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Estrutura e formação de palavras

Aula de Língua Portuguesa


Prof. Victoria Cittolin Richetti

Contato pelo e-mail: vic.richetti@gmail.com


mORFEMAS.
Morfemas são elementos Estrutura das palavras
que combinados compõem a
estrutura morfológica das
palavras. Cada um deles Morfemas: Vogal e consoante de ligação:
apresenta uma significação. unidades mínimas elementos sem significação gramatical,
de significação que fazem a ligação entre dois radicais
ou entre radical e sufixo

Radical: Vogal temática: Afixos: Desinência:


morfema que contém morfema vocálico (nominal ou morfema que, somado ao sufixo que indica a
o significado básico de verbal) que, somado a certos radical, forma uma palavra. flexão das palavras
uma palavra radicais, permite formar Pode ser adicionado antes ou variáveis.
famílias de palavras depois
Radical: Vogal temática: Desinências:
é a parte da palavra que encerra a sua função essencial é ligar o São elementos que podem indicar
base de significação, remetendo a radical às desinências que formam variação de gênero, número,
um conceito. Todas as palavras as palavras. modo, tempo e pessoa das
que compartilham o mesmo palavras variáveis.
radical são chamadas de termos radical + vogal temática =
Desinência nominal: ocorrem
cognatos, ou mesma família. TEMA nos substantivos. adjetivos e
Termos cognatos - são palavras pronomes; podem ser de gênero e
que apresentam a mesma raiz ou Atenção: em verbos, a vogal número.
que têm a mesma origem temática indica à qual conjugação Ex.: menina, meninos, cansada,
etimológica que outra palavra. verbal pertencem: cansadas, esta, estas.

Ex.: Cor, decorar, decoração, - 1ª conjugação: vogal temática -A Desinência verbal: ocorrem nos
colorir, corar, corante. (verbos terminados em -AR). verbos e podem ser de
Ex.: cantar, amar. modo-tempo e número-pessoa.
Mas atenção: nem toda palavra, - 2ª conjugação: vogal temática -E Ex.: namorar, namoramos,
quando apresenta similaridade (verbos terminados em -ER). namorassem, namorávamos,
Ex.: beber, comer
com outra, pode ser considerada namoraríamos.
- 3ª conjugação: vogal temática -I
cognata, pois algumas são as (verbos terminados em -IR). Importante:
chamadas “falsas cognatas”. Ex.: cair, sorrir menino (rad + vogal temática)
Ex.: fome e famigerado. meninos (rad + VT + desinência
Palavras oxítonas, ou seja, quando a
nominal de número)
última sílaba é tônica, não contém
menina (rad + DN de gênero)
vogal temática
Afixos
Apesar de simples, os afixos
têm uma grande importância
Prefixos:
semântica. Uma simples antes do radical

alteração sufixal e/ou prefixal


pode alterar completamente
o sentido do que está sendo
dito. Considera-se um ótimo
recurso linguístico para
diversos gêneros textuais, pois
Sufixos:
os jogos de palavras podem depois do radical

enriquecer, dando um tom


mais crítico e/ou cômico, por
exemplo. Existem dois tipos
de afixos:
pROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS.
“Chama-se Formação de Palavras o conjunto de processos morfossintáticos que permitem a criação de unidades
novas com base em morfemas lexicais. Utilizam-se assim, para formar as palavras, os afixos de derivação ou os
procedimentos de composição.” (DUBOIS, 1973)

a. Prefixal:
derivação A derivação prefixal é um processo que ocorre quando adicionamos um
prefixo a uma palavra primitiva para formar uma nova palavra. Podem
A derivação é um processo em que se exprimir valor de dimensão, temporalidade, negação, oposição,
adiciona um ou mais afixos (prefixos e separação, etc. Geralmente, nessa formação é mantida a classe
sufixos) a uma palavra primitiva, gramatical da palavra primitiva.
formando assim uma nova palavra,
Ex.: desfazer, infeliz, sobrenatural.
distinta também semanticamente em
relação à raiz. b. Sufixal:
A derivação sufixal é um processo que ocorre quando adicionamos um
A derivação, diferente da composição, sufixo a uma palavra primitiva para formar uma nova palavra.
sempre mantém uma relação de sentido Geralmente, no caso da sufixação, ocorre alteração da classe gramatical.
com a palavra primitiva.
Ex.: Felizmente, bebericar, lealdade.
b. Imprópria:
b. Prefixal e sufixal: A derivação imprópria ou conversão é o processo de mudança de
ocorre quando se acrescentam um prefixo e um
classe gramatical de uma palavra, sem alterar a sua forma.
sufixo a um mesmo radical.
1. Substantivação de: o uso de artigo é a dica para esse processo.
Ex.: DES leal DADE, IN feliz MENTE.
1.1 Adjetivos: Infeliz, feliz, preguiçoso, orgulhoso, humilde, azul,
c. Parassintética:
popular, egoísta...
ocorre o processo sempre que a um determinado
radical agregam-se, simultaneamente, um prefixo Ex: A menina infeliz caiu do cavalo. > Adjetivo em sua função de origem.
E um sufixo. A infeliz caiu do cavalo. > Substantivação do adjetivo.
Ex.: enraivecer, aportuguesar, desalmada. 1.2 Verbos: Olhar, andar, ter, falar, estar, escrever, pular, vir...
d. Regressiva: Ex: Chamei minha mãe para me olhar. > Verbo em sua função de origem.
esse processo gera uma palavra nova por redução da O olhar da amiga era extremamente profundo. > Substantivação do
palavra primitiva. Ocorre mais comumente na verbo.
transformação de verbos em substantivos
(substantivos deverbais). Esses substantivos vão 1.3 Advérbios: Muito, pouco, infelizmente, não, ontem, amanhã,
nomear ações. agora, talvez…

Ex: caçar > caça; chorar > choro; pescar > pesca; Ex: José correu muito bem na maratona. > Advérbio em sua função de
origem.
atacar > ataque; trocar > troca.
O muito de José às vezes é pouco. > Substantivação do advérbio.
Ainda sobre derivação imprópria...
4. Transformação de:
2. Adjetivação de substantivos: burro, cavalo, mulher,
4.1 Substantivos próprios em comuns: Deus, Damasco,
homem, média, modelo.
Quixote, Dom Juan...
Ex: O homem tentou montar no burro. > Substantivo em
Ex: Deus pai, todo poderoso, criador do céu e da terra.
sua função de origem.
Substantivo próprio.
O homem burro destruiu o próprio carro. > Adjetivação de
Shiva é um deus do hinduísmo. Substantivo comum.
substantivo.
4.2 Substantivos comuns em próprios: Coelho, calabresa,
3. Adverbialização de:
flores, campo...
3.1 Adjetivos: alto, baixo, grosso, nervoso, calmo,
Ex: O coelho saiu pulando pelo bosque. Substantivo comum.
redondo...
Paulo Coelho é um escritor brasileiro. Substantivo próprio.
Ex: Aquele homem é alto. > Adjetivo em sua função de
5. Transformação de:
origem.
Aquele homem fala alto. > Adverbialização de adjetivo. 5.1 Substantivos em interjeições: Perdão, silêncio,
socorro, Jesus...
3.2 Verbos: correndo, admirando, chovendo, gritando...
Ex: O perdão é uma grande virtude. Substantivo.
Ex: O atleta está correndo na pista. > Verbo em sua função
Perdão! Interjeição derivada de substantivo.
de origem.
O homem fala correndo. > Adverbialização de verbo.
Composição 2. Aglutinação:

É um processo de formação de palavras em que se combinam É definida pela combinação de dois (ou mais) radicais que
duas palavras primitivas para formar uma nova palavra, a sofrem alteração na sua forma fonológica (há mudança nos
qual pode ou não ter relação de sentido com os vocábulos fonemas originais e no acento tônico dos radicais envolvidos
que a originaram. Segundo Cunha e Cintra (2008, p. 119) “a no processo).
composição [...] consiste em formar uma nova palavra pela Ex.: pernalta (perna + alta), embora (em + boa + hora),
união de dois ou mais radicais”. aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto), pernilongo
Ex.: Um substantivo como amor-perfeito (união de substantivo + (perna + longo).
um adjetivo) designa uma flor.

Existem dois processos de composição, são eles:


Outros processos de formação de palavras
1. Justaposição: 1. Onomatopeias:

Se define pela combinação de dois (ou mais) radicais que não é a imitação de um som e se classifica como uma figura de
sofrem alteração na sua forma fonológica (não há mudança linguagem sonora. Algumas onomatopeias, entretanto, acabam
nos fonemas originais e cada radical mantém o seu acento originando palavras da língua, e seu processo de formação
tônico). recebe o mesmo nome.

Ex.: guarda-livros, bem-me-quer, cachorro-quente, quarta-feira, Ex.: tique-taque, zum-zum, pingue-pongue, reco-reco, etc.
passatempo, girassol, madrepérola, entre outras.
“Gosto das pessoas sentipensantes, que não
separam a razão do coração. Que sentem e pensam
ao mesmo tempo. Sem divorciar a cabeça do
corpo, nem a emoção da razão.”

– Eduardo Galeano
2. Neologismos:

Ocorre quando são criadas palavras novas para atender às


necessidades dos falantes da língua. Prestem atenção no texto
a seguir:

Para quem tuitamos?

“Você pode, basicamente, tuitar para você mesmo, para outra


pessoa, para um grupo de pessoas, para todas as pessoas e
para ninguém.
[...]
Quando você tuíta para alguém você está usando um meio
público de conversa a dois [...] Tuitar para outra pessoas é
bem parecido com uma conversa no rádio ou no viva-voz do
celular.
Há também a tuitada para todos. Você fala de uma forma
geral. Pode ser uma pergunta para quem quiser responder,
pode ser uma comunicação, uma notícia. Qualquer coisa.”
HERMANN, Rosana. Um passarinho me contou: relatos de uma viciada em
Twitter. São Paulo> Panda Book, 2011. p. 114 (fragmento)
¡Gracias!

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