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TEXTOS LITERÁRIOS E TEXTOS NÃO LITERÁRIOS

― Língua Portuguesa ―

Texto Literário e Texto Não Literário

Para estudar os tipos de textos existentes em nossa sociedade e compreender


como podemos usá-los a fim de tornar nossa comunicação e expressão mais
eficientes e aproveitarmos melhor a sua variedade, comummente os textos se
dividem em dois grandes grupos:

1. Textos literários: provocam efeitos de beleza, emoção e estética, destinam-se


ao entretenimento, à arte, à ficção.

 São exemplos de texto literário: o conto, o poema, o romance, peças


de teatro, novelas, crónicas1, etc. Portanto, podem ser em prosa ou
em verso.

2. Textos não literários: têm função utilitária, pois servem para informar,
convencer, explicar, ordenar, ou seja, visam essencialmente uma comunicação
objectiva, directa e simples.

 São exemplos desse tipo de texto: as notícias, os artigos


jornalísticos, os textos didácticos, os verbetes de dicionários e
enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos,
as receitas culinárias, os manuais, a acta, o requerimento, o
curriculum vitae, etc.

Características para fixar


Texto literário Texto Não Literário
1. Linguagem com sentido único
1. Linguagem plurissignificativa
2. Conotação 2. Denotação
3. Tem função estética 3. Função utilitária
4. Transcende a realidade, é fictício
4. Realista
ou imaginário
5. Linguagem subjectiva 5. Linguagem clara e objectiva
6. Predomínio da função poética da 6. Predomínio da função
linguagem referencial da linguagem
7. Recriação da realidade 7. Documentam a realidade

Depois de se considerar os termos e os conceitos, seguem-se diferentes textos para


a aplicação. Leia-os com atenção e precisão para se beneficiar da utilidade prática
da matéria.

1Alguns autores consideram a crónica como para-literário, já que podem informar-nos, remetendo-nos
para o plano da subjectividade (Cf. p.e. Miguel & Alves, 2016:200).

Língua Portuguesa com Professor Vanêzio Francisco ― IPS-Namibe


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TEXTOS LITERÁRIOS E TEXTOS NÃO LITERÁRIOS
― Língua Portuguesa ―

A manga ― Texto A

Fruta do paraíso
companheira dos deuses
As mãos
Tiram-lhe a pele
dúctil
como, se, de mantos
se tratasse
surge a carne chegadinha
fio a fio
ao coração:
leve
morno Figura 1. Mangas em estado maduro
mastigável
o cheiro permanece
para que a encontrem
os meninos
pelo faro.

Tavares, Paula (2015). Ritos de passagem. 3.ª colecção dos 11 Clássicos da Literatura Angolana.
Luanda: GRECIMA, pág. 27.

Vocabulário
Dúctil – flexível; obediente; dócil; submisso.
Faro – cheiro; olfato; instinto; intuição.

A manga ― Texto B

A manga é o fruto da mangueira, árvore frutífera da família Anacardiáceas, nativa do Sul e


do Sudeste asiáticos desde o Leste da Índia até as Filipinas. É caracterizada pela polpa
extremamente suculenta, com uma gama de sabor muito doce; é muito consumida in natura,
como também é explorado na culinária para o preparo de mousses, geléias, sumos, gelatina,
etc.
A manga varia consideravelmente de tamanho, forma, cor, presença de fibras, aroma,
sabor, entre outros. O formato do fruto varia de arredondado ao oval-oblongo ou alongado, com
comprimento entre 6,25 e 25 centímetros em variedades diferentes. Pode ter a cor amarela,
laranja e vermelha. Quando ainda não está madura, sua cor é verde. Em seu interior
encontra-se uma única semente no centro, que contém o embrião da planta. Esta fruta
amadurece em 100 a 150 dias após a floração.
A manga é uma fruta rica em variedades de fitoquímicos e nutrientes. A sua polpa é rica
prebióticos, fimbras alimentares, vitamina C, provitamina A e polifenóis. O que a torna numa
fruta com propriedades benéficas para a saúde humana, como ajudar a purificar o sangue;
facilitar a diurese; combater a bronquite; facilitar a expetoração; combater a acidez estomacal.

Língua Portuguesa com Professor Vanêzio Francisco ― IPS-Namibe


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TEXTOS LITERÁRIOS E TEXTOS NÃO LITERÁRIOS
― Língua Portuguesa ―
Texto adaptado a partir de: https://www.infoescola.com/frutas/manga
[consultado em 2019-06-06, às 10h06min.]

As mãos ― Texto C
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.


Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas


as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
Figura 2. A mão a escrever.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Alegre, Manuel (1967). O Canto e as Armas.

Anatomia da mão ― Texto C

A mão humana é a parte mais distal do membro superior. É uma estrutura admirável, do
ponto de vista da engenharia. Ela é forte o suficiente para permitir que alpinistas encarem
uma montanha, mas também precisa o suficiente para a manipulação de alguns dos
menores objectos do mundo, e para realizar tarefas complexas.
A mão em si consiste de ossos específicos sobre os quais músculos se inserem, e uma
colecção de estruturas neurovasculares responsáveis pela drenagem e inervação.
Entretanto, os músculos intrínsecos da mão são responsáveis somente por parte de toda a
sua amplitude de movimento. Os outros principais contribuintes são os músculos do
antebraço, que projectam tendões em direcção à mão através de uma estrutura igualmente
complexa flexível, chamada de punho.
Os ossos da mão podem ser divididos em três grupos distintos: ossos do carpo; ossos do
metacarpo; falanges. Cada grupo de ossos da mão é importante, mas os oito ossos do carpo
são especialmente interessantes, porque eles estão organizados em duas fileiras separadas e
contribuem diretamente para a formação do punho. Os músculos da mão consistem em cinco
grupos: músculos tenares; músculos hipotenares; lumbricais; interósseos palmares; e
interósseos dorsais.
Texto adaptado por Vanêzio Francisco a partir de:
https://www.kenhub.com/pt/libary/anatomia-da-mao [consultado em 2019-06-06, às
10h06min.]

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TEXTOS LITERÁRIOS E TEXTOS NÃO LITERÁRIOS
― Língua Portuguesa ―

O bicho ― Texto E

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,


Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Bandeira, Manuel (1971). Seleta Prosa e Verso.


R. Janeiro: Olympio/MEC, pág. 145

I. Antes de ler o texto F, analise a imagem que se segue e, posteriormente,


responda às questões que se lhe seguem:

1. Que tipo de imagem é?


2. Que elementos visualiza nesta imagem?
3. O ambiente desta imagem é um retrato de que cidade de Angola?
4. O que se pode ver no primeiro e no segundo planos desta imagem?

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TEXTOS LITERÁRIOS E TEXTOS NÃO LITERÁRIOS
― Língua Portuguesa ―

5. Depois desta observação, diz: qual é o assunto desta imagem? Ou seja, do que
é que trata esta imagem?
6. Acha que esta imagem tece uma denúncia, ou simplesmente visa entreter o
observador? Justifique a sua resposta.
7. Com certeza esta imagem apela para sua sensibilidade e conhecimento. Em
função disso, propõe uma legenda para a imagem em causa. A seguir, faz um
comentário criativo e inteligente sobre a mensagem por esta veiculada.

Lixo na cidade capital é “um mundo a parte” ― Texto F

Na cidade capital, Luanda, os resíduos sólidos são depositados em lixeiras e contentores


que mal se aguentam, a céu aberto. Quem vem pela primeira vez à cidade, ou a ela regressa,
pode logo ver, além das placas de “Bem-vindo à Angola”, nas proximidades do Aeroporto
Internacional 4 de Fevereiro o lixo saliente, que se agrava dia após dia.
A falta de uma gestão eficaz do lixo tem propiciado o surgimento de graves problemas,
como a poluição atmosférica. Habitantes das várias partes de Luanda optam pelo método da
queima do lixo, que por um lado diminui a quantidade de lixo, por outro, no entanto,
desencadeia maus cheiros e problemas à saúde respiratória aos habitantes desta província,
uma vez que o processo de queima é feito nas vizinhanças.
Uma das causas está ligada ao facto de a população nem sempre cooperar com o governo na
luta contra o lixo. Por exemplo, há tempos foi testemunhado por muitos a triste atitude de um
jovem que podia muito bem andar mais um pouco para deitar o lixo que carregava na imunda
montanha de lixo, mas decidiu deitá-lo no lugar onde estava, livre e limpo, e, quando
questionado, respondeu dizendo que “isto é trabalho deles”! Pode até ser “trabalho deles”, mas
quem irá sofrer as consequências do tal acto será ele mesmo e outras milhares de pessoas ao
arredor.
Texto com supressão e adaptação, disponível em:
https://angorussia.com/noticias/luanda-lixo-na-cidade-capital-e-um-mundo-a-parte
[consultado em 2019-06-06, às 14h06min.].

II. Agora proceda à analise de todos os textos verbais desta ficha, isto é, excepto
as imagens associadas aos outros textos, do ponto de vista da forma,
estrutura, ideologia, função da linguagem, vocábulos e da semântica.

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