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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO

PARÁ INSTITUTO DE ENGENHARIA DO ARAGUAIA


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

REGIS VICTOR MORAES SILVA

Resenha

REDENÇÃO – PA
2024
REGIS VICTOR MORAES SILVA

Resenha

Resenha, apresentada à disciplina Teoria


e História da Arquitetura e Urbanismo II,
do Curso de Arquitetura e Urbanismo no
Instituto de Engenharia do Araguaia da
Universidade Federal do Sul e Sudeste
do Pará, como requisito de nota para
aprovação.

Profª Orientador: Leandro Almeida

REDENÇÃO – PA
2024
Introdução

A antiga Grécia, berço de uma das civilizações mais influentes da história, legou
ao mundo não apenas inovações políticas e filosóficas, mas também um legado
artístico exuberante e duradouro. Dentro desse contexto, a produção artística grega
entre os séculos VIII e IV a.C. reflete uma rica amalgama de pensamento filosófico,
valores políticos e uma busca incessante pela harmonia e perfeição estética. Este
estudo propõe-se a explorar, de forma abrangente, a evolução das principais
expressões artísticas desse período, com foco especial na arquitetura e escultura
gregas. Ao mergulharmos na complexidade das ordens arquitetônicas, na inovação
das esculturas que transcendem o ideal humano e nas diversas formas de expressão
artística, buscamos compreender não apenas o "o que" dessas criações, mas,
sobretudo, o "como" e o "porquê" que moldaram a identidade visual da Grécia antiga
e influenciaram profundamente a arte ocidental.

Desenvolvimento

O texto introduz o estudo da produção artística da Grécia e dos países de língua


grega entre os séculos VIII e IV a.C., excluindo a arte micénica e a helenística. O autor
destaca a conexão entre essas manifestações e a época em estudo, mas ressalta
suas bases filosóficas e políticas distintas, resultando em estéticas diferentes da arte
grega "clássica". Embora os limites temporais sejam restritos, os geográficos são
ampliados, mostrando que os gregos eram uma série de tribos unidas pela língua e
cultura, migrando para fundar colônias e transplantar sua civilização em formação. A
civilização grega é caracterizada pelo racionalismo, amor pela beleza e interesse pelo
homem, originando conceitos como democracia e atitudes específicas perante a arte.
O texto continua discutindo a evolução da arquitetura grega, destacando o "Medieval
grego" como transição entre a queda micênica e o florescimento grego. Os gregos, ao
criar um novo universo arquitetônico, basearam-se na casa micênica e nos templos
de madeira, introduzindo distinções como arquitetura, pintura e escultura, cada uma
com regras objetivas. Os arquitetos gregos concentraram-se no sistema trilito, uma
combinação de laje horizontal e dois blocos de pedra como apoio. Limitaram os tipos
de edifícios, padronizando a forma do templo. A invenção do sistema trilítico é
discutida, destacando elementos fixos como o envasamento e o entablamento. Os
gregos combinaram essas partes seguindo regras pré-estabelecidas, criando ordens
como dórica, jônica e coríntia. O controle do resultado final era crucial, levando à
introdução de um submúltiplo na escala do material de construção e do edifício
acabado. As três ordens gregas são mencionadas, destacando a falta de
correspondência exata com as raças helênicas, como o exemplo do Partenon em
Atenas, construído no estilo dórico. O conhecimento das três ordens arquitetônicas
gregas e suas modificações é crucial. Estas surgiram durante os séculos obscuros da
história helênica, período pouco documentado. A ordem mais antiga e significativa é a
dórica, com um envasamento escalonado, fuste monolítico ou de tambores
sobrepostos, e capitel composto por colarinho, équino e ábaco. O entablamento segue
uma graduação semelhante, com arquitrave lisa, friso composto por triglifos e métopas
esculpidas. Esses termos são fundamentais para compreender a arquitetura grega,
que evoluiu com variações da época arcaica à clássica. A discussão continua com a
introdução da ordem jônica, contemporânea à dórica, caracterizada pela graça e
feminilidade em contraste com a ordem dórica austera e masculina. A ordem jônica
diferencia-se pela complexidade do capitel, com volutas e espirais unidas por linhas
curvas, e a presença da base, ausente na ordem dórica. O plinto, intermediário entre
o fuste e o estilóbata, é composto por molduras ou discos alinhados de maneira
diferente, apoiados em um ábaco semelhante ao da ordem dórica. O texto destaca a
elegância da ordem jônica, mas reconhece sua menor praticidade em comparação
com a dórica, especialmente no templo períptero clássico com colunas nos quatro
lados. A solução para esse desafio só surge na época helenística, com a simetria
obtida ao adicionar um par de volutas em cada lado do capitel. A arquitrave é composta
por três faixas salientes, contrastando com a lisa da ordem dórica. Colunas jônicas
são esbeltas, com éntase pequena e afastamento maior, refletindo possíveis
protótipos de madeira. A ênfase, no entanto, é no exterior dos templos, revelando a
importância dada à construção e envoltório do edifício. A evolução das ordens
arquitetônicas é destacada, incluindo a introdução da ordem coríntia, uma versão
enriquecida da jônica. A coríntia, mais decorativa, é aplicada com parcimônia a
construções menores. A inovação das cariátides, estátuas que substituem colunas, é
mencionada, associada a uma lenda da Ásia Menor. Evidenciando que as soluções
nos templos evoluídos, como o Partenon, fogem do esquema repetitivo, com colunas
variadas, linhas curvas e inclinação sutil. A invenção do teatro é mencionada como
outro destaque arquitetônico grego, caracterizado por sua abertura à natureza e
clareza funcional. A discussão passa para a escultura, enfatizando a pouca
sobrevivência de obras originais e a prevalência de cópias romanas. A escultura
grega, rica e variada, é comparada à arquitetura em sua busca pela perfeição. A
representação idealizada do corpo humano sem defeitos é destacada como objetivo
central na escultura grega, refletindo o ideal de elevar-se das formas individuais à
forma da humanidade. A história da escultura grega clássica é delineada, desde a
estilização das obras arcaicas até a representação completa de posturas complexas.
A importância dos artistas na identificação do estilo grego é ressaltada, permitindo a
análise de fases específicas da escultura helênica por meio de seus trabalhos.
Ressaltando a importância de referências como o escultor Praxíteles, notório por suas
obras belas e por ser o primeiro a representar uma mulher nua, a Afrodite de Cnido,
embora apenas cópias sobrevivam. Destaca-se também o período entre o final do
século VII e as Guerras Persas, onde a estatuária grega, ainda primitiva, contrasta
com a maturidade da arquitetura devido às dificuldades técnicas com a pedra dura.
No cenário primitivo, o Moscóforo exemplifica as limitações impostas pelo material,
com uma composição frontal e reta, delineada no bloco de pedra. A introdução do
Kouros marca a transição para proporções corretas, embora mantenha uma atitude
rígida. Focando na evolução do tipo da Koré, representada pela Koré de Eutidico, que
combina características arcaicas com a estilização acentuada de cabelo e vestuário.
Destaca-se o Auriga de Delfos, uma escultura de bronze do ano 475 a.C., com rosto
concentrado e cabelos e túnica estilizados. O escultor Policleto é mencionado, mais
conhecido pelo cânon matemático do que por suas obras. Sua estátua, o Doríforo,
destaca-se pela exatidão nas proporções, representando um jovem nu segurando
uma lança. A evolução da escultura grega é destacada, especialmente a transição do
ritmo "deambulatório" de Policleto para o esquema mais fluido em "S" de Praxíteles.
Este último é reconhecido por suas representações naturais e graciosas do corpo
humano nu em posições relaxadas. Exemplificada pela transformação do austero
Apolo nas origens para o languido Hermes, destacando a pose indolente e os
músculos perfeitos. Fídias, um artista supremo, é mencionado, associado ao
Partenon, o magnífico templo dórico na Acrópole, cuja decoração completa foi
realizada por ele, incluindo tímpanos, métopas e frisos. A discussão prossegue,
enfocando a evolução da escultura grega e a transição da serenidade olímpica para
uma representação mais atormentada do corpo humano. Escopas, com figuras
marcadas por movimentos nervosos, sobrancelhas franzidas e roupagens agitadas,
exemplifica essa mudança em contraste com a serenidade de Fídias. Lisipo,
considerado o último grande artista da arte helênica, é mencionado por suas
representações de jovens com semblante sereno, mas corpos em movimento. Seu
Apoxyomenos, o atleta nu em movimento, transforma o ritmo "deambulatório" de
Policleto e a falta de rigidez de Praxiteles em um balancear de uma perna à outra,
ondulando todo o corpo. O texto destaca Lisipo como autor do primeiro retrato grego
verdadeiro, o de Alexandre, cujo legado sepultou a liberdade da Hélade em nome da
Grécia, impondo a civilização grega e transformando-a em civilização helenística.
Essa menção encerra a discussão sobre a evolução da escultura grega, evidenciando
diferentes estilos e influências ao longo do tempo. As "artes menores" da Grécia
Antiga, incluindo gemas, estatuetas, moedas, joias, objetos de metal, partes de
escudos e armaduras, destacando sua estreita relação com a evolução da escultura,
desde formas e composições arcaicas até exemplares de máxima naturalidade e
perícia técnica. A pintura grega, apesar de quase desaparecida, é considerada por
muitos como tendo alcançado um nível comparável, se não superior, ao da arquitetura
e da escultura. A pintura de vasos gregos, especialmente a decoração que
ornamentava esses grandes recipientes, tornou-se crucial devido à escassez da
pintura maior. Os vasos gregos eram obras-primas frequentemente exportadas para
lugares distantes, constituindo um setor importante do comércio exterior da Hélade.
Essa exportação era possível devido ao aprimoramento das técnicas, linhas e
ornamentos, e os vasos eram desenvolvidos com foco na função prática para a qual
eram destinados. A evolução da cerâmica grega é discutida, destacando os primeiros
vasos do século VIII e VII a.C. com decoração geométrica. Uma tendência mais
decorativa e naturalista emergiu, especialmente em Rodes. A partir do século VI a.C.,
Atenas tornou-se o centro dominante, marcando a história da cerâmica grega ática.
Os vasos áticos foram decorados inicialmente com figuras negras sobre fundo
vermelho, invertendo-se por volta de 500 a.C. Essa mudança coincidiu com o estilo
austero da escultura da época. A cerâmica ática alcançou realismo notável com a
aplicação de escorço e perspectiva. Entretanto, após atingir níveis dignos das obras
contemporâneas de Fídias, a cerâmica ática perdeu sua inovação e prestígio,
desaparecendo como forma artística no final do século IV a.C., enquanto a produção
de cerâmica negra continuava a se tornar comum.

Conclusão

A imersão na produção artística da Grécia Antiga revela não apenas uma riqueza
estética, mas também uma profunda conexão entre arte, filosofia, política e cultura. A
busca pela harmonia, expressa nas ordens arquitetônicas, reflete o racionalismo e
amor pela beleza que permeavam a sociedade grega. A evolução das esculturas,
desde o idealismo do corpo humano até representações mais atormentadas, espelha
a transformação dos valores e influências ao longo do tempo. A cerâmica, além de
seu valor prático, tornou-se uma expressão artística distintiva, destacando-se pela
maestria técnica e pela evolução estilística. A pintura, embora escassa em exemplos
preservados, é reconhecida como uma forma de arte que possivelmente atingiu níveis
comparáveis à arquitetura e escultura, evidenciando a importância das artes menores.
A Grécia Antiga, com sua democracia, amor pela beleza e busca pela perfeição,
moldou não apenas a sua própria civilização, mas também influenciou profundamente
a história da arte e da cultura ocidental. O legado da Grécia Antiga continua a ser uma
fonte de inspiração e reflexão sobre os ideais estéticos e filosóficos que transcendem
as fronteiras do tempo.
Referências bibliográficas

CONTI, Flavio. Como Reconhecer a Arte Grega.

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