundo do templo de Vespasiano, uma ordem jônica do
templo de Saturno, ou ainda a estranha ordem compósita imaginada por Selio a
partir do coliseu, não poderá apreciar em toda a sua extensão os refinamentos e
variações que foram carinhosa e assiduamente aplicados às ordens.
As ordens vieram propiciar toda uma gama de expressões arquitetônicas, variando
da reduza e da firmeza até a esbelteza e a delicadeza. No verdadeiro projeto
clássico a seleção da ordem é uma questão vital- é a escolha do tom. O que é feito
com a ordem, quais as proporções dadas ás diferentes partes, que ornatos são
escolhidos ou não, tudo modifica e define o tom.

Cap. 2

Os Romanos, ao adotarem arcos e abóbadas em seus edifícios públicos, fizeram


questão de e2mpregar as ordens de forma mais visível possível. Talvez achassem
que, sem as ordens, um edifício não poderia ser significativo. Talvez procurassem
transferir o prestígio da arquitetura religiosa para projetos seculares importantes.
Não sei. Seja qual for a razão, combinaram a arquitetura altamente estilizada mas
estruturalmente bastante primitiva dos templos gregos com seus arcos e abóbadas.
E assim, ao empregarem as ordens não como mera decoração, mas como
instrumento de controle de novos tipos de estrutura, renovaram a linguagem
arquitetônica. Apesar de serem na na maioria dos casos estruturalmente inúteis, as
ordens, com cerimônia e grande elegância, dominam e controlam a composição à
qual estão associadas, tornando os edifícios expressivos.
Os arcos triunfais de Roma e de outros lugares da Itália talvez tenham sido ainda
mais instrutivos gramaticalmente do que os teatros.Serlio mostra onze deles. Por
serem essencialmente cerimoniais, esses arcos recebiam grande variedade de
detalhes arquitetônicos e esculturais. Em Roma, os maiores e os mais importantes
eram e ainda são o arco de Sétimo Severo e o arco de Constantino. Observem este
último. Trata-se de um volume retangular sólido com três perfurações a do centro
formando o arco principal e as outras duas formando os arcos subsidiários, mais
baixos e estreitos. Contra os quatros maciços que dividem os arcos estão colocadas
quatro colunas sobre pedestais. O entablamento se projeta sobre cada uma
sustentando nesses pontos, figuras esculpidas. Sobre o entablamento fica uma
superestrutura chamada “ático”, que serve de pano de fundo para as esculturas
decoradas com dizeres comemorativos em alto-relevo.
Tenho audácia de adotar aquela coisa adorável, carcomida pelo tempo, que é a
ordem dórica. Não se pode copiá-la. Para acertar, você tem que escolher e
projetá-la… você não pode copiar, você se dá conta de que se copiar está perdido e
fica uma confusão.
Isso significa trabalho árduo, muita reflexão sobre cada linha, em três dimensões e
em cada junta e não se pode deixar nenhuma pedra deslizar. Se você ataca o
problema desse jeito, a ordem pertence a você, e cada traço, sendo trabalho
mentalmente, deve ficar imbuído de toda poesia e arte que Deus lhe deu

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