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FACULDADES BARDDAL / UNISESP

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO


DISCIPLINA: TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO I
PROF. KARINE DAUFENBACH
FLORIANÓPOLIS, 25/11/2013

ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. Capítulo 4 - As várias idades do espaço. São Paulo:
Martins Fontes, 1996, pág. 70 – 95.

Resenhado por François Urban (Faculdades Barddal - UNIESP)

Bruno Zevi começou a estudar arquitetura em Roma e graduou-se na Harvard


University. É autor de importantes livros de história e teoria da arquitetura, entre os quais
encontra-se o livro “Saber Ver a Arquitetura”. Neste Bruno Zevi apresenta os principais
aspectos que considera ser fundamentais para a compreensão e a análise da arquitetura,
ressaltando a importância de se evidenciar o espaço, além de dissertar sobre a evolução
histórica da mesma. O desenvolvimento desta baseia-se no quarto capítulo onde Zevi reporta-
se ao período cristão da idade média, analisando e descrevendo os principais estilos de igrejas
ocidentais ao decorrer do tempo: paleocristão, românico, bizantino e gótico.
Segundo o autor os cristãos se basearam na arquitetura helenística para criar sua
igreja, assim temos a igreja com a escala humana dos gregos e a consciência do espaço
interior romano. Produzindo uma revolução funcional no espaço latino. A igreja cristã tem
como propósito ter um lugar de reunião, comunhão e oração dos fiéis. Inspirada mais na
basílica do que no templo romano, por sua proximidade temporal.
A basílica é simétrica, já a igreja cristã não tem uma das duas absides e desloca a
entrada para o lado menor deixando um único eixo longitudinal, a diretriz do caminho
humano. A diferença entre a escala humana grega e a cristã é que a primeira é estática e a
segunda respeita o dinamismo do homem. Essa conquista dinâmica também é evidente nos
edifícios de esquema central. Roma com o passar do templo muda de extrovertido e ativo para
mais reflexivo, mostrando essa característica na arquitetura, tornando-a mais dinâmica com
várias passagens para o homem, diversas vistas e sensações.
O tema basilical exalta-se e exaspera-se no período bizantino. o problema do arquiteto
bizantino não é de caráter estrutural, mas limita-se a introduzir no esquema longitudinal
paleocristão a urgência de uma aceleração como na basílica longitudinal se negam as relações
verticais, assim nos edifícios de planta cêntrica, o espaço é dilatado até as fluências mais
velozes e às tensas distancias. As faixas de mosaico acentuam no conteúdo e na forma a
horizontalidade.
No terreno crítico dos resultados arquitetônicos, deve ser reconhecido que a dilatação
dos espaços romanos, por mais ampla e tecnicamente corajosa que seja, encontra o seu limite
na manifesta robustez das suas estruturas murais para quem quiser confrontar o espaço
paleocristão com o bizantino, é fácil demonstrar que existe entre eles não só diversidade, mas
oposição. é uma mensagem nova cuja voz será ouvida nos séculos seguintes, no XI e XII, e o
seu eco será sentido em toda a arquitetura oriental.
Numa resenha seria ilegítimo passar do bizantinismo para o românico, ignorando os
três séculos, entre VIII e X. Estes são séculos bárbaros, cheios de invasões, lutas e ditaduras,
são vistos na historia da arquitetura como produtores de monumentos aparentemente toscos,
vulgares. No entanto, nestes séculos descobrimos a origem e o presságio da arquitetura
românica, a intuição das concepções espaciais dos séculos XI e XII que constituem o primeiro
renascimento da arquitetura europeia os elementos que formam a originalidade da produção
desses séculos.
Na segunda metade do século XI e ao surgir do século XII a arquitetura românica
institui, depois do final do império romano, o primeiro período em que a civilização de toda a
Europa se agita sincronicamente em nome de uma mesma renovação do conjunto
arquitetônico quando se chega ao românico, bastam poucos retângulos para formar paredes,
vertentes do telhado e pavimento.
Ressalta-se algumas características arquitetônicas como a elevação do prebistério, o
ambulacro e o deambulatório que continua o jogo das naves em torno do vão absidal, o
engrossamento das paredes, a acentuação visual das relações de peso e sustentação, o gosto
pelo material bruto. Elevar o prebistério significa interromper o comprimento do ambiente.
Introduzir o ambulacro, quer dizer, articular o edifício tornando-o mais complexo. Injetar o
sentido de peso e substituir o cromatismo por materiais brutos, implica a inversão da intenção
espacial e dos adjetivos decorativos. Século XI e XII Sant'Ambrogio de Milão e Cathedral de
Durham. Caracteriza-se por dois fatos: a arquitetura deixa de agir em termos de superfície e se
exprime em termos de estruturas.
O gótico do ponto de vista construtivo aprofunda e conclui a investigação românica. O
sistema em ossatura aperfeiçoa-se, a técnica dos arcos orgivais reduz as pressões laterais, os
arcobotantes e os contrafortes tornam-se braços musculosos. O conjunto românico torna-se
mais leve e se estende.
O Autor cita duas diretrizes a vertical e a longitudinal, relação entre ângulo e planta e
retângulo de seção e em segundo lugar da relação entre esses dois retângulos e o homem. Se
confrontarmos o gótico italiano, francês e inglês verificamos que o contraste se acentua a
medida que se sobe em direção ao Norte. Sendo esta última ainda, orgânica possibilitando
expandir, crescer e articular edifícios.
O que distingue a arquitetura gótica da românica é o contraste das forças
dimensionais, pela primeira vez na historia da arquitetura, os artistas concebem espaços que
estão em antítese polemica com a escala humana e que produzem no observador não uma
clama contemplação, mas um estado de espírito de desequilíbrio. Outro significado da escala
que diz respeito não às relações de proporção entre o edifício e o homem, mas às proporções
do edifício em si relativamente ao homem.

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