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DE TRATAMENTO ¾ categoria dos pronomes pessoais que designa a forma de
tratamento a ser usada no trato com certas pessoas.
¾ a pessoa com quem se fala pode ser expressa também
pelo pronome de tratamento, que leva tanto o verbo
quanto os pronomes para a 3ª pessoa;
¾ os únicos pronomes de tratamento que admitem o uso do
artigo acompanhando-os são: senhor, senhora,
senhorita.
1 - PESSOAIS
1.1 - CLASSIFICAÇÃO
Designam as três pessoas do discurso. Classificam-se em RETOS e OBLÍQUOS.
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RETOS: funcionam como sujeito ou predicativo do sujeito. Por isso, Rocha Lima os
denomina pronomes subjetivos (no papel de sujeito).
Tu não és eu.
O fato de ele reconhecer o erro não importa.
OBLÍQUOS: funcionam como complemento, motivo pelo qual Rocha Lima os chamou
de pronomes objetivos.
Vi-o na rua
Deu-lhe um bom presente
Quero comprá-las
Fi-los entrar
Nesse último exemplo (Fi-los entrar.) vemos um caso excepcional em que o pronome
oblíquo exerce a função sintática de sujeito (do verbo entrar), assunto que será
apresentado mais adiante (caso 1.3).
QUADRO RESUMO DOS PRONOMES PESSOAIS
CASO OBLÍQUO
PESSOA CASO RETO TÔNICO
ÁTONO
(sempre com preposição)
1ª EU ME MIM, COMIGO
SINGULAR
2ª TU TE TI, CONTIGO
OBSERVAÇÕES:
1:(*) Quando oblíquos, são sempre preposicionados: “Nem ele entende a nós,
nem nós a ele.”. A preposição está na frase por força do uso do pronome, sendo o caso
de objeto direto preposicionado. Na linguagem coloquial informal, costumam ser
usados acompanhados de numerais (Encontrei elas duas.) ou pronome indefinido
(Trouxe todas elas.), construção não abonada pela linguagem culta formal
(Encontrei-as, as duas. / Trouxe-as todas.).
Os oblíquos “nós/vós” podem ser usados acompanhados da preposição com e
elementos reforçativos, como os pronomes demonstrativos “MESMOS” ou “PRÓPRIOS”.
Ex.: Só podemos contar com nós mesmos.
2: Os pronomes me, te, se, nos, vos podem exercer as funções de objeto
direto ou indireto, de acordo com a transitividade do verbo. Uma boa técnica de
saber se o pronome está na função de complemento direto ou indireto é trocar o
pronome por um NOME, ou seja, por um substantivo:
“Ele não me obedece.” – trocamos o “me” por “o pai”: “Ele não obedece ao pai”.
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Como o complemento verbal foi antecedido de preposição, o pronome “me” exerce a
função de objeto indireto.
Não adiantaria nada trocar o “me” por “a mim”, pois, como vimos acima, esse
pronome oblíquo sempre será preposicionado.
3: Os pronomes oblíquos podem ser, ainda, reflexivos e recíprocos. Os
primeiros, quando o objeto direto ou indireto representa a mesma pessoa ou coisa que
o sujeito do verbo; os recíprocos exprimem reciprocidade da oração.
(FCC / TRE PI / 2002) Afinal, os papéis não haviam ficado ......, mas sim ...... .
(A)) contigo - com nós mesmos
(B) contigo - conosco mesmos
(C) com ti - conosco mesmo
(D) com tu - conosco mesmos
(E) com tu - com nós mesmos
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(O trabalho é para quem? Resposta: “para mim” = complemento nominal Î
pronome oblíquo)
4) O milagre de ele existir tinha-se dado naquele momento.
(quem existe? Resposta: “ele” - sujeito Î pronome reto)
5) Pouco depois de ela sair, fomos embora.
(quem saiu? Resposta: “ela” – sujeito Î pronome reto)
Faça agora um teste:
Para mim comparecer a essa reunião foi um prazer.
Até o corretor ortográfico do Word cai nessa pegadinha. Ele sugere a troca do “mim”
pelo “eu”. Será que isso estaria correto? Vejamos.
Primeira pergunta: o que foi um prazer?
Resposta: “comparecer a essa reunião”.
Então, na ordem direta (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO), teríamos:
“Comparecer a essa reunião foi um prazer”. Ótimo!
Isso (comparecer a essa reunião) foi um prazer para quem?
Resposta: “para mim”. Então, complementando a estrutura acima, teríamos:
“Comparecer a essa reunião foi um prazer para mim.”
O que levou o Word (e muitos alunos) a imaginar um erro (que não existe) foi o
deslocamento do complemento nominal para o início do período, causando, assim, a
aproximação do “mim” (que atua como complemento nominal de “prazer”) com o
verbo “comparecer” (que faz parte do sujeito oracional).
Nessa, até o Bill Gates caiu!!! Sorte dele não precisar fazer um concurso público aqui
no Brasil....rs....
Veja, agora, como já caiu em prova.
(FUNDEC / TJ MG / 2002)
Tendo em conta o emprego das formas pronominais "eu" e "mim", assinale a
alternativa INCORRETA.
a) Toda a conversa entre eles e eu se deu a portas fechadas.
b) Seria muito penoso para mim comparecer ao julgamento.
c) Quando me aproximei, notei que falavam sobre você e mim.
d) Não há diferença entre eu lhes dar a notícia ou qualquer outra pessoa.
O gabarito foi letra a. A conversa rolou entre eles e MIM. Após uma preposição
(entre), o pronome a ser usado é o oblíquo: MIM.
Só se usa pronome reto após preposição quando este pronome exerce a função de
sujeito da forma verbal no infinitivo, como na construção da letra d: quem vai dar a
notícia? Resposta: “eu ou qualquer outra pessoa”. Como o pronome é o sujeito do
verbo dar, está correto o emprego do pronome reto (eu).
A opção b apresenta estrutura idêntica à do exemplo que apresentamos.
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Muitas vezes, quando o “mim” fica perto de um verbo no infinitivo, muita gente tem
cólicas e sai por aí berrando: “mim fazer” quem diz é índio!!! Em parte, tem razão.
Mas só em parte, pois é preciso analisar a estrutura para verificar se este “mim” é
mesmo o sujeito do verbo no infinitivo, antes de sair por aí condenando a estrutura.
Na ordem direta, a construção seria: “Comparecer ao julgamento seria muito penoso
para mim.”. O pronome, nesse caso, é complemento nominal ao adjetivo “penoso” (É
penoso para quem? Para mim.) e não sujeito de comparecer, que está sendo usado
em sentido genérico (verbo impessoal).
Note que o verbo continuaria inflexível qualquer que fosse o pronome: Comparecer ao
julgamento seria penoso para nós. Isso porque este verbo é impessoal (não tem
sujeito) e está sendo usado em sentido amplo (O ato de comparecer).
Está perfeita a construção da letra c. Após a preposição “sobre”, foi empregado
corretamente o oblíquo “mim” e o pronome de tratamento “você”.
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Eu quero nascer, quero viver.”
(Preciso me encontrar, de Candeia)
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Mas, mesmo que a sua interpretação seja de que o pronome relativo se refere a
“Banco Central” (“O Banco Central mantém os juros sob controle.”), o verbo
continuaria no singular.
Na aula sobre concordância, alertamos bastante para as construções com verbos
derivados de pôr, ter e vir. Suas formas plurais não apresentam nenhuma distinção
fonética em relação às formas singulares (mantém/mantêm, convém/convêm), o que
poderia enganar o ouvido do candidato. O mesmo pode ocorrer com outros verbos
(compor, propor, contrapor, supor, pressupor).
Observe, agora, o item (E) – “No passado, víamos os juros subirem(E)”.
Em estruturas como:
VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO
o verbo no infinito NÃO PODE SE FLEXIONAR, por apresentar como sujeito um
pronome (Vi-os sair / Não os deixe fazer isso.).
Nessa questão, o verbo sensitivo (ver) vem acompanhado de um substantivo (juros)
que é o sujeito de um infinitivo (subirem).
Oração reduzida do infinitivo – “Víamos os juros subirem.”
Nessas construções, quando o sujeito do infinitivo vem sob a forma de um
substantivo (e não um pronome), há divergência doutrinária. Contudo, a banca da
ESAF considerou CORRETA a flexão verbal. Como não há consenso, a ESAF tratou de
definir o gabarito em outra opção, de modo que, passando ao largo da discussão, não
restasse dúvida acerca da resposta correta (apresentou um erro crasso de
concordância na opção C).
Resumindo:
VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO Î
INFINITIVO SEM FLEXÃO
VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + SUBSTANTIVO + INFINITIVO Î O VERBO PODE
OU NÃO FLEXIONAR-SE (depende do autor, há divergência doutrinária) = busque nas
demais opções a resposta.
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Já falamos sobre isso nos comentários à questão 4 da aula 5 -
Sintaxe de Regência.
O pronome oblíquo pode ser usado com sentido possessivo, exercendo a função
sintática de ADJUNTO ADNOMINAL.
Roubou-lhe a voz, então não pôde mais reclamar. (= Roubou sua voz)
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a) CASOS DE PRÓCLISE OBRIGATÓRIA:
¾ Desde que não haja pausa (normalmente marcada na escrita pela vírgula), as
PALAVRAS INVARIÁVEIS atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”,
entendemos as que não se flexionam (olhe o quadro da primeira aula!!!): os
advérbios; as conjunções; alguns pronomes, como o pronome relativo que,
os pronomes indefinidos quanto/como/ninguém, os pronomes
demonstrativos isso/aquilo/isto.
Ele não se encontrou com a namorada. (advérbio de negação)
Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz. (conjunção)
Havendo pausa, não ocorre a atração.
Aqui se aprende a estudar.(sem pausa, advérbio atrai)
Aqui, aprende-se a estudar. (com pausa, recai na regra geral)
¾ ORAÇÕES SUBORDINADAS
“... e é por isso que nele se acentua o pensador político”
(oração subordinada adverbial causal)
Há pessoas que nos querem bem.
(oração subordinada adjetiva restritiva)
Não se preocupe com esses “nomes e sobrenomes” das orações. Tudo isso será objeto
de aula específica (Períodos).
b) CASOS DE PROIBIÇÃO:
¾ Iniciar período com pronome - a forma correta é: Dá-me um copo d’água (e
não “Me dá”), Permita-me fazer uma observação (e não “Me permita”);
¾ Pronome átono após verbo (ênclise) no particípio, no futuro do presente e
no futuro do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde
que não caia na proibição acima – iniciar período), modifica-se a estrutura
(troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome
em mesóclise.
Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.
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(Não havia outra saída. A troca foi necessária por não podermos colocar o pronome
após o particípio - “concedida-me” – nem iniciar período com ele – “me concedida” Î
esse são dois CASOS DE PROIBIÇÃO).
Recolher-me-ei à minha insignificância.
(Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei” Î CASOS DE PROIBIÇÃO).
c) EMPREGO FACULTATIVO:
¾ Com o verbo no INFINITIVO, mesmo que haja uma palavra “atrativa”,
a colocação do verbo pode ser enclítica (após o verbo) ou proclítica
(antes do verbo). Tanto faz, desde que não recaia em um dos casos
proibidos (como iniciar período).
Para não me colocar em situação ruim, encerrei a conversa.
Para não colocar-me em situação ruim, encerrei a conversa.
Assim, com infinitivo está sempre certa a colocação, desde que não
caia em um caso de proibição (começar período, por exemplo).
CUIDADO!!!
NÃO CONFUNDA INFINITIVO COM FUTURO DO SUBJUNTIVO – Na maior parte
dos verbos, essas formas são iguais (para comprar = INFINITIVO /quando comprar
= FUTURO DO SUBJUNTIVO).
Contudo, a regra da colocação pronominal só se aplica ao infinitivo. Se o verbo
estiver no futuro do subjuntivo, aplica-se a regra geral.
Para ter certeza de que é o infinitivo mesmo e não o futuro do subjuntivo, troque o
verbo por um que apresente formas diferentes, como o verbo trazer (para trazer /
quando trouxer), fazer (para fazer/ quando fizer), pôr (para pôr/ quando puser),
e tire a prova dos noves. Se for infinitivo, pode colocar o pronome antes ou depois,
tanto faz. De qualquer jeito, estará certo, mesmo que haja uma palavra atrativa
(invariável).
“Para não levar-me a mal, irei apresentar minhas desculpas.” – como vimos, com
infinitivo está sempre certa a colocação (caso facultativo), mesmo que haja uma
palavra invariável (no caso, são duas – para e não).
COLOCAÇÕES IGUALMENTE POSSÍVEIS:
(1) “Para não me levar a mal, ...”- O pronome foi atraído pelo advérbio não.
(2) “Para me não levar a mal, ...” – O pronome foi atraído pela preposição para.
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Em relação à colocação pronominal, valem os conceitos já apresentados.
- Não devo lhe pedir um favor. Note que o advérbio está próximo do
verbo auxiliar, e não do principal.
Este verbo auxiliar atua como uma pausa,
reduzindo o “poder” da palavra invariável.
Como já mencionamos, a norma culta
condena essa colocação “solta” do
pronome no meio da locução.
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- Eu devo pedir-lhe um favor. Ênclise em relação ao verbo principal –
CERTO. Essa é a construção abonada pela
gramática normativa.
Não estou lhe pedindo perdão. Note que o advérbio está próximo do
verbo auxiliar, e não do principal.
Este verbo auxiliar atua como uma pausa,
reduzindo o “poder” da palavra invariável.
Como já mencionamos, a norma culta
condena essa colocação “solta” do
pronome no meio da locução.
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CERTO.
Essa é a construção abonada pela
gramática normativa.
Não tenho lhe obedecido. Note que o advérbio está longe do verbo
principal.
Este verbo auxiliar atua como uma pausa,
reduzindo o “poder” da palavra invariável.
Como já mencionamos, a norma culta
condena essa colocação “solta” do
pronome no meio da locução, construção
bastante comum na linguagem coloquial.
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Eu tenho obedecido-lhe. (ERRADO!) Está INCORRETA a colocação do
Não tenho obedecido-lhe. (ERRADO!) pronome após o verbo principal, pois ele
está no PARTICÍPIO, e pronome após
particípio é um dos casos de PROIBIÇÃO.
A banca apresentou a letra d como o gabarito, e cheia de razão para isso. O pronome
está INDEVIDAMENTE após um verbo no PARTICÍPIO, um dos casos de proibição.
Veja as demais opções:
a) Construção certinha. Como vimos, segundo a norma culta, a regra é a ênclise.
Assim, a forma “levou-a” é abonada pela gramática.
b) Em “levá-la-á” temos um caso de mesóclise. A forma verbal está no futuro do
presente do indicativo. Seria válida também a próclise, uma vez que o pronome não
iria iniciar período: “O professor a levará ...”. Aproveite para observar a acentuação
dessa forma mesoclítica. Cada segmento é considerado um vocábulo para as regras de
acentuação (lá do início do nosso curso, lembra-se ainda?).
c) Como o verbo está no futuro do pretérito do indicativo (levaria), o examinador
apresentou o pronome proclítico ao verbo. Também estaria correta a forma
mesoclítica: O professor levá-la-ia.
e) Desta vez, optou-se pela próclise em relação à locução verbal (O professor a estava
levando). As demais colocações possíveis seriam: O professor estava-a levando
(ênclise ao verbo auxiliar, menos recomendável por formar um eco “va-a”) ou
O professor estava levando-a (ênclise ao verbo principal).
Como podemos ver, nenhuma das opções apresentou próclise ao verbo principal
(aquela do pronome ‘solto’ no meio da locução verbal).
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O pronome a ser utilizado vai depender da intimidade (você, senhor, senhora) e/ou da
cerimônia que se tenha com essa pessoa, de acordo com seu cargo, função, título etc.
Esses são pronomes da segunda pessoa do discurso, ou seja, representam a pessoa
com quem falamos. Para isso, usamos um pronome de 2ª pessoa (vós) – Vossa
Majestade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria etc.
Não obstante serem usados ao nos dirigirmos a alguém (2ª pessoa do discurso), esses
pronomes de tratamento levam o verbo e os pronomes possessivos à 3ª pessoa:
Vossa Excelência tem manifestado sua opinião.
Para simplificar, basta lembrar o mais famoso pronome de tratamento: VOCÊ.
Tudo o que acontece com VOCÊ vai acontecer com qualquer outro pronome de
tratamento.
Você sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante?
Então, se usássemos “Vossa Senhoria”, a construção seria:
Vossa Senhoria sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante?
Isso tudo se explica: originalmente, a forma de tratamento era “Vossa Mercê”, que
variou para “vosmecê”, dando origem a “você”. Hoje em dia, na linguagem cotidiana,
chegamos a abreviar ainda mais: falando, usamos “cê" (‘Cê soube da última?); na
escrita, é comum colocarmos “vc”, especialmente em textos coloquiais e da internet.
Assim, encolhemos cada vez mais o pobrezinho! Qualquer dia ele some... rs...
Quando nos referimos a pessoa de cerimônia (sem nos dirigirmos a ela), o pronome a
ser usado passa a ser de 3ª pessoa: Sua Majestade, Sua Excelência, Sua Senhoria etc.
Raramente, esse tema é objeto de prova. Vejamos uma dessas raras questões:
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De volta à questão, vamos eliminar a opção e, por apresentar a forma “Vossa
Senhoria”, que se usa especialmente em ofícios, correspondências e outros
tratamentos cerimoniosos a pessoas “comuns”.
Vimos que os pronomes de tratamento, apesar de se dirigem às segundas pessoas do
discurso (com quem se fala), levam o verbo e os pronomes para a 3ª pessoa
(exatamente como faz o pronome “você”). Então, podemos eliminar, também, as
opções b e d (que empregam verbos nas segundas pessoas, respectivamente do plural
e do singular: tendes/tens).
Ao nos dirigirmos à pessoa do Governador (como indica o enunciado), devemos usar o
pronome sob a forma de “Vossa Excelência” (pronome de 2ª), como apresentado na
opção a (gabarito), e não “Sua Excelência”, utilizado em referência a ele (O
Governador chegou à capital. Sua Excelência – ELE - deve permanecer na cidade até
sexta-feira – pronome de 3ª pessoa).
2. POSSESSIVOS
Esses pronomes referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes posse dos
elementos possuídos.
PESSOA POSSESSIVOS
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3. DEMONSTRATIVOS
Indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso. Essa referência
pode ser em relação a um lugar (posição espacial), a um momento (posição temporal)
ou aos elementos de um texto (referência textual).
3.1 – FUNÇÕES DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS
No quadro a seguir, serão apresentadas as funções dêitica, anafórica e catafórica
dos pronomes demonstrativos.
O que foi??? Algum problema?? Parece que você levou um susto com essas
expressões. Vamos entender o que cada uma delas significa.
- FUNÇÃO DÊITICA: é a capacidade de indicar um objeto sem nomeá-lo. Assim,
quando dizemos “aquele tempo era maravilhoso!”, o pronome demonstrativo indica o
tempo a que me refiro (tempo distante ocorrido no passado – usamos o pronome
“aquele” para indicá-lo).
- FUNÇÃO ANAFÓRICA e CATAFÓRICA: em relação ao texto, o pronome
demonstrativo pode se referir a algum elemento que já surgiu (referência anafórica –
passado – para trás) ou que ainda surgirá (referência catafórica – futuro – para a
frente).
AQUELE, AQUELA,
PRONOME ESTE, ESTA, ISTO ESSE, ESSA, ISSO
AQUILO
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REFERÊNCIA Em relação ao que se Em relação ao que já Em relação ao que se
vai enunciar (futuro foi mencionado encontra mais distante
TEXTUAL
próximo). anteriormente. no texto, fazendo
distinção entre dois
elementos textuais.
(TRF 2002.1) Assinale a opção em que uma das duas possibilidades de redação
está gramaticalmente incorreta.
a) A economia americana sobreviveu a muitos percalços e, até o início da curta e
moderada recessão, da qual parece começar a emergir, conheceu nove anos de
uma das mais exuberantes expansões de sua história. / A economia americana
sobreviveu a muitos percalços e conheceu nove anos de uma das mais
exuberantes expansões de sua história até o início da curta e moderada recessão,
de que parece começar a emergir.
b) O professor Paul Kennedy, figura expressiva da “escola do declínio” na década
de 80, confessa ter mudado de posição. Temia o pior em 1985, quando o esforço
militar consumia 45% do PIB. / Figura expressiva da “escola do declínio” na
década de 80, o professor Paul Kennedy confessa que mudou de posição. Temia
o pior em 1985, quando o esforço militar consumia 45% do PIB.
c) Pensa hoje que se tornou barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de
PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento
próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia. / Seu
pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ao preço de
3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o
momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia.
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d) Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou possam ignorar
para sempre alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do
resto do mundo. / Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou
que alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do
mundo possa por eles serem ignorados para sempre.
e) Significa apenas reconhecer que a atual configuração do poder mundial está
longe do declínio e que um país como os Estados Unidos tem uma extraordinária
capacidade para recuperar-se de erros que para outros seriam provavelmente
fatais. / Significa apenas o reconhecimento de que a atual configuração do poder
mundial está longe do declínio e de que um país como os Estados Unidos tem
uma extraordinária capacidade para recuperar-se de erros que para outros
seriam provavelmente fatais.
(Itens adaptados de Rubens Ricupero)
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Vou viajar (n)este ano.
(N)esta segunda-feira, será divulgado o resultado do concurso.
“(No) Domingo, eu vou ao Maracanã,...”
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palavra. Tudo menos esse mostrengo (é assim mesmo que se escreve essa palavra –
se não acreditar, procure o Aurélio!).
Não confunda esse pronome MESMO (demonstrativo) com:
a) a palavra denotativa de inclusão mesmo (equivalente a até).
Mesmo uma ameba retardada seria capaz de entender aquela lição.
(Esse exemplo é uma homenagem ao Godinho – prof. Matemática/RJ!)
b) advérbio mesmo, equivalente a “realmente”, “de fato”, “de verdade”.
O que ela queria mesmo era me atingir.
Uma dica: palavras denotativas e advérbios são INVARIÁVEIS!
4 - INDEFINIDOS
Como o próprio nome já indica, referem-se à terceira pessoa com sentido vago ou
indeterminado.
São exemplos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, vários, demais, tanto,
quanto, qualquer, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo, mais,
menos, que, quem, (LOCUÇÕES) cada qual, qualquer um, quem quer etc.
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DEMAIS - Não confunda o pronome indefinido demais com o advérbio homônimo.
Esse vocábulo é indefinido quando equivale a ‘outros’ e se referem a substantivos. Já o
advérbio indica intensidade, modificando um verbo (Ele bebe demais), adjetivo (Ele é
alto demais) ou um advérbio (Ele fala alto demais).
Fiquei com dois cãezinhos. Os demais (= OUTROS) foram vendidos na feira.
5 - INTERROGATIVOS
Como os pronomes indefinidos (que no fundo também são), referem-se à terceira
pessoa de modo vago em interrogações (diretas e indiretas)
As diretas exigem uma resposta imediata e terminam com um ponto de interrogação.
Já as indiretas se constroem em períodos compostos (normalmente com verbos saber,
ver, verificar, ignorar etc.) e não terminam com ponto de interrogação (com ponto
final, reticências etc).
Quem vai à praia? / Eu não sei o que você tem feito.
Cuidado para não confundir certos pronomes indefinidos com pronomes relativos de
mesma grafia.
Os pronomes indefinidos formam perguntas, mesmo que indiretamente.
Não sei quantas velas serão colocadas em seu bolo de aniversário.
Î Quantas velas serão colocadas?
Já os pronomes relativos possuem referentes que já foram mencionados.
Coloque tantas velas quantas sejam necessárias.
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O pronome relativo quantas se refere a velas. Não poderia ser construída uma oração
interrogativa direta, como no exemplo anterior.
6 - RELATIVOS
Sem medo de errar, afirmo que a maior parte das questões de prova que tratam de
PRONOMES exploram o conhecimento do candidato acerca do emprego dos PRONOMES
RELATIVOS.
6.1 - DEFINIÇÃO
Os pronomes relativos referem-se a termos antecedentes. Já falamos sobre
concordância e regência com pronomes relativos. Agora, veremos quais são esses
pronomes e como devem ser empregados na oração subordinada adjetiva que
iniciam, especialmente em relação aos seus referentes e ao emprego de preposição.
Sempre que abordo “pronomes relativos”, lembro a história da Branca de Neve (é
sério!!!) – dos sete anões, seis apresentavam características particulares e fisicamente
eram parecidos (pareciam gnomos); somente um deles se destacava dos demais – era
completamente diferente (parecia um duende, era mudo) e recebia tratamento
especial (dizem que era o preferido da princesa).
Agora, vamos fazer uma analogia com os pronomes relativos.
Os pronomes que/o qual, onde, quando, quanto, como e quem devem ser usados,
cada qual, de acordo com seus próprios referentes, mas, grosso modo, fazem a
mesma coisa - referência a um substantivo antecedente.
Já “cujo” (o “Dunga” do grupo e, sem dúvida, o predileto das bancas examinadoras) é
diferente de todos – liga dois substantivos com “idéia de posse” (coisa que os outros
não fazem), flexiona-se em gênero e número com o substantivo subseqüente (coisa
que os outros também não fazem – “o qual” varia, mas de acordo com o antecedente).
Talvez seja esse o motivo de tanta gente já ter abolido o pobrezinho do seu dia-a-dia
(mataram o Dunga, e não é o técnico da nossa seleção – é o pronome CUJO!!!),
usando o “que” indevidamente no seu lugar.
Não é raro ouvirmos esse erro por aí, inclusive em músicas. Veja um exemplo disso:
Eu presto atenção em cores que eu não sei o nome/ Cores de Almodóvar/ Cores de
Frida Khalo... cores
(Esquadros – Adriana Calcanhoto)
O que ela não sabe? O nome das cores.
Então, a construção seria: Eu presto atenção em cores cujos nomes não sei.
Mas NINGUÉM IA CANTAR ISSO AÍ!!! A música não faria tanto sucesso...rs...
Vou passar um “dever de casa” para vocês: quero ver quem encontra uma música
cuja letra (gostou dessa?) tenha o pronome CUJO (ou variantes) usado de forma
correta.
Confesso que não consegui encontrar nenhum exemplo para colocar aqui.
Pode ser sertaneja, rock, pop... qualquer uma, desde que use o “cujo” certinho. Vou
aguardar as mensagens no fórum. Vamos ver se alguém consegue... Está lançado o
desafio!
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6.2 – CARACTERÍSTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS
QUE Pode ser usado com qualquer antecedente, por isso chamado de “pronome
relativo universal”. Normalmente é empregado em relação a “coisa”, já que
os demais referentes têm pronomes relativos específicos (lugar, quantidade,
modo).
Aceita somente preposições monossilábicas, exceto sem e sob.
O QUAL Assim como “que”, pode ser usado com qualquer antecedente. Aceita
preposição com duas ou mais sílabas, locuções prepositivas, além de sem e
sob (rejeitadas pelo “que”).
É usado quando o referente se encontra distante ou para evitar
ambigüidade: Visitei a tia do rapaz que sofreu o acidente.
Quem se acidentou? O rapaz ou a tia dele? Para evitar a dúvida, uso “o
qual” para ele ou “a qual” para ela.
QUEM Somente usado com antecedente PESSOA. Sempre virá antecedido de
preposição – Ele é o rapaz de quem lhe falei.
ONDE Utilizado quando o referente for lugar, ou qualquer coisa que a isso se
assemelhe (livro, jornal, página etc.) – “A gaveta onde guardei o dinheiro foi
arrombada.”; pode ser substituído por “em que”.
COMO Usado com antecedente que indique MODO ou MANEIRA – O jeito como
escreve mostra a pessoa que é.
QUANDO O antecedente dá idéia de TEMPO, também equivalente a “em que” – Época
de ouro era aquela, quando todos andavam tranqüilos pelas ruas.
QUANTO O antecedente dá idéia de QUANTIDADE - normalmente precedido de um
pronome indefinido (tudo, tanto(s), todos, todas) – Tenho tudo quanto
quero. Leve tantos quanto quiser.
CUJO (e flexões) – o mais especial de todos; liga dois substantivos indicando idéia
de posse (entre os substantivos, haveria uma preposição de) – “O rapaz cuja mãe
faleceu recentemente procurou por você.” (mãe do rapaz faleceu – rapaz cuja mãe
faleceu); concorda com o substantivo subseqüente, flexionando-se em gênero e número,
e dispensa o artigo (não existe “cujo o” ou “cuja a”);
DICA:
Ao usar o pronome relativo, verifique:
1 – qual deve ser o pronome mais adequado, a depender do antecedente
(coisa, pessoa, tempo, modo, lugar...);
2 – se o algum termo na oração adjetiva exige preposição.
Para não errar, os conceitos de regência devem estar “vivinhos” em sua memória.
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Exemplo:
(1) Este é o livro | que ganhei.
Oração principal: Este é o livro
Oração subordinada adjetiva: que ganhei - O verbo ganhar é transitivo direto (eu
ganhei o livro) e não rege preposição.
(2) Este é o livro | a que me referi.
Oração principal: Este é o livro
Oração subordinada adjetiva: a que me referi – o verbo referir-se é indireto e
rege a preposição a (eu me referi ao livro). Por isso, a preposição antecede o pronome
relativo, que está no lugar do termo regido – “livro”.
(3) Aquele é o professor | por quem eu tenho muita admiração.
Oração principal: Aquele é o professor
Oração subordinada adjetiva: por quem eu tenho muita admiração – o substantivo
admiração rege preposição por, que antecede o pronome relativo que substitui o
termo regido – “professor” (eu tenho muita admiração pelo professor).
Algumas bancas, como a Fundação Carlos Chagas, se cansam de apresentar questões
que envolvem o emprego de preposição (sintaxe de regência) com pronomes relativos.
Veremos uma série delas nos exercícios de fixação.
Para compreender a “mecânica” da coisa, vamos treinar:
26
C) com a qual ninguém discordava. O verbo discordar rege a preposição de, e não
“com”. Alguém discorda de alguma coisa. Por isso, está INCORRETA essa construção.
Esse é o gabarito. A forma correta seria: da qual ninguém discordava.
D) sem a qual ninguém podia sair – Vimos também que, com a preposição sem, não
podemos usar o pronome relativo que; assim, está correta a forma apresentada.
E) pela qual alguém escapava – Essa era a opção mais difícil. O verbo escapar
apresenta as seguintes possibilidades de regência:
- escapar a/de: livrar-se – “eu escapei de ser assaltado.”;
- escapar a ou escapar-lhe: passar despercebido, ser omitido – “esse assunto escapa
à minha memória.”;
- escapar (intransitivo): sobreviver – “O carro bateu fortemente, mas eu escapei.”;
- escapar por: fugir por algum lugar, indicando direção – o ladrão escapou pelo
telhado.
Como outra opção (C) apresentou um erro grosseiro de regência (C), não resta dúvida
de que o examinador optou pela última construção (escapar por alguma saída = pela
qual alguém escapava).
Mais uma questão de prova.
27
• por - pronunciar-se por alguém (a favor ou contra).
28
O pronome “que” sempre será um pronome relativo após o pronome demonstrativo
“O”.
Cuidado com a concordância verbal nesse caso. Por estar se referindo ao
demonstrativo (que está no singular), o relativo, na função de sujeito, leva o verbo
também para o singular:
O que importa para mim são os meus filhos.
Análise:
• o = aquilo – pronome demonstrativo
• que = pronome relativo
• o que importa = Aquilo que importa para mim são os meus filhos.
Mais um exemplo:
O que falta são recursos.
O sujeito do verbo faltar é o pronome relativo que. O verbo ser concorda com o
predicativo do sujeito, que está no plural. Essa possibilidade de concordância foi
abordada na aula específica (item 5.c da Aula 4 – Concordância parte 2).
Políticos corruptos é o que não falta nesse país.
Nessa construção, o sujeito de faltar é novamente o pronome relativo, presente no
segmento “o que não falta”.
O antecedente do pronome relativo, em todos esses casos, é o pronome demonstrativo
“o”.
Quando, em vez de sujeito, o pronome relativo é complemento verbal, todo cuidado é
pouco com a preposição exigida pelo verbo da oração adjetiva.
Preciso saber no que ele pensa.
Alguém pensa em alguma coisa. O verbo pensar rege a preposição em.
Já o verbo saber, da primeira oração, é transitivo direto (alguém sabe alguma coisa).
(eu) preciso saber isso: "aquilo em que ele pensa”.
O registro culto formal da construção deveria ser, portanto:
Preciso saber o em que ele pensa.
Já vamos começar a nos ambientar com a divisão dos períodos.
Para visualizar melhor, vamos dividir o período em orações:
1ª oração - Preciso saber o (= isso)
2ª oração - em que ele pensa. (A preposição é exigida pelo verbo pensar; por isso,
pertence à segunda oração).
Em virtude disso, há erro de regência em construção como esta:
O que mais gosto é chocolate.
Alguém gosta de alguma coisa. Há necessidade de se empregar a preposição antes do
elemento que representa essa “coisa”:
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O de que mais gosto é chocolate.
Só que a proximidade do “o” com a preposição “de” acabou formando, na linguagem
coloquial: Do que eu mais gosto é (de) chocolate.
Essa forma recebe a simpatia de muitos gramáticos, embora não seja endossada pelos
puristas.
A primeira expedição científica à(A) Amazônia foi feita em 1638 por George
Marcgrave, um naturalista alemão. Até o final do século XVII, o que se
procuravam(B) eram animais exóticos, dentro da ótica do "estranho mundo novo":
peixe que dá choque, aranhas gigantes, mamíferos que vivem submersos nos rios.
Nos séculos seguintes, o objetivo passou a ser a coleta do maior número possível de
bichos de diferentes espécies. Até os anos 40, os museus estrangeiros pagavam
coletores profissionais(C) para levar espécimes(D) da fauna e flora nacionais(E) para
suas coleções. O Brasil só assumiu a pesquisa científica na Amazônia há poucas
décadas. Agora, a idéia é conhecer para preservar.
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E
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Na questão de prova ora comentada, “o que se procuravam eram animais exóticos”,
temos de fazer duas análises: a primeira, em relação à construção:
1ª pergunta: O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?
Resposta: O verbo procurar é transitivo direto (alguém procura alguma coisa).
2ª pergunta: Existe uma idéia passiva na construção?
Resposta: Sim, existe idéia passiva – os animais eram procurados.
Conclusão: temos uma construção de voz passiva.
A segunda análise versa sobre o antecedente do pronome relativo que. Para isso,
vamos separar as orações:
Período composto: “o | que se procuravam |eram animais exóticos”
1ª oração: o [pronome demonstrativo = aquilo] eram animais exóticos – ORAÇÃO
PRINCIPAL
2ª oração: que se procuravam – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA (lembre-se:
pronome relativo sempre inicia uma oração adjetiva!)
O pronome que é relativo e tem como antecedente o pronome demonstrativo o. Por
isso, o verbo que o segue deverá ficar no singular.
Para melhor compreensão, iremos fazer a substituição do pronome relativo QUE pelo
termo que substitui, o pronome demonstrativo “o”. Para simplificar ainda mais, em vez
de “o”, colocaremos “aquilo”, seu equivalente.
“que se procurava” - “aquilo se procurava” = AQUILO era procurado.
Viu? O verbo só poderá ficar no singular.
Na oração principal (“o eram animais exóticos”), devemos relembrar a concordância do
verbo ser.
Esse é aquele verbo especial, que admite a concordância tanto com o sujeito quanto
com o seu predicativo.
De um lado, como sujeito, existe um pronome substantivo demonstrativo o - COISA.
De outro lado, na função de predicativo do sujeito, há um substantivo acompanhado
de um adjetivo: animais exóticos - COISA.
Portanto, tanto de um lado (sujeito) como de outro (predicativo), os elementos são
“coisas” (substantivos, pronomes substantivos ou orações substantivas).
Assim, a concordância pode se dar com qualquer deles, PREFERENCIALMENTE com o
elemento que estiver no PLURAL – “... eram animais exóticos”.
Isso justifica a flexão do verbo ser no plural.
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
01 – (FUNDEC / TJ MG / 2002)
31
Tendo em conta o emprego dos pronomes pessoais oblíquos átonos, assinale a
alternativa em que a substituição das expressões sublinhadas nas sentenças abaixo
esteja CORRETA.
Os fãs cercaram os cantores,
Não pôde dar a informação aos repórteres.
Não se sabe quando receberão a restituição desses valores.
a) cercaram-os – lhes pôde dar – quando a receberão
b) os cercaram – pôde lhes dar – quando recebê-la-ão
c) cercaram-nos – pôde dar-lhes – quando a receberão
d) os cercaram – lhes pôde dar – quando recebê-la-ão
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O antecedente do pronome relativo está indicado incorretamente na seguinte
alternativa:
A) “..dada a relação QUE tais pessoas estabeleciam...” - relação
B) “Foi assim na Grã-Bretanha, ONDE tatuagem...” – Grã-Bretanha
C) “Afinal, a estrelinha QUE Giselle Bundchen tem no pulso...” - a estrelinha
D) “À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens QUE são
tatuados...” - a cultura pop
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21), o pronome enclítico retoma por substituição coesiva o vocábulo “morte” (l.
18).
( ) O trecho “Tua mãe não pode viver, disse-me” (l. 2) está em desacordo com as
regras da gramática normativa, pois o não atrairia o pronome me.
( ) No trecho “tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver” (ls. 18 e 19),
o pronome a faz remissão ao vocábulo “morte” (l. 18).
( ) O pronome no trecho “tudo aquilo me pareceu obscuro” (l. 42) admite mudança
de colocação em consonância com as regras da gramática normativa.
a) V FVF
b) V VFV
c) V VVF
d) V FFF
e) V FFV
34
(B) as palavras seu e sua referem-se a pessoas distintas.
(C) o pronome lhe tem como referência a moça Carmélia.
(D) a forma lhe poderia ser desdobrada e substituída por com ele.
(E) o segmento que ele idealiza pode ser substituído por que é idealizado.
07 - (ESAF/AFRE MG/2005)
O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e
reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério
do Planejamento, mostra que o serviço público federal também é capaz de oferecer
serviços com qualidade de primeiro mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13
foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas
e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados,
tornando-os referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em
questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a
capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem de forma
eficiente, constante e muito bem controlada.
(Ilhas de Excelência. ISTOÉ, 2/3/2005, com adaptações)
09 - (ESAF/TFC SFC/2000)
O saber produzido pelo iluminismo não conduzia à emancipação e sim à técnica e
ciência moderna que mantêm com seu objeto uma relação ditatorial. Se Kant ainda
podia acreditar que a razão humana permitiria emancipar os homens de seus entraves,
auxiliando-os a dominar e controlar a natureza externa e interna, temos de reconhecer
hoje que essa razão iluminista foi abortada. A razão que hoje se manifesta na ciência e
na técnica é uma razão instrumental, repressiva. Enquanto o mito original se
transformava em Iluminismo, a natureza se convertia em cega objetividade.
Inicialmente a razão instrumental da ciência e técnica positivista tinha sido parte
integrante da razão iluminista, mas no decorrer do tempo ela se autonomizou,
voltando-se inclusive contra as suas tendências emancipatórias.
(B. Freitag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, p. 35, com adaptações)
35
Das seguintes expressões retiradas do texto, indique o item em que o elemento da
coluna da esquerda faz remissão incorreta às expressões da coluna da direita.
a) seu (l.2) .......... técnica e ciência moderna
b) seus(l.4) ......... homens
c) os (l.4) .............homens
d) ela (l.9) ..........razão instrumental
e) suas (l.10) .......cega objetividade
10 - (ESAF/MPU/2005)
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.
A _______ intelectual de Nabuco provém de suas ________ e é por isso que nele
______, mais do que o artista, o pensador político. É uma tradição espiritual que ele
conserva e eleva a um grau superior, ainda que a______ vocação política se alie
______ sensibilidade artística.
(Baseado em Graça Aranha)
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(B) nas quais - Aquela chuva - cujo
(C) em que - A água da chuva - que o
(D) que elas - Essa chuva - aonde
(E)) que - Essa água - cujo
37
América Latina, fui ficando." Soube então de uma experiência desenvolvida pelo
colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis.
Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no
qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a
estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba.
"Resolvi registrar esse convívio e, aos poucos, ia me embrenhando na favela para
conhecer seus personagens."
O que era, inicialmente, para ser um cenário fotográfico virou uma espécie de
laboratório pessoal. Joaquín sentiu-se estimulado a dar oficinas de fotografia a jovens
e crianças de Paraisópolis. "Descobri mais um ângulo das fotos: o ângulo de ensinar a
olhar." Lentamente, naquele espaço, temido por muitos, Joaquín ia se sentindo em
casa. "Há um jeito muito similar de acolhimento dos latino-americanos, apesar de toda
a violência."
Sem saber ainda direito como vai sobreviver – "as reservas que acumulei em Nova
York estão indo embora" –, ele planeja as próximas paradas pela América do Sul. Mas,
antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil. Até
lá, está aproveitando a internet (www.joaquinsarmiento.com) para mostrar algumas
das imagens fotográficas que documentam seus trajetos.
(Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006)
38
Sobre essas frases pode-se afirmar, em termos de correção gramatical, o seguinte:
(A) as duas frases apresentam perfeita estruturação gramatical;
(B) as duas frases apresentam o mesmo tipo de erro gramatical;
(C) só a primeira frase apresenta estrutura gramatical inadequada;
(D) só a segunda frase apresenta estrutura gramatical inadequada;
(E) as duas frases apresentam erros gramaticais de tipos diferentes.
39
(D) O adjetivo maquiavélico, ...... muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém,
ganhou uma acepção ...... costumam discordar os cientistas políticos.
(E) A leitura de O Príncipe, ...... muita gente até hoje se entrega, interessa a todos
...... se sintam envolvidos na lógica da política.
Sabemos hoje que as identidades culturais não são rígidas nem, muito menos,
imutáveis. São resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação.
Mesmo as identidades aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país
africano, país latino-americano ou país europeu, escondem negociações de sentido,
jogos de polissemia, choques de temporalidades em constante processo de
transformação, responsáveis em última instância pela sucessão de configurações
hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais identidades.
Identidades são, pois, identificações em curso.
Sabemos também que as identificações, além de plurais, são dominadas pela obsessão
da diferença e pela hierarquia das distinções. Quem pergunta pela sua identidade
questiona as referências hegemônicas mas, ao fazê-lo, coloca-se na posição de outro
e, simultaneamente, em uma situação de carência e por isso de subordinação.
Em relação aos elementos do texto, julgue a seguinte assertiva.
• O emprego do infinitivo verbal na estrutura sintática “ao fazê-lo” (R.13) sofre
contração com o pronome pessoal que o completa como objeto direto.
40
23 – (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2002)
A maioria dos primeiros textos que foram escritos para descrever terra e
homem da nova região levam a assinatura de portugueses. Respondem às próprias
perguntas que colocam, umas atrás das outras, em termos de violentas afirmações
eurocêntricas. A curiosidade dos primeiros colonizadores é menos uma instigação ao
saber do que a repetição das regras de um jogo cujo resultado é previsível. Os nativos
eram de carne-e-osso, mas não existiam como seres civilizados, assemelhavam-se a
animais. Na Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita a el-rei D. Manuel, observam-se
melhor as obsessões dos portugueses, intrusos assustados e visitantes temerosos, que
desembarcam de inusitadas casas flutuantes, do que as preocupações dos indígenas,
descritos como meros espectadores passivos do grande feito e do grande evento que é
a cerimônia religiosa da missa, realizada em terra. Não é, pois, por casualidade que a
primeira metáfora para descrever a condição do indígena recém-visto é a “tábula
rasa”, ou o “papel branco”. Eis uma boa descodificação das metáforas: eles não
possuem valores culturais ou religiosos próprios e nós, europeus civilizados, os
possuímos; não possuem escrita e eu, português que escrevo, possuo. Mas da tábula
rasa e do papel branco trazia o selvagem, ainda dentro do raciocínio etnocêntrico, a
inocência e a virtude paradisíacas, indicando que, no futuro, aceitariam de bom grado
a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa,
estaria ao mesmo tempo impondo os muitos valores que nela circulam em
transparência.
Em relação aos elementos do texto, julgue a seguinte assertiva.
• Em “impô-los” (R.18), a forma pronominal enclítica estabelece coesão ao
referir-se a “valores culturais ou religiosos” (R.14) e “escrita” (R.15).
41
• Não lhes pôde dar a informação.
• Não pôde dar-lhes a informação.
Vimos que a norma culta condena o pronome “solto” no meio da locução (em próclise
ao verbo principal).
Da mesma forma, não pode haver ênclise do pronome em relação ao verbo auxiliar
(Não pôde-lhes dar) por força da atração que o advérbio “não” exerce, levando à
próclise.
Estariam corretas, portanto, as formas apresentadas nas opções a, c, d.
Só para praticar mais um pouquinho: como ficaria a contração dos pronomes que iriam
substituir “a informação” e “aos repórteres”? Resposta: lha (lhe + a) – Não pôde
dar-lha ou Não lha pôde dar. Lindo isso, não é???
3ª oração: Não se sabe quando receberão a restituição desses valores.
Como o elemento sublinhado é o objeto direto, o pronome que o substitui é “a”.
Cuidado! O verbo está no futuro do presente (receberão). Como vimos, é um caso de
proibição a colocação do pronome após particípio, futuro do presente e futuro do
pretérito.
Por isso, a única possibilidade é a próclise, uma vez que antes do verbo temos uma
palavra invariável: quando a receberão.
02 – B
Na locução verbal, o pronome está corretamente em ênclise ao verbo auxiliar: foram-
lhe entregues.
O que está errado nas demais opções?
a) A forma “seriam” está no futuro do pretérito do indicativo. Assim, o pronome não
pode estar enclítico ao verbo. Estariam corretas as seguintes construções: “punições
lhe seriam impostas” ou “punições ser-lhe-iam impostas”.
c) Agora, o erro é no emprego de crase por não existir contração de preposição com
artigo definido feminino. Deve ser empregado o verbo haver na indicação de tempo
decorrido: O povo vota há muito tempo sob a influência das elites e dos chefes
partidários.
d) Agora, temos erros de ortografia. O advérbio meio, que modifica o adjetivo
“preocupada”, deve permanecer inalterado. Além desse erro, está errada a grafia da
palavra “repercussões”.
e) Novamente, colocou-se um acento grave indevidamente. Antes de verbos (já vimos)
não há artigo definido feminino. Logo, não pode haver crase: Apenas 20% dos
deputados estão dispostos a respeitar as conclusões dos relatores dos processos.
03 - D
O pronome relativo se refere a “personagens”. Eles é que serão tatuados, e não a
“cultura pop”.
04 – A
42
1ª assertiva: VERDADEIRA
O pronome oblíquo está sendo usado com valor possessivo, retomando o substantivo
morte. Para a análise, transcreve-se parte do texto:
Era a primeira vez que eu via morrer alguém. Conhecia a morte de outiva;
quando muito, tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver, que
acompanhei ao cemitério, ou trazia-lhe a idéia embrulhada nas
amplificações de retórica dos professores de cousas antigas, — a morte
aleivosa de César, a austera de Sócrates, a orgulhosa de Catão.
Note a passagem: Conhecia a morte ... tinha-a visto (visto a morte) ... trazia-lhe a
idéia embrulhada
O verbo trazer é transitivo direto. Seu complemento é “a idéia”. Mas que idéia é essa?
É a idéia da morte. Note a relação de subordinação entre os dois substantivos (idéia da
morte / sua idéia). O pronome lhe, na verdade, tem esse mesmo valor: trazia a idéia
da morte embrulhada.
Por isso, está CORRETA a afirmação de que o pronome oblíquo lhe retoma por
substituição coesiva o vocábulo “morte” (evitando, assim, sua repetição).
2ª assertiva: FALSA
Esse advérbio não é tão poderoso como o examinador sugere. Ele só exerceria
influência na posição do pronome no caso de este pertencer à locução “pode viver”, e
mesmo assim na posição enclítica ao verbo auxiliar (“não se pode viver”). O que se
observa é que o pronome “me” acompanha a forma verbal “disse”, pertencente a outra
oração. Assim, está INCORRETA tal assertiva.
3ª assertiva: VERDADEIRA
Essa assertiva retoma a análise feita em relação à primeira. Como observamos
naquele item, o pronome “a” substitui a palavra morte.
4ª assertiva: FALSA
O que acontece quando uma palavra invariável se apresenta próxima de um verbo
acompanhado de um pronome (sem pausa)?? A palavra invariável atrai o pronome e
obriga a próclise.
Na oração “tudo aquilo me pareceu obscuro”, o pronome acompanha o verbo parecer
(pareceu-me obscuro). Contudo, a proximidade, não de uma, mas de duas palavras
invariáveis leva à colocação do pronome antes do verbo: “tudo aquilo me pareceu...”.
Não há outra posição para o pronome que não seja essa. Portanto, está incorreta a
afirmação de que poderia haver mudança de colocação deste.
05 – A
Ótima questão de prova.
Pleonasmo é o emprego de palavras causando uma redundância. Existem dois tipos de
pleonasmo: o vicioso, que resulta, muitas vezes, do desconhecimento do significado
das palavras (hemorragia de sangue / elo de ligação), devendo ser evitado; e o
estilístico, usado para enfatizar os elementos frasais (Ele vive uma vida de nababo).
A questão apresenta o segundo, exigindo que se observem as regras gramaticais,
especialmente de concordância, em relação aos pronomes envolvidos.
43
A) O núcleo do objeto direto é tendência. Assim, o pronome que lhe faz as vezes é o
pronome átono “a”. Na substituição, houve um erro de concordância: “um estado
emocional patológico pode intensificá-las Î intensificar a tendência às ilusões.
Esse foi o gabarito. O certo seria intensificá-la (a tendência).
B) No lugar de “percepções” (objeto direto do verbo transformar), foi empregado
corretamente o pronome “as”, feito o devido ajuste decorrente do encontro com a
forma verbal terminada em “r”: tem o poder de transformá-las Î transformar
nossas percepções.
C) Como o verbo haver é impessoal (não possui sujeito) e transitivo direto (o que o
acompanha é o objeto direto), em substituição a “lobos”, cabe o pronome oblíquo “os”.
Diante da proximidade com a palavra invariável “não” (advérbio), ocorreu a próclise:
diz-se comumente que não os há Î que não há lobos.
Aprofundando a análise, note que, antes do advérbio, há também uma outra palavra
invariável: a conjunção que. Assim, havia mais uma possibilidade de colocação
pronominal, em que o pronome se posiciona entre duas palavras invariáveis contíguas
(isto é, seguidinhas). Não se assuste se esta construção aparecer – está certa: diz-se
comumente que os não há. O nome é APOSSÍNCLISE.
D) A palavra masculina sintoma (o sintoma) deve ser substituída pelo pronome
oblíquo “o”, uma vez que o verbo constituir é transitivo direto.
A “pegadinha” dessa opção era o fato de o pronome demonstrativo “mesma” se referir,
não a “sintoma”, mas a “ilusão”. A expressão “por si mesma”, no período, equivale a
“isoladamente”. Colocando a expressão no início do período, vemos mais claramente
essa relação: Por si mesma, a ilusão não o constitui Î não constitui sintoma de
doença mental. Por isso, está correta a substituição.
06 - A
O substantivo “moça” é o referente do pronome relativo “que” nas duas passagens
subseqüentes: “que lhe é inacessível” = “a moça lhe é inacessível” e “que ele
idealiza” = “ele idealiza a moça”, bem como o pronome “ela”, contraído com a
preposição “de” em “dela” = “fazendo da moça o mito de sua vida.”.
Está correta a afirmação da letra A.
(B) O pronome possessivo “seu” (“fala também de seu amor por Carmélia”) tem por
referente Belmiro, presente no período anterior, assim como o pronome “sua”, em “o
mito de sua vida”. Os dois pronomes têm, portanto, o mesmo referente. Vimos que os
pronomes possessivos se flexionam em gênero e número para se harmonizarem com
seus termos subseqüentes (seu amor / sua vida).
(C) A passagem “moça que lhe é inacessível” equivale a “a moça é inacessível a ele
(Belmiro)”. Logo, o pronome “lhe” não se refere a “moça”, mas a “ele / Belmiro”.
(D) Como vimos no comentário acima, o pronome “lhe” equivale a “a ele” e não “com
ele”.
(E) Não pode uma estrutura de voz ativa (ele idealiza a moça) ser substituída, sem
prejuízo, pela forma passiva “que é idealizado”, uma vez que o objeto direto (que
passa a ser o sujeito na voz passiva) é “moça” e não “ele”. Assim, se houvesse a
transposição de vozes, a forma passiva seria “que é idealizada” (a moça = adjetivo no
feminino).
44
07 - Item INCORRETO
O segmento objeto de análise é:
“De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao
longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar
de forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais.”
O pronome pessoal oblíquo faz referência a “seus resultados”. Substituindo os termos,
então, a oração seria “tornando seus resultados referências nacionais”, havendo um
verbo transobjetivo (tornar) que exige dois complementos: objeto direto (seus
resultados) e predicativo do objeto direto (referências nacionais).
A supressão sugerida poderia levar a uma ambigüidade indesejada: não se saberia o
que foi considerado “referências nacionais”, se as práticas e rotinas de gestão, se as
instituições públicas selecionadas, se seus resultados, causando prejuízo à coerência
textual. Essa é a função do pronome oblíquo na oração.
08 - Item INCORRETO
Como mencionamos, as bancas, especialmente CESPE UnB e ESAF, exigem que o
candidato saiba identificar as referências dos pronomes.
Na maioria das vezes, é indispensável a compreensão do texto, como nessa questão,
com o pronome possessivo seu.
A segunda oração é subordinada adjetiva: “as quais manterão arquivo cronológico dos
seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais
sobre imóveis”.
Tanto “extrato”, como “autógrafo” são elementos que fazem parte dos contratos. O
arquivo cronológico dos autógrafos apostos nos contratos e o registro sistemático de
seu extrato serão mantidos pelas repartições.
Assim, os pronomes possessivos têm por referente “os contratos e seus aditamentos”,
da oração principal (“os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições
interessadas”).
09 - E
Em questões como essas, talvez a maior dificuldade esteja na compreensão textual,
decisiva para a identificação dos termos referentes.
Uma paráfrase para o último período do texto é: “A razão instrumental da ciência e
técnica positivista, que antes era parte da razão iluminista, com o tempo se tornou
autônoma, indo de encontro às suas próprias tendências emancipatórias.”.
Assim, nota-se que tanto o “ela”, da linha 9, quanto o “suas”, da linha 10, têm por
referente “razão instrumental”.
10 - A
O preenchimento das duas primeiras lacunas não iria nos ajudar a resolver a questão,
pois ambas envolvem vocabulário.
45
A partir da 3ª lacuna, começamos a desvendar o mistério. T um dos pontos mais
incidentes em questões que envolvem pronomes – COLOCAÇÃO PRONOMINAL.
A partir da conjunção “e”, logo após a segunda lacuna, há uma oração subordinada
adverbial conclusiva: “... é por isso que nele ______ ... o pensador político.”.
Não se preocupe por enquanto com essa terminologia. Iremos estudar mais a fundo os
períodos compostos. Por ora, basta-nos saber que, em orações subordinadas (como a
que temos aí), a próclise é obrigatória. Por isso, a forma que preenche a lacuna é “se
acentua”.
Há somente duas opções que oferecem essa construção: a e b (já temos 50% de
chances de ganhar o ponto!).
A quarta lacuna é preenchida por um pronome demonstrativo que se refere um termo
mencionado na passagem anterior do texto (a vocação política pertencia ao pensador
político, Nabuco). Esse é o uso anafórico do pronome demonstrativo.
O pronome, por fazer referência a algo do passado, deve ser usado na forma ESSA:
“... ainda que essa vocação política se alie...”.
5ª) O termo regente aliar, na construção, é pronominal (eu me alio, tu te alias, ele se
alia) e transitivo indireto, exigindo a preposição a (“Alguém se alia a outrem.”).
Deve-se ler todo o período para se verificar qual seria o termo regido.
Vamos lá. O segmento é:
“É uma tradição espiritual que ele conserva e eleva a um grau superior, ainda que a
essa vocação política se alie ____ sensibilidade artística”.
Percebe-se que o “a” que a antecede “essa vocação” só pode ser uma preposição, não
poderia ser um artigo definido. Quer ver? Vamos colocar a expressão “essa vocação
política” como sujeito de uma oração: “Essa vocação política surgiu ainda na
adolescência”. Haveria alguma possibilidade de se colocar um ARTIGO DEFINIDO
FEMININO antes do pronome “essa” (A essa vocação política surgiu...)? Não!
Então, esse “a” que antecede a penúltima lacuna é uma preposição, exigida pelo verbo
“aliar-se”. O termo regido, portanto, é essa vocação política.
Colocando na ordem direta, a construção seria: “... ainda que a sensibilidade artística
se alie a essa vocação política ...”
Percebe-se, assim, que “sensibilidade artística” é o sujeito da oração e sujeito não
admite ser iniciado por preposição (se existir preposição, ela pertence a outra oração
que não a desse sujeito).
Conclusão: esse a não é acentuado.
A resposta foi a letra a – “essência / origens/ se acentua / essa / a”.
11 – D
O que está incorreto na opção (D) é o emprego do pronome “lhe” em substituição ao
complemento direto “boa parte da vida”. Como o verbo é transitivo direto, correta
estaria a construção: a ocupá-la.
Vamos começar pela opção (B). Esse assunto já foi objeto de comentário na questão
04 - emprego do pronome oblíquo com valor possessivo.
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Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são usados para representar um nome
(substantivo), evitando, assim, sua repetição. Podem se ligar ao verbo por hífen
(ênclise ou mesóclise) ou sem este sinal (próclise), e sua colocação é assunto
recorrente em provas de concursos públicos.
No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor possessivo.
Vamos ao exemplo presente na opção (B), considerada correta.
“Evocar a lembrança de outro colega” – a expressão sublinhada tem valor possessivo,
equivalente a “sua” (evocar a sua lembrança), ou seja, a lembrança que se tem dele.
No lugar da expressão, foi empregado corretamente o pronome oblíquo – evocar-lhe a
lembrança. Observe que, mesmo que o substantivo estivesse no plural (lembranças), o
pronome permaneceria no singular por estar em correlação com “colega” (Evocar-lhe
as lembranças).
As demais opções abordam o emprego dos pronomes oblíquos como objetos diretos ou
indiretos. Como vimos inúmeras vezes, o pronome “o” (e flexões) só é empregado
quando o complemento for direto (sem preposição obrigatória), enquanto que “lhe” (e
flexões) é usado em objetos indiretos (com preposição).
Quando os pronomes o, a, os, as são empregados após o verbo cuja terminação seja
r, s, z, ao pronome é agregada ao pronome a letra L (lo, la, los, las) e o r, s, z
‘caem’. Processo parecido acontece com o pronome oblíquo nos, diferenciando-se
apenas no fato de não haver alteração gráfica no pronome, que se mantém “nos”
(“Reportamo-nos a V.Sa. no intuito de...”).
Exemplo: opção (A) para oferecer trabalho = para oferecê-lo.
Em relação à acentuação, já comentamos na aula de ortografia que este verbo é
entendido como um vocábulo independente, devendo obedecer às regras: oferecê =
oxítona terminada em “e”.´
Se o pronome dividir o verbo em duas partes, cada parte será analisada, para fins de
acentuação, como se um único vocábulo formasse.
Exemplo: Nós distribuiríamos o medicamento.
Em mesóclise: DISTRIBUIRÍAMOS + O = DISTRIBUIR + O + ÍAMOS
A letra “r” cai e o pronome “o” vira “lo” = distribui-lo-íamos.
Agora, vamos à acentuação:
No “pedacinho” distribui , a sílaba tônica recai no “i”. Como segunda vogal do hiato,
deve ser acentuada = distribuí (com acento agudo no “i”)
O outro “pedaço” - íamos - recebe acento por ser uma proparoxítona.
Assim, a forma verbal correta é: distribuí-lo-íamos.
Quando o verbo termina de forma nasal (-m, -ão, -õe), aos pronomes o, a, os, as é
acrescentada a letra “n”.
Exemplo: opção (C) – tomaram caminhos paralelos = TOMARAM + O = tomaram-
nos. Observe que, fora do contexto, não temos como afirmar se o “nos” em
“tomaram-nos” é o pronome oblíquo “os” ou “nos” (“tomaram a nós”).
A opção (E) não apresenta maiores dificuldades – no lugar do objeto direto
“inteligência e paladares”, colocou-se o pronome oblíquo os, já que um dos elementos
é masculino.
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12 - E
Algumas lacunas serão preenchidas com pronomes relativos que iniciam orações
adjetivas.
1ª lacuna
Providências a serem tomadas:
1) escolher qual pronome relativo deve ser empregado;
2) verificar se o pronome relativo deve ser antecedido por alguma preposição
requerida pelo verbo da oração adjetiva.
A oração adjetiva é: ... cobrem toda a região.
Pergunta: o que cobre toda a região? A dica para a resposta está na flexão verbal
(cobrem).
2ª lacuna
O que “evapora rapidamente” (verbo no singular)? Resposta: A água da chuva. Essa
expressão já foi mencionada na oração anterior e o texto se tornaria repetitivo no caso
de apresentá-la novamente. Assim, como elemento de coesão textual, usamos o
pronome demonstrativo.
Por ter sido apresentada no início do texto, podemos usar “essa água” (com “ss” de
paSSado – lembra?) ou “aquela água” (já que está distante no texto, mas não há essa
opção). Observe que o que evapora é a água, e não a chuva (fenômeno atmosférico).
Neste ponto, entra a análise semântica, ou seja, o sentido que as palavras empregam
ao texto/contexto.
Quando tratamos de pronomes, o sentido (análise semântica) tem um peso
fundamental. É a partir do conceito que conseguimos identificar os elementos a que os
pronomes se referem.
3ª lacuna
Entre “solo” e “áreas desmatadas” há uma relação de dependência: o solo das áreas
desmatadas. Devemos, então, empregar o pronome relativo cujo, que serve para ligar
dois substantivos que têm relação de subordinação.
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Como o pronome faz parte do sujeito da oração subordinada adjetiva (“O solo das
áreas desmatadas é pobre...”), não devemos colocar preposição alguma: “o que não
ocorre em áreas desmatadas, cujo solo é pobre em matéria orgânica”.
A ordem será: que / Essa água / cujo. Gabarito: E
13 – D
O pronome relativo onde deve ser usado tendo como referente um lugar ou algo que a
isso se assemelhe (página, folha etc.).
Na oração, não há nenhum referente que justifique esse emprego.
A) O pronome oblíquo está sendo usado de modo reflexivo – os primos falam de si
mesmos.
B) Está perfeita a construção “com nós mesmos”. Veja a observação do “Quadro-
resumo de Pronomes Pessoais”, à página 3.
C) O pronome “o”, em “encontrá-lo”, está corretamente posicionado. Com verbo no
infinitivo, a colocação estará sempre certa (desde que não inicie período), mesmo que
haja uma palavra invariável. Por isso, são duas as possibilidades: “a fim de não
encontrá-lo” e “a fim de não o encontrar”.
E) O pronome oblíquo, mais uma vez, está elegantemente usado com valor possessivo.
Os cabelos moldam o rosto dela/dele = moldam-lhe o rosto.
14 – A
Para nunca errar o emprego de verbos e pronomes com pronomes de tratamento,
basta lembrar: tudo o que acontece com você vai acontecer também com os demais
pronomes de tratamento (Vossa Senhoria, Vossa Excelência, etc.).
Por isso, os pronomes e os verbos serão usados na 3ª pessoa do singular: Afianço-lhe
que V.Sa. (você) terá grande influência na resolução do problema que submeto a seu
exame. É só pensar como se fosse o pronome você. Não tem erro!
15 – A
O pronome faz referência a um encontro mencionado no texto. Por isso, só havia duas
possibilidades de resposta: anafórico (referência anterior - para trás) e catafórico
(referência posterior - para a frente).
Vamos ao texto para identificar que encontro é esse:
Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no
qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a
estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba.
O encontro dos ritmos afros e ibéricos, que formaram a estranha mistura dos
ritmos e bailados flamencos como samba.
Como se refere a um elemento do texto que já havia sido apresentado, houve uma
referência anafórica - resposta: A.
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16 – E
Voltamos a falar sobre pronomes relativos e regência.
Esse será o nosso assunto das próximas questões.
O erro da opção E está na análise: o pronome relativo que substitui o substantivo
livros. Vamos ver a qual verbo está ligado este substantivo: “tanto gosto de ler”. O
verbo ler é transitivo direto (eu gosto de ler livros); por isso, não deve haver
nenhuma preposição a anteceder o pronome relativo: Comprei os livros que tanto
gosto de ler.
Veja as demais opções, que estão corretas.
A) O verbo esquecer-se é transitivo indireto e rege a preposição de. Portanto, está
correta a construção: “São locais de que nunca mais nos esquecemos”.
Se houvesse a retirada do pronome, o verbo seria esquecer e, portanto, transitivo
direto. A construção, nesse caso, seria: “São locais que nunca mais esquecemos”.
Notou a diferença significativa entre uma forma e outra?
B) Há relação de subordinação entre os substantivos romances e autores. Por isso,
está correto o emprego do CUJO. Como o verbo da oração adjetiva é “falar”, pode ser
usada a preposição de, que irá anteceder o pronome relativo: “Li os romances de
cujos autores falamos” (= nós falamos dos autores dos romances).
C) Mais uma vez, observamos o correto uso do pronome relativo CUJO. A relação
entre autores e músicas permite isso. Como o verbo apreciar é transitivo direto,
não há exigência de nenhuma preposição antes do relativo: “Aqui estão as músicas
cujos autores aprecio” (= eu aprecio os autores das músicas).
D) Parece que o examinador cismou com o CUJO, não é mesmo? Entre idéias e
autores, existe uma ligação (as idéias dos autores). Como o verbo insurgir-se rege a
preposição contra, esta é colocada antes do pronome relativo: “Aqui estão as idéias
contra cujos autores me insurgi” (eu me insurgi contra os autores das idéias – e
não contra as idéias dos autores – CUIDADO NA ANÁLISE!).
17 – B
Mais uma excelente questão de prova.
Aliás, mais do que uma questão, isso é uma sugestão para apre(e)nder os conceitos de
nossa língua.
Ao entrar em um elevador, ou passar pela portaria de seu prédio, analise a correção
gramatical dos avisos colocados pelo síndico (se você for o síndico, saiba desde já que
está sendo julgado pelos demais condôminos, hem?).
Vamos criticar o panfleto? Complete a frase: “O síndico não deu atenção...” = a
alguma coisa
A regência exige a preposição a.
Pergunta-se: a que o síndico não deu atenção?
Resposta: Às reclamações dos condôminos.
Notou a relação entre esses dois substantivos? Pois é. Não dá pra acertar sempre, não
é? O texto acertou no emprego do CUJO e se esqueceu de colocar a preposição antes
desse pronome relativo.
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Depois de corrigida, a oração seria: “os condôminos a cujas reclamações o síndico
não deu atenção...”.
Na segunda oração, existe também uma relação entre “pontos principais” e “itens”: os
pontos principais dos itens (de discussão, provavelmente).
Assim, o pronome correto seria cujo. Acho que o pessoal do condomínio ficou com
medo de usar duas vezes o CUJO e errar, mas acabou errando ao não colocá-lo.
A construção correta seria: “os itens cujos principais pontos não foram
discutidos...”
Nas duas orações, houve erro no emprego do pronome relativo. Por isso, a resposta
correta é B.
18 – B
O que o examinador quer é saber qual dos verbos rege a preposição de que antecede
o pronome relativo que.
a) Alguém se refere a alguma coisa – a que se refere o filósofo.
b) Alguém cuida de alguma coisa – de que cuida o filósofo. Oba! Essa é a resposta!
c) Alguém investiga alguma coisa (transitivo direto) – que investiga o filósofo.
d) Algo aflige alguém (transitivo direto) – que aflige o filósofo (nessa construção, “o
filósofo” é o objeto direto, ou seja, ele sofre aflição por causa dessa liberdade).
e) Alguém disserta sobre/acerca de alguma coisa – sobre a qual disserta o
filósofo (como a preposição é dissílaba, precisaríamos, também, substituir o “que” por
“a qual” (a liberdade).
19 – C
Nas orações dos itens a, c e d, está correto o emprego de CUJO, pois existe uma
relação de subordinação entre os dois substantivos:
a) estilo do escritor
b) livro da professora
c) vestibular da universidade
O problema da opção d está na presença de um artigo antes do termo regente
“nome”, formando o condenado “cujo o”. Este pronome relativo já se flexiona para
concordar com o termo subseqüente. Por isso, constitui erro a presença de um artigo
definido.
Na opção e, a presença de um artigo antes da lacuna impossibilita o emprego do
pronome, eliminando essa opção.
Em seguida, vamos analisar a regência dos verbos das orações adjetivas para
identificar o que seja transitivo direto e, portanto, dispense preposição, mantendo na
lacuna apenas o pronome relativo.
a) eu não gosto do estilo do escritor – o verbo gostar exige a preposição de.
Assim, a lacuna seria preenchida com de cujo: “O escritor de cujo estilo eu não
gosto vai lançar mais duas obras este ano.
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b) esta é a resposta certa. A expressão “livro da professora” exerce a função de
sujeito da forma verbal (A professora cujo livro foi reeditado = o livro da
professora foi editado), dispensando, assim, qualquer preposição.
c) Meu filho se preparou para o vestibular da universidade. Há exigência da
presença da preposição para: “A universidade para cujo vestibular meu filho
se preparou...”.
20 - A
Vamos analisar lacuna por lacuna.
(A) “O prestígio ..... o texto de Maquiavel desfruta até hoje” – o verbo desfrutar, na
construção, é transitivo indireto com a preposição “de” (Alguém desfruta de alguma
coisa); o pronome relativo se refere a “prestígio”. Logo a primeira lacuna deverá ser
preenchida com “de que”.
Em seguida, na passagem “pois é um tratado político ..... muitos têm muito a
aprender”, devemos analisar a transitividade do verbo principal da locução verbal “ter
a aprender”. O verbo aprender, por estar acompanhado do advérbio “muito”,
apresenta, na construção, a forma transitiva indireta, acompanhado da preposição
“com” (da mesma forma que em “Eu aprendi muito com os meus erros”). Como o
pronome relativo substitui a expressão “tratado político”, a construção deveria ser:
“pois é um tratado político com que muitos têm muito a aprender”.
Lacunas: de que / com que - esta é a resposta correta.
(B) O verbo “considerar” é transitivo direto. Na oração “Muitos estavam habituados a
considerar as qualidades morais” (termo este que será substituído pelo pronome
relativo), não há necessidade do emprego de preposição alguma, já que o verbo
considerar é transitivo direto.
Assim, a primeira lacuna será preenchida somente com o pronome relativo: “As
qualidades morais que muitos estavam habituados a considerar como tais...”.
Na segunda lacuna, o pronome relativo exerce a função de objeto direto do verbo
“tornar”. Este verbo é, na construção, transobjetivo, ou seja, além do objeto direto,
requer um predicativo do objeto direto (já falamos sobre isso na Aula 1 – Verbos,
questão 31).
Após a substituição do pronome relativo pelo substantivo (seu antecedente), a
construção seria: “Maquiavel tornou o tratado uma obra basilar”, em que “o tratado”
exerce a função de objeto direto e “uma obra basilar”, predicativo do objeto direto.
Para deixarmos essa função de objeto direto bastante clara, vamos trocar o
substantivo por um pronome oblíquo: “Maquiavel tornou-o uma obra basilar”.
Observe que “obra basilar” tem valor adjetivo (atribui uma qualidade) em relação a
“tratado”, e com ele não se confunde.
O predicativo do objeto é uma função necessária à compreensão. Não haveria nexo se
este elemento faltasse ao período: “Maquiavel tornou o tratado ...” – a pergunta
provavelmente seria: tornou o tratado o quê? O elemento que completa essa oração
exerce a função de predicativo do objeto.
Como o objeto direto não requer preposição, na segunda lacuna há somente o
pronome relativo: “no tratado que Maquiavel tornou uma obra basilar”.
Lacunas: que / que
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(C) “Muita gente costuma cultuar alguma coisa” – o verbo cultuar (principal da
locução) é transitivo direto. Assim, na primeira lacuna, há apenas o pronome relativo
que se refere a “valores abstratos”: “Os valores abstratos que muita gente costuma
cultuar...”.
No segundo período, o verbo valer-se exige complemento indireto com a preposição
“de” (Alguém pode se valer de alguma coisa). Essa preposição irá anteceder o
pronome relativo: “qualquer aplicação de que pudesse se valer na análise da
política.”.
Lacunas: que / de que
(D) O verbo utilizar é transitivo direto – “muitos utilizam o adjetivo maquiavélico”.
Não há necessidade de se empregar preposição alguma – “O adjetivo ‘maquiavélico’,
que muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém...”.
Na seqüência, o verbo discordar (verbo principal da locução verbal) é transitivo
indireto, com a preposição “de” (Alguém discorda de alguma coisa). Observe que a
oração está na ordem invertida: “os cientistas políticos” é sujeito: “... ganhou uma
acepção de que costumam discordar os cientistas políticos.” (equivalente a “os
cientistas políticos costumam discordar da acepção”).
Lacunas: que / de que
(E) Alguém se entrega a alguma coisa – o verbo entregar-se (pronominal) é
transitivo indireto com a preposição “a”. Esta preposição deve anteceder o pronome
relativo que substitui “a leitura de O Príncipe”: “A leitura de O Príncipe, a que muita
gente até hoje se entrega...”.
Na seqüência, temos um caso de regência nominal – o adjetivo “envolvidos” exige a
preposição “em” (Alguém se sente envolvido em alguma situação). Esse complemento
nominal já está representado por “na lógica da política”. Já o pronome relativo exerce
a função de sujeito da oração subordinada adjetiva e se refere a “todos”: “todos se
sintam envolvidos na lógica da política”. A construção seria: “... interessa a todos que
se sintam envolvidos na lógica da política”.
Lacunas: a que / que
21 – Item INCORRETO
Vamos analisar o segmento em que o pronome relativo em questão aparece.
Vencer as desigualdades faz parte de uma estratégia e de um novo modelo de
desenvolvimento para o país, que pode dispor, para tanto, da imensa riqueza natural
de nossa Nação.
O verbo dispor é transitivo indireto (Alguém dispõe de alguma coisa).
A primeira dica: a locução verbal está no singular (pode dispor), indicando que o
referente também apresenta esse número.
Na seqüência, é apresentado o complemento do verbo dispor: “de imensa riqueza
natural de nossa Nação”.
Pergunta: “quem” dispõe de imensa riqueza natural de nossa nação?
Resposta: “O país”, mencionado na oração anterior Î o país pode dispor (para vencer
as desigualdades) da imensa riqueza natural de nossa Nação.
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Viu como a compreensão textual é essencial para a solução de questões como essa?
Na hora da prova, não tenha preguiça de voltar ao texto. O objetivo da banca é
enganá-lo, e você deve estar preparado para vencer esse desafio.
22 – Item CORRETO
Finalmente, vemos um caso de pronome oblíquo usado como termo vicário, ou seja,
substituindo um termo ou oração mencionada anteriormente.
Isso é muito comum com o verbo fazer. O pronome, nesse caso, serve como
complemento do verbo, retomando a ação apresentada no período anterior:
“Quem pergunta pela sua identidade questiona as referências hegemônicas mas, ao
fazê-lo, coloca-se na posição de outro (...).” – ao fazer o quê?
Toda a expressão (fazê-lo) se refere a “questiona as referências hegemônicas”.
Está correta, portanto, a afirmação de que o pronome exerce a função de objeto direto
do verbo fazer.
23 – Item CORRETO
Essa é basicamente uma questão de interpretação.
Os índios eram considerados pelos portugueses “tábula rasa”, ou seja, desprovidos de
valores culturais ou religiosos próprios e sem escrita, tudo o que o português possuía.
Acreditavam que eles aceitariam “de bom grado, a voz catequética do missionário
jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa”...
O que seria imposto em língua portuguesa aos índios? Podemos entender que tanto os
valores culturais ou religiosos quanto a própria escrita, elementos que os portugueses
possuíam e que iriam impor aos índios.
Dessa forma, o pronome retoma, de forma coesa, os elementos textuais anteriormente
apresentados. Veja como é importante conhecer a nomenclatura: “forma pronominal
enclítica” – essa expressão poderia assustar quem não a conhecesse.
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