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História

A classificação gramatical das línguas europeias deriva principalmente da gramática


grega. No diálogo Crátilo, Platão discute se as palavras (lógos) são arbitrárias ou
intrínsecas à natureza das coisas, tratando de assuntos que se tornariam objecto
da etimologia e da linguística. No texto, ele separa o discurso em duas partes
distintas: ónoma (nome) e rhema (verbo). No texto, Platão estava interessado na
natureza das palavras e não em sua forma, razão pela qual sua divisão é
tanto morfológica (nomes vs. verbos, adjetivos, etc.) quanto sintáctica (sujeito vs.
predicado).

O principal discípulo de Platão, Aristóteles, escreveu também reflexões sobre gramática


e os tipos de palavra. Para ele, as palavras são signos, sinais falados ou escritos, com
que designamos as coisas, pela nossa incapacidade de apreender as coisas em si mesmas
– uma noção retomada pela linguística moderna com o conceito de signo
linguístico de Saussure.[3] Quanto às palavras, além de aceitar as classes platônicas
de onoma e rhema, ele adiciona uma terceira classe: sýndesmos ("coesivos") as palavras
que ao contrário das duas primeiras classes, não tem significado próprio, mas servem
para conectar e articular entre si as diferentes partes do discurso.
Conclusão

No concernete ao fim do trabalho conclui-se que na gramática da língua portuguesa, a


classificação mais tradicional divide as palavras do vocabulário em dez classes, devido
a semelhança morfológica. As classes são divididas entre as variáveis
(substantivo, artigo, adjectivo, numeral, pronome e verbo) e as invariáveis
(advérbio, preposição, conjunção, interjeição).

O substantivo e o verbo podem ser entendidos como classes importantes em uma frase,
pois geralmente estes elementos são a base para outras relações, ou mesmo constituintes
que são necessários para o entendimento básico da ideia de uma frase. As classes artigo,
numeral, pronome, adjectivo e advérbio geralmente especificam o substantivo e o verbo,
são "classes adjuntas". As classes preposição, conjunção, pronome, servem para ligar,
relacionar outras palavras, são "classes conectivas". Além destas classes, há uma que
serve para expressar sentimentos: a interjeição.[7] Além disso, há as palavras
denotativas, que apesar de serem semelhantes a advérbios, não possuem uma
classificação específica.

Contudo, segundo linguistas a classificação tradicional é apontada como inconsistente


ou inadequada para o português de hoje (e para a maior parte das línguas a que é
aplicada). Bagno, por exemplo, aponta o fato de a classe dos pronomes ser formada por
palavras que se comportam de modo sintaticamente diverso e deixar de incluir outras
com comportamento parecido ao de alguns de seus subgrupos. O próprio autor propõe
as seguintes classes para o português: nome, verbo, verbinominal, índice de
pessoa, mostrativo, quantificador, advérbio, preposição, conjunção.

RELAÇÕES MORFOSSINTÁTICAS

Para podermos identificar a classe gramatical de uma palavra, é fundamental observar,


além de sua significação (critérios semânticos), suas características flexionais, tipos de
sufixos (critérios morfológicos) e a função desempenhada na frase (critérios
sintácticos). Quer dizer, precisamos observar as relações morfossintáticas que ela
estabelece com as demais palavras de determinado texto.

Observe os exemplos a seguir para aclarar essa idéia:

 Maria foi grosseira.


 Pedro ficou furioso.

Tomando por base a definição de relações morfossintáticas, em um primeiro momento é


preciso agrupar as palavras usadas nessas frases em três grupos distintos: Maria e Pedro
têm em comum o fato de nomearem seres e desempenharem a função de sujeito (são
substantivos); grosseira e furioso não indicam seres, mas qualidades relativas aos seres
nomeados (são adjectivos); foi e ficou apenas ligam essas qualidades aos seres
nomeados (são verbos que indicam estado ou mudança de estado).

CLASSE DE PALAVRAS

Assim, observando esses três critérios (semântico, morfológico e sintáctico), podemos


classificar as palavras em dez classes, a saber: substantivo, artigo, adjectivo, numeral,
pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. De acordo com a
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), as seis primeiras são variáveis e as quatro
últimas são invariáveis.

Classes de palavras Características Características Características


semânticas morfológicas sintáticas
Substantivo Nomeia seres, coisas, Flexão: gênero, Núcleo do sintagma
idéias, ações, número e grau. nominal. Rege a
estados, qualidades Flexão de grau pelo concordância dos
etc. acréscimo de sufixos determinantes e
(-ão, -eco, -inho etc.). adjetivos à sua volta.
Presença de sufixos
formadores de
nomes (- ismo, -dade,
-mento, -ez etc.).
Artigo Carrega a noção de Flexão: gênero, Determina ou
determinação ou número. generaliza o núcleo
indeterminação de do sintagma nominal,
uma palavra com ao mesmo tempo em
valor substantivo. que lhe indica o
gênero e o número.
Adjetivo Indica qualidades ou Flexão: gênero, Núcleo do sintagma
propriedades do número e grau. adjetival. Modifica o
núcleo nominal. Flexão de grau pelo núcleo nominal,
acréscimo de sufixos atribuindo-lhe
(-íssimo, -érrimo estado, qualidade ou
etc.). Presença de modo de ser.
sufixos formadores
de adjetivos (- ado, -
vel, -al etc.).
Núcleo do sintagma
adjetival. Modifica o
núcleo nominal,
atribuindo-lhe
estado, qualidade ou
modo de ser.

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