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Professora Carol Poesia

Coesão e coerência textuais

Os conceitos de coesão e coerência são tão próximos que alguns autores o tratam como um elemento só
(MARCUSCHI, 2008). Para os que os distinguem, a diferença seria a seguinte: a coesão está no texto, enquanto a
coerência está na cabeça do leitor.

Vai ficar mais fácil entender isso com alguns exemplos:

Fábio fala inglês fluentemente. Ele está desempregado há um ano e meio.

À primeira vista, a relação entre as ideias não está totalmente clara. Para reconstruir a coerência do enunciado,
usamos nosso conhecimento enciclopédico: pessoas com fluência em inglês tem, em geral, mais facilidade para
conseguir emprego; logo infere-se que há uma relação de oposição entre as ideias. Em nossa cabeça, cria-se um sentido
que poderia ser expresso desta maneira: “Fábio fala inglês fluentemente. Mesmo assim, está desempregado há um ano
e meio”.

Imagine, porém, que Fábio viva em um hipotético país onde impera o antiamericanismo. Nesse lugar, qualquer
um que tenha algum dia freqüentado algum curso de inglês sofre preconceito pesado. É malvisto pelos vizinhos e
rejeitado pelos empregadores. Logo, para o leitor desse país não existe uma relação de oposição entre as ideias do
enunciado, e sim de causa-consequência: “Fábio fala inglês fluentemente; por isso, está desempregado há um ano e
meio.

Por outro lado, em qualquer um dos casos, se o redator tivesse explicitado a relação entre as ideias por meio de
um mecanismo coesivo (“mesmo assim” ou “por isso”), a possibilidade de leitores diferentes estabelecerem coerências
diferentes seria bem menor. A responsabilidade do leitor na reconstrução da coerência diminuiria, já que ele teria menos
caminhos interpretativos para escolher.

Esse exemplo demonstra que a coerência é o sentido do texto estabelecido pelo leitor com base em seu
conhecimento prévio e nas sinalizações textuais deixadas pelo autor. A coesão, por sua vez, é o próprio conjunto
formado por essas sinalizações textuais. Dito de outra maneira: reconstruir a coerência de um texto é responsabilidade
do leitor; porém, para conseguir fazê-lo, ele precisa receber alguma ajuda do autor, e essa ajuda é dada por meio de
indicações textuais, que são os mecanismos coesivos. Percebeu como um elemento está intrinsecamente ligado ao
outro?

Além disso, essa definição nos indica que, por mais que se esforce, o leitor pode falhar na tentativa de
reconstruir a coerência por um motivo simples :o texto pode ser, de fato, incoerente. Não há como reconstruir algo que
jamais foi construído. Em casos assim, mesmo que tenham sido usados vários mecanismos de coesão, eles não são
capazes de produzir sozinhos a coerência. O exemplo a seguir, dado por Marcuschi (2008, p.107), demonstra isso. O
enunciado apresenta uma série de ideias aparentemente bem “costuradas”, mas cujo sentido é impossível apreender:

João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os mísseis são caríssimos. Os mísseis
são lançados no espaço. Segundo a Teoria da Relatividade, o espaço é curvo. A geometria rimaniana dá conta desse
fenômeno.

Por outro lado, há enunciados sem qualquer mecanismo coesivo e ainda assim coerentes, como comprova este
exemplo dado por Perini (2002, p. 62):
Mamãe comprou uma picanha; ela vai dar um churrasco amanhã.

Ao analisar o enunciado “Mamãe comprou um frango;ela vai dar um churrasco amanhã”, comprovamos que a
ausência de mecanismos coesivos não necessariamente leva à falta de coerência. Há situações, como essa, em que a
relação entre as ideias está tão clara que o emprego de conectivos torna-se dispensável. Em geral, isso ocorre quando a
segunda idéia explica a primeira ou quando a segunda idéia é uma conseqüência da primeira. Contudo, quando a relação
entre as ideias é de outra natureza, torna-se obrigatório explicitá-la. E é justamente a falta dessa explicitação um dos
problemas coesivos mais comuns:

Proibir a venda de games considerados violentos fere a liberdade de escolha do consumidor. Não há pesquisas
conclusivas que comprovem a influência negativa desses jogos sobre o comportamento das pessoas.

Ora, uma vez que ideias justapostas normalmente mantêm relação de explicação ou de causa-consequência, o
leitor tende a estabelecer esse tipo de conexão quando depara com um par delas. Nesse enunciado, porém, nenhuma
das hipóteses se aplica: o fato de não haver pesquisas conclusivas comprovando a influencia negativa dos games não é
uma explicação para o fato de que proibir sua venda fere a liberdade de escolha do consumidor; tampouco é uma
consequência desse fato. Existe, sim, uma relação entre ideias, mas ela é de outra natureza – trata-se de uma relação de
adição, acréscimo:

Proibir a venda de games considerados violentos fere a liberdade de escolha do consumidor. Além do mais, não há
pesquisas conclusivas que comprovem a influência negativa desses jogos sobre o comportamento das pessoas.

Sem um marcador lógico, a clareza do enunciado ficaria prejudicada. Paradoxalmente, um segundo problema
coesivo está relacionado ao excesso de marcadores. No afã de estabelecer ligações explícitas entre as ideias, redatores
iniciantes usam e abusam dos conectivos; o resultado é um texto monótono, primário. Se os conectivos são colocados
sempre na mesma posição dentro das orações, o efeito torna-se ainda pior:

A bicicleta e o carro compartilham as mesmas vias. Logo, um precisa respeitar o outro. Sendo assim, os motoristas
devem manter a distância mínima de 1,5 metro do ciclista. Do mesmo modo, os ciclistas devem seguir as leis de trânsito.
Por conseguinte, são obrigados a andar na mão correta e respeitar a faixa de pedestres. Finalmente, os ciclistas devem
sinalizar com as mãos antes de trocar de faixa.

O terceiro problema mais comum relacionado à coesão é o emprego inadequado dos mecanismos coesivos – o
que leva inevitavelmente à incoerência, já que o leitor é induzido a estabelecer uma falsa relação entre as ideias:

Queria tanto falar com Débora, até mesmo porque não sei onde encontrá-la. (incoerente)

Não saber onde encontrar Débora só aumenta meu desejo de falar com ela. (coerente)

É muito comum os jovens falarem sobre a conquista da liberdade, sendo que muitos deles não sabem o verdadeiro
sentido da palavra. (incoerente)

É muito comum os jovens falarem sobre a conquista da liberdade, porém muitos deles não sabem o verdadeiro sentido
dessa palavra. (coerente)
A energia nuclear não apenas é eficiente e econômica: pode provocar terríveis acidentes, com consequências gravíssimas
para toda a população do entorno.

Embora seja eficiente e econômica, a energia nuclear pode provocar terríveis acidentes, com consequências gravíssimas
para toda a população do entorno.

Por fim, o quarto – e talvez mais comum – dos principais problemas relacionados à coesão e à coerência diz
respeito àquelas situações em que os mecanismos coesivos são usados apenas para disfarçar a falta de coerência do
texto. Em outras palavras: o autor trabalha somente a superfície dos enunciados, organizando-os e relacionando-os de
modo aparentemente lógico; contudo, quando o leitor vai além da superfície, percebe que as ideias não formam um
todo coerente:

Com a substituição do contato pessoal pelo virtual, a nova geração está se tornando cada vez mais agressiva e
intolerante. Para muitos jovens, a possibilidade de opinar anonimamente na internet é um convite à ofensa gratuita. Há
quem entre em páginas de artistas que não lhe agradam apenas para escrever comentários desrespeitosos, por exemplo.

Mas a verdade é que sempre existiram adolescentes de mal com o mundo, prontos para descarregar sua
metralhadora giratória contra tudo e contra todos. As “más-criações” e a rebeldia (ainda que sem causa) são uma
maneira de o jovem afirmar sua identidade perante o mundo adulto. Em suma: ao contrário do que muitos dizem, a
juventude de hoje não é pior que a de outras épocas.

Observe que, do primeiro para o segundo parágrafo, a linha de raciocínio muda: no primeiro, o autor afirma
textualmente que “a nova geração está se tornando cada vez mais agressiva e intolerante”, mas no segundo ele passa a
defender que essa agressividade e intolerância sempre existiram e, portanto, não são exclusividade da geração atual. Na
verdade, não é raro mudarmos de idéia enquanto estamos produzindo um texto. Isso é até um bom sinal: demonstra
que somos pensadores flexíveis, capazes de ponderar os argumentos e chegar a uma nova conclusão.

No entanto, quando isso ocorre, precisamos revisar o texto como um todo e eliminar as frases ou palavras
relacionadas à idéia antiga, senão ele se tornará incoerente. Foi exatamente o que ocorreu nesse enunciado: como não
houve revisão após a mudança de idéia, a conclusão passou a contrariar frontalmente a afirmação inicial.

Exercícios:

O papel da pontuação e da sintaxe na construção e leitura do texto.

A vírgula

Não, espere.
Não espere
Isso só, ele resolve.
Isso, só ele resolve.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
Não quero ler.
Não, quero ler.

(Adaptado da revista Época – 17/04/2008)


1-A Associação Brasileira de Imprensa se utiliza de pares de frases com pontuações diversas para mostrar a
importância da vírgula na produção de sentido desejada. Dentre os pares apresentados, escolha dois para
explicar a mudança de sentido em função do emprego da vírgula.

2-A sintaxe dos termos é fator importante na construção coerente do sentido de um texto. No fragmento de
Navio Negreiro, poema de Castro Alves transcrito abaixo, se retirarmos o acento grave não haverá nenhum erro
gramatical, mas acarretará uma mudança sintática e semântica que deixará o texto incoerente. Justifique essa
afirmação.

“Negras mulheres, suspendendo às tetas  


Magras crianças, cujas bocas pretas  
Rega o sangue das mães:  
Outras moças, mas nuas e espantadas,  
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs!”

3- “Campos: diminui número de assalto a pedestres.” Se retirados os dois pontos dessa frase, que mudança
sintática e semântica ocorrerá?

Mecanismos de Coesão Textual

Pronomes Relativos

O Pronome Relativo Que

Este pronome deve ser utilizado com o intuito de substituir um substantivo (pessoa ou "coisa"), evitando sua
repetição. Na montagem do período, deve-se colocá-lo imediatamente após o substantivo repetido, que passará a ser
chamado de elemento antecedente.

Por exemplo, nas orações Roubaram a peça. A peça era rara no Brasil há o substantivo peça repetido. Pode-se
usar o pronome relativo que e, assim, evitar a repetição de peça. O pronome será colocado após o substantivo. Então
teremos Roubaram a peça que... . Este que está no lugar da palavra peça da outra oração. Deve-se, agora, terminar a
outra oração: ...era rara no Brasil, ficando Roubaram a peça que era rara no Brasil.

O Pronome Relativo Cujo

Este pronome indica posse.

Na montagem do período, deve-se colocá-lo entre o possuidor e o possuído (alguém cujo algo). Por exemplo, nas
orações Antipatizei com o rapaz. Você conhece a namorada do rapaz. O substantivo repetido rapaz possui namorada.
Deveremos, então usar o pronome relativo cujo, que será colocado entre o possuidor e o possuído: Algo de alguém =
Alguém cujo algo. Então, tem-se a namorada do rapaz = o rapaz cujo a namorada. Não se pode, porém, usar artigo (o,
a, os, as) depois de cujo. Ele deverá contrair-se com o pronome, ficando: cujo + o = cujo; cujo + a = cuja; cujo + os =
cujos; cujo + as = cujas. Então a frase ficará o rapaz cuja namorada. Somando as duas orações, tem-se Antipatizei com o
rapaz cuja namorada você conhece.

O Pronome Relativo Quem

Este pronome substitui um substantivo que representa uma pessoa, evitando sua repetição. Somente deve ser
utilizado antecedido de preposição, inclusive quando funcionar como objeto direto. Nesse caso, haverá a anteposição
obrigatória da preposição a, e o pronome passará a exercer a função sintática de objeto direto preposicionado. Por
exemplo, na oração A garota que conheci está em minha sala, o pronome que funciona como objeto direto.
Substituindo pelo pronome quem, tem-se A garota a quem conheci ontem está em minha sala.

Há apenas uma possibilidade de o pronome quem não ser precedido de preposição: quando funcionar como
sujeito. Isso só ocorrerá, quando possuir o mesmo valor de o que, a que, os que, as que, aquele que, aquela que,
aqueles que, aquelas que, ou seja, quando puder ser substituído por pronome demonstrativo (o, a, os, as, aquele,
aquela, aqueles, aquelas) mais o pronome relativo que. Por exemplo: Foi ele quem me disse a verdade = Foi ele o que
me disse a verdade. Nesses casos o pronome quem será denominado de Pronome Relativo Indefinido.

O Pronome Relativo Qual

Este pronome tem o mesmo valor de que e de quem.

É sempre antecedido de artigo, que concorda com o elemento antecedente, ficando o qual, a qual, os quais, as
quais.

Se a preposição que anteceder o pronome relativo possuir duas ou mais sílabas, só poderemos usar o pronome
qual, e não que ou quem. Então só se pode dizer O juiz perante o qual testemunhei. Os assuntos sobre os quais
conversamos, e não O juiz perante quem testemunhei nem Os assuntos sobre que conversamos.

O Pronome Relativo Onde

Este pronome tem o mesmo valor de em que.

Sempre indica lugar, por isso funciona sintaticamente como Adjunto Adverbial de Lugar.

Se a preposição em for substituída pela preposição a ou pela preposição de, substituiremos onde por aonde e
donde, respectivamente. Por exemplo: O sítio aonde fui é aprazível. A cidade donde vim fica longe.

Será Pronome Relativo Indefinido, quando puder ser substituído por O lugar em que. Por exemplo na frase Eu nasci
onde você nasceu. = Eu nasci no lugar em que você nasceu.

Conjunção

Conjunção é uma das dez classes de palavras definidas pela gramática. As conjunções são palavras invariáveis
que servem para conectar orações ou dois termos de mesma função sintática, estabelecendo entre eles uma
relação de dependência ou de simples coordenação.

Integrantes

que, se.

Introduzem uma oração (chamada de substantiva) que pode funcionar como sujeito, objeto direto, predicativo,
aposto, agente da passiva, objeto indireto, complemento nominal (nos três últimos casos pode haver uma
preposição anteposta a conjunção) de outra oração. As conjunções subordinativas integrantes são que e se.
Quando o verbo exprime uma certeza, usa-se que; quando não, usa-se se.
Afirmo que sou inteligente.

Não sei se existe ou se dói.

Espero que você não demore.

Observação: Uma forma de identificar o se e o que como conjunções integrantes é substituí-los por "isso",
"isto" ou "aquilo".
Exemplo:
Afirmo que sou inteligente. (Afirmo isto.)

Não sei se existe ou se dói. (Não sei isto.)

Espero que você não demore. (Espero isto.)

Conjunções Coordenativas
Dividem-se em:

- ADITIVAS: expressam a idéia de adição, soma.


Observe os exemplos:
- Ela foi ao cinema e ao teatro.
- Minha amiga é dona-de-casa e professora.
- Eu reuni a família e preparei uma surpresa.
- Ele não só emprestou o joguinho como também me ensinou a jogar.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só…mas também, não só…como também.

- ADVERSATIVAS
Expressam idéias contrárias, de oposição, de compensação. Exemplos:
- Tentei chegar na hora, porém me atrasei.
- Ela trabalha muito, mas ganha pouco.
- Não ganhei o prêmio, no entanto dei o melhor de mim.
- Não vi meu sobrinho crescer, no entanto está um homem.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto.
ALTERNATIVAS
Expressam idéia de alternância.
- Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
- Minha cachorra ora late ora dorme.
- Vou ao cinema quer faça sol quer chova.
Principais conjunções alternativas: Ou…ou, ora…ora, quer…quer, já…já.

CONCLUSIVAS
Servem para dar conclusões às orações. Exemplos:
- Estudei muito por isso mereço passar.
- Estava preparada para a prova, portanto não fiquei nervosa.
- Você me ajudou muito; terá, pois, sempre a minha gratidão.
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.

EXPLICATIVAS
Explicam, dão um motivo ou razão:
- É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
- Não demore, que o seu programa favorito vai começar.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.

Conjunções subordinativas

CAUSAIS
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como (= porque). Exemplos:
- Não pude comprar o CD porque estava em falta.
- Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
- Como não sabe dirigir, vendeu o carro que ganhou no sorteio.

COMPARATIVAS
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão…como, mais…do que, menos…do que.
- Ela fala mais que um papagaio.
CONCESSIVAS
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo que, apesar de, se bem que.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato inesperado. Traz em si uma idéia de “apesar de”.
- Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar cansada)
- Apesar de ter chovido fui ao cinema.

CONFORMATIVAS
Principais conjunções conformativas: como, segundo, conforme, consoante.
- Cada um colhe conforme semeia.
- Segundo me disseram, a casa é esta.
Expressam uma idéia de acordo, concordância, conformidade.

CONSECUTIVAS
Expressam uma idéia de conseqüência.
Principais conjunções consecutivas: que ( após “tal”, “tanto”, “tão”, “tamanho”).
- Falou tanto que ficou rouco.
- Estava tão feliz que desmaiou.

FINAIS
Expressam idéia de finalidade, objetivo.
- Todos trabalham para que possam sobreviver.
- Viemos aqui para que vocês ficassem felizes.
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque (= para que).
PROPORCIONAIS
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto mais, ao passo que, à proporção que.
- À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
- Quanto mais ela estudava, mais feliz seus pais ficavam.

TEMPORAIS
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.
- Quando eu sair, vou passar na locadora.
- Chegamos em casa assim que começou a chover.
- Mal chegamos e a chuva desabou.
Obs.: Mal é conjunção subordinativa temporal quando equivale a “logo que”.
O conjunto de duas ou mais palavras com valor de conjunção chama-se locução conjuntiva.
Exemplos: ainda que, se bem que, visto que, contanto que, à proporção que.
Algumas pessoas confundem as circunstâncias de causa e consequência. Realmente, às vezes, fica difícil
diferenciá-las.
Observe os exemplos:
- Correram tanto, que ficaram cansados.
“Que ficaram cansados” aconteceu depois deles terem corrido, logo é uma conseqüência.
Ficaram cansados porque correram muito.

Exercícios:

Frases ambíguas em cartazes provocaram polêmica

A quermesse da paróquia de São Fernando, na zona norte de Vila Velha-ES tinha como objetivo arrecadar fundos
para a reforma da igreja, castigada pelas fortes chuvas. No entanto, faixas designadas à publicidade e que continham
mensagens relacionadas a Chocolates Garoto, uma das patrocinadoras do evento, causaram revolta e desconforto entre
os freqüentadores.

Segundo o padre Firmino de Queiroz, a festa estava na santa paz de Deus, mas depois que ativistas contra a
pedofilia apareceram, uma confusão começou “Eu não entendi o que aconteceu, só tínhamos faixas oferecendo
chocolates, nada de anormal” disse.
Os manifestantes exigiam a retirada de três faixas, que continham os seguintes dizeres: “A Paróquia de São
Fernando prefere Garoto”, “Leve Garoto para casa” e “Quermesse com Garoto é mais gostoso”. Quatro soldados da PM,
que faziam a segurança local, solicitaram a remoção das faixas e retiraram os ativistas do local do evento.

Mesmo após a PM controlar a situação, o protesto continuou e foi reforçado por alguns moradores da
comunidade. “Isso é um absurdo! A gente vê na TV todas as acusações contra a igreja e chega aqui numa festa e vê uma
coisa dessas. Eu vou estar conversando com meu filho e estar proibindo ele de freqüentar os eventos da paróquia” disse
Lucineide, operadora de telemarketing.

O delegado de plantão, Dr. Nogueira, classificou o episódio como um “mal-entendido lamentável”. Afirmou,
ainda, que não acredita que houve más intenções na publicidade feita no evento “Tudo isso não passa de um incidente
triste, uma infelicidade. Quem confeccionou aqueles cartazes não tinha essa intenção, tenho certeza absoluta”.

Fonte: http://tabacodeveia.blogspot.com/2010/02/frases-ambiguas-em-faixas-provocaram.html?zx=2223bb9422d84464

1) Qual é a relação estabelecida pelo conectivo “no entanto” (linhas 2) entre o primeiro e segundo períodos?

2) Pode-se notar que o texto se utiliza de certas marcas lingüísticas de determinados tipos sociais. Localize essas
peculiaridades.

3) Identifique os referentes das palavras “dessas”(linha 14) e “essa” (linha 18).

4) Explique a diferença de sentidos entre:

a) Foi-se a noite x Foi-se à noite


b) Dilma depôs a CPI x Dilma depôs à CPI
c) Não, pára x Não pára (Obs.: Após o novo acordo ortográfico não existe mais esse acento diferencial no “pára”)
d) Ele cheirava a bebida x Ele cheirava à bebida
e) Não sabia desenhar a caneta x Não sabia desenhar à caneta
f) A mulher, que é feliz, sabe o que fazer x A mulher que é feliz sabe o que fazer
g) Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro a sua procura x Se o homem soubesse o
valor que tem, a mulher andaria de quatro a sua procura
h) O homem pinta a máquina X O homem pinta à máquina 

5) Atribua os sentidos possíveis às orações abaixo:

a) Ele encontrou o gato varrendo a rua.


b) Radares que salvam vidas em implantação.
c) Ele atropelou um cavalo correndo pela avenida.
d) Ela encontrou os filhos vendo televisão.

6) Leia abaixo duas frases publicitárias:

“Nossos clientes nunca voltaram para reclamar.” 

“Sinaf, 25 anos. Incrível chegar onde chegamos perdendo um cliente atrás do outro.”

Sabendo que pertencem à mesma empresa, podemos julgá-las coerentes, à primeira vista? Por quê?

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