Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os primórdios da civilização grega encontram-se entre os séculos XII e VIII a.C., sendo que em
aproximadamente 1.000 a.C tribos guerreiras vindas da Europa introduzem os princípios
dóricos. É uma arte bastante rudimentar em seu princípio, mas que se desenvolve para uma
interessante geometrização. São deste período, também, os templos de madeira, dos quais
não sobraram vestígios, porém foram determinantes para arquitetura posterior.
O Período Arcaico vigora do séc. VII até c. de 480 a.C., onde assistimos à eclosão da
genialidade artística grega em todas as formas de expressão (Janson, 1992).
O séc. V é o período da plena democracia e para a cultura é conhecido como Clássico (agora,
como denominação específica de uma época e não o termo genérico analisado acima). É forte
a correlação entre a política e a arte, assim com os princípios democráticos, a representação
neste período enaltece o individual, porém aplana as diferenças e distinções, dentro das
limitações da aristocracia (Hauser, 1982). É o momento das proporções, formas e temas
idealizados; representativa de um mundo de seres eticamente superiores, pois é a expressão
da nobreza culta da época.
E temos como denominação genérica para fase final, entre os séc. IV e I a.C, o Período
Helenístico, momento de expansão do território e da civilização grega através de Alexandre
Magno. A múltipla influência faz a arte se transformar, tornando-se mais suntuosa, dramática
e dinâmica. Essa complexidade aproxima-se de um desequilíbrio formal que estabelece uma
relação simbólica com a aproximação do final da independência política e cultural da
civilização grega.
Arquitetura Grega
Vitrúvio foi um arquiteto romano do séc. I que nos legou um tratado de dez volumes , De
Architectura, dedicado ao imperador Augusto. Estes escritos tratam dos conhecimentos de
arquitetura de seu tempo e, com o imenso respeito que os romanos tinham pela cultura grega,
um detalhado estudo desta arquitetura. É impressionante a quantidade de detalhes,
elementos e sutilezas contida nos templos gregos e, de acordo com Vitrúvio, eles se
originaram dos primitivos templos de madeira. O detalhamento da construção em madeira
tornou-se representação esculpida em pedra, que por sua vez permaneceu como “gramática”
da arquitetura clássica.
A arquitetura grega tem três ordens ( estilos arquitetônicos): Dórico, que está ligado ao
Período Arcaico, mas também existe em outros momentos; Jônico, que da mesma maneira,
liga-se ao Período Clássico e Coríntio, ao Período Helenístico. Todos os templos têm
características de proporção e equilíbrio quase matemáticos, estão mais para uma “morada do
deus” na forma de escultura do que um local de cultos e multidões. Vamos observar alguns
destes templos, suas ordens e sua gramática (segundo Grinnel):
Escultura Grega
O Período Clássico distingue-se pelo apuro anatômico em crescente idealização das formas e
proporções – é o chamado belo platônico. Os escultores deste período tornam-se conhecidos.
Policleto, escultor do Doríforo (fig.8 ) – conhecido como o canon, regra da absoluta perfeição,
proporção da figura humana em sete cabeças e meia. Alguns anos mais tarde, Miron inova
com a impressão de movimento, com a atlética figura do Discóbolo (fig. 9 ). Fídias torna-se
famoso pelas imensas esculturas da acrópole, todas destruídas, mas que permaneceram em
relatos e cópias romanas. Praxíteles é o escultor dos seres perfeitos, mais longilíneos e
esbeltos, alterando o canon de Policleto. Observe a fig.10 , a figura esguia de Hermes contrasta
com o denso panejamento lateral, criando um novo equilíbrio. Talvez a mais famosa escultura
grega feminina seja a Vênus de Milo , assim chamada por ter sido encontrada na ilha de Melos
(Gombrich, 1983 ), símbolo de equilíbrio e simplicidade – harmonia perfeita.
Figura . 7 Doríforo (o lanceiro) Cópia romana do original de Policleto. c.440 a.C. Mármore, alt.
1,98m. Museu Nacional de Nápoles
Figura 9 Discóbolo (o lançador de disco )Cópia romana em mármore a partir de original grego
em bronze, c. 450 a.C., por Miron. Tamanho natural, Museu delle Terme, Roma.
Cerâmica
A cerâmica é o suporte do que restou das representações bidimensionais dos gregos. Desde os
primeiros tempos, acompanhou-se o desenvolvimento estilístico do mais geométrico (fig.13 ),
das tribos mais primitivas, aos esquemas corporais do Estilo de Figuras Negras e Estilo de
Figuras Vermelhas (fig. 14), do período arcaico e clássico, que privilegiavam os temas heróicos,
à extrema delicadeza dos fundos brancos.
Figura 10 A lamentação dos Mortos - Cerâmica de figuras geométricas (c. 700 a. C. ). Museu
Nacional de Atenas.
ARTE ROMANA
A cultura romana teve duas influências primordiais, dos etruscos herdaram o senso de
realismo e a maestria na engenharia arquitetônica, dos gregos são os grandes exaltantes,
sendo continuadores do helenismo, mas importando ou copiando obras de todas as épocas,
empregando seus artistas e utilizando-se de todas as maneiras o seu cabedal de cultura.
Exímios militares, criaram um vasto império que se estende da Inglaterra ao Golfo Pérsico, da
Espanha à Romênia (Janson, 1992 ), temos, portanto, arte romana em lugares díspares como
Portugal, Egito ou França. A província da Judéia pertencia ao império romano e é nela que
nasce aquele que divide a História e é a figura central do cristianismo: Jesus Cristo. Os
primeiros cristãos, perseguidos usaram da arte como forma de ensinamento, mas essa arte
tinha, impreterivelmente, a tradição romana da representação.
Arte Romana
Entre os séculos II a.C e V d.C houve a consolidação e a queda do vasto Império Romano. Um
Império cosmopolita que absorvia e fundia características e culturas regionais; militar,
subordinava as províncias ao poder romano, mas hospitaleiramente recebia na capital sábios e
imagens religiosas díspares (JANSON, 1992). Portanto, a cultura romana é um amálgama de
pequenas influências provinciais somadas à grande influência helenística. É essa cultura
diversificada, esse urbanismo sofisticado, essa arte que traduz o poder, mas também o sutil e
prazeroso que permanece como paradigma de clássico, tantas vezes revista na História através
das artes, arquitetura e letras.
A Escultura Romana
As réplicas de esculturas gregas produzidas pelos romanos possibilitam, como já foi dito no
texto Arte Grega, o conhecimento fragmentado dos originais. Essas réplicas eram usadas como
objetos de decoração, souvenires de admiradores da arte grega (Gombrich, 1983 ), porém não
são determinantes do estilo original romano. Este, em oposição ao estilo grego, busca o
realismo dos retratos. Não há nada de idealizado nestes rostos, muitas vezes envelhecidos e
desprovidos de belos traços, mas que são poderosos em dignidade, em posturas serenas e em
dimensões respeitosas.
Figura 1 Imperador Vespasiano (c. 70 d.C.). Busto em tamanho maior que o natural. Museu
Nacional de Nápoles.
Arquitetura Romana
Como já vimos, a arquitetura romana sofre forte influência grega, principalmente de seus
templos com sua gramática, em especial as três ordens. A estas ordens é somada a toscana,
mais encorpada e simples que a dórica e a compósita, mais delgada e com capitel que une
volutas às folhas de acanto. Típico da arquitetura romana são dois elementos que, junto com
os elementos gregos, formam a gramática clássica: a abóbada e o arco, elementos
revolucionários que colaboraram com o gigantismo das construções romanas. Porém, é o uso
de um rígido concreto, formado de argamassa, saibro, cascalho e outros restos de construção
que possibilitaram a perenidade da arquitetura romana. Esse concreto era revestido de placas
de mármore ou granito polido, mas essas placas se perderam com o tempo (JANSON, 1992).
Os arcos e abóbadas usados como elementos construtivos das grandes obras, também
serviram para a construção de diversas pontes, muros, pontes, aquedutos e termas que
proviam as cidades romanas. Podemos observar a Pont du Gard (fig.3), na Provença, o ritmo
ditado pelos arcos de volta inteira (arcos romanos), a solidez de uma construção de dois
milênios.
Dos vários anfiteatros espalhados pelo Império, é o Coliseu – Colosseum (fig.4 ) que
permanece como a imagem do gigantismo alcançado pelo engenho romano. Construído com o
sólido concreto romano, apresenta uma formação circular que tornouse regra em construções
ligadas a esportes de grandes sangrentas apresentações de gladiadores eram tidas como
espetáculos que poderiam ser assistidas por aproximadamente 50.000 pessoas).
Externamente, o coliseu apresenta uma sequência de três andares compostos por arcos
regularmente enfileirados e um último andar fechado. Ladeando cada arco, apresenta uma
meia-coluna, sem função estrutural, mas importante função estética – inaugura o uso de
ordem-sobre-ordem (primeiro andar, dórico; segundo, jônico; terceiro coríntio e quarto,
compósito) (Summerson, 2002 ).
HAUSER. A. História Social da Literatura e da Arte. 2 vol. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2002.