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Língua Portuguesa 10

Instituto Técnico de Saúde do Namibe

2. Classe, estrutura e formação de palavras

Nesta ficha de conteúdos, são abordadas questões à volta das palavras: como, por exemplo, o
que são palavras? Como podemos agrupá-las? Como são estruturadas? Como são formadas? Os
termos e conceitos que nos ajudarão a dar respostas a essas questões são-nos fornecidos pela
Morfologia, apesar de necessários os fundamentos da Fonologia, Lexicologia, Semântica e Sintaxe
para compreendê-los exaustivamente.

2.1. Classe de palavras

Palavra é uma unidade mínima com som e significado, ou uma função gramatical, que
pode, sozinha, constituir enunciado. É menor que a frase e maior que o fonema.

Ex.: pai, mãe, estudante, professor.


Sou professor e pai.

Locução é uma combinação fixa de palavras que funcionam sintáctica e semanticamente


como uma única unidade.

casa de banho, banho turco, banho de assento, casa de rancho, pão de ló, chapéu de sol,
pé de cabra, no entanto, apesar de...

Classe de palavras são agrupamentos de palavras com características gramaticais idênticas.


Existem em Língua Portuguesa 10 classes de palavras, sendo seis (6) variáveis e quatro (4)
invariáveis.

As classes de palavras são constituídas com base nas formas que assumem, nas funções que
exercem e, eventualmente, no sentido que expressam. Isto significa que o agrupamento das
palavras em classes obedece a diferentes critérios: morfológico, sintáctico e semântico.

Veja os seguintes exemplos:

Pedra, pedras, pedrinha, pedrinhas, pedregulho, pedrada, pedreira, etc. Critério Morfológico

A letra ele se parece com uma língua. (nome)


Critério Sintáctico
Ele disse que as orelhas servem para ouvir vaias e aplausos. (pronome recto)

Este canto agrada-me muito. Ele parece imitar as vozes do musseque.


Critério Semântico
Este canto agrada-me muito. Ele serve para destacar os móveis da sala.

2.1.1. Palavras variáveis e palavras invariáveis.

Palavras variáveis são as que admitem a flexão, por exemplo, de género, número ou grau.

Gato / gata gatos / gatas Terra / terras Homem / homenzarrão

1
São variáveis os nomes, os adjectivos, os determinantes, certos numerais e pronomes (que se
flexionam em género e número) e verbos (que se flexionam em tempo, modo, número, pessoa e
aspecto).

Palavras invariáveis são as que não admitem flexão.

Não, sim, mas, portanto, sobre, por, ah, etc.

São palavras invariáveis os advérbios, as preposições, as conjunções, as interjeições e certos


numerais e pronomes, que não admitem agregação de desinências.

Observações:

Alguns advérbios admitem as flexões de grau, na linguagem afectiva. Exemplos:


 Cedo, cedinho; agora, agorinha; muito, muitíssimo.
Alguns nomes, determinantes, pronomes e a maioria dos numerais são invariáveis.
 Cócegas, pires, ninguém, que, tudo, quem, onde, três, dez, desasseis, etc.

2.1.2. Classes abertas e classes fechadas de palavras.

As classes abertas constituem um número ilimitado de palavras, porque constantemente a


língua admite a entrada de novos termos, em função dos avanços que se verificam nas diferentes
áreas em que o homem actua.

Fazem parte das classes abertas de palavras os nomes, adjectivos, verbos, numerais,
interjeições e os advérbios terminados em –mente.

As classes fechadas são constituídas por um número limitado e contável de vocábulos,


como é o caso de determinantes, pronomes, conjunções, preposições.

2.2. Estrutura das palavras

Importa-nos estudar a estrutura das palavras para conhecer os elementos que as formam e,
assim, compreendemos melhor o significado de cada uma delas.

As palavras podem ser divididas em unidades significativas menores, a que damos o nome
de elementos mórficos ou morfemas. Estes elementos são:

 Radical: é a base comum de significação. Dele irmanam as palavras da mesma família.

Ao radical se agregam outros constituintes morfológicos, como as desinências (ou morfemas


flexionais), os afixos (ou morfemas derivacionais) ou uma vogal temática.

Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores, tais
como: mar, sol, lua, etc.

 Afixos - São morfemas que se unem ao radical para, a partir dele, formar novas palavras. Os
afixos subdividem-se em:

•Prefixos: quando aparecem antes do radical. Ex.: infeliz, desfazer, impossível, refazer.

• Sufixos: quando aparecem depois do radical. Ex.: felizmente, facílimo, vozeirão.

2
 Desinências: são os morfemas que indicam as flexões que os nomes e os verbos podem
apresentar. Subdividem-se em dois tipos:

o Desinências nominais: indicam o género e o número dos nomes. Ex.: garotas/ -a


desinência nominal de género (feminino), -s desinência nominal de número (plural).

o Desinências verbais: indicam nas formas verbais as flexões de pessoa (1ª, 2ª e 3ª),
número (singular, plural), tempo (presente, pretérito, futuro) e modo (indicativo,
conjuntivo e imperativo).

Cantasse Cantássemos
Cantasses Cantásseis
Cantasse cantassem

Em cantá+sse+mos, a desinência [sse] indica que o verbo está no tempo imperfeito do


modo conjuntivo. Em razão disso, opõe-se a outros tempos verbais, como: canta(va),
canta(ria), canta(ra), canta(r)mos etc. Ainda em cantá+sse+mos, a desinência [mos]
indica primeira pessoa do plural, opondo-se, portanto, a outras formas do singular ou
mesmo do plural, como: cantasse(Ø), cantasse(s), cantásse(is), cantasse(m).

Observe que, no caso da desinência número-pessoal [mos], não é possível dizer que o
[s] indica plural e [mo] indica primeira pessoa, pois, representam a fusão de dois
morfemas, isto é, contém simultaneamente as noções de número e pessoa.

 Vogal temática: é a vogal átona (nos verbos pode ser tónica) que acompanha o radical e
com ele forma o tema das palavras. Os vocábulos que não contêm vogal temática são
atemáticos. Em geral, são atemáticos os nomes que têm na posição final uma vogal tónica ou
ditongo (sofá, café, chapéu) ou uma consoante (rapaz, embaixador).

As vogais temáticas podem ser nominais ou verbais.

As nominais são /a/, /e/, /o/. Ex.: caneta, cidade e sapato

As verbais são /a/, /e/, /i/ e são as responsáveis por indicar a conjugação a que o verbo
pertence:

o /a/ - vogal temática da 1.ª conjugação: casar, lavar, pular.

o /e/ - vogal temática da 2.ª conjugação: vender, saber, perceber.

o /i/ - vogal temática da 3.ª conjugação: investir, partir, colorir.

Vogais e consoantes de ligação

São elementos que, em certas palavras derivadas e primitivas, se inserem para facilitar a pronúncia.

Cha-l-eira, cafe-i-cultor, gas-ô-metro, gas-ei-ficar, rod-o-via, pobre-t-ão, capin-z-al, rat-i-cida

Alguns autores chamam esses elementos de infixos.

2.3. Formação de palavras

Em português, as palavras são formadas mediante processos morfológicos (ou regulares) e não
morfológicos (ou irregulares).

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Antes de adentrarmos na análise desses termos e conceitos, importa distinguir:

 Palavra primitiva: é a palavra simples que não resulta de nenhuma outra dentro da língua
portuguesa. Pelo contrário, é dela que se formam novas palavras.

Ex.: livro, belo, barco, mar.

 Palavra derivada: é a palavra simples que resulta de outra fundamental, isto é, através da
associação de um prefixo ou sufixo a uma forma base ou a um radical.

Ex.: livraria, embelezar, barquinho, maresia.

 Palavra simples: palavra formada por um único radical, seja primitiva seja derivada. Ex.: alunos
alun- [radical] + o [desinência de género] + s [desinência de número plural]

 Palavra complexa: palavra que apresenta mais de um radical ou mais de uma forma base.

Ex.: destapar, guarda-redes guarda-chuva, lanígero1, planalto, pontapé, vaivém.

Família de palavras : (ou palavras cognatas) é o conjunto de palavras formadas por derivação
ou composição, a partir de um mesmo radical, portanto, com significação comum.
 Família da palavra livro: livraria, livreiro, livrinho, livreto, livrete, livreco, livresco.
 Família da palavra casa: casinha, casita, casota, casario, casarão, casamento, caseira,
casebre.
 Família da palavra árvore: arvoredo, arvorejar, arvoreta, arbusto, arborizado, arboricultura,
arborizar, arvorecer.

Nota: Uma só família de palavras pode ter dois radicais, um de forma erudita, outro de forma
popular: digital e dedal, parietal e parede, capilar e cabelo, auricular e orelha, acutíssimo e
agudíssimo, paupérrimo e pobríssimo, sacratíssimo e sagradíssimo, etc.

Campo lexical : conjunto de palavras que, pelo seu significado, ligam-se a um específico
campo de conhecimento.

Exemplos de campos lexicais:

o De saúde: estetoscópio, cirurgia, esterilização, receita médica, consulta médica,


médico, paciente, internamento, alta...
o De escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar, aluno, professor...

Campo semântico : é o cunjunto de significados que uma palavra pode assumir em determinado
contexto de comunicação.

Exemplos:

o Campo semântico de navegar: navegar, marear, velejar, sulcar, vogar, singrar, navegar
(na net)...

o Campo semântico que traduz o sentido genesíaco2: cio, procriar, fermento, germinar,
semente, semear, sexo, sémen, fecunda, seiva, parir...

1
Que produz lã.

4
o Campo semântico de morte: dar o badagaio; bater a bota; partir; ir desta para melhor;
falecer; apagar-se; etc.

Nota: Aparentemente parece não existir grande diferença entre campo lexical e campo
semântico. No entanto, o primeiro apenas agrupa palavras referentes a uma determinada área
da realidade (por exemplo, as cores do arco-íris formam um campo lexical) e o segundo organiza-
se pelo sentido (valor semântico) que a palavra (ou a expressão) pode adquirir conforme o
contexto em que ocorre. Podemos, de forma prática, quase dizer, que o campo lexical remete
para os significantes e o campo semântico para os significados.

2.3.1. Processos morfológicos de formação de palavras


I. Derivação

P
rocesso morfológico de formação de palavras que consiste, geralmente, na adição de um
afixo (prefixo e/ou sufixo) a uma forma de base (radical ou palavra) – afixação. Porém, a
derivação pode não implicar a adição de constituintes morfológicos – neste caso, trata-se
da derivação por conversão e/ou derivação não-afixal.

1.1. Derivação por adição de constituintes morfológicos – Afixação.

 Derivação Prefixal: consiste na adição de um prefixo a uma forma de base.

Exemplos: anteprojecto; desfazer; irregular.

 Derivação Sufixal: consiste na adição de um sufixo a uma forma de base.

Exemplos: florista; felizmente; regularmente; financiamento.

 Derivação parassintética: consiste na adição simultânea de um prefixo e de um sufixo a uma


forma de base, não podendo nenhum deles ser retirado. A palavra resultante não permite a
adição de apenas um dos afixos.

Exemplos: Amanhecer; engordar; apodrecer.

Prefixos gregos:
Prefixo Sentido Exemplo
a-, an- negação ateu, anarquia
ana- inversão anagrama
anfi- duplicidade anfíbio
anti- ação contrária antipatia
apo- separação apóstata
arque-, arqui-, arce- superioridade arquétipo, arcebispo
cata movimento para baixo cataclismo
dia- movimento através diagonal
dis- dificuldade dispneia
e-, en- posição interna elipse, encéfalo
ec-, ex- posição superior, movimento para fora eclipse, exorcismo
endo- posição interior endoscopia

2 Referente ao Génesis ou a geração.

5
epi- posição superior epitáfio, epiderme
eu- bem, bom eufemismo
hiper- excesso, posição superior hipertensão
hipo- deficiência hipodérmico
meta- mudança, transformação metamorfose, metáfora
para- ao lado de, proximidade paralelo
peri- em torno de perímetro
pro- anteriormente prólogo, prognóstico
sin- simultaneidade simpatia, sincrónico

Prefixos latinos:

Prefixo Sentido Exemplo


ab (abs) afastamento abstrair
ad (a) proximidade, direção adjazer
ambi duplicidade ambidestro
ante anterioridade antedatar
bem bem, bom êxito bendizer
bi dois bissexual
circum movimento em torno circunavegação
cis posição aquém cisalpino
com (con ou co) companhia combater, colaborar, contemporâneo
contra oposição contradizer
de origem, afastamento deportar
des negação, separação, ação contrária desleal, desfazer
em (en ou in) movimento para dentro enterrar
ex (es ou e) movimento para fora exportar
extra fora de extraoficial
in negação imberbe, infeliz
infra abaixo infra-assinado
inter entre, posição intermediária intervir
intra posição interior intravenoso
intro movimento para dentro introduzir
justa junto de justapor
mal mal maldizer
ob oposição obstar
pene quase penúltimo
per movimento através percorrer
pos posição posterior pospor
pre anterioridade predizer
preter além de preternatural
pro anterioridade, em frente prosseguir
re movimento para trás, de novo refrear
retro movimento para trás retroação
semi metade semicírculo
soto posição inferior sotopor
sub inferioridade, de baixo para cima subscrever
super posição superior super-homem
supra posição superior supracitado
trans além de transpassar
tri três tripartido
ultra além de limite ultrapassar

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vis (vice) no lugar de vice-cônsul

1.2. Derivação que não envolve adição de constituintes morfológicos – Conversão e derivação não
afixal.

 Derivação imprópria ou Conversão: processo de formação de palavras, também denominado


por derivação imprópria, que integra uma unidade lexical numa nova classe de palavras, sem
qualquer alteração formal.

Exemplo: olhar (verbo) > olhar (nome). Veja mais exemplos no quadro que se segue.

Classe Nova
Exemplo Exemplo
inicial classe
Olhar Olhar
Para onde estás a olhar? Tens um olhar estranho
(verbo) (nome)
Contra O carro bateu contra uma Contra Num negócio, é preciso ver os prós e os
(preposição) árvore. (nome) contras.
Olhar Olhar o mar faz bem à Olhar A criança tinha um olhar muito vivo.
(verbo) saúde. (nome)
Mal Ele sentiu-se mal durante a Mal O mal deve ser evitado no nosso meio.
(advérbio) aula. (nome)

1.3. Derivação não-afixal: processo que consiste em formar nomes a partir de verbos,
acrescentando uma vogal temática nominal (-a, -e, -o) a um radical verbal.

Exemplos: chorar > choro; combater > combate; usar > uso; trocar > troca; errar > erro.

Classe inicial Nova classe Exemplo


Chorar Choro Senti-me muito incomodado com o choro de um
(verbo) (nome) bebé, ontem.
Debater Debate Em política, o debate de ideias é muito
(verbo) (nome) importante.
Olhar Olho
Eles têm olho para o negócio.
(verbo) (nome)
Comprar Compra
As compras de bens de consumo estão
(verbo) (nome)

Obs.: para saber se é o nome que deriva do verbo ou se é o verbo que deriva do nome tem
de se observar na palavra derivada a ideia de acção. Pois, no dicionário os nomes
derivados de verbos, normalmente, recebem a seguinte definição: “acto, (acção) ou efeito
de + verbo”.

II. Composição

P
rocesso morfológico de formação de palavras que recorre à associação de duas ou mais
formas de base, ou de uma palavra e de um radical.

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2.1. Composição morfológica: processo de composição que associa um radical a outro(s)
radical(is) ou a uma ou mais palavras. De um modo geral, entre os radicais e a palavra surge uma
vogal de ligação.

Exemplos: [agr]+[cultura] > agricultura; [luso]+[descendente] > luso-descendente;


[cali]+[grafia] > caligrafia; (compostos morfológicos)

2.2. Composição morfossintáctica: processo de composição que associa duas ou mais palavras. A
estrutura destes compostos depende da relação sintática entre os seus elementos, o que tem
consequências na forma como são flexionados em número.

Exemplos: guarda-chuva; palavra-chave; passatempo; varapau; pontapé; madrepérola;


lava-louça (compostos morfossintáticos).

Radicais latinos

Radical Sentido Exemplo


agri campo agricultor
ambi ambos, duplicidade ambíguo
arbori árvore arborizar
avi ave avicultura
beli guerra beligerante
bi, bis duas vezes bípede, bisavô
calor (i) calor calorimetria
capit (i) cabeça decapitar
cida que mata suicida
cola que cultiva ou habita vinícola, agrícola
cruci cruz crucificar
cultura cultivar apicultura
curvi curvo curvilíneo
ego eu egocentrismo
equi igual equivalente
evo idade medievo
fero que contém ou produz mamífero
fico que faz ou produz frigorífico
fide fé fidelidade
forme forma uniforme
frater irmão fraterno
fugo que foge centrífugo
gero que contém ou produz benéfico
herbi erva herbicida
loco lugar localizar
ludo jogo ludoterapia
mater mãe materno
morti morte mortífero
multi muito multinacional
oni todo onipresente
pari igual paridade
paro que produz ovíparo
pater pai paterno
pade pé pedestre
pisci peixe piscicultura

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pluri vários pluricelular
pluvi chuva pluvial
puer criança pueril
quadri quatro quadrilátero
reti reto, direito retilíneo
sacar açúcar sacarose
sapo sabão saponáceo
sesqui um e meio sesquipedal
silvi floresta silvícola
taur (i) touro taurino
tri três tricolor
umbra sombra penumbra
uxor esposa uxoricida
vermi verme vermífugo
voro que come carnívoro

Radicais gregos:

Radical Sentido Exemplo


acro alto, elevado acrobata
aero ar aeronáutica
agogo o que conduz pedagogo
algia dor nevralgia (nervo + dor)
amaxo carro amaxofobia (carro + aversão)
andro homem androide
antropo homem antropologia
arcaio/ arqueo antigo arqueologia
arquia governo monarquia
auto por si mesmo automóvel
biblio livro biblioteca
bio vida biologia
caco mau cacofonia
cali belo caligrafia
cardio coração cardiologista
cefalo cabeça acéfalo (ausência + cabeça)
cloro verde clorofila
cosmo mundo cosmonauta
crono tempo cronômetro
demo povo demagogo
derma pele dermatologia
filo amigo filosofia
fobia medo/aversão acrofobia
fone som/voz telefone
gamia casamento poligamia
gastro estômago gastrologia
grafo escrever/descrever datilografia
hidro água hidrofobia
hipo cavalo hipódromo
lito pedra aerólito

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mancia adivinhação quiromancia
metro medida hidrómetro
morfo forma morfologia
necro morte necrotério
neo novo neologismo
oligo poucos oligarquia
ped criança pediatra
pleo cheio pleonasmo
poli cidade acrópole
proto primeiro protótipo
pseudo falso pseudónimo
psico alma psicologia
rizo raiz rizotónico
sofia sabedoria filosofia
taqui rápido taquicardia
teo deus teologia
topo lugar topologia
xeno estranho, estrangeiro xenofobia
zoo animal zoologia

2.3.2. Processos não morfológicos (irregulares) de formação de palavras

 Extensão semântica: processo através do qual uma palavra existente adquire um novo
significado.
Exemplos: rato, janela, salvar e portal: termos hoje aplicados na informática por extensão
semântica.

 Empréstimo: processo de transferência de uma palavra de uma língua para outra.

Futebol > football


Clube > club
Os empréstimos podem sofrer alterações ortográficas,
Sanduíche > Sandwich morfológicas e semânticas, adaptando-se às regras
Faroeste > far West fonéticas e morfológicas da língua acolhedora, como
é o caso do português. Ex.: dossier < dossiê
Software (suporte lógico)
Football < futebol
e-mail (correio electónico)
Os empréstimos usados na língua portuguesa são de
doping (droga) origens diversas. E de acordo com essas origens, há:
cocktail (babida)  Anglicismos: empréstimos derivados do inglês.
chauffeur (motorista)  Galicismos: empréstimos derivados do francês.
 ...
toilet (casa de banho)
bureau (gabinete)
Sprint (de corrida automóvel)
Exemplos: lingerie (da língua francesa); slogan (da língua ingles

 Amálgama: processo que consiste na criação de uma palavra a partir da junção de partes de
duas ou mais palavras.

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Exemplos: informática = informação + automática
cibernauta = cibernética + astronauta; credifone = crédito + telefone

 Sigla: palavra formada através da redução de um grupo de palavras às suas iniciais, as quais
são pronunciadas de acordo com a designação de cada letra.
Exemplos: MPLA Movimento popular de Libertação de Angola
CPLP Comunidade de Países de Língua Portuguesa
OMS Organização Mundial da Saúde

 Acrónimo: palavra formada através da junção de letras ou sílabas iniciais de um grupo de


palavras, que se pronuncia como uma palavra só, respeitando, na generalidade, a estrutura
silábica da língua.
Exemplos: SIMPROF sindicato dos professores
UNITA União Nacional para Independência Total de Angola
PALOP Países Africanos Língua Oficial Portuguesa
SAPO Servidor de
Apontadores Portugueses
Este processo de criação vocabular é resultado do
ritmo acelerado da vida intensa do dia a dia, que nos
 Onomatopeia: palavra criada
obriga, necessariamente a elocução mais rápida.
por imitação aproximada de
Hoje, é tendência geral economizar palavras.
certos sons naturais ou ruídos.
Importa, no entanto, não confundir a truncação com
Exemplos: triiimm! -
a abreviação vocabular. Neste último processo, a
despertador
redução se realiza apenas na escrita. Ex.: Sr. (Senhor),
Toc-toc – bater à porta
Dr. (Doutor), R. (Rua), ex. (exemplo), V. Ex.ª (Vossa
Tique-taque – ponteiro do
Excelência), etc.
relógio
Zunzum – ruído do mosquito
Ufa!- interjeição

Nota: Normalmente, os verbos e os nomes indicadores de vozes de aniamais têm origem


onomatopeica, como se verifica nos seguintes casos:

Ciciar cicio (da cigarra); Chilrear chilreio (dos pássaros)

Coaxar coaxo (da rã, do sapo)

 Truncação: processo irregular de formação de palavras que consiste na criação de uma


palavra a partir do apagamento de parte da palavra de que deriva.
Exemplos: metropolitano > metro
Fotografia >foto
Hipermercado > hiper
Auto-ónibus > ónibus
Motocicleta > moto
Quilograma > quilo
Pneumático > pneu
José > Zé

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