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REDAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ELABORAÇÃO

DE TEXTOS OFICIAIS

MATERIAL TEXTUAL

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Redação na administração pública: elaboração de textos oficiais

CRÉDITOS

Escola de Contas e Gestão – TCE/RJ

Equipe Executiva Equipe Técnica

Direção-Geral Autoria
João Paulo Menezes Lourenço Flavia Andrea de Albuquerque Melo
Paulo Cesar Bessa Neves
Assessoria Pedagógica Renata de Oliveira Razuk
Marcia Araujo Calçada
Coordenação Pedagógica
Coordenadoria Acadêmica Dalva Stella Pinheiro da Cruz
Maurício Nunes Rodrigues Marcia Araujo Calçada
Cláudia Santana Machado (estagiária)
Coordenadoria de Capacitação
Claudia Gomes Corrêa Barbosa Gestão de Projetos Educacionais
Rachel Constant Vergara Mann
Coordenadoria de Documentação
Raul Araújo da Silva Revisão
Paulo Cesar Bessa Neves
Coordenadoria de Estudos e
Pesquisas Projeto gráfico e diagramação
Rosa Maria Chaise Assessoria Pedagógica – APE/ECG

Secretaria da ECG
José Sigberto da Silva Junior

Edição – Março / 2019

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O material didático fornecido pela ECG/TCE-RJ tem caráter


meramente educativo e não vincula as decisões do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), sendo o respectivo
conteúdo de inteira e exclusiva responsabilidade de seu autor.
(Deliberação TCE nº 243/07).

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5
O que é CLAREZA? ............................................................................................ 8
COESÃO ............................................................................................................ 10
E a CONCISÃO?................................................................................................ 14
Veremos agora a CORREÇÃO GRAMATICAL. ................................................ 16
FORMALIDADE e UNIFORMIDADE: o que é isso? .......................................... 16
E, para encerrar essa parte, trataremos da IMPESSOALIDADE....................... 17
AMBIGUIDADE.................................................................................................. 18
PARALELISMO ................................................................................................. 24
ATOS DECLARATÓRIOS .................................................................................... 36
ATESTADO ....................................................................................................... 36
CERTIDÃO ........................................................................................................ 38
CERTIFICADO ................................................................................................... 39
DECLARAÇÃO .................................................................................................. 40
PROCURAÇÃO ................................................................................................. 41
A ESTRUTURA DOS ATOS DECLARATÓRIOS .............................................. 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 46
LINKS ÚTEIS ........................................................................................................... 49

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INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo à Escola de Contas e Gestão do Tribunal de Contas do Estado
do Rio de Janeiro!

Nosso principal objetivo é ajudá-lo a desenvolver e aprimorar um conjunto de


habilidades e competências importantes para a sua vida profissional.

Este é o material textual do curso básico de Redação na Administração Pública:


elaboração de textos oficiais. Nele, você vai encontrar conceitos, exemplos,
explicações inerentes à temática do curso através de conhecimentos sistematizados.

O objetivo deste curso é ampliar a capacidade dos servidores públicos de


produzir textos técnicos, de forma clara, precisa e adequada à modalidade
culta da língua portuguesa.

O curso está estruturado em cinco tópicos:

1. A escrita e a elaboração de atos declaratórios


2. A escrita e a elaboração de correspondências
3. A escrita e os dispositivos legais
4. A escrita e os atos administrativos
5. A escrita e os atos reivindicatórios

Então, vamos iniciar os estudos!

Lembre-se de que você é a pessoa mais importante neste


processo de aprendizagem!

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TÓPICO 01

A escrita e a elaboração de atos declaratórios

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Olá,

Seja bem-vindo à primeira aula do curso Redação na administração pública:


elaboração de textos oficiais. O nosso intuito é ser-lhe útil. A expectativa é que
você aproveite bem os conhecimentos que vai adquirir, incorporando-os à sua
prática diária. O mundo está mudando muito rapidamente, está cada vez mais
exigente e competitivo. Precisamos estar prontos para viver os novos tempos.

Começaremos nosso curso pelos aspectos gerais da redação oficial, mas antes
disso vamos tentar defini-la.

O que você entende por redação oficial?

Você deve ter pensado numa série de respostas para esta pergunta. Nós iremos
apresentar uma definição para o desenvolvimento do curso, mas com certeza sua
formulação deve ter-se aproximado da nossa definição.

DEFINIÇÃO

É a maneira de redigir própria da Administração Pública. Sua finalidade


básica é possibilitar a elaboração de comunicações e normativos oficiais
claros e impessoais, pois o objetivo é transmitir a mensagem com
eficácia, permitindo entendimento imediato.

Percebeu que a nossa definição, além de apontar elementos preponderantes deste


tipo de redação, destaca o termo eficácia?

Mas como atingir essa eficácia?

A eficácia da comunicação oficial depende do uso de linguagem simples e direta,


chegando ao assunto que se deseja expor sem passar, por exemplo, pelos atalhos
das fórmulas de refinada cortesia usuais no século passado. A vida moderna nos
obriga a elaborar uma redação mais objetiva e concisa.

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É importante entender também que não há uma forma específica de linguagem


administrativa, uma fórmula, mas sim qualidades comuns a qualquer bom texto,
quais sejam: clareza, coesão, concisão, correção gramatical.

Além disso, merecem destaque algumas características peculiares identificáveis na


forma oficial de redigir: formalidade, uniformidade e impessoalidade.

A seguir, estudaremos cada uma essas características.

O que é CLAREZA?

Vale a dica de, após elaborar o texto, revisá-lo. Trechos obscuros e com erros
gramaticais podem ser resolvidos nesse momento. A falsa ideia de que “escreve
bem quem escreve difícil” também contribui para um texto ininteligível.

Seguem alguns preceitos para a redação de textos claros:

a) utilizar, preferencialmente, a ordem direta ou lógica: sujeito + verbo +


complementos + adjuntos adverbiais (circunstâncias) – observe-se, no entanto,
que às vezes essa ordem precisa ser alterada em benefício da própria clareza;

b) usar as palavras e as expressões em seu sentido/acepção mais


comum/usual;

c) evitar períodos com negativas duplas/múltiplas;

d) transformar as orações negativas em positivas, sempre que possível;

e) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto;

f) escolher com cuidado o vocabulário, evitando o jargão técnico;

g) evitar neologismos (palavras, frases ou expressões novas, ou palavras antigas com


sentidos novos), preciosismos (delicadeza ou sutileza excessiva no escrever) e
regionalismos;

h) utilizar palavras ou expressões de língua estrangeira somente quando


indispensável.

Exemplos de textos obscuros:

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EXEMPLOS

a) mudança de sentido em função de diferentes maneiras de pontuar a


frase:
Aprovas? Não discordo. X Aprovas? Não. Discordo

Fica a dica: Em qual dos dois exemplos acima, a pessoa


realmente discorda do seu interlocutor?

b) decorrente da má disposição das palavras na frase:


A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores para casal de lã.
X
A Defesa Civil pede, neste oficio, cobertores de lã para casal.

O que são de lã? Os cobertores ou o casal?

c) ambiguidade – duplicidade de sentido no uso do pronome possessivo:


Ela pensou no tempo em que trabalhara com o Cássio e concluiu
que a sua falta de visão teria contribuído para o fracasso do projeto.

Obs. Ambiguidade ocasionada pelo emprego do pronome sua –


que é válido tanto para ela como para ele; ou seja, fica a dúvida
se a falta de visão é dele ou dela.

Como ambiguidade é um assunto riquíssimo, trataremos dele


novamente, e com profundidade, ainda nesta aula, mais adiante.

d) devido ao excesso de intercalações:

O planejamento estratégico, que é um instrumento valioso para a


gestão da empresa pública, e esta, uma alavanca indispensável ao
desenvolvimento econômico-social, deve periodicamente passar por
um processo de revisão, que o atualiza perante as velozes
mudanças do mundo moderno.

Podemos simplificar a frase e torná-la mais compreensível, bastando


para isso reescrevê-la assim:

O planejamento estratégico deve passar periodicamente por um


processo de revisão.

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Tudo claro sobre Clareza?

Bem e coesão, o que significa?

COESÃO

DEFINIÇÃO

Pode ser conceituada como a união das partes de um todo.

Assim, o texto coeso é aquele em que as palavras, as orações, os


períodos e os parágrafos estão interligados e coerentemente dispostos.

A adequada utilização desses mecanismos chama-se transição ou coesão, o que


pode ser feito por partículas ou expressões, mas não necessariamente; a utilização
do mesmo sujeito da oração precedente é uma outra solução. O importante nos
mecanismos de transição é manter a fluência do texto.

DICA

O cuidado excessivo com a estrutura do parágrafo pode induzir ao erro de


encará-lo como redação autônoma, bastante em si mesmo. Apesar de ser
uma unidade lógica completa (com começo, meio e fim), ele não pode
estar solto do restante do texto. Assim, para que esse desligamento entre
os parágrafos não ocorra, temos de trabalhar com mecanismos de
ligação entre os parágrafos.

Eis alguns exemplos de partículas e expressões de transição:

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EXEMPLOS

da mesma forma, aliás, também, mas, por fim, pouco depois, pelo
contrário, assim, enquanto isso, além disso, a propósito, em
primeiro lugar, no entanto, finalmente, em resumo, portanto, por
isso, em seguida, então, já que, ora, daí, dessa forma, além do
mais

Leia os dois textos a seguir, em que estão indicadas expressões de transição,


estabelecendo a ligação entre as partes da frase e entre os parágrafos.

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Texto 1

O PROBLEMA DAS CORRENTES OBSERVAÇÃO


MIGRATÓRIAS
No texto dissertativo-argumentativo “O
Todos sabemos que, em problema das correntes migratórias”,
nosso país, há muito tempo, observa- verifica-se que as palavras e
se um grande número de grupos expressões em negrito estabelecem
migratórios, os quais, provenientes do um elo entre as partes do texto. São
campo, deslocam-se em direção às os chamados elementos coesivos,
cidades, procurando melhores que têm como função criar uma
condições de vida. articulação entre as frases do
Ao examinarmos algumas parágrafo, assim como entre os
das causas desse êxodo, verificamos parágrafos, de modo a construir uma
que a zona rural apresenta inúmeros sequência lógica de relações,
problemas, os quais dificultam a definindo o papel de cada parte na
permanência do homem no campo. progressão das ideias do texto.
Podemos mencionar, por exemplo, a No primeiro parágrafo, o pronome
seca, a questão da distribuição de terra relativo os quais faz alusão ao
e a falta de incentivo à atividade antecedente grupos migratórios. No
agrária por parte do governo. segundo parágrafo, ao introduz uma
ideia temporal, os quais retoma
Em consequência disso, inúmeros problemas e a expressão
vemos, a todo instante, a chegada por exemplo introduz exemplificação
desse enorme contingente de de algumas das causas do êxodo
trabalhadores rurais ao meio urbano. rural. Ao iniciar o terceiro parágrafo
As cidades encontram-se com a expressão em consequência
despreparadas para absorver esses disso, o autor define a relação de
migrantes e oferecer-lhes condições de causa/consequência entre o segundo
subsistência e de trabalho. Cresce, e o terceiro parágrafo, criando uma
portanto, o número de pessoas sequência irreversível entre eles.
vivendo à margem dos benefícios Verifica-se ainda que o terceiro
oferecidos por uma metrópole; por falta parágrafo apresenta um período
de opção, dirigem-se para as zonas conclusivo, introduzido pela conjunção
periféricas e ocasionam a proliferação portanto, que tem esse valor. O
de favelas. último parágrafo do texto tem caráter
essencialmente conclusivo, iniciando
Por tudo isso, só nos resta pela expressão resumitiva por tudo
admitir que a existência do êxodo rural isso, numa retomada de todas as
somente agrava os problemas do ideias expressas nos três primeiros
campo e da própria cidade. Fazem-se, parágrafos, seguindo-se este
portanto, necessárias algumas parágrafo com dois períodos
medidas para tentar fixar o homem na introduzidos por conjunções
terra. Assim, os cidadãos rurais e conclusivas, portanto e assim,
urbanos deste país encontrariam, com construindo mais duas conclusões
certeza, melhores condições de vida. para o texto.
(Texto de aluno – autor desconhecido)

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Texto 2

DESTRUIÇÃO: A AMEAÇA CONSTANTE OBSERVAÇÃO


O mundo moderno caminha
atualmente para sua própria destruição, pois É nítido o sentido de organização do texto
tem havido inúmeros conflitos internacionais, dissertativo-argumentativo “Destruição: a
o meio ambiente encontra-se ameaçado por ameaça constante”, uma vez que no
sério desequilíbrio ecológico e, além do primeiro parágrafo evidenciam-se os três
mais, permanece o perigo de uma catástrofe motivos que justificam a tese “O mundo
nuclear. moderno caminha atualmente para sua
própria destruição”, introduzidos pela
Nestas últimas décadas, temos conjunção explicativa pois, desenvolvidos
assistido, com certa preocupação, aos em detalhes em cada um dos parágrafos
inúmeros conflitos internacionais que se seguintes – segundo, terceiro e quarto -,
sucedem. Muitos trazem na memória a triste desembocando na conclusão construída
lembrança das guerras do Vietnã e da no quinto parágrafo.
Coreia, as quais provocaram grande Interessante ressaltar o uso da expressão
extermínio. Em nossos dias, além do mais no primeiro parágrafo, ao
testemunhamos conflitos em várias partes do lado da conjunção e, com a função de dar
mundo que, envolvendo as grandes relevo à última das citações, colocando-a
potências, poderiam conduzir-nos a um no mesmo nível de importância das duas
confronto de proporções incalculáveis. anteriores. O mesmo recurso será usado
no quarto parágrafo, correspondente ao
Outra ameaça constante é o desenvolvimento dessa mesma ideia, com
desequilíbrio ecológico, provocado pela o uso da expressão além disso.
ambição desmedida de alguns, que
promovem desmatamentos desordenados e Cabe destacar, ainda, o valor das
poluem as águas dos rios. Tais atitudes expressões nestas últimas décadas e
contribuem para que o meio ambiente, em em nossos dias, no segundo parágrafo,
virtude de tantas agressões, acabe por se empregadas com o intuito de situar os
transformar em um local inabitável. fatos mencionados no tempo, além do
pronome relativo as quais, retomando as
Além disso, enfrentamos sério guerras do Vietnã e da Coreia.
perigo relativo à utilização da energia O terceiro parágrafo inicia com a
atômica. Quer pelos acidentes que já expressão outra ameaça, por já ter sido
ocorreram e podem acontecer novamente citada anteriormente uma delas, sendo
nas usinas nucleares, quer por um eventual usada também a expressão em virtude
confronto em uma guerra mundial, de, introduzindo uma circunstância
dificilmente poderíamos sobreviver diante do causal.
poder avassalador desses sofisticados
Igualmente digna de nota no quarto
armamentos.
parágrafo a apresentação de ideias
Em virtude dos fatos alternativas, com o uso das conjunções
mencionados, somos levados a acreditar na quer / quer e, no último parágrafo, de
possibilidade de estarmos a caminho do caráter conclusivo, a expressão
nosso próprio extermínio. É desejo de todos
resumitiva em virtude dos fatos
nós que algo possa ser feito no sentido de
conter essas diversas forças destrutivas, mencionados, servindo para definir que a
para podermos sobreviver às adversidades e conclusão tomou por base tudo que foi
construir um mundo que, por ser pacífico, dito até então, além de para, com valor
será mais facilmente habitado pelas final.
gerações vindouras.

Um modelo esquemático para o “Texto


Argumentativo”. Fonte: GRANATIC, Branca –
Técnicas básicas de redação.
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E a CONCISÃO?

DEFINIÇÃO
Consiste em expressar com um mínimo de palavras um máximo de
informações – quanto menos se rechear a frase com adjetivos, imagens,
pormenores desnecessários ou perífrases (rodeios de palavras), mais o
leitor se sentirá respeitado –, e desde que não se abuse da síntese a tal
ponto que a ideia se torne incompreensível.

!!! Economizar palavras traz benefícios ao texto:

 o primeiro é errar menos;


 o segundo, poupar tempo;
 o terceiro, respeitar a paciência do leitor.

DICA

Aqui, também vale reler o texto, quando então se percebem eventuais


redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.

Procedimentos para redigir textos concisos

Agora, vamos lendo e fazendo alguns exercícios!

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EXERCÍCIO I

a) eliminar palavras ou expressões desnecessárias:


 ato de natureza hostil => ato hostil;
 decisão tomada no âmbito da diretoria => decisão da diretoria;
 pessoa sem discrição => pessoa __________;
 neste momento nós acreditamos => acreditamos;
 travar uma discussão => discutir;
 na eventualidade de => se;
 com o objetivo de => _____;

b) evitar o emprego de adjetivação excessiva:


 o difícil e alarmante problema da seca => o problema da seca;
c) dispensar, nas datas, os substantivos dia, mês e ano:
 no dia 12 de janeiro => em 12 de janeiro;
 no mês de fevereiro => em fevereiro;
 no ano de 2015 = > ____ 2015;
d) trocar a locução verbo + substantivo pelo verbo:
 fazer uma viagem => viajar;
 fazer uma redação => redigir;
 pôr as ideias em ordem => ______ as ideias;
 pôr moedas em circulação => emitir moedas;

e) eliminar, sempre que possível, os indefinidos um e uma:


 A comissão quer (um) inquérito rigoroso e rápido;
 Timor-Leste tornou-se (uma) terra de ninguém;
 A cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva;
f) usar o aposto em lugar da oração apositiva:
 O contrato previa a construção da ponte em um ano, que era prazo
mais do que suficiente => O contrato previa a construção da ponte em
um ano, prazo mais do que suficiente;
 O que se tem é a anarquia, que é a bagunça pura e simples. => O que
se tem é a anarquia, ___________________________;
g) empregar o particípio do verbo para reduzir orações:
 Agora que expliquei o título, passo a escrever o texto => Explicado o
título, passo a escrever o texto;
 Depois de terminar o trabalho, telefono para você => Terminado o
trabalho, telefono para você;
 Quando concluir o preâmbulo, passarei ao assunto principal =>
____________________________, passarei ao assunto principal.

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Alguma dúvida? Se houver, recorra ao Fórum de Dúvidas e converse com o seu


docente on-line.

Veremos agora a CORREÇÃO GRAMATICAL.

DEFINIÇÃO

É a utilização do padrão culto de linguagem, ou seja, é escrever sem


desrespeitar os fatos particulares da língua e as regras apropriadas para o seu
perfeito uso. Atenção à ortografia, à concordância, à regência, aos sinais de
pontuação, à adequação do vocabulário.

FORMALIDADE e UNIFORMIDADE: o que é isso?

DEFINIÇÃO

A formalidade consiste na observância das normas de tratamento usuais na


correspondência oficial. Mais do que o emprego adequado deste ou daquele
pronome de tratamento – que aliás veremos mais adiante –, diz respeito à
polidez e à civilidade no tratamento do assunto.

A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessidade de uniformizar a


comunicação. Se a Administração Pública (municipal, estadual, distrital ou federal) é
una, é natural que suas comunicações sigam um mesmo padrão. O uso de papéis
uniformes e a correta diagramação do texto, por exemplo, são indispensáveis para a
padronização das comunicações oficiais.

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E, para encerrar essa parte, trataremos da IMPESSOALIDADE.

A finalidade pública está sempre presente na redação oficial, daí precisar ser isenta
de interferência da individualidade de quem a elabora. Esse tratamento impessoal
decorre:

a. da ausência de impressões individuais da pessoa que comunica:


independentemente de quem assina um expediente, a comunicação é sempre
feita em nome do serviço público;

b. da impessoalidade de quem recebe a comunicação: seja um


cidadão, seja um órgão público, o destinatário é sempre considerado de forma
homogênea e impessoal;

c. do caráter impessoal do próprio assunto tratado: as comunicações


oficiais restringem-se a questões referentes ao interesse público; não cabe
nelas, portanto, qualquer tom particular ou pessoal.

Desse modo, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as
que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de
jornal, ou mesmo de um texto literário. É importante salientar que o caráter
impessoal do texto é mantido pela utilização do verbo na terceira pessoa do
singular ou plural, ou ainda na primeira pessoa do plural.

EXEMPLOS

Entende-se que; Compreendemos que; É necessário que.

Caro aluno, chegamos ao final da primeira parte de nossa aula. A partir de agora,
prosseguiremos com a segunda parte. Agora, vamos falar sobre AMBIGUIDADE!

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AMBIGUIDADE

Há alguns conhecimentos fundamentais para quem precisa transmitir informações a


outras pessoas por meio de textos escritos. Quando cometemos certas falhas,
corremos o risco de não sermos compreendidos ou de distorcermos o sentido
daquilo que temos a intenção de expressar.

Pode acontecer também de nossa frase permitir mais de uma interpretação. Imagine
a confusão que, com isso, seria possível provocar: amizades abaladas ou
interrompidas, incriminações, brigas, separações, enfim males muitas vezes
decorrentes unicamente do mau uso da linguagem. E isso seria evitado se
tomássemos certos cuidados ao redigirmos nossos textos, desde uma frase ou um
simples bilhete, até textos de maior importância e formalismo, como uma
correspondência oficial.

Vamos tratar, então, da duplicidade de sentido, ou ambiguidade, um dos graves


defeitos do texto, que o empobrece e compromete a clareza do que pretendemos
dizer.

DEFINIÇÃO

A ambiguidade ocorre quando a frase apresenta mais de um sentido. Também


é chamada de anfibologia. Acontece geralmente devido ao uso equivocado de
sinais de pontuação ou à má utilização de palavras ou expressões.

Observe algumas situações em que ocorre a duplicidade de sentido:

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EXEMPLOS

a) Uso do pronome possessivo de terceira pessoa: seu, sua.

Ex. Aquela velha senhora encontrou o garotinho em sua casa.

A casa pertence à senhora ou ao garotinho? Como são de gêneros


diferentes, pode-se resolver a duplicidade de sentido substituindo-se o
pronome possessivo por dele ou dela.

Aquela velha senhora encontrou o garotinho na casa dele.


ou
Aquela velha senhora encontrou o garotinho na casa dela.

No entanto, na frase a seguir as duas possíveis referências


(policial/suspeito) têm o mesmo gênero.

Ex. O policial deteve o suspeito em sua casa.


Possíveis soluções:
O policial deteve o suspeito na casa deste.
Na casa do policial o suspeito foi detido.
Na casa do suspeito o policial o deteve.

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EXEMPLOS

b) Uso do pronome relativo.

Ex. Gabriela pegou o estojo vazio da aliança que estava sobre a cama.

O que se encontrava sobre a cama? O estojo ou a aliança? Neste caso,


será possível desfazer a ambiguidade substituindo-se o pronome relativo
por o qual ou a qual.

Gabriela pegou o estojo vazio da aliança o qual estava sobre a cama.

Gabriela pegou o estojo vazio da aliança a qual estava sobre a cama.

c) Colocação do adjunto adverbial

 Ex. Crianças que recebem leite materno frequentemente são mais


sadias.

Pode-se indagar: crianças recebem leite frequentemente ou crianças são


frequentemente mais sadias?

O reposicionamento do adjunto adverbial frequentemente esclarece o


sentido que se pretende dar à frase:

Crianças que, frequentemente, recebem leite materno são mais


sadias.
Ou

Crianças que recebem leite materno são, frequentemente, mais


sadias.

 A duplicidade de sentido também se verifica na frase a seguir,


devido à maneira como se posicionou a oração adverbial.

Ex. Sentado na varanda, o menino avistou um mendigo.

Cabe a pergunta: quem estava sentado na varanda? O menino ou o


mendigo?

Possíveis soluções:

O menino, sentado na varanda, avistou um mendigo.

Um mendigo, sentado na varanda, foi avistado pelo menino.

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Apesar de estarmos tratando, até o momento, a ambiguidade como um defeito do


texto, a ser corrigido, o duplo sentido pode ser um interessante recurso de
linguagem.

Na linguagem jornalística, principalmente nas chamadas para as reportagens, é


comum o uso intencional (ou não) da ambiguidade:

Notícias de jornal

 Fulano foi acusado de matar um empresário e a filha dele. (Fulano foi


acusado de matar o empresário e a própria filha ou a filha do empresário?)
 Presos por crime em Bragança Paulista são transferidos. (O crime foi
cometido em Bragança Paulista ou os presos foram transferidos de Bragança
Paulista para outra cidade?)

Comentário de legislação
 A portaria proíbe ainda menores de irem a motéis e rodeios sem a
companhia ou autorização dos pais (comentário de legislação) (Para desfazer
a ambiguidade: A portaria proíbe ainda menores de irem a rodeios sem a
companhia ou autorização dos pais e a motéis.)

Em dezembro de 1994, com a morte do grande compositor Tom Jobim, um jornal de


São Paulo publicou o título:

 Brasil perde o tom.

A ambiguidade ocorre também nos textos humorísticos (piadas).

 Sua mãe tá aí. Você não vai receber?


Receber por quê? Por acaso ela me deve alguma coisa?

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 O bebum entra no consultório e o médico diz:


Eu não atendo bêbado.
O bêbado:
Quando o senhor estiver bom eu volto.

 Não deixe sua cadela entrar na minha casa de novo. Ela está cheia de
pulga.
Diana, não entre nessa casa de novo. Ela está cheia de pulga.

 Doutor, já quebrei o braço em vários lugares.


Se eu fosse o senhor, não voltava mais pra esses lugares.

O texto que você vai ler a seguir mostra, com bom humor, a ambiguidade decorrente
do uso do pronome possessivo seu (e flexões):

Em textos publicitários, o duplo sentido é um poderoso recurso para


despertar o interesse do público-alvo:

 Seja legal, não compre CD pirata.

 Gasolina Petrobras. Sonho de consumo de qualquer carro.

 O Globo. Muito mais que o papel de um jornal.

 SKY. Você na frente sempre.

 Quem é sócio de seu clube tem desconto na compra de Brahma.


- Cafu, você tem um copo?
- Não, só tenho taça.

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EXEMPLOS

Diferença entre seu e teu


O Diretor-Geral de um Banco estava preocupado com um jovem e
brilhante Diretor que, depois de ter trabalhado durante alguns meses na sala ao
lado, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia.
Então, o Diretor-Geral do Banco chamou um detetive particular e disse-lhe:
- Siga o Diretor Lopes durante uma semana.
O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:
- O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega o seu carro, vai à sua
casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes
charutos cubanos e regressa ao trabalho.
Responde o Diretor-Geral:
- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.

Logo em seguida, o detetive pergunta:


- Desculpe. Posso tratá-lo por tu?
- Bom, então vou repetir, disse o detetive.
- O Diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega o teu carro, vai à tua
casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes
charutos cubanos e regressa ao trabalho.

Tudo bem com a ambiguidade? Se houver alguma dúvida, entre em contato com
seu docente on-line. Tenha em mente que, quando você pergunta, está
demonstrando interesse, está participando do curso e superando dificuldades. Com
certeza, será valorizado por isso.

Ainda nesta primeira aula, vamos tratar de outro assunto igualmente fundamental
para quem tem, entre suas tarefas diárias, a incumbência de redigir textos
cuidadosamente elaborados, porque se transformarão em importantes documentos,
que poderão servir de base para decisivos rumos de gestão. Trata-se do
paralelismo.

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PARALELISMO

DEFINIÇÃO

Como o nome indica, o paralelismo se caracteriza pelas relações de


semelhança entre palavras e orações coordenadas, geralmente ligadas
por conjunções coordenativas ou separadas por vírgula.

Impõem estrutura gramatical idêntica as seguintes conjunções


coordenativas: e, nem, não só... mas também, ou, ora...ora, seja...seja.

Neste caso devemos observar esta exigência gramatical, garantindo que


as estruturas gramaticais coordenadas mantenham a mesma identidade
de termos.

Há três tipos de paralelismo: o sintático, o semântico e o rítmico.

I - Paralelismo sintático – a base do paralelismo sintático está no princípio de que


termos ou orações coordenadas devem apresentar a mesma estrutura gramatical.

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EXEMPLOS

1 – Trata-se de um problema grave e que nos preocupa. (coordenação entre


adjetivo “grave”+ oração adjetiva “que nos preocupa”)

 A frase não apresenta paralelismo porque foram colocados em


paralelo (ligados pela conjunção e) um adjetivo (grave) e uma oração
adjetiva (que nos preocupa).
 O paralelismo será preservado com as seguintes reescrituras da frase
inicial:
 Trata-se de um problema grave e preocupante para todos nós.
(dois adjetivos)

 Trata-se de um problema que é grave e (que) nos preocupa.


(duas orações adjetivas)

 Trata-se de um problema grave que nos preocupa. (eliminação


da construção paralela)

Obs. Oração adjetiva é aquela equivalente a um adjetivo, introduzida por um


pronome relativo, desempenhando a função de adjunto adnominal.

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EXEMPLOS

2 – A discriminação racial deve ser combatida, por ser um ato desumano e


porque provoca reações perigosas.

 A frase não apresenta paralelismo porque foram colocadas em paralelo


(ligadas pela conjunção e) uma oração reduzida e uma oração
desenvolvida.

 O paralelismo será preservado com as seguintes reescrituras da frase


inicial:

 A discriminação racial deve ser combatida, porque é um ato desumano


e (porque) provoca reações perigosas. (as duas orações são
desenvolvidas)

 A discriminação racial deve ser combatida, por ser um ato desumano e


(por) provocar reações perigosas. (as duas orações são reduzidas de
infinitivo)

Obs. A oração reduzida tem o verbo numa forma nominal: infinitivo, gerúndio e
particípio. Normalmente é introduzida por uma preposição. Daí, oração reduzida
de infinitivo, de particípio e de gerúndio. A oração desenvolvida, introduzida por
uma conjunção, tem o verbo num tempo do modo indicativo ou do modo
subjuntivo.

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EXEMPLOS

3 – A preservação do meio ambiente representa não só um dever de cidadania e


é para que o planeta sobreviva.

 Obs. A sequência coordenativa é não só...mas também / como também.

 Reestabelecendo o paralelismo, teremos:

 A preservação do meio ambiente representa não só um dever de


cidadania, mas também (= como também) contribui para a sobrevivência
do planeta.

 A preservação do meio ambiente representa um dever de cidadania e


uma questão de sobrevivência do planeta.

EXEMPLOS

4 – Aquele homem não só roubou, mas também é sequestrador.

Com paralelismo:
 Aquele homem não só roubou, mas também sequestrou.
 Aquele homem roubou e sequestrou.

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EXEMPLOS

5. Quero sua ajuda e que você venha. (coordenação entre substantivo


+ oração objetiva direta)

Reestabelecendo o paralelismo, teremos:

 Quero sua ajuda e sua vinda. (dois substantivos)

 Quero que você me ajude e (que) você venha. (duas orações


objetivas diretas)

Obs. Oração subordinada substantiva objetiva direta é o complemento de


um verbo transitivo direto em forma de oração (oração subordinada
substantiva objetiva direta = objeto direto – Quero o quê?)

Ao escrevermos, também precisamos estar atentos à correlação entre os tempos


verbais:

 Se os hospitais receberem mais equipamentos, as filas de procura por


atendimento diminuirão. (futuro do subjuntivo combina com o futuro do
presente)
 Se os hospitais recebessem mais equipamentos, as filas de procura
por atendimento diminuiriam. (pretérito imperfeito do subjuntivo combina com
o futuro do pretérito)

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OBSERVAÇÃO

Se essas combinações entre os tempos verbais não forem observadas,


faltará o paralelismo.

A redação sem observância ao paralelismo deve ser evitada porque não garante um
estilo elegante ao texto, no qual os termos coordenados, como vimos, devem
apresentar a mesma estrutura sintática.

Portanto, devemos preservar o paralelismo reescrevendo o texto de modo que as


expressões ligadas por conectores coordenativos tenham a mesma estrutura ou
reestruturando o texto de forma a eliminar o paralelismo.

II - Paralelismo semântico – consiste na correlação de sentido entre estruturas


coordenadas.

O paralelismo semântico deve garantir uma relação lógica no texto, proveniente de


ideias que se equivalham.

Observe o que escreveu Machado de Assis, em Memórias Póstumas de Brás


Cubas:

 “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada


menos.”
 “Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela.”

Nessas duas passagens, apesar de haver paralelismo sintático ou gramatical, não


se verifica paralelismo semântico. Verificam-se relações de sentido diferentes entre
os termos em paralelo (ligados pela conjunção e).

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Houve uma ruptura na relação semântica: quinze meses / onze contos de réis
(tempo e valor monetário); Rocio Grande / coração de Marcela (lugar e órgão do
corpo humano).

Nesses casos, constata-se que a construção foi intencional, não decorreu de uma
falha. Foi proposital, com o objetivo de produzir ironia ou humor.

O paralelismo semântico estaria preservado, se o autor tivesse escrito:

 Marcela amou-me durante quinze meses e onze dias. (apenas


referência a tempo)
 Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao centro da cidade. (apenas
referência a lugar)

O mesmo Machado de Assis ainda nos brindou com esse delicioso efeito de estilo
em D. Casmurro:

“um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.”

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EXEMPLO

Não se atendeu também ao paralelismo semântico nos seguintes exemplos:

a) Ele é um rapaz simpático e bom eletricista.

b) Gosto de frutas e de livros.

c) Trocava de namorada como trocava de blusa.

d) Este ano houve uma guerra entre Israel e os libaneses. (nome de um


país e um gentílico)

e) O problema da droga é mais grave em Porto Alegre e em Curitiba do


que em Florianópolis e no Espírito Santo. (Espírito Santo é nome de estado
entre nomes de cidades)

Com paralelismo, as frases d e e poderiam ficar assim:

 No ano passado houve uma guerra entre Israel e o Líbano. (nomes de


países)
ou
 No ano passado houve uma guerra entre israelenses e libaneses. (pessoas
nascidas nos países – gentílicos)

 O problema da droga é mais grave no Rio Grande do Sul e no Paraná do


que em Santa Catarina e no Espírito Santo. (comparação apenas entre
estados)
ou
 O problema da droga é mais grave em Porto Alegre e Curitiba do que em
Florianópolis e Vitória. (comparação apenas entre cidades)

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III - Paralelismo rítmico – consiste na simetria de construção, de forma que os


elementos da frase tenham extensão igual ou quase igual. O paralelismo rítmico tem
relação com o ritmo da frase, aspecto a ser considerado especialmente no texto
literário.

Como se vê, seu estudo não tem pertinência quando se trata de redação oficial, mas
por que não saber um pouquinho mais, para completar o assunto?

O paralelismo rítmico pode ser observado nos seguintes exemplos, citados por
Othon Moacyr Garcia, no livro “Comunicação em prosa moderna”, reproduzidos a
seguir:

EXEMPLO
S
“Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o cisne é
negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio, o anjo é feio; se
com amor, o pigmeu é gigante.” (Padre Antônio Vieira)

“Nenhum doutor as observou com maior escrúpulo, nem as esquadrinhou


com maior estudo, nem as entendeu com maior propriedade, nem as
proferiu com mais verdade, nem as explicou com maior propriedade, nem as
proferiu com mais verdade, nem as explicou com maior clareza, nem as
recapacitou com mais facilidade, nem as propugnou com mais valentia, nem
as pregou e semeou com maior abundância.” (Padre Manuel Bernardes)

Outro exemplo de paralelismo rítmico pode ser notado no poema:


“As sem-razões do amor”, de Carlos Drummond de Andrade

“Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim.


Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.”

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Você poderá observar agora exemplos de inobservância ao paralelismo rítmico.


Estes exemplos foram citados por José Augusto Carvalho. (Paralelismos traiçoeiros.
In: Revista de Língua Portuguesa, jan./ 2010, p. 18-19)

EXEMPLOS

a. O amor é fundamental e essencial, o sexo é necessário e a fé é


importantíssima para o espírito.
Repare que os atributos do amor são dois; o do sexo, apenas um; o da fé,
além do superlativo, contém um complemento (“para o espírito”).

b. Solução para o problema das drogas: uma vontade política; uma eficiência
da polícia; uma dedicação maior de todas as famílias na orientação dos seus
filhos.

Repare-se que cada termo que constitui a solução para o problema


tem extensão diferente.

Observe agora a solução possível para que o paralelismo seja mantido nos
exemplos acima:

a. O amor é fundamental para as relações humanas, o sexo é necessário para


a perpetuação da espécie e a fé é importante para o espírito. (mantendo-se
os complementos preposicionados).

b. Uma solução para o problema das drogas: para os cartéis, a vontade


política; para os traficantes, a eficiência da polícia; para os viciados, a
dedicação da família.

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ATENÇÃO

O paralelismo, especialmente o rítmico, é um problema de estilo.


Desconsiderá-lo não invalida a frase, nem implica incorreção, mas é
importante observá-lo em nome da elegância e da eufonia do texto.

Passaremos agora à terceira parte de nossa aula - Considerações gerais sobre os


tipos de redação oficial:

O produto final da redação oficial é um documento com características e estrutura


próprias e, levando-as em consideração, é possível agrupar os tipos de documentos
em cinco categorias.

Atos Declaratórios

São aqueles documentos que prestam informações para fins comprobatórios por
meio de signatário ou assentamentos que lhes conferem fidedignidade.

EXEMPLOS

Compreendem: declaração, atestado, certificado, certidão e procuração.

Correspondências

São as cartas em geral, intercambiadas na esfera da Administração Pública, com


informações para destinatários específicos. Podem ser entregues pelos Correios,
telefone/fax, internet ou pessoalmente (mão própria).

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EXEMPLOS

São os memorandos / comunicações internas, ofícios, circulares, cartas


eletrônicas ou em papel, fac-símiles e telegramas.

Dispositivos Legais

Remetem à legislação, ou seja, todo ato publicado que regulamenta matérias,


dispõe procedimentos e determina práticas ou condutas.

EXEMPLOS

A Constituição Federal, as constituições estaduais, as leis orgânicas municipais,


as leis complementares, as leis nas três esferas do Poder, os decretos, as
deliberações, as resoluções etc.

Atos Administrativos

Referem-se aos atos praticados no âmbito da Administração Pública que


documentam eventos, assentam informações e organizam a estrutura interna de
cada órgão.

EXEMPLOS
Podem ser relatórios, atas, editais, contratos, portarias, apostilas, entre outros.

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Atos Reivindicatórios

São aqueles documentos que expressam as demandas de servidores e cidadãos em


geral, que podem ser ou não deferidas, conforme os mandamentos legais e a
discricionariedade do titular do órgão.

EXEMPLOS

Os requerimentos, as petições no âmbito judiciário e os abaixo-assinados são


exemplos de tais atos.

Classificados didaticamente dessa forma, passemos ao estudo do primeiro grupo –


os atos declaratórios. Eles serão definidos, apresentados modelos e detalhada a
estrutura de cada um deles.

ATOS DECLARATÓRIOS
Atestado, certidão, certificado, declaração, procuração são semelhantes por
serem redigidos e assinados por uma pessoa que se manifesta a favor de outra
pessoa ou que afirma a verdade de um fato, além de servirem como documentos.
Vejamos a definição e exemplo de cada um desses documentos.

ATESTADO

DEFINIÇÃO

É um documento expedido, para fins de direito, por órgão público, assinado


por funcionário ou profissional competente que testemunha a verdade do
que atesta. Não há necessidade de dados em arquivo, pode basear-se
apenas no conhecimento do declarante.

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Observe o modelo da figura 1 a seguir:

FIGURA 1: Atestado

[DENOMINAÇÃO DA CLÍNICA] (1)

Rua ________________, nº_____, Edifício __________, Sala_________,


[Bairro], [Município], [UF].

Telefone: (XX) _________ -_________

ATESTADO

Atesto, para os devidos fins, a pedido do interessado, que o (a) Sr. (a)
__________________________, portador (a) do RG nº ____________________
[ORGÃO EXPEDIDOR/UF], foi submetido (a) a exame médico, nesta data, no
horário das ____horas às ____horas, sendo portador de
__________________________ CID - _______.

[Município], [UF], _____ de ____________________ de 2_____.

_________________________________

[Assinatura]

Dr. (a) _________________________________

CRM-[UF] nº ____________

CPF nº ________________________

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CERTIDÃO

DEFINIÇÃO

É expedida por quem tem fé pública, como um tabelião, com a


finalidade de comprovar algo requerido, reproduzindo
rigorosamente os assentamentos legais em livros, processos ou
quaisquer outros documentos. Exemplo: certidão de nascimento.

A certidão negativa comprova não existir determinado ato ou fato.


Por exemplo: certidão negativa de multas.

FIGURA 2: MODELO DE CERTIDÃO

(Exemplo extraído do site http://rockerspace.net/como-tirar-certidao-de-quitacao-


eleitoral)

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CERTIFICADO

DEFINIÇÃO

É exarado por autoridade que diz a verdade de um fato que conhece


em razão do cargo que exerce. É um documento comprobatório, com
base em arquivos, mas sem ser reprodução rigorosa dos dados
registrados.

Por exemplo, certificado de frequência.

FIGURA 3: MODELO DE CERTIFICADO

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DECLARAÇÃO

DEFINIÇÃO

É um depoimento formal que se dá a respeito de alguém ou de algo,


esclarecendo ou simplesmente declarando um fato, uma deliberação.
Pode ser publicada pela imprensa.
Exemplos: declaração de extravio de documentos, declaração à praça.

FIGURA 4: MODELO DE DECLARAÇÃO

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PROCURAÇÃO

DEFINIÇÃO

É considerada, também, um ato declaratório, uma vez que a pessoa que


a constitui declara que uma outra pessoa agirá em seu nome. Numa
clássica definição: é um documento pelo qual alguém confere legalmente
a outra pessoa poderes para tratar de negócios ou agir em seu nome,
representando-o de pleno direito nos termos do documento. É o
instrumento do mandato.
Pode ser por instrumento particular redigido de próprio punho pelo
mandante ou datilografado (com reconhecimento da firma em ambos os
casos) ou por instrumento público (lavrado por tabelião em livro de notas
e do qual se fornece traslado). Em certos casos, como a venda de um
imóvel, exige-se a procuração pública para que o ato tenha validade.
A procuração é passada pelo mandante, constituinte ou outorgante para o
mandatário, procurador ou outorgado. Quando se transfere o mandato,
diz-se que substabelece a outrem, isto é, ao substabelecido. O
substabelecimento pode ser com ou sem reserva de direitos, parcial ou
total.
Lavra-se a procuração em papel ofício. Inicia-se com identificações e
qualificação completa do outorgante e depois do outorgado. Em seguida,
vem a especificação dos poderes definindo a finalidade e o prazo de
validade da procuração. A localidade, a data e a assinatura devem
constar abaixo do texto. Se a procuração foi passada em uma localidade
para ter efeito em outra, nesta outra localidade, deverá ser reconhecida a
firma do outorgante ou do tabelião que já lhe havia reconhecido a
assinatura.

Observe um modelo de procuração fornecido pelo site da Receita Federal na figura 5.

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FIGURA 5: MODELO DE PROCURAÇÃO

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A ESTRUTURA DOS ATOS DECLARATÓRIOS

Em todos estes documentos, começa-se com a indicação da modalidade escrita


com letras maiúsculas (por exemplo: ATESTADO), centralizada no alto da folha. Se
for de pessoa jurídica, usa-se papel timbrado. No texto, indica-se a finalidade do
documento; se for genérica, a expressão habitual é "para os devidos fins". Local,
data, assinatura, nome, qualificação de quem assina são centralizados abaixo do
texto.

Vamos observar a disposição desses itens no seguinte exemplo:

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Conforme combinamos, ao final de cada aula, teremos uma atividade prática de


elaboração de um documento. Nesta semana, como já foram apresentados os atos
declaratórios, vamos produzir um desses atos. Esta será uma das atividades de
avaliação do curso.

ATENÇÃO

IMPORTANTE: O documento que você vai elaborar deve seguir os


modelos e estruturas apresentados neste material textual, por ser
este o modo correto de redigir o texto solicitado.

ATIVIDADE

TAREFA TÓPICO 1: ELABORAÇÃO DE UMA DECLARAÇÃO

Para concluir as atividades desta primeira aula, elabore uma declaração,


nos seguintes termos:

Solicita-se de um candidato (pode ser o próprio aluno ou um


personagem fictício) à eleição de uma vaga num conselho municipal
que ele apresente declaração de que reside há pelo menos dois anos
no município em questão.

Lembre-se de que é preciso qualificar o candidato.

Bom, chegamos ao final do primeiro tópico do conteúdo do curso. Aproveitamos


para recomendar que você mantenha sua participação nas aulas.

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Procure sempre o seu docente on-line no Fórum de Dúvidas para conversar sobre
quaisquer questões do nosso curso. E não se esqueça de realizar a:

 Avaliação Parcial - Questões Objetivas – Tópico 1;


 Tarefa – Elaboração de uma Declaração.

Então, mãos à obra!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LINKS ÚTEIS

Busca em Dicionário on-line: Dicionário Caldas Aulete:

www.aulete.com.br

Busca no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira


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http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23

MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2ª ed., 2002.

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