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Apostila Concurso

DETRAN-AP
Analista de Gestão de Trânsito
Conteúdo
▪ Língua Portuguesa
▪ Contéudo
+
Raciocínio Lógico-Matemático
▪ Noções de Direito Constitucional
▪ Noções de Direito Administrativo Questões
▪ Administração Pública
▪ Administração Financeira e
Orçamentária

Apostila elaborada conforme


Edital 01/2022
versão 01 - 09/09/2022
Apresentação
Fazer parte do serviço público é o objetivo de muitas pessoas.
Nesse sentido, esta apostila reúne os conteúdos cobrado no edital de abertura do concurso.
A Tutoria tem o cuidado de selecionar as informações do conteúdo programático das
disciplinas abordadas. Toda essa disposição de assuntos foi pensada para auxiliar em uma
melhor compreensão e fixação do conteúdo de forma clara e eficaz.
A apostila que você tem em mãos é resultado da experiência e da competência da Tutoria,
que conta com especialistas em cada uma das disciplinas.
Ressaltamos a importância de fazer uma preparação focada e organizada para obter o
desempenho desejado. A apostila da Tutoria será o diferencial para o seu sucesso e na
realização do seu sonho.

Diretor Editorial
William Rezende e Pedro Henrique

Revisão de Texto
Wilza Rezende

Diretor de Arte
William Rezende

Importante
O conteúdo desta apostila tem por objetivo atender às exigências do edital. Assim, recomendamos ampliar seus
conhecimentos em livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios, para sua melhor preparação.
Atualizações legislativas poderão ser encontradas nos sites governamentais.
A presente apostila não está vinculada à instituição pública e à empresa organizadora do concurso público a que
se destina, a sua aquisição não inclui a inscrição do candidato no concurso público e também não garante a sua
aprovação no concurso público.

Proteção de direitos
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução
de qualquer parte deste material didático, sem autorização prévia expressa por escrito pela Tutoria.
Como montar um cronograma
de estudos para concurso
Todo estudante sabe que o sucesso começa bem antes da prova e, sendo assim, é preciso ter um cronogra-
ma de estudos para ajudar a manter o foco, organização e rendimento. Confira as dicas.
Prestar um concurso exige muita dedicação, foco e tempo de estudos. Para conseguir ser bem-sucedido na caminha-
da, é preciso criar um cronograma de estudos para concurso eficaz que se encaixe na sua rotina e nos compromissos
que você tem.
Montar um plano vai te ajudar a se concentrar melhor nos seus afazeres e pode te deixar motivado para cumprir seu
objetivo de passar num concurso público.

Entender a rotina
O primeiro passo para montar um cronograma de estudos para concurso é compreender a sua rotina. É preciso
entender como você gasta as horas dos seus dias, quais atividades tomam mais tempo, quais são indispensáveis e
quando você realiza cada uma. Então, é hora do papel e caneta: anote!
Escreva detalhadamente o que você faz em cada dia da semana:
• Quando acorda;
• Horário de trabalho;
• Seus intervalos;
• Todas as refeições.

Definir horas de estudo


Agora que você já consegue ver sua rotina detalhada, calcule quantas horas você tem de sobra em cada dia.
Vale também calcular o tempo que pode ser retirado de atividades não tão importantes. Por exemplo, 15 minutos da
hora do almoço para estudar, mesmo que pareça pouco tempo, pode ser aproveitado com a técnica correta.
Outra dica é utilizar algum tempo à noite, talvez após o jantar para estudar mais. Mas faça isso apenas se você achar
que é possível! Dormir bem é imprescindível para manter o cérebro aguçado.
Existe uma técnica que consiste em focar 25 minutos seguidos em uma única atividade e tirar um intervalo de 5 a 15
minutos até a próxima tarefa. Se você conseguir deixar isso definido, seu cronograma de estudos para concurso ficará
ainda melhor. No entanto, é necessário lembrar que eventualmente acontecerão imprevistos e seus horários precisa-
rão ser reorganizados.

Definir o que estudar


Você já definiu os horários que terá para estudar, mas o que exatamente você pretende estudar? Para definir isso, é
preciso saber qual concurso você quer prestar. Coloque o nome da seleção como título da planilha.
Existem alguns fatores que precisam ser analisados na hora de priorizar disciplinas:
• Disciplinas que tem maior peso;
• Matérias que você tem mais dificuldade;
• Assuntos que você tem menos conhecimento;
• Recorrência dos temas.
Montar o cronograma de estudos para concurso
Com as disciplinas listadas por nível de prioridade e sabendo quanto tempo terá para estudar, você já pode montar
seu plano diário. Para isso, use um planner ou crie uma planilha no computador. Se o concurso já está marcado,
veja quanto tempo você tem até a data das provas. Novamente: você vai dividir cada disciplina, dessa vez com hora
marcada:
• Começo dos estudos;
• Intervalos;
• Hora de revisar;
• Fechar os cadernos.

Ter comprometimento e regularidade


Independentemente de como foi montado seu cronograma de estudos, é necessário ter comprometimento e regulari-
dade. Estudar todos os dias e intercalar as disciplinas sempre relembrando o que já foi estudado fazem parte de uma
metodologia eficaz. São pontos importantes:
• Não ficar muito tempo sem estudar determinada disciplina;
• Colocar mais tempo às disciplinas que tem mais dificuldade;
• Priorizar também as matérias de maior peso ou que se repetem nas provas;
• Revisar conteúdo de outro dia para não cair no esquecimento.

Conhecer técnicas de estudo


Existem algumas técnicas que você pode adotar no seu cronograma de estudo para aproveitar melhor o seu tempo,
como a criação de resumos e mapas mentais. Na primeira, você anota os pontos importantes que você compreendeu
sobre o assunto. A segunda técnica é quase como um resumo, mas ela é ainda mais simplificada: selecione a ideia
principal/geral e, a partir dela, puxe ramificações para assuntos mais específicos. Você pode também:
• Fazer marcações em textos: isso ajuda nos resumos e mapas mentais, bem como na revisão;
• Intercalar os estudos: num período de quatro horas, você estuda 45 minutos acerca de uma disciplina. Então, faz um
intervalo de 15 minutos e depois estuda mais 45 minutos de outra disciplina;
• Responder questões de provas anteriores e simulados: coloque seus conhecimentos em prática e veja o quanto você
consegue acertar.
Na questão de distribuição de tempo, uma técnica bacana é a de ciclo. Ela funciona da seguinte maneira: vamos
supor que você tenha 20 horas semanais disponíveis para estudar. Distribua este tempo de acordo com a prioridade
das disciplinas e siga seu cronograma normalmente. Caso algum imprevisto aconteça, como precisar ir ao médico, e
isso atrapalhar seu momento de estudo, na próxima oportunidade que tiver para estudar siga de onde você parou.
Não fique fixo ao sistema de escola: hoje é português, amanhã é matemática e toda sexta é Direito Administrativo.
Esse formato pode prejudicar seus estudos, porque se você simplesmente deixar de estudar uma disciplina na sema-
na, na próxima vez ficará atrasado. Já na técnica de ciclo, você pode se recuperar o conteúdo e flexibilizar o cronogra-
ma de estudos para concursos públicos.
Com o tempo, você vai ganhar confiança e internalizará os conteúdos mais rápido. Sendo assim, poderá acrescentar
outras disciplinas complementares ao seu calendário de estudos, bem como fazer outros ajustes possíveis e neces-
sários.

Cuidar com o físico e o psicológico


Estudar para concurso em pouco tempo pode ser um pouco complicado e talvez você até pense em usar seu tempo
de lazer para se focar. Bom, você pode até diminuir esse tempo e utilizar um pouco dele para estudar, mas não redu-
za seus momentos de prazer a zero. Seu corpo e seu cérebro precisam de descanso para conseguir assimilar tudo
que você estudou.
Você também pode assistir a um filme, ver uma série, ligar para um amigo, testar uma receita nova. Qualquer coisa
que te dê prazer e relaxe a mente.
Cronograma de estudos

Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo


Língua
Portuguesa
Sumário
1. Compreensão e intelecção de textos ....................... 2
2. Interpretação de texto ............................................... 4
3. Tipologia textual ...................................................... 15
4. Figuras de linguagem .............................................. 27
5. Ortografia ................................................................ 31
6. Acentuação gráfica ................................................. 38
7. Emprego do sinal indicativo de crase ..................... 41
8. Formação, classe e emprego de palavras .............. 44
9. Sintaxe da oração e do período .............................. 78
10. Pontuação ............................................................... 94
11. Concordância nominal e verbal............................. 100
12. Colocação pronominal .......................................... 115
13. Regência nominal e verbal .................................... 119
14. Equivalência e transformação de estruturas ......... 126
15. Relações de sinonímia e antonímia....................... 131
Língua Portuguesa

A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos meno-


res, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente,
o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espa-

1.
çamento da margem esquerda.

Compreensão Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou


seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida.

e intelecção de Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asse-


guramos um caminho que nos levará à compreensão do texto.

textos Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O


fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que o trabalho
não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escre-
ver toma de empréstimo uma série de palavras e expressões
amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma ideia à
Apreensão e Compreensão do Texto e outra. O texto precisa ser coeso e coerente.

Sentido
Coesão
Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais
turno das eleições presidenciais de 1989:
elementos de coesão são os conectivos, vocábulos gramati-
“Eu sabia que você era collorido por fora, mas caiado por cais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de
dentro.” uma frase. O texto deve ser organizado por nexos adequados,
com sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando
Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos “discursos
frases e períodos desconexos. Para perceber a falta de coe-
da campanha presidencial” e entenderam não “Você tem co-
são, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto, procurando
res fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você apre-
estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam
senta um discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um
a oração e as orações que formam o período e, finalmente,
reacionário”.
entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem tra-
Observe que há duas operações diferentes no entendimento do balhado sintática e semanticamente resulta num texto coeso.
texto. A primeira é a apreensão, que é a captação das relações
que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No
entanto, ela não é suficiente para entender o sentido integral. Coerência
Uma pessoa que conhecesse todas as palavras da frase acima,
mas não conhecesse o universo dos discursos da campanha A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabe-
presidencial, não entenderia o significado da frase. Por isso, é lecer um sentido para o texto, ou seja, ela é que faz com que
preciso colocar o texto dentro do universo discursivo a que ele o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da coerência
pertence e no interior do qual ganha sentido. Alguns teóricos será levado em conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo,
chamam “conhecimento de mundo” ao universo discursivo. será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos e de
Na frase acima, collorido e caiado não pertencem ao universo organizá-los de forma a extrair deles conclusões apropriadas;
da pintura, mas da vida política: a primeira palavra refere-se a num texto narrativo, será avaliada sua capacidade de construir
Collor e ao modo como ele se apresentava, um político moderno personagens e de relacionar ações e motivações.
e inovador; a segunda diz respeito a Ronaldo Caiado, políti-
co conservador que o apoiava. A essa operação chamamos
compreensão.
Tipos de Composição
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma pessoa,
um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de
pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa,
leitura: informativa e de reconhecimento.
para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundí-
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro vel. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de
contato com o texto, extraindo-se informações e se preparan- captar os traços capazes de transmitir uma impressão autênti-
do para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife pa- ca. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar.
lavras -chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras especí-
à ideia central de cada parágrafo. ficas, exatas.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou
opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, res- imaginários.
pectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada.
São seus elementos constitutivos: personagens, circunstân-
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia cias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a
a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global pro- distingue da descrição é a presença de personagens atuantes,
posto pelo autor. que estão quase sempre em conflito.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias sele- – A narração envolve:
tas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela 1. Quem? Personagem;
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu- 2. Quê? Fatos, enredo;
são do texto. 3. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
4. Onde? O lugar da ocorrência;

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Língua Portuguesa

5. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; como “desvios da normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr
6. Por quê? A causa dos acontecimentos; esses recursos retóricos a serviço de sua concepção estética.
Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer um
ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabele- Sentido Imediato
cer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou
descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata que,
deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fun- com certa reserva, poderia ser chamada de leitura ingênua ou
damentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho. leitura de máquina de ler.
– Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a exis-
Sentidos Próprio e Figurado tência de uma série de premissas que restringem a decodi-
ficação tais como:
Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso têm 1. As frases seguem modelos completos de oração da língua.
sentido próprio e sentido figurado. Geralmente os exemplos de 2. O discurso é lógico.
tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria é uma flor” 3. Se a forma usada no discurso é a mesma usada para esta-
diz-se que “flor” tem um sentido próprio e um sentido figurado. belecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se,
O sentido próprio é o mesmo do enunciado: “parte do vegetal respectivamente, identidade lógica e atribuição.
que gera a semente”. O sentido figurado é o mesmo de “Ma- 4. Os significados são os encontrados no dicionário.
ria, mulher bela, etc.” O sentido próprio, na acepção tradicional 5. Existe concordância entre termos sintáticos.
não é próprio ao contexto, mas ao termo. 6. Abstrai-se a conotação.
7. Supõe-se que não há anomalias linguísticas.
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde
8. Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto modi-
ao que definimos aqui como sentido imediato do enunciado.
ficadores do código linguístico.
Além disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido pre-
9. Supõe-se pertinência ao contexto.
ferencial, o que comumente ocorre.
10. Abstrai-se iconias.
O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a metá- 11. Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc.
fora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem que se 12. Não se concebe a existência de locuções e frases feitas.
obtém pela decifração da metáfora. 13. Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-se
o uso expressivo, cerimonial.
O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência da
leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade, mas Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, inin-
nunca mais que esporadicamente. teligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele
surgirem elipses, metáforas, metonímias, oxímoros, ironias,
Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de sentido
alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as
próprio e sentido figurado, pois ela abre um caminho de abor-
conotações, as iconias, os modificadores gestuais, entoativos,
dagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de crítica
editoriais, etc.
é a atribuição de status diferenciado para cada uma das cate-
gorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma cono- Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que se
tação de sentido “natural”, sentido “primeiro”. comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito de
leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. O que
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, poderí-
existe são ocorrências eventuais que se aproximam de uma
amos afirmar que “natural”, “primeiro” é o sentido figurado, afi-
leitura imediata, como quando alguém toma o sentido literal
nal, é o sentido figurado que possibilita a correta interpretação
pelo figurado, quando não capta uma ironia ou fica perplexo
do enunciado e não o sentido próprio. Se o sentido figurado
diante de um oxímoro.
é o “verdadeiro” para o enunciado, por que não chamá-lo de
“natural”, “primeiro”? Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de grau
zero da escritura, identificando-a como uma forma mais primi-
Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de perspecti-
tiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é apenas
va não é possível, pois o sentido figurado está impregnado de
um pressuposto. Os recursos de Retórica são anteriores a ele.
uma conotação desfavorável. O sentido figurado é visto como
anormal e o sentido próprio, não. Ele carrega uma conotação
positiva, logo, é natural, primeiro. Sentido Preferencial
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e esteti-
zação e até a geração de categorias se ressente disso. Essa Para compreender o sentido preferencial é preciso conceber
tendência para atribuir status às categorias é uma constante o enunciado descontextualizado ou em contexto de dicioná-
do pensamento antigo, cuja índole era hierarquizante, sempre rio. Quando um enunciado é realizado em contexto muito ra-
buscando uma estrutura piramidal para o conhecimento, o que refeito, como é o contexto em que se encontra uma palavra
se estende até hoje em algumas teorias modernas. no dicionário, dizemos que ela está descontextualizada. Nesta
situação, o sentido preferencial é o que, na média, primeiro se
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao impõe para o enunciado. Óbvio, o sentido que primeiro se im-
conhecimento científico, vemos conotações de valor sendo põe para um receptor pode não ser o mesmo para outro. Por
atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações to- isso a definição tem de considerar o resultado médio, o que
talmente externas a ela. não impede que pela necessidade momentânea consideremos
Um exemplo: o significado preferencial para dado indivíduo.

o retórico que tenha para si a convicção de que a qualidade de Algumas regularidades podem ser observadas nos signi-
ficados preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial
qualquer discurso se fundamenta na sua novidade, originalida-
da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para
de, imprevisibilidade, tenderá a descrever os recursos retóricos
abate”, e nunca o de “indivíduo sem higiene”. Em outras pala-
vras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se impõe

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Língua Portuguesa

sobre o que teve origem em processos metafóricos, alegóricos, aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir,
metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos o seguinte formar ideias e escrever quando puder e quiser.
exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido preferencial
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso
para a frase dada é o mesmo de “caminhão carregado com ci-
país é uma tarefa árdua, mas acredite, valerá a pena para sua
mento” e não o de “caminhão construído com cimento”. Neste
vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você
caso o sentido preferencial é o metonímico, o que contrapõe a
exercita isso a todo o momento. Exercita através de sua leitura
tese que diz que o sentido “figurado” não é o “primeiro signifi-
de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, inter-
cado da palavra”. Também é comum o sentido mais usado se
pretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista.
impor sobre o menos usado.
Mas, basta o(a) professor(a) dizer “Vamos agora interpretar
Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferen- esse texto” para que as pessoas se calem. Ninguém sabe o
cial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial de manga? O de que calado quer, pois ao se calar você perde oportunidades va-
fruto ou de uma parte da roupa? liosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de
expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá
que antes que pense, o medo terá ido embora.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas

2.
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir in-

Interpretação de teração comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).


Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em

textos cada uma delas, há certa informação que a faz ligar-se com
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a es-
truturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação
dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, as frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu
de qualquer idade, e para qualquer finalidade de compreender contexto original e analisada separadamente, poderá ter um
o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a significado diferente daquele inicial.
importância de entender um texto? Intertexto - comumente, os textos apresentam referências dire-
Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com in- tas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo
trodução, desenvolvimento e conclusão, onde depois temos de recurso denomina-se intertexto.
que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma interpre-
texto pode ser a questão em si, a leitura que fazemos antes de tação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A
resolver o exercício. E como é possível cometer um erro numa partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamenta-
simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que ções, as argumentações ou explicações que levem ao esclare-
se imagina. Se na hora da leitura, deixamos de prestar atenção cimento das questões apresentadas na prova.
numa só palavra, como uma “não”, já muda a interpretação.
Normalmente, numa prova o candidato é convidado a:
Veja a diferença:
Identificar - reconhecer os elementos fundamentais de uma
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
Qual opção abaixo pertence ao grupo? procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
tempo).
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento,
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode pa- Comparar - descobrir as relações de semelhança ou de dife-
recer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso renças entre as situações do texto.
acontece mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da Comentar - relacionar o conteúdo apresentado com uma rea-
prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse princí- lidade, opinando a respeito.
pio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto
curto, imagine os erros que podemos cometer ao ler um texto Resumir - concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em
maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que um só parágrafo.
é preciso melhorar a capacidade de leitura e compreensão.
Parafrasear - reescrever o texto com outras palavras.
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo
Exemplo
assim, temos vários tipos de gêneros textuais, formas de escri-
ta. Mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a in-
Título do Texto Paráfrases
terpretação de textos. Muitos dizem que não sabem interpretar,
ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura, consequen- “O Homem A integração do mundo.
temente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto Unido” A integração da humanidade. A união
de vista e um grande medo de interpretar. A interpretação é do homem.
o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece Homem + Homem = Mundo. A macaca-
justamente quando há leitura. Somos fragmentos de nossos da se uniu. (sátira)
escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas
vezes contadas por outros. Condições Básicas para Interpretar
Quantas vezes você não leu algo e pensou: – Faz-se necessário:
1. Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros lite-
“Nossa, ele disse tudo que eu penso”. rários, estrutura do texto), leitura e prática.
Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos 2. Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto)
pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que e semântico. Na semântica (significado das palavras) in-
cluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
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Língua Portuguesa

ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua- Falou tudo quanto queria (correto).
gem, entre outros. Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer
3. Capacidade de observação e de síntese. o demonstrativo o).
4. Capacidade de raciocínio. Vícios de Linguagem – há os vícios de linguagem clássicos
Interpretar X Compreender (barbarismo, solecismo, cacofonia...); no dia a dia, porém, exis-
tem expressões que são mal empregadas.
Interpretar Significa Compreender Significa – Por força desse hábito cometem-se erros graves como:
Explicar, comentar, julgar, Intelecção, entendimento, 1. “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de
tirar conclusões, deduzir. atenção ao que realmente morte.
está escrito. 2. “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o prono-
Tipos de enunciados: me oblíquo átono correto é “o”.
Tipos de enunciados: 3. “No bar: Me vê um café”. Além do erro de posição do pro-
através do texto, infere-se
que... o texto diz que... nome, há o mau uso.

é possível deduzir que... é sugerido pelo autor que... – Algumas dicas para interpretar um texto:
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distin-
o autor permite concluir de acordo com o texto, é tos nos trazem diferentes formas de pensar.
que... correta ou errada a 2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões
afirmação... simples, mas que nos ajuda a ter certeza que estamos
qual é a intenção do autor
prestando atenção na leitura.
ao afirmar que... o narrador afirma...
3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos
conta, já está no final da página, e nem lembramos o que
Erros de Interpretação lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pou-
co, ou voltar a leitura num ponto que estávamos prestando
– É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
4.
atenção, e reler.
Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto.
de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
Qualquer informação, mínima que seja, nos ajuda a com-
1. Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto,
preender melhor o assunto do texto.
acrescentado ideias que não estão no texto, quer por co-
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a
nhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
ideia central do texto, e assim, levantar hipóteses e saber
2. Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape-
sobre o que se fala.
nas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais
junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
detalhada. Assim, você economiza tempo se no meio da
entendimento do tema desenvolvido.
leitura identificar uma possível resposta.
3. Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que
às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas
vem junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por
e, consequentemente, errando a questão.
isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar
Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a nossa leitura.
ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de con- 8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procu-
curso o que deve ser levado em consideração é o que o autor re a melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de
diz e nada mais. resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacio- Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
nam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vo-
outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pro- cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas
nome relativo, uma conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo são uma distração, mas também um aprendizado.
átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre-
já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nos-
eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo
sa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora
átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu ante-
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes,
cedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes
além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de me-
relativos têm cada um valor semântico, por isso a necessidade
mória. Então, foco na leitura, que tudo fica mais fácil!
de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são mui-
to importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto
traz erros de coesão. Organização do Texto e Ideia Central
– Assim sendo, deve-se levar em consideração que exis- Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e
organizadas, através dos parágrafos, composto pela ideia central,
te um pronome relativo adequado a cada circunstância, a
saber: argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
1. Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente.
Mas depende das condições da frase.
– Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:
1. Declaração inicial;
2. Qual (neutro) idem ao anterior. 2. Definição;
3. Quem (pessoa). 3. Divisão;
4. Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o 4. Alusão histórica.
objeto possuído.
5. Como (modo). Onde (lugar). Quando (tempo). Quanto Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os
(montante). diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado
através da mudança de linha e um espaçamento da margem es-
Exemplo: querda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico fra-

5
Língua Portuguesa

sal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida. b) os negros.


Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, assegura- c) os índios.
mos um caminho que nos levará à compreensão do texto. d) tanto os índios quanto aos negros.
e) a miscigenação de portugueses e índios.
Os Tipos de Texto (Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.)

– Basicamente, existem três tipos de texto: Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos ín-
1. Texto narrativo; dios, é possível concluir pelas características apresentadas no
2. Texto descritivo; texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto.
3. Texto dissertativo.
Tome cuidado com as vírgulas.
Cada um desses textos possui características próprias de
construção, que pode ser estudado mais profundamente na Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir:
tipologia textual. 1. Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
2. Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar 3. Os alunos dedicados passaram no vestibular.
textos. Muitos têm aversão a exercícios nessa categoria. Acham 4. Os alunos, dedicados, passaram no vestibular.
monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o 5. Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
seu próprio entendimento do texto ou cada um interpreta a sua 6. Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
maneira. No texto literário, essa ideia tem algum fundamento,
tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, Explicações:
mas em texto não literário isso é um equívoco. Diante desse 1. Diego fez sozinho o trabalho de artes.
problema, seguem algumas dicas para você analisar, compre- 2. Apenas o Diego fez o trabalho de artes.
ender e interpretar com mais proficiência. 3. Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e
1. Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós pas- passaram no vestibular somente os que se dedicaram, res-
samos a gostar de algo, compreendemos melhor seu fun- tringindo o grupo de alunos.
cionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares 4. Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados.
a nós mesmos. Não se deixe levar pela falsa impressão 5. Marcão é chamado para cantar.
de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, 6. Marcão pratica a ação de cantar.
com o tempo você se tornará mais seleto e perceberá que Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele:
algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridícu-
las. Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para “Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adoles-
se chegar a uma leitura mais refinada. Existe tempo para centes com hormônios em ebulição e com o desejo natural da
cada momento de nossas vidas. idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos
2. Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. casos, a relação comercial entre a escola e os pais se sobrepõe
3. Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, à autoridade do professor”.
um bom exercício para ampliar o léxico é fazer palavras Frase para análise.
cruzadas.
4. Faça exercícios de sinônimos e antônimos. Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das es-
5. Leia verdadeiramente. colas privadas. E esse é o grande desafio do professor moderno.
6. Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão - Não é mencionado que a escola seja da rede privada.
pode ser falsa. É preciso paciência para ler outras vezes. - O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre fez
Antes de responder as questões, retorne ao texto para sa- parte do desafio do magistério. Outra questão é que o gran-
nar as dúvidas. de desafio não é só administrar os desafios às regras, isso é
7. Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está parte do desafio, há também os hormônios em ebulição que
voltada a uma linha do texto e por isso você deve voltar fazem parte do desafio do magistério.
ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a
questão está voltada à ideia geral do texto. - Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo
8. Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do co- do sentido original).
nhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao que - A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja
está escrito. algumas delas: substituição de locuções por palavras; uso
de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vi-
Veja um exemplo disso: ce-versa; converter a voz ativa para a passiva; emprego de
Texto: antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia;
o povo lusitano = portugueses).
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fa-
tor obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os Observe a mudança de posição de palavras ou de
antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos expressões nas frases. Exemplos:
colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em deter- - Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de pro-
minados ofícios mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se fessores.
acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige - Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de pro-
a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para fessores.
as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer- se sem
regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. - Os alunos determinados pediram ajuda aos professores.
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)
- Determinados alunos pediram ajuda aos professores.

– Infere-se do texto que os antigos moradores da terra


Explicações:
eram: - Certos alunos = qualquer aluno.
a) os portugueses.

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Língua Portuguesa

- Alunos certos = aluno correto. CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015. p. 40-42.
- Alunos determinados = alunos decididos.
- Determinados alunos = qualquer aluno. 2. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis-
trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro– RJ/2016)
O gênero crônica, em que se enquadra o texto, é frequentemen-
Questões te escrito em primeira pessoa e reflete, muitas vezes, o posicio-
namento pessoal de seu autor. Pode-se afirmar que, na crônica
1. (MPE-SC – Promotor de Justiça – MPE-SC/2016) de Paulo Mendes Campos, o “eu” que fala:
“A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao a) confunde-se com o autor, tecendo críticas ao dr. Maynard
ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai, b) distingue-se do autor, mostrando-se crítico e perspicaz
na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é c) distingue-se do autor, mostrando-se ingênuo e alienado
a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A d) confunde-se com o autor, valorizando a divulgação cientí-
negociação para ter a autorização do país começou há mais de fica pelos jornais
três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen-
to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re- 3. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis-
cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro– RJ/2016)
as autoridades do país.” Pode-se afirmar que o texto de Paulo Mendes Campos é argu-
(http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe- mentativo, uma vez que se caracteriza por:
la-primeira-vez-na-antartica.html)
a) encadear fatos que envolvem personagens
Para ficar caracterizada a ideia de passado distante, a expres- b) tentar convencer o leitor da validade de uma ideia
são “há mais de três anos” deve ser reescrita: “há mais de três c) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos
anos atrás”. d) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação
( ) Certo ( ) Errado 4. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis-
trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ/2016)
Leia o texto e responda as questões 02, 03 e 05.
Em “Doutrina ainda o nutricionista americano...”, a palavra em
Crônica destaque pode ser substituída, sem
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimen-
prejuízo do sentido, por:
tação! É o que exclamo depois de ler as recomendações
de um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A a) adestra, amestra, amansa
apatia, ou indiferença, é uma das causas principais das die- b) educa, corrige, repreende
tas inadequadas.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma c) catequiza, converte
família nordestina estendida em uma calçada do centro da ci- d) formula, ensina
dade, ali bem pertinho do restaurante Vendôme, mas apática, 5. Prefeitura de Chapecó – SC – Engenheiro de Trânsito –
sem a menor vontade de entrar e comer bem. Ensina ainda o IOBV/2016)
especialista: “Embora haja alimentos em quantidade suficien-
te, as estatísticas continuam a demonstrar que muitas pessoas Por Jonas Valente*, especial para este blog.
não compreendem e não sabem selecionar os alimentos”. É A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Ciberné-
isso mesmo: quem der uma volta na feira ou no supermercado ticos da Câmara dos Deputados divulgou seu relatório final.
vê que a maioria dos brasileiros compra, por exemplo, arroz, Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a
que é um alimento pobre, deixando de lado uma série de ali- justificativa de combater delitos na rede. Mas o conteúdo des-
mentos ricos. Quando o nosso povo irá tomar juízo? Doutrina sas proposições é explosivo e pode mudar a Internet como a
ainda o nutricionista americano: “Uma boa dieta pode ser obti- conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura
da de elementos tirados de cada um dos seguintes grupos de na web, ampliando a repressão ao acesso a filmes, séries e ou-
alimentos: o leite constitui o primeiro grupo, incluindo-se nele tros conteúdos não oficiais, retirando direitos dos internautas e
o queijo e o sorvete”. Embora modestamente, sempre pensei transformando redes sociais e outros aplicativos em máquinas
também assim. No entanto, ali na praia do Pinto é evidente de vigilância.
que as crianças estão desnutridas, pálidas, magras, roídas de
verminoses. Por quê? Porque seus pais não sabem selecionar Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usa-
o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução lógica do para tentar atacar o caráter livre, plural e diverso da Internet.
seria dar-lhes sorvete, todas as crianças do mundo gostam de Como há dificuldades de se apurar crimes na rede, as soluções
sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do buscam criminalizar o máximo possível e transformar a navega-
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só ção em algo controlado, violando o princípio da presunção da
olhando os adultos que descem dos carros e devoram sorvetes inocência previsto na Constituição Federal. No caso dos crimes
enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilus- contra a honra, a solução adotada pode ter um impacto trágico
tre médico: “A carne constitui o segundo grupo, recomendan- para o debate democrático nas redes sociais – atualmente tão
do-se dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, gali- importante quanto aquele realizado nas ruas e outros locais da
nha, peixe ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros vida off line. Além disso, as propostas mutilam o Marco Civil da
que divulgam as suas palavras redentoras! E dizer que o nosso Internet, lei aprovada depois de amplo debate na sociedade e
povo faz ouvidos de mercador a seus ensinamentos, e continua que é referência internacional.
a comer pouco, comer mal, às vezes até a não comer nada. (*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016)
Não sou mentiroso e posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui
no Rio, gente que prefere vasculhar uma lata de lixo a entrar em Após a leitura atenta do texto, analise as afirmações feitas:
um restaurante e pedir um filé à Chateaubriand. O dr. Maynard I. O jornalista Jonas Valente está fazendo um elogio à visão
decerto ficaria muito aborrecido se visse um ser humano esco- equilibrada e vanguardista da Comissão Parlamentar que
lher tão mal seus alimentos. Mas nós sabemos que é por causa legisla sobre crimes cibernéticos na Câmara dos Deputa-
dessas e outras que o Brasil não vai pra frente. dos.

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Língua Portuguesa

II. O Marco Civil da Internet é considerado um avanço em Não Literal é o sentido da palavra desviado do usual, isto é,
todos os sentidos, e a referida Comissão Parlamentar está aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro.
querendo cercear o direito à plena execução deste marco.
Exemplo:
III. Há o temor que o acesso a filmes, séries, informações em
geral e o livre modo de se expressar venham a sofrer cen- “As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as atiradas
sura com a nova lei que pode ser aprovada na Câmara dos pela mão.”
Deputados.
“Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que usualmen-
IV. A navegação na internet, como algo controlado, na visão
te indica, mas um insulto, uma ofensa produzida pela boca.
do jornalista, está longe de se concretizar através das leis a
serem votadas no Congresso Nacional.
V. Combater os crimes da internet com a censura, para o Ampliação de Sentido
jornalista, está longe de ser uma estratégia correta, sendo Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a
mesmo perversa e manipuladora. designar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do
Assinale a opção que contém todas as alternativas corretas. que originariamente.
a) I, II, III. “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para
b) II, III, IV. designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravel-
c) II, III, V. mente o sentido e passou a designar a ação de viajar em ou-
d) II, IV, V. tros veículos. Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um
passageiro:
Respostas - embarcou num ter.
01. Errado - embarcou no ônibus das dez.
O verbo haver já contém a ideia de passado. A adição do termo - embarcou no avião da força aérea.
“atrás” caracteriza pleonasmo.
- embarcou num transatlântico.
02. (C)
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que esca-
Dentro da crônica existe o “ o Eu” introduzido pelo Autor la os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por amplia-
Paulo Mendes Diferença: ção de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante
“o Eu” se mostra ingênuo (Aquele que é inocente, sincero, sim- do esporte de escalar montanhas.
ples.) e alienado (1-Cedido a outro dono, ou o que enlouque-
ceu, 2-vendido.) Restrição de Sentido
Um exemplo é quando ele diz: “É o que exclamo depois de Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso,
ler as recomendações de um nutricionista americano, o dr. isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais res-
Maynard” trita de objetos ou noções do que originariamente. É o caso,
por exemplo, das palavras que saem da língua geral e passam
O autor não se mostra ingênuo e nem alienado, uma vez que, ele
a ser usadas com sentido determinado, dentro de um universo
mesmo é quem escreve a Crônica.
restrito do conhecimento.A palavra aglutinação, por exemplo,
03. (B) na nomenclatura gramatical, é bom exemplo de especialização
de sentido. Na língua geral, ela significa qualquer junção de
São características de textos:
elementos para formar um todo, porém em Gramática designa
encadear fatos que envolvem personagens - NARRATIVO apenas um tipo de formação de palavras por composição em
que a junção dos elementos acarreta alteração de pronúncia,
tentar convencer o leitor da validade de uma ideia - DISSERTA-
como é o caso de pernilongo (perna + longa).
TIVO ARGUMENTATIVO
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu-
caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo,
- DESCRITIVO
que designa uma personagem de desenhos animados, não se
oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação - IN- formou por aglutinação, mas por justaposição.
JUNÇÃO/ INSTRUCIONAL
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi-
04. (D) cado das palavras para dar precisão à comunicação.
Doutrina = conjunto coerente de ideias fundamentais a serem A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não
transmitidas, ensinadas. pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira
em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para
05. (C) designar apenas um tipo de flor que tem a propriedade de
acompanhar o movimento do Sol.

Sentido Literal e Sentido Não Literal Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm
outros implícitos (ou pressupostos).
Literal é o sentido da palavra interpretada ao pé da letra, isto Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem-
é, de acordo com o sentido geral que ela tem na maioria dos plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessa-
contextos em que ocorre. É o sentido próprio da palavra. riamente a existência de ao menos uma além daquela indicada.
Exemplo:
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca
“Uma pedra no meio da rua foi a causa do acidente.” lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro
A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal. livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um
livro além daquele que está sendo autografado.

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Língua Portuguesa

Questões c) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que


na modernidade o narrador da vida desapareceu. (penúlti-
1. (PC-CE – Delegado de Polícia Civil – VUNESP/2015) mo parágrafo).
d) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência mo-
A morte do narrador derna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a
Recentemente recebi um e-mail de uma leitora perguntando a invisibilidade dos mais velhos. (último parágrafo).
razão de eu ter, segundo ela, uma visão tão dura para com os e) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem se
idosos. O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto
minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e vo- parágrafo).
vós, porque estavam todos na academia querendo parecer com 2. (PC-CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP/2015)
seus netos.
Ficção universitária
Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela ter
me entendido mal, o que acontece com frequência quando se Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro
discute o tema da velhice, é comum, principalmente porque o de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito,
próprio termo “velhice” já pede sinônimos politicamente corre- que consta da Constituição, de que pesquisa e ensino são in-
tos, como “terceira idade”, “melhor idade”, “maturidade”, entre dissociáveis. É claro que universidades que fazem pesquisa
outros. tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir mais ino-
vação e atrair os alunos mais qualificados, tornando-se assim
Uma característica do politicamente correto é que, quando ele instituições que se destacam também no ensino.
se manifesta num uso linguístico específico, é porque esse uso
se refere a um conceito já considerado como algo ruim. A mar- O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cris-
ca essencial do politicamente correto é a hipocrisia articulada talina: das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de
como gesto falso, ideias bem comportadas. ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais estão re-
lativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à frente em
Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia que inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não decorre
idosos devem se afundar na doença, na solidão e no abando- que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja ca-
no, e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que eles paz de ensinar.
estão fugindo da condição de avós, usava isso como metáfo-
ra da mentira (politicamente correta) quanto ao medo que te- O gasto médio anual por aluno numa das três universidades
mos de afundar na doença, antes de tudo psicológica, devido ao estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que con-
abandono e à solidão, típicos do mundo contemporâneo. Minha tribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo
crítica era à nossa cultura, e não às vítimas dela. Ela cultua a inativos e aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil
juventude como padrão de vida e está intimamente associada (dados de 2008). Ora, um aluno do ProUni custa ao governo
ao medo do envelhecimento, da dor e da morte. Sua opção é algo em torno de R$ 1.000 por ano em renúncias fiscais.
pela “negação”, traço de um dos sintomas neuróticos descritos Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país
por Freud. não dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de
Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que na universitários em instituições com o padrão de investimento das
modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer dizer estaduais paulistas. E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua
que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a vida população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no ní-
e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os mais vel superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai.
velhos querem “aprender” com os mais jovens (aprender a Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA
amar, se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes so- (89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na ficção constitu-
ciais). Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento, é cional de que todas as universidades do país precisam dedicar-
também desorganizador da própria juventude. Ouço cotidiana- -se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo como ele é
mente, na sala de aula, os alunos demonstrarem seu desprezo e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção
por pais e mães que querem aprender a viver com eles. de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil
Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a combater tem necessidade de ambas.
essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas de infor- (Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br, 10.09.2013.
mação, normalmente mais acessíveis aos jovens, aumentam Adaptado)
a percepção negativa dos mais velhos diante do acúmulo de Assinale a alternativa em que a expressão destacada é empre-
conhecimento posto a serviço dos consumidores, que ques- gada em sentido figurado.
tionam as “verdades constituídas do passado”. A própria es- a) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a
trutura sobre a qual se funda a experiência moderna – ciência, nata dos especialistas...
técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade dos b) Os dados do Ranking Universitário publicados em setem-
mais velhos. Em termos humanos, o passado (que “nada” ser- bro de 2013...
ve ao mundo do progresso) tem um nome: idoso. Enfim, resta c) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber
aos vovôs e vovós ir para a academia ou para as redes sociais. que o país não dispõe de recursos...
(Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado) d) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de
ensino...
O termo empregado com sentido figurado está em destaque na
e) ... todas as despesas que contribuem direta e indiretamen-
seguinte passagem do texto:
te para a boa pesquisa...
a) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece
com frequência quando se discute o tema da velhice… (se- 3. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2014)
gundo parágrafo). Leia o texto para responder a questão.
b) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de mi-
nhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e Um pé de milho
vovós… (primeiro parágrafo).

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Língua Portuguesa

Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido 3. A


pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de
... beijado pelo vento do mar (3º §) / Meu pé de milho é um belo
capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o
gesto da terra. (3º §)
para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas
folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar,
do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenho- (que o vento bate no pé de milho) veio enriquecer nosso can-
samente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com teirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É
dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana. alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu
pé de milho é um belo gesto da terra. (Como nasce da terra,
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha
para o autor parece um presente desta).
razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas
além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor Sentido figurado: A palavra tem valor conotativo quando seu
um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas significado é ampliado ou alterado no contexto em que é em-
de milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em pregada, sugerindo ideias que vão além de seu sentido mais
um anteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – usual.
não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
4. B
Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e
a) Atitudes são o espelho;
verdes nunca estão imóveis.
b) CERTA;
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos c) Pipocavam palavras no texto;
encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pen- d) Choviam risadas;
doou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé e) Sabedoria abre as portas
de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme,
vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso
canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem
bem. É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e cer- Inferências
teza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não
sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata Com o advento das novas tecnologias a leitura e interpretação
máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de de textos ganham novos significados e dimensões. Se antes
Castilhos. liam-se somente textos literários, hoje é possível encontrar
(Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado) uma imensa gama de diferentes tipos de textos. Assim, o exer-
cício da leitura demanda cada vez mais o levantamento de hi-
Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há termos póteses, comparações, associações e inferências.
empregados em sentido figurado.
a) ... beijado pelo vento do mar (3º §) / Meu pé de milho é De acordo com o dicionário Houaiss o termo “inferir” significa:
um belo gesto da terra. (3º §) concluir pelo raciocínio, a partir de fatos, indícios; deduzir. No
b) Mas ele reagiu. (1º §) / na verdade aquilo era capim. (1º §) contexto de interpretação de textos, a inferência enquadra-se
c) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um ignorante na ação de analisar as informações implícitas e explícitas com
(2º §) o intuito de alcançar conclusões.
d) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação.
centenas de milharais. (2º §)
e) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas
flores belas no mundo (3º §)
4. (IF-SC – Técnico de Laboratório – IF-SC/2014)
Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido
conotativo.
a) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter.
b) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência
pacífica.
c) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos
coloridos do próprio pensamento
d) Choviam risadas naquela peça de humor.
e) A sabedoria abre as portas do conhecimento.

Respostas
1. D
O sentido figurado ou conotativo, é aquele em que se atribui à
palavra ou expressão, um sentido ampliado, diferente do sen-
tido literal/usual.
Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não
d) A palavra “Indivisibilidade” foi usada com o sentido de “iso- verbal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom
lamento”, “exclusão” e, portanto, é o gabarito. entendimento e compreensão da temática.
2. A Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor
nata:na.ta sf (lat matta) 1 Camada que se forma à superfície do poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a
leite; creme. 2 A melhor parte de qualquer coisa, o que há de denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa in-
melhor; a fina flor, o escol. N. da terra: nateiro; terra fértil. terpretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos
questionamentos como:

10
Língua Portuguesa

- Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “ex- “Elas estão por cima”, é o que se pensa de quem encontrou
posto a riscos”? seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso ba-
- O que significam as balas que o cercam por todos os lados? talhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer
um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço.
- Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de
balas? Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer des-
truir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não
A partir de questionamentos como os citados acima é possível
pode ridicularizá-lo, você não pode falar para outras pessoas o
adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que ins-
quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer
taura críticas e denúncias a determinada realidade.
perguntas constrangedoras a ele.
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes ocultos
Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre
que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva.
riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humi-
lhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você
Questões fez e reconsidere o seu pedido por aceitação.
A melhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é
1. (Pref. De Teresina/PI – Professor Português – NUCE- atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor
PE/2016) deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-
Segundo o Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional), analfa- -as, e pode ser bem divertido fingir que esse dragão sequer
beto funcional é aquele que, mesmo sabendo ler e escrever existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que
frases simples, não possui as habilidades necessárias para é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em
satisfazer as demandas do seu dia a dia e se desenvolver nossas caras.
pessoal e profissionalmente. De acordo com as teorias de Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba
compreensão como atividade inferencial, compreender o texto muito bem do que está falando, é o passo mais importante que
é, essencialmente, uma atividade de relacionar conhecimentos, você pode dar em direção à tão esperada aceitação.
experiências e ações em um movimento interativo e negociado.
Concebendo a compreensão como processo, a leitura realiza- Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a men-
-se a partir de diferentes horizontes. Nesse sentido, é correto sagem principal seja deixar tudo como está e há várias formas
afirmar que o processo inferencial está: de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais ela-
a) no horizonte máximo da leitura. boradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.
b) no horizonte mínimo da leitura. Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas
c) na falta de horizonte da leitura. de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo
d) no horizonte problemático da leitura. que as coisas mudem.
e) no horizonte indevido da leitura.
Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão le-
2. (SEDU/ES – Professor – Língua Portuguesa – FCC/2016) gais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho cha-
Ensinar o leitor-aluno a fixar objetivos e a ter estratégias de leitura, mado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo,
de modo a perceber que essa depende da articulação de várias como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá
partes que formam um todo. É, então, um pressuposto metodoló- assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.
gico a ser considerado. O leitor está inserido num contexto e preci- É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal
sa considerar isso para compreender os textos escritos. Em sala de dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é
aula, configuram-se como estratégias de preparação para a leitura o que dizem?
as ações de descobrir conhecimentos prévios dos alunos, discutir
o vocabulário do texto, explorar a seleção do tema do texto, do O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita
assunto tratado, levantar palavras-chave ligadas a esse tema/as- é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia
sunto, e exercitar inferências sobre o texto. nenhuma de ser poupada.
(Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação. Ensino fundamental: anos Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na
finais: área de Linguagens e Códigos / reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acoco-
Secretaria da Educação. Vitória: SEDU, 2009, p. 69. v.1) rado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para
se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar,
O ato de “exercitar inferências sobre o texto” pressupõe de- especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir
senvolver atividades pedagógicas que permitam ao leitor-aluno você.
a) destacar o que é do seu interesse no texto.
b) localizar informações explícitas no texto. E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o
c) apreender informações implícitas no texto. que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras
d) produzir novo texto com base no texto lido. sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de
e) ler em voz alta o texto de leitura. dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode
demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão
3. (AL-GO - Analista Legislativo - Analista de Redes e Co- realmente aceita: dominar e oprimir.
municação de Dados – CS-UFG/2015) A armadilha da
aceitação Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te
aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para
Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. fazer você em pedaços depois.
Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é
VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escri-
absolutamente tentador: os que ali repousam parecem con- to- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html >. Acesso: 13 fev. 2015.
fortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como (Adaptado).
se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de
um dragão. No texto, o uso das palavras “aceita” e “riscada”, no feminino,
conduz à inferência de que:

11
Língua Portuguesa

a) a forma nominal dessas palavras se restringe à flexão no Se ela precisa ser buscada fora, permanentemente, será outra,
feminino provavelmente pior.
b) essas palavras concordam em gênero com palavras a que
Penso no amor, fonte permanente de júbilo e apreensão.
se referem.
c) os interlocutores imediatos do texto são do sexo feminino. Quando ele nos é subtraído, instala-se em nós uma tristeza
d) tais palavras concordam com o sexo da escritora do texto. sem tamanho e sem fim, que tem o rosto de quem nos deixou.
Ela vem de fora, nos é imposta pelas circunstâncias, mas tor-
4. 04. (IF/RJ – Administrador – BIO-RIO/2015)
na-se parte de nós. Um luto encarnado. Um milhão de carna-
Saltando as muralhas da Europa vais seriam incapaz de iluminar a escuridão dessa noite se não
houvesse, dentro de nós, alguma fonte própria de alegria. Nem
De um lado está a Europa da abundância econômica e da esta-
estaríamos na rua, se não fosse por ela. Nem nos animaríamos
bilidade política. De outro, além do Mediterrâneo, uma extensa
a ver de perto a multidão. Ficaríamos em casa, esmagados por
faixa assolada pela pobreza e por violentos conflitos. O pre-
nossa tristeza, remoendo os detalhes do que não mais existe.
cário equilíbrio rompeu-se de uma vez com o agravamento da
Ao longe, ouviríamos a batucada, e ela nos pareceria remota e
guerra civil na Síria. Da Síria, mas também do Iraque e do Afega-
alheia.
nistão, puseram-se em marcha os refugiados. Atrás deles, ou
junto com eles, marcham os migrantes econômicos da África Nossa alegria existe, entretanto. Por isso somos capazes de
e da Ásia. No maior fluxo migratório desde a Segunda Guerra cantar e dançar quando o destino nos atinge.
Mundial, os desesperados e os deserdados saltam as muralhas
Nossa alegria se manifesta como força e teimosia: ela nos
da União Europeia. põe de pé quando nem sairíamos da cama. Ela se expõe
Muralhas? Em tempos normais, os portais da União Europeia como esperança: acreditamos que o mundo nos trará algo
estão abertos para os refugiados, mas fechados para os imi- melhor esta manhã; quem sabe esta noite; domingo, talvez. Ela
grantes. Não vivemos tempos normais. Os países da Europa nos torna sensível à beleza da mulher estranha, ao sorriso feliz
Centro-Oriental, Hungria à frente, fazem eco à xenofobia da do amigo, à conversa simpática de um vizinho, aos problemas
extrema-direita, levantando as pontes diante dos refugiados. do colega de trabalho. Nossa alegria cria interesse pelo mundo
Vergonhosamente, a Grã-Bretanha segue tal exemplo, ainda e nos faz perceber que ele também se interessa por nós.
que com menos impudor. Por mínima que seja, essa fonte de luz e energia é suficiente
A Alemanha, seguida hesitantemente pela França, insiste num para dar a largada e começar do zero.
outro rumo, baseado na lógica demográfica e nos princípios Um dia depois do outro. Todos os dias em que seja necessário.
humanitários. Angela Merkel explica a seus parceiros que a Eu-
ropa precisa agir junta para passar num teste ainda mais difícil Quando se está por baixo, muito caído, não é fácil achar o
que o da crise do euro. “O futuro da União Europeia será mol- interruptor da nossa alegria. A gente tem a sensação de que
alegria se extinguiu e com ela o nosso desejo de transar e
dado pelo que fizermos agora, alerta a primeira-ministra alemã.
de viver, que costumam ser a mesma coisa. Mas a alegria
(Mundo, outubro 2015) está lá - feita de boas memórias, do amor que nos deram,
do carinho que a gente deu aos outros. Existe como presença
De alguns segmentos do texto o leitor pode fazer uma série de
abstrata, mas calorosa, que nos dirige aos outros, que nos faz
inferências. A inferência inadequada
olhar para fora. É isso a alegria: algo de dentro que nos leva ao
do segmento “O precário equilíbrio rompeu-se de uma vez com mundo e nos permite o gozo e a reconhecimento de nós mesmos,
o agravamento da guerra civil na Síria” é: no rosto do outro. Empatia e simpatia. Amor.
a) já havia uma guerra civil na Síria há algum tempo.
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro. Mas seu
b) existia um tênue equilíbrio nas tensões da região.
sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de encontro à música
c) haviam ocorrido rompimentos em países do local referido.
e à dança do mundo, ao encontro de nós mesmos.
d) a guerra civil na Síria envolvia outros países vizinhos.
e) um conflito interno de um país pode afetar nações próxi- Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noti-
cia/2015/02/dentro-de-nos-balegriab.html
mas.
Em relação ao texto, é correto afirmar que:
5. (EBSERH – Advogado - Instituto AOCP/2015)
a) somente por meio de inferência é possível concluir que o
[...] a alegria questionamento inicial do texto é respondido.
b) não há elementos linguísticos no texto que comprovem a
Seu sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de encontro ao resposta ao questionamento inicial que o autor faz.
mundo e a nós mesmos c) o questionamento inicial não é respondido no decorrer do tex-
IVAN MARTINS to, propositalmente, ficando como uma reflexão para o leitor.
d) no texto o autor responde explicitamente seu questiona-
A alegria vem de dentro ou de fora de nós? mento inicial.
A pergunta me ocorre no meio de um bloco de carnaval, en- e) não é possível, durante a leitura, definir se o questiona-
quanto berro os versos imortais de Roberto Carlos, cantados mento inicial do texto é respondido.
em ritmo de samba: “Eu quero que você me aqueça neste in-
verno, e que tudo mais vá pro inferno”. Respostas
Estou contente, claro. Ao meu redor há um grupo de amigos e 01. A
uma multidão ruidosa e colorida. Ainda assim, a resposta so- Questão parece difícil pois a redação não é muito boa. Pergun-
bre a alegria me ilude. Meu coração sorri em resposta a essa tando da seguinte forma fica mais fácil de entender: “É possível
festa ou acha nela apenas um eco do seu próprio e inesperado fazer uma conclusão ou uma dedução do texto a partir de”...viu,
contentamento? ficou mais fácil achar a resposta.
Embora simples, a pergunta não é trivial. Se sou capaz de Torna-se óbvio que só podemos deduzir um texto quando le-
achar em mim a alegria, a vida será uma. mos o máximo de seu argumento.

12
Língua Portuguesa

02. C Só o contexto é que determina a significação dos homônimos.


A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é con-
Inferir significa adivinhar, levantar hipóteses sobre determinado
siderada uma deficiência dos idiomas.
assunto. É isso que o aluno fará com o texto.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico
03. C
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
Interlocutor, significa cada uma das pessoas que participam
1. Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes
de uma conversa, de um diálogo. E estas palavras estão no
no timbre ou na intensidade das vogais.
feminino.
- Rego (substantivo) e rego (verbo).
04 D
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
GUERRA CIVIL subentende CONFLITOS INTERNOS, logo, - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
pode-se inferir que “a guerra civil na Síria NÃO envolvia ou-
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
tros países vizinhos”. A alternativa “D” não apresenta este
entendimento. - Para (verbo parar) e para (preposição).
- Providência (substantivo) e providencia (verbo).
A inferência inadequada é dizer que “a guerra civil na Síria en-
volvia outros países vizinhos”. - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o).
05. D
2. Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferen-
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro.
tes na escrita.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
Ponto de Vista do Autor - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
O Ponto de Vista na literatura é o ângulo sob o qual o autor irá consertar).
narrar sua trama. Existem três formas básicas de mostrar uma - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
narração: primeira pessoa, segunda pessoa e terceira pessoa. - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
Primeira pessoa
- Censo (recenseamento) e senso (juízo).
Quando um personagem narra a história a partir de seu próprio
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
ponto de vista, o escritor está usando a primeira pessoa. Nesse
caso, lemos o livro com a sensação de termos a visão do per- - Paço (palácio) e passo (andar).
sonagem podendo também saber quais são seus pensamen- - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
tos, o que causa uma leitura mais íntima. Da mesma maneira - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
que acontece nas nossas vidas, existem algumas coisas das anular).
quais não temos conhecimento e só descobrimos ao decorrer
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
da história.
(tempo de uma reunião ou espetáculo).

Segunda pessoa 3. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.

Na segunda pessoa, o autor costuma falar diretamente com o - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
leitor, como um diálogo. É um caso mais raro e faz com que o - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
leitor se sinta quase como outro personagem que participa da - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
história. - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
Terceira pessoa
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
Esse ponto de vista coloca o leitor numa posição externa, como
se apenas observasse a ação acontecer. Os diálogos não são Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia.
como na narrativa em primeira pessoa, já que nesse caso o coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, degradar e
autor relata as frases como alguém que estivesse apenas con- degredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, descrição e
tando o que cada personagem disse. discrição, infligir (aplicar) e infringir (transgredir), sede (vontade
de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimen-
to, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
Significação das Palavras divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, corri-
gir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso
Quanto à significação, as palavras são divididas nas se- (congestionado: rosto vultuoso).
guintes categorias:
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan-
Exemplos: tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
gado.
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
- Pena: pluma; peça de metal para escrever; punição; dó.
- Aço (substantivo) e asso (verbo).
- Velar: cobrir com véu; ocultar; vigiar; cuidar; relativo ao véu
do palato.

13
Língua Portuguesa

Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi- Espécie ameaçada de extinção escapa dos caçadores da ma-
cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm de- neira mais radical possível – pelo céu.
zenas de acepções.
Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados da
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo turismo de
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espécimes que ainda
restam na natureza, duas ONG ambientais apelaram para uma
Exemplos:
solução extrema: transportar os rinocerontes de helicóptero.
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio). A ação utilizou helicópteros militares para remover 19 espé-
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado). cimes – com 1,4 toneladas cada um – de seu habitat original,
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). na província de Cabo Oriental, no sudeste da África do Sul,
e transferi-los para a província de Lampopo, no norte do país,
- As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
a 1.500 quilômetros de distância, onde viverão longe dos ca-
Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque çadores. Como o trajeto tem áreas inacessíveis de carro, os
nos seguintes exemplos: rinocerontes tiveram de voar por 24 quilômetros. Sedados e de
- Comprei uma correntinha de ouro. olhos vendados (para evitar sustos caso acordassem), os rino-
cerontes foram içados pelos tornozelos e voaram entre 10 e 20
- Fulano nadava em ouro.
minutos. Parece meio brutal? Os responsáveis pela operação
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim- dizem que, além de mais eficiente para levar os paquidermes a
plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, locais de difícil acesso, o procedimento é mais gentil.
real, denotativo. (BADÔ, F. A fuga dos rinocerontes. Superinteressante, nº 229, 2011.)
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder, A palavra radical pode ser empregada com várias acepções,
glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui vá- por isso denomina-se polissêmica.
rias conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações
que irradiam da palavra). Assinale o sentido dicionarizado que é mais adequado no con-
texto acima.
a) Que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa.
Questões b) Brusco; violento; difícil.
c) Que não é tradicional, comum ou usual.
1. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo – d) Que exige destreza, perícia ou coragem.
FAEPESUL/2016)
5. (UNESP – Assistente Administrativo I – VUNESP/2016)
Atento ao emprego dos Homônimos, analise as palavras
O gavião
sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA:
a) Ainda vivemos no Brasil a descriminação racial. Isso é crime! Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco
b) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente. voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a lua.
c) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão agora Olhamos todos para o céu em busca de algo mais sensacional e
expiar seus crimes. comovente – o gavião malvado, que mata pombas.
d) Em todos os momentos, para agir corretamente, é preciso
o bom censo. O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à contem-
e) Prefiro macarronada com molho, mas sem estrato de to- plação de um drama bem antigo, e há o partido das pombas
mate. e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros (qualquer
palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar o gavião. Os
2. (Pref. de Cruzeiro/SP – Instrutor de Desenho Técnico e amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na verdade come
Mecânico – Instituto Excelência/2016) a sua pombinha com a mesma inocência com que a pomba
Assinale a alternativa em que as palavras podem servir de come seu grão de milho.
exemplos de parônimos: Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pombas e
a) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem gentil). também o lance magnífico em que o gavião se despenca sobre
b) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo). uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a ver-
c) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se senta). dade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo tiro
d) Nenhuma das alternativas. pode também ser a verdade do caçador.
3. (TJ/MT – Analista Judiciário – Ciências Contábeis – Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o
UFMT/2016) gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, pode
Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas, seja no lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem.
modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por exem- (Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado)
plo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada uma
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no texto
apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias di-
– … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro
ferentes, denomina-se homônimo homófono. Assinale a alterna-
homem. –, é empregado com sentido
tiva em que todas as palavras se encontram nesse caso.
a) próprio, equivalendo a inspiração.
a) taxa, cesta, assento
b) próprio, equivalendo a conquistador.
b) conserto, pleito, ótico
c) figurado, equivalendo a ave de rapina.
c) cheque, descrição, manga
d) figurado, equivalendo a alimento.
d) serrar, ratificar, emergir
e) figurado, equivalendo a predador.
e)
4. (TJ/MT – Analista Judiciário – Direito – UFMT/2016 ) Respostas
A fuga dos rinocerontes 1. Resposta C

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Língua Portuguesa

a) Discriminação é um substantivo feminino que significa


distinguir ou diferenciar.
b) Eminente é o que se destaca por sua qualidade ou impor-
3. Tipologia textual
tância; excelente, superior. Iminente é o que está prestes
a acontecer. Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que im-
c) Correta plicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
d) Bom senso é um conceito usado na argumentação que momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer)
está estritamente ligado às noções de sabedoria e de ra- e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
zoabilidade. Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
e) Estrato se refere a uma camada, uma faixa. Extrato se escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre de-
refere, principalmente, a alguma coisa que foi retirada de terminado assunto.
outra, ou seja, extraída de outra. E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
2. Resposta A expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
a) CORRETA. Paronímia “é a relação que se estabelece en-
tre duas ou mais palavras que possuem significados dife- Descrição
rentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, - Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta
isto é, os parônimos”. uma visão;
Exemplos: Cavaleiro – cavalheiro - É um tipo de texto figurativo;
Absolver – absorver Comprimento – cumprimento. - Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
b) INCORRETA. Tais palavras são homófonas e homógra- - Predomínio de atributos;
fas, ou seja, possuem grafia e pronúncia iguais. - Uso de verbos de ligação;
Outro exemplo é: Cura (verbo) e Cura (substantivo). - Frequente emprego de metáforas, comparações e outras fi-
c) INCORRETA. Tais palavras são homófonas, ou seja, ape- guras de linguagem;
sar de possuírem a mesma pronúncia, são diferentes na - Tem como resultado a imagem física ou psicológica.
escrita.
Outro exemplo é: cela (substantivo) e sela (verbo) Narração
3. Resposta A Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta antes,
a) taxa, cesta, assento TAXA/TACHA(verbo) - homônimo ho- durante e
mófono CESTA/SEXTA = homônimo homófono ASSENTO/ depois dos acontecimentos (geralmente);
ACENTO = homônimo homófono
b) conserto, pleito, ótico CONCERTO/CONSERTO = homô- É um tipo de texto sequencial;
nimo homófono PLEITO/PREITO = parônimos (parecidas) Relato de fatos;
ÓTICO/OPTICO = Ótico: relativo aos ouvidos/Óptico: re-
lativo aos olhos = parônimos Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
c) cheque, descrição, manga CHEQUE/XEQUE = homônimos
Apresentação de um conflito;
homófonos DESCRIÇÃO/DISCRIÇÃO=parônimosMANGA
(roupa)/MANGA(fruta) = homônimos perfeitos Uso de verbos de ação;
d) serrar, ratificar, emergir CERRAR/SERRAR = homônimos
Geralmente, é mesclada de descrições;
homófonos RATIFICAR/RETIFICAR = parônimos EMER-
GIR/IMERGIR = parônimos O diálogo direto é frequente.
4. Resposta C
Dissertação
Polissemia: “Trata da pluralidade significativa de um mesmo - Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
vocábulo, que, a depender do contexto, terá uma significação
- É um tipo de texto argumentativo.
diversa. Em palavras mais simples: a palavra polissêmica é
aquela que, dependendo do contexto, muda de sentido (mas Defesa de um argumento:
não muda de classe gramatical!). “A Gramática para concursos - Apresentação de uma tese que será defendida, Desenvolvi-
públicos, 2º edição, 2015, p. 81) mento ou argumentação,
Os rinocerontes fugiram de helicóptero, concordam que é uma - Fechamento;
maneira incomum? Não é algo que se ver diariamente, por isso - Predomínio da linguagem objetiva;
a alternativa que se encaixa melhor no contexto é a letra “c”.
- Prevalece a denotação.
5. Resposta E
“Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o Carta
gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, - Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um
pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro remetente e um destinatário;
homem.” - É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa
O trecho indica que na ausência de um outro predador para o um tipo de leitor;
homem (alguém que lhe mate - ideia substituída no texto pela - É necessário que se utilize uma linguagem adequada com o
associação com o gavião, em sentido figurado), pode aconte- tipo de destinatário e que
cer de ser outro homem o responsável por tal ato. - durante a carta não se perca a visão daquele para quem o
texto está sendo escrito.

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Língua Portuguesa

Descrição lógica, pois, como veremos adiante, a ordem em que os ele-


mentos são descritos produz determinados efeitos de sentido.
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pa-
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que lavras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele,
seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, etc. ou catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito,
em imagens. como este, etc.), que podem perder sua função e assim não
ser compreendidos. Se tomarmos uma descrição como As flo-
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou res manifestavam todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar,
uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é ao invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas
necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do alterações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu esplendor.
forma, o que será importante ser analisado para um, não será Como, na versão original, o pronome oblíquo as é um anafórico
para outro. que retoma flores, se alterarmos a ordem das frases ele perderá
A vivência de quem descreve também influencia na hora de o sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra flores para a
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, primeira frase e retomá-la com o anafórico elas na segunda.
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. Por todas essas características, diz-se que o fragmento do
Exemplos: conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em
que se expõem características de seres concretos (pessoas,
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas a objetos, situações, etc.) consideradas fora da relação de ante-
penumbra dos ramos cobria o atalho. Ao seu redor havia ruídos rioridade e de posterioridade.
serenos, cheiro de árvores, pequenas surpresas entre os cipós.
Todo o jardim triturado pelos instantes já mais apressados da Características:
tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? - Ao fazer a descrição enumeramos características, compara-
Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, ções e inúmeros elementos sensoriais;
suave demais, grande demais.” - As personagens podem ser caracterizadas física e psicolo-
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) gicamente, ou pelas ações;
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplica- - A descrição pode ser considerada um dos elementos cons-
do, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter titutivos da dissertação e da argumentação;
aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; - é impossível separar narração de descrição;
vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, a capacidade de observação que deve revelar aquele que a
cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois realiza;
do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele
do que conosco. - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974,
págs. 31-32.)
pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda,
sanguínea e fogosa, era um desses exemplares excessivos
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da do sexo que parecem conformados expressamente para es-
escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: posas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo enunciados;
tinha grande medo ao pai);
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser consi- se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
derada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é verbos que indiquem estado ou fenômeno.
cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do rela-
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
to, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o
adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
que o escritor quer é explicitar uma característica do meni-
no, e não traçar a cronologia de suas ações); A característica fundamental de um texto descritivo é essa
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar,
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitân- numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que
cia em relação a um marco temporal instalado no texto (no eles sejam sempre simultâneos, não indicando progressão de
caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a escola uma situação anterior para outra posterior. Tanto é que uma
da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma transfor- das marcas linguísticas da descrição é o predomínio de verbos
mação de estado; no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primei-
ro expressa concomitância em relação ao momento da fala; o
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não cor-
reríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica segundo, em relação a um marco temporal pretérito instalado
- poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri- no texto.
meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre Para transformar uma descrição numa narração, bastaria in-
era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola troduzir um enunciado que indicasse a passagem de um esta-
depois do pai e retirava- se antes... do anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem crono- medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...

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Língua Portuguesa

Características Linguísticas: A descrição pode ser apresentada sob duas


formas
O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconteci-
mento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
relação situação inicial e situação final, enquanto que o enun- Descrição Objetiva
ciado descritivo, não tendo transformação, é atemporal.
Quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semân- como realmente são, concretamente.
ticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
Exemplo: “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicado- atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros,
res de propriedades, atitudes, qualidades, usados principal- cabelos negros e lisos”.
mente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar,
haver, situar-se, existir, ficar). Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des- Exemplo: “ A casa velha era enorme, toda em largura, com
crito; porta central que se alcançava por três degraus de pedra e
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-
Exemplo:
-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala- de madeira-de- lei. Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alar- -claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente
gando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte,
tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio
por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela se
mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do alinha-
farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava mento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas
grandes muito despegadas do crânio.” Descrição Subjetiva
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
Quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o ob-
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, jeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de
sinestesias). Exemplo: quem escreve, podendo opinar ou expressar seus sentimentos.
“Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gor- Exemplo: “Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pul-
do, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu so ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito
corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era
que lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um
os olhinhos de azougue.” rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
(José de Alencar - Senhora)
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra esperan-
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: ça maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-frança,
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por lei, de
essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você sobregoverno.”
entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
devia ter uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elemen-
dali tinha um corredor comprido de onde saíam três portas; no tos descritivos:
final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha
que ia dar no quintal e atrás ainda tinha um galpão, que era o Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
lugar da bagunça...” temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente,
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
uma vez que eles indicam propriedades ou características que
ocorrem si-multaneamente.
Recursos No entanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efei-
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. tos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de
do sol. sentido distintos.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu Bocage:
sereno, uma pureza de cristal.
Magro, de olhos azuis, carão moreno, bem servido de pés,
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da meão de altura, triste de facha, o mesmo de figura, nariz alto
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparen- no meio, e não pequeno.
te que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
Incapaz de assistir num só terreno, mais propenso ao furor do
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do tex-
que à ternura; bebendo em níveas mãos por taça escura de
to. Ex.: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pes-
zelos infernais letal veneno.
soal, muito crente.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
O poeta descreve-se das características físicas para as ca-
racterísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria
o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer
relevo.
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Língua Portuguesa

O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar - Características psicológicas (personalidade, temperamento,
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto, caráter, preferências, inclinações, postura, objetivos).
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores,
Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou suas caracte-
geral.
rísticas psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva).
Descrição de pessoas (II):
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer as-
desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever pecto de caráter geral.
seu texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando an-
tes ou depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva. Desenvolvimento:
- Análise das características físicas, associadas às caracterís-
Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
ticas psicológicas (1ª parte).
- Introdução: observações de caráter geral referentes à pro-
- Análise das características físicas, associadas às caracterís-
cedência ou localização do objeto descrito.
ticas psicológicas (2ª parte).
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (compara-
ção com figuras geométricas e com objetos semelhantes); Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) geral.
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/ A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma
brilho, textura. estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predomi-
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua nam. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descre-
como um todo. ver, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o
pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor
Descrição de objetos constituídos por várias partes: de uma descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o per-
- Introdução: observações de caráter geral referentes à pro- mita sua sensibilidade.
cedência ou localização do objeto descrito.
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-lite-
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das rária ou literária. Na descrição não- literária, há maior preocu-
partes que compõem o objeto, associados à explicação de pação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por
como as partes se agrupam para formar o todo. ser objetiva, há predominância da denotação.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
(externamente) - formato, dimensões, material, peso, textu- Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um tipo
ra, cor e brilho. de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para des-
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
crever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os com-
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
põem, para descrever experiências, processos, etc.
em sua totalidade.
Exemplo:
Descrição de ambientes:
Folheto de propaganda de carro
Introdução: comentário de caráter geral.
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir o
Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat
aroma (se houver).
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de ele-
Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje- vada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, escultu- ambiente.
ras ou quaisquer outros objetos.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capaci-
Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no dade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros,
ambiente. Descrição de paisagens: com o encosto do banco traseiro rebaixado.
Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer ou- Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plásti-
tra referência de caráter geral. co reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar
Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explicação a deformação em caso de colisão.
do que se vê ao longe). Textos descritivos literários: Na descrição literária predomina
Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações
do observador - explicação detalhada dos elementos que com- conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições
põem a paisagem, de acordo com determinada ordem. de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situa-
ções e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também po-
Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca dem ocorrer tanto em prosa como em verso.
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Descrição de pessoas (I):
Narração
Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer as-
pecto de caráter geral. A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, fictí-
cia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo apre-
Desenvolvimento: senta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
- Características físicas (altura, peso, cor da pele, idade, ca- organizados por uma narração feita por um narrador. É uma
belos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mu-

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Língua Portuguesa

dança de um estado para outro, segundo relações de sequen- Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato Espaço -
cialidade e causalidade, e não simultâneos como na descrição. Onde? Lugar onde ocorreu o fato
Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e as li-
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
gações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
situações que contêm essa vivência. Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato Resultado
- previsível ou imprevisível.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra-
dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem Final - Fechado ou Aberto.
ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de
ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo,
tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
a maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto são os
como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de
verbos de ação. O conjunto de ações que compõem o texto
implicação mútua entre eles, para garantir coerência e verossi-
narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto
milhança à história narrada.
recebe o nome de enredo.
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obriga-
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per-
toriamente sempre presentes no discurso, exceto as persona-
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no epi-
gens ou o fato a ser narrado.
sódio que está sendo contado. As personagens são identifica-
das (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos próprios. Exemplo:
Porquinho-da-índia
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações Quando eu tinha seis anos
do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde Ganhei um porquinho-da-índía.
ocorre uma ação ou ações é chamado de espaço, representa- Que dor de coração me dava
do no texto pelos advérbios de lugar. Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da Ele não gostava
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através Queria era estar debaixo do fogão.
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu. - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio,
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte 1973, pág. 110.
inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desen-
volvimento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, Observe que, no texto acima, há um conjunto de transfor-
o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) e termina mações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é passar
com a conclusão da história (é o final ou epílogo). Aquele que da situação de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo
conta a história é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª para a sala ou para outros lugares é passar da situação de ele
pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele). estar debaixo do fogão para a de estar em outros lugares; ele
não gostava: “queria era estar debaixo do fogão” implica a
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos volta à situação anterior; “não fazia caso nenhum das minhas
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e ternurinhas” dá a entender que o menino passava de uma situ-
pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são ação de não ser terno com o animalzinho para uma situação de
os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem
ser; no último verso tem-se a passagem da situação de não ter
as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a
namorada para a de ter.
própria história contada.
Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
mudanças de situação. É isso que define o que se chama o
história.
componente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mu-
Elementos Estruturais 1 dança de estado pela ação de alguma personagem, é uma
transformação de situação. Mesmo que essa personagem não
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
apareça no texto, ela está logicamente implícita. Assim, por
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacio- exemplo, se o menino ganhou um porquinho-da-índia, é por-
nam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Reve- que alguém lhe deu o animalzinho.
lam-se por meio de características físicas ou psicológicas.
Os personagens podem ser lineares (previsíveis), comple- Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em
xos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o por-
tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis quinho-da índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o por-
ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. quinho perdia, a cada vez que o menino o levava para outro
lugar, o espaço confortável de debaixo do fogão). Assim, temos
- Narrador: é quem conta a história.
dois tipos de narrativas: de aquisição e de privação.
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação.
Cronológico: o tempo convencional (horas, dias, meses); Existem três tipos de foco narrativo:
Psicológico: o tempo interior, subjetivo. - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem
Elementos Estruturais 2 ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista Acontecimen- - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
to - O quê? Fato alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor,
a história é contada em 3ª pessoa.

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Língua Portuguesa

- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e Em 3ª pessoa:


as personagens, revelando seus pensamentos e sentimen-
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa.
tos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes,
Exemplo:
aparece misturada com pensamentos dos personagens
(discurso indireto livre). “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram
de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com
Estrutura ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha
da malha de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
cara à mostra, sem máscara piedosa para disfarçar o senti-
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da
mento impreciso de ridículo.”
história, como o momento e o lugar onde a ação se desen-
volverá. (Ilka Laurito. Sal do Lírico)

- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria- Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sen-
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, con- do vista por uma câmara ou filmadora.
duzindo ao clímax.
Exemplo:
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
momento crítico, tornando o desfecho inevitável. Festa
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o
dos personagens. crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois
meninos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo,
Tipos de Personagens mas ambos com menos de dez anos.
Os personagens têm muita importância na construção de um Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta-
texto narrativo, são elementos vitais. mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis
Podem ser principais ou secundários, conforme o papel que mesas desertas.
desempenham no enredo, podem ser apresentados direta ou O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho-
indiretamente. mem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e
A apresentação direta acontece quando o personagem apare- dois pãezinhos.
ce de forma clara no texto, retratando suas características físi- - Duzentos e vinte.
cas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construin-
do a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir - Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai - Como?
fazendo.
Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
Em 1ª pessoa toso. O homem olha para os meninos.
- O preço é o mesmo – informa o rapaz.
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a
história e é o protagonista. Exemplo: - Está certo.

“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Come- O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
cei a andar de um lado para outro, estacando para amparar- guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada
-me, e andava outra vez e estacava.” um. O homem e (mais do que ele) os meninos olham para den-
(Machado de Assis. Dom Casmurro) tro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acredi- Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo
tar, eu estava lá e vi. Exemplo: de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e
morde o primeiro bocado do pão.
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contraban- O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri-
dista que fez cancha nos banhados do Brocai. teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo ab-
sorvidos com o sanduíche e a bebida.
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a cruzar
os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos. E
na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados
que chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por naquela mesa.
alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca (Wander Piroli)
desandou cruzada! ...
(...) Tipos de Discurso
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele. Ca- Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para
sado ou doutro jeito, afamilhado. Não nos víamos desde muito o personagem, sem a sua interferência.
tempo. (...)
Exemplo:
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança Caso de Desquite
dos leitões e no tiramento dos assados com couro.”
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca).
Veja, doutor, este velho caducando.

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Língua Portuguesa

Bisavô, um neto casado. Agora com mania de mulher. Todo Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do perso-
velho é sem-vergonha. nagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente recen-
te. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não me
pise, fico uma jararaca. A Morte da Porta-Estandarte
Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços.
Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom? Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso
Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no pri- segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu...
meiro mês. Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham
paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses
Você desempregado, quem é que fazia roça? tambores? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar...
Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui joga- Por que não está malhando em sua cabeça? ... (...) Ele vai tirar
do na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem Rosinha da cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui ela, para o fundo do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom? (Aníbal Machado)

Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?


Sequência Narrativa
O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias:
Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordi-
Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher... na-se a outra.
Eu arranjo. A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um
cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
me deixar sem nada? - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma com-
petência para fazer algo);
Você tinha a mula e a potranca. A mula vendeu e a potranca,
deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou
e roupa lavada. devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
- uma em que se constata que uma transformação se deu e
Para onde foi a lavadeira?
em que se podem atribuir prêmios ou castigos às persona-
Quem? gens (geralmente os prêmios são para os bons, e os casti-
gos, para os maus).
A mulata.
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
(...)
supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a reali-
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) zação de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetu-
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, a-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la.
sem lhe passar diretamente a palavra. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento:
quando se assina a escritura, realiza-se o ato de compra; para
Exemplo: isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever com-
Frio prar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou ter
necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).
O menino tinha só dez anos.
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem.
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bam-
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, bu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é
afastou a ideia como se estivesse fazendo uma coisa errada. preciso antes conseguir o dinheiro.
(Nos bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem
que percebesse; e depois? ... Que é que diria a Paraná?) Narrativa e Narração
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri- Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é
nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia fir- um componente narrativo que pode existir em textos que não
me e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito são narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por
para nada. exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se
Olho vivo – como dizia Paraná. a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que,
no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ia uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas imigração européia.
esquinas. O seu coraçãozinho se apertava. Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. texto, o que é narração? A narração é um tipo de narrativa.
Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo Tem ela três características:
jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele - é um conjunto de transformações de situação (o texto de
seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavel- Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, pre-
mente faltava mais ou menos uma hora para chegar em casa. enche essa condição);
Os bondes passavam. - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço) concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também
esse requisito);
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Língua Portuguesa

- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal Tipologia da Narrativa Ficcional


que, entre elas, existe sempre uma relação de anteriorida- - Romance
de e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de
ganhar o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, - Conto
que por sua vez é anterior ao de o menino levá-lo para a - Crônica
sala, que por seu turno é anterior ao de o porquinho-da-índia - Fábula
voltar ao fogão).
- Lenda
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre per- - Parábola
tinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da
- Anedota
temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no ro-
mance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, quan- - Poema Épico
do o narrador começa contando sua morte para em seguida
relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. No en- Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
tanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações de - Memorialismo
anterioridade e de posterioridade. - Notícias
Resumindo: na narração, as três características explicadas - Relatos
acima (transformação de situações, figuratividade e relações - História da Civilização
de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados)
devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só
Apresentação da Narrativa:
uma ou duas dessas características não é uma narração.
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua-
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto drinhos) e desenhos.
narrativo:
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos.
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
aconteceu, quando e onde. - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.

- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos per-


sonagens. Dissertação
- Desenvolvimento: detalhes do fato.
- Conclusão: consequências do fato. Caracterização Formal: A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação
de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema.
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto narrati- Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, cla-
vo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto a reza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento
criação e o colorido do contexto estão em função da individuali- de trabalho e uma habilidade de expressão.
dade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator,
a narração terá diversas abordagens. Assim é de grande impor- É em função da capacidade crítica que se questionam pon-
tância saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pes- tos da realidade social, histórica e psicológica do mundo e dos
soa. No primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu signi-
há uma inferência do último através da onipresença e onisciência. ficado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição de
uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade de
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico.
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O Exemplo:
narrador que usa essa técnica (característica comum no cinema Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser pri-
moderno) demonstra maior criatividade e originalidade, podendo meiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como ser-
observar as ações ziguezagueando no tempo e no espaço. vir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segun-
Exemplo - Personagens do, como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como
clamar, com zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amân- príncipe discreto prefere nomear os que se valem do último
cio não viu a mulher chegar. desses métodos, pois os tais fanáticos sempre se revelam os
- Não quer que se carpa o quintal, moço? mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do
amo. Tendo à sua disposição todos os cargos, conservam-se
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es-
no poder esses ministros subordinando a maioria do senado,
calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
ou grande conselho, e, afinal, por via de um expediente cha-
passado, os olhos).”
mado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantem-se contra
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado Aberto, p. 5O) futuras prestações de contas e retiram-se da vida pública car-
Exemplo - Espaço regados com os despojos da nação.
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem
Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.” chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a
escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento,
1981, p. 51) justifica esse conselho.
Exemplo - Tempo Observe-se que:
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mu-
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem
lher lhe pediu que a chamasse cedo.”
particular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro,
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
22
Língua Portuguesa

mas do homem em geral e de todos os métodos para atingir Características: caracterização de espaços ou aspectos.
o poder);
Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex.: “Em
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu- 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televiso-
dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da res. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos
corte no momento em que se tornam primeiros-ministros); receptores instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257
- a progressão temporal dos enunciados não tem importân- emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repe-
cia, pois o que importa é a relação de implicação (clamar tidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
contra a corrupção da corte implica ser corrupto depois da
Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
nomeação para primeiro-ministro).
Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
Características:
texto. Ex.: “A principal característica do déspota encontra-se
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temá- no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das
tico; regras que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusiva-
mente de sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de an-
terioridade e de posterioridade dos enunciados não têm Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
maior importância - o que importa são suas relações ló- compõem o texto.
gicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, cor-
respondência, implicação, etc. Interrogação: questionamento. Ex.: “Volta e meia se faz a per-
gunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de
futebol não é uma prova de alienação?”
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem
características próprias a cada tipo de texto. Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosida-
de do leitor.
Dissertação Expositiva e Argumentativa Comparação: social e geográfica.
A dissertação expositiva é voltada para aqueles fatos que estão
Enumeração: enumerar as informações. Ex.: “Ação à distân-
sendo focados e discutidos pela grande mídia. É um tipo de
cia, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das
acontecimento inquestionável, mesmo porque todos os deta-
massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades
lhes já foram expostos na televisão, rádio e novas mídias.
que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira
Já o texto dissertativo argumentativo vai fazer uma reflexão doença do século...”
maior sobre os temas. Os pontos de vista devem ser decla-
Narração: narrar um fato.
rados em terceira pessoa, há interações entre os fatos que se
aborda. Tais fatos precisam ser esclarecidos para que o leitor
se sinta convencido por tal escrita. Quem escreve uma disser-
Desenvolvimento
tação argumentativa deve saber persuadir a partir de sua crítica É a argumentação da ideia inicial, de forma organizada e pro-
de determinado assunto. A linguagem jamais poderá deixar de gressiva. É a parte maior e mais importante do texto. Podem
ser objetiva, com fatos reais, evidências e concretudes. ser desenvolvidos de várias formas:
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este
Conclusão. tipo de abordagem.
Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia
Introdução
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
Em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal,
Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
distintas.
Tipos:
Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos fa-
Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. voráveis e desfavoráveis.
Ex.: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descre-
ver uma cena.
Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato
presente. Ex.: “A crise econômica que teve início no começo Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis
a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas resultados.
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urba-
na, cuja escalada tem sido facilmente identificada pela popu- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apresen-
lação brasileira.” tar questionamento e reflexão.
Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valo-
Proposição: o autor explicita seus objetivos.
res, juízos.
Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa
Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por-
apresentada no texto. Ex.: Você quer estar “na sua”? Quer se
quês de uma determinada situação.
sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
momento!
Exemplificação: dar exemplos.
Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex.: “É
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é
a solução no combate à insegurança.”

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Língua Portuguesa

Conclusão 7º Parágrafo: Conclusão

É uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de Uma possível solução é apresentada.
tudo que se argumentou.
O texto conclui que desigualdade não se casa com
Para ela convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. modernidade.
Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre
Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pensamen- o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos re-
to ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de quem lê. cursos que permite uma segurança maior no momento de dis-
sertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes
Exemplo: que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento
Direito de Trabalho de um texto dissertativo.
Ainda temos:
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por sunto que vai ser abordado.
meio da exclusão. (A)
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido.
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho
automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos
qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Ou- com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de
tro fator que também leva ao desemprego de um sem número forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos,
de trabalhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B) ou seja, razões a favor ou contra uma determinada tese.

Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior-
que provém dessa automatização e qualificação, obriga que mente. Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos tra- - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade
balhadores, de que, mesmo que as empresas sejam automati- de pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
zadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C) - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
Não é uma utopia?! - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
Um exemplo vivo são os boias-frias que trabalham na colheita da - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go- - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi-
vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do
a queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os en- que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
tão pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D) nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impes-
soal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de
cabelereiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mer- O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar:
cado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou
informais. mais frases que explicitem tal ideia.
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia
estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda central) porque oculta os problemas
estão desempregados? como vimos no último concurso da
sociais realmente graves. (ideia secundária)”.
prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”, havia até advogado na
fila de inscrição. (E) Vejamos:
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que urgentemente.
almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser combatida
de desníveis gritantes e criar soluções eficazes para combater
urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos
a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e
põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daque-
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G)
las que sofrem de problemas respiratórios.
1º Parágrafo – Introdução - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
muita gente ao vício.
Tema: Desemprego no Brasil.
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação
Contextualização: decorrência de um processo histórico criados pelo homem.
problemático.
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvi-
do apenas pela polícia.
Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a
uma análise do tema em questão. - O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atual-
mente.
Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie-
realidade. dade brasileira.
Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
propõe soluções.
Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

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Língua Portuguesa

Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de ta e só muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação
coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de característi- de massa.
cas, funções, processos, situações, sempre oferecendo o com-
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmi-
plemento necessário à afirmação estabelecida na frase nucle-
dos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte
ar. Pode-se enumerar, seguindo-se os critérios de importância,
decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da
preferência, classificação ou aleatoriamente.
rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões temperadas
Exemplo: e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.
1. O adolescente moderno está se tornando obeso por várias (Melhem Adas)
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios siste-
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se concei-
máticos e demasiada permanência diante de computado-
tuar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
res e aparelhos de Televisão.
compreensíveis.
2. Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
número de emissoras que dedicam parte da sua progra- Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
mação à veiculação de programas religiosos de crenças coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
variadas. ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
3. sangue vermelho- vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar,
- A Santa Missa em seu lar. porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que
o coração remete para os pulmões para receber oxigênio e li-
- Terço Bizantino.
berar gás carbônico”.
- Despertar da Fé.
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
- Palavra de Vida.
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
- Igreja da Graça no Lar. enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é
4. a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o gover- seguintes ideias:
no brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilí- - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
brios sociológicos e poluição. história do Brasil.
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar - O surgimento de várias entidades de defesa das populações
pelos caminhos do crime. indígenas.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, por- - A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi-
que pode trazer muitas consequências indesejáveis. leiro.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevi- - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
vência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fa-
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá-
zer a estruturação do texto.
rias categorias.
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da
comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apre- Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
senta-lhes a semelhança ou dessemelhança. (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por
Exemplo: isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para
dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvol-
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve- vimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de
lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente análise e a hipótese ou a tese a ser defendida.
sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que
a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”. Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda-
mentar a ideia principal que pode vir especificada através da
(Arthur Schopenhauer)
argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon- consequência, das definições, dos dados estatísticos, da orde-
tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motiva- nação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvol-
dor) e, em outras situações, um segmento indicando consequ- vimento são usados tantos parágrafos quantos forem neces-
ências (fatos decorrentes). sários para a completa exposição da ideia. E esses parágrafos
podem ser estruturados das cinco maneiras expostas acima.
Exemplos:
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já
coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação
(um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o ob-
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre jetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou
nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa so- da tese, acrescida da argumentação básica empregada no
ciedade fria e inamistosa. desenvolvimento.
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos. Injunção
Exemplos: Os textos injuntivos têm por finalidade instruir o interlocutor,
utilizando verbos no imperativo para atingir seu intuito.
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são:
um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escri- manual de instruções, receitas culinárias, bulas, regulamentos,
editais etc.

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Língua Portuguesa

“[...] Não instale nem use o computador em locais muito quen- Muita gente fala que, com a inflação e a recessão, pode perder
tes, frios, empoeirados, úmidos ou que estejam sujeitos a vi- o emprego ou os clientes. Faltará renda, faltarão consumido-
brações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou res. O ano de 2015 será, mais uma vez, ruim para quem vende.
vibrações, e evite que ele caia, para não prejudicar as peças Será um ano bom para quem pensa em comprar. Estarei atento
internas [...]”. (Manual de instruções de um computador). aos bons negócios para quem tem dinheiro na mão. Se a renda
fixa paga bem, a compra à vista tende a me dar descontos
maiores. É por esse mesmo motivo que, em 2015, evitarei as
Questões dívidas. Os juros estão altos e isso me convida a poupar, e não
a alugar dinheiro dos bancos. Dívidas de longo prazo são cor-
1. (SHDIAS – ANALISTA ADMINISTRATIVO JÚNIOR – rigidas pela inflação, também em alta. Por isso, aproveitarei os
IMA/2015) ganhos extras de fim de ano para liquidar dívidas e me policiar
(...) Há um pôr-do-sol de primavera e uma velha casa abando- para não contrair novas.
nada. Está em ruínas. No ano que começa, também não quero fazer papel de otário
A velha casa não mais abriga vidas em seu interior. Tudo é pas- e deixar nas mãos do governo mais impostos do que preciso.
sado. Tudo é lembrança. Não sonegarei. Mas aproveitarei o fim do ano para organizar
meus papéis e comprovantes, planejar a declaração de Impos-
Hoje, apenas almas juvenis brincam despreocupadas e felizes to de Renda de março e tentar a maior restituição que puder,
entre suas paredes trêmulas. ou o mínimo pagamento necessário. Listarei meus gastos com
Em seu chão, despido da madeira polida que a cobriam, bro- dependentes, educação e saúde, doarei para instituições que
tam ervas daninhas. Entre a vegetação que busca minimizar as fazem o bem, aplicarei num PGBL o que for necessário para o
doces recordações do passado, surge a figura amarela e suave máximo benefício. Entregarei minha declaração quanto antes,
da margarida, flor-mulher. As nuanças de suas cores sorriem e no início de março. Quero ver minha restituição na conta mais
denunciam lembranças de seus ocupantes. cedo, já que 2015 será um ano bom para quem tiver dinheiro
na mão.
A velha casa está em ruínas. Pássaros saltitam e gorjeiam nas
amuradas que a cercam. Seus trinados são melodias no al- Para quem lamenta, recomendo cuidado com o monstro e com
tar do tempo à espera de redentoras orações. Raízes vorazes o governo. Para quem está atento às oportunidades, desejo
de grandes árvores infiltraram-se entre as pedras do alicerce e boas compras.
abalam suas estruturas. (Disponívelem:http://epoca.globo.com/colunas‐e‐blogs/gustavo‐cerbasi/noti-
cia/2015/01/como‐cuidar‐de‐bseu‐dinheirob‐em‐2015.html
Agoniza a velha casa. Agora, somente imagens desfilam, ao
De acordo com a tipologia textual, o objetivo principal do
longo das noites. As janelas são bocas escancaradas. A casa
autor é:
velha em ruínas clama por vozes e movimentos...
a) narrar.
(Geraldo M. de Carvalho) b) instruir.
De acordo com a tipologia textual, o texto acima: c) descrever.
a) é descritivo, com traços dissertativos compondo um am- d) argumentar.
biente nostálgico. 3. (ELETROBRAS – Eletricista/Motorista – IADES /2015)
b) possui descrição subjetiva apenas no trecho “A velha casa
não mais abriga vidas em seu interior. Tudo é passado. Por isso foi à luz de uma vela mortiça Que li, inserto na cama,
Tudo é lembrança.” O que estava à mão para ler -- (...)
c) ocorre uma descrição objetiva narrativa no trecho todo.
Em torno de mim o sossego excessivo de noite de província
d) é formado basicamente de descrições subjetivas.
Fazia um grande Barulho ao contrário,
2. (PREFEITURA DE RIO NOVO DO SUL/ES – AGENTE Dava-me uma tendência do choro para a desolação.
FISCAL – IDECAN/2015)
A “Primeira Epístola aos Coríntios” ...
Como cuidar de seu dinheiro em 2015
Relia-a à luz de uma vela subitamente antiquíssima,
Gustavo Cerbasi.
E um grande mar de emoção ouvia-se dentro de mim... Sou
Em 2015, cuidarei bem do meu dinheiro. Organizarei bem os nada...
números e as verbas. Esses números mudarão bastante ao
Sou uma ficção...
longo do ano. Um monstro chamado inflação ronda o país. Só
que, agora, ele usa um manto da invisibilidade, que ganhou Que ando eu a querer de mim ou de tudo neste mundo?
de seu criador, o governo. Quando morder meu bolso, eu nem
“Se eu não tivesse a caridade.”
saberei de onde terá vindo o ataque, não terei tempo de me
defender. Por isso, deixarei boas gorduras no orçamento para E a soberana luz manda, e do alto dos séculos, A grande men-
atirar a ele, quando aparecer. Essas gorduras serão chamadas sagem com que a alma é livre... “Se eu não tivesse a caridade...”
de verba para lazer e reservas de emergência. Meu Deus, e eu que não tenho a caridade.
Em 2015, não farei apostas. Já há gente demais apostando CAMPOS, Álvaro de. (Heterônimo de Fernando Pessoa). Ali não havia eletricida-
de. In: “Poemas”. Disponível em:< http://www.citador.pt/poemas/>. Acesso em:
em imóveis, ações e outros investimentos especulativos. Farei 5 jan. 2015, com adaptações.
escolhas certeiras. Deixarei a maior parte de meu investimento
na renda fixa. Ela está com uma generosidade única no mun- A respeito da tipologia textual, é correto afirmar que o poema
do. Enquanto isso, estudo o desespero de especuladores que representa uma
aguardarão a improvável recuperação dos imóveis, da Petro- a) narração.
bras, da credibilidade dos mercados. Quando esses especula- b) argumentação.
dores jogarem a toalha, usarei parte de minhas reservas para c) (descrição.
fazer investimentos bons e baratos. Mas não na Petrobras. d) caracterização.
e) dissertação.

26
Língua Portuguesa

Respostas relação de semelhança. Todos os significados que a palavra


sangue sugere ao leitor passam também para a palavra verso.
1. Resposta D
Os poetas são mestres na citação de metáforas surpreen-
Objetividade – Análise, crítica imparcial,opinar sem interferir no dentes, ricas em significados. Exemplo:
assunto, linguagem predominantemente dissertativa.
“Ó minha amada Que olhos os teus São cais noturnos Cheios
Subjetividade – Analisar um fato, criticar, escrever sobre algo de adeus.”
emitindo sua opinião pessoal ou seu sentimento sobre o assun-
Vinícius de Moraes
to em questão, o que vem de dentro do narrador.
A metáfora é uma espécie de comparação sem a presença de
2. D
conectivos do tipo como, tal como, assim como etc. Quando
Argumentar é expressar uma convicção, um ponto de vista, esses conectivos aparecem na frase, temos uma comparação
que é desenvolvido e explicado de forma a persuadir o ouvinte/ e não uma metáfora. Exemplo:
leitor. Para isso é necessário que apresentemos um raciocínio
“A felicidade é como a gota de orvalho
coerente e convincente, baseado na verdade, e que influencie
o outro, levando-o a agir/pensar em conformidade com os nos- numa pétala de flor.
sos objetivos.
Brilha tranquila, depois de leve oscila
3. Resposta: A.
e cai como uma lágrima de amor.”
É possível perceber no poema uma sutil ideia de sucessão tem- Vinícius de Moraes
poral, caracterizando-o, assim, como narração.

Comparação

4. Figuras de É a comparação entre dois elementos comuns; semelhantes.


Normalmente se emprega uma conjunção comparativa: como,
tal qual, assim como.
linguagem “Sejamos simples e calmos
Como os regatos e as árvores”
Fernando Pessoa
Também chamadas Figuras de Estilo, são recursos especiais
de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar à expres-
são mais força e colorido, intensidade e beleza. Metonímia
Podemos classificá-las em três tipos:
Consiste no emprego de uma palavra por outra com a qual ela
- Figuras de Palavras (ou tropos);
se relaciona.
- Figuras de Construção (ou de sintaxe);
Ocorre a metonímia quando empregamos:
- Figuras de Pensamento.
- o autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Jorge
Amado (observe que o nome do autor está sendo usado no
lugar de suas obras).
Figuras de Palavra
- o efeito pela causa e vice-versa. Exemplos: Ganho a vida
com o suor do meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e
Compare estes exemplos:
está sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”);
O tigre é uma fera. (fera = animal feroz: sentido próprio, literal, Vivo do meu trabalho. (o trabalho é causa e está no lugar do
usual) efeito ou resultado, ou seja, o “lucro”).
Pedro era uma fera. (fera = pessoa muito brava: sentido figura- - o continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma cai-
do, ocasional) xa de doces. (a palavra caixa, que designa o continente ou
aquilo que contém, está sendo usada no lugar da palavra
No segundo exemplo, a palavra fera sofreu um desvio na sua doces, que designaria o conteúdo).
significação própria e diz muito mais do que a expressão vul-
- o abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A velhi-
gar “pessoa brava”. Semelhantes desvios de significação a que
ce deve ser respeitada. (o abstrato velhice está no lugar do
são submetidas as palavras, quando se deseja atingir um efei-
concreto, ou seja, pessoas velhas).Ele tem um grande cora-
to expressivo, denminam-se figuras de palavras ou tropos (do
ção. (o concreto coração está no lugar do abstrato, ou seja,
grego trópos, giro, desvio).
bondade).
São as seguintes as figuras de palavras: - o instrumento pela pessoa que o utiliza . Exemplo: Ele é bom
volante. (o termo volante está sendo usado no lugar do ter-
mo piloto ou motorista).
Metáfora
- o lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar um
Consiste em atribuir a uma palavra características de outra, em Porto. (o produto vinho foi substituído pelo nome do lugar
função de uma analogia estabelecida de forma bem subjetiva. em que é feito, ou seja, a cidade do Porto).
- o símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os re-
“Meu verso é sangue” (Manuel Bandeira) volucionários queriam o trono. (a palavra trono, nesse caso,
Observe que, ao associar verso a sangue, o poeta estabele- simboliza o império, o poder).
ceu uma analogia entre essas duas palavras, vendo nelas uma

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Língua Portuguesa

- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os necessita- A essas construções que se afastam das estruturas regulares
dos. (a parte teto está no lugar do todo, “a casa”). ou comuns e que visam transmitir à frase mais concisão, ex-
- o indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o judas pressividade ou elegância dá-se o nome de figuras de constru-
do grupo. (o nome próprio Judas está sendo usado como ção ou de sintaxe.
substantivo comum, designando a espécie dos homens trai- São as mais importantes figuras de construção:
dores).
- o singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal racio-
nal. (o singular homem está sendo usado no lugar do plural Elipse
homens).
Consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no en-
- o gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais
tanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da
somos imperfeitos. (a palavra mortais está no lugar de “se-
festa, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (ocorre a omis-
res humanos”).
são do verbo haver: No fim da festa havia, sobre as mesas,
- a matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel. (a copos e garrafas vazias).
matéria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é
“moeda”).
Pleonasmo
Observação: Os últimos 5 casos recebem também o nome de
Sinédoque.
Consiste no emprego de palavras redundantes para refor-
çar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
Perífrase Observação: Devem ser evitados os pleonasmos viciosos, que
não têm valor de reforço, sendo antes fruto do desconhecimen-
É a substituição de um nome por uma expressão que facilita a to do sentido das palavras, como por exemplo, as construções
sua identificação. Exemplo: O país do futebol acredita no seu “subir para cima”, “protagonista principal”, “entrar para den-
povo. (país do futebol = Brasil) tro”, etc.
Polissíndeto: consiste na repetição enfática do conectivo, ge-
Sinestesia ralmente o “e”. Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pu-
lavam de alegria, e dançavam pelas ruas...
É a mistura de sensações percebidas por diferentes órgãos do
sentido.
Inversão ou Hipérbato
“O vento frio e cortante balança os trigais dourados e macios
que se estendiam pelo campo.” (frio e cortante = tato / doura- Consiste em alterar a ordem normal dos termos ou orações
dos e macios = visão + tato) com o fim de lhes dar destaque:
“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)
Catacrese “Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
de Andrade)
Consiste em transferir a uma palavra o sentido próprio de ou-
tra, utilizando-se formas já incorporadas aos usos da língua. “Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
Se a metáfora surpreende pela originalidade da associação de sei.” (Graciliano Ramos)
ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que já não chama “Tão leve estou que já nem sombra tenho.” (Mário Quintana)
a atenção por ser tão repetidamente usada. Exemplo: Ele em-
barcou no trem das onze. (originariamente, a palavra embarcar Observação: o termo que desejamos realçar é colocado, em
pressupõe barco e não trem). geral, no início da frase.

Antonomásia Anacoluto

Ocorre quando substituímos um nome próprio pela quali- Consiste na quebra da estrutura sintática da oração. O tipo de
dade ou característica que o distingue. Exemplo: O Poeta anacoluto mais comum é aquele em que um termo parece que
dos Escravos é baiano. (Poeta dos Escravos está no lugar do vai ser o sujeito da oração, mas a construção se modifica e ele
nome próprio Castro Alves, poeta baiano que se distinguiu por acaba sem função sintática. Essa figura é usada geralmente
escrever poemas em defesa dos escravos). para pôr em relevo a ideia que consideramos mais importante,
destacando-a do resto. Exemplo: “Eu, que era branca e linda,
eis-me medonha e escura.” (Manuel Bandeira) (o pronome eu,
Figuras de Construção enunciado no início, não se liga sintaticamente à oração eis-me
medonha e escura.)
Compare as duas maneiras de construir esta frase:
Os homens pararam, o medo no coração. Silepse
Os homens pararam, com o medo no coração. Ocorre quando a concordância de gênero, número ou pessoa
Nota-se que a primeira construção é mais concisa e elegante. é feita com ideias ou termos subentendidos na frase e não cla-
Desvia-se da norma estritamente gramatical para atingir um fim ramente expressos.
expressivo ou estilístico. Foi com esse intuito que assim a redi- A silepse pode ser:
giu Jorge Amado.

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Língua Portuguesa

de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece cansado. (o ad- Anáfora


jetivo cansado concorda não com o pronome de tratamento
Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a Consiste na repetição de uma palavra ou de um segmento do
quem esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino). texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de
- de número - Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram construção muito usada em poesia.
correndo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que
Exemplo:
a palavra pessoal sugere).
- de pessoa - Exemplo: Os brasileiros gostamos de futebol. “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
(o sujeito os brasileiros levaria o verbo usualmente para a 3ª Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
pessoa do plural, mas a concordância foi feita com a 1ª pes-
soa do plural, indicando que a pessoa que fala está incluída Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
em os brasileiros). Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade.”

Onomatopeia Paranomásia
Consiste no aproveitamento de palavras cuja pronúncia imita Palavras com sons semelhantes, mas de significados diferen-
o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico ou tes, vulgarmente chamada de trocadilho.
melódico que a língua proporciona ao escritor.
Exemplo: Era iminente o fim do eminente político.
“Pedrinho, sem mais palavras, deu rédea e, lept! lept! arrancou
estrada afora.” (Monteiro Lobato)
“O som, mais longe, retumba, morre.” (Goncalves Dias)
Neologismo
“O longo vestido longo da velhíssima senhora frufrulha no alto Criação de palavras novas. Exemplo: O projeto foi conside-
da escada.” (Carlos Drummond de Andrade) rado imexível.
“Tíbios flautins finíssimos gritavam.” (Olavo Bilac) “Troe e re-
troe a trompa.” (Raimundo Correia) “Vozes veladas, veludosas
vozes, volúpias dos violões, vozes veladas, vagam nos velhos Figuras de Pensamento
vórtices velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz e
Sousa) São processos estilísticos que se realizam na esfera do pensa-
mento, no âmbito da frase. Nelas intervêm fortemente a emo-
As onomatopeias, como nos três últimos exemplos, podem re-
ção, o sentimento, a paixão.
sultar da Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma
frase ou de um verso). Principais figuras de pensamento:
Repetição: consiste em reiterar (repetir) palavras ou orações
para enfatizar a afirmação ou sugerir insistência, progressão: Antítese
“O surdo pede que repitam, que repitam a última frase.” (Cecília
Meireles) Consiste em realçar uma ideia pela aproximação de palavras
de sentidos opostos.
“Tudo, tudo parado: parado e morto.” (Mário Palmério)
Exemplo:
“Ia-se pelos perfumistas, escolhia, escolhia, saía toda perfuma-
da.” (José Geraldo Vieira) “Morre! Tu viverás nas estradas que abriste!” (Olavo Bilac)

“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-


sona.” (Bernardo Élis) Apóstrofe
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
Consiste na interrupção do texto para se chamar a atenção de
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a após-
trofe corresponde ao vocativo.
Zeugma Exemplo:

Consiste na omissão de um ou mais termos anteriormente “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
enunciados. Que ninguém mais merece tanto amor e amizade” (Vinícius de
Exemplo: A manhã estava ensolarada; a praia, cheia de gente. Moraes)
(há omissão do verbo estar na segunda oração (...a praia esta-
va cheia de gente)).
Eufemismo

Assíndeto Ocorre quando, no lugar das palavras próprias, são emprega-


das outras com a finalidade de atenuar ou evitar a expressão
Ocorre quando certas orações ou palavras, que poderiam se direta de uma ideia desagradável ou grosseira.
ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Depois de muito sofrimento, ele entregou a alma a
Exemplo: Vim, vi, venci. Deus.

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Língua Portuguesa

Gradação “O país andava numa situação política tão complicada quanto


a de agora. Não, minto. Tanto não.” (Raquel de Queiroz)
Ocorre quando se organiza uma sequência de palavras ou fra- “Tirou, ou antes, foi-lhe tirado o lenço da mão.” (Machado de
ses que exprimem a intensificação progressiva de uma ideia. Assis)
Exemplo: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro “Ronaldo tem as maiores notas da classe. Da classe? Do giná-
Lobato) sio!” (Geraldo França de Lima)

Hipérbole Questões
Ocorre quando, para realçar uma ideia, exageramos na sua 1. (IF/PA - Auxiliar em Administração – FUNRIO/2016)
representação.
“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu
Exemplo: Está muito calor. Os jogadores estão morrendo de sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe.
sede no campo. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”)
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, en-
Ironia contramos a seguinte figura de linguagem:
a) antítese.
É o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido oposto ao b) eufemismo.
que querem dizer. É usada geralmente com sentido sarcástico. c) ironia
d) metáfora
Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e
e) silepse.
apagou o que estava gravado?
2. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem –
IDHTEC/2016)
Paradoxo
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
É o encontro de ideias que se opõem; ideias opostas. Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de
Exemplo: carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz
“É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe pois sem da ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poe-
você meu mundo é diferente minha alegria é triste.” (Roberto sia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
Carlos e Erasmo) gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semo-
(a alegria e a tristeza se opõem, se a alegria é triste, ela tem ventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada
uma qualidade que é antagônica). é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus
olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-pos-
to, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
Consiste em atribuir características humanas a outros seres. firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, geran-
do, formando, anunciando - o dia da humanidade.
Exemplo:
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
“Ah! cidade maliciosa de olhos de ressaca
O poema, Mamã Negra:
que das índias guardou a vontade de andar nua.” (Ferreira a) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um país
Gullar) africano que foi colonizado e teve sua população escravi-
zada.
b) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da escravi-
Reticência zação dos povos africanos.
c) É a referência resumida a todo o povo que compõe um país
Consiste em suspender o pensamento, deixando-o meio libertado depois de séculos de escravidão.
velado. d) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na
Exemplo: terra e teve seus filhos levados pelo colonizador.
e) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o poder
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra.
sei se digo.” (Machado de Assis)
3. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – FEPE-
“Quem sabe se o gigante Piaimã, comedor de gente...” (Mário SE/2016)
de Andrade)
Analise as frases abaixo:
1. ” Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.”
Retificação 2. A mulher conquistou o seu lugar!
3. Todo cais é uma saudade de pedra.
Como a palavra diz, consiste em retificar uma afirmação 4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
anterior. Exemplos: É uma joia, ou melhor, uma preciosidade,
esse quadro. Assinale a alternativa que corresponde correta e sequen-
cialmente às figuras de linguagem apresentadas:
O síndico, aliás, uma síndica muito gentil não sabia como re- a) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia
solver o caso. b) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora

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Língua Portuguesa

c) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia B - Metonímia. Substitui um ser por outro com alguma relação
d) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora de significa. Exemplo: O bonde passa cheio de pernas. [Pernas
e) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora = pessoas].
4. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho – Com isso vamos analisar as alternativas:
IBFC/2016) a) ” Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.” - cal-
ções = jogadores. Metonímia
Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que indica a
b) A mulher conquistou o seu lugar! - mulher = mulheres [re-
figura de linguagem presente no texto:
presentando todas as classes de mulheres]. Metonímia.
Amor é fogo que arde sem se ver Amor é fogo que arde sem se c) Todo cais é uma saudade de pedra. Comparação do cais
ver; É ferida que dói e não se sente; com uma saudade de pedra. Metáfora.
d) Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
É um contentamento descontente; É dor que desatina sem
[Microfones = os críticos] Metonímia.
doer;
(Camões) 3. Resposta B
a) Onomatopeia METÁFORA: Apresenta uma palavra utilizada em sentido figu-
b) Metáfora rado, uma palavra utilizada fora da sua acepção real, em vir-
c) Personificação tude de uma semelhança submetida. É uma comparação sem
d) Pleonasmo elementos comparativos.
5. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito – 4. Resposta D
IOBV/2016)
Dia mundial da água: Dia de comemorar
O OUTRO LADO
Porém, não há tanto o que comemorar diante de tantos fatos
só assim o poema se constrói: quando o desejo tem forma de “ruins” ocorridos com a água. Logo, uma ironia.
ilha e todos os planetas são luas, embriões da magia então po-
demos atravessar as chamas sentir o chão respirar ver a dança 5. Resposta C
da claridade ouvir as vozes das cores fruir a liberdade animal Sinestesia ocorre quando há uma combinação de diversas
de estarmos soltos no espaço ter parte com pedra e vento se- impressões sensoriais (visuais, auditivas, olfativas, gustativas
guir os rastros do infinito entender o que sussurra o vazio – e e táteis) entre si, e também entre as referidas sensações e
tudo isso é tão familiar para quem conhece a forma do sonho. sentimentos.
(WILLER, Claudio, Estranhas experiências, 2004, p. 46)

No poema acima, do poeta paulista Claudio Willer (1940), no

5.
verso “ouvir as vozes das cores”, entre outros versos, é ex-
pressa uma figura de linguagem. Esta pode ser assim definida:
“Figura que consiste na utilização simultânea de alguns dos Ortografia
cinco sentidos”
(CAMPEDELLI, S. Y. e SOUZA, J. B. Literatura, produção de textos & gramática.
São Paulo, Saraiva, 1998, p. 616). A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto
“correto” e grafia “escrita” sendo a escrita correta das palavras
Como é denominada esta figura de linguagem? da língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de crité-
a) Eufemismo. rios etimológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos
b) Hipérbole. (ligados aos fonemas representados).
c) Sinestesia.
d) Antítese. Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba tra-
zendo a memorização da grafia correta.
Respostas Deve-se também criar o hábito de consultar constantemente
1. Resposta D um dicionário.

“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu


sou de lá / Terra morena que eu Alfabeto
amo tanto, meu Pará.”
Comparação implícita O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”,
“w” e “y” não eram consideradas integrantes do alfabeto (ago-
Metáfora - Figura de Palavra. ra são). Essas letras são usadas em unidades de medida, no-
Antítese, Eufemismo, Ironia - Figura de Pensamento. Silepse - mes próprios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral.
Figura de Construção. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.

2. Resposta C Vogais: a, e, i, o, u, y, w.

Note que ambas são figuras de linguagem, e cada uma tem Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,z.
suas características: Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z.
A - Metáfora. Comparação implícita entre seres que nós fa- Observações:
zemos. Nessa comparação não usamos a palavra ‘como’.
Exemplo: Meu cartão de crédito é uma navalha. [Navalha = no A letra “Y” possui o mesmo som que a letra “I”, portanto, ela é
sentido que corta profundo, cartão como navalha significa que classificada como vogal.
prejudica muito a vida financeiro]. Outro exemplo: Essa mulher A letra “K” possui o mesmo som que o “C” e o “QU” nas pala-
é uma cobra [cobra = sentido de perigosa, astuta] vras, assim, é considerada consoante.

31
Língua Portuguesa

Exemplo: Kuait / Kiwi. Emprega-se a letra I:


Já a letra “W” pode ser considerada vogal ou consoante, de- - Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–
pendendo da palavra em questão, veja os exemplos: oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui, sai, etc.

No nome próprio Wagner o “W” possui o som de “V”, logo, - Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaé-
é classificado como consoante. Já no vocábulo “web” o “W” reo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
possui o som de “U”, classificando-se, portanto, como vogal. - Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício,
artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento, crânio,
criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipe-
Emprego da letra H la, escárnio, feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, inclinar,
incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, peni-
cilina, pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola,
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta
palavra vem do latim hodie.
Emprega-se a letra O
Abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, cho-
Emprega-se o H ver, cobiça, concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mo-
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, cambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa, óbolo, ocor-
hesitar, haurir, etc. rência, rebotalho, Romênia, tribo.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave,
boliche, telha, flecha, companhia, etc. Emprega-se com a letra U
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, Bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpu-
etc. la, curtume, cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo,
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmo- Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante, trégua,
nia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hema- urtiga.
toma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam
homenagear, hera, húmus; pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/.
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baia- Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:
nada, etc. área = superfície
ária = melodia, cantiga
Não se usa H arrear = pôr arreios, enfeitar
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimo- arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido = longo
lógico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram
cumprido = particípio de cumprir
na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e comprimento = extensão
Espanha, respectivamente do latim, herba, hibernus e His- cumprimento = saudação, ato de cumprir
pania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: costear = navegar ou passar junto à costa
herbívoro, herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc. custear = pagar as custas, financiar
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
Emprego das letras E, I, O e U delatar = denunciar
dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, discrição = qualidade de quem é discreto
/o/ e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que emergir = vir à tona
nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, imergir = mergulhar
intitular, mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais. emigrar = sair do país
imigrar = entrar num país estranho
emigrante = que ou quem emigra
Escreve-se com a letra E: imigrante = que ou quem imigra
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: eminente = elevado, ilustre
continue, habitue, pontue, etc. iminente = que ameaça acontecer
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: recrear = divertir
recriar = criar novamente
abençoe, magoe, perdoe, etc.
soar = emitir som, ecoar, repercutir
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior): suar = expelir suor pelos poros, transpirar
antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, sortir = abastecer
etc. surtir = produzir (efeito ou resultado)
sortido = abastecido, bem provido, variado
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro,
surtido = produzido, causado
Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Desti- vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
lar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, La- vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
crimogêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase,
Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.
Emprego das letras G e J
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Gra-
fa-se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de

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Língua Portuguesa

acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego - - SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência,
gypsos), jeito (do latim jactu) e jipe (do inglês jeep). consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, discipli-
na, discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível,
Escrevem-se com G: néscio, oscilar, piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível,
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: gara- suscetibilidade, suscitar, víscera.
gem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, lanu- - X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximida-
gem. Exceção: pajem de, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: - XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente,
contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio. excelso, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exce-
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: mas- to, excitar, etc.
sagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferrugino-
so (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe),
selvageria (de selvagem), etc. Homônimos
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, acento = inflexão da voz, sinal gráfico
estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, assento = lugar para sentar-se
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, sugestão, acético = referente ao ácido acético (vinagre)
tangerina, tigela. ascético = referente ao ascetismo, místico
cesta = utensílio de vime ou outro material
Escrevem-se com J: sexta = ordinal referente a seis
círio = grande vela de cera
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (la- sírio = natural da Síria
ranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjense), cismo = pensão
gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sar- sismo = terremoto
jeta), cereja (cerejeira). empoçar = formar poça
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em empossar = dar posse a
incipiente = principiante
–jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gorjear
insipiente = ignorante
(gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo). intercessão = ato de interceder
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: interseção = ponto em que duas linhas se cruzam
laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção, ruço = pardacento
rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito). russo = natural da Rússia
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani)
ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, jerimum, ji-
boia, jiló, jirau, pajé, etc. Emprego de S com valor de Z
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste,
- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gra-
cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo,
cioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.
jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjeri-
cão, ojeriza, pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, - Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, por-
varejista. tuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc.
- Atenção: Moji, palavra de origem indígena, deve ser escrita - Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa:
com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo adotam burguês, burguesa, burgueses, camponês, camponesa,
a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mo- camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
gi-Mirim. - Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s:
analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás),
extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados:
Representação do fonema /S/ pus, pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc.
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Balta-
sar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís,
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás,
por: Valdês.
- C e Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, ci- - Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis,
mento, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, arnês, ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés,
Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, mu- cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, es-
çulmano, muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça, suíço, pontâneo, evasiva, fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás,
vicissitude. groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obsé-
quio, obus, paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa,
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, des-
presa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa, re-
cansar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hor-
quisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro,
tênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo,
três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo, visita.
tenso, utensílio.
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, car-
rossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso,
essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massa-
Emprego da letra Z
gista, missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego,
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafe-
procissão, profissão, profissional, ressurreição, sessenta,
zal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc.
sossegar, sossego, submissão, sucessivo.
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Língua Portuguesa

- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzei- Emprego do X


ro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc.
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas:
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc. Esta letra representa os seguintes fonemas:
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e Ch – xarope, enxofre, vexame, etc. CS – sexo, látex, léxico,
denotando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), tóxico, etc. Z – exame, exílio, êxodo, etc.
limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, ami-
zade, aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, oje- S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
riza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez. - Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exce-
der, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inex-
Sufixo –ÊS e –EZ cedível, etc.
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes subs- - Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar,
tantivos) derivados de substantivos concretos: montês (de expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc.
monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa,
montanha), francês (de França), chinês (de China), etc. baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Exce-
- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos deriva- tuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recau-
dos de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido), rapi- chutagem. Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada,
dez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto,
avidez (de ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lúcido), etc. enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente,
grafam-se com ch: encharcar (de charco), encher e seus de-
Sufixo –ESA e –EZA rivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chu-
maço), enfim, toda vez que se trata do prefixo en- + palavra
Usa-se –esa (com s):
iniciada por ch. Em vocábulos de origem indígena ou africa-
- Nos seguintes substantivos cognatos de verbos termina- na: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe, etc.
dos em –ender: defesa (defender), presa (prender), despesa Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa,
(despender), represa (prender), empresa (empreender), sur- lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe,
presa (surpreender), etc. vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.
- Nos substantivos femininos designativos de títulos nobi-
liárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, prince-
sa, consulesa, prioresa, etc. Emprego do dígrafo CH
- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: bur-
guesa (de burguês), francesa (de francês), camponesa (de cam- Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bu-
ponês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc. cha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo,
- Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.
lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, turque-
sa, etc. Homônimos
Bucho = estômago
Usa-se –eza (com z): Buxo = espécie de arbusto
- Nos substantivos femininos abstratos derivados de ad- Cocha = recipiente de madeira
jetivos e denotando qualidade, estado, condição: beleza Coxa = capenga, manco
(de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça lar-
ga e chata, caldeira
(de leve), etc.
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR ou de outras plantas
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes corres-
Cheque = ordem de pagamento
pondentes termina em –s. Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por
Se o radical não terminar em –s, grafa-se –izar (com z): avisar uma peça adversária
(aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar (a + liso + ar), bisar
(bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar (improviso + ar),
paralisar (paralisia + ar), pesquisar (pesquisa + ar), pisar, re- Consoantes dobradas
pisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar
(anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), - Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C,
amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar R, S.
(vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + - Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes
izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), matizar soam distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção,
(matiz + izar). friccionar, facção, sucção, etc.
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervo-
cálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, res-
pectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando
a um elemento de composição terminado em vogal seguir,
sem interposição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/:
arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, girassol, mi-
nissaia, etc.

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Língua Portuguesa

CÊ - cedilha Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificul-


dades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou re-
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som digir português culto. Esta é uma oportunidade para você aper-
de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, for- feiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais
ça, frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, palavras certas em situações apropriadas.
raça.
A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Europa.
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus
derivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.
torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção.
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessi-
O Ç só é usado antes de A, O, U. dade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de
uma solução melhor.
Emprego das iniciais maiúsculas Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resolve-
mos este caso.
- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio
árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao
versos que não abrem período é facultativo o uso da letra encontro da verdade.
maiúscula.
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opiniões
- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, vão de encontro às suas.
nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiraden-
tes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a fim
Tupã, Minerva, Via- Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc. de visitá-la.
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos
festas religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário almas afins.
da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das
Mães, etc. Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar come-
çou a chorar (oposição).
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da
República, etc. Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, -me, ficou só.
Nação, Estado, Pátria, União, República, etc. Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando!
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos,
Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer
agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Pra-
“no lugar de”!
ça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil,
Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés”
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísti- significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente er-
cas, literárias e científicas, títulos de jornais e revistas: rado escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido
Medicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário de “em lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”.
Geográfico Brasileiro, Correio da Manhã, Manchete, etc. Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a es-
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presi- cola inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora
dente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. ao invés de ficar e discutir o caso. (ao contrário de)
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao contrário
Os povos do Oriente, o falar do Norte. de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”.
- Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no lugar de” ou
- Nomes comuns, quando personificados ou individua-
“em lugar de”. No entanto, pode assumir o significado de “ao
dos: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o
contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia.

Emprego das iniciais minúsculas A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das
boas notícias.
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre valo-
gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, ba- res financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par.
canais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a
empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro lição.
papa. Todos amam sua pátria. Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha do
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográfi- menino.
cos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Ne-
blina, etc. À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmen-
te, sem razão): Andava à toa pela rua.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de cita-
ção direta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Che- À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equivale a
gam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até
mirra”. 01/01/2009 era grafada: à-toa)
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a,
com, de, em, sem, grafam-se com inicial minúscula.

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Língua Portuguesa

Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as
funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos su- compras a domicílio.
permercados. Vamos comemorar, pessoal!
As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio”
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os pos- são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televi-
tos (sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) sa, no outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Con-
da gasolina. vivem juntas sem problemas maiores porque são entendidas
da mesma forma, com um mesmo sentido. No entanto, quan-
Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande bebe-
do falamos de gramática normativa, temos que ter cuidado,
dor de vinho.
pois “a domicílio” não é aceita. Por quê? A regra estabelece
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro que esta última locução adverbial deve ser usada nos casos de
está funcionando bem. verbos que indicam movimento, como: levar, enviar, trazer, ir,
conduzir, dirigir-se.
Bem-Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre bem vin-
do aqui, jovem. Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto.
Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe.
sem noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.
Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente):
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movimen-
Vivia na boêmia/boemia. Botijão/Bujão de gás: ambas formas
to? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem
corretas: Comprei um botijão/bujão de gás.
entrega, entrega algo em algum lugar.
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os
vereadores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câmara Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim mo-
Municipal. vimento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro.

Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câ- Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar
mera japonesa. “entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a fina-
lidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de
Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/cham- uma pessoa.
panhe está bem gelado.
Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se
Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirmada a fartaram da apresentação.
cessão do terreno.
Expectador: é aquele que está na expectativa, que espe-
Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: A ra alguma coisa: O expectador aguardava o momento da
sessão do filme durou duas horas. chamada.
Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A es-
a seção de esportes. tada dela aqui foi gratificante.
Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios
intensificando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês ou veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algu-
falam demais, caras! mas semanas.
Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo, Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no
equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, os de- escuro: Este material é fosforescente.
mais devem aguardar. Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, re-
De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se fere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca
sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nada de do carro era fluorescente.
mais em sua decisão.
Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que
Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.
faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de surpresas.
(até 01/01/2009, era grafado dia-a-dia) Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do singular.
Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente. Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do
O álcool aumenta dia a dia. Pode isso? singular.
Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunha-
foi descriminado; pra sorte dele. do, levantou sozinho a tampa do poço.

Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e,
impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpre dirigiram-se ao aeroporto.
discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto
são discriminados. de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, prejudicial, enfer-
Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi midade; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A
perfeita. comida fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção
subordinativa temporal, equivale a assim que, logo que: Mal
Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado: chegou começou a chorar desesperadamente.
Você foi muito discreto.
Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus;
Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega em feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os
domicílio. maus nunca vencem.

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Língua Portuguesa

Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a porém, Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não compare-
contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. ceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
Há mais flores perfumadas no campo. pouco esta semana.
Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios.
“um” expressa quantidade: Nem um filho de Deus apareceu
Traz - do verbo trazer.
para ajudá-la.
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número;
vem antes de um substantivo, é oposto de algum. Nenhum jor- Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está vul-
nal divulgou o resultado do concurso. tuosa e deformada.

Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu


mesma, eu própria.
Questões
Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu mes-
mo, eu próprio. 1. (TCM-RJ – Técnico de Controle Externo – IBFC/2016)
Onde: indica o lugar em que se está; refere-se a verbos que expri- Analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V)
mem estado, permanência: Onde fica a farmácia mais próxima? ou Falso (F) quanto ao emprego do acento circunflexo
estabelecido pelo Novo Acordo Ortográfico.
Aonde: ideia de movimento; equivale (para onde) somente com
verbo de movimento desde que indique deslocamento, ou seja, ( ) O acento permanece na grafia de ‘pôde’ (o verbo conjugado
a+onde. Aonde vão com tanta pressa? no passado) para diferenciá -la de ‘pode’ (o verbo conjugado
no presente).
Por ora: equivale a “por este momento”, “por enquanto”: Por
ora chega de trabalhar. ( ) O acento circunflexo de ‘pôr’ (verbo) cai e a palavra terá a
mesma grafia de ‘por’ (preposição), diferenciando-se pelo con-
Por hora: locução equivale a “cada sessenta minutos”: Você
texto de uso.
deve cobrar por hora.
( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do
plural do presente do indicativo dos verbos crer, dar, ler, ter, vir
Emprego do Porquê e seus derivados.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
Orações Interrogativas Exemplo: Por que devemos cima para baixo.
(pode ser substituído nos preocupar com o meio
por: por qual motivo, a) V F F
ambiente?
por qual razão) b) F V F
Por Que
c) F F V
Equivalendo a “pelo Exemplo: Os motivos por d) F V V
qual” que não respondeu são
desconhecidos. 2. (Pref. De Biguaçu-SC – Professor III – Inglês/2016) De
Final de frases e segui- Exemplos: Você ainda tem co- acordo com a Língua Portuguesa culta, assinale a al-
Por Quê dos de pontuação ragem de perguntar por quê? ternativa cujas palavras seguem as regras de ortogra-
Você não vai? Por quê? fia:
Não sei por quê
a) Preciso contratar um eletrecista e um encanador para o
Conjunção que indica Exemplos: A situação agra- final da tarde.
explicação ou causa vou-se porque ninguém recla- b) O trabalho voluntário continua sendo feito prazerosamente
mou./ Ninguém mais o espera,
porque ele sempre seatrasa. pelos alunos.
Porque c) Ainda não foram atendidas as reinvindicações dos profes-
Conjunção de Finalida- Exemplos: Não julgues por-
sores em greve.
de – equivale a “para que não te julguem.
d) Na lista de compras, é preciso descriminar melhor os pro-
que”, “a fim de que”.
dutos em falta.
Função de substan- Exemplos: Não é fácil encontrar e) Passou bastante desapercebido o caso envolvendo um
tivo – vem acompa- o porquê de toda confusão.
Porquê nhado de artigo ou
juiz federal.
Dê-me um porquê de sua saída.
pronome 3. (UFAM – Auxiliar em Administração – COMVEST-U-
1. Por que (pergunta) FAM/2016)
2. Porque (resposta) Leia o texto a seguir:
3. Por quê (fim de frase: motivo)
4. O Porquê (substantivo) Foi na minha última viagem ao Perú que entrei em uma baiúca
muito agradável. Apesar de simples, era bem frequentada. Isso
podia ser constatado pelas assinaturas (ou simples rúbricas)
Emprego de outras palavras dispostas em quadros afixados nas paredes do estabelecimen-
to, algumas delas de pessoas famosas. Insisti com o garçom
para também colocar a minha assinatura, registrando ali a mi-
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa nha presença. No final, o ônus foi pesado: a conta veio muito
nenhuma senão criticar. salgada. Tudo seria perfeito se o tempo ali passado, por algum
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais milagre, tivesse sido gratuíto.
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá
desta situação crítica.

37
Língua Portuguesa

Assinale a alternativa que apresenta palavra em que a


acentuação está CORRETA, de acordo com a Reforma Or-

6.
tográfica em vigor:
a) gratuíto
b) Perú
c) ônus
Acentuação
d) rúbricas
e) baiúca
gráfica
4. 4. (Pref. De Quixadá-CE – Agente de Combate às Ende-
mias – Serctam/2016) Marque a opção em que TODOS
os vocábulos se completam com a letra “s”:
a) pesqui__a, ga__olina, ali__erce. Tonicidade
b) e__ótico, talve__, ala__ão.
c) atrá__ , preten__ão, atra__o. Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma
d) bati__ar, bu__ina, pra__o. que se destaca por ser proferida com mais intensidade que
e) valori__ar, avestru__ , Mastru__ . as outras: é a sílaba tônica. Nela recai o acento tônico, tam-
bém chamado acento de intensidade ou prosódico. Exem-
Respostas plos: café, janela, médico, estômago, colecionador.

1. (A) O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido


com o acento gráfico (agudo ou circunflexo) que às vezes o as-
Permanecem os acentos diferenciais pode/pôde; por/pôr; tem/ sinala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente.
têm; vem/vêm. Então o primeiro item está certo e o segundo, Exemplo: cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri,
errado. Creem, deem, leem, de fato, não são mais acentuados. abacaxis.
Porém, permanece o acento diferencial de terceira pessoa do
plural em tem/têm; vem/vêm. As sílabas que não são tônicas chamam-se átonas (=fracas), e
podem ser pretônicas ou postônicas, conforme apareçam an-
Assim, temos V, F, F. tes ou depois da sílaba tônica. Exemplo: montanha, facilmente,
heroizinho.
2. (B)
a) eletricista De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com
b) correta mais de uma sílaba classificam-se em:
c) Reivindicações
d) discriminar
e) despercebido Oxítonos
3. (C) Quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, escritor,
Gra – tui – to - Paroxítona – Não acentua paroxítona em O. maracujá.

Pe – ru - Oxítona – Não acentua oxítona terminada em U.


ô – nus – Paroxítona – Acentua paroxítona terminada em u, us,
Paroxítonos
um, uns, on, ons.
Quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lápis, monta-
Ru – bri – ca – Paroxítona – Não acentua paroxítona terminada nha, imensidade.
em A.
Bai – u – ca – Não acentua hiato ( U ) em paroxítonas precedi- Proparoxítonos
das de ditongo.
4. (C) Quando a sílaba tônica é a antepenúltima: árvore, quilôme-
a) pesquisa, gasolina, alicerce. tro, México.
b) exótico, talvez, alazão.
c) atrás, pretensão, atraso.
d) batizar, buzina, prazo.
Monossílabos
e) valorizar, avestruz, Mastruz.
São palavras de uma só sílaba, conforme a intensidade com
que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.

Monossílabos tônicos
São os que têm autonomia fonética, sendo proferidos for-
temente na frase em que aparecem: é, má, si, dó, nó, eu, tu,
nós, ré, pôr, etc.

Monossílabos átonos
São os que não têm autonomia fonética, sendo proferidos
fracamente, como se fossem sílabas átonas do vocábulo
a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como ar-
tigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposi-
ções, conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se, lhe, nos,
de, em, e, que.

38
Língua Portuguesa

Acentuação dos Vocábulos Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não
são mais acentuados em palavras paroxítonas: assembléia,
Proparoxítonos platéia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia,
apóio, heróico, paranóico, etc. Ficando: Assembleia, plateia,
Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados na vo- ideia, colmeia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, he-
gal tônica: roico, paranoico, etc.
- Com acento agudo se a vogal tônica for i, u ou a, e, o Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em
abertos: xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, désse- éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói,
mos, lógico, binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, dói, anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.
etc.
- Com acento circunflexo se a vogal tônica for fechada ou
nasal: lâmpada, pêssego, esplêndido, pêndulo, lêssemos, Acentuação dos Hiatos
estômago, sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo etc.
A razão do acento gráfico é indicar hiato, impedir a ditongação.
Compare: caí e cai, doído e doido, fluído e fluido.
Acentuação dos Vocábulos - Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vo-
Paroxítonos gal ou ditongo anterior, formando sílabas sozinhas ou com s:
saída (sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta,
heroína, caí, Xuí, Luís, uísque, balaústre, juízo, país, cafeína,
Acentuam-se com acento adequado os vocábulos paroxítonos
baú, baús, Grajaú, saímos, eletroímã, reúne, construía, proí-
terminados em:
bem, influí, destruí-lo, instruí-la, etc.
Paroxítonas terminadas em ditongo oral crescente e ditongo - Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha,
oral decrescente são acentuadas. moinho, lagoinha, etc; e quando formam sílaba com letra
Ditongo oral crescente: ânsia(s), série(s), régua(s). que não seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diur-
no, Raul, ruim, cauim, amendoim, saiu, contribuiu, instruiu,
Ditongo oral decrescente: jóquei(s), imóveis, fôsseis (verbo). etc.
Ditongo crescente, seguido, ou não, de s: sábio, róseo, pla- De acordo com as novas regras da Língua Portuguesa não se
nície, nódua, Márcio, régua, árdua, espontâneo, etc. acentua mais o /i/ e /u/ tônicos formando hiato quando vierem
- i, is, us, um, uns: táxi, lápis, bônus, álbum, álbuns, jóquei, depois de ditongo: baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva,
vôlei, fáceis, etc. etc. Ficaram: baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc.
- l, n, r, x, ons, ps: fácil, hífen, dólar, látex, elétrons, fórceps, Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjôo, vôo,
etc. perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem.
- ã, ãs, ão, ãos, guam, guem: ímã, ímãs, órgão, bênçãos, Ficaram: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem,
enxáguam, enxáguem, etc. leem, veem, releem.
Não se acentua um paroxítono só porque sua vogal tônica é
aberta ou fechada. Descabido seria o acento gráfico.
Acento Diferencial
Exemplo: cedo, este, espelho, aparelho, cela, janela, socorro,
pessoa, dores, flores, solo, esforços.
Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vocá-
bulos homógrafos, nos seguintes casos:
- pôr (verbo) - para diferenciar de por (preposição).
Acentuação dos Vocábulos Oxítonos
- verbo poder (pôde, quando usado no passado)
Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos - é facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
terminados em: palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento
deixa a frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma
- a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês,
do bolo?
vovô, avós, etc. Seguem esta regra os infinitivos seguidos
de pronome: cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc. - Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não exis-
te mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia
- em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele igual, som e sentido diferentes) como:
convém, ele mantém, eles mantêm, ele intervém, eles intervêm,
- côa(s) (do verbo coar) - para diferenciar de coa, coas (com
etc.
+ a, com + as);
- pára (3ª pessoa do singular do presente do indicativo do
Acentuação dos Monossílabos verbo parar) - para diferenciar de para (preposição);
- péla (do verbo pelar) e em péla (jogo) - para diferenciar de
pela (combinação da antiga preposição per com os artigos
Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou
ou pronomes a, as);
não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc.
- - pêlo (substantivo) e pélo (v. pelar) - para diferenciar de pelo
(combinação da antiga preposição per com os artigos o, os);
Acentuação dos Ditongos - péra (substantivo - pedra) - para diferenciar de pera (forma
arcaica de para - preposição) e pêra (substantivo);
Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando - pólo (substantivo) - para diferenciar de polo (combinação
tônicos. popular regional de por com os artigos o, os);

39
Língua Portuguesa

- pôlo (substantivo - gavião ou falcão com menos de um ano) ( ) Certo ( ) Errado


- para diferenciar de polo (combinação popular regional de
4. (MPE/SC – Promotor de Justiça- MPE/SC / 2016)
por com os artigos o, os);
“A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao
ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai,
Emprego do Til na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é
a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A
negociação para ter a autorização do país começou há mais de
O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal.
três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen-
Pode figurar em sílaba:
to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re-
- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc; cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com
- pretônica: ramãzeira, balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc; as autoridades do país.”
- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc. (http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe-
la-primeira-vez-na-antartica.html)

Apesar de o trema ter desaparecido da língua portuguesa, ele


Trema (o trema não é acento gráfico) se conserva em nomes estrangeiros, como em Schürmann.
( ) Certo ( ) Errado
Desapareceu o trema sobre o /u/ em todas as palavras do por-
tuguês: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico. 5. (Pref. De Nova Veneza/SC – Psicólogo – FAEPE-
Exceto em palavras de línguas estrangeiras: Günter, Gisele SUL/2016)
Bündchen, müleriano. Analise atentamente a presença ou a ausência de acento
gráfico nas palavras abaixo e indique a alternativa em que
não há erro:
Questões a) ruím - termômetro - táxi – talvez.
b) flôres - econômia - biquíni - globo.
1. (Pref. De Caucaia/CE – Agente de Suporte e Fiscaliza- c) bambu - através - sozinho - juiz
ção - CETREDE/2016) d) econômico - gíz - juízes - cajú.
Indique a alternativa em que todas as palavras devem receber e) portuguêses - princesa - faísca.
acento. 6. (INSTITUTO CIDADES – Assistente Administrativo VII –
a) virus, torax, ma. CONFERE/2016)
b) caju, paleto, miosotis .
c) refem, rainha, orgão. Marque a opção em que as duas palavras são acentuadas
d) papeis, ideia, latex. por obedecerem à regras distintas:
e) lotus, juiz, virus. a) Catástrofes – climáticas.
b) Combustíveis – fósseis.
2. (MPE/SC – Promotor de Justiça- MPE/SC / 2016) c) Está – país.
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegado- d) Difícil – nível.
res europeus reconheceram a importância dos portos de São 7. (IF-BA - Administrador – FUNRIO/2016)
Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações
da aguada” de suas embarcações. À época, os navios eram Assinale a única alternativa que mostra uma frase escrita in-
impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de teiramente de acordo com as regras de acentuação gráfica
navegação limitada. Assim, esses portos eram de grande im- vigentes.
portância, especialmente para os navegadores que se dirigiam a) Nas aulas de Ciências, construí uma mentalidade ecológi-
para o Rio da Prata ou para o Pacífico, através do Estreito de ca responsável.
Magalhães.” b) Nas aulas de Inglês, conheci um pouco da gramática e da
cultura inglêsa.
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de c) Nas aulas de Sociologia, gostei das idéias evolucionistas e
Santa Catarina. Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.) de estudar ética.
No texto acima aparecem as palavras Atlântico, época, Pacífi- d) Nas aulas de Artes, estudei a cultura indígena, o barrôco e
co, acentuadas graficamente por serem proparoxítonas. o expressionismo
e) Nas aulas de Educação Física, eu fazia exercícios para glu-
( ) Certo ( ) Errado teos, adutores e tendões.
3. (MPE/SC – Promotor de Justiça- MPE/SC / 2016)
Respostas
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegado-
res europeus reconheceram a importância dos portos de São 1. Resposta A
Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações As paroxítonas terminadas em “n” são acentuadas, mas as que
da aguada” de suas embarcações. À época, os navios eram acabam em “ens”, não (hifens, jovens), assim como os prefixos
impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de terminados em “i “e “r” (semi, super). Porém, acentuam-se as
navegação limitada. Assim, esses portos eram de grande im- paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: várzea, má-
portância, especialmente para os navegadores que se dirigiam goa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início.
para o Rio da Prata ou para o Pacífico, através do Estreito de
Magalhães.” 2. Resposta ”CERTO”
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de Santa Catarina. Todas as proparoxítonas são acentuadas graficamente:
Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.)
abóbora, bússola, cântaro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, po-
O acento gráfico em navegação, através e Magalhães obedece lítica, relâmpago, têmpora etc.
à mesma regra gramatical.

40
Língua Portuguesa

3. Resposta “ERRADO”
O til não é acento.
Os acentos (agudo e circunflexo) só podem recair sobre a síla-
ba tônica da palavra; ora, como o til não é acento, mas apenas
um sinal indicativo de nasalização, ele tem um comportamento
7. Emprego do
que os acentos não têm:
a) ele pode ficar sobre sílaba átona (órgão, sótão),
sinal indicativo
b) pode aparecer várias vezes num mesmo vocábulo (pão-
zão, alemãozão, por exemplo) e
c) não é eliminado pela troca de sílaba tônica causada pelo
de crase
acréscimo de –zinho e de -mente: rápido, rapidamente;
café, cafezinho — mas irmã, irmãzinha; cristã, cristãmente; Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a preposição
e assim por diante. “a” e o artigo a(s), podendo ser também a preposição “a” e o
pronome demonstrativo a(s) ou a preposição “a” e o “a” inicial
4. Resposta “CERTO”
dos pronomes demonstrativos aqueles(s), aquela(s) e aquilo.
Trema Essa superposição é marcada por um acento grave (`).
Linguiça, bilíngue, consequência, sequestro, pinguim, sagui, Assim, em vez de escrevermos “entregamos a mercadoria a a
tranquilidade... O trema acaba de ser suprimido dos grupos de vendedora”, “esta blusa é igual a a que compraste” ou “eles
letras GUI, GUE, QUI e QUE, nos quais indicava a pronúncia deveriam ter comparecido a aquela festa”, devemos sobrepor
átona (fraca) da letra “u”. os dois “a” e indicar esse fato com um acento grave: “Entre-
gamos a mercadoria à vendedora”. “Esta blusa é igual à que
Entretanto, não pose-se dizer que o trema desapareceu de to-
compraste”. “Eles deveriam ter comparecido àquela festa.”
das as palavras da língua portuguesa. Isso porque será manti-
do nos nomes estrangeiros e nos termos deles derivados. As- O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui, pois,
sim: Müller e mülleriano, por exemplo. a crase, mas é um mero sinal gráfico que indica ter havido a
união de dois “a” (crase).
5. Resposta C
Para haver crase, é indispensável a presença da preposição
Erros das alternativas:
“a”, que é um problema de regência. Por isso, quanto mais
a) ruim
conhecer a regência de certos verbos e nomes, mais fácil será
b) flores, economia
para ele ter o domínio sobre a crase.
c) ok
d) Giz e caju
e) Portugueses
Não existe Crase
6. 06. Resposta C
Está - São acentuadas oxitonas terminadas em O,E ,A, EM, - Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao trabalho;
ENS País - São acentuados hiatos I e U seguidos ou não de S Vieram a pé; Vende-se a prazo.
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter
7. Resposta A alucinações.
a) Correta
b) Erro: Inglêsa > Correta: Inglesa. - Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a uma
c) Erro: Idéias > Correta: Ideias firma; Refiro-me a uma pessoa educada.
d) Erro: Barrôco > Correta: Barroco - Antes de expressão de tratamento introduzida pelos
e) Erro: Gluteos > Correta: Glúteos pronomes possessivos Vossa ou Sua ou ainda da ex-
pressão Você, forma reduzida de Vossa Mercê: Enviei
dois ofícios a Vossa Senhoria; Traremos a Sua Majestade, o
rei Hubertus, uma mensagem de paz; Eles queriam oferecer
flores a você.
- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Não
me refiro a esta carta; Os críticos não deram importância a
essa obra.
- Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; Dirigiu-
-se a mim com ironia.
- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra:
Direi isso a qualquer pessoa; A entrada é vedada a toda pes-
soa estranha. Com o pronome indefinido outra(s), pode ha-
ver crase porque ele, às vezes, aceita o artigo definido a(s):
As cartas estavam colocadas umas às outras (no masculino,
ficaria “os cartões estavam colocados uns aos outros”).
- Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte
estiver no plural: Falei a vendedoras desta firma; Refiro-me
a pessoas curiosas.
- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela compare-
ceu perante a direção da empresa; Os papéis estavam sob
a mesa. Exceção feita, às vezes, para até, por motivo de
clareza: A água inundou a rua até à casa de Maria (= a água

41
Língua Portuguesa

chegou perto da casa); se não houvesse o sinal da crase, tivos e indicar o fenômeno mediante um acento grave: Enviei
o sentido ficaria ambíguo: a água inundou a rua até a casa convites àquela sociedade (= a + aquela); A solução não se
de Maria (= inundou inclusive a casa). Quando até significa relaciona àqueles problemas (= a + aqueles); Não dei atenção
“perto de”, é preposição; quando significa “inclusive”, é par- àquilo (= a + aquilo). A simples interpretação da frase já nos faz
tícula de inclusão. concluir se o “a” inicial do demonstrativo é simples ou duplo.
- Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio gota a Entretanto, para maior segurança, podemos usar o seguinte
gota; Enfrentaram-se cara a cara. artifício: Substituir os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aqui-
lo pelos demonstrativos este(s), esta(s), isto, respectivamente.
- Com expressões tomadas de maneira indeterminada: O
Se, antes destes últimos, surgir a preposição “a”, estará com-
doente foi submetido a dieta leve (no masc. = foi submetido
provada a hipótese do acento de crase sobre o “a” inicial dos
a repouso, a tratamento prolongado, etc.); Prefiro terninho a
pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. Se não surgir a prepo-
saia e blusa (no masc.= prefiro terninho a vestido).
sição “a”, estará negada a hipótese de crase. Enviei cartas
- Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A que àquela empresa./ Enviei cartas a esta empresa; A solução não
artista te referes? se relaciona àqueles problemas./ A solução não se relaciona a
- Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacri- estes problemas; Não dei atenção àquilo./ Não dei atenção a
fício, o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo isto; A solução era aquela apresentada ontem./ A solução era
definido: Parodiando Fernando Pessoa, tudo vale a pena esta apresentada ontem.
quando a alma não é pequena... - Palavra “casa”: quando a expressão casa significa “lar”,
“domicílio” e não vem acompanhada de adjetivo ou locução
adjetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; Assim que
A Crase é Facultativa saiu do escritório, dirigiu- se a casa; Iremos a casa à noiti-
nha. Mas, se a palavra casa estiver modificada por adjetivo
- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um telegra- ou locução adjetiva, então haverá crase: Levaram-me à casa
ma à Marisa; Enviamos um telegrama a Marisa. Em portu- de Lúcia; Dirigiram-se à casa das máquinas; Iremos à en-
guês, antes de um nome de pessoa, pode-se ou não empre- cantadora casa de campo da família Sousa.
gar o artigo “a” (“A Marisa é uma boa menina”. Ou “Marisa é
- Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra terra signifi-
uma boa menina”). Por isso, mesmo que a preposição esteja
ca o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os marinheiros ficaram
presente, a crase é facultativa.
felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronautas desceram a
- Quando o nome próprio feminino vier acompanhado de uma terra na hora prevista. Há crase, quando a palavra significa
expressão que o determine, haverá crase porque o artigo “solo”, “planeta” ou “lugar onde a pessoa nasceu”: O colono
definido estará presente. Dedico esta canção à Candinha dedicou à terra os melhores anos de sua vida; Voltei à terra
do Major Quevedo. [A (artigo) Candinha do Major Quevedo é onde nasci; Viriam à Terra os marcianos?
fanática por seresta.]
- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da palavra dis-
- Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singu- tância, a menos que se trate de distância determinada: Via-
lar: Pediu informações à minha secretária; Pediu informa- -se um monstro marinho à distância de quinhentos metros;
ções a minha secretária. A explicação é idêntica à do item Estávamos à distância de dois quilômetros do sítio, quando
anterior: o pronome adjetivo possessivo aceita artigo, mas aconteceu o acidente. Mas: A distância, via-se um barco
não o exige (“Minha secretária é exigente.” Ou: “A minha pesqueiro; Olhava-nos a distância.
secretária é exigente”). Portanto, mesmo com a presença da
- Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um substan-
preposição, a crase é facultativa.
tivo (expresso ou implícito) como antecedente. Para saber se
existe crase ou não diante de um pronome relativo, deve-se
substituir esse antecedente por um substantivo masculino. Se
Casos Especiais o “a” se transforma em “ao”, há crase diante do relativo. Mas,
se o “a” permanece inalterado ou se transforma em “o”, então
- Nomes de localidades: Dentre as localidades, há as que admi- não há crase: é preposição pura ou pronome demonstrativo: A
tem artigo antes de si e as que não o admitem. Por aí se deduz fábrica a que me refiro precisa de empregados. (O escritório a
que, diante das primeiras, desde que comprovada a presença que me refiro precisa de empregados.); A carreira à qual aspiro
de preposição, pode ocorrer crase; diante das segundas, não. é almejada por muitos. (O trabalho ao qual aspiro é almejado
Para se saber se o nome de uma localidade aceita artigo, de- por muitos.). Na passagem do antecedente para o masculino,
ve-se substituir o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se o pronome relativo não pode ser substituído, sob pena de fal-
ocorrer a combinação “na” com o verbo estar ou “da” com o sear o resultado: A festa a que compareci estava linda (no mas-
verbo vir, haverá crase com o “a” da frase original. Se ocorrer culino = o baile a que compareci estava lindo). Como se viu,
“em” ou “de”, não haverá crase: Enviou seus representantes à substituímos festa por baile, mas o pronome relativo que não
Paraíba (estou na Paraíba; vim da Paraíba); O avião dirigia- se foi substituído por nenhum outro (o qual etc.).
a Santa Catarina (estou em Santa Catarina; vim de Santa Ca-
tarina); Pretendo ir à Europa (estou na Europa; vim da Europa).
Os nomes de localidades que não admitem artigo passarão
a admiti-lo, quando vierem determinados. Porto Alegre inde-
A Crase é Obrigatória
terminadamente não aceita artigo: Vou a Porto Alegre (estou
- Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locu-
em Porto Alegre; vim de Porto Alegre); Mas, acompanhando-se ções adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham
de uma expressão que a determine, passará a admiti-lo: Vou como núcleo um substantivo feminino: à queima-roupa,
à grande Porto Alegre (estou na grande Porto Alegre; vim da à maneira de, às cegas, à noite, às tontas, à força de, às
grande Porto Alegre); Iríamos a Madri para ficar três dias; Iría- vezes, às escuras, à medida que, às pressas, à custa de,
mos à Madri das touradas para ficar três dias. à vontade (de), à moda de, às mil maravilhas, à tarde, às
- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: quando oito horas, às dezesseis horas, etc. É bom não confundir a
a preposição “a” surge diante desses demonstrativos, deve- locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes
mos sobrepor essa preposição à primeira letra dos demonstra- de, em que não há crase porque o “as” é artigo definido

42
Língua Portuguesa

puro: Ele se aborrece às vezes (= ele se aborrece de vez em Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de
quando); Quando o maestro falta ao ensaio, o violinista faz carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
as vezes de regente (= o violinista substitui o maestro). Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz
- Sempre haverá crase em locuções que exprimem hora da ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poe-
determinada: Ele saiu às treze horas e trinta minutos; Che- sia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gamos à uma hora. Cuidado para não confundir a, à e há gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semo-
com a expressão uma hora: Disseram-me que, daqui a uma ventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada
hora, Teresa telefonará de São Paulo (= faltam 60 minutos é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus
para o telefonema de Teresa); Paula saiu daqui à uma hora; olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-pos-
duas horas depois, já tinha mudado todos os seus planos (= to, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas
quando ela saiu, o relógio marcava 1 hora); Pedro saiu daqui vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu). demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
- Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, geran-
estiver subentendida: Nesse caso, mesmo que a palavra do, formando, anunciando - o dia da humanidade.
subsequente seja masculina, haverá crase: No banquete, (Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
serviram lagosta à Termidor; Nos anos 60, as mulheres se
Em qual das alternativas o acento grave foi mal empregado,
apaixonavam por homens que tinham olhos à Alain Delon.
pois não houve crase?
- Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”, a) “Milena Nogueira foi pela primeira vez à quadra da escola
etc. estiverem subentendidas: Dirigiu- se à Marechal Flo- de samba Império Serrano, na Zona Norte do Rio.”
riano (= dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à Renner b) “Os relatos dos casos mostram repetidas violações dos
(fomos à loja Renner); Telefonem à Guaíba (= telefonem à direitos à moradia, a um trabalho digno, à integridade cul-
rádio Guaíba). tural, a vida e ao território.”
- Quando está implícita uma palavra feminina: Esta religião c) “O corpo de Lucilene foi encontrado próximo à ponte do
é semelhante à dos hindus (= à religião dos hindus). Moa no dia 11 de maio.”
- Com o pronome substantivo possessivo feminino no sin- d) “Fifa afirma que Blatter e Valcke enriqueceram às custas
gular ou plural, o uso de acento indicativo de crase não é da entidade.”
facultativo (conforme o caso será proibido ou obrigató- e) “Doriva saiu e Milton Cruz fez às vezes de técnico até a
rio): A minha cidade é melhor que a tua. O acento indicativo chegada de Edgardo Bauza no fim do ano passado.”
de crase é proibido porque, no masculino, ficaria assim: O
meu sítio é melhor que o teu (não há preposição, apenas o 2. (Pref. De Itaquitinga/PE – Assistente Administrativo –
artigo definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O acen- IDHTEC/2016)
to indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, Em qual dos trechos abaixo o emprego do acento grave foi
ficaria assim: Este quadro é semelhante ao nosso (presença omitido quando houve ocorrência de crase?
de preposição + artigo definido). a) “O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco decidiu
- Não confundir devido com dado (a, os, as): a primeira ex- suspender a paralisação que faria a partir das 16h desta
pressão pede preposição “a”, havendo crase antes de palavra quarta-feira.”
feminina determinada pelo artigo definido. Devido à discussão b) “Pela manhã, em nota, a categoria informou que cruzaria
de ontem, houve um mal-estar no ambiente (= devido ao baru- os braços só retornando às atividades normais as 5h desta
lho de ontem, houve...); A segunda expressão não aceita pre- quinta-feira.”
posição “a” (o “a” que aparece é artigo definido, não havendo, c) “Nesta quarta-feira, às 21h, acontece o “clássico das mul-
pois, crase): Dada a questão primordial envolvendo tal fato (= tidões” entre Sport e Santa Cruz, no Estádio do Arruda.”
dado o problema primordial...); Dadas as respostas, o aluno d) “Após a ameaça de greve, o sindicato foi procurado pela
conferiu a prova (= dados os resultados...). CBTU e pela PM que prometeram um reforço no esquema
- Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos casos de segurança.”
anteriores, devemos substituir a palavra feminina por ou- e) “A categoria se queixa de casos de agressões, vandalismo
tra masculina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” e depredações e da falta de segurança nas estações.”
no masculino, haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer “a” 3. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016)
ou “o” no masculino, não haverá crase no “a” do feminino. O
problema, para muitos, consiste em descobrir o masculino de Em relação ao emprego do sinal de crase, estão corretas
certas palavras como “conclusão”, “vezes”, “certeza”, “morte”, as frases:
etc. É necessário então frisar que não há necessidade alguma a) Solicito a Vossa Excelência o exame do presente documento.
de que a palavra masculina tenha qualquer relação de sentido b) A redação do contrato compete à Diretoria de Orçamento
com a palavra feminina: deve apenas ter a mesma função sin- e Finanças.
tática: Fomos à cidade comprar carne. (ao supermercado); Pe- ( ) Certo ( ) Errado
dimos um favor à diretora. (ao diretor); Muitos são insensíveis
à dor alheia. (ao sofrimento); Os empregados deixam a fábrica. 4. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016)
(o escritório); O perfume cheira a rosa. (a cravo); O professor “O americano Jackson Katz, 55, é um homem feminista – defi-
chamou a aluna. (o aluno). nição que lhe agrada. Dedica praticamente todo o seu tempo a
combater a violência contra a mulher e a promover a igualdade
entre os gêneros. (...) Em 1997, idealizou o primeiro projeto de
Questões
prevenção à violência de gênero na história dos marines ameri-
canos. Katz – casado e pai de um filho – já prestou consultoria
1. (Pref. De Itaquitinga/PE – Técnico em Enfermagem –
à Organização Mundial de Saúde e ao Exército americano.”
IDHTEC/2016)
(In: Veja, Rio de Janeiro: Abril, ano 49, n.2, p. 13, jan. 2016.)
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
No texto acima, o sinal indicativo de crase foi empregado cor-
retamente, em todas as situações. Poderia ter ocorrido tam-

43
Língua Portuguesa

bém diante dos verbos combater e promover, uma vez que o


emprego desse acento é facultativo antes de verbos.
( ) Certo ( ) Errado

8.
5. (Pref. De Criciúma/SC – Engenheiro Civil – FEPE-

Formação,
SE/2016)
Analise as frases quanto ao uso correto da crase.

classe e
1. O seu talento só era comparável à sua bondade.
2. Não pôde comparecer à cerimônia de posse na Prefeitura.
3. Quem se vir em apuros, deve recorrer à coordenação local
de provas.
4. Dia a dia, vou vencendo às batalhas que a vida me apresenta. emprego de
palavras
5. Daqui à meia hora, chegarei a estação; peça para me
aguardarem.
a) São corretas apenas as frases 1 e 4.
b) São corretas apenas as frases 3 e 4.
c) São corretas apenas as frases 1, 2 e 3. As Classes de Palavras possuem vários outros nomes... por
d) São corretas apenas as frases 2, 3 e 4. exemplo: Classes Gramaticais, Classes Morfológicas e Mor-
e) São corretas apenas as frases 2, 4 e 5. fossintaxe. Porém, o que todas estudam são as dez classes
que existem. São elas: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo,
Respostas conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome.
Estudaremos a seguir, o emprego de cada uma. Vamos lá!?
1. Resposta E
Às vezes / As vezes
Ocorrerá a crase somente quando “às vezes” for uma locução Artigo
adverbial de tempo (= de vez em quando, em algumas vezes).
Quando a expressão “as vezes” não trouxer o significado cita-
do não acontecerá crase. Artigo é a palavra que acompanha o substantivo, indicando-lhe
o gênero e o número, determinando-o ou generalizando-o. Os
2. Resposta B artigos podem ser: Definidos e Indefinidos.
Indicação de horas especificadas ocorre crase: Chegare-
mos às sete horas
Saímos às dez horas
Definidos: o, a, os, as
3. Certo Determinam os substantivos, trata de um ser já conhecido;
denota familiaridade: “A grande reforma do ensino superior é a
Em relação ás assertivas:
reforma do ensino fundamental e do médio.” (Veja – maio de 2005)
a) Não se emprega o sinal da crase antes de pronomes de
tratamento, salvo: senhora, senhorita e dona.
b) A redação do contrado compete á diretoria de orçamentos
Usa-se o artigo definido:
e finanças. - com a palavra ambos: falou-nos que ambos os culpados
foram punidos.
Ao trocar-mos o substantivo feminino: diretoria pelo substan-
- com nomes próprios geográficos de estado, pais, ocea-
tivo masculino Diretor: Compete ao diretor de orçamentos e
no, montanha, rio, lago: o Brasil, o rio Amazonas, a Argen-
finaças. ( a=preposição + o=artigo)
tina, o oceano Pacífico, a Suíça, o Pará, a Bahia. / Conheço
4. Errado o Canadá mas não conheço Brasília.
NÃO se usa crase antes de verbo! - com nome de cidade se vier qualificada: Fomos à histó-
rica Ouro Preto.
5. Resposta C
- depois de todos/todas + numeral + substantivo: Todos os
1. O seu talento só era comparável à sua bondade. vinte atletas participarão do campeonato.
Nos casos de pronome possessivo, a crase é FACULTATIVA. - com toda a/todo o, a expressão que vale como totalidade,
2. Não pôde comparecer à cerimônia de posse na Prefeitura. inteira. Toda cidade será enfeitada para as comemorações
Não há o que discutir: quem comparece, comparece a algo. de aniversário. Sem o artigo, o pronome todo/toda vale
Logo, VTI, exige crase. como qualquer. Toda cidade será enfeitada para as come-
morações de aniversário. (Qualquer cidade)
3. Quem se vir em apuros, deve recorrer à coordenação local
de provas. - com o superlativo relativo: Mariane escolheu as mais lin-
O mesmo caso do item anterior, VTI. Quem recorre, recorre a das flores da floricultura.
algo ou a alguém. - com a palavra outro, com sentido determinado: Marcelo
4. Dia a dia, vou vencendo às batalhas que a vida me apresenta. tem dois amigos: Rui é alto e lindo, o outro é atlético e sim-
Uso incorreto da crase, pois quem vence, vence algo e não a pático.
algo. Logo, é VTD, não exigindo crase. - antes dos nomes das quatro estações do ano: Depois da
primavera vem o verão.
5. Daqui à meia hora, chegarei a estação; peça para me
aguardarem. - com expressões de peso e medida: O álcool custa um real
Não confundir com exemplos como “às 13 horas”, semelhante o litro. (=cada litro)
a “ao meio dia”. Neste caso, usando-se o bizu da substituição
fica: “daqui a 10 minutos”. Vê-se que a crase é desnecessária.

44
Língua Portuguesa

Não se usa o artigo definido O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra transfor-
- antes de pronomes de tratamento iniciados por posses- ma-a em substantivo. O ato literário é o conjunto do ler e do
sivos: escrever.

Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, Vossa


Alteza. Questões
Vossa Alteza estará presente ao debate?
1. (Pref. do Rio de Janeiro/RJ – Assistente Administrativo
“Nosso Senhor tinha o olhar em pranto / Chorava Nossa – Pref. do Rio de Janeiro/2016)
Senhora.”
Crônica
- antes de nomes de meses:
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimen-
O campeonato aconteceu em maio de 2002. Mas: O campeo- tação! É o que exclamo depois de ler as recomendações de
nato aconteceu no inesquecível maio de 2002. um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A apatia,
- alguns nomes de países, como Espanha, França, Inglaterra, ou indiferença, é uma das causas principais das dietas inadequa-
Itália podem ser construídos sem o artigo, principalmente das.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma família nordes-
quando regidos de preposição. tina estendida em uma calçada do centro da cidade, ali bem perti-
nho do restaurante Vendôme, mas apática, sem a menor vontade
“Viveu muito tempo em Espanha.” / “Pelas estradas líricas de de entrar e comer bem. Ensina ainda o especialista: “Embora haja
França.” Mas: Sônia Salim, minha amiga,visitou a bela Veneza. alimentos em quantidade suficiente, as estatísticas continuam a
- antes de todos / todas + numeral: Eles são, todos quatro, demonstrar que muitas pessoas não compreendem e não sabem
amigos de João Luís e Laurinha. Mas: Todos os três irmãos selecionar os alimentos”. É isso mesmo: quem der uma volta na
eu vi nascer. (O substantivo está claro) feira ou no supermercado vê que a maioria dos brasileiros com-
- antes de palavras que designam matéria de estudo, em- pra, por exemplo, arroz, que é um alimento pobre, deixando de
pregadas com os verbos: aprender, estudar, cursar, ensi- lado uma série de alimentos ricos. Quando o nosso povo irá to-
nar: Estudo Inglês e Cristiane estuda Francês. mar juízo? Doutrina ainda o nutricionista americano: “Uma boa
dieta pode ser obtida de elementos tirados de cada um dos se-
O uso do artigo é facultativo: guintes grupos de alimentos: o leite constitui o primeiro grupo,
incluindo-se nele o queijo e o sorvete”. Embora modestamente,
- antes do pronome possessivo: Sua / A sua incompetência
sempre pensei também assim. No entanto, ali na praia do Pinto
é irritante.
é evidente que as crianças estão desnutridas, pálidas, magras,
- antes de nomes próprios de pessoas: Você já visitou Lu- roídas de verminoses. Por quê? Porque seus pais não sabem se-
ciana / a Luciana? lecionar o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução
- “Daqui para a frente, tudo vai ser diferente.” (Para a frente: lógica seria dar-lhes sorvete, todas as crianças do mundo gostam
exige a preposição) de sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só
Formas combinadas do artigo definido: Preposição + o = ao
olhando os adultos que descem dos carros e devoram sorvetes
/ de + o, a = do, da / em + o, a = no, na / por + o, a = pelo, pela.
enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilustre
médico: “A carne constitui o segundo grupo, recomendando-se
Indefinidos: um, uma, uns, umas; estes; dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, galinha, peixe
ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros que divulgam
Trata-se de um ser desconhecido, dá ao substantivo valor as suas palavras redentoras! E dizer que o nosso povo faz ouvidos
vago: “...foi chegando um caboclinho magro, com uma taquara de mercador a seus ensinamentos, e continua a comer pouco,
na mão.” (A. Lima) comer mal, às vezes até a não comer nada. Não sou mentiroso e
posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui no Rio, gente que pre-
fere vasculhar uma lata de lixo a entrar em um restaurante e pedir
Usa-se o artigo indefinido:
um filé à Chateaubriand. O dr. Maynard decerto ficaria muito abor-
- para indicar aproximação numérica: Nicole devia ter uns recido se visse um ser humano escolher tão mal seus alimentos.
oito anos / Não o vejo há uns meses. Mas nós sabemos que é por causa dessas e outras que o Brasil
- antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos em não vai pra frente.
pares: Usava umas calças largas e umas botas longas.
CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das
- em linguagem coloquial, com valor intensivo: Rafaela é Letras, 2015. p. 40-42.
uma meiguice só. A construção “... todas as crianças do mundo gostam de sor-
- para comparar alguém com um personagem célebre: vete.” segue a norma padrão da língua quanto ao emprego do
Luís August é um Rui Barbosa. artigo definido após os pronomes indefinidos todos e todas.
De acordo com a norma padrão, NÃO cabe o artigo definido
O artigo indefinido não é usado: na seguinte frase:
- em expressões de quantidade: pessoa, porção, parte, a) Todos __ dias a mesma família está ali na calçada.
gente, quantidade: Reservou para todos boa parte do lucro. b) Essas pessoas são todas __ inconsequentes.
- com adjetivos como: escasso, excessivo, suficiente: Não c) Com os ensinamentos do especialista, todos __ seus pro-
há suficiente espaço para todos. blemas se acabam.
d) Todas __ segundas-feiras ele inicia uma nova dieta.
- com substantivo que denota espécie: Cão que ladra não
morde. 2. (IF-AP – Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016).

Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de e No segundo quadrinho, correspondem, respectivamente, a


em + um, uma = num, numa, dum, duma. substantivo, pronome, artigo e advérbio:
a) “guerra”, “o”, “a” e “por que”.
b) “mundo”, “a”, “o” e “lá”.

45
Língua Portuguesa

c) “quando”, “por que”, “e” e “lá”. três vezes maiores que a do som. Nesse item dos supersôni-
d) “por que”, “não”, “a” e “quando”. cos, _8_ estrelas internacionais foram o Concorde (franco-bri-
e) “guerra”, “quando”, “a” e “não”. tânico) e o Tupolev (russo), que transportavam 144 passageiros
e voaram até os anos 90, mas, devido aos elevados custos de
3. (Ceron/RO - Direito – EXATUS/2016)
manutenção, passagens e combustíveis, eles acabaram por ter
A lição do fogo as suas produções suspensas.
1º Um membro de determinado grupo, ao qual prestava servi- < http://www.portalbrasil.net/aviacao_historia.htm>. Acesso em:13/12/2015
(com adaptações).
ços regularmente, sem nenhum aviso, deixou de participar de
a) 1 - a / 2 - à / 3 - a / 4 - a 5 - a / 6 - a / 7- à / 8 - às
suas atividades.
b) 1 - a / 2 - a / 3 - a / 4 - à / 5 - à / 6 - a / 7- a / 8 - as
2º Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu vi- c) 1 - à / 2 - a / 3 - à / 4 - à / 5 - a / 6 - à / 7- à / 8 - às
sitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem d) 1 - a / 2 - à / 3 - à / 4 - a / 5- à / 6 - a / 7- à / 8 - às
em casa sozinho, sentado diante lareira, onde ardia um fogo e) 1 - a / 2 - a / 3 - à / 4 - a / 5- a / 6 - a / 7- a / 8 - as
brilhante e acolhedor.
3º Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas
Respostas
ao líder, conduziu-o a uma cadeira perto da lareira e ficou quie- 1. Resposta B
to, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local a) OS (Artigo definido)
indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, b) UMAS (Pronome indefinido, pois está substituindo a pala-
apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas vra “pessoas”) Caberia no máximo um pronome indefinido.
da lenha, que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, o líder exa- Mas não um artigo.
minou as brasas que se formaram. Cuidadosamente, selecionou c) OS (Artigo definido)
uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a d) AS (Artigo definido)
lado. Voltou, então, a sentar-se, permanecendo silencioso e imó-
2. Resposta E
vel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos
poucos, a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um Substantivo: Sempre PODE vir antecedido de artigo. “A
brilho momentâneo e seu fogo se apagou de vez. GUERRA...”
4º Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e luz Pronome Relativo: Função coesiva, sempre anafórico (reto-
agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de car- mada de uma informação), referem-se a um substantivo ou
vão recoberto uma espessa camada de fuligem acinzentada. pronome substantivo. “ E QUANDO...”
Nenhuma palavra tinha sido dita antes desde o protocolar
Artigo: é uma palavra que se antepõe ao substantivo, serve
cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se
para determiná-lo. É variável em gênero e número.
preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil,
colocando-o de volta ao meio do fogo. Quase que imediata- Artigo definido: o, a, os, as, esses determinam o substantivo
mente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor com precisão.
dos carvões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a
Advérbio: Invariável, refere-se a verbo exprimindo uma cir-
porta para partir, seu anfitrião disse:
cunstância ou modifica o adjetivo ou outro advérbio. “...NÃO
5º – Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou SEI...”
voltando ao convívio do grupo.
3. Resposta B
RANGEL, Alexandre (org.). As mais belas parábolas de todos
[...]sentado diante da lareira[...]; [...]empurrando-a para o lado;
os tempos –Vol. II.Belo Horizonte: Leitura, 2004.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as la- [...]pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada[...];
cunas do texto: 4. Resposta E
a) a – ao – por.
b) da – para o – de. 1- “O transporte passou A ser considerado...” Este A é ape-
c) à – no – a. nas PREPOSIÇÃO; 2- ‘A introdução dos motores A JATO “-
d) a – de – em. Jato é palavra masculina, por isso não há crase. 3-” ...deu
maior impulso ( A) _À ___ (A) aviação.. “ 4-” ..começaram A
4. 03. (ANAC - Analista Administrativo – ESAF/2016) ser usados...”.Este A é apenas preposição.. 5-” ..Passaram A
Assinale a opção que preenche as lacunas do texto de forma estudar....”.Este A é apenas preposição.. 6- ..” A dos chamados
que o torne coeso, coerente e gramaticalmente correto. “ supersônicos”..”. Este A é apenas preposição...7-” A velo-
cidades duas ou três vezes maiores que...” Este A também é
O transporte internacional passou _1_ ser utilizado em larga apenas preposição, além disso está diante de uma palavra no
escala depois da II Guerra Mundial, por aviões cada vez maio- plural: VELOCIDADES= crase.
res e mais velozes. A introdução dos motores _2_ jato, usados
pela primeira vez em aviões comerciais (Comet), em 1952, pela
BOAC (empresa de aviação comercial inglesa), deu maior im- Substantivo
pulso _3_ aviação como meio de transporte. No final da década
de 1950, começaram _4_ ser usados os Caravelle, de fabri-
Substantivo é a palavra que dá nomes aos seres. Inclui os
cação francesa (Marcel Daussaud/ Sud Aviation). Nos Estados nomes de pessoas, de lugares, coisas, entes de nature-
Unidos, entravam em serviço em 1960 os jatos Boeing 720 e za espiritual ou mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo,
707 e dois anos depois o Douglas DC-8 e o Convair 880. Em árvore, passarinho, abraço, quadro, universidade, saudade,
seguida apareceram os aviões turbo-hélices, mais econômicos amor, respeito, criança.
e de grande potência. Soviéticos, ingleses, franceses e nor-
te-americanos passaram _5_ estudar a construção de aviões Os substantivos exercem, na frase, as funções de: sujeito,
comerciais cada vez maiores, para centenas de passageiros, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto, comple-
e _6_ dos chamados “supersônicos”, _7_ velocidades duas ou

46
Língua Portuguesa

mento nominal, adjunto adverbial, agente da passiva, aposto


Antologia de textos Conclave de cardeais
e vocativo. escolhidos

Arquipélago ilhas Cordilheira de montanhas


Classificação
Assembleia pessoas, Cortejo acompanhantes
professores em comitiva
Comuns Atlas cartas Hemeroteca de jornais,
Nomeiam os seres da mesma espécie: menina, piano, estre- geográficas revistas
la, rio, animal, árvore. Bando de aves, de Iconoteca de imagens
crianças
Próprios
Baixela utensílios de Miríade de muitas estre-
Referem-se a um ser em particular: Brasil, América do Norte, mesa las, insetos
Deus, Paulo, Lucélia. Banca de Nuvem de gafanhotos
examinadores
Concretos
Biênio dois anos Panapaná de borboletas em
São aqueles que têm existência própria; são independen- bando
tes; reais ou imaginários: mãe, mar, água, anjo, mulher, alma,
Bimestre dois meses Penca de frutas
Deus, vento, DVD, fada, criança, saci.
Cacho de uva Pinacoteca de quadros
Abstrato
Cáfila camelos Piquete de grevistas
São os que não têm existência própria; depende sempre
de um ser para existir: é necessário alguém ser ou estar tris- Caravana viajantes Plêiade de pessoas notá-
veis, sábios
te para a tristeza manifestar-se; é necessário alguém beijar ou
abraçar para que ocorra um beijo ou um abraço; designam Cambada de vadios, Resma de quinhentas
qualidades, sentimentos, ações, estados dos seres: dor, doen- malvados folhas de papel
ça, amor, fé, beijo, abraço, juventude, covardia, coragem, jus-
Cancioneiro de canções Sextilha de seis versos
tiça. Os substantivos abstratos podem ser concretizados de-
pendendo do seu significado: Levamos a caça para a cabana. Cardume de peixes Tropilhas de trabalhadores,
(Caça = ato de caçar, substantivo abstrato; a caça, neste caso, alunos
refere-se ao animal, portanto, concreto). Código de leis Xiloteca de amostras de
tipos de madeiras
Simples
Como o nome diz, são aqueles formados por apenas um
radical: chuva, tempo, sol, guarda, pão, raio, água, ló, terra, Reflexão do Substantivo
flor, mar, raio, cabeça. “Na feira livre do arrabaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor
Compostos - O melhor divertimento para crianças!
Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,
são os que são formados por mais de dois radicais: guarda- Fitando com olhos muito redondos os grandes
-chuva, girassol, água-de- colônia, pão-de-ló, para-raio, sem- Balõezinhos muito redondos.” (Manoel Bandeira)
-terra, mula-sem-cabeça.
Observe que o poema apresenta vários substantivos e apre-
sentam variações ou flexões de gênero (masculino/feminino),
Primitivos de número (plural/singular) e de grau (aumentativo/diminutivo).
são os que não derivam de outras palavras; vieram primeiro, Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e femini-
deram origem a outras palavras: ferro, Pedro, mês, queijo, cha- no. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por a, ou
ve, chuva, pão, trovão, casa. o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra.

Derivados Formação do Feminino


São formados de outra palavra já existente; vieram depois: O feminino se realiza de três modos:
ferradura, pedreiro, mesada, requeijão, chaveiro, chuveiro, pa-
- Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha /
deiro, trovoada, casarão, casebre.
mestre, mestra / leão, leoa;
Coletivos - Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um su-
fixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul, consulesa
Os substantivos comuns que, mesmo no singular, desig- / cantor, cantora / reitor, reitora.
nam um conjunto de seres de uma mesma espécie: bando,
- Utilizando-se uma palavra feminina com radical diferen-
povo, frota, batalhão, biblioteca, constelação.
te: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro, ovelha
Eis alguns substantivos coletivos: / cavalo, égua.
Observe como são formados os femininos:
Álbum de fotografias Colmeia de abelhas
parente, parenta
Alcateia de lobos Concílio de bispos em hóspede, hospeda
assembleia monge, monja
presidente, presidenta

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Língua Portuguesa

gigante, giganta trema, o eczema, o edema, o enfisema, o fonema, o anátema, o


guardião, guardiã tracoma, o hematoma, o glaucoma, o aneurisma, o telefonema,
escrivão, escrivã o estratagema.
papa, papisa
imperador, imperatriz São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a aná-
profeta, profetisa lise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença), a
abade, abadessa cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês,
perdigão, perdiz a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, a fama,
ateu, ateia a Xerox, a aguardente.
réu, ré
frade, freira
cavalheiro, dama Plural dos Substantivos
zangão, abelha
Há várias maneiras de se formar o plural dos substantivos:
Acrescentam-se:
Substantivos Uniformes
- S - aos substantivos terminados em vogal ou ditongo:
Os substantivos uniformes apresentam uma única forma povo, povos / feira, feiras / série, séries.
para ambos os gêneros: dentista, vítima. Os substantivos uni- - S - aos substantivos terminados em N: líquen, liquens /
formes dividem-se em: abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: líquenes, ab-
dômenes, hífenes.
Epicenos - ES - aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz, car-
Designam certos animais e têm um só gênero, quer se refiram tazes / motor, motores / mês, meses. Alguns terminados em
ao macho ou à fêmea. – R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / cará-
ter, caracteres / sênior, seniores.
jacaré macho ou fêmea / a cobra macho ou fêmea / a formiga
- IS - aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal,
macho ou fêmea.
jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis. Exceções:
mal, males / cônsul, cônsules / real, réis (antiga moeda por-
Comuns de dois gêneros tuguesa).
Apenas uma forma e designam indivíduos dos dois sexos. - ÃO - aos substantivos terminados em ão, acrescenta S:
São masculinos ou femininos. A indicação do sexo é feita cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos.
com uso do artigo masculino ou feminino: o, a intérprete / o,
a colega / o, a médium / o, a personagem / o, a cliente / o, a fã
/ o, a motorista / o, a estudante / o, a artista / o, a repórter / o,
Trocam-se
a manequim / o, a gerente / o, a imigrante / o, a pianista / o, a ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões /
rival / o a jornalista. mamão, mamões
ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão, alemães
Sobrecomuns / cão, cães
Designam pessoas e têm um só gênero para homem ou a il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis / pernil,
mulher: a criança (menino, menina) / a testemunha (homem, pernis
mulher) / a pessoa (homem, mulher) / o cônjuge (marido, mu-
lher) / o guia (homem, mulher) / o ídolo (homem, mulher). e por EIS (Paroxítonas): fóssil,fósseis / réptil, répteis / projétil,
projéteis
Substantivos que mudam de sentido, quando m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs / atum,
se troca o gênero atuns
o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar);
o capital (dinheiro) - a capital (cidade); zito, zinho:
o cabeça (chefe, líder) - a cabeça (parte do corpo);
o guia (acompanhante) - a guia (documentação); 1º coloca-se o substantivo no plural: balão, balões;
o moral (ânimo) - a moral (ética); 2º elimina-se o S + zinhos
o grama (peso) - a grama (relva);
o caixa (atendente) - a caixa (objeto); Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos; Papel – pa-
o rádio (aparelho) - a rádio (emissora); péis – papel + zinhos: papeizinhos;
o crisma (óleo salgado) - a crisma (sacramento);
o coma (perda dos sentidos) - a coma (cabeleira); Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos
o cura (vigário) - a cura; (ato de curar); Alguns substantivos terminados em X são invariáveis (valor fo-
o lente (prof. Universitário) - a lente (vidro de aumento); nético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a fênix, as fênix
o língua (intérprete) - a língua (órgão, idioma); / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
o voga (o remador) - a voga (moda).
Substantivos terminados em ÃO com mais de uma forma
Alguns substantivos oferecem dúvida quanto ao gênero.
no plural:
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o cham- aldeão, aldeões, aldeãos;
panha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete, o verão, verões, verãos;
Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa, anão, anões, anãos;
o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o formici- guardião, guardiões, guardiães;
da, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o plasma, o corrimão, corrimãos, corrimões;
estigma. ancião, anciões, anciães, anciãos;
ermitão, ermitões, ermitães, ermitãos.
São geralmente masculinos os substantivos de origem gre- A tendência é utilizar a forma em ÕES
ga terminados em – ma: o dilema, o teorema, o emblema, o

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Língua Portuguesa

Há substantivos que mudam o timbre da vogal tônica, no plu- - substantivo composto de três ou mais elementos não
ral. Chama-se metafonia. Apresentam o “o” tônica fechado no ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-me-
singular e aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto (ô), -queres / o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os
impostos (ó) / forno (ô), fornos (ó) / miolo (ô), miolos (ó) / poço sem-terra / o fora-da-lei = os fora- da-lei / o João-ninguém
(ô), poços (ó) / olho (ô), olhos (ó) / povo (ô), povos (ó) / corvo = os joões-ninguém / o ponto-e-vírgula = os ponto-e-vírgula
(ô), corvos (ó). Também são abertos no plural (ó): fogos, ovos, / o bumba-meu-boi = os bumba-meu-boi.
ossos, portos, porcos, postos, reforços. Tijolos, destroços. - quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel:
Há substantivos que mudam de sentido quando usados no grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes / bel-pra-
plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação de bens. zer = bel-prazeres.
(Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram
maravilhosas. (Descanso); Sua honra foi exaltada. (Dignidade); Somente o primeiro elemento vai para o plural
Recebeu honras na solenidade. (Homenagens); Outros: bem = - substantivo + preposição + substantivo: água de colônia
virtude, benefício / bens = valores / costa = litoral / costas = = águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabe-
dorso / féria = renda diária / férias = descanso / vencimento ça / pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz.
= fim / vencimento = salário / letra = símbolo gráfico / letras = - quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá ideia
literatura. de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-enredo / pom-
Substantivos empregados somente no plural: Arredores, be- bo-correio = pombos-correio / salário-família = salários-fa-
las-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, exéquias, mília / banana-maçã = bananas-maçã / vale-refeição = va-
férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames, vi- les-refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador)
veres, idos, afazeres, algemas. A tendência na língua portuguesa atual é pluralizar os dois
A forma singular das palavras ciúme e saudade são também elementos: bananas-maçãs / couves-flores / peixes-bois /
usadas no plural, embora a forma singular seja preferencial, já saias-balões.
que a maioria dos substantivos abstratos não se pluralizam.
Aceita-se os ciúmes, nunca o ciúmes. Os dois elementos ficam invariáveis quando
houver
“Quando você me deixou, - verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o
meu bem, cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
me disse pra eu ser feliz e passar bem - os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
= os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva- e-traz / o vai-e-vol-
mas depois, como era
de costume, obedeci” (gravado por Maria Bethânia) ta = os vai-e-volta.

Os dois elementos, vão para o plural


“Às vezes passo dias inteiros
imaginando e pensando em você - substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis
e eu fico com tanta saudade / abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós /
que até parece que eu posso morrer. tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = re-
Pode creditar em mim. datores-chefes. Coloque entre dois elementos a conjunção
Você me olha, eu digo sim...” (Fernanda Abreu) e, observe se é possível a pessoa ser o redator e chefe ao
mesmo tempo / cirurgião e dentista / tia e avó / decreto e lei
/ abelha e mestra.
Termos no singular com valor de plural: - substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-perfeitos /
Muito negro ainda sofre com o preconceito social. Tem morrido capitão-mor = capitães-mores / carro- forte = carros-fortes /
muito pobre de fome. obra-prima = obras-primas / cachorro-quente = cachorros-
-quentes.
- adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta-me-
Plural dos Substantivos Compostos tragem = curtas-metragens / má-língua = más-línguas /
- numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = segundas-
Não é muito fácil a formação do plural dos substantivos -feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
compostos.
Composto com a palavra guarda só vai para o plural se for
Somente o segundo (ou último) elemento vai pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda-florestal
para o plural = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis / guarda-ma-
rinha = guardas-marinha.
- Palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol =
girassóis / autopeça = autopeças. Plural das palavras de outras classes gramaticais usadas como
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha- substantivo (substantivadas), são flexionadas como substanti-
-céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda-roupa vos: Gritavam vivas e morras; Fiz a prova dos noves; Pesei bem
= guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale-refeição os prós e contras.
= vale-refeições. Numerais substantivos terminados em s ou z não variam no
- elemento invariável + palavra variável: sempre-viva = plural. Este semestre tirei alguns seis e apenas um dez.
sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo- assinados / re- Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas / os
cém-nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys / os Silvas.
auto-escola = auto-escolas.
- palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico-tico Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs / DVDs /
= os tico-ticos / o corre-corre = os corre- corres. ONGs / PMs / Ufirs.

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Língua Portuguesa

Grau do Substantivo 3. A palavra livro é um substantivo


a) próprio, concreto, primitivo e simples.
Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir b) comum, abstrato, derivado e composto.
intensidade, exagero ou diminuição. A essas modificações c) comum, abstrato, primitivo e simples.
é que damos o nome de grau do substantivo. São dois os d) comum, concreto, primitivo e simples.
graus dos substantivos: aumentativo e diminutivo.
4. Assinale a alternativa em que todos os substantivos
Os graus aumentativos e diminutivos são formados por são masculinos:
dois processos: a) enigma – idioma – cal;
b) pianista – presidente – planta;
Sintético c) champanha – dó(pena) – telefonema;
d) estudante – cal – alface;
Com o acréscimo de um sufixo aumentativo ou diminutivo:
e) edema – diabete – alface.
peixe – peixão (aumentativo sintético); peixe-peixinho (diminu-
tivo sintético); sufixo inho ou isinho. 5. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm
um significado; e no feminino têm outro, diferente. Mar-
Analítico que a alternativa em que há um substantivo que não
corresponde ao seu significado:
Formado com palavras de aumento: grande, enorme, imen-
sa, gigantesca: obra imensa / lucro enorme / carro grande a) O capital=dinheiro; A capital=cidade principal;
/ prédio gigantesco; e formado com as palavras de dimi- b) O grama=unidade de medida; A grama=vegetação rasteira;
nuição: diminuto, pequeno, minúscula, casa pequena, peça c) O rádio=aparelho transmissor; A rádio=estação geradora;
minúscula / saia diminuta. d) O cabeça=o chefe; A cabeça = parte do corpo;
e) A cura = o médico. O cura = ato de curar.
- Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns substanti-
vos exprimem também desprezo, crítica, indiferença em
relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo, Respostas
narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco. 1. Resposta C
- Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho,
A palavra “balão” tem seu plural em “ões”.
Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns subs- O plural do vocábulo “caneta-tinteiro” é “canetas-tinteiro”, em
tantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram que se é pluralizado apenas o primeiro
um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhi-
elemento, já que o segundo determina, indicando a funcionali-
nha (calendário).
dade, do primeiro.
- As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em sí-
labas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem o sufi- Alternativa A: vulcão-vulcões / abaixo-assinado-abaixo-
xo zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão -assinados Alternativa B: irmão irmãos / salário-família sa-
(sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) = heroizinho; baú lários-família Alternativa C (correta): questão questões /
(hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho. manga-rosa mangas-rosa Alternativa D: bênção bênçãos / pa-
pel-moeda papéis-moeda Alternativa E: razão razões / guarda-
- As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas
-chuva guarda-chuvas
consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho:
país = paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza 2. Resposta E
= belezinha.
Alternativa A: cadáver – cadáveres Alternativa B: gavião -
- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por prefi- gaviões Alternativa C: fuzil - fuzis Alternativa D: mal – males
xação: minissaia, maxissaia, supermercado, minicalculadora. Alternativa E: correta
3. Resposta D
Substantivo caracterizador de adjetivo
Os adjetivos referentes a cores podem ser modificados por 4. Resposta C
um substantivo: verde piscina, azul petróleo, amarelo ouro, Alternativa A: A cal Alternativa B: O/A presidente Alternativa
roxo batata, verde garrafa. C: correta
Alternativa D: O/A estudante – A cal Alternativa E: A alface
Questões 5. Resposta E
1. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da mes- O cura = sacerdote
ma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
a) vulcão, abaixo-assinado;
b) irmão, salário-família; Adjetivo
c) questão, manga-rosa;
d) bênção, papel-moeda;
e) razão, guarda-chuva. Não digas: “o mundo é belo.”
Quando foi que viste o mundo?
2. Assinale a alternativa em que está correta a formação Não digas: “o amor é triste.”
do plural: Que é que tu conheces do amor?
a) cadáver – cadáveis; Não digas: “a vida é rápida.”
b) gavião – gaviães; Com foi que mediste a vida? (Cecília Meireles)
c) fuzil – fuzíveis; Os adjetivos belo, triste e rápida expressa uma qualidade
d) mal – maus; dos sujeitos: o mundo, o amor, a vida.
e) atlas – os atlas.

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Língua Portuguesa

Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau que mo- Cidade, Estado, País e Adjetivo Pátrio:
difica um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, estado, Amapá: amapaense;
ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo; cavalo
Amazonas: amazonense ou baré;
baio; comida saudável; político honesto; professor competen-
te; funcionário consciente; pais responsáveis. Anápolis: anapolino;
Angra dos Reis: angrense;
Aracajú: aracajuano ou aracajuense;
Classificação Bahia: baiano;
Bélgica: belga;
Simples
Belo Horizonte: belo-horizontino;
Apresentam um único radical, uma única palavra em sua Brasil: brasileiro;
estrutura: alegre, medroso, simpático, covarde, jovem, exube-
Brasília: brasiliense;
rante, teimoso;
Buenos Aires: buenairense ou portenho ou bonairense ou
bonarense;
Compostos
Cairo: cairota;
Apresentam mais de um radical, mais de duas palavras em Cabo Frio: cabo-friense;
sua estrutura: estrelas azul- claras; sapatos marrom-escuros;
Campo Grande: campo-grandense;
garoto surdo-mudo1.
Ceará: cearense;
Primitivos Curitiba: curitibano;
Distrito Federal: candango ou brasiliense;
são os que vieram primeiro; dão origem a outras palavras: atu-
Espírito Santo: espírito-santense ou capixaba;
al, livre, triste, amarelo, brando, amável, confortável.
Estados Unidos: estadunidense ou norte americano;
Derivados: Florianópolis: florianopolitano;
São aqueles formados por derivação, vieram depois dos Florença: florentino;
primitivos: amarelado, ilegal, infeliz, desconfortável, entriste- Fortaleza: fortalezense;
cido, atualizado.
Goiânia: goianiense;
Goiás: goiano;
Pátrios
Japão: japonês ou nipônico;
Indicam procedência ou nacionalidade, referem-se a cidades, João Pessoa: pessoense;
estados, países.
Londres: londrino;
Maceió: maceioense;
Locução Adjetiva Manaus: manauense ou manauara;
Maranhão: maranhense;
É a expressão que tem o mesmo valor de um adjetivo. A locu- Mato Grosso: mato-grossense;
ção adjetiva é formada por preposição + um substantivo.
Mato Grosso do Sul: mato-grossense-do-sul;
Vejamos algumas locuções adjetivas: Minas Gerais: mineiro;
Natal: natalense ou papa-jerimum;
Angelical de anjo Etário de idade
Nova Iorque: nova-iorquino;
Abdominal de abdômen Fabril de fábrica Niterói: niteroiense;
Novo Hamburgo: hamburguense;
Apícola de abelha Filatélico de selos
Palmas: palmense;
Aquilino de águia Urbano da cidade Pará: paraense;
Argente de prata Gástrica do estômago Paraíba: paraibano; Paraná: paranaense;
Pernambuco: pernambucano;
Áureo de ouro Hepático do fígado
Petrópolis: petropolitano; Piauí: piauiense;
Auricular da orelha Matutino da manhã Porto Alegre: porto-alegrense;
Bucal da boca Vespertino da tarde Porto Velho: porto-velhense;
Recife: recifense;
Bélico de guerra Inodoro sem cheiro Rio Branco: rio-branquense;
Cervical do pescoço Insípido sem gosto Rio de Janeiro: carioca/ fluminense (estado);
Rio Grande do Norte: rio-grandense-do-norte ou potiguar;
Cutâneo de pele Pluvial da chuva
Rio Grande do Sul: rio-grandense ou gaúcho;
Discente de aluno Humano do homem Rondônia: rondoniano;
Docente de professor Umbilical do umbigo Roraima: roraimense;
Salvador: soteropolitano;
Estelar de estrela Têxtil de tecido
Santa Catarina: catarinense ou barriga-verde;
Algumas locuções adjetivas não possuem adjetivos cor- São Paulo: paulista/paulistano (cidade);
respondentes: lata de lixo, sacola de papel, parede de tijolo, São Luís: são-luisense ou ludovicense;
folha de papel, e outros. Sergipe: sergipano;

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Língua Portuguesa

Teresina: teresinense; exemplo útil = exemplos úteis


Tocantins: tocantinense; - quando os dois elementos formadores são adjetivos, só
Três Corações: tricordiano; o segundo vai para o plural: questões político- partidárias,
Três Rios: trirriense; olhos castanho-claros, senadores democrata-cristãos
Vitória: vitoriano. - Composto formado de adjetivo + substantivo referindo-
-se a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem
- pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, como: invariáveis, não vão para o plural: terno azul-petróleo =
afro-brasileiro; Anglo-americano, franco- italiano, sino-japo- ternos azul-petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo);
nês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasileira; nipo- saia amarelo-canário = saias amarelo-canário (adjetivo,
-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos (alemão). amarelo; substantivo canário).
- “O professor fez uma simples observação”. O adjetivo, sim- - As locuções adjetivas formadas de cor + de + substan-
ples, colocado antes do substantivo observação, equivale tivo, ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-de-
à banal. -rosa / olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
- “O professor fez uma observação simples”. O adjetivo sim- - São invariáveis os adjetivos: raios ultravioleta / alegrias
ples colocado depois do substantivoobservação, equivale sem-par, piadas sem-sal.
à fácil.

Grau do Adjetivo
Flexões do Adjetivo
Grau comparativo de: igualdade, superioridade (Analítico e
O adjetivo, como palavra variável, sofre flexões de: gênero, nú- Sintético) e Inferioridade; Grau superlativo: absoluto (analítico e
mero e grau. sintético) ou relativo (superioridade e inferioridade).

Gênero do Adjetivo O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades dos


seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau: compara-
Quanto ao gênero os adjetivos classificam-se em: tivo e superlativo.
- uniformes: têm forma única para o masculino e o feminino.
O grau comparativo é usado para comparar uma qualidade
Funcionário incompetente = funcionária incompetente.
entre dois ou mais seres, ou duas ou mais qualidades de um
- biformes: troca-se a vogal o pela vogal a ou com o acrésci- mesmo ser.
mo da vogal a no final da palavra: ator famoso = atriz famosa
/ jogador brasileiro = jogadora brasileira. O comparativo pode ser:

Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina ape-


nas no segundo elemento: sociedade luso- brasileira / festa de igualdade
cívico-religiosa / saia verde-escura. Vejamos alguns adjetivos Iguala duas coisas ou duas pessoas: Sou tão alto quão /
biformes que apresentam uma flexão especial: ateu – ateia / quanto / como você. (As duas pessoas têm a mesma altura)
europeu – europeia / glutão – glutona / hebreu – hebreia / Ju-
deu – judia / mau – má / plebeu – plebeia / são – sã / vão – vã. de superioridade
Atenção Iguala duas pessoas / coisas sendo que uma é mais do que
Às vezes, os adjetivos são empregados como substanti- a outra: Minha amiga Manu é mais elegante do que / que eu.
vos ou como advérbios: Agia como um ingênuo. (Adjetivo (Das duas, a Manu é mais)
como substantivo: acompanha um artigo). O grau comparativo de superioridade possui duas formas:
A cerveja que desce redondo. (Adjetivo como advérbio: Analítica: mais bom / mais mau / mais grande / mais peque-
redondamente). no: O salário é mais pequeno do que / que justo (salário pe-
Substantivos que funcionam como adjetivos, num pro- queno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um
cesso de derivação imprópria, isto é, palavra que tem mesmo ser, podemos usar as formas: mais grande, mais mau,
o valor de outra classe gramatical, que não seja a sua: mais bom, mais pequeno.
Alguns brasileiros recebem um salário- família. (Substantivo Sintética: bom, melhor / mau, pior / grande, maior / peque-
com valor de adjetivo). no, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela.
Substituto do adjetivo: palavras / expressões de outra
classe gramatical podem caracterizar o substantivo, ficando de inferioridade
a ele subordinadas na frase. Um elemento é menor do que outro: Somos menos passivos
Semântica e sintaticamente falando, valem por adjetivos. do que / que tolerantes.

Vale associar ao substantivo principal outro substantivo O grau superlativo


em forma de aposto. O rio Tietê atravessa o estado de São
Paulo. A característica do adjetivo se apresenta intensificada: O su-
perlativo pode ser absoluto ou relativo.

Plural do Adjetivo Superlativo Absoluto: atribuída a um só ser; de forma absoluta.


Pode ser:
o plural dos adjetivos simples flexionam de acordo com o subs- - Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente,
tantivo a que se referem: bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo: Ni-
menino chorão = meninos chorões cola é extremamente simpático.
garota sensível = garotas sensíveis
vitamina eficaz = vitaminas eficazes

52
Língua Portuguesa

- Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo: Minha coma- Emprego Adverbial do Adjetivo
dre Mariinha é agradabilíssima;
- o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos terminados O menino dorme tranquilo. / As meninas dormem tranquilas.
em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer(magro) = macér- Em ambas as frases o adjetivo concorda em gênero e número
rimo; com o sujeito.
- forma popular: radical do adjetivo português + íssimo: po- O menino dorme tranquilamente. / As meninas dormem tran-
bríssimo; quilamente. O adjetivo assume um valor adverbial, com o
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável = ama- acréscimo do sufixo mente, sendo, portanto, invariável, não vai
bilíssimo; para o plural.
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo ape- Sorriu amarelo e saiu. / Ficou meio chateada e calou-se. O ad-
nas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo; jetivo amarelo modificou um verbo, portanto, assume a fun-
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em ção de advérbio; o adjetivo meio + chateada (adjetivo) assume,
iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo / também, a função de advérbio.
frio = friíssimo.
Algumas formas do superlativo absoluto sintético erudito
(culto):
Questões
ágil = agílimo; 1. (COMPESA - Analista de Gestão – Advogado – FGV/2016)
agradável = agradabilíssimo; agudo = acutíssimo;
amargo = amaríssimo; amigo = amicíssimo; antigo = antiquíssi- A substituição da oração adjetiva por um adjetivo de valor equi-
mo; áspero = aspérrimo; atroz = atrocíssimo; valente está feita de forma inadequada em:
benévolo = benevolentíssimo; bom = boníssimo, ótimo; capaz a) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por mais
= capacíssimo; improvável que pareça, só pode ser a verdade”. / restante
célebre = celebérrimo; cruel = crudelíssimo; difícil = dificílimo; b) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorân-
doce = dulcíssimo; eficaz = eficacíssimo; fácil = facílimo; cia”. / consciente dos limites da própria] ignorância.
feliz = felicíssimo; c) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indife-
fiel = fidelíssimo; frágil = fragílimo; rente
frio = frigidíssimo, friíssimo; geral = generalíssimo; humilde = d) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as pessoas”.
humílimo; incrível = incredibilíssimo; inimigo = inimicíssimo; jo- / insuportável
vem = juvenilíssimo; livre = libérrimo; e) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos
magnífico = magnificentíssimo; magro = macérrimo, magérri- que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”. /
mo; mau = péssimo; falecidos
miserável = miserabilíssimo; negro = nigérrimo, negríssimo; no- 2. (Pref. de Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo –
bre = nobilíssimo; FGV/2016)
pessoal = personalíssimo;
pobre = paupérrimo, pobríssimo; sábio = sapientíssimo; “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao menos crer
sagrado = sacratíssimo; simpático = simpaticíssimo; simples = na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações científicas.”
simplíssimo; tenro = tenríssimo; (Machado de Assis)
terrível = terribilíssimo; No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados possuem,
veloz = velocíssimo. respectivamente, os valores de
Usa-se também, no superlativo: a) qualidade e estado.
b) estado e relação.
- prefixos: maxinflação / hipermercado / ultrassonografia / c) relação e característica.
supersimpática. d) característica e qualidade.
- expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que nem e) qualidade e relação.
sola / podre de rico / linda de morrer / magro de dar pena.
3. (Pref. de Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo –
- adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) / linda, lin- FGV/2016)
da (=lindíssima).
- diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha / gran- Entre as frases de Machado de Assis a seguir, assinale a aquela
dalhão / gostosão / bonitão. em que a locução adjetiva sublinhada mostra uma substituição
inadequada.
- linguagem informa, sufixo érrimo, em vez de íssimo: chi-
a) “A fantasia é um vidro de cor, porém mentiroso.” / colorido
quérrimo, chiquetérrimo, elegantérrimo.
b) “Sem ter passado por provas da experiência, é muito raro
Superlativo Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre dizer coisa com coisa.” / experientes
muitos, com a mesma qualidade. c) “Admiremos os diplomatas que sabem guardar consigo os
segredos dos governos.” / governamentais
Pode ser:
d) “Amor ou eleições, não falta matéria às discórdias dos ho-
Superlativo Relativo de Superioridade: Wilma é a mais pren- mens.” / humanas
dada de todas as suas amigas. (Ela é a mais de todas) e) “A tática do parlamento de tomar tempo com discursos até
o fim das sessões não é nova.” / parlamentar
Superlativo Relativo de Inferioridade: Paulo César é o menos
tímido dos filhos. 4. (Pref. de São Gonçalo/RJ - Analista de Contabilidade –
BIO-RIO/2016)
Texto

ÉDIPO-REI

53
Língua Portuguesa

Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoe- Significado de Paupérrimo


lhado nos degraus da entrada. Cada um tem na mão um ramo
adj. Característica de algo ou alguém extremamente pobre,
de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
sem recursos financeiros, sem dinheiro ou bens materiais: mo-
(Édipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013) rava num barraco paupérrimo; era um sujeito paupérrimo.
Numa descrição, os adjetivos indicam estados, qualidades, 2. Resposta E
características e relações dos substantivos por eles deter-
minados. O adjetivo abaixo que indica uma qualidade do Qualidade - necessita que se faça uma análise subjetiva da
substantivo é: questão, não é uma característica física por exemplo;
a) ramo murcho.
Relação - Um adjetivo de relação (ou relacional) é aquele que
b) cena interessante.
é derivado de um substantivo por derivação sufixal e não varia
c) palavras sacerdotais.
em grau. - de Ciências ficou científicas;
d) palácio amarelo.
e) crianças alvoroçadas. 3. Resposta B
5. (CISMEPAR/PR - Técnico Administrativo – FAUEL/2016) De experiência - o correto seria experimentais;
Leia o texto e responda as questões abaixo: 4. Resposta B
a) ramo murcho = característica
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade
b) cena interessante = qualidade
e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir
c) palavras sacerdotais = relação
uns para com os outros em espírito de fraternidade. Todo in-
d) palácio amarelo = característica
divíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
e) crianças alvoroçadas = estado
Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do tra-
balho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à 5. Resposta A
proteção contra o desemprego”. a) Gabarito - Livres(adjetivo); iguais (adjetivo); equitativas(ad-
jetivo); Satisfatórias(adjetivo)
De acordo com a gramática da língua portuguesa, adjetivo é a
b) Errado. Todos (pronome indefinido); dever(verbo); Fraterni-
palavra que qualifica um substantivo.
dade(substantivo); liberdade (substantivo
Aponte a afirmativa que contenha somente adjetivos retirados c) Errado. Trabalho(substantivo); ter(verbo); direito(substanti-
do texto. vo); desemprego(substantivo)
a) livres, iguais, equitativas, satisfatórias. d) Errado. Espírito(substantivo); Seres(substantivo); Nascer(-
b) todos, dever, fraternidade, liberdade. verbo); livre(adjetivo)
c) trabalho, ter, direito, desemprego.
6. Resposta C
d) espírito, seres, nascer, livre.
Pois dentre as alternativas a única que não caracteriza os subs-
6. (Consurge/MG - Técnico Administrativo – Gestão Con-
tantivos é a C. Legume é um substantivo.
curso/2016)
Tomate é fruta?
Sim, ele é. Não só o tomate é fruta, como a berinjela, a abobri- Numeral
nha, o pepino, o pimentão e outros alimentos que nós chama-
mos de legumes também são. Fruta é o ovário amadurecido Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série,
de uma planta, onde ficam as sementes. A confusão acontece multiplicação e divisão. Daí a sua classificação, respectiva-
porque nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas mente, em: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
de legumes. Se você acha que sua vida foi uma mentira até
Cardinal: indica número, quantidade: um, dois, três, oito, vin-
agora, saiba que também existem alimentos que nós chama-
te, cem, mil;
mos de fruta, mas não são. Trata-se dos pseudofrutos – es-
truturas suculentas que têm cara e jeito de fruto, mas não se Ordinal: indica ordem ou posição: primeiro, segundo, tercei-
desenvolvem a partir do ovário da planta, como as frutas reais. ro, sétimo, centésimo;
É o caso do morango, do caju, da maçã, da pera e do abacaxi,
Fracionário: indica uma fração ou divisão: meio, terço, quar-
entre outros.
to, quinto, um doze avos;
HAICK, Sabrina. Tomate é fruta? Mundo Estranho. Ed. 177. Disponível em:
<http://zip.net/bys0Dt>. Acesso em: 8 mar. 2016 (Adaptação).
Multiplicativo: indica a multiplicação de um número: duplo,
dobro, triplo, quíntuplo.
Assinale a alternativa cuja palavra destacada não desempenha
Os numerais que indicam conjunto de elementos de quan-
uma função adjetival.
tidade exata são os coletivos:
a) “Fruta é o ovário amadurecido de uma planta [...].”
Bimestre: período de dois meses
b) “[...] não se desenvolvem a partir do ovário da planta, como
Centenário: período de cem anos
as frutas reais.”
Decálogo: conjunto de dez leis
c) “[...] nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas
Decúria: período de dez anos
de legumes.”
Dezena: conjunto de dez coisas
d) “[...] estruturas suculentas que têm cara e jeito de fruto
Dístico: dois versos
[...].”
Dúzia: conjunto de doze coisas
Grosa: conjunto de doze dúzias
Respostas Lustro: período de cinco anos
1. Resposta C Milênio: período de mil anos
Milhar: conjunto de mil coisas
“A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indiferente Novena: período de nove dias
Que vem sem esforço = fácil Quarentena: período de quarenta dias

54
Língua Portuguesa

Quinquênio: período de cinco anos - o fracionário meio concorda em gênero e número com
Resma: quinhentas folhas de papel o substantivo no qual se refere: O início do concurso será
Semestre: período de seis meses meio-dia e meia. (Hora) / Usou apenas meias palavras.
Septênio: período de sete anos
Sexênio: período de seis anos Número
Terno: conjunto de três coisas - os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e outros,
Trezena: período de treze dias variam em número: Venderam um milhão de ingressos para
Triênio: período de três anos a festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros.
Trinca: conjunto de três coisas
- os numerais ordinais variam em número: As segundas
Algarismos: Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I, colocadas disputarão o campeonato.
2-II, 3-III, 4-IV, 5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-XII, - os numerais multiplicativos são invariáveis quando usa-
13-XIII, 14-XIV, 15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX, 20-XX, dos com valor de substantivo: Minha dívida é o dobro da
30-XXX, 40-XL, 50- L, 60-LX, 70-LXX, 80-LXXX, 90-XC, 100-C, sua. (Valor de substantivo – invariável)
200-CC, 300-CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC, 800-
- os numerais multiplicativos variam quando usados como
DCCC, 900-CM, 1.000-M.
adjetivos: Fizemos duas apostas triplas. (Valor de adjetivo
Numerais Cardinais: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, - variável)
oito, nove, dez, onze, doze, treze, catorze ou quatorze, quinze, - os numerais fracionários variam em número, concordando
dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte..., trinta..., qua- com os cardinais que indicam números das partes.
renta..., cinquenta..., sessenta..., setenta..., oitenta..., noven-
- Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos equivalem
ta..., cem..., duzentos..., trezentos..., quatrocentos..., quinhen-
a 750 ml.
tos..., seiscentos..., setecentos..., oitocentos..., novecentos...,
mil.
Grau
Numerais Ordinais: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quin-
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos nu-
to, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, décimo primeiro, déci-
merais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele quarentão é um
mo segundo, décimo terceiro, décimo quarto, décimo quinto,
“gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da escola.
décimo sexto, décimo sétimo, décimo oitavo, décimo nono,
vigésimo..., trigésimo..., quadragésimo..., quinquagésimo...,
sexagésimo..., septuagésimo..., octogésimo..., nonagésimo..., Emprego dos Numerais
centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., quadringentési-
mo..., quingentésimo..., sexcentésimo..., septingentésimo..., - para designar séculos, reis, papas, capítulos, cantos (na
octingentésimo..., nongentésimo..., milésimo. poesia épica), empregam-se: os ordinais até décimo: João
Paulo II (segundo). Canto X (décimo) / Luís IV (nono); os car-
Numerais Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo,
dinais para os demais: Papa Bento XVI (dezesseis); Século
sêxtuplo, sétuplo, óctuplo, nônuplo, décuplo, undécuplo, duo-
XXI (vinte e um).
décuplo, cêntuplo.
- se o numeral vier antes do substantivo, usa-se o ordinal. O
Numerais Fracionários: meia, metade, terço, quarto, quinto, XX século foi de descobertas científicas. (Vigésimo século)
sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, onze avos, doze avos, tre- - com referência ao primeiro dia do mês, usa-se o nume-
ze avos, catorze avos, quinze avos, dezesseis avos, dezessete ral ordinal: O pagamento do pessoal será sempre no dia
avos, dezoito avos, dezenove avos, vinte avos..., trinta avos..., primeiro.
quarenta avos..., cinquenta avos..., sessenta avos..., setenta
- na enumeração de leis, decretos, artigos, circulares,
avos..., oitenta avos..., noventa avos..., centésimo..., ducenté-
portarias e outros textos oficiais, emprega-se o numeral
simo..., trecentésimo..., quadringentésimo..., quingentésimo...,
ordinal até o nono: O diretor leu pausadamente a portaria
sexcentésimo..., septingentésimo..., octingentésimo..., non-
8ª. (portaria oitava)
gentésimo..., milésimo.
- emprega-se o numeral cardinal, a partir de dez: O artigo
16 não foi justificado. (Artigo dezesseis)
Flexão dos Numerais - enumeração de casa, páginas, folhas, textos, aparta-
mentos, quartos, poltronas, emprega-se o numeral car-
dinal: Reservei a poltrona vinte e oito. / O texto quatro está
Gênero na página sessenta e cinco.
- os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir
- se o numeral vier antes do substantivo, emprega-se o ordi-
de duzentos apresentam flexão de gênero: Um menino e
nal. Paulo César é adepto da 7ª Arte. (Sétima)
uma menina foram os vencedores. / Comprei duzentos gra-
mas de presunto e duzentas rosquinhas. - não se usa o numeral um antes de mil: Mil e duzentos
reais é muito para mim.
- os numerais ordinais variam em gênero: Marcela foi a
nona colocada no vestibular. - o artigo e o numeral, antes dos substantivos milhão, mi-
lhar e bilhão, devem concordar no masculino: quando o
- os numerais multiplicativos, quando usados com o valor
sujeito da oração é milhões + substantivo feminino plural, o
de substantivos, são variáveis: A minha nota é o triplo da
particípio ou adjetivo podem concordar, no masculino, com
sua. (Triplo – valor de substantivo)
milhões, ou com o substantivo, no feminino. Dois milhões de
- quando usados com valor de adjetivo, apresentam fle- notas falsas serão resgatados ou serão resgatadas (milhões
xão de gênero: Eu fiz duas apostas triplas na loto fácil. (Tri- resgatados / notas resgatadas)
plas valor de adjetivo)
- os numerais multiplicativos quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo
- os numerais fracionários concordam com os cardinais e óctuplo valem como substantivos para designar pes-
que indicam o número das partes: Dois terçosdos alunos soas nascidas do mesmo parto: Os sêxtuplos, nascidos
foram contemplados. em Lucélia, estão reagindo bem.

55
Língua Portuguesa

- emprega-se, na escrita das horas, o símbolo de cada Respostas


unidade após o numeral que a indica, sem espaço ou
ponto: 10h20min – dez horas, vinte minutos. 1. Resposta A
- não se emprega a conjunção e entre os milhares e as O numeral quando for usado para designar Papas, reis, sécu-
centenas: mil oitocentos e noventa e seis. Mas 1.200 – mil e los, capítulos etc., usam-se: Os ordinais de 1 a 10; Os cardinais
duzentos (o número termina numa centena com dois zeros) de 11 em diante.
Logo, a letra A está incorreta por estar grafado século três,
Questões quando o correto é século terceiro.
2. Resposta B
1. Marque o emprego incorreto do numeral:
a) século III (três) Está corretamente grafado parágrafo nono e parágrafo dez na
b) página 102 (cento e dois) alternativa B, pois os numerais ordinais são de 1 a 09. De 10 em
c) 80º (octogésimo) diante usamos os cardinais.
d) capítulo XI (onze) 3. Resposta A
e) X tomo (décimo)
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos se-
2. Indique o item em que os numerais estão corretamente res, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada.
empregados: Por exemplo: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
a) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro.
b) após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez. Numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em
c) depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro. funções substantivas:
d) antes do artigo décimo vem o artigo nono. Por exemplo:
e) o artigo vigésimo segundo foi revogado.
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
3. (Pref. de Chapecó/SC - Procurador Municipal –
IOBV/2016) Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexio-
nam-se em gênero e número:
Quanto à classificação dos numerais, os que indicam o au-
mento proporcional de quantidade, podendo ter valor de Por exemplo:
adjetivo ou substantivo são os numerais: Teve de tomar doses triplas do medicamento.
a) Multiplicativos
b) Ordinais 4. Resposta C
c) Cardinais Sempre que um numeral preceder um substantivo, usa-se
d) Fracionários como ordinal. Exemplo:
4. (Prefeitura de Barra de Guabiraba/PE - Nível Funda- XX Festa do Morango (Vigésima).
mental Completo – IDHTEC/2016)
No caso de designação de reis, papas, capítulos de obras, os
Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por
ordinais são usados de 1 até 10. A partir de então, são usados
extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na
os cardinais.
frase:
a) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP), temem Exemplos:
que suas casas desabem após uma cratera se abrir na
João Paulo II (segundo); João XXIII (vinte e Três).
Avenida Papa Pio X. (DÉCIMA)
b) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401 (QUA- 5. Resposta B
TROCENTAS E UMA)
c) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve a Alguns exemplos:
sua página Classitêxtil reformulada. (VIGÉSIMA SEGUNDA) 30.º – trigésimo;
d) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci-
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em 40.º – quadragésimo; 50.º – quinquagésimo; 60.º – sexagésimo;
erro, mediante artifício, ardil. (CENTÉSIMO SETÉSIMO 70.º – septuagésimo ou setuagésimo; 80.º – octogésimo;
PRIMEIRO)
e) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do século 90.º – nonagésimo; 100.º – centésimo; 200.º – ducentésimo;
XX. (SÉCULO DUCENTÉSIMO) 300.º - trecentésimo ou tricentésimo.
5. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)
O SBT fará uma homenagem digna da história de seu proprie- Pronome
tário e principal apresentador: no próximo dia 12 [12.12.2015]
colocará no ar um especial com 2h30 de duração em home-
nagem a Silvio Santos. É o dia de seu aniversário de 85 anos. É a palavra que acompanha ou substitui o nome, relacionando-
-o a uma das três pessoas do discurso.
(http://tvefamosos.uol.com.br/noticias)

As informações textuais permitem afirmar que, em 12.12.2015,


Sílvio Santos completou seu octogenário quinquagésimo As três pessoas do discurso
aniversário.
a) octogésimo quinto aniversário. 1ª pessoa
b) octingentésimo quinto aniversário.
c) otogésimo quinto aniversário. eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou emissor;
d) oitavo quinto aniversário.

56
Língua Portuguesa

2ª pessoa - as formas conosco e convosco são substituídas por:


com + nós, com + vós. seguidos de: ambos, todos, pró-
tu (singular) vós (plural): aquela com quem se fala ou receptor; prios, mesmos, outros, numeral: Marianne garantiu que via-
jaria com nós três.
3ª pessoa - o pronome oblíquo funciona como sujeito com os ver-
ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de quem se fala ou bos: deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver+verbo no infi-
referente. nitivo. Deixe-me sentir seu perfume. (Deixe que eu sinta seu
perfume me-- sujeito do verbo deixar - Mandei-o calar. (=
Dependendo da função de substituir ou acompanhar o
Mandei que ele calasse), o= sujeito do verbo mandar.
nome, o pronome é, respectivamente: pronome substantivo
ou pronome adjetivo. - os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o
nome de pronomes recíprocos quando expressam uma
ação mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocio-
Classificação nados. (pronome recíproco, nós mesmos). Nunca diga: Eu
se apavorei. / Eu jà se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me
Pessoais, de tratamento, possessivos, demonstrativos, indefi- arrumei. (certos)
nidos, interrogativos e relativos. - Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituidos
por mim e ti após prepõsição: O segredo ficará somente
Pronomes Pessoais entre mim e ti.
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu,
Os pronomes pessoais dividem-se em:
quando funcionarem como Sujeito: Todos pediram para
Retos eu relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo
no infinitivo). Lembre-se de que mim não fala, não escreve,
Exercem a função de sujeito da oração: eu, tu, ele, nós, não compra, não anda. Somente o Tarzã e o Capitão Caver-
vós, eles: na dizem: mim gosta / mim tem / mim faz. / mim quer.
Oblíquos - As formas oblíquas o, a, os, as são sempre emprega-
das como complemento de verbos transitivos diretos
Exercem a função de complemento do verbo - objeto direto ao passo que as formas lhe, lhes são empregadas como
e objeto indireto - ou as, lhes: Ela não vai conosco. (ela-pro- complementos de verbos transitivos indiretos: Dona
nome reto / vai-verbo / conosco complemento nominal. Cecília, querida amiga, chamou-a. (verbo transitivo direto,
VTD); Minha saudosa comadre, Nircléia, obedeceu-lhe. (ver-
São: tônicos com preposição: mim, comigo, ti, contigo,si,
bo transitivo indireto,VTI)
consigo, conosco, convosco; átonos sem preposição: me, te,
se, o, a, lhe, nos, vos, os,-pronome oblíquo) - Eu dou atenção - É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo
a ela. (eu-pronome reto / dou-verbo / atenção-nome / ela-pro- a gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente
nome oblíquo) deve fazer caridade com os mais necessitados.
- Os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas, nós e vós
Saiba mais sobre os Pronomes Pessoais serão pronomes pessoais oblíquos quando empregados
- Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª como complementos de um verbo e vierem precedidos de
pessoa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi preposição. O conserto da televisão foi feito por ele. (ele=
saindo do teatro. pronome oblíquo)
- Os pronomes pessoais ele, eles e ela, elas podem se
- As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os prono-
contrair com as preposições de e em: Não vejo graça
mes pessoais do caso reto: - Eu vi só ele ontem.
nele./ Já frequentei a casa dela.
- Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos da
- Se os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas esti-
3ª pessoa apresentam as formas: o, a, os, as: se o verbo
verem funcionando como sujeito, e houver uma preposi-
terminar em vogal ou ditongo oral: Encontrei-a sozinha. Ve-
ção antes deles, não poderá haver uma contração: Está
jo-os diariamente.
na hora de ela decidir seu caminho. (ela -sujeito de decidir;
- o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z, sempre com verbo no infinitivo)
assumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo, consequente-
- Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os prono-
mente, as terminações R, S, Z. Preciso pagar ao verdureiro.
mes pessoais que se referem ao sujeito: Eu me feri com
= pagá-lo; Fiz os exercícios a lápis. = Fi-los a lápis.
o canivete. (eu - 1ª pessoa- sujeito / me- pronome pessoal
- lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos - Eis a reflexivo)
prova do suborno. = Ei-la; O tempo nos dirá. = no-lo dirá. - Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem
(eis, nos, vos perdem o S) ser empregados somente como pronomes pessoais re-
- no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m, flexivos e funcionam como complementos de um verbo
ão, õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa. na 3ª pessoa, cujo sujeito é também da 3ª pessoa: Nicole
- lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plu- levantou-se com elegância e levou consigo (com ela própria)
ral, terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe todos os olhares. (Nicole-sujeito, 3ª pessoa/ levantou -verbo
a cópia do contrato. (o S permanece) 3ª pessoa / se- complemento 3ª pessoa / levou- verbo- 3ª
pessoa / consigo - complemento 3ª pessoa)
- nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural, per-
de o S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido. - O pronome pessoal oblíquo não funciona como reflexivo
se não se referir ao sujeito: Ela me protegeu do acidente.
- me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos tran-
(ela - sujeito 3ª pessoa me complemento 1ª pessoa)
sitivos diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo a
meu, teu, seu, dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a - Você é segunda ou terceira pessoa? Na estrutura da fala,
esperança. (sua, dele, dela possessivo) você é a pessoa a quem se fala e, portanto, da 2ª pessoa.
Por outro lado, você, como os demais pronomes de trata-

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Língua Portuguesa

mento - senhor, senhora, senhorita, dona, pede o verbo na No caso, usa-se o pronome dele, dela para desfazer a am-
3ª pessoa, e não na 2ª. biguidade.
- Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de - Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações
objeto indireto, 0I) juntam-se a o, a, os, as (formas de objeto numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus
direto), assim: me+o: mo/+a: ma/+ os: mos/+as: mas: - Re- trinta anos.
cebi a carta e agradeci aojovem, que ma trouxe. nos +o: - Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu
no-lo / + a: no-la / + os: no-los / +as: no-las: -Venderíamos Ricardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma
a casa, se no-la exigissem. te+ o: to/+ a: ta/+ os: tos/+ as: alteração fonética da palavra senhor
tas: -Dei-te os meus melhores dias. Dei-tos. lhe+ o: lho/+ - Os pronomes possessivos podem ser substantivados:
a: lha/+ os: lhos/+ as:lhas: -Ofereci -lhe flores. Ofereci-lhas. Dê lembranças a todos os seus.
vos+ o: vo-lo/+ a: vo-la/+ os: vo-los/+ as: vo-las: - Pedi-vos
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
conselho. Pedi vo-lo.
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to, anotações.
lho, nolo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais - Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me,
sofisticados. te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe
os passos. (os seus passos)
Pronomes de Tratamento - Deve-se observar as correlações entre os pronomes pes-
São usados no trato com as pessoas. soais e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário,
apresso-me em apresentar-te os meus sinceros parabéns;
Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu car-
Peço a Deus pela tua felicidade; Abraça-te o teu amigo que
go, idade, título, o tratamento será familiar ou cerimonio-
te preza.”
so: Vossa Alteza-V.A.- príncipes, duques; Vossa Eminência-V.
Ema-cardeais; Vossa Excelência-V.Ex.a-altas autoridades, - Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando
presidente, oficiais; Vossa Magnificência-V.Mag.a-reitores de se trata de parte do corpo. Veja: “Um cavaleiro todo vestido
universidades; Vossa Majestade-V.M.-reis, imperadores; Vos- de negro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma
sa Santidade-V.S.-Papa; Vossa Senhoria-V.Sa-tratamento espada em sua, mão”. (usa-se: no ombro; na mão)
cerimonioso.
- São também pronomes de tratamento: o senhor, a senho- Pronomes Demonstrativos
ra, a senhorita, dona, você.
Indicam a posição dos seres designados em relação às
- Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
pessoas do discurso, situando-os no espaço ou no tempo.
Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente
Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis.
dois fechos:
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive Em relação ao espaço:
para o presidente da República. Este (s), esta (s), isto: indicam o ser ou objeto que está próxi-
Atenciosamente: para autoridades de mesmahierarquia mo da pessoa que fala. Exemplo: Este é o meu primeiro celular,
oude hierarquia inferior. amigos.
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada quando Esse (s), essa (s), isso: designam a pessoa ou a coisa próxima
se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não compare- daquela com quem falamos ou para quem escrevemos. Exem-
ceu à reunião dos sem-terra? (falando com a pessoa). plo: Senhor, quanto custa esse pacote de milho?
- A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando se
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam o ser ou objeto que está
fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajouparaum
longe de quem fala e da pessoa de quem se fala (3ª pessoa).
Congresso. (falando a respeito do cardeal)
Exemplo: Você pode me emprestar aquele livro de matemática?
- Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria,
Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª Observação
pessoa (com quem se fala), exigem que outros pronomes e Os pronomes “Aquele(s)”, “Aquela(s)” também podem indi-
o verbo sejam usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe car afastamento temporal. Exemplos: Aqueles belos tempos
que seus ministros o apoiarão. que não voltam mais.

Pronomes Possessivos Naquela época eram todas unidas.

São os pronomes que indicam posse em relação às pessoas Em relação ao tempo:


da fala. Este (s), esta (s), isto: indicam o tempo presente em relação
Singular: 1ª pessoa: meu, meus, minha, minhas; 2ª pessoa: ao momento em que se fala. Exemplo: Este mês termina o pra-
teu, teus, tua, tuas; 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas; zo das inscrições para o vestibular da FAL.
Plural: 1ª pessoa: nosso/os nossa/as, 2ª pessoa: vosso/os Esse (s), essa (s), isso: designam tempo no passado ou no
vossa/as. 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas. futuro. Exemplos: Onde você esteve essa semana toda? / Sei
que serei aprovado e, quando chegar esse momento, serei feliz!
Emprego dos Pronomes Possessivos
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam um tempo distante em
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode provocar,
relação ao momento em que se fala.
às vezes, a ambiguidade da frase. João Luís disse que Lau-
rinha estava trabalhando em seu consultório. Exemplo: Bons tempos aqueles em que brincávamos descal-
- O pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir - ços na rua...
se tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. - dependendo do contexto, também são considerados pro-
nomes demonstrativos o, a, os, as, mesmo, próprio, seme-

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Língua Portuguesa

lhante, tal, equivalendo a aquele, aquela, aquilo. O próprio Locuções Pronominais Indefinidas
homem destrói a natureza; Depois de muito procurar, achei
São locuções pronominais indefinidas duas ou mais pala-
o que queria; O professor fez a mesma observação; Estra-
vras que equiva em ao pronome indefinido: cada qual / cada
nhei semelhante coincidência; Tal atitude é inexplicável.
um / quem quer que seja / seja quem for / qualquer um / todo
- para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e aquele que / um ou outro / tal qual (=certo) / tal e, ou qual /
variações) para o elemento que foi referido em 1º Iugar e
este (e variações) para o que foi referido em último lugar. Pronomes Relativos
Pais e mães vieram à festa de encerramento; aqueles, sérios
e orgulhosos, estas, elegantes e risonhas. São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma palavra
que já apareceu na oração anterior. Essa palavra da oração an-
- dependendo do contexto os demonstrativos também ser-
terior chama-se antecedente: Comprei um carro que é movido
vem como palavras de função intensificadora ou deprecia-
a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o pronome
tiva. Júlia fez o exercício com aquela calma! (=expressão
relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso a palavra
intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma tranqueira!
que é um pronome relativo. Dica: substituir que por o, a, os, as,
(=expressão depreciativa)
qual / quais.
- as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de en-
tão ou nesse momento. A festa estava desanimada; nisso, a Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e
orquestra tocou um samba e todos caíram na dança. invariáveis.
- os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja,
elemento anteriormente expresso. cujas, quanto, quantos;
- Ninguém ligou para o incidente, mas os pais, esses resolve-
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde.
ram tirar tudo a limpo.
Emprego dos Pronomes Relativos
Pronomes Indefinidos - O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de relativo
São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de universal. Ele pode ser empregado com referência à pessoa
modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse que Paulo ou coisa, no plural ou no singular: Este é o CD novo que
César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são variáveis acabei de comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus.
em gênero e número; outros são invariáveis. - O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome
demonstrativo o, a, os, as: Não entendi o que você quis
Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo,
dizer. (o que = aquilo que).
vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre prece-
Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem, nada, dido de preposição: Marco Aurélio é o advogado a quem
cada, mais, menos, demais. eu me referi.
Emprego dos Pronomes Indefinidos - O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual,
de quem e estabelecem relação de posse entre o antece-
Não sei de pessoa alguma capaz de convencê-lo. (alguma, dente e o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois
equivale a nenhum) substantivos)
- Em frases de sentido negativo, nenhum (e variações) equi- - O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, explíci-
vale ao pronome indefinido um: Fiquei sabendo que ele não to; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e não
é nenhum ignorante. vem precedido de preposição: Quem casa quer casa; Feliz o
- O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as pessoas
um substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam de cujos nomes nunca vou me esquecer.
cem dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares - Só se usa o relativo cujo quando o conseqüente é dife-
cada.) rente do antecedente: O escritor cujo livro te falei é pau-
- Colocados depois do substantivo, os pronomes algum/algu- lista.
ma ganham sentido negativo. Este ano, funcionário público - O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
algum terá aumento digno. de si.
- Colocados antes do substantivo, os pronomes algum/algu- - O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a:
ma ganham sentido positivo. Devemos sempre ter alguma em que, no qual: Desconheço o lugar onde vende tudo mais
esperança. barato. (= lugar em que)
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefini- - Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados
dos quando colocados antes do substantivo e adjetivos, depois de tudo, todos, tanto: Naquele momento, a querida
quando colocados depois do substantivo: Certo dia perdi comadre Naldete, falou tudo quanto sabia.
o controle da situação. (antes do substantivo= indefinido);
Eles voltarão no dia certo. (depois do substantivo=adjetivo). Pronomes Interrogativos
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a
São os pronomes em frases ínterrogativas diretas ou in-
qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser; indeter-
diretas. Os principais interrogativos são: que, quem, qual,
mina, generaliza).
quanto:
- Outrem significa outra pessoa: Nunca se sabe o pensa-
- Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? (interrogativa
mento de outrem.
direta, com o ponto de interrogação)
- Qualquer, plural quaisquer: Fazemos quaisquer negócios.
- Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade.
(interrogativa indireta, sem a interrogação)

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Língua Portuguesa

Questões 4. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – FEPE-


SE/2016)
1. (IF-PA - Auxiliar em Administração – FUNRIO/2016) Analise a frase abaixo:
O emprego do pronome relativo está de acordo com as normas “O professor discutiu............mesmos a respeito da desavença
da língua-padrão em: entre .........e ........ .
a) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto por ele.
b) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas
direito. do texto.
c) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator apre- a) com nós - eu - ti
sentou ontem. b) conosco - eu - tu
d) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros nos c) conosco - mim - ti
orgulhamos. d) conosco - mim - tu
e) eNa política, às vezes acontecem traições onde mostram e) com nós - mim - ti
muita sordidez. 5. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho –
2. 0(ELETROBRAS-ELETROSUL - Técnico de Segurança IBFC/2016)
do Trabalho – FCC/2016) Abu Dhabi constrói cidade do Das opções abaixo, assinale a única que apresenta correta-
futuro, com tudo movido a energia solar mente a colocação do pronome.
Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo. a) Esqueci de te contar que vi ele na rua.
Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente b) Nunca pode-se falar mal de quem não conhece-se
por causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi c) Esta situação se-refere a assuntos empresariais.
uma das maiores usinas de energia solar do mundo. d) Precisa-se de bons funcionários.

Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas re- 6. 06. (MPE-RS - Agente Administrativo – MPE-RS/2016)
nováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente
por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar as lacunas dos enunciados abaixo.
e poluir menos. Uma aposta no futuro. 1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do papel deverá __ que ainda não há disponibilidade de recursos.
a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do planejado 2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste
está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os car- tipo de situação, a gravidade da ocorrência __, sem dúvida.
ros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas são bem 3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não __.
estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É perfeito d) informar-lhe – a justificaria – revogam-na
para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o calor. e) informar-lhe – justificá-la-ia – a revogam
E a direção dos ventos foi estudada para criar corredores de f) informá-lo – justificar-lhe-ia – a revogam
brisa. g) informá-lo – a justificaria – lhe revogam
(Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a energia
h) informar-lhe – justificá-la-ia – revogam-na
solar”. Disponível em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-
-dhabi-constroi-cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html) Respostas
Considere as seguintes passagens do texto: 1. Resposta C
I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi cons- a) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto por ele.
truída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia Quem luta, luta por algo.
solar do mundo. (1º parágrafo)
II. INão vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por Forma correta: Finalmente aprovaram o decreto pelo qual lu-
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo) tamos tanto.
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de b) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho
fora. (3º parágrafo) direito. Tem direito a algo.
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça sombra Forma correta: Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo
no outro. (3º parágrafo) a que tenho direito.
O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o qual” c) (GABARITO) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o
APENAS em relator apresentou ontem. Apresentar: VTD.
e) I e II. d) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros nos
f) II e III. orgulhamos. Orgulhar de algo ou de alguém.
g) I, II e IV. Forma correta: Existe um escritor brasileiro do qual todos os
h) I e IV. brasileiros nos orgulhamos.
i) III e IV. e) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram
3. (Pref. de Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo – muita sordidez.
IDHTEC/2016) Onde é usado para substituir termos que contenham a noção
O emprego do pronome “aquela” na charge: de lugar. Nesse caso não deveria ser usado onde e sim as
a) Dá uma conotação irônica à frase. quais, concordando com traições.
b) Representa uma forma indireta de se dirigir ao casal. Forma correta: Na política, às vezes acontecem traições as
c) Permite situar no espaço aquilo a que se refere. quais mostram muita sordidez.
d) Indica posse do falante.
e) Evita a repetição do verbo. 2. Resposta B
QUE = o qual(s) a qual(s), é pronome relativo.

60
Língua Portuguesa

I. E foi justamente por causa da temperatura O QUAL foi Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
construída... (errado, a temperatura A qual) natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em número
II. Não vão substituir o petróleo, O QUAL eles têm de sobra... (singular e plural), pessoa (primeira, segunda e terceira), modo
(certo, o petróleo tem de sobra, o qual) (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas nominais: gerún-
III. Um traçado urbanístico ousado, O QUAL deixa os carros... dio, infinitivo e particípio), tempo (presente, passado e futuro) e
(certo, o traçado deixa os carros, o qual) apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).
IV. As ruas são bem estreitas para ISSO (Conjunção inte-
De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupa-
grante).
dos em três conjugações:
3. Resposta C
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
“O pronome demonstrativo é utilizado em três situações. Pode
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
se referir a espaço, ideias ou elementos”.
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.
Exemplos de pronomes demonstrativos:
O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor,
Primeira pessoa: este, estes, estas (variáveis); isto (invariável).
impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua origem la-
Segunda pessoa: esse, essa, esses, essas (variáveis); isso (in-
tina poer.
variável). Terceira pessoa: aquele, aquela, aquelas (variáveis);
aquilo (invariável).
Elementos Estruturais do Verbo:
4. Resposta E
As formas verbais apresentam três elementos em sua es-
Os pronomes conosco e convosco devem ser substituídos trutura: Radical, Vogal Temática e Tema.
por com nós e com vós, respectivamente, quando apare-
cem seguidos de palavras enfáticas como mesmos, pró- Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o signi-
prios, todos, outros, ambos, ou de numeral: ficado essencial do verbo. Observe as formas verbais da 1ª
conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses ver-
O diretor implicou com nós dois. bos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela está
Senhores deputados, quero falar com vós mesmos. o significado real do verbo.

O pronome regido pela preposição entre deve aparecer na for- cont é o radical do verbo contar; esper é o radical do verbo
ma oblíqua. Assim, é correto dizer entre mim e ele, entre ela e esperar; brinc é o radical do verbo brincar.
ti, entre mim e ti. Os pronomes pessoais do caso oblíquo Se tiramos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verbos,
funcionam como complementos: Isso não convém a mim, Fo- teremos o radical desses verbos. Também podemos antepor
ram embora sem ti, Olhou para mim. Os pronomes pessoais do prefixos ao radical: des nutr ir / re conduz ir.
caso reto exercem a função de sujeito na oração. Dessa forma,
os pronomes eu e tu estão empregados corretamente nos se- Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual
conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª
guintes casos: Pediu que eu fizesse as compras, Saberão só
conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.
quando tu partires, Trouxeram o documento para eu assinar.
Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal
5. Resposta D
temática: contar: -cont (radical) + a (vogal temática) = tema.
a) Esqueci - me de te contar que vi ele na rua. - Estaria COR-
Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical:
RETO
contei = cont ei.
b) Nunca SE pode falar mal de quem não conhece-se. Estaria
CORRETO Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao
c) Esta situação se-refere a assuntos empresariais. ERRADO! tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências
d) Esta situação REFERE-SE a assuntos empresariais. Estaria modo temporais e desinências número pessoais.
CORRETO!
Contávamos
e) Precisa-se de bons funcionários. A colocação do pronome
está correta de acordo com a regra. Cont = radical
6. Resposta B a = vogal temática
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria de-
va = desinência modo temporal
verá INFORMAR-LHE que ainda não há disponibilidade de
recursos. O pronome LHE caracteriza um objeto indireto, mos = desinência número pessoal
que no caso é o Senhor Secretário; o objeto direto é:”que
ainda não há disponibilidade de recursos”. Flexões Verbais:
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância
neste tipo de situação, a gravidade da ocorrência JUS- Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o
TIFICÁ-LA-IA, sem dúvida. Se o verbo estiver no futuro do número e a pessoa.
presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, - eu estudo – 1ª pessoa do singular;
desde que não haja palavra atrativa Ex: “a gravidade da
ocorrência NÃO A justificaria”. - nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não - tu estudas – 2ª pessoa do singular;
A revogam. O advérbio de negação NÃO atrai o pronome
oblíquo A causando uma próclise. - vós estudais – 2ª pessoa do plural;
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;

Verbo - eles estudam – 3ª pessoa do plural.

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Língua Portuguesa

- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma 1ª Conjugação: -AR


diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial, ou
seja, tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, Presente danço, danças, dança, dançamos,
tu tens. O pronome vós aparece somente em textos literá- dançais, dançam.
rios ou bíblicos. Os pronomes: você, vocês, que levam o
verbo na 3ª pessoa, é o mais usado no Brasil. Pretérito Perfeito dancei, dançaste, dançou, dança-
- Flexão de tempo e de modo – os tempos situam o fato ou mos, dançastes, dançaram.
a ação verbal dentro de determinado momento; pode estar Pretérito Imperfeito dançava, dançavas, dançava, dan-
em plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três çávamos, dançáveis, dançavam.
possibilidades básicas, mas não únicas, são: presente, pre-
térito, futuro. Pretérito Mais- dançara, dançaras, dançara, dançá-
Que-Perfeito ramos, dançáreis, dançaram.

Modo verbais Futuro do Presente dançarei, dançarás, dançará, dan-


çaremos, dançareis, dançarão.
O modo indica as diversas atitudes do falante com relação ao Futuro do Pretérito dançaria, dançarias, dançaria, dan-
fato que enuncia. çaríamos, dançaríeis, dançariam.

São três os modos:


2ª Conjugação: -ER
Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza, precisão:
o fato é ou foi uma realidade; Apresenta presente, pretérito per- Presente como, comes, come, comemos, co-
feito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do presente e futuro meis, comem.
do pretérito.
Pretérito Perfeito comi, comeste, comeu, comemos,
Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de dú- comestes, comeram.
vida, exprime uma possibilidade; O subjuntivo expressa uma
incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta presente, Pretérito Imperfeito comia, comias, comia, comíamos,
pretérito imperfeito e futuro. Ex.: Tenha paciência, Lourdes; Se comíeis, comiam.
tivesse dinheiro compraria um carro zero; Quando o vir, dê lem-
Pretérito Mais- comera, comeras, comera, comêra-
branças minhas.
Que-Perfeito mos, comêreis, comeram.
Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um dese-
jo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma ordem, um pedi- Futuro do Presente comerei, comerás, comerá, come-
do, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e imperativo remos, comereis, comerão.
negativo Futuro do Pretérito comeria, comerias, comeria, come-
ríamos, comeríeis, comeriam.
Emprego dos Tempos do Indicativo
3ª Conjugação: -IR
Presente do Indicativo: Para enunciar um fato momentâ-
neo. Ex: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que ocor- Presente parto, partes, parte, partimos, partis,
re com frequência. Ex.: Eu almoço todos os dias na casa de partem.
minha mãe. Na indicação de ações ou estados permanentes,
verdades universais. Ex: A água é incolor, inodora, insípida. Pretérito Perfeito parti, partiste, partiu, partimos, par-
tistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: Para expressar um fato passado, não
concluído. Ex.: Nós comíamos pastel na feira; Eu cantava mui- Pretérito partia, partias, partia, partíamos,
to bem. Imperfeito partíeis, partiam.

Pretérito Perfeito: É usado na indicação de um fato passado Pretérito Mais- partira, partiras, partira, partíramos,
concluído. Ex.: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi... Que-Perfeito partíreis, partiram.

Pretérito Mais-Que-Perfeito: Expressa um fato passado ante- Futuro do partirei, partirás, partirá, partiremos,
rior a outro acontecimento passado. Ex.: Nós cantáramos no Presente partireis, partirão.
congresso de música.
Futuro do Pretérito partiria, partirias, partiria, partiría-
Futuro do Presente: Na indicação de um fato realizado num mos, partiríeis, partiriam.
instante posterior ao que se fala. Ex.: Cantarei domingo no coro
da igreja matriz.
Futuro do Pretérito: Para expressar um acontecimento pos-
Emprego dos Tempos do Subjuntivo
terior a um outro acontecimento passado. Ex.: Compraria um
Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou du-
carro se tivesse dinheiro
vidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição: Du-
vido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos
políticos.
Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma
condição ou hipótese: Se recebesse o prêmio, voltaria à
universidade.

62
Língua Portuguesa

Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético, pode ou Imperativo Negativo


não acontecer. Quando/Se você fizer o trabalho, será genero- - É formado através do presente do subjuntivo sem a primeira
samente gratificado. pessoa do singular.
- Não retira os “s” do tu e do vós.
1ª Conjugação –AR
Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
Presente que eu dance, que tu dances, que ele dan- ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
ce, que nós dancemos, que vós danceis, que Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você, não
eles dancem. amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.
Pretérito se eu dançasse, se tu dançasses, se ele dan- Além dos três modos citados, os verbos apresentam ainda
Imperfeito çasse, se nós dançássemos, se vós dançás- as formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio
seis, se eles dançassem. e particípio.
Futuro quando eu dançar, quando tu dançares,
quando ele dançar, quando nós dançar- Infinitivo Impessoal
mos, quando vós dançardes, quando eles Exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido,
dançarem. podendo ter valor e função de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta); É indispensável combater a corrup-
2ª Conjugação -ER ção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma
Presente que eu coma, que tu comas, que ele coma, simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: É pre-
que nós comamos, que vós comais, que eles ciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro.
comam.
Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal,
Pretérito se eu comesse, se tu comesses, se ele co- isso significa que ele apresenta sentido genérico ou inde-
Imperfeito messe, se nós comêssemos, se vós comês- finido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é
seis, se eles comessem. invariável. Assim, considera- se apenas o processo verbal.
Por exemplo: Amar é sofrer; O infinitivo pessoal, por sua vez,
Futuro quando eu comer, quando tu comeres, quan- apresenta desinências de número e pessoa.
do ele comer, quando nós comermos, quan-
do vós comerdes, quando eles comerem. Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª pes-
soas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo im-
pessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas pessoas
3ª conjugação – IR do discurso (o que será esclarecido apenas pelo contexto da
frase). Por exemplo: Para ler melhor, eu uso estes óculos. (1ª
Presente que eu parta, que tu partas, que ele parta, pessoa); Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)
que nós partamos, que vós partais, que eles
partam. As regras que orientam o emprego da forma variável ou invari-
ável do infinitivo não são todas perfeitamente definidas. Por ser
Pretérito se eu partisse, se tu partisses, se ele partis- o infinitivo impessoal mais genérico e vago, e o infinitivo pesso-
Imperfeito se, se nós partíssemos, se vós partísseis, se al mais preciso e determinado, recomenda-se usar este último
eles partissem. sempre que for necessário dar à frase maior clareza ou ênfase.
Futuro quando eu partir, quando tu partires, quando O Infinitivo Impessoal é usado
ele partir, quando nós partirmos, quando vós
- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a
partirdes, quando eles partirem.
um sujeito determinado;
Por exemplo:
Emprego do Imperativo Querer é poder; Fumar prejudica a saúde; É proibido colar car-
tazes neste muro.
Imperativo Afirmativo Quando tiver o valor de Imperativo; Por exemplo: Soldados,
- Não apresenta a primeira pessoa do singular. marchar! (= Marchai!)
- É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do - Quando é regido de preposição e funciona como comple-
subjuntivo. mento de um substantivo, adjetivo ou verbo da oração an-
- O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”. terior; Por exemplo: Eles não têm o direito de gritar assim;
As meninas foram impedidas de participar do jogo; Eu os
- - O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.
convenci a aceitar.
Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós ama-
No entanto, na voz passiva dos verbos “contentar”, “tomar” e
mos, vós amais, eles amam.
“ouvir”, por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar) deve ser flexio-
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele nado. Por exemplo: Eram pessoas difíceis de serem contenta-
ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem. das; Aqueles remédios são ruins de serem tomados; Os CDs
que você me emprestou são agradáveis de serem ouvidos.
Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, amemos nós,
amai vós, amem vocês. Nas locuções verbais

Por exemplo:
- Queremos acordar bem cedo amanhã.

63
Língua Portuguesa

- Eles não podiam reclamar do colégio. irem primeiro; O bom é sempre lembrarmos desta regra (su-
- Vamos pensar no seu caso. jeito desinencial, sujeito implícito = nós).
- Quando tiver sujeito diferente daquele da oração principal;
Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração
Por exemplo: O professor deu um prazo de cinco dias para
anterior;
os alunos estudarem bastante para a prova; Perdoo-te por
Por exemplo: me traíres; O hotel preparou tudo para os turistas ficarem
- Eles foram condenados a pagar pesadas multas. à vontade; O guarda fez sinal para os motoristas pararem.
- Devemos sorrir ao invés de chorar. - Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na tercei-
ra pessoa do plural); Por exemplo: Faço isso para não me
- Tenho ainda alguns livros por (para) publicar.
acharem inútil; Temos de agir assim para nos promoverem;
Quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder ou estiver Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua
distante do verbo da oração principal (verbo regente), pode ser conduta.
flexionado para melhor clareza do período e também para se - Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação;
enfatizar o sujeito (agente) da ação verbal. Por exemplo: Por exemplo: Vi os alunos abraçarem- se alegremente; Fi-
- Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos. zemos os adversários cumprimentarem-se com gentileza;
- Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem futebol. Mandei as meninas olharem-se no espelho.
- Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. Como se pode observar, a escolha do Infinitivo Flexionado é
- Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas feita sempre que se quer enfatizar o agente (sujeito) da ação
crianças. expressa pelo verbo.
- Se o infinitivo de um verbo for escrito com “j”, esse “j” apa-
Com os verbos causativos “deixar”, “mandar” e “fazer” e seus
recerá em todas as outras formas.
sinônimos que não formam locução verbal com o infinitivo que
os segue; Por exemplo: Deixei-os sair cedo hoje. Por exemplo:
Com os verbos sensitivos “ver”, “ouvir”, “sentir” e sinônimos, Enferrujar: enferrujou, enferrujaria, enferrujem, enferrujarão,
deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. Por exemplo: enferrujassem, etc. (Lembre-se, contudo, que o substantivo
Vi-os entrar atrasados; Ouvi-as dizer que não iriam à festa. ferrugem é grafado com “g”.).
É inadequado o emprego da preposição “para” antes dos obje- Viajar: viajou, viajaria, viajem (3ª pessoa do plural do presente
tos diretos de verbos como “pedir”, “dizer”, “falar” e sinônimos; do subjuntivo, não confundir com o substantivo viagem) viaja-
- Pediu para Carlos entrar (errado), rão, viajasses, etc.
- Pediu para que Carlos entrasse (errado). - Quando o verbo tem o infinitivo com “g”, como em “dirigir”
e “agir” este “g” deverá ser trocado por um “j” apenas na
- Pediu que Carlos entrasse (correto).
primeira pessoa do presente do indicativo. Por exemplo: eu
Quando a preposição “para” estiver regendo um verbo, como dirijo/ eu ajo
na oração “Este trabalho é para eu fazer”, - O verbo “parecer” pode relacionar-se de duas maneiras dis-
pede-se o emprego do pronome pessoal “eu”, que se revela, tintas com o infinitivo. Quando “parecer” é verbo auxiliar de
neste caso, como sujeito. Outros exemplos: um outro verbo: Elas parecem mentir. Elas parece mentirem.
Neste exemplo ocorre, na verdade, um período composto.
- Aquele exercício era para eu corrigir.
“Parece” é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a
- Esta salada é para eu comer? oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infini-
- Ela me deu um relógio para eu consertar. tivo “elas mentirem”. Como desdobramento dessa reduzida,
podemos ter a oração “Parece que elas mentem.”
Em orações como “Esta carta é para mim!”, a preposição está
ligada somente ao pronome, que deve se apresentar oblíquo
tônico. Gerúndio
Infinitivo Pessoal
O gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (Função de
advérbio); Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (Função
Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências, as-
adjetivo)
sumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona
-se da seguinte maneira: Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em cur-
so; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
2ª pessoa do singular: Radical + ES. Ex.: teres (tu) 1ª pessoa
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado,
do plural: Radical + mos. Ex.: termos (nós) 2ª pessoa do plural:
aprendeu o valor do dinheiro.
Radical + dês. Ex.: terdes (vós) 3ª pessoa do plural: Radical +
em. Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa Particípio:
colocação.
Quando não é empregado na formação dos tempos compos-
Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso tos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação ter-
significa que ele atribui um agente ao processo verbal, minada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exem-
flexionando-se. plo: Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos: particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação tem-
poral, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo
- Quando o sujeito da oração estiver claramente expresso; verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar
Por exemplo: Se tu não perceberes isto...; Convém vocês a escola.

64
Língua Portuguesa

1ª Conjugação –AR Futuro do Futuro do Futuro do


Pretérito Pretérito Presente
Infinitivo dançar. Simples Composto
Impessoal
EU seria terei sido serei
Infinitivo dançar eu, dançares tu; dançar ele, dançar-
TU serias terias sido serás
Pessoal mos nós, dançardes vós,dançarem eles.
ELE seria teria sido será
Gerúndio dançando.
NÓS seríamos teríamos sido seremos
Particípio dançado.
VÓS seríeis teríeis sido sereis
2ª Conjugação –ER ELES seriam teriam sido serão

Infinitivo comer. Modo Subjuntivo


Impessoal
Presente Pretérito Pretérito Mais
Infinitivo comer eu, comeres tu, comer ele, comermos Imperfeito
Pessoal nós, comerdes vós, comerem eles.
EU Que eu seja Se eu fosse Se eu tivesse sido
Gerúndio comendo.
TU Que tu sejas Se tu fosses Se tu tivesses sido
Particípio comido.
ELE Que ele seja Se ele fosse Ser ele tivesse
3ª Conjugação –IR NÓS Que nós Se nós Se nós tivéssemos
sejamos fôssemos sido
Infinitivo partir.
VÓS Que vós Se vós Se vós tivésseis
Impessoal
sejais fôsseis
Infinitivo partir eu, partires tu, partir ele, partirmos nós,
Pessoal ELES Que eles Se eles Se eles tivessem
partirdes vós, partirem eles.
sejam fossem sido
Gerúndio partindo.
Particípio partido. Futuro Simples Futuro Composto
EU Quando eu for Quando eu tiver sido
Verbos auxiliares: ser, estar, ter, haver
TU Quando tu fores Quando tu tiveres sido

Ser ELE Quando ele for Quando ele tiver sido


Modo Indicativo NÓS Quando nós formos Quando nós tivermos sido
VÓS Quando vós fordes Quando vós tiverdes sido
Presente Pretérito Pretérito Pretérito
perfeito Perfeito Perf. ELES Quando eles forem Quando eles tiverem sido
Simples Composto
EU sou era fui tenho sido Modo Imperativo
TU és eras foste tens sido
Imperativo Imperativo Infinitivo
ELE é era foi tem sido Afirmativo Negativo Pessoal

NÓS somos éramos fomos temos sido EU ------ ------ Por ser eu
VÓS sois éreis fostes tendes sido TU Sê tu Não sejas tu Por seres tu
ELES são eram foram têm sido ELE Seja ele Não sejas ele Por ser ele
NÓS Sejamos nós Não sejamos nós Por sermos nós
Pret.Mais que Pret. Mais que Perfeito
Perfeito Simples Composto VÓS Sedes vós Não sejais vós Por serdes vós

EU fora tinha sido ELES Sejam eles Não sejam eles Por serem eles

TU foras tinhas sido


Formas Nominais
ELE fora tinha sido Infinitivo: ser
NÓS fôramos tínhamos sido Gerúndio: sendo
VÓS fôreis tínheis sido Particípio: sido

ELES foram tinham sido

65
Língua Portuguesa

Estar VÓS Que vós estejais Se vós Se vós tivésseis


Modo Indicativo estivésseis estado

ELES Que eles Se eles Se eles tivessem


Presente Pretérito Pretérito Pretérito estejam estivessem estado
Imperfeito Perf. Perf.
Simples Composto

EU estou estava estive tenho estado Futuro Simples Futuro Composto


TU estás estavas estiveste tens estado
EU Quando eu estiver Quando eu tiver estado
ELE está estava esteve tem estado
TU Quando tu estiveres Quando tu tiveres estado
NÓS estamos estávamos estivemos temos
ELE Quando ele estiver Quando ele tiver estado
estado
NÓS Quando nós estivermos Quando nós tivermos estado
VÓS estais estáveis estivestes tendes
estado VÓS Quando vós estiverdes Quando vós tiverdes estado

ELES estão estavam estiveram têm estado ELES Quando eles estiverem Quando eles tiverem estado

Imperativo
Pret. Pret. Mais Futuro do Futuro do
Mais que que Perfeito Presente Presente
Perfeito Composto Simples Composto Imperativo Imperativo Infinitivo
Simples Afirmativo Negativo Pessoal
EU estivera tinha estado estarei terei estado
EU ----- ------ Por estar eu
TU estiveras tinhas estarás terás estado
estado
TU está tu Não estejas tu Por estares tu

ELE estivera tinha estado estará terá estado ELE esteja ele Não esteja ele Por estar ele

NÓS estivéra- tínhamos estaremos teremos NÓS estejamos Não estejamos Por estarmos nós
mos estado estado nós nós

VÓS estivéreis tínheis estareis tereis estado VÓS estai vós Não estejais vós Por estardes vós
estado
ELES estejam eles Não estejam eles Por estarem eles
ELES estiveram tinham estarão terão estado
estado
Formas Nominais
Infinitivo: estar
Futuro do Pret. Simples Futuro do Pret. Composto
Gerúndio: estando
EU estaria teria estado Particípio: estado

TU estarias terias estado


TER
ELE estaria teria estado Modo Indicativo
NÓS estaríamos teríamos estado
Presente Pretérito Pretérito Pretérito
VÓS estaríeis teríeis estado Imperfeito Perf. Perf.
Simples Composto
ELES estariam teriam estado
EU tenho tinha tive Tenho tido

Modo Subjuntivo TU tens tinhas tiveste tens tido

ELE tem tinha teve tem tido


Presente Pretérito Pretérito Mais
Imperfeito que Perfeito NÓS temos tínhamos tivemos temos tido
Composto
VÓS tendes tínheis tivestes tendes tido
EU Que eu esteja Se eu estivesse Se eu tivesse
estado ELES têm tinham tiveram têm tido

TU Que tu estejas Se tu estivesses Se tu tivesses


estado Pret. Mais Pret. Mais Futuro do
que Perfeito que Perfeito Presente Simples
ELE Que ele esteja Se ele estivesse Ser ele tivesse Simples Composto
estado
EU tivera tinha tido terei
NÓS Que nós Se nós Se nós tivésse-
TU tiveras tinhas tido terás
estejamos estivéssemos mos estado
ELE tivera tinha tido terá

66
Língua Portuguesa

NÓS tivéramos tínhamos tido teremos


Formas Nominais
Infinitivo: ter
VÓS tivéreis tínheis tido tereis Gerúndio: tendo
Particípio: tido
ELES tiveram tinham tido terão

HAVER
Futuro do Pret. Simples Futuro do Pret. Composto
Modo Indicativo
EU teria teria tido
Presente Pretérito Pretérito Pretérito
TU terias terias tido Imperfeito Perf. Perf.
Simples Composto
ELE teria teria tido
EU hei havia houve tenho havido
NÓS teríamos teríamos tido
TU hás havias houveste tens havido
VÓS teríeis teríeis tido
ELE há havia houve tem havido
ELES teriam teriam tido
NÓS havemos havíamos houvemos temos
Modo Subjuntivoi havido

Presente Pretérito Pretérito Mais VÓS haveis havíeis houvestes tendes


Imperfeito que Perfeito havido
Composto
ELES hão haviam houveram têm havido
EU Que eu tenha Se eu tivesse Se eu tivesse
tido
Pret. Pret. Mais Futuro do Futuro do
TU Que tu tenhas Se tu tivesses Se tu tivesses Mais que que Perfeito Presente Presente
tido Perfeito Composto Simples Composto
Simples
ELE Que ele tenha Se ele tivesse Ser ele tivesse
tido EU houvera tinha havido haverei terei havido

NÓS Que nós Se nós Se nós tivésse- TU houveras tinhas haverás terás havido
tenhamos tivéssemos mos tido havido

VÓS Que vós tenhais Se vós tivésseis Se vós tivésseis ELE houvera tinha havido haverá terá havido
tido
NÓS houvéra- tínhamos haveremos teremos
ELES Que eles tenham Se eles Se eles tivessem mos havido havido
tivessem tido
VÓS houvéreis tínheis havereis tereis havido
havido

Futuro Simples Futuro Composto ELES houveram tinham haverão terão havido
havido
EU Quando eu tiver Quando eu tiver tido

TU Quando tu tiveres Quando tu tiveres tido Futuro do Pret. Simples Futuro do Pret. Composto
ELE Quando ele tiver Quando ele tiver tido
EU haveria teria havido
NÓS Quando nós tivermos Quando nós tivermos tido
TU haverias terias havido
VÓS Quando vós tiverdes Quando vós tiverdes tido
ELE haveria teria havido
ELES Quando eles tiverem Quando eles tiverem tido
NÓS haveríamos teríamos havido
Modo Imperativo
VÓS haveríeis teríeis havido

Imperativo Imperativo Infinitivo ELES haveriam teriam havido


Afirmativo Negativo Pessoal
Modo Subjuntivo
EU ----- ------ Por ter eu

TU tem tu Não tenhas tu Por teres tu Presente Pretérito Pretérito Mais


Imperfeito que Perfeito
ELE tenha ele Não tenha ele Por ter ele Composto

NÓS tenhamos Não tenhamos Por termos nós EU Que eu haja Se eu houvesse Se eu tivesse
nós nós havido

VÓS tende vós Não tenhais vós Por terdes vós TU Que tu hajas Se tu houvesses Se tu tivesses
havido
ELES tenham eles Não tenham eles Por terem eles

67
Língua Portuguesa

ELE Que ele haja Se ele houvesse Ser ele tivesse


ANÔMALOS
havido
São aqueles que têm uma anomalia no radical. Ser, Ir.
NÓS Que nós Se nós Se nós tivésse-
hajamos houvéssemos mos havido IR
VÓS Que vós hajais Se vós Se vós tivésseis Modo Indicativo
houvésseis havido

ELES Que eles hajam Se eles Se eles tivessem Presente Pretérito Pretérito Pretérito
Imperfeito Perfeito Perfeito
houvessem havido
EU vou ia fui fora

Futuro Simples Futuro Composto TU vais ias foste foras

EU Quando eu houver Quando eu tiver havido ELE vai ia foi fora

TU Quando tu houveres Quando tu tiveres havido NÓS vamos íamos fomos fôramos

ELE Quando ele houver Quando ele tiver havido VÓS ides íeis fostes fôreis

NÓS Quando nós houvermos Quando nós tivermos havido ELES vão iam foram foram

VÓS Quando vós houverdes Quando vós tiverdes havido


Futuro do Presente Futuro do Pretérito
ELES Quando eles houverem Quando eles tiverem havido
EU irei iria
Imperativo
TU irás irias
Imperativo Imperativo Infinitivo ELE irá iria
Afirmativo Negativo Pessoal
NÓS iremos iríamos
EU ----- ------ Por haver eu
VÓS ireis iríeis
TU há tu Não hajas tu Por haveres tu
ELES irão iriam
ELE haja ele Não haja ele Por haver ele
NÓS hajamos nós Não hajamos nós Por havermos nós Modo Subjuntivo
VÓS havei vós Não hajais vós Por haverdes vós
Presente Pretérito Futuro
ELES hajam eles Não hajam eles Por haverem eles Imperfeito

EU Que eu vá Se eu fosse Quando eu for


Formas Nominais
Infinitivo: haver TU Que tu vás Se tu fosses Quando tu fores
Gerúndio: havendo ELE Que ele vá Se ele fosse Quando ele for
Particípio: havido
NÓS Que nós vamos Se nós Quando nós
fôssemos formos
VERBOS REGULARES:
VÓS Que vós vades Se vós fôsseis Quando vós
Não sofrem modificação no radical durante toda conjugação fordes
(em todos os modos) e as desinências seguem as do verbo ELES Que eles vão Se eles fossem Quando eles
paradigma (verbo modelo) forem
AMAR: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei, Ama- Imperativo
ria, Ame, Amasse, Amar.
Imperativo Imperativo Infinitivo
COMER: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera, Come-
Afirmativo Negativo Pessoal
rei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.
PARTIR: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei, Par- EU ----- ------ Para ir eu
tiria, Parta, Partisse, Partir. TU vai tu Não vás tu Para ires tu
ELE vá ele Não vá ele Para ir ele
VERBOS IRREGULARES
NÓS vamos nós Não vamos nós Para irmos nós
São os verbos que sofrem modificações no radical ou em suas
VÓS ide vós Não vades vós para irdes vós
desinências.
DAR: dou, dava, dei, dera, darei, daria, dê, desse, der ELES vão eles Não vão eles para irem eles
CABER: caibo, cabia, coube, coubera, caberei, caberia, caiba, Formas Nominais
coubesse, couber.
Infinitivo: ir
AGREDIR: agrido, agredia, agredi, agredira, agredirei, agredi- Gerúndio: indo
ria, agrida, agredisse, agredir. Particípio: ido

68
Língua Portuguesa

VERBOS DEFECTIVOS Perceba que o significado é totalmente diferente em ambas as


frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei “você” pra-
São aqueles que possuem um defeito. Não têm todos os mo- ticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo,
dos, tempos ou pessoas. primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio “já”.
Assim, observe que o mesmo ocorre nas frases a seguir:
Verbo Pronominal: É aquele que é conjugado com o prono-
me oblíquo. Ex: Eu me despedi de mamãe e parti sem olhar Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Manuel.
para o passado. Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado a
Manuel.
Verbos Abundantes: “São os verbos que têm duas ou mais
formas equivalentes, geralmente de particípio.” (Sacconi) Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locução verbal
com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o
Infinitivo: Aceitar, Anexar, Acender, Desenvolver, Emergir,
principal no particípio, indicando ação passada em relação ao
Expelir.
momento da fala. Por exemplo - Para você ter comprado esse
Particípio Regular: Aceitado, Anexado, Acendido, Desenvolvi- carro, necessitou de muito dinheiro
do, Emergido, Expelido.
Particípio Irregular: Aceito, Anexo, Aceso, Desenvolto, Emer- Questões
so, Expulso.
Tempos Compostos: São formados por locuções verbais 1. (Copergás/PE - Analista Administrador – FCC/2016)
que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como prin- A música relativa
cipal, qualquer verbo no particípio. São eles:
- Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: É a formação Parece existir uma série enorme de mal-entendidos em torno
de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do lugar-comum que afirma ser a música uma linguagem uni-
do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato que versal, passível de ser compreendida por todos. “Fenômeno
tem ocorrido com frequência ultimamente. Por exemplo: Eu universal” − está claro que sim; mas “linguagem universal” −
tenho estudado demais ultimamente. até que ponto?
- Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação Ao que tudo indica, todos os povos do planeta desenvolvem
de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do manifestações sonoras. Falo tanto dos povos que ainda se en-
Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de contram em estágio dito “primitivo” − entre os quais ela con-
que algo já tenha ocorrido. Por exemplo: Espero que você tinua a fazer parte da magia − como das civilizações tecnica-
tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação. mente desenvolvidas, nas quais a música chega até mesmo a
- Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo: É a possuir valor de mercadoria, a propiciar lucro, a se propagar
formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no em escala industrial, transformando-se em um novo fetiche.
Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, Contudo, se essa tendência a expressar-se através de sons dá
tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-Perfeito do mostras de ser algo inerente ao ser humano, ela se concretiza
Indicativo simples. Por exemplo: Eu já tinha estudado no de maneira tão diferente em cada comunidade, dá-se de forma
Maxi, quando conheci Magali. tão particular em cada cultura que é muito difícil acreditar que
- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: É cada uma de suas manifestações possua um sentido univer-
a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no sal. Talvez seja melhor dizer que a linguagem musical só existe
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, concretizada por meio de “línguas” particulares ou de “falas”
tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjunti- determinadas; e que essas manifestações podem até, em par-
vo simples. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não te, ser compreendidas, mas nunca vivenciadas em alguns de
me tivesse mudado de cidade. Perceba que todas as frases seus elementos de base por aqueles que não pertençam à cul-
remetem a ação obrigatoriamente para o passado. A frase tura que as gerou.
Se eu estudasse, aprenderia é completamente diferente de (Adaptado de: MORAES, J. Jota de. O que é música. São Paulo: Brasiliense,
Se eu tivesse estudado, teria aprendido. 2001, p.12-14)
- Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a forma- Está plenamente adequada a correlação entre tempos e
ção de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro modos verbais na frase:
do Presente simples do Indicativo e o principal no particípio, a) Não seria de se esperar que todas as músicas alcançaram
tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do igual repercussão onde quer que se produzissem.
Indicativo. Por exemplo: Amanhã, quando o dia amanhecer, b) Se todos os povos frequentassem a mesma linguagem
eu já terei partido. musical, a universalidade de sentido terá sido indiscutível.
- Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a forma- c) A cada vez que se propaga em escala industrial, a música
ção de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro poderia se transformar num fetiche do mercado.
do Pretérito simples do Indicativo e o principal no particípio, d) Dado que as culturas são muito diferentes, é de se esperar
tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do que as linguagens da música também o sejam.
Indicativo. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não e) As diferentes manifestações musicais trariam consigo lin-
me tivesse mudado de cidade. guagens que se marcarão como particulares.
- Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de locução
2. (Pref. de Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo –
verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo
IDHTEC/2016)
simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que
o Futuro do Subjuntivo simples. Por exemplo: Quando você Morto em 2015, o pai afirma que Jules Bianchi não c u l p a
tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. pelo acidente. Em entrevista, Philippe Bianchi afirma que a
Veja os exemplos: verdade nunca vai aparecer, pois os pilotos medo de falar.
Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel. Quan- “Um piloto não vai dizer nada se existir uma câmera, mas
do você chegar à minha casa, já terei telefonado a Manuel. quando não existem câmeras, todos até mim e me dizem. Ju-

69
Língua Portuguesa

les Bianchi bateu com seu carro em um trator durante um GP, Respostas
aquaplanou e não conseguiu para evitar o choque.
1. Resposta D
(http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-temmedo-de-
-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi) Nesse tipo de questão é necessário fazer a concordância entre
o tempo verbal dos verbos presentes na frase.
Complete com a sequência de verbos que está no tempo,
a) Não seria de se esperar que todas as músicas ALCAN-
modo e pessoa corretos:
ÇASSEM igual repercussão onde quer que se produzis-
a) Tem – tem – vem - freiar
sem. (alcançassem - produzissem)
b) Tem – tiveram – vieram - frear
b) Se todos os povos frequentassem a mesma linguagem
c) Teve – tinham – vinham – frenar
musical, a universalidade de sentido SERIA indiscutível.
d) Teve – tem – veem – freiar
(frequentassem - seria)
e) Teve – têm – vêm – frear
c) A cada vez que se propaga em escala industrial, a música
3. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – FE- PODE se transformar num fetiche do mercado. (propaga
PESE/2016) - pode)
d) As diferentes manifestações musicais trariam consigo lin-
Assinale a alternativa em que está correta a correlação entre os
guagens que se MARCARIAM como particulares. (trariam
tempos e os modos verbais nas frases abaixo.
- marcariam)
a) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendi-
mento que o outro tem do assunto tratado e reforçaria a 2. Resposta E
nossa persuasão.
Teve - Pretérito perfeito do indicativo Têm - Presente do
b) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
Indicativo
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
apresentação. Vêm - ( verbo vir) – Presente do Indicativo Frear - Infinitivo
c) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público,
3. Resposta B
teria dependido dos bons ensinamentos da escola.
a) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendi-
d) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os
mento que o outro tem do assunto tratado e REFORÇA a
da geração passada, haveria de concluir que os jovens de
nossa persuasão. Errada.
hoje leem muito menos.
b) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
e) O contato visual também é importante ao falar em público.
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
Passa empatia e envolveria o outro.
apresentação. Gabarito
4. (Pref. de Caucaia/CE - Agente de Suporte a Fiscaliza- c) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público,
ção – CETREDE/2016) TEM dependido dos bons ensinamentos da escola. Errado.
d) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os da
Em “Conheço uma moça... Se alguém contasse sua história,
geração passada, HAVERÁ de concluir que os jovens de
fariam como o senhor...” há verbos empregados respectiva-
hoje leem muito menos. Errada.
mente no presente do indicativo, no
e) O contato visual também é importante ao falar em público.
a) pretérito imperfeito do subjuntivo, no futuro do pretérito do
Passa empatia e ENVOLVE o outro. Errada.
indicativo.
b) pretérito imperfeito do indicativo, no futuro do pretérito do 4. Resposta A
indicativo.
contasse - indica modo pretérito imperfeito do subjuntivo
c) futuro do pretérito do indicativo, no pretérito imperfeito do
subjuntivo. fariam - indica modo futuro do pretérito do indicativo.
d) futuro do pretérito do indicativo, no pretérito imperfeito do
5. Certo
indicativo.
e) futuro do pretérito do subjuntivo, no pretérito imperfeito do O pretérito perfeito consiste num processo verbal que exprime
subjuntivo. um fato passado não habitual; ao passo que o imperfeito expri-
me um fato habitual, rotineiro. A título de ilustração, analisemos:
5. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-
-SC/2016) Sempre que a encontrava revivia os bons tempos. (pretérito im-
perfeito) Sempre que a encontrei revivi os bons tempos. (pre-
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegado-
térito perfeito)
res europeus reconheceram a importância dos portos de São
Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações O pretérito perfeito, diferenciando-se do imperfeito, indica a
da aguada” de suas embarcações. À época, os navios eram ação momentânea, determinada no tempo.
impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de
Já o imperfeito expressa uma ação durativa, não limitada no
navegação limitada. Assim, esses portos eram de grande im-
tempo.
portância, especialmente para os navegadores que se dirigiam
para o Rio da Prata ou para o Pacífico, através do Estreito de Assim, no intento de constatarmos tais diferenças, atentemo-
Magalhães.” -nos aos exemplos que seguem:
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de Colocava em prática todo o aprendizado que adquiria median-
Santa Catarina. Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.) te as aulas a que assistia. (pretérito imperfeito)
Em “os navegadores europeus reconheceram” a forma verbal Colocou em prática todo o aprendizado que adquiriu mediante
encontra-se no pretérito perfeito do indicativo, tempo que in- as aulas a que assistiu. (pretérito perfeito)
dica ação ocorrida e concluída em determinado momento do
passado.
( ) Certo ( ) Errado

70
Língua Portuguesa

Advérbio Analítico: mais do que: Raquel é mais elegante do que eu.


Sintético: melhor, pior que: Amanhã será melhor do que hoje.
Advérbio é a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou Inferioridade
cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um adjetivo (Esta-
va muito bonita). De acordo com a circunstância que exprime, Menos do que: Falei menos do que devia.
o advérbio pode ser de:
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde (=sempre), Superlativo Absoluto:
amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamente, depois, de- Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato defendeu-
pressa, hoje, imediatamente, já, lentamente, logo, novamente, -se muito mal.
outrora.
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo.
Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo, além, al-
gures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em outro lugar),
aquém,dentro, defronte, fora, longe, perto. Palavras e Locuções Denotativas:
Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo ), devagar, São palavras semelhantes a advérbios e que não possuem
mal, melhor pior, e a maior parte dos advérbios que termina em classificação especial. Não se enquadram em nenhuma
mente: calmamente, suavemente, rapidamente, tristemente. das dez classes de palavras. São chamadas de denotativas
Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamente, real- e exprimem:
mente, sim, seguramente. Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem: Ainda bem
Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito nenhum, que você veio.
nem, não, tampouco (=também não). Designação, Indicação: eis: Eis aqui o herói da turma.
Intensidade: apenas, assaz bastante bastante, bem, de- Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão, se-
mais,mais, meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tanto, quer: Não me disse sequer uma palavra de amor.
pouco.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso,
Dúvida: acaso, eventuamente, por ventura, quiçá, possivel- de mais a mais: Também há flores no céu.
mente, talvez.
Limitação: só, apenas, somente, unicamente: Só Deus é
perfeito.
Advérbios Interrogativos Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo: Sei lá o que ele
quis dizer!
São empregados em orações interrogativas diretas ou indi-
retas. Podem exprimir: lugar, tempo, modo, ou causa. Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes: Irei à Bahia na
- Onde fica o Clube das Acácias ? (direta) próxima semana, ou melhor, no próximo mês.
- Preciso saber onde fica o Clube das Acássias. (indireta) Explicação: por exemplo, a saber: Você, por exemplo, tem
- Quando minha amiga Delma chegará de Campinas? (direta) bom caráter.
- Gostaria de saber quando minha amiga Delma chegará de
Campinas. (indireta) Emprego do Advérbio
- Na linguagem coloquial, familiar, é comum o emprego do
Locuçoes Adverbiais sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de super-
lativo sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devagarinho,
São duas ou mais palavras que têm o valor de advérbio: às depressinha, rapidinho (bem rápido): Rapidinho chegou a
cegas, às claras, às toa, às pressas, às escondidas, à noite, casa; Moro pertinho da universidade.
à tarde, às vezes, ao acaso, de repente, de chofre, de cor, de - Frequenternente empregamos adjetivos com valor de
improviso, de propósito, de viva voz, de medo, com certeza, advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente)
por perto, por um triz, de vez em quando, sem dúvida, de forma - Bastante - antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não vai
alguma, em vão, por certo, à esquerda, à direta, a pé, a esmo, para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são bas-
por ali, a distância. tante simpáticas e gentis.
- De repente o dia se fez noite. - Bastante, antes de substantivo, é adjetivo, portanto vai para
- Por um triz eu não me denunciei. o plural, equivale a muitos / as: Contei
- Sem dúvida você é o melhor. - bastantes estrelas no céu.
- Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com mau (ad-
Graus dos Advérbios jetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, encontrei- a de
mau humor.
O advérbio não vai para o plural, são palavras invariáveis, mas - Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais mal:
alguns admitem a flexão de grau: comparativo e superlativo. Ficamos mais bem informados depois do
- noticiário notumo.
Comparativo de: - Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já não
Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz se fazem professores como antigamente. (=não se fazem
quanto / como você. mais)

Superioridade

71
Língua Portuguesa

- Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente), o par- mais gélido será o gabinete da autoridade. Mas a maneira de
ticípio permanece no masculino plural: Minha irmã Zuleide conquistar esse conforto térmico tende a ser equivocada.
emagrecia a olhos vistos.
Estive em um hotel do Nordeste amplamente servido pela agra-
- Dois ou mais advérbios terminados em mente, apenas dável brisa do mar e cuja propaganda é ser “ecológico”. No
no último permanece mente: Educada e pacientemente, entanto, é ar condicionado dia e noite, pois a arquitetura não
falei a todos. permite a circulação natural do ar. Pior, como na maioria das
- A repetição de um mesmo advérbio assume o valor su- nossas edificações, o isolamento é péssimo. Um minuto des-
perlativo: Levantei cedo, cedo. ligado, e quase sufocamos de calor. Uma parede comum de
alvenaria tem um décimo da resistência térmica recomendada
pela Comunidade Europeia. E do excesso de vidros, nem falar!
Questões
A terceira é uma birra pessoal, já que minha profissão me leva a
1. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio: falar em público. Os arquitetos não descobriram que o Power-
a) Só quero meio quilo. Point requer uma sala que escureça e uma iluminação que não
b) Achei-o meio triste. vaze na tela. Sem isso, ou a projeção fica esmaecida ou, se é
c) Descobri o meio de acertar. apagada a luz, do professor só se vê o vulto. A solução é ridi-
d) Parou no meio da rua. culamente simples: um spot no conferencista.
e) Comprou um metro e meio.
E assim vamos, aos encontrões com o desconforto, em recor-
2. Só não há advérbio em: rente zigue-zague.
a) Não o quero. (CASTRO, Cláudio de Moura. Veja, 11/02/2015,p.18,fragmento)
b) Ali está o material.
c) Tudo está correto. Qual o advérbio ou expressão adverbial que marca a aprecia-
d) Talvez ele fale. ção do autor sobre o conteúdo da oração?
e) Já cheguei. a) Até o meio século passado (3º§).
b) Hoje (3º§).
3. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo? c) Assim (6º§).
a) Realmente ela errou. d) Ridiculamente (5º§).
b) Antigamente era mais pacato o mundo. e) Em muitos (2º§).
c) Lá está teu primo.
d) Ela fala bem. 6. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-
e) Estava bem cansado. -SC/2016)

4. Classifique a locução adverbial que aparece em “Ma- “A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao
chucou-se com a lâmina”. ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai,
a) modo na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é
b) instrumento a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A
c) causa negociação para ter a autorização do país começou há mais de
d) concessão três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen-
e) fim to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re-
cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com
5. (UFCG - Administrador – UFCG/2016) as autoridades do país.”
Os zigue-zagues do conforto (http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe-
la-primeira-vez-na-antartica.html)
Hoje, a ideologia do conforto varreu nossa sociedade. É um
Em “Essa também é a primeira vez” há ideia de inclusão.
grande motor da publicidade e do consumismo. Contudo,
o avanço não é linear, havendo atrasos técnicos e retroces- ( ) Certo ( ) Errado
sos. Em três áreas enguiçadas, o conforto e desconforto se
embaralham. Respostas
A primeira é o conforto acústico. Raras salas de aula oferecem 1. Resposta B
um mínimo de condições. Padecem os professores, pois só
berrando podem ser ouvidos. Uma conversa tranquila é impos- Alternativa A: meio quilo = quantidade
sível na maioria dos restaurantes. Em muitos, não pode haver Alternativa B (correta): meio triste = advérbio de intensidade
conversa de espécie alguma. O bê-á-bá do tratamento acústi-
co é trivial. Por que temos de ser torturados por tantos decibéis Alternativa C: descobri o meio = jeito, maneira
malvados? Alternativa D: meio da rua = metade
A segunda é o conforto térmico. Quem gosta de sentir frio ou Alternativa E: um metro e meio = quantidade
calor? Na verdade, não se trata de gostar, mas de ser atropela-
do por imperativos culturais. Por não precisarem se impor pela 2. Reposta C
vestimenta, oficiais britânicos usavam bermudas e camisas de Alternativa A: Não – advérbio de negação
mangas curtas nos trópicos. Mas no Rio de Janeiro, a aristo-
cracia do Segundo Império não saía de casa sem terno, colete Alternativa B: Ali – advérbio de lugar
e sobrecasaca, todos de espessa casimira inglesa. E mais: gra- Alternativa D:Talvez – advérvio de dúvida Alternativa E: Já –
vata, camisa de peito duro, cartola e luvas. E se assim fazia a advérbio de tempo
nobreza, o povaréu tentava imitar. Até o meio século passado,
as elegantes usavam casaco de pele na capital. Hoje, a moda 3. Resposta D
deu cambalhota, o chique é sentir frio. Quanto mais importante, Alternativa A: Realmente – advérbio de afirmação
Alternativa B: Antigamente – advérbio de tempo
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Língua Portuguesa

Alternativa C: Lá – advérbio de lugar Combinações e Contrações


Alternativa D (correta): Bem – advérbio de modo / modifica a
Combinação: ocorre combinação quando não há perda de
maneiro com que ela fala.
fonemas: a+o,os= ao, aos / a+onde = aonde.
Alternativa E: Bem- advérbio de intensidade
Contração: ocorre contração quando a preposição perde
4. Resposta B fonemas: de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das, dos,
desta, deste, disto.
“Com a lâmina” = instrumento
- em+ um, uma, uns, umas,isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
5. Resposta D aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto, nisso,
Sufixo “MENTE” ,em sua maioria, é advérbio de modo. naquilo, naquele, naquela, naqueles.
- de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele, daquela,
6. Certo daquilo.
Palavras e Locuções Denotativas. - para+ a = pra.
Inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive, etc. A contração da preposição a com os artigos ou pronomes de-
monstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o nome de
crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando as-
Preposição sim: à, às, àquele, àquela, àquilo.

É a palavra invariável que liga um termo dependente a um ter-


Valores das Preposições
mo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. As pre-
posições podem ser: essenciais ou acidentais. As preposições
A (movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar os Anos
essenciais atuam exclusivamente como preposições. São: a,
Dourados. modo: Partiu às pressas. tempo: Iremos nos ver ao
ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, pe-
entardecer. Apreposição a indica deslocamento rápido: Vanios
rante, por, sem, sob, sobre, trás. Exemplos: Não dê atençâo a
à praia. (ideia de passear)
fofocas; Perante todos disse, sim.
Ante (diante de): Parou ante mim sem dizer nada, tanta era a
As preposições acidentais são palavras de outras classes
emoção. tempo (substituída por antes de): Preciso chegarao
que atuam eventualmente como preposições. São: como
encontro antes das quatro horas.
(=na qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante,
exceto, mediante, salvo, visto, segundo, senão, tirante: Agia Após (depois de): Após alguns momentos desabou num choro
conforme sua vontade. (= de acordo com) arrependido.
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado de Até (aproximação): Correu até mim. tempo: Certamente tere-
um substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore, mos o resultado do exame até a semana que vem. Atenção: Se
as árvores, a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai a preposição até equivaler a inclusive, será palavra de inclusão
para o plural e não estabelece concordância com o substan- e não preposição. Os sonhadores amam até quem os despre-
tivo. Exemplo: Fiz todo o percurso a pé. (não há concordân- za. (inclusive)
cia com o substantivo masculino pé)
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade; deve-se
pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim rapida- rir com alguém. causa: A cidade foi destruída com o temporal.
mente. Não vá sem mim. instrumento: Feriu-se com as próprias armas. modo: Marfinha,
minha comadre, veste-se sempre com elegância.
Contra (oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão
Locuções Prepositivas
do tribunal. direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.
É o conjunto de duas ou mais palavras que têm o valor de uma De (origem): Descendi de pais trabalhadores e honestos. lu-
preposição. A última palavra é sempre uma preposição. Veja gar: Os corruptos vieram da capital. causa: O bebé chorava de
quais são: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a res- fome. posse: Dizem que o dinheiro do povo sumiu. assunto:
peito de, de acordo com, dentro de, embaixo de, em cima de, Falávamos do casamento da Mariele. matéria: Era uma casa de
em frente a, em redor de, graças a, junto a, junto de, perto de, sapé. A preposição de não deve contrair-se com o artigo, que
por causa de, por cima de, por trás de, a fim de, além de, antes precede o sujeito de um verbo. É tempo de os alunos estuda-
de, a par de, a partir de, apesar de, através de, defronte de, em rem. (e não: dos alunos estudarem)
favor de, em lugar de, em vez de, (=no lugar de), ao invés de
Desde (afastamento de um ponto no espaço): Essa neblina
(=ao contrário de), para com, até a.
vem desde São Paulo. tempo: Desde o ano passado quero
- Não confunda locução prepositiva com locução adverbial. mudar de casa.
Na locução adverbial, nunca há uma preposição no final, e
sim no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”. Em (lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos. matéria: As
(locução adverbial); O acidente ocorreu perto de meu atelier. queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em Curitiba. espe-
(locução prepositiva) cialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras. tempo:
Tudo aconteceu em doze horas.
- Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com
outra preposição: Abola passou por entre as pernas do go- Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro entre
leiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até dois suportes.
18 anos; Financiamento em até 24 meses.
Para direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa. tem-
po. Pretendo vê-lo lá para o final da semana. finalidade: Lute
sempre para viver com dignidade. Apreposição para indica de
permanência definitiva. Vou para o litoral. (ideia de morar)

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Língua Portuguesa

Perante (posição anterior): Permaneceu calado perante todos. 5. Classifique a palavra como nas construções seguintes,
numerando, convenientemente, os parênteses. A se-
Por (percurso, espaço, lugar): Caminhava por ruas desconheci-
guir, assinale a alternativa correta:
das. causa: Por ser muito caro, não compramos um DVD novo.
1. Preposição
espaço: Por cima dela havia um raio de luz.
2. Conjunção Subordinativa Causal
Sem (ausência): Eu vou sem lenço sem documento. 3. Conjunção Subordinativa Conformativa
4. Conjunção Coordenativa Aditiva
Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar. Viveu,
5. Advérbio Interrogativo de Modo
sob pressão dos pais.
( ) Perguntamos como chegaste aqui.
Sobre (em cima de, com contato): Colocou ás taças de cristal
sobre a toalha rendada. assunto: Conversávamos sobre políti- ( ) Percorrera as salas como eu mandara.
ca financeira.
( ) Tinha-o como amigo.
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É substituí-
( ) Como estivesse muito frio, fiquei em casa.
da por atrás de, depois de): Por trás desta carinha vê-se muita
falsidade. ( ) Tanto ele como o irmão são meus amigos.
Curiosidade: O símbolo @ (arroba) significa AT em Inglês, a) 2-4-5-3–1
que em Português significa em. Portanto, o nome está at, b) 4 -5 - 3 - 1 – 2
em algum provedor. c) 5-3-1-2–4
d) 3-1-2-4–5
e) 1-2-4-5-3
Questões
Respostas
1. Assinale a alternativa em que a preposição destacada
estabeleça o mesmo tipo de relação que na frase ma- 1. Resposta C
triz: Criaram-se a pão e água. Na frase matriz, a preposição “a” estabelece a ideia de instru-
a) Desejo todo o bem a você. mento, ou seja, daquilo que foi usado para que se praticasse
b) A julgar por esses dados, tudo está perdido. uma ação.
c) Feriram-me a pauladas.
d) Andou a colher alguns frutos do mar. Na alternativa C, a preposição “a” estabelece o mesmo tipo de
e) Ao entardecer, estarei aí. relação.

2. Assinale a alternativa que indique a definição correta 2. Resposta A


de preposição: A preposição é chamada de palavra invariável por não apresen-
a) Preposição é a palavra invariável que liga duas outras pa- tar formas variadas e por ser desprovida de independência, isto
lavras, estabelecendo entre elas determinadas relações de é, não aparece sozinha no discurso.
sentido e de dependência.
b) Preposição é a palavra invariável que liga duas orações ou 3. Resposta D
duas palavras de mesma função em uma oração. 4. Resposta B
c) Preposição é a palavra ou conjunto de palavras que expri-
mem sentimentos, emoções e reações psicológicas. 5. Resposta C
d) (Preposição é a palavra cuja função principal é indicar o
posicionamento, o lugar de um ser, relativamente à posi-
ção ocupada por uma das três pessoas gramaticais. Interjeição
e) Preposição é a palavra que exprime uma quantidade de-
finida, exata de seres (pessoas, coisas etc.), ou a posição É a palavra invariável que exprime emoções, sensações, esta-
que um ser ocupa em determinada sequência. dos de espírito ou apelos: As interjeições são como que frases
3. Assinale a alternativa que indica corretamente o valor resumidas: Ué ! =Eu não esperava essa! São proferidas com
semântico das preposições em destaque nas frases: entonação especial, que se representa, na escrita, com o ponto
I. Ele sempre cuidou da família com muita dedicação. de exclamação(!)
II. Com a doença do pai, ela voltou para a cidade natal.
III. Desde pequenos, os príncipes eram preparados para a li-
Locução Interjetiva
derança.
IV. A pequena casa de madeira foi destruída a machado.
É o conjunto de duas ou mais palavras com valor de uma inter-
a) modo – companhia – modo – modo jeição: Muito bem!
b) causa – modo – finalidade – instrumento
c) modo – modo – causa – causa Que pena! Quem me dera! Puxa, que legal!
d) modo – causa – finalidade – instrumento
e) companhia – causa – semelhança – modo Classificaçao das Interjeições e Locuções
Interjetivas
4. Assinale a alternativa em que ocorre combinação de
uma preposição com um pronome demonstrativo: As intejeições e as locuções interjetivas são classificadas,’de
a) Estou na mesma situação. acordo com o sentido que elas expressam em determinado
b) Neste momento, encerramos nossas transmissões. contexto. Assim, uma mesma palavra ou expressão pode ex-
c) Daqui não saio. primir emoções variadas.
d) Ando só pela vida.
Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!, Meu
e) Acordei num lugar estranho.
Deus!, Céus!

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Língua Portuguesa

Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!, Alto!, Olha lá! Respostas


Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!; 01. (C) / 02. (E) / 03. (D) / 04. (E) / 05. (B)
Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca!
Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem! Conjunções
Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit! Aversão: Droga!, Raios!,
Xi!, Essa não!, lh! Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai! As Conjunções exercem a função de conectar as palavras den-
tro de uma oração.
Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!, Chega!,
Basta! Desta forma, elas estabelecem uma relação de coordenação
ou subordinação e são classificadas em: Conjunções Coorde-
Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!
nativas e Conjunções Subordinativas.
Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida!
Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem me dera! Conjunções Coordenativas
Observe na relação acima, que as interjeições muitas ve-
zes são formadas por palavras de outras classes grama-
ticais: Cuidado! Não beba ao dirigir! (cuidado é substantivo).
Aditivas (Adição)
E
Nem
Não só... Mas também
Questões Mas ainda
Senão
1. Observe as palavras grifadas da seguinte frase: “En-
caminhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital nº Exemplos:
19/82.” Elas são, respectivamente: Viajamos e descansamos. Essa tarefa não ate nem desta.
a) verbo, substantivo, substantivo Eu não só estudo, mas também trabalho.
b) verbo, substantivo, advérbio
c) verbo, substantivo, adjetivo Adversativas (Posição Contrária)
d) pronome, adjetivo, substantivo Mas
e) pronome, adjetivo, adjetivo Porém
Todavia
2. Assinale a opção em que a locução grifada tem valor Entretanto
adjetivo: No entanto
a) “Comprei móveis e objetos diversos que entrei a utilizar Exemplos:
com receio.” Ela era explorada, mas não se queixava.
b) “Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos.” Os alunos estudaram, no entanto não conseguiram as notas
c) “Pediu-me com voz baixa cinquenta mil réis.” necessárias.
d) “Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras...”
e) “Resolvi abrir o olho para que vizinhos sem escrúpulos não Alternativas (Alternância)
se apoderassem do que era delas.” Ou, ou
Ora, ora
3. O “que” está com função de preposição na alternativa: Quer, quer
a) Veja que lindo está o cabelo da nossa amiga! Já, já
b) Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és.
c) João não estudou mais que José, mas entrou na Facul- Exemplos:
dade. Ou você vem agora, ou não haverá mais ingressos.
d) O Fiscal teve que acompanhar o candidato ao banheiro.
e) Não chore que eu já volto. Ora chovia, ora fazia sol.

4. “Saberão que nos tempos do passado o doce amor era


Conclusivas (Conclusão)
julgado um crime.” Logo
a) 1 preposição Portanto
b) 3 adjetivos Por conseguinte
c) 4 verbos Pois (após o verbo)
d) 7 palavras átonas
e) 4 substantivos Exemplos:
O caminho é perigoso; vá, pois, com cuidado!
5. As expressões em negrito correspondem a um adjeti- Estamos nos esforçando, logo seremos recompensados.
vo, exceto em:
a) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo. Explicativas (Explicação)
b) Demorava-se de propósito naquele complicado banho. Que
c) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira. Porque
d) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga Porquanto
sem fim. Pois (antes do verbo)
e) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça. Exemplos:
Não leia no escuro, que faz mal à vista.
Compre estas mercadorias, pois já estamos ficando sem.

75
Língua Portuguesa

Conjunções Subordinativas Concessivas (Concessão)


Embora / Conquanto / Ainda que / Mesmo que / Por mais que
Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa, com
verbo flexionado. Exemplos:
Todos gostaram, embora estivesse mal feito.
Integrantes Por mais que gritasse, ninguém o socorreu.

Iniciam a oração subordinada substantiva – Que / Se / Como


Questões
Exemplos:
Todos perceberam que você estava atrasado.
Aposto como você estava nervosa. 1. (Prefeitura de Trindade/GO - Auxiliar Administrativo –
FUNRIO/2016)
Temporais (Tempo) Texto I
Quando / Enquanto / Logo que / Assim que / Desde que OMS recomenda ingerir menos de cinco gramas de sal por dia
Exemplos: Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a comida
Logo que chegaram, a festa acabou. com umas pitadas de sal, é melhor pensar duas vezes. A Orga-
Quando eu disse a verdade, ninguém acreditou. nização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta quinta-feira
que um adulto consuma por dia menos de dois gramas de só-
Finais (Finalidade) dio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para reduzir os
níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
Para que / A fim de que
Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para as
Exemplo:
Foi embora logo, a fim de que ninguém o perturbasse. crianças com mais de dois anos de idade, para que as doen-
ças relacionadas com a alimentação não se tornem crônicas
na idade adulta. Neste caso, a OMS diz que os valores devem
Proporcionais (Proporcionalidade)
ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio, de-
À proporção que / À medida que / Quanto mais ... mais / Quan- vendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e as
to menos... menos necessidades energéticas.
Exemplos: Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia
À medida que se vive, mais se aprende.
Quanto mais se preocupa, mais se aborrece. Em para reduzir os níveis de pressão arterial e as doen-
ças cardiovasculares, a palavra para expressa o seguinte
significado:
Causais (Causa) a) oposição
Porque / Como / Visto que / Uma vez que Exemplo: Como b) finalidade
estivesse doente, não pôde sair. c) causalidade
d) comparação
Condicionais (Condição) e) temporalidade

Se / Caso / Desde que 2. (IF-PE - Técnico em Enfermagem – IF-PE/2016) TEXTO


04
Exemplos:
Comprarei o livro, desde que esteja disponível. Crônica da cidade do Rio de Janeiro
Se chover, não poderemos ir.
No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o Cris-
to Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os ne-
Comparativas (Comparação) tos dos escravos encontram amparo.
Como / Que / Do que / Quanto / Que nem Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e apontan-
Exemplos: do seu fulgor, diz, muito tristemente:
Os filhos comeram como leões. A luz é mais veloz do que o - Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
som. Ele daí.
- Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se preo-
Conformativas (Conformidade) cupe: Ele volta.
Como / Conforme / Segundo A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na ci-
Exemplos: dade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques,
As coisas não são como parecem. ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses africa-
Farei tudo, conforme foi pedido. nos. Cristo sozinho não basta.
(GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009.)
Consecutivas (Consequência)
Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata
Que (precedido dos termos: tal, tão, tanto...) / De forma que a economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as
Exemplos: orações,
A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola. a) uma relação de adição.
Ontem estive viajando, de forma que não consegui participar b) uma relação de oposição.
da reunião. c) uma relação de conclusão.
d) uma relação de explicação.
e) uma relação de consequência.

76
Língua Portuguesa

3. (TRF - 3ª Região - Analista Judiciário – Biblioteconomia 4. (IF-PE - Auxiliar em Administração – IF-PE/2016)


– FCC/2016)
TEXTO 02
Sem exceção, homens e mulheres de todas as idades, cultu-
A fome/2
ras e níveis de instrução têm emoções, cultivam passatempos
que manipulam as emoções, atentam para as emoções dos ou- Um sistema de desvinculo: Boi sozinho se lambe melhor... O
tros, e em grande medida governam suas vidas buscando uma próximo, o outro, não é seu irmão, nem seu amante. O outro
emoção, a felicidade, e procurando evitar emoções desagra- é um competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou
dáveis. À primeira vista, não existe nada caracteristicamente uma coisa a ser usada. O sistema, que não dá de comer, tam-
humano nas emoções, pois numerosas criaturas não humanas pouco dá de amar: condena muitos à fome de pão e muitos
têm emoções em abundância; entretanto, existe algo acentu- mais à fome de abraços.
adamente característico no modo como as emoções vincula- (GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009, p. 81.)
ram-se a ideias, valores, princípios e juízos complexos que só
os seres humanos podem ter. De fato, a emoção humana é No trecho “O sistema, que não dá de comer, tampouco dá de
desencadeada até mesmo por uma música e por filmes banais amar”, a conjunção destacada estabelece, entre as orações, a
cujo poder não devemos subestimar. relação de
a) conclusão.
Embora a composição e a dinâmica precisas das reações emo- b) adversidade.
cionais sejam moldadas em cada indivíduo pelo meio e por um c) adição.
desenvolvimento único, há indícios de que a maioria das reações d) explicação.
emocionais, se não todas, resulta de longos ajustes evolutivos. e) alternância.
As emoções são parte dos mecanismos biorreguladores com os
quais nascemos, visando à sobrevivência. Foi por isso que Darwin 5. 06. (TJ-MT - Técnico Judiciário – UFMT/2016)
conseguiu catalogar as expressões emocionais de tantas espé- Data show
cies e encontrar consistência nessas expressões, e é por isso que
em diferentes culturas as emoções são tão facilmente reconheci- Sempre que vou falar em algum lugar, o pessoal técnico me
das. É bem verdade que as expressões variam, assim como varia pergunta, com antecedência, se vou usar data show. Se você
a configuração exata dos estímulos que podem induzir uma emo- não sabe, data show é uma expressão americana. Falar inglês
ção. Mas o que causa admiração quando se observa o mundo do é mais adequado tecnologicamente. Show quer dizer mostrar.
alto é a semelhança, e não a diferença. Aliás, é essa semelhança E data quer dizer dados. Trata-se de um artifício para mos-
que permite que a arte cruze fronteiras. trar dados, que são projetados em uma tela numa sala escura.
Acho que o data show pode ser útil para mostrar dados. Mas
As emoções podem ser induzidas indiretamente, e o indutor pode o uso que dele se faz é horrível: os palestrantes o usam para
bloquear o progresso de uma emoção que já estava presente. O projetar na tela o esboço da sua fala, eliminando dela qualquer
efeito purificador (catártico) que toda boa tragédia deve produzir, surpresa, pois é claro que os ouvintes, de saída, leem o esboço
segundo Aristóteles, tem por base a suspensão de um estado sis- até o fim. É como contar o fim da piada no início... Apagam-se
tematicamente induzido de medo e compaixão. as luzes, o palestrante e os ouvintes olham todos para a tela, e
Não precisamos ter consciência de uma emoção, com frequência ele vai falando. Ninguém presta atenção. Mas todos acham que
não temos e somos incapazes de controlar intencionalmente as usar data show é prova de ser avançado, tecnologicamente.
emoções. Você pode perceber-se num estado de tristeza ou de Quem não usa é atrasado. Quem leva suas notas num cader-
felicidade e ainda assim não ter ideia dos motivos responsáveis ninho é como alguém que anda de carro de boi num mundo
por esse estado específico. Uma investigação cuidadosa pode de Fórmula Um. Assim vão os palestrantes, todos com seus
revelar causas possíveis, porém frequentemente não se consegue laptops, para a sessão de cineminha sem graça. Falando so-
ter certeza. O acionamento inconsciente de emoções também bre isso, uma mulher que trabalha numa firma promotora de
explica por que não é fácil imitá-las voluntariamente. O sorriso eventos contou-me qual a maior vantagem dos data show, uma
nascido de um prazer genuíno é produto de estruturas cerebrais coisa em que eu não havia pensado: com as luzes apagadas,
localizadas em uma região profunda do tronco cerebral. A imita- longe do olhar do palestrante, os ouvintes podem dormir à von-
ção voluntária feita por quem não é um ator exímio é facilmente tade. Contou-me de uma ocasião em que um homem dormiu e
detectada como fingimento – alguma coisa sempre falha, quer na roncou tão alto que chegou a perturbar palestrante e ouvintes.
configuração dos músculos faciais, quer no tom de voz. Todo mundo se pôs a rir. Barulho de ronco é muito divertido...
Mas ela foi obrigada a tomar providências. E o que ela fez, sá-
(Adaptado de: DAMÁSIO, Antônio. O mistério da consciência. Trad. Laura Teixei-
dica e humoristicamente, foi colocar um microfone perto da
ra Motta. São Paulo, Cia das letras, 2015, 2.ed, p. 39-49)
boca do roncador. Aí ele acordou-se a si mesmo.
No texto, identifica-se relação de causa e consequência, res-
(Ostra feliz não faz pérolas. São Paulo: Planeta, 2008.)
pectivamente, entre:
a) processos evolutivos de adaptação que remontam a épo- No trecho É como contar o fim da piada no início, a palavra
cas distantes e grande parte das reações emocionais. como contribui para estabelecer sentido de comparação. As-
b) a suscitação de uma emoção imprevista e a estratégia por sinale a afirmativa em que essa palavra NÃO apresenta esse
trás de uma obra de arte vulgar feita para agradar o público sentido.
em geral. a) O governante que despreza as leis do país é como o assal-
c) o fato de Darwin ter sido bem-sucedido ao catalogar as ex- tante que não respeita a propriedade alheia.
pressões emocionais de diversas espécies e a existência b) Como as ondas do mar, fogem meus sonhos de menina
de emoções inerentes à regulação dos organismos. sem deixar vestígios no tempo.
d) nossa incapacidade de dissimular as emoções e o fato de c) A busca da vitória na vida profissional exige competência e
que não precisamos ter consciência de uma emoção para trabalho, como qualquer outra busca.
que ela aconteça. d) dO fato, como o candidato esbravejou em seu discurso,
e) a capacidade da arte de cruzar fronteiras culturais e o fato não passa de intriga de campanha eleitoral.
das reações emocionais serem moldadas por uma compo-
sição complexa única e exclusiva a cada indivíduo.

77
Língua Portuguesa

Respostas Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como


partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos
1. Resposta B ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração
desempenha uma função sintática. Geralmente apresen-
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta quin-
tam dois grupos de palavras: um grupo sobre o qual se de-
ta-feira que um adulto consuma por dia menos de dois gramas
clara alguma coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma
de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para reduzir
declaração (o predicado), e, excepcionalmente, só o predicado.
os níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
Exemplo:
É recomendado diminuir a ingestão de sal...
A menina banhou-se na cachoeira.
... a fim de reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças A menina – sujeito
cardiovasculares. banhou-se na cachoeira – predicado
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
... com a finalidade de reduzir os níveis de pressão arterial e as
doenças cardiovasculares. O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em
número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se declara
2. Resposta B algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. O predicado é a parte da oração que contém “a informação
A polícia mata muitos, se bem que a economia ainda mata nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito,
mais. (Conjunção concessiva / oposição) constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.

3. Resposta A Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se de-


clara algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente à “o
Grande parte das reações emocionais surgiram por consequ- amor”, ou seja, o predicado, é “é eterno”.
ência do processo evolutivo de adaptação que remontam épo-
cas distantes. Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os ra-
pazes”, que identificamos por ser o termo que concorda em
4. Resposta C número e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jo-
Tampouco é uma conjunção coordenada aditiva com o sentido gam futebol”.
de “nem”. Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um
5. Resposta D substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de sua
significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e re-
O termo “como” utilizado na letra “D” expressa maneira, ou vestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente:
seja, o modo. Nas demais alternativas o emprego do termo ex-
pressa comparação como no exemplo dado pelo enunciado “O amigo retardatário do presidente prepara-se para desem-
da questão. barcar.” (Aníbal Machado)
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas.
Os termos da oração da língua portuguesa são classifica-
dos em três grandes níveis:
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado.

9.
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal

Sintaxe da e Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e


Agente da Passiva).
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjun-
oração e do to Adverbial, Aposto e Vocativo.

período Termos Essenciais da Oração


São dois os termos essenciais (ou fundamentais) da oração:
sujeitoe predicado.
Exemplos:
Sujeito Predicado
Oração Pobreza não é vileza.
Os sertanistas capturavam os índios.
É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há, ne- Um vento áspero sacudia as árvores.
cessariamente, a presença do verbo. A oração encerra uma fra- Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pra-
se (ou segmento de frase), várias frases ou um período, com- tica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma
pletando um pensamento e concluindo o enunciado através coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto
de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, semântico do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto
através de reticências. estilístico (o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendi-
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elíp- do de uma análise sintática, vamos restringir a definição ape-
ticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, nas ao seu papel sintático na sentença: aquele que estabelece
não podem ser analisadas sintaticamente frases como: concordância com o núcleo do predicado. Quando se trata de
predicado verbal, o núcleo é sempre um verbo; sendo um pre-
Socorro! Com licença! dicado nominal, o núcleo é sempre um nome. Então têm por
Que rapaz impertinente! Muito riso, pouco siso. características básicas:
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
“A bênção, mãe Nácia!” (Raquel de Queirós)

78
Língua Portuguesa

- apresentar-se como elemento determinante em relação ao Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
predicado;
Isto não me agrada.
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou,
ainda, qualquer palavra substantivada. O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um substan-
tivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer palavras
Exemplos: secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
A padaria está fechada hoje. Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz
está fechada hoje: predicado nominal fechada: nome adjetivo para a selvagem filha do sertão.” (Joséde Alencar)
= núcleo do predicado a padaria: sujeito padaria: núcleo do O sujeito pode ser:
sujeito - nome feminino singular
Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espi-
Nós mentimos sobre nossa idade para você. nhos; “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila
mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal men- indiana.”
timos: verbo = núcleo do predicado nós: sujeito Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o
cavalo nadavam ao lado da canoa.”
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinan-
te, ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
posição de determinante do sujeito em relação ao predicado amanhã.
adquire sentido com o fato de ser possível, na língua portugue-
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando não
sa, uma sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem
está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã. (su-
predicado.
jeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado
Exemplos: saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) apro-
As formigas invadiram minha casa.
ximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito: vocês)
as formigas: sujeito = termo determinante Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O
invadiram minha casa: predicado = termo determinado Nilo fertiliza o Egito.

Há formigas na minha casa. Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação ex-
pressa pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo
há formigas na minha casa: predicado = termo determinado remorso; Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Cons-
sujeito: inexistente truíram-se açudes. (= Açudes foram construídos.)
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nominal, Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expres-
isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse nome se sa por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os
refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é efeitos dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho;
representado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, Regina trancou-se no quarto.
ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação ver-
sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
bal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou a
um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
bem naquele restaurante.
Exemplos:
Observações:
Eu acompanho você até o guichê.
Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa - Sujeito formado por pronome indefinido não é indeter-
Vocês disseram alguma coisa? minado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho.
Ninguém lhe telefonou.
vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa - Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o
Marcos tem um fã-clube no seu bairro. Marcos: sujeito = subs- verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer
tantivo próprio Ninguém entra na sala agora. ninguém: sujeito agente já expresso nas orações anteriores: Na rua olha-
= pronome substantivo O andar deve ser uma atividade diária. vam-no com admiração; “Bateram palmas no portãozinho
da frente.”; “De qualquer modo, foi uma judiação matarem
o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração a moça.”
Além dessas formas, o sujeito também pode se consti- - Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo ativo
tuir de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O
nome de oração substantiva subjetiva: pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do su-
jeito. Pode ser omitido junto de infinitivos.
É difícil optar por esse ou aquele doce...
Aqui vive-se bem. Devagar se vai ao longe.
É difícil: oração principal
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz.
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar.
O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou por
uma palavra ou expressão substantivada. - Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o
verbo no infinitivo impessoal: Era penoso
Exemplos:
carregar aqueles fardos enormes; É triste assistir a estas cenas
O sino era grande. repulsivas.
Ela tem uma educação fina.

79
Língua Portuguesa

Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a pos- Exemplos:


posição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa língua.
Minha empregada é desastrada.
Exemplos:
predicado: é desastrada
É fácil este problema!
núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito tipo de
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. predicado: nominal
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo do su-
(José de Alencar) “Foi ouvida por Deus a súplica do condena- jeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou característica.
do.” (Ramalho Ortigão) Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) funcionam como
um elo entre o sujeito e o predicado.
“Mas terás tu paciência por duas horas?” (Camilo Castelo
Branco) A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta predicado: demoliu nosso antigo prédio
de um fato, através do predicado; o conteúdo verbal não
é atribuído a nenhum ser. São construídas com os verbos núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o sujei-
impessoais, na 3ª pessoa do singular: Havia ratos no porão; to tipo de predicado: verbal
Choveu durante o jogo. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos predicado: desciam a rua desesperados
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem fenô- sujeito; desesperados = atributo do sujeito tipo de predicado:
menos meteorológicos. verbo-nominal

Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um segmento Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é respon-
extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, sável também por definir os tipos de elementos que apare-
por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse sentido, o pre- cerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
dicado é sintaticamente o segmento linguístico que estabelece para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
concordância com outro termo essencial da oração, o sujeito, é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
sendo este o termo determinante (ou subordinado) e o predi- constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer for-
cado o termo determinado (ou principal). Não se trata, portan- ma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
to, de definir o predicado como “aquilo que se diz do sujeito” do predicado.
como fazem certas gramáticas da língua portuguesa, mas sim Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
estabelecer a importância do fenômeno da concordância entre quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
esses dois termos essenciais da oração. Então têm por carac- estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
terísticas básicas: apresentar-se como elemento determinado
em relação ao sujeito; apontar um atributo ou acrescentar nova “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
informação ao sujeito. inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo
é depois de algozes)
Exemplos:
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
Carolina conhece os índios da Amazônia. Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)
sujeito: Carolina = termo determinante “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)

Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João. Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo forma
o predicado.
sujeito: todos nós = termo determinante
Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, poden-
predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo do, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos de
determinado predicação completa denominados intransitivos. Exemplo:
Nesses exemplos podemos observar que a concordância é As flores murcharam. Os animais correm.
estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos
essenciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; As folhas caem.
no segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá por- “Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ramos)
que a concordância é centrada nas palavras que são núcleos,
Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem o pre-
isto é, que são responsáveis pela principal informação naque-
dicado necessitam de outros termos: são os verbos de pre-
le segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos:
dicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos:
um nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito
da oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso, João puxou a rede.
temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Resende)
nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por um
verbo de ligação) e no segundo um redicado verbal (seu núcleo “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” (Cami-
é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou termos lo Castelo Branco)
acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo
Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou,
são de igual importância, ambos constituem o núcleo do predi-
invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas:
cado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem dois
puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê?
núcleos significativos: um verbo e um nome).

80
Língua Portuguesa

Os verbos de predicação completa denominam-se intransitivos da faca; pegar de uma ferramenta; tomar do lápis; cumprir com
e os de predicação incompleta, transitivos. Os verbos transiti- o dever; Alguns verbos transitivos diretos: abençoar, achar,
vos subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos colher, avisar, abraçar, comprar, castigar, contrariar, convidar,
e transitivos diretos e indiretos (bitransitivos). desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer, encontrar, ferir,
imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, socorrer, ter,
Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
unir, ver, etc.
uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de
ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal, Transitivos Indiretos
relacionando o predicativo com o sujeito.
São os que reclamam um complemento regido de preposição,
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: chamado objeto indireto.
Intransitivos Exemplos:

São os que não precisam de complemento, pois têm sentido “Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma ado-
completo. lescente.” (Ciro dos Anjos) “Populares assistiam à cena apa-
rentemente apáticos e neutros.” (Érico Veríssimo) “Lúcio não
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) “Os atinava com essa mudança instantânea.” (José Américo)
guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.”
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” (Mar- (José Geraldo Vieira)
quês de Maricá)
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
Observações: Os verbos intransitivos podem vir acompanha- distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos
dos de um adjunto adverbial e mesmo de um predicativo (qua- lhe, lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a:
lidade, características): Fui cedo; Passeamos pela cidade; Che- agradar-lhe, agradeço- lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe,
guei atrasado; Entrei em casa aborrecido. As orações formadas desobedecem-lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos
com verbos intransitivos não podem “transitar” (= passar) para importa distinguir os que não admitem para objeto indireto as
a voz passiva. Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a formas oblíquas lhe, lhes, construindo -se com os pronomes
transitivos quando construídos com o objeto direto ou indireto. retos precedidos de preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) a ela, atentar nele, depender dele, investir contra ele, não ligar
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) para ele, etc.

- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam a
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo que forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e pou-
já morreu...” (Ciro dos Anjos) co mais, usados também como transitivos diretos: João paga
(perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado, obe-
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, cres- decido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como atirar,
cer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, chegar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma prepo-
vir, mentir, suar, adoecer, etc. sição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
Transitivos Diretos com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de
sua vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente gros-
São os que pedem um objeto direto, isto é, um comple- seira. (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, ser-
mento sem preposição. Pertencem a esse grupo: julgar, vir, etc., variam de significação conforme sejam usados como
chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, transitivos diretos ou indiretos.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos:
Transitivos Diretos e Indiretos
Comprei um terreno e construí a casa.
São os que se usam com dois objetos: um direto, outro indi-
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de reto, concomitantemente.
Maricá)
Exemplos:
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.”
(Guedes de Amorim) No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres. A empresa
fornece comida aos trabalhadores.
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com Oferecemos flores à noiva.
o complemento acompanhado de predicativo. Exemplos:
Ceda o lugar aos mais velhos.
Consideramos o caso extraordinário. Inês trazia as mãos sem- De Ligação
pre limpas.
O povo chamava-os de anarquistas. Os que ligam ao sujeito uma palavra ou expressão chamada
predicativo. Esses verbos, entram na formação do predicado
Julgo Marcelo incapaz disso. nominal.
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, po- Exemplos:
dem ser usados também na voz passiva; Outra caracterís-
tica desses verbos é a de poderem receber como objeto A Terra é móvel. A água está fria.
direto, os pronomes o, a, os, as: convido-o, encontro-os, in-
O moço anda (=está) triste. Mário encontra-se doente.
comodo-a, conheço-as; Os verbos transitivos diretos podem
ser construídos acidentalmente com preposição, a qual lhes A Lua parecia um disco.
acrescenta novo matiz semântico: arrancar da espada; puxar Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os
quais se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O ver-
bo ser, por exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo

81
Língua Portuguesa

estar, aspecto transitório: Ele é doente. (aspecto permanen- Termos Integrantes da Oração
te); Ele está doente. (aspecto transitório). Muitos desses ver-
bos passam à categoria dos intransitivos em frases como: Era Chamam-se termos integrantes da oração os que completam a
=existia) uma vez uma princesa.; Eu não estava em casa.; Fi- significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram,
quei à sombra.; Anda com dificuldades.; Parece que vai chover. completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável
Os verbos, relativamente à predicação, não têm classifica- à compreensão do enunciado.
ção fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que São os seguintes:
apresentam na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto);
a outro. Exemplos: Complemento Nominal;
O homem anda. (intransitivo) Agente da Passiva.
O homem anda triste. (de ligação)
O cego não vê. (intransitivo) Objeto Direto
O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
É o complemento dos verbos de predicação incompleta, não
Deram 12 horas. (intransitivo) regido, normalmente, de preposição. Exemplos:
A terra dá bons frutos. (transitivo direto)
As plantas purificaram o ar.
Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto) “Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro)

Predicativo Procurei o livro, mas não o encontrei. Ninguém me visitou.


O objeto direto tem as seguintes características:
Há o predicativo do sujeito e o predicativo do objeto.
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
Predicativo do Sujeito
- Normalmente, não vem regido de preposição;
É o termo que exprime um atributo, um estado ou modo de - Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um
ser do sujeito, ao qual se prende por um verbo de ligação, no verbo ativo: Caim matou Abel.
predicado nominal.
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto
Exemplos: por Caim.
A bandeira é o símbolo da Pátria.
A mesa era de mármore. O objeto direto pode ser constituído:
O mar estava agitado. - Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavra-
A ilha parecia um monstro.
dor cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável.
Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na cons- - Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos,
tituição do predicado verbo-nominal. vos: Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se
ao espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo
Exemplos:
O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava atrasado.) a tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos
O menino abriu a porta ansioso. Todos partiram alegres. amo.; “Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a fi-
Marta entrou séria. car quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.”
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está prepo-
sicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até mes- loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de
mo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda estava plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as fo-
Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os verda- lhas do livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem
deiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, os percebido nos meus escritos?”
retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-
coisas.; Onde está a criança que fui? -se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma
Predicativo do Objeto: esfera semântica:

É o termo que se refere ao objeto de um verbo transitivo. “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.” (Vivaldo
Coaraci)
Exemplos:
O juiz declarou o réu inocente. “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal Machado)
O povo elegeu-o deputado. “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado de
As paixões tornam os homens cegos. Nós julgamos o fato
Assis)
milagroso.
Em tais construções é de rigor que o objeto venha acompanha-
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos exem-
do de um adjunto.
plos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em cer-
tos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente se Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se ao direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos,
objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; Pode- vem precedido de preposição, geralmente a preposição a.
mos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado consi- Isto ocorre principalmente:
derava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo inoportuna - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas vezes.”; “Tinha Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina
estendida a seus pés uma planta rústica da cidade.”; “Sentia amava mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me
ainda muito abertos os ferimentos que aquele choque com o que Roberto hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricar-
mundo me causara.” dina lastimava o seu amigo como a si própria.”; “Amava-a
tanto como a nós”.

82
Língua Portuguesa

- Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro Se- O objeto indireto completa a significação dos verbos:
veriano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvi-
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma.
mento das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar
com ele, com aquele homem a quem na realidade também - Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva):
temia, como todos ali”. Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou
sua vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade.
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evi-
tando que o objeto direto seja tomado como sujeito, im- (Disse a verdade ao moço.)
pedindo construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras ca-
o filho amado.; “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem tegorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente
cerimônia, como a um irmão.”; A qual delas iria homenagear transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta;
o cavaleiro? Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe con-
- Em expressões de reciprocidade, para garantir a clare- vém; A proposta pareceu-lhe aceitável.
za e a eufonia da frase: “Os tigres despedaçam- se uns
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois
aos outros.”; “As companheiras convidavam-se umas às
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a
outras.”; “Era o abraço de duas criaturas que só tinham uma
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para
à outra”.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto
- Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em
principalmente na expressão dos sentimentos ou por frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é
amor da eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a impossível”, os pronomes em destaque podem ser considera-
Deus sobre todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é dos adjuntos adverbiais.
a Pedro.”; “O estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o ob- O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa
jeto direto para dar-lhe realce: A você é que não enga- ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes obje-
nam!; Ao médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A tivos indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exem-
este confrade conheço desde os seus mais tenros anos”. plos: Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço-
- - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
-vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição
caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
é expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a
ambos...”.
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele
- Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com
a pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao pú-
odeias a outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes blico.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais gos-
também aos outros.; A quantos a vida ilude!. to é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os
- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar) obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com
da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com quem conto são poucas.
os livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é repre-
fino...”; “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
sentado pelos substantivos (ou expressões substantivas) ou
agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha e entrou
pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a,
a coser.”; “Imagina-se a consternação de Itaguaí, quando
com, contra, de, em, para e por.
soube do caso.”
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, o
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a pre-
objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase.
posição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição
do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono, Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa
quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe, lhes: a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, in-
amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê- lo); O capazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com verbo
Complemento Nominal
transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões ou finali-
dades do emprego do objeto direto preposicionado: a clareza É o termo complementar reclamado pela significação transitiva,
da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da expressão. incompleta, de certos substantivos, adjetivos e advérbios. Vem
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque sempre regido de preposição. Exemplos: A defesa da pátria;
ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no iní- Assistência às aulas; “O ódio ao mal é amor do bem, e a ira
cio da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah, não fosse ele surdo à
pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal minha voz!”
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Observações: O complemento nominal representa o rece-
bedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
Exemplos:
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor de
“Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado) músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas no
objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de com-
Objeto Indireto plementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjeti-
vos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que requerem
É o complemento verbal regido de preposição necessária e complemento nominal correspondem, geralmente, a verbos de
sem valor circunstancial. Representa, ordinariamente, o ser a mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo; perdão das
que se destina ou se refere à ação verbal: “Nunca desobedeci injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais, obedecer aos
a meu pai”. pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.

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Língua Portuguesa

Agente da Passiva Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado


por locução adjetiva com complemento nominal. Este re-
É o complemento de um verbo na voz passiva. Representa o presenta o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a
ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo. Vem regi- eleição do presidente, aviso de perigo, declaração de guer-
do comumente pela preposição por, e menos frequentemente ra, empréstimo de dinheiro, plantio de árvores, colheita de
pela preposição de: Alfredo é estimado pelos colegas; A cidade trigo, destruidor de matas, descoberta de petróleo, amor
estava cercada pelo exército romano; “Era conhecida de todo ao próximo, etc. O adjunto adnominal formado por locução
adjetiva representa o agente da ação, ou a origem, perten-
mundo a fama de suas riquezas.”
ça, qualidade de alguém ou de alguma coisa: o discurso do
O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou presidente, aviso de amigo, declaração do ministro, emprésti-
pelos pronomes: As flores são umedecidas pelo orvalho. mo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de árvores, farinha
de trigo, beleza das matas, cheiro de petróleo, amor de mãe.
A carta foi cuidadosamente corrigida por mim. Muitos já esta-
vam dominados por ele.
Adjunto adverbial
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
ativa: É o termo que exprime uma circunstância (de tempo, lugar,
modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica o sentido de
A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva) um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas numa tarde
A multidão aclamava a rainha. (voz ativa) Ele será acompanha- brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial é expresso:
do por ti. (voz passiva) Tu o acompanharás. (voz ativa) Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; Maria é mais
alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Ele fala bem, fala
Observações: Frase de forma passiva analítica sem com- corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez esteja enganado.;
plemento agente expresso, ao passar para a ativa, terá su- Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às vezes viajava de
jeito indeterminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu pai.; Júlio resi-
expulso da cidade. de em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu de repente.
(Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas. (De- Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes
vastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não
o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos pe- dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No
destres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de
ruas. (certo) acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial
de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio,
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto
Termos Acessórios da Oração adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de com-
plemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj.adn.);
Termos acessórios são os que desempenham na oração uma
gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.).
função secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determi-
nar os substantivos, exprimir alguma circunstância.
Aposto
São três os termos acessórios da oração: adjunto adnomi-
nal, adjunto adverbial e aposto. É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desen-
volve ou resume outro termo da oração. Exemplos:
Adjunto adnominal D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.
É o termo que caracteriza ou determina os substantivos. “Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.”
Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu determina o (Carlos Drummond de Andrade) “No Brasil, região do ouro e
substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas caracte- dos escravos, encontramos a felicidade.” (Camilo Castelo
riza o substantivo roupas: é também adjunto adnominal). Branco) “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói
de nossa gente.” (Mário de Andrade)
O adjunto adnominal pode ser expresso:
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
Pelos adjetivos: água fresca, terras férteis, animal feroz; substantivo:
Pelos artigos: o mundo, as ruas, um rapaz; Foram os dois, ele e ela.
Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar, pouco sal, Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
muitas rãs, país cuja história conheço, que rua?; Pelos nume-
rais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto; Pelas locuções ou O dia amanheceu chuvoso, o que me obrigou a ficar em casa.
expressões adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases
fim ou outra especificação: seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do
- presente de rei (=régio): qualidade sujeito:
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
- fio de aço, casa de madeira: matéria cores.
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na
- homem sem escrúpulos (=inescrupuloso): qualidade escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo
- criança com febre (=febril): característica pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
- aviso do diretor: agente Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tróia; o
rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc.

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Língua Portuguesa

“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (Graci- Questões


liano Ramos)
O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às 1. (Pref. De Caucaia/CE – Agente de Suporte e Fiscaliza-
vezes, está elíptico. Exemplos: ção – CETREDE/2016)

Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. TEXTO II

Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da alma Dos rituais


humana. No primeiro contato com os selvagens, que medo nos dá de
“Irmão do mar, do espaço, amei as solidões sobre os rochedos infringir os rituais, de violar um tabu! É todo um meticuloso ce-
ásperos.” (Cabral do Nascimento) (refere-se ao sujeito oculto rimonial, cuja infração eles não nos perdoam.
eu). Eu estava falando nos selvagens? Mas com os civilizados é o
O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. mesmo. Ou pior até.

Exemplos: Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, Quando você estiver metido entre grã-finos, é preciso ter mui-
sinal de tempestade iminente. O espaço é incomensurável, fato to, muito cuidado: eles são tão primitivos!
que me deixa atônito. Mário Quintana

Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir sua Em relação à oração “eles são tão primitivos!”, assinale o item
companhia. INCORRETO.
Um aposto pode referir-se a outro aposto: a) Refere-se a grã-finos.
a) O sujeito é indeterminado.
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do velho
a) O predicado é nominal.
coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo)
a) Tem verbo de ligação
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas
isto é, a saber, ou da preposição acidental como: a) Apresenta predicativo do sujeito.
2. (CISMEPAR/PR – Advogado – FAUEL/2016).
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai, não
são banhados pelo mar. Este escritor, como romancista, nunca O assassino era o escriba
foi superado.
Paulo Leminsky
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento nominal
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
inexistente.
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das coisas.” como um paradigma da 1ª conjugação. Entre uma oração su-
(Raquel Jardim) bordinada e um adjunto adverbial,
De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo. ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de
nos torturar com um aposto.
Vocativo: (do latim vocare = chamar)
Casou com uma regência.
É o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou inter- Foi infeliz.
pelar a pessoa, o animal ou a coisa personificada a que nos Era possessivo como um pronome.
dirigimos: E ela era bitransitiva. Tentou ir para os EUA. Não deu.
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria de Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
Lourdes Teixeira) “A ordem, meus amigos, é a base do gover-
no.” (Machado de Assis) conectivos e agentes da passiva, o tempo todo. Um dia, matei-
-o com um objeto direto na cabeça.
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela) “Ei-lo,
o teu defensor, ó Liberdade!” (Mendes Leal) Na frase “Entre uma oração subordinada e um adjunto adver-
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamati- bial”, o autor faz referência à oração subordinada. Assinale a
va. Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os alternativa que NÃO corresponde corretamente à compreensão
pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e da relação entre orações:
prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do dis- a) Oração subordinada é o nome que se dá ao tipo de ora-
curso, que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ção que é indispensável para a compreensão da oração
ou entidade abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma principal.
interjeição de apelo (ó, olá, eh!): b) Diferentemente da coordenada, a oração subordinada é a
que complementa o sentido da oração principal, não sen-
“Tem compaixão de nós, ó Cristo!” (Alexandre Herculano) do possível compreender individualmente nenhuma das
orações, pois há uma relação de dependência do sentido.
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” (Graciliano
c) Subordinação refere-se a “estar ordenado sob”, sendo in-
Ramos) “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Ca-
diferente a classificação de uma oração
milo Castelo Branco)
d) coordenada ou subordinada, pois as duas têm a mesma
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da validade.
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado. e) A oração principal é aquela rege a oração subordinada, não
sendo possível seu entendimento sem o complemento.
3. (EMSERH – Auxiliar Operacional de Serviços Gerais –
FUNCAB/2016)

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Língua Portuguesa

A carta de amor O embondeiro que sonhava pássaros


No momento em que Malvina ia pôr a frigideira no fogo, entrou Esse homem sempre vai ficar de sombra: nenhuma memória
a cozinheira com um envelope na mão. Isso bastou para que será bastante para lhe salvar do escuro. Em verdade, seu astro
ela se tornasse nervosa. Seu coração pôs-se a bater precipi- não era o Sol. Nem seu país não era a vida. Talvez, por razão
tadamente e seu rosto se afogueou. Abriu-o com gesto deci- disso, ele habitasse com cautela de um estranho. O vendedor
sivo e extraiu um papel verde-mar, sobre o qual se liam, em de pássaros não tinha sequer o abrigo de um nome. Chama-
caracteres energéticos, masculinos, estas palavras: “Você será vam-lhe o passarinheiro.
amada...”.
Todas manhãs ele passava nos bairros dos brancos carre-
Malvina empalideceu, apesar de já conhecer o conteúdo dessa gando suas enormes gaiolas. Ele mesmo fabricava aque-
carta verde-mar, que recebia todos os dias, havia já uma sema- las jaulas, de tão leve material que nem pareciam servir de
na. Malvina estava apaixonada por um ente invisível, por um prisão. Parecia eram gaiolas aladas, voláteis. Dentro delas,
os pássaros esvoavam suas cores repentinas. À volta do
papel verde-mar, por três palavras e três pontos de reticências:
vendedeiro, era uma nuvem de pios, tantos que faziam me-
“Você será amada...”. Há uma semana que vivia como ébria.
xer as janelas:
Olhava para a rua e qualquer olhar de homem que se cru-
zasse com o seu, lhe fazia palpitar tumultuosamente o - Mãe, olha o homem dos passarinheiros!
coração. Se o telefone tilintava, seu pensamento corria E os meninos inundavam as ruas. As alegrias se intercambia-
célere: talvez fosse “ele”. Se não conhecesse a causa desse vam: a gritaria das aves e o chilreio das crianças. O homem
transtorno, por certo Malvina já teria ido consultar um médico puxava de uma muska e harmonicava sonâmbulas melodias. O
de doenças nervosas. Mandara examinar por um grafólogo a mundo inteiro se fabulava.
letra dessa carta. Fora em todas as papelarias à procura desse
papel verde-mar e, inconscientemente, fora até o correio ver Por trás das cortinas, os colonos reprovavam aqueles
abusos. Ensinavam suspeitas aos seus pequenos filhos -
se descobria o remetente no ato de atirar o envelope na caixa.
aquele preto quem era? Alguém conhecia recomendações
Tudo em vão. Quem escrevia conseguia manter-se incógnito. dele? Quem autorizara aqueles pés descalços a sujarem o
Malvina teria feito tudo quanto ele quisesse. Nenhum empeci- bairro? Não, não e não. O negro que voltasse ao seu devido
lho para com o desconhecido. Mas para que ela pudesse re- lugar. Contudo, os pássaros tão encantantes que são - in-
alizar o seu sonho, era preciso que ele se tornasse homem de sistiam os meninos. Os pais se agravavam: estava dito.
carne e osso. Malvina imaginava-o alto, moreno, com grandes Mas aquela ordem pouco seria desempenhada. [...]
olhos negros, forte e espadaúdo.
O homem então se decidia a sair, juntar as suas raivas com
O seu cérebro trabalhava: seria ele casado? Não, não o era. os demais colonos. No clube, eles todos se aclamavam: era
Seria pobre? Não podia ser. Seria um grande industrial? Quem preciso acabar com as visitas do passarinheiro. Que a medida
sabe? não podia ser de morte matada, nem coisa que ofendesse a
As cartas de amor, verde-mar, haviam surgido na vida de Malvi- vista das senhoras e seus filhos. 6 remédio, enfim, se haveria
na como o dilúvio, transformando-lhe o cérebro. de pensar.

Afinal, no décimo dia, chegou a explicação do enigma. Foi uma No dia seguinte, o vendedor repetiu a sua alegre invasão.
Afinal, os colonos ainda que hesitaram: aquele negro trazia
coisa tão dramática, tão original, tão crível, que Malvina não
aves de belezas jamais vistas. Ninguém podia resistir às
teve nem um ataque de histerismo, nem uma crise de cólera. suas cores, seus chilreios. Nem aquilo parecia coisa deste
Ficou apenas petrificada. verídico mundo. O vendedor se anonimava, em humilde de-
“Você será amada... se usar, pela manhã, o creme de beleza saparecimento de si:
Lua Cheia. O creme Lua Cheia é vendido em todas as farmá- - Esses são pássaros muito excelentes, desses com as asas
cias e drogarias. Ninguém resistirá a você, se usar o creme Lua todas de fora.
Cheia.
Os portugueses se interrogavam: onde desencantava ele tão
Era o que continha o papel verde-mar, escrito em enérgicos maravilhosas criaturas? onde, se eles tinham já desbravado os
caracteres masculinos. Ao voltar a si, Malvina arrastou-se até mais extensos matos?
o telefone:
O vendedor se segredava, respondendo um riso. Os senhores
-Alô! É Jorge quem está falando? Já pensei e resolvi casar-me receavam as suas próprias suspeições.
com você. Sim, Jorge, amo-o! Ora, que pergunta! Pode vir. - teria aquele negro direito a ingressar num mundo onde eles
A voz de Jorge estava rouca de felicidade! E nunca soube a que careciam de acesso? Mas logo se aprontavam a diminuir-lhe
devia tanta sorte! os méritos: o tipo dormia nas árvores, em plena passarada.
Eles se igualam aos bichos silvestres, concluíam.
André Sinoldi
Fosse por desdenho dos grandes ou por glória dos pequenos,
Se a oração escrita na carta estivesse completa, como em
a verdade é que, aos pouco-poucos, o passarinheiro foi viran-
“Você será amada POR MIM”, o termo
do assunto no bairro do cimento. Sua presença foi enchendo
destacado funcionaria como: durações, insuspeitos vazios. Conforme dele se comprava, as
a) complemento nominal. casas mais se repletavam de doces cantos. Aquela música se
b) objeto direto. estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro não
c) agente da passiva. pertencia àquela terra. Afinal, os pássaros desautenticavam os
d) objeto indireto. residentes, estrangeirando-lhes? [...] O comerciante devia sa-
e) adjunto nominal. ber que seus passos descalços não cabiam naquelas ruas. Os
brancos se inquietavam com aquela desobediência, acusando
4. (EMSERH – Enfermeiro – FUNCAB/2016)
o tempo. [...]
Assinale a alternativa correspondente ao período onde há
predicativo do sujeito:

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Língua Portuguesa

As crianças emigravam de sua condição, desdobrando-se em só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais. Seremos
outras felizes existências. E todos se familiavam, parentes apa- uns robôs cinzentos e sem graça!
rentes. [...] Lya Luft, Veja. São Paulo, 2 de março, 2011, p.24
Os pais lhes queriam fechar o sonho, sua pequena e infini- A conjunção destacada em: “Quem sabe nos mataremos me-
ta alma. Surgiu o mando: a rua vos está proibida, vocês não nos, SE as drogas forem controladas e a miséria extinta.” intro-
saem mais. Correram-se as cortinas, as casas fecharam suas duz uma oração que expressa ideia de:
pálpebras. a) causa.
COUTO, Mia. Cada homem é uma raça: contos/ Mia Couto - 1ª ed. - São Paulo: b) comparação.
Companhia das Letras, 2013. p.63 - 71. (Fragmento).
c) condição.
Sobre os elementos destacados do fragmento “Em verdade, d) conformidade
seu astro não era o Sol. Nem seu país não era a vida.”, leia as e) consequência.
afirmativas. Respostas
I. A expressão EM VERDADE pode ser substituída, sem alte-
ração de sentido por COM EFEITO. 1. Reposta B
II. ERA O SOL formam o predicado verbal da primeira oração. A - C=> Refere-se a grã-finos B - E => O sujeito é grã finos
III. NEM, no contexto, é uma conjunção coordenativa. C - O predicado está ligado ao nome.
D - Verbos de ligação: Ser, estar, parecer... E - Primitivos carac-
Está correto apenas o que se afirma em: teriza o sujeito.
d) I e III.
2. Resposta C
e) III.
f) I e II. Como a própria resposta diz, Subordinação refere-se a “estar
g) I. ordenado sob”.
h) II e III.
3. Resposta: C
5. (EMSERH – Auxiliar Administrativo – FUNCAB/2016)
Vamos lá:
Como seremos amanhã? - O agente da passiva é um termo preposicionado (por, pelo, de).
Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é mor- - Só ocorre na voz passiva; em caso de dúvida é só transfor-
rer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes aju- mar na voz ativa.
da a nem ser antiquado demais nem ser superavançadinho, - Se relaciona com o particípio (tanto o regular, quanto o irre-
correndo o perigo de confusões ou ridículo. gular). Voz ativa: Eu amarei você.
Sempre me fascinaram as mudanças - às vezes avanço, às Voz passiva: Você será amada (particípio) por mim (agente da
vezes retorno à caverna. Hoje andam incrivelmente rápi-
passiva. Note que está preposicionado)
das, atingindo usos e costumes, ciência e tecnologia, com
reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com 4. Resposta A
que lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas
penso que não no mesmo ritmo; então, de vez em quando 1) A locução “Em verdade” tem sentido equivalente a expres-
nos pegamos dizendo, como nossas mães ou avós tanto são “Com efeito”, ambas significam ‘De modo efetivo’. Vejam
tempo atrás: “Nossa! Como tudo mudou!” como faz sentido:
Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: De modo efetivo, seu astro não era o Sol (...)”. Logo concluímos
crianças muito precocemente sexualizadas pela moda, pela te- que a substituição de uma pela outra está correta.
levisão, muitas vezes por mães alienadas. [...]
2) O termo “nem”, no contexto em que está inserido, é sem
Na saúde, acho que melhorou. Sou de uma infância sem anti- dúvida uma conjunção coordenativa, pois, lembremos, as ora-
bióticos. A gente sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, ções coordenadas, cada uma, separadamente, possuem sen-
médico de família, aquele que atendia do parto à cirurgia mais tido completo, assim determina a gramática normativa de LP.
complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje se tornou obses- Vejamos o desmembramento delas, nesse caso:
são, era impensável, sobretudo para crianças, e eu pré- ado- - “seu astro não era o Sol” (Oração 1)
lescente gordinha, não podia nem falar em “regime” que minha
- “seu país não era a vida” (Oração 2)
mãe arrancava os cabelos e o médico sacudia a cabeça: “Nem
pensar”. Notem que ambas, quando separadas, continuam possuindo
um sentido (significado) completo.
Em breve estaremos menos doentes: célula-tronco e chips
vão nos consertar de imediato, ou evitar os males. Teremos de Trazem informações inteligíveis para que as leem.
descobrir o que fazer com tanto tempo de vida a mais que nos
será concedido... [...] O que não acontece com as orações SUBORDINADAS que,
como o próprio nome prenuncia, tem seu prejudicado caso
Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem con- seja separada.
troladas e a miséria extinta. Não creio em igualdade, mas em
dignidade para todos. Talvez haja menos guerras, porque de Aquilo que é subordinado não “sobrevive” separadamente,
alguma forma seremos menos violentos.[...] lembrem-se disso.

As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, As coordenadas sim, elas apenas estão interligadas para com-
outras alegrias; os adultos, novas sensações e possibili- porem juntas um sentido maior.
dades. Mas as emoções humanas, estas eu penso que vão 5. Resposta C
demorar a mudar. Todos vão continuar querendo mais ou
menos o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria. “Quem sabe nos mataremos menos, SE as drogas forem con-
Desta, por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, in- troladas e a miséria extinta.” “Quem sabe nos mataremos me-
críveis, não podemos esquecer. Ou não valerá a pena nem um

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Língua Portuguesa

nos, CASO as drogas forem controladas e a miséria extinta.” se As orações coordenadas são sindéticas - OCS: quando vêm
(caso) a troca dê certo = condicional introduzidas por conjunção coordenativa.
Exemplo:

Período O homem saiu do carro / e entrou na casa.


OCA OCS
Toda frase com uma ou mais orações constitui um período, que As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
se encerra com ponto de exclamação, ponto de interrogação acordo com o sentido expresso pelas conjunções coorde-
ou com reticências. nativas que as introduzem. Pode ser:

O período é simples quando só traz uma oração, chamada ab- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
soluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. mas também, não só... mas ainda.

Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração ab- Saí da escola / e fui à lanchonete.
soluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.) OCA OCS Aditiva

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num que expressa ideia de acréscimo ou adição com referência
período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
locuções verbais nele existentes. aditiva.

Exemplos: A doença vem a cavalo e volta a pé.


Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) As pessoas não se mexiam nem falavam.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração) “Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até ne-
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções nhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” (Macha-
verbais, duas orações) do de Assis)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo todavia, contudo, entretanto, no entanto.
tempo (também chamada de misto).
Estudei bastante / mas não passei no teste.
OCA OCS Adversativa
Período Composto por Coordenação – Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Orações Coordenadas que expressa ideia de oposição à oração anterior, ou seja, por
uma conjunção coordenativa adversativa.
Considere, por exemplo, este período composto:
A espada vence, mas não convence.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
de infância. Tens razão, contudo não te exaltes.
Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
1ª oração: Passeamos pela praia
Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
2ª oração: brincamos isso, pois, logo.
3ª oração: recordamos os tempos de infância Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
As três orações que compõem esse período têm sentido OCA OCS Conclusiva
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sin- Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que
tática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma re- expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração an-
lação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende terior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
da outra sintaticamente. Vives mentindo; logo, não mereces fé.
As orações independentes de um período são chamadas de Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
coordenadas é chamado de período composto por coordenação. Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou,
As orações coordenadas são classificadas em ora... ora, seja... seja, quer... quer.
assindéticas e sindéticas. Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
OCA OCS Alternativa
As orações coordenadas são assindéticas - OCA: quando
não vêm introduzidas por conjunção. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que estabelece uma relação de alternância ou escolha com re-
Exemplo:
ferência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coorde-
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. nativa alternativa.
OCA OCA OCA Venha agora ou perderá a vez.
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de Assis) Assis)
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (Antô- “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço muito
nio Olavo Pereira) caro.” (Renato Inácio da Silva)
“A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coelho (Luís Jardim)
Neto)
Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque,
pois, porquanto.

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Língua Portuguesa

Vamos andar depressa / que estamos atrasados. “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
OCA OCS Explicativa Andrade)
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência te-
que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação nha êxito.
à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
explicativa. Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por
Veríssimo) mais que, mesmo que.
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te aben-
çoo.” (Fernando Sabino) Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
O cavalo estava cansado, pois arfava muito. OP OSA Concessiva
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou
Período Composto por Subordinação se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Observe os termos destacados em cada uma destas
arriscou uma opinião.
orações:
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Todos querem sua participação. (objeto direto)
Por mais que gritasse, não me ouviram.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa) Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em outro.
orações com a mesma função sintática:
Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
função de adjunto adnominal) OP OSA Conformativa
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com O homem age conforme pensa.
função de objeto direto)
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordina-
da com função de adjunto adverbial de causa) Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.

Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, subor- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
dinada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos foi expresso na oração principal.
um conjunto de duas orações em que uma delas (a subordina-
da) depende sintaticamente da outra (principal), ele é classifi- Conjunções: quando, assim que, logo que, enquanto, sempre
cado como período composto por subordinação. As orações que, depois que, mal (=assim que).
subordinadas são classificadas de acordo com a função que Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas. OP OSA Temporal

Orações Subordinadas Adverbiais Formiga, quando quer se perder, cria asas.

As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se esva-
exercem a função de adjunto adverbial da oração principal ziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
(OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordina- “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês
tiva que as introduz: de Maricá)
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois
que, visto que. Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enun-
ciado na oração principal.
Não fui à escola / porque fiquei doente.
OP OSA Causal Conjunções: para que, a fim de que, porque (=para que), que.
O tambor soa porque é oco. Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. OP OSA Final
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de Sousa) “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Mar-
quês de Maricá)
Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocor-
rência do que foi enunciado na principal. Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.

Conjunções: se, contanto que, a menos que, a não ser que, “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para
desde que. que)

Irei à sua casa / se não chover. “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as recep-
OP OSA Condicional ções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que
não deixasse)
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.
Se o conhecesses, não o condenarias. Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enuncia-
do na oração principal.

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Língua Portuguesa

Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto que. Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aque-
la que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
principal.
OP OSA Consecutiva
Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
Necessito / de que você me ajude.
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
OP OSS Objetiva Indireta
J. Veiga)
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
viagem.)
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolon- Aconselha-o a que trabalhe mais.
gar minha viagem. Daremos o prêmio a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve.
Comparativas: Expressam ideia de comparação com referên-
cia à oração principal. Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.
Conjunções: como, assim como, tal como, (tão)... como, tanto
como, tal qual, que (combinado com menos ou mais). Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)

Ela é bonita / como a mãe. É importante / que você colabore.


OP OSA Comparativa OP OSS Subjetiva

A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” A oração subjetiva geralmente vem:
(Marquês de Maricá) - depois de um verbo de ligação + predicativo, em constru-
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. ções do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É
certo que ele voltará amanhã.
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz -se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
daquele olhar. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocor-
Observação: As orações comparativas nem sempre apre- rer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e segui-
sentam claramente o verbo, como no exemplo acima, em dos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos par-
que está subentendido o verbo ser (como a mãe é). ticipem da reunião.

Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona propor- É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é
cionalmente ao que foi enunciado na principal. necessária.)

Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, Parece que a situação melhorou.
quanto mais, quanto menos. Aconteceu que não o encontrei em casa.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. Importa que saibas isso bem.
OSA Proporcional OP
Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
À medida que se vive, mais se aprende. aquela que exerce a função de complemento nominal de um
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. termo da oração principal.

O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai Observe: Estou convencido de sua inocência. (complemento
diminuindo. nominal)
Estou convencido / de que ele é inocente.
Orações Subordinadas Substantivas OP OSS Completiva Nominal
As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas que, Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão dele.)
num período, exercem funções sintáticas próprias de substan-
Estava ansioso por que voltasses.
tivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integran-
tes que e se. Sê grato a quem te ensina.
Elas podem ser: “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.”
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aque- (Graciliano Ramos)
la que exerce a função de objeto direto do verbo da oração Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que
principal. exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto) vindo sempre depois do verbo ser.

O grupo quer / que você ajude. Observe: O importante é sua felicidade. (predicativo)
OP OSS Objetiva Direta O importante é / que você seja feliz.
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre OP OSS Predicativa
exigia a presença de todos.) Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse.
Mariana esperou que o marido voltasse.
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. Não sou quem você pensa.

O fiscal verificou se tudo estava em ordem. Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que
exerce a função de aposto de um termo da oração principal.

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Língua Portuguesa

Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício OP OSA Explicativa OP


do país. (aposto)
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do país. Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
OP OSS Apositiva
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coisa: Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
a sua felicidade)
Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
Orações Reduzidas
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins) As orações reduzidas são caracterizadas por possuírem o ver-
bo nas formas de gerúndio, particípio ou infinitivo. Ao contrário
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo
das demais orações subordinadas, as orações reduzidas não
oculto?” (Machado de Assis)
são ligadas através dos conectivos
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois-
Há três tipos de orações reduzidas:
-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à ora-
ção principal. - Orações reduzidas de infinitivo
- Orações reduzidas de gerúndio
Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde, tor-
nou-se realidade. - Orações reduzidas de particípio
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as
orações substantivas podem ser introduzidas por outros co-
Orações Reduzidas de Infinitivo
nectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir.
Exemplos: Reduzida: É preciso comer frutas e legumes.
Desenvolvida: É preciso que se coma frutas e legumes. (Ora-
Não sei quando ele chegou. ção Subordinada Substantiva Subjetiva)
Diga-me como resolver esse problema. Reduzida: Meu desejo era ganhar uma viagem.
Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse uma viagem.
Orações Subordinadas Adjetivas (Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a função
de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. Ob-
Orações Reduzidas de Particípio
serve como podemos transformar um adjunto adnominal em Particípio: terminações –ado, -ido.
oração subordinada adjetiva:
Reduzida: Temos apenas um filho, criado com muito amor.
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) Desenvolvida: Temos apenas um filho, que criamos com muito
amor. (Oração Subordinada Adjetiva Explicativa)
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva)
Reduzida: A criança sequestrada foi resgatada.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas Desenvolvida: A criança que sequestraram foi resgatada. (Ora-
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem ção Subordinada Adjetiva Restritiva)
ser classificadas em:
Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quan- Orações Reduzidas de Gerúndio
do restringem ou especificam o sentido da palavra a que se
Gerúndio: terminação –ndo.
referem.
Reduzida: Não enviando o relatório a tempo, perdeu a bolsa
Exemplo:
de estudos.
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. Desenvolvida: Porque não enviou o relatório a tempo, perdeu
OP OSA Restritiva
a bolsa de estudos. (Oração Subordinada Adverbial Causal)
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o
Reduzida: Respeitando as normas, não terão problemas.
sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º Desenvolvida: Desde que respeitem as normas, não terão pro-
lugar. blemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional)

Pedra que rola não cria limo. O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações
reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.
Exemplos:
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
escreveram. Preciso terminar este exercício.

“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Ele está jantando na sala.
Mariano)
Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quan- Questões
do apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem 1. (TRF – 3ª Região – Analista Judiciário – Área Adminis-
restringi-lo ou especificá-lo. trativa - FCC/2016)
Exemplo: Depois que se tinha fartado de ouro, o mundo teve fome de
açúcar, mas o açúcar consumia escravos. O esgotamento das
O escritor Jorge Amado,/que mora na Bahia,/ ançou um novo livro.
91
Língua Portuguesa

minas − que de resto foi precedido pelo das florestas que for- políticas são apagadas. A violência de que participavam, ou que
neciam o combustível para os fornos −, a abolição da escra- combatiam, é esquecida. O museu parece assim desempenhar
vatura e, finalmente, uma procura mundial crescente, orientam um papel de pacificação social. A guerra das imagens extingue-se
São Paulo e o seu porto de Santos para o café. De amarelo, na pacificação dos museus.
passando pelo branco, o ouro tornou-se negro.
Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de terem
Mas, apesar de terem ocorrido essas transformações que tor- sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos de vista
naram Santos num dos centros do comércio internacional, o concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu é
local conserva uma beleza secreta; à medida que o barco pe- por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada
netra lentamente por entre as ilhas, experimento aqui o primei- de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o segundo,
ro sobressalto dos trópicos. Estamos encerrados num canal e pela mesma razão, é um “depósito de despojos”. Por um lado,
verdejante. Quase podíamos, só com estender a mão, agarrar o museu facilita o acesso das obras a um status estético que as
essas plantas que o Rio ainda mantinha à distância nas suas exalta. Por outro, as reduz a um destino igualmente estético, mas,
estufas empoleiradas lá no alto. Aqui se estabelece, num palco desta vez, concebido como um estado letárgico.
mais modesto, o contato com a paisagem.
A colocação em museu foi descrita e denunciada frequente-
O arrabalde de Santos, uma planície inundada, crivada de mente como uma desvitalização do simbólico, e a musealiza-
lagoas e pântanos, entrecortada por riachos estreitos e canais, ção progressiva dos objetos de uso como outros tantos es-
cujos contornos são perpetuamente esbatidos por uma bruma cândalos sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a
nacarada, assemelha - se à própria Terra, emergindo no come- razão do “escândalo”. Para que haja escândalo, é necessário
ço da criação. As plantações de bananeiras que a cobrem são que tenha havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica
do verde mais jovem e terno que se possa imaginar: mais agu- escandalizada dirigida ao museu, seria interessante desvendar
do que o ouro verde dos campos de juta no delta do Bramapu- que valor foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A
tra, com o qual gosto de o associar na minha recordação; mas singularidade absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica?
é que a própria fragilidade do matiz, a sua gracilidade inquieta, A integridade do Contexto original? Estranha inversão de pers-
comparada com a suntuosidade tranquila da outra, contribuem pectiva. Porque, simultaneamente, a crítica mais comum con-
para criar uma atmosfera primordial. tra o museu apresenta-o como sendo, ele próprio, um órgão
de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua origem,
Durante cerca de meia hora, rolamos por entre bananeiras,
é realmente “o lugar simbólico onde o trabalho de abstração
mais plantas mastodontes do que árvores anãs, com troncos
assume seu caráter mais violento e mais ultrajante”. Porém,
plenos de seiva que terminam numa girândola de folhas elás-
esse trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam
ticas por sobre uma mão de 100 dedos que sai de um enorme
em toda parte. É a ação do tempo, conjugada com nossa ilusão
lótus castanho e rosado. A seguir, a estrada eleva-se até os 800
da presença mantida e da arte conservada.
metros de altitude, o cume da serra. Como acontece em toda
parte nessa costa, escarpas abruptas protegeram dos ataques (Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo, Fap.-Unifesp,
2012, p. 68-71)
do homem essa floresta virgem tão rica que para encontrarmos
igual a ela teríamos de percorrer vários milhares de quilômetros Na frase Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao mu-
para norte, junto da bacia amazônica. seu, seria interessante desvendar que valor foi previamente
sacralizado (3°parágrafo), a oração sublinhada complementa o
Enquanto o carro geme em curvas que já nem poderíamos qua-
sentido de
lificar como “cabeças de alfinete”, de tal modo se sucedem
a) um substantivo, e pode ser considerada como interroga-
em espiral, por entre um nevoeiro que imita a alta montanha
tiva indireta.
de outros climas, posso examinar à vontade as árvores e as
b) um verbo, e pode ser considerada como interrogativa di-
plantas estendendo-se perante o meu olhar como espécimes
reta.
de museu.
c) um verbo, e pode ser considerada como interrogativa in-
(Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. Coimbra, Edições 70, direta.
1979, p. 82-3)
d) um substantivo, e pode ser considerada como interroga-
No primeiro período do segundo parágrafo, as duas ora- tiva direta.
ções que não se subordinam a nenhuma outra contêm os e) um advérbio, e pode ser considerada como interrogativa
seguintes verbos: indireta.
a) conserva − experimento
b) terem ocorrido − conserva 3. (ANAC – Analista Administrativo – ESAF/2016)
c) tornaram − penetra Assinale a opção que apresenta explicação correta para a in-
d) tornaram − experimento serção de “que é” antes do segmento grifado no texto.
e) conserva − penetra
A Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República di-
2. (TRF – 3ª Região – Analista Judiciário – Área Adminis- vulgou recentemente a pesquisa O Brasil que voa – Perfil dos
trativa - FCC/2016) Passageiros, Aeroportos e Rotas do Brasil, o mais completo
O museu é considerado um instrumento de neutralização – e tal- levantamento sobre transporte aéreo de passageiros do País.
vez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reunidos Mais de 150 mil passageiros, ouvidos durante 2014 nos 65
trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos políticos aeroportos responsáveis por 98% da movimentação aérea do
e religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias militares e País, revelaram um perfil inédito do setor.
conquistas: a maior parte presta homenagem às potências domi- <http://www.anac.gov.br/Noticia.aspx?ttCD_CHAVE=1957&slCD_ ORI-
GEM=29>. Acesso em: 13/12/2015 (com adaptações).
nantes, suas financiadoras. As obras modernas são, mais gene-
ricamente, animadas pelo espírito crítico: elas protestam contra a) Prejudica a correção gramatical do período, pois provoca
os fatos da realidade, os poderes, o estado das coisas. O museu truncamento sintático.
reúne todas essas manifestações de sentido oposto. Expõe tudo b) Transforma o aposto em oração subordinada adjetiva ex-
junto em nome de um valor que se presume partilhado por elas: a plicativa.
qualidade artística. Suas diferenças funcionais, suas divergências c) Altera a oração subordinada explicativa para oração res-
tritiva.

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Língua Portuguesa

d) Transforma o segmento grifado em oração principal do pe- Do rio da minha aldeia.


ríodo.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
e) Corrige erro de estrutura sintática inserido no período.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
4. (TRE/RR - Técnico Judiciário - Operação de Computa- (Alberto Caeiro)
dores - FCC/2015)
E o Tejo entra no mar em Portugal
É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do
futebol é dos mais intensos do ponto de vista psicológico. Nos O elemento que exerce a mesma função sintática que o subli-
estádios a concentração é total. Vive-se ali situação de inces- nhado acima encontra-se em
sante dialética entre o metafórico e o literal, entre o lúdico e o a) a fortuna. (4a estrofe)
real. O que varia conforme o indivíduo considerado é a pas- b) A memória das naus. (2a estrofe)
sagem de uma condição a outra. Passagem rápida no caso c) grandes navios. (2a estrofe)
do torcedor, cuja regressão psíquica do lúdico dura algumas d) menos gente. (3a estrofe)
horas e funciona como escape para as pressões do cotidiano. e) a América. (4a estrofe)
Passagem lenta no caso do futebolista profissional, que vive
quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que geralmente Respostas
torna difícil a inserção na realidade global quando termina a 1. Resposta A
carreira. A solução para muitos é a reconversão em técnico,
que os mantém sob holofote. Lothar Matthäus, por exemplo, No primeiro período do segundo parágrafo, as duas orações
recordista de partidas em Copas do Mundo, com a seleção ale- que não se subordinam (são orações principais, ou seja, não
mã, Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico porque “na verda- possuem conjunção, nem pronome relativo) a nenhuma outra
de, para mim, o futebol é mais importante do que a família”. [...] contêm os seguintes verbos:

Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significa- Mas, apesar de terem ocorrido essas transformações (oração su-
ções psicológicas coletivas, porém calcadas, pelo menos em bordinada) / que (pronome relativo - oração subordinada adjetiva)
parte, nas individualidades que o compõem. O jogo é coleti- tornaram Santos num dos centros do comércio internacional,
vo, como a vida social, porém num e noutra a atuação de um o local conserva uma beleza secreta (oração principal);
só indivíduo pode repercutir sobre o todo. Como em qualquer à medida que o barco penetra lentamente por entre as ilhas
sociedade, na do futebol vive-se o tempo inteiro em equilí- (oração subordinada), experimento aqui o primeiro sobressalto
brio precário entre o indivíduo e o grupo. O jogador busca o dos trópicos (oração principal).
sucesso pessoal, para o qual depende em grande parte dos
companheiros; há um sentimento de equipe, que depende das 2. Resposta C
qualidades pessoais de seus membros. O torcedor lúcido bus- A oração sublinhada realmente é uma Oração Sub. Substantiva
ca o prazer do jogo preservando sua individualidade; todavia, Subjetiva (pois tem função de sujeito), porém ela completa o
a própria condição de torcedor acaba por diluí- lo na massa. sentido do verbo “desvendar” e é uma interrogativa indireta,
(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São pois não há interrogação.
Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304, com adaptações)
3. Resposta B
*Ballon d’Or 1990 - prêmio de melhor jogador do ano O jogador
busca o sucesso pessoal... Do modo como está, trata-se de um aposto explicativo, aquele
que explica ou esclarece algo; no caso explicando o que é a
A mesma relação sintática entre verbo e complemento, subli- pesquisa O Brasil que voa.
nhados acima, está em:
a) É indiscutível que no mundo contemporâneo... Se colocarmos um QUE É antes, ficaria assim: A Secretaria
b) ...o futebol tem implicações e significações psicológicas de Aviação Civil da Presidência da República divulgou recen-
coletivas... temente a pesquisa O Brasil que voa – Perfil dos Passageiros,
c) ...e funciona como escape para as pressões do cotidiano. Aeroportos e Rotas do Brasil, que é o mais completo levanta-
d) A solução para muitos é a reconversão em técnico... mento sobre transporte aéreo de passageiros do País.
e) ...que depende das qualidades pessoais de seus membros.
Logo, a oração em destaque é uma oração subordinada adje-
5. 05. (MPE/PB - Técnico ministerial - diligências e apoio tiva EXPLICATIVA, que é aquela isolada por vírgula e que tem
administrativo - FCC/2015) valor de adjetivo.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Outro exemplo: Meu irmão, que sempre aprontou, casou-se.
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha
aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. 4. Resposta B
O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, O jogador busca o sucesso pessoal ... SUJEITO - VERBO
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está, A memória TRANSITIVO DIRETO - OBJETO DIRETO
das naus. a) É indiscutível que no mundo contemporâneo... VERBO DE
O Tejo desce de Espanha LIGAÇÃO - PREDICATIVO DO SUJEITO - SUJEITO ORA-
E o Tejo entra no mar em Portugal CIONAL.
Toda a gente sabe isso. b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia coletivas ... SUJEITO - VERBO TRANST. DIRETO - OBJE-
E para onde ele vai TO DIRETO.
E donde ele vem
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram
Ninguém nunca pensou no que há para além

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Língua Portuguesa

Vocativos, Apostos
Vocativos: Queridos ouvintes, nossa programação passará por
pequenas mudanças.

c) e funciona como escape para as pressões do cotidiano. Apostos: É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.
SUJEITO - VERBO TRANS. INDIRETO - OBJETO INDIRETO
d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ... SU- Omissões de Termos
JEITO - VERBO DE LIGAÇÃO - Elipse: A praça deserta, ninguém àquela hora na rua. (Omi-
e) que depende das qualidades pessoais de seus membros. tiu-se o verbo “estava” após o vocábulo “ninguém”, ou seja,
SUJEITO - VERBO TRANS. INDIRETO - OBJ. INDIRETO ocorreu elipse do verbo estava)
5. Resposta B Zeugma: Na classe, alguns alunos são interessados; outros,
“O fragmento O TEJO TEM GRANDES NAVIOS E NAVEGA (são) relapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo
NELE AINDA, PARA AQUELES QUE “relapsos”)

VEEM EM TUDO O QUE LÁ NÃO ESTÁ, A MEMÓRIA DAS Termos Repetidos


NAUS está em ordem indireta. Ao inserir A MEMÓRIA DAS
NAUS entre a conjunção E e o verbo NAVEGA, tem-se: O TEJO Exemplo: Nada, nada há de me derrotar.
TEM GRANDES NAVIOS E A MEMÓRIA DAS NAUS NAVEGA
NELE AINDA. Constrói-se, pois, a função sintática de sujeito.” Sequência de Adjuntos Adverbiais
Exemplo: Saíram do museu, ontem, por voltas das 17h.

Vírgula Proibida

10. Pontuação Não se separa por vírgula:


- sujeito de predicado;
- objeto de verbo;
Para a elaboração de um texto escrito deve-se considerar o - adjunto adnominal de nome;
uso adequado dos sinais gráficos como: espaços, pontos, vír-
- complemento nominal de nome;
gula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reti-
cências, aspas e etc. - oração principal da subordinada substantiva (desde que
esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utiliza-
dos corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do
texto.
Dois Pontos :
Vírgula , Usos dos Dois Pontos

Aplicação da Vírgula Antes de enumerações.


Exemplo: Compre três frutas hoje: maçã, uva e laranja.
A vírgula marca uma breve pausa e é obrigatória nos seguintes
casos:
Iniciando citações.
1° Inversão de Termos Exemplo: “Segundo o folclórico Vicente Mateus: ‘Quem está
na chuva é para se queimar’”4.
Exemplo: Ontem, à medida que eles corrigiam as questões, eu
me preocupava com o resultado da prova.
Antes de orações que explicam o enunciado
2° Intercalações de Termos anterior
Exemplo: Não foi explicado o que deveríamos fazer: o que
Exemplo: A distância, que tudo apaga, há de me fazer
nos deixa insatisfeitos.
esquecê-lo.

Inspeção de Simples Juízo Depois de verbos que introduzem a fala.


Exemplo: “(...) e disse: aqui não podemos ficar!”
Exemplo: “Esse homem é suspeito”, dizia a vizinhança.

Enumerações
Sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.2
Com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor
da despedida.

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Língua Portuguesa

Ponto e Vírgula ; Travessão —


Usos do Ponto e Vírgula Usos do Travessão

Este sinal gráfico é utilizado para anunciar pausas mais fortes, - Nos diálogos, para marcar a fala das personagens. Exem-
para separar orações adversativas (enfatizando o contraste de plo: As meninas gritaram: — Venham nos buscar!
ideias) e para separar os itens de enunciados. - No meio de sentenças, para dar ênfase em informações.
Exemplos: Exemplo: O garçom — creio que já lhe falei — está muito bem
no novo serviço - é o que ouvi dizer.
Os dois rapazes estavam desesperados por dinheiro; Ernesto
não tinha dinheiro nem crédito. (pausa longa)
Sonhava em comprar todos os sapatos da loja; comprei, po-
rém, apenas um par. (separação da oração adversativa na qual
Ponto de Exclamação !
a conjunção - porém - aparece no meio da oração)
Enumeração com explicitação - Comprei alguns livros: de Usos do Ponto de Exclamação
matemática, para estudar para o concurso; um romance, para
me distrair nas horas vagas; e um dicionário, para enriquecer - Após vocativos. Exemplo: Vem, Fabiano!
meu vocabulário. - Após imperativos. Exemplo: Corram!
Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para - Após interjeição. Exemplos: Ai! / Ufa!
marcar distribuição - Comprei os produtos no supermerca- - Após expressões ou frases de caráter emocional. Exemplo:
do: farinha para um bolo; tomates para o molho; e pão para o Quantas pessoas!
café da manhã.

Parênteses ( ) Aspas
“”
Aplicação das Aspas
Usos dos Parênteses
- Isolam termos distantes da norma culta, como gírias, neolo-
gismos, arcaísmos, expressões populares entre outros.
Isolar datas
Exemplo: Eles tocaram “flashback”, “tipo assim” anos 70 e 80.
Exemplo: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial
Foi um verdadeiro “show”.
(1914-1918).
- Delimitam transcrições ou citações textuais
Isolar siglas. Exemplo: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.”
Exemplo: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da popula- - Isolam estrangeirismos.
ção economicamente ativa (PEA)... Exemplo: Os restaurantes “fast food” têm reinado na cidade.

Isolar explicações ou retificações


Exemplo: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de
minha preocupação.
Ponto .
- indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito
bem dele.
Reticências ... - separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora.
- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª

Aplicação das Reticências


- Indicam a interrupção de uma frase, deixando-a com senti-
Ponto de Interrogação ?
do incompleto. Exemplo: Não consegui falar com a Laura... - Em perguntas diretas: Como você se chama?
Quem sabe se eu ligar mais tarde... - Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem
- Sugerem prolongamento de ideias. ganhou na loteria? Você. Eu?!
Exemplo: “Sua tez, alva e pura como um floco de algodão, tin-
gia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (José de Alencar)
- Indicam dúvida ou hesitação.
Parágrafo
Exemplo: Não sei... Acho que... Não quero ir hoje. Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; co-
- Indicam omissão de palavras ou frases no período. meça por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que
começam as outras linhas.
Exemplo: “Se o lindo semblante não se impregnasse constante-
mente, (...) ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e
sim a máscara de alguma profunda decepção.” (José de Alencar)

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Língua Portuguesa

Colchetes [ ] 4. (SEGEP-MA – Analista Ambiental – Pedagogo –


FCC/2016)
Utilizados na linguagem científica. A maioria das pessoas pensa que vai se aposentar cedo e des-
frutar da vida, mas um estudo sugere que estamos fadados a

*
nos aposentar cada vez mais tarde se quisermos manter um
Asterisco padrão de vida razoável.
Em 2009, pesquisadores publicaram um estudo na revista Lan-
Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota cet e afirmaram que metade das pessoas nascidas após o ano
(observação). 2000 vai viver mais de 100 anos e três quartos vão comemorar
seus 75 anos.

Barra /
Até 2007 acreditávamos que a expectativa de vida das pessoas
não passaria de 85 anos. Foi quando os japoneses ultrapassa-
ram a expectativa para 86 anos. Na verdade, a expectativa de
Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas. vida nos países desenvolvidos sobe linearmente desde 1840,
indicando que ainda não atingimos um limite para o tempo de
vida máximo para um ser humano.
Hífen - No início do século XX, as melhorias no controle das doenças
infecciosas promoveram um aumento na sobrevida dos huma-
Usado para ligar elementos de palavras compostas e para nos, principalmente das crianças. E, depois da Segunda Guer-
unir pronomes átonos a verbos. Exemplo: guarda-roupa ra Mundial, os avanços da medicina no tratamento das enfer-
midades cardiovasculares e do câncer promoveram um ganho
para os adultos. Em 1950, a chance de alguém sobreviver dos
Questões 80 aos 90 anos era de 10%; atualmente excede os 50%.

1. (IF-TO – Auditor – IFTO/2016) Marque a alternativa em O que agora vai promover uma sobrevida mais longa e com
que a ausência de vírgula não altera o sentido do enun- mais qualidade será a mudança de hábitos. A Dinamarca era
ciado. em 1950 um dos países com a mais longa expectativa de vida.
a) O professor espera um, sim. Porém, em 1980 havia despencado para a 20a posição, devido
b) Recebo, obrigada. ao tabagismo.
c) Não, vá ao estacionamento do campus. O controle da ingestão de sal e açúcar, e a redução dos vícios
d) Não, quero abandonar minha funções no trabalho. como cigarro e álcool, além de atividade física, vão determinar
e) Hoje, podem ser adquiridas as impressoras licitadas. uma nova onda do aumento de expectativa de vida. A própria
2. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016) Assina- qualidade de vida, medida por anos de saúde plena, deve mu-
le a alternativa correta quanto ao uso da pontuação. dar para melhor nas próximas décadas.
a) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma O próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para
extensão de nossa personalidade. as últimas décadas de vida: estamos nos aposentando muito
b) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, cedo e o que juntamos não será o suficiente. Precisamos guar-
são as principais causas da ira de trânsito. dar 10% do salário anual e nos aposentar aos 80 anos para
c) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os que a independência econômica acompanhe a independência
níveis de estresse em alguns motoristas. física na aposentadoria.
d) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque
você está junto; com os outros motoristas cujos comporta- Os pesquisadores propõem que a idade de aposentadoria
mentos, são desconhecidos. seja alongada e que os sexagenários mudem seu raciocí-
e) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- nio: em vez de pensar na aposentadoria, que passem a mirar
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. uma promoção.
(Adaptado de: TUMA, Rogério. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/
3. (SEGEP-MA – Analista Ambiental – FCC/2016) A frase revista/911/o-contribuinte-secular)
escrita com correção é:
a) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e me- Atente para as afirmações abaixo.
morialista nasceu, em Miritiba, hoje Humberto de Campos I. Sem prejuízo para a correção, o sinal de dois-pontos pode
no Maranhão, em 1886, e falesceu, no Rio de Janeiro em ser substituído por “visto que”, precedido de vírgula, em: O
1934. próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para
b) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro as últimas décadas de vida: estamos nos aposentando muito
que veio à ser considerado, o mais celebre de sua obra: cedo e o que juntamos não será o suficiente. (7o parágrafo)
Memórias, crônica dos começos de sua vida. II. No segmento A própria qualidade de vida, medida por
c) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio anos de saúde plena, deve mudar para melhor..., as vírgu-
de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na fase em que ali las podem ser corretamente substituídas por travessões.
encontrava-se um grupo de eximios escritores. (6º parágrafo)
d) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto III. Haverá prejuízo para a correção caso uma vírgula seja
de Campos, começou a trabalhar cedo no comércio, como colocada imediatamente após “alongada” no segmento:
meio de subsistencia. Os pesquisadores propõem que a idade de aposentadoria
e) Humberto de Campos publicou seu primeiro livro em 1910, seja alongada e que os sexagenários mudem seu raciocí-
a coletânea de versos intitulada Poeira; em 1920, já mem- nio... (último parágrafo)
bro da Academia Brasileira de Letras, foi eleito deputado Está correto o que se afirma APENAS em:
federal pelo Maranhão.
a) I e II.

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Língua Portuguesa

b) I e III. Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que


c) II e III. lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
d) II. b) Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o
e) I. Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que
lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.
5. (EBSERH – Técnico em Enfermagem (HUAP-UFF) –
c) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o
IBFC/2016)
Raimundo não o tendo aprendido, recorria a um meio que
Texto lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
d) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que, o
Setenta anos, por que não?
Raimundo, não o tendo aprendido, recorria; a um meio
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo que, lhe pareceu útil, para escapar ao castigo do pai.
como lidamos com a vida. Se a gente a considera uma ladeira e) Compreende-se que: o ponto da lição era difícil e que o
que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barrigui- Raimundo, não o tendo aprendido, recorria; a um meio que
nha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença
8. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016)
crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem
fica animado? Quem não se amargura? TEXTO I
[...] Das vantagens de ser bobo
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre — O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para
de livro na mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos ver, ouvir e tocar no mundo.
discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais
— O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por
festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70
duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, res-
estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente
ponde: “Estou fazendo. Estou pensando.”
à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao
cinema, indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esqui- — Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os
na), eventualmente namorando ou casando de novo. Ou dando espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o
risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a
ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer — O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos
sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga. não veem.

[...] — Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias


que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto simples pessoas humanas.
de nós, dos outros e da vida, críticos o tempo todo, ven-
do só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria — O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.
família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores,
— O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes
acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
o bobo é um Dostoievski.
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir,
se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, ficaremos — Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo,
com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era
A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea
afetos. Precisa acreditar em alguma coisa. onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê -lo se-
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16) quer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião
deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o con-
As aspas empregadas em “dos remendos e intervenções para serto seria caríssimo: mais valia comprar outro.
manter ou recuperar a “beleza” ” (3º§)
— Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé,
permitem a leitura de uma crítica à ideia de que: não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto
a) cada idade tem sua beleza própria não dorme à noite com medo de ser ludibriado.
b) a beleza só está associada à juventude
c) a beleza interior deve valer mais do que a exterior — O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota
d) o conceito de beleza é subjetivo, bastante relativo que venceu.
e) trabalhando a mente, o corpo fica belo — Aviso: não confundir bobos com burros.
6. (TCM-RJ – Técnico de Controle Externo – IBFC/2016) — Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem me-
Assinale a alternativa cuja frase está corretamente nos espera. E uma das tristezas que o bobo não prevê. César
pontuada. terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?”
a) O bolo que estava sobre a mesa, sumiu.
b) Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho — Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
estranho. — Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.
c) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja.
d) Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. — Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

7. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016) O pe- —O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fa-
ríodo abaixo foi escrito por Machado de Assis em seu zem passar por bobos.
Conto de Escola. A alternativa que apresenta a pontua-
ção de acordo com a norma culta é:
a) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o

97
Língua Portuguesa

— Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difici- emocional, sem uma escola que estimule seu potencial, sem
lão, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar ter o que fazer com seu tempo livre, sem enxergar uma luz no
por bobos. fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do
delito, da violência e da gestação na adolescência. É nessa
— Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bo-
mesma família, sem pai à vista, de baixa renda, longe da sala
bos ganham vida.
de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens
— Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que nin- que são mães na adolescência, taxa alarmante que resiste a
guém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles baixar nas regiões mais carentes.
sabem.
E o que acontece com essa menina que engravida porque en-
— Piá lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não xerga na maternidade um papel social, uma forma de justificar
confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, sua existência no mundo? Iludidas com a perspectiva de esta-
por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não bilizar um relacionamento (a família estruturada que não têm?),
nascer em Minas! elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais distantes da es-
cola e de seu projeto de vida. O pai da criança some no mundo,
— Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima
e são elas que arcam com o ônus do filho, sobrecarregando
das casas.
um lar que já vivia no limite. Segue-se um ciclo que parece não
— E quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo ter fim. Sem políticas públicas que foquem nessa família mais
provoca. E que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o vulnerável, no apoio emocional e social para esses jovens, em
amor faz o bobo. uma escola mais atraente, em projetos de vida, em alternativas
(Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, de lazer, a realidade diária na vida desses jovens continuará a
1984.) ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.
“O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fa- BOUER, Jairo. A importância da família estruturada. 11 jul. 2016. Época. Dispo-
nível em: Acesso em: 19 jul. 2016 (Adapt.)
zem passar por bobos.” A assertiva que
Releia o trecho a seguir.
apresenta análise correta em relação ao parágrafo transcrito é:
a) Há três adjetivos em função predicativa. A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez
b) Fazer foi usado como verbo impessoal. mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses re-
c) O verbo haver está na terceira pessoa do singular porque quisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela
é impessoal. rotina dura.
d) A forma verbal fazem concorda com o pronome relativo que.
Em relação ao uso das aspas nesse trecho, assinale a alterna-
e) A oração que se fazem passar por bobos deveria estar pre-
tiva CORRETA.
cedida de vírgula porque explica o termo espertos.
a) Relativizam um conceito.
9. (IFN-MG – Psicólogo - FUNDEP (Gestão de Concursos) b) Marcam uma transcrição.
/2016) c) Sinalizam ironia por parte do autor.
d) Destacam uma pausa no texto.
A importância da família estruturada
10. (SEGEP-MA – Analista Ambiental – Pedagogo –
Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz
FCC/2016)
um dado revelador: dois terços dos jovens infratores da capi-
tal paulista fazem parte de famílias que não têm um pai dentro Será que a internet está a matar a democracia? Vyacheslav W.
de casa. Além de não viverem com o pai, 42% não têm contato Polonski, um acadêmico da Universidade de Oxford, faz essa
algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes crimi- pergunta na revista Newsweek. E oferece argumentos a respei-
nais. Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik to que desaguam em águas tenebrosas.
Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade Tiradentes, Zona Leste
A internet oferece palco político para os mais motivados (e
de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil Metropolitana, e
despreparados). Antigamente, o cidadão revoltado podia ter
Italo, de 10 anos, envolvido em três ocorrências de roubo só
as suas opiniões sobre os assuntos do mundo. Mas, tirando
em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois
o boteco, ou o bairro, ou até o jornal do bairro, essas opiniões
de furtar um carro na Zona Sul da cidade. O pai de Waldik é
nasciam e morriam no anonimato.
caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de Italo está preso por
tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo. Hoje, é possível arregimentar dezenas, ou centenas, ou milha-
res de “seguidores” que rapidamente espalham a mensagem
É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferen-
por dezenas, ou centenas, ou milhares de novos “seguido-
ça. Mas, mais que a figura masculina propriamente dita, faz
res”. Quanto mais radical a mensagem, maior será o sucesso
falta uma família estruturada, independentemente da configu-
cibernauta.
ração, que dê atenção, carinho, apoio, noções de continên-
cia e limite, elementos que protegem os jovens em fase de Mas a internet não é apenas um paraíso para os politicamente
desenvolvimento. motivados (e despreparados). Ela tende a radicalizar qualquer
opinião sobre qualquer assunto.
A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez
mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses re- A ideia de que as redes sociais são uma espécie de “ágora mo-
quisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela derna”, onde existem discussões mais flexíveis e pluralistas,
rotina dura. Muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e não passa de uma fantasia. A internet não cria debate. Ela cria
voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na trincheiras entre exércitos inimigos.
rua, longe da escola, em bairros sem equipamentos de esporte (Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. Disponível em: http://www1.folha.uol.
e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar en- com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2016/08/1801611)
volvidos com o crime.
Atente para as afirmações abaixo a respeito do 1‘ parágrafo
A criança precisa ter muita autoestima e persistência para bus- do texto.
car nesse horizonte nebuloso um projeto de vida. Sem apoio

98
Língua Portuguesa

I. O ponto de interrogação pode ser excluído, sem prejuízo mos nos aposentando muito cedo e o que juntamos não
para a correção e o sentido, por se tratar de pergunta re- será o suficiente.
tórica. II. Correto: No segmento A própria qualidade de vida - me-
II. As vírgulas isolam o aposto. dida por anos de saúde plena - deve mudar para melhor...
III. Na última frase do parágrafo, o pronome “que” retoma “ar- III. NÃO Haverá prejuízo para a correção. Os pesquisadores
gumentos”. (sujeito) propõem que a idade de aposentadoria seja alon-
IV. No contexto, o verbo “desaguar” está empregado em sen- gada, e que os sexagenários (sujeito) mudem seu raciocí-
tido figurado. nio...
Está correto o que se afirma APENAS em: 5. (B)
e) I e II.
Esta é a ideia a qual a autora se mostra contrária, a de que não
f) II, III e IV.
há beleza ou felicidade depois da juventude.
g) II e III.
h) I e IV. 6. 6. (D)
a) A vírgula não pode separar o sujeito (o bolo...) do verbo
Respostas (sumiu). Incorreta.
b) Há vírgula entre o sujeito (ele) e o verbo (retirou). Incorreta.
1. (E) c) O ponto e vírgula está separando um aposto explicativo,
a) O professor espera um, sim. O PROF. ESTA ESPERANDO quando na verdade deveria haver um sinal de dois-pontos.
UM ALGO, QUANDO TIRO A VIRGULA ELE FICA ‘’ESPE- d) Essa é a vírgula que marca termo omitido (Zeugma).
RANDO UM SIM’’.
b) Recebo, obrigada. A PESSOA RECEBE E DIZ OBRIGADO, Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. (preten-
QUANDO TIRO A VIRGULA ELE PASSA A RECEBER É UM de cursar)
OBRIGADO. 7. (B)
c) Não, vá ao estacionamento do campus. ‘’VÁ AO ESTACIO-
NAMENTO’’, QUANDO TIRO A VIRGULA PASSA A ‘’NÃO A alternativa A tem dois pontos que não deveriam aparecer
VÁ AO ESTACIONAME...’’ na oração.
d) Não, quero abandonar minha funções no trabalho. EU 8. (C)
QUERO ABANDONAR, QUANDO TIRO A VIRGULA FICA a) Errada. Há apenas um adjetivo em função de predicativo
NEGADO ‘’NÃO QUERO...’’ do sujeito, que é o termo “simpático”. Repare que está
e) Todas mudaram de sentido, menos a última. qualificando o sujeito “Bobo” e se relacionam através de
2. (E) um verbo de ligação.
“O bobo (sujeito) é (verbo de ligação) sempre tão simpático
Conferindo as demais: (predicativo do sujeito)
a) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma b) Errada. O verbo não foi usado de forma impessoal pois é
extensão de nossa personalidade. NÃO SE SEPARA SU- possível achar seu agente. Quem se faz passar por bobos?
JEITO DO PREDICADO POR VÍRGULA. Os espertos.
b) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, c) Gabarito. Sem comentários. Perfeita. Está no presente do
são as principais causas da ira de trânsito. NÃO SE SEPA- indicativo na terceira pessoa do singular.
RA SUJEITO DO PREDICADO POR VÍRGULA. d) Errada. A forma verbal “fazem” concorda com “espertos”.
c) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os e) Errada. A frase está perfeita, em ordem direta e não caberia
níveis de estresse em alguns motoristas. NÃO SE SEPARA vírgula nesse trecho.
POR VÍRGULA VERBO DE SEU COMPLEMENTO (no caso
‘ocasionar’ sendo VTD e acidentes OD) 9. (A)
d) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque O palavra “atropelar” foi colocada entre aspas para que o in-
você está junto; com os outros motoristas cujos comporta- terlocutor conceitue de forma conotativa, ou seja, um conceito
mentos, são esconhecidos. ** NÃO SE SEPARA POR VÍR- diferente. Nesse caso, o termo “atropelar” foi usado no sentido
GULA VERBO DE SEU COMPLEMENTO de não conseguirem por causa da rotina dura.
e) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns-
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. Exemplo: Levei um “bolo” no encontro com aquela mulher
(Correta) - Aqui o termo “bolo” não está no seu sentido denotativo,
está com conceito diferente, de que não cumpriram com o
3. (E) compromisso.
a) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e memo-
rialista nasceu, em Miritiba, hoje Humberto de Campos no 10. (B)
Maranhão, em 1886, e FALECEU, no Rio de Janeiro em 1934. Item I = ERRADO.
b) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro
que veio à ser considerado, o mais celebre de sua obra:
Memórias, crônica DO COMEÇO de sua vida.
c) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio
de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na fase em que ali
encontrava-se um grupo de exÍmios escritores.
d) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto
de Campos, começou a trabalhar cedo no comércio, como
meio de subsistÊncia.
4. (A)
I. Correto: O próximo problema a ser enfrentado é a falta de
dinheiro para as últimas décadas de vida, visto que esta-

99
Língua Portuguesa

Caso o ponto de interrogação for excluído, a frase (Será que a O adjetivo que se refere a mais de um substan-
internet está a matar a democracia?) tivo de gênero ou número diferentes, quando
perde o caráter de pergunta, de reflexão e passa a ser uma posposto, poderá concordar no masculino plu-
afirmação. A correção vai se prejudicar. ral (concordância mais aconselhada), ou com o
substantivo mais próximo.
Item II = CERTO. As vírgulas isolam o aposto.
Exemplo:
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo
ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem se- No masculino plural
parado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos
ou travessão. “Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os ves-
tidos decotados.” (Machado de Assis)
O aposto se revela na seguinte passagem: Vyacheslav W. Po-
lonski, um acadêmico da Universidade de Oxford, faz essa per- “Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.”
gunta na revista Newsweek. (Herman Lima)

Item III = CERTO. Na última frase do parágrafo, o pronome “Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito marca-
“que” retoma “argumentos”. dos.” (Carlos Povina Cavalcânti)

A finalidade do pronome relativo é evitar a repetição do termo “...grande número de camareiros e camareiras nativos.” (Érico
antecedente na oração em que ocorre. Veríssimo)
Com o substantivo mais próximo
Item IV = CERTO. No contexto, o verbo “desaguar” está empre-
gado em sentido figurado. A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
Desaguar = Drenar, Enxugar, Lançar as águas em (falando do Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
curso dos rios).
“...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a barro fres-
co.” (Humberto de Campos)

11. Concordância
“Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e falava
dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares)

Anteposto aos substantivos, o adjetivo concor-


nominal e verbal da, em geral, com o mais próximo
“Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano)
A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras a “...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado)
adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras.
frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras de-
pendentes se harmonizam, nas suas flexões, com as palavras Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.
de que dependem.
Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade,
“Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na con- sexo e profissão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles vícios e
cordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que ambições.; Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Príncipe
compõem a frase devem estar em consonância uns com os e filhos”.
outros.
Muitas vezes é facultativa a escolha desta ou daquela concor-
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: grama- dância, mas em todos os casos deve subordinar-se às exigên-
tical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes); atrativa cias da eufonia, da clareza e do bom gosto.
ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos,
com valor estilístico). Quando dois ou mais adjetivos se referem ao
Concordância Nominal: adequação entre o substantivo e os mesmo substantivo determinado pelo artigo,
elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). ocorrem dois tipos de construção, um e outro
legítimos.
Concordância Verbal: variação do verbo, conformando-se ao
número e à pessoa do sujeito. Exemplos:
Estudo as línguas inglesa e francesa.

Concordância Nominal Estudo a língua inglesa e a francesa.


Os dedos indicador e médio estavam feridos.
O dedo indicador e o médio estavam feridos.
Concordância do adjetivo adjunto adnominal
Os adjetivos regidos da preposição de, que se
A concordância do adjetivo, com a função de adjunto adnomi- referem a pronomes neutros indefinidos (nada,
nal, efetua-se de acordo com as seguintes regras gerais:
muito, algo, tanto, que, etc.), normalmente fi-
cam no masculino singular
O adjetivo concorda em gênero e número com
o substantivo a que se refere. Sua vida nada tem de misterioso.

Exemplo: O alto ipê cobre-se de flores amarelas. Seus olhos têm algo de sedutor.

100
Língua Portuguesa

Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar com o Tomar hormônios às refeições não é mau.
substantivo (ou pronome) sujeito: “Elas nada tinham de ingê-
É necessário ter muita fé.
nuas.” (José Gualda Dantas)
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o
predicativo, efetua-se a concordância normalmente:
Concordância do adjetivo predicativo com o
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável)
sujeito
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e largamente.”
A concordância do adjetivo predicativo com o sujeito realiza-se (Eça de Queirós)
consoante as seguintes normas: “Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Machado)

O predicativo concorda em gênero e número “São precisos também os nomes dos admiradores.” (Carlos
com o sujeito simples de Laet)

A ciência sem consciência é desastrosa.


Os campos estavam floridos, as colheitas seriam fartas. Concordância do predicativo com o
É proibida a caça nesta reserva. objeto
Quando o sujeito é composto e constituído por A concordância do adjetivo predicativo com o objeto direto ou
substantivos do mesmo gênero, o predicativo indireto subordina-se às seguintes regras gerais:
deve concordar no plural e no gênero deles
O mar e o céu estavam serenos.
O adjetivo concorda em gênero e número com
o objeto quando este é simples
A ciência e a virtude são necessárias.
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos.
“Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens
sem disciplina,” (Alexandre Herculano) “Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Carlos
de Laet)
Sendo o sujeito composto e constituído por O tribunal qualificou de ilegais as nomeações do ex-prefeito.
substantivos de gêneros diversos, o predicativo A noite torna visíveis os astros no céu límpido.
concordará no masculino plural
O vale e a montanha são frescos. Quando o objeto é composto e constituído por
“O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado de Assis)
elementos do mesmo gênero, o adjetivo se fle-
xiona no plural e no gênero dos elementos
Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro.
A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares.
“O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto)
Deixe bem fechadas a porta e as janelas.
Se o sujeito for representado por um pronome
de tratamento, a concordância se efetua com o Sendo o objeto composto e formado de ele-
sexo da pessoa a quem nos referimos mentos de gênero diversos, o adjetivo predica-
tivo concordará no masculino plural
Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto.
Tomei emprestados a régua e o compasso.
“Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano
Suassuna) Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha.

Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedores de “Vi setas e carcás espedaçados”. (Gonçalves Dias)
nossa confiança. Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas.
Vossa Alteza foi bondoso. (com referência a um príncipe)
Se anteposto ao objeto, poderá o predicati-
O predicativo aparece às vezes na forma do vo, neste caso, concordar com o núcleo mais
masculino singular nas estereotipadas locu- próximo
ções é bom, é necessário, é preciso, etc., em- É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
bora o sujeito seja substantivo feminino ou
plural Segue as mesmas regras o predicativo expres-
Bebida alcoólica não é bom para o fígado. so pelos substantivos variáveis em gênero e
número
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis)
Temiam que as tomassem por malfeitoras;
“É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo Cas-
telo Branco) Considero autores do crime o comerciante e sua empregada.

“Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Machado)


Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado
pelo artigo e a concordância se faz não com a forma gramatical
da palavra, mas com o fato que se tem em mente:

101
Língua Portuguesa

Concordância do particípio passivo “Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espírito.”


(Alexandre Herculano)
Na voz passiva, o particípio concorda em gênero e número com Nito e Sônia casaram cedo: um por amor, o outro, por interesse.
o sujeito, como os adjetivos.
A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferen-
Foi escolhida a rainha da festa. tes, permanece também no masculino: “A mulher do colchoeiro
escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro
Foi feita a entrega dos convites. agradeceram-lhe muito o benefício da salvação do filho.” (Ma-
Os jogadores tinham sido convocados. chado de Assis)

O governo avisa que não serão permitidas invasões de O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem ou-
propriedades. tro fica no singular. Exemplos: Um e outro livro me agradaram;
Nem um nem outro livro me agradaram.
Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um
coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a concordância
Outros casos de concordância nominal
com o substantivo que o acompanha:
Registramos aqui alguns casos especiais de concordância
Centenas de rapazes foram vistos pedalando nas ruas; nominal:
Dezenas de soldados foram feridos em combate. Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com o
Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferentes, substantivo em gênero e número:
o particípio concordará no masculino plural: Anexa à presente, vai a relação das mercadorias.
Atingidos por mísseis, a corveta e o navio foram a pique; Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
“Mas achei natural que o clube e suas ilusões fossem leiloa- Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato.
dos.” (Carlos Drummond de Andrade)
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo.
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte.
Concordância do pronome com o
Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria.
nome Observação: Evite a locução em anexo.
A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Significa
O pronome, quando se flexiona, concorda em visivelmente.
gênero e número com o substantivo a que se
refere “Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto)

“Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e dei- “Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)
tou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar) Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em
número com o substantivo.
“O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alencar)
Como palavra denotativa de limitação, equivalente de apenas,
O pronome que se refere a dois ou mais subs- somente, é invariável.
tantivos de gêneros diferentes, flexiona-se no
Eles estavam sós, na sala iluminada.
masculino plural
Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los célebre.
“Salas e coração habita-os a saudade” (Alberto de Oliveira)
Elas só passeiam de carro.
“A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda
Só eles estavam na sala.
a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano)
Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]
Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com os
quais fiz boas amizades. Estávamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao monte
“Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio familiarmen- para orar a sós.
te, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos) Possível. Usado em expressões superlativas, este
adjetivo ora aparece invariável, ora flexionado.
Os substantivos sendo sinônimos, o pronome
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais
concorda com o mais próximo
requintados possível.” (Maria Helena Cardoso)
“Ó mortais, que cegueira e desatino é o nosso!” (Manuel
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis)
Bernardes)
“A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça mais gro-
Os pronomes um... outro, quando se referem a tescos possíveis.” (ledo Ivo)
substantivos de gênero diferentes, concordam “... e o resultado obtido foi uma apresentação com movimentos
no masculino os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda)
Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no por-
ao outro. tuguês de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo possível
no plural. O singular é de rigor quando a expressão superlativa
inicia com a partícula o (o mais, o menos, o maior, o menor, etc.)

102
Língua Portuguesa

Os prédios devem ficar o mais afastados possível. As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso. Os
emissários voltaram bastante otimistas.
Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas possível. O
médico atendeu o maior número de pacientes possível. “Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se aproxi-
mam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataíde)
Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério,
claro, caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com Menos. É palavra invariável
a função de advérbios terminados em – mente, ficam
invariáveis. Gaste menos água.

Vamos falar sério. [sério = seriamente] Penso que falei bem À noite, há menos pessoas na praça.
claro, disse a secretária.
Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais barato] Questões
Estas aves voam alto. [ou baixo]
Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como 1. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo –
advérbios. FAEPESUL/2016)
Marque a alternativa em que a concordância nominal este-
“Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro) ja CORRETA:
“Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Autram a) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá punições as ins-
Dourado). “Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda tituições que não respeitarem a lei vigente.
Dantas) b) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacio-
nais, será anunciado na próxima semana.
“Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Guimarães) c) Foi inaugurada ontem, depois de vários cancelamentos,
- Todo. No sentido de inteiramente, completamente, novas obras da administração local.
costuma-se flexionar, embora seja advérbio. d) Prossegue implacável as denúncias contra governantes e
empreiteiros do nosso país.
Esses índios andam todos nus. e) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a
Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo) branca. realização das provas.
As meninas iam todas de branco. 2. (Pref. de Nova Veneza/SC – Psicólogo – FAEPE-
A casinha ficava sob duas mangueiras, que a cobriam toda. SUL/2016)

Mas admite-se também a forma invariável: A alternativa que está coerente com as regras da concordância
nominal é:
Fiquei com os cabelos todo sujos de terá. Suas mãos estavam a) Ternos marrons-claros.
todo ensanguentadas. b) Tratados lusos-brasileiros.
Alerta. Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão, c) Aulas teórico-práticas.
em estado de vigilância) é advérbio e, portanto, invariável d) Sapatos azul-marinhos.
e) Camisas verdes-escuras.
Estamos alerta.
3. (SAAEB – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FA-
Os soldados ficaram alerta. FIPA/2016)
“Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de Indique a alternativa que NÃO apresenta erro de concordância
Andrade) nominal.
a) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina e
“Os brasileiros não podem deixar de estar sempre alerta.”
a espanhola.
(Martins de Aguiar)
b) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-aristocracia.
Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como c) Como não tinham outra companhia, os irmãos viajaram só.
adjetivo, sendo, por isso, flexionada no plural: Nossos che- d) Simpáticos malabaristas e dançarinos animavam a festa.
fes estão alertas. (=vigilantes)
4. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas. AOCP/2016)
“Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidos alertas, es- “Estamos Enlouquecendo Nossas Crianças!
perando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os Crocodilos, p. 25)
Estímulos Demais... Concentração de Menos”
Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pouco,
31 Maio 2015 em Bem-Estar, filhos
esta palavra é invariável.
Vivemos tempos frenéticos. A cada década que passa o
Exemplos: A porta estava meio aberta. modo de vida de 10 anos atrás parece ficar mais distante:
10 anos viraram 30, e logo teremos a sensação de ter se
As meninas ficaram meio nervosas.
passado 50 anos a cada 5. E o mundo infantil foi atingido
Os sapatos eram meio velhos, mas serviam. em cheio por essas mudanças: já não se educa (ou brinca,
alimenta, veste, entretêm, cuida, consola, protege, ampara e
Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente
satisfaz) crianças como antigamente!
Não havia provas bastantes para condenar o réu. O iPad, por exemplo, já é companheiro imprescindível nas re-
Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz. feições de milhares de crianças. Em muitas casas a(s) TV(s)
fica(m) ligada(s) o tempo todo na programação infantil – naque-
Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica les canais cujo volume aumenta consideravelmente durante os
um adjetivo. comerciais – mesmo quando elas estão comendo com o iPad
à mesa.

103
Língua Portuguesa

Muitas e muitas crianças têm atividades extracurriculares pelo No sintagma “uma boa competitividade”, a concordância no-
menos três vezes por semana, algumas somam mais de 50 ho- minal se dá porque.
ras semanais de atividades, entre escola, cursos, esportes e a) temos uma preposição seguida de dois substantivos femi-
reforços escolares. ninos singulares.
b) temos uma preposição, um advérbio e um substantivo
Existe em quase todas as casas uma profusão de brinquedos,
masculino singular.
aparelhos, recursos e pessoas disponíveis o tempo todo para
c) temos um artigo definido feminino singular, um adjetivo fe-
garantir que a criança “aprenda coisas” e não “morra de tédio”.
minino singular e um substantivo masculino singular.
As pré- escolas têm o mesmo método de ensino dos cursos
d) temos um artigo definido feminino singular, um adjetivo fe-
pré-vestibulares.
minino singular e um substantivo feminino singular.
Tudo está sendo feito para que, no final, possamos ocupar, e) temos um artigo indefinido feminino singular, um adjetivo
aproveitar, espremer, sugar, potencializar, otimizar e, finalmen- feminino singular e um substantivo feminino singular.
te, capitalizar todo o tempo disponível para impor às nossas
5. (CISMEPAR/PR – Advogado – FAUEL/2016)
crianças uma preparação praticamente militar, visando seu
“sucesso”. O ar nas casas onde essa preocupação é latente A respeito de concordância verbal e nominal, assinale a alter-
chega a ser denso, tamanha a pressão que as crianças sofrem nativa cuja frase NÃO realiza a concordância de acordo com a
por desenvolver uma boa competitividade. Porém, o excesso norma padrão da Língua Portuguesa:
de estímulos sonoros, visuais, físicos e informativos impedem a) Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa
que a criança organize seus pensamentos e atitudes, de ver- meia honesta é pior que uma mentirosa inteira.
dade: fica tudo muito confuso e nebuloso, e as próprias in- b) Sonhar, plantar e colher: eis o segredo para alcançar seus
formações se misturam fazendo com que a criança mal saiba objetivos.
descrever o que acabou de ouvir, ver ou fazer. c) Para o sucesso, não há outro caminho: quanto mais dis-
tante o alvo, maior a dedicação.
Além disso, aptidões que devem ser estimuladas estão
d) Não é com apenas uma tentativa que se alcança o que se
sendo deixadas de lado: Crianças não sabem conversar. Não
quer.
olham nos olhos de seus interlocutores. Não conseguem focar
em uma brincadeira ou atividade de cada vez (na verdade a
maioria sequer sabe brincar sem a orientação de um adulto!). Respostas
Não conseguem ler um livro, por menor que seja. Não aceitam 1. Resposta E
regras. Não sabem o que é autoridade. Pior e principalmente: a) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá (sofrerão) puni-
não sabem esperar. ções as instituições que não respeitarem a lei vigente.
Todas essas qualidades são fundamentais na construção de b) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacio-
um ser humano íntegro, independente e pleno, e devem ser nais, será (serão)anunciadas na próxima semana.
aprendidas em casa, em suas rotinas. c) Foi (foram)inaugurada ontem, depois de vários cancela-
mentos, novas obras da administração local.
Precisamos pausar. Parar e olhar em volta. Colocar a mão na d) Prossegue (Prosseguem implacáveis) implacável as de-
consciência, tirá-la um pouco da carteira, do telefone e do vo- núncias contra governantes e empreiteiros do nosso país.
lante: estamos enlouquecendo nossas crianças, e as estamos e) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a
impedindo de entender e saber lidar com seus tempos, seus realização das provas.
desejos, suas qualidades e talentos. Estamos roubando o tem-
po precioso que nossos filhos tanto precisam para processar 2. Resposta C
a quantidade enorme de informações e estímulos que nós e o Quanto à letra “e”, tem-se que o primeiro elemento do adjeti-
mundo estamos lhes dando. vo composto permanecerá invariável: Camisa verde-escura,
Calma, gente. Muita calma. Não corramos para cima da criança então observe: plural do substantivo camisa é camisas verde
com um iPad na mão a cada vez que ela reclama ou achamos é adjetivo, como se trata de adjetivo composto, no caso ver-
que ela está sofrendo de “tédio”. Não obriguemos a babá a ter de-escura, apenas o segundo adjetivo, vai ao plural. Ficando
um repertório mágico, que nem mesmo palhaços profissionais assim: Camisas verde - escuras.
têm, para manter a criança entretida o tempo todo. O “tédio” 3. Resposta D
nada mais é que a oportunidade de estarmos em contato co- a) Errado - A bolsa brasileira, A argentina e A espanhola
nosco, de estimular o pensamento, a fantasia e a concentração. b) Errado - Pseuda-aristocracia, deveria ser Pseudo
Sugiro que leiamos todos, pais ou não, “O Ócio Criativo” de c) Errado - Os irmãos viajaram Sós.
Domenico di Masi, para que entendamos a importância do uso d) Correta - A concordância deste adjetivo poderá ser com
consciente do nosso tempo. mais próximo ou com os dois

E já que resvalamos o assunto para a leitura: nossas crianças 4. Resposta E


não leem mais. Muitos livros infantis estão disponíveis para ta- UMA - Artigo Indefinido feminino singular
BOA - Adjetivo feminino singular
blets e iPads, cuja resposta é imediata ao menor estímulo e
COMPETITIVIDADE - Substantivo feminino singular
descaracteriza a principal função do livro: parar para ler, para
fazer a mente respirar, aprender a juntar uma palavra com ou- 5. Resposta A
tra, paulatinamente formando frases e sentenças, e, finalmente,
‘’Meias verdades’’ está correto, pois a palavra ‘’meia’’ está
concluir um raciocínio ou uma estória.
concordando com o substantivo ‘’verdades’’. Porém, no trecho
Cerquem suas crianças de livros e leiam com elas, por amor. ‘’pessoa meia honesta’’ está incorreto o emprego, posto que
Deixem que se esparramem em almofadas e façam sua imagi- a palavra ‘’meia’’ é invariável diante de um adjetivo. O correto,
nação voar! portanto, seria:
(Fonte: http://www.saudecuriosa.com.br/estamos-enlouquecendo-nossas-crian- ‘’Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa meio
cas-estimulos-demais-concentracao-de-menos/)
honesta é pior que uma mentirosa inteira.’’’

104
Língua Portuguesa

Concordância Verbal Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural.

O verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguin- O sujeito é composto e de pessoas
tes regras gerais:
diferentes

O sujeito é simples Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se fle-


xiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa
O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em nú- prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevalece sobre a 3ª):
mero e pessoa. “Foi o que fizemos Capitu e eu.
Exemplos: ” (Machado de Assis) (ela e eu = nós)

Verbo depois do sujeito “Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós)

“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti) Você e meu irmão não me compreendem. (você e ele = vocês)

“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco) Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra:
Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próxi-
“Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo) mo, quando este se pospõe ao verbo:
“O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Cas-
Verbo antes do sujeito telo Branco)
Acontecem tantas desgraças neste planeta!
“Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus
Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar. filhos.” (Machado de Assis)
A quem pertencem essas terras? Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu + ele =
vocês em vez de tu + ele = vós):

O sujeito é composto e da 3ª pessoa “...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)


“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geral-
mente este para o plural. Exemplos As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor
relativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordân-
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar) cia depende, frequentemente, do contexto, da situação e do
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar) clima emocional que envolvem o falante ou o escrevente.
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma
fonte perene.” (Machado de Assis)
Núcleos do sujeito unidos por ou
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no Há duas situações a considerar
singular
Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos Se a conjunção ou indicar exclusão “ou” reti-
ficação, o verbo concordará com o núcleo do
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Barreto)
sujeito mais próximo
“A coragem e afoiteza com que lhe respondi, perturbou-o...”
Paulo ou Antônio será o presidente.
(Camilo Castelo Branco)
O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta se-
renidade?” (Graciliano Ramos) Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do crime.
Quando os núcleos do sujeito formam sequência
gradativa O verbo irá para o plural se a ideia por ele ex-
pressa se referir ou puder ser atribuída a todos
Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina começou a os núcleos do sujeito
me apertar à alma.
“Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte a
Sendo o sujeito composto e posposto ao ver- atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Machado) (Tanto um
grito, como uma gargalhada, atravessavam a cidade.)
bo, este poderá concordar no plural ou com o
substantivo mais próximo “Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-
-lhe.” (Camilo Castelo Branco)
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Elisa?”
(Jorge Amado) Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no
singular:
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.”
(Ricardo Ramos) “A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos individu-
ais.” (Vivaldo Coaraci)
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina
Cavalcânti) “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a
pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos seus
ministros.” (Carlos de Laet) “Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso dote.”
(Viriato Correia)

105
Língua Portuguesa

Núcleos do sujeito unidos pela preposição com “Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de ami-
zade com um grupo muito reduzido de pessoas.” (José Condé)
Usa-se mais frequentemente o verbo no plural quando se atri-
bui a mesma importância, no processo verbal, aos elementos “Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado não o
do sujeito unidos pela preposição com. demovem do seu objetivo.” (CassianoRicardo)

Exemplos:
Manuel com seu compadre construíram o barracão.
Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém
“Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo Castelo Quando o sujeito composto vem resumido por um dos prono-
Branco) “Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo mes, tudo, nada, ninguém, etc. o verbo concorda, no singular,
Castelo Branco) com o pronome resumidor.
Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar Exemplos:
relevância ao primeiro elemento do sujeito e também
quando o verbo vier antes deste. Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo.

Exemplos: “O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, es-


touvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” (Macha-
O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa. do de Assis)
O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde. Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo.
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com
toda a corte.” (Luís de Camões)

Núcleos do sujeito designando a mesma


Núcleos do sujeito unidos por nem
pessoa ou coisa
Quando o sujeito é formado por núcleos no singular unidos
O verbo concorda no singular quando os núcleos do sujeito
pela conjunção nem, usa-se, comumente, o verbo no plural.
designam a mesma pessoa ou o mesmo ser.
Exemplos:
Exemplos:
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos.
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-nin-
Nem eu nem ele o convidamos. guém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos Drummond
Andrade)
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger a
tanto.” (Alexandre Herculano) “Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o
registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” (Valério
“Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem praguejar
Andrade)
alto.” (Eça de Queirós)
Advogado e membro da instituição afirma que ela é corrupta.
É preferível a concordância no singular
Quando o verbo precede o sujeito Núcleos do sujeito são infinitivos
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, nem
O verbo concordará no plural se os infinitivos forem determina-
a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis)
dos pelo artigo ou exprimirem ideias opostas; caso contrário,
Não o convidei eu nem minha esposa. tanto é lícito usar o verbo no singular como no plural. Exemplos:
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem dinheiro, O comer e o beber são necessários.
nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa)
Rir e chorar fazem parte da vida.
Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser
atribuído a um dos elementos do sujeito Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito o menino.
“Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava trabalho.”
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só
(Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)
uma cidade pode sediar a Olimpíada.) Nem Paulo nem João
será eleito governador do Acre. (Só um candidato pode ser
eleito governador.) Sujeito oracional

Núcleos do sujeito correlacionados Concorda no singular o verbo cujo sujeito é


uma oração
O verbo vai para o plural quando os elementos do sujeito com-
posto estão ligados por uma das expressões correlativas não Ainda falta / comprar os cartões.
Predicado Sujeito Oracional
só... mas também, não só como também, tanto...como, etc.
Estas são realidades que não adianta esconder. Sujeito de
Exemplos:
adianta: esconder que (as realidades)
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.”
(Alexandre Herculano)
Sujeito Coletivo
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocen-
tes.” (Alexandre Herculano) O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo no singular.

106
Língua Portuguesa

Exemplos: A multidão vociferava ameaças. Um e outro, nem um nem outro


O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro. O sujeito sendo uma dessas expressões, o ver-
bo concorda, de preferência, no plural.
Um bloco de foliões animava o centro da cidade.
Exemplos:
Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o especifi-
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Her-
que e anteceder ao verbo, este poderá ir para o plural, quando
nâni Cidade)
se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indiví-
duos, efetuando-se uma concordância não gramatical, mas “Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” (Ma-
ideológica: chado de Assis)
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio.
“Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres pe-
netraram na caverna...” (Alexandre Herculano) “Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diálo-
go.” (Fernando Namora)
“Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão
no mar” (Camilo Castelo Branco)
“Reconheceu que era um par de besouros que zumbiam no
Um ou outro
ar.” (Machado de Assis)
“Havia na União um grupo de meninos que praticavam esse O verbo concorda no singular com o sujeito um
divertimento com uma pertinácia admirável.” (Carlos Povina ou outro
Cavalcânti) “Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” (Macha-
do de Assis)
A maior parte de, grande número de, etc.: “Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado
de Assis)
Sendo o sujeito uma das expressões quantitati- “Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” (Raquel
vas a maior parte de, parte de, a maioria de, gran- de Queirós)
de número de, etc., seguida de substantivo ou
pronome no plural, o verbo, quando posposto ao Um dos que, uma das que
sujeito, pode ir para o singular ou para o plural,
conforme se queira efetuar uma concordância
estritamente gramatical (com o coletivo singular) Quando, em orações adjetivas restritivas, o
ou uma concordância enfática, expressiva, com a pronome que vem antecedido de um dos ou
ideia de pluralidade sugerida pelo sujeito. expressão análoga, o verbo da oração adjetiva
flexiona-se, em regra, no plural
Exemplos:
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Alexan-
A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto dre Herculano)
Freire)
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de
“A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito nós.” (Machado de Assis)
juízo.” (Machado de Assis)
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gregos que
“A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um prato de viviam em Roma.” (Moacyr Scliar)
carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão)
Ele é desses charlatães que exploram a crendice humana.
“A maior parte dos nomes podem ser empregados em sentido
definido ou em sentido indefinido.” (Mário Barreto) Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos es-
critores modernos. Todavia, não é prática condenável fugir ao
Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos rigor da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no
exemplos, a concordância se efetua no singular. Como se vê singular (fazendo-o concordar com a palavra um), quando se
dos exemplos supracitados, as duas concordâncias são igual- deseja destacar o indivíduo do grupo, dando-se a entender que
mente legítimas, porque têm tradição na língua. Cabe a quem ele sobressaiu ou sobressai aos demais:
fala ou escreve escolher a que julgar mais adequada à situ-
ação. Pode-se, portanto, no caso em foco, usar o verbo no Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros.
plural, efetuando a concordância não com a forma gramatical “Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a originali-
das palavras, mas com a ideia de pluralidade que elas encer- dade e importância da literatura brasileira.” (João Ribeiro)
ram e sugerem à nossa mente. Essa concordância ideológica
é bem mais expressiva que a gramatical, como se pode perce- Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coe-
ber relendo as frases citadas de Machado de Assis, Ramalho rência, deveriam condenar também a comumente aceita
Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de Holanda, e cote- em construções anormais do tipo:
jando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular. Quais de vós sois isentos de culpa?
Quantos de nós somos completamente felizes?
O verbo fica obrigatoriamente no singular quando se aplica
apenas ao indivíduo de que se fala, como no exemplo:
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o
único empregado que não sabe ler.)

107
Língua Portuguesa

Ressalte-se, porém, que nesse caso é preferível construir a fra- Nenhum de vós a viu?
se de outro modo:
Jairo é um empregado meu que não sabe ler. Qual de nós falará primeiro?
Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.
Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões em Pronomes quem, que, como sujeitos
foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da oração
adjetiva: O verbo concordará, em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes
O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia. quem e que, em frases como estas:

Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz. Sou eu quem responde pelos meus atos.

O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as Somos nós quem leva o prejuízo.
secas. Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar a “Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã Lins)
crise.
Todavia, a linguagem enfática justifica a con-
Embora o caso seja diferente, é oportuno lem- cordância com o sujeito da oração principal
brar que, nas orações adjetivas explicativas,
“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias)
nas quais o pronome que é separado de seu an-
tecedente por pausa e vírgula, a concordância “Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo
é determinada pelo sentido da frase Ramos)
Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi cha- “És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Dias)
mar o pai. (Só um menino estava sentado.)
“Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Camilo Cas-
Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefa- telo Branco)
tos, soltou um grito de protesto. (Todos os cinco homens as-
sistiam à cena.) A concordância do verbo precedido do prono-
me relativo que far-se-á obrigatoriamente com
o sujeito do verbo (ser) da oração principal, em
Mais de um
frases do tipo
O verbo concorda, em regra, no singular. O plural será de rigor Sou eu que pago.
se o verbo exprimir reciprocidade, ou se o numeral for superior
És tu que vens conosco?
a um.
Somos nós que cozinhamos.
Exemplos:
Eram eles que mais reclamavam.
Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto. e a palavra que como elementos expletivos ou enfatizan-
Devem ter fugido mais de vinte presos. tes, portanto não necessários ao enunciado. Assim:
Sou eu que pago. (=Eu pago)
Quais de vós? Alguns de nós Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos)
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a
Sendo o sujeito um dos pronomes interrogati- salvaram.)
vos quais? quantos? Ou um dos indefinidos al- Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste
guns, muitos, poucos, etc., seguidos dos pro- caso, tanto o verbo ser como o outro devem concordar com o
nomes nós ou vós, o verbo concordará, por pronome ou substantivo que precede a palavra que.
atração, com estes últimos, ou, o que é mais
lógico, na 3ª pessoa do plural
Concordância com os pronomes de
“Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César
Cerqueira) tratamento
“Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre
Herculano) Os pronomes de tratamento exigem o verbo
na 3ª pessoa, embora se refira à 2ª pessoa do
“...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passa-
do?” (José de Alencar)
discurso
Vossa Excelência agiu com moderação.
Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo.
Estando o pronome no singular (3ª pessoa) fi- “Espero que V.S.ª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco)
cará o verbo
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem
Qual de vós testemunhou o fato? o tempo e os vassalos.” (Rebelo da
Nenhuma de nós a conhece. Silva)

108
Língua Portuguesa

Concordância com certos substantivos “Em Santarém há poucas casas particulares que verdadeira-
mente antigas.” (AlmeidaGarrett)
próprios no plural
Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a ora-
Certos substantivos próprios de forma plural, como Estados ção iniciada pelo infinitivo e, nesse caso, não há locução verbal
Unidos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
o plural quando se usam com o artigo; caso contrário, o verbo
Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas árvo-
concorda no singular.
res; predicado: não se pode)
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduardo
Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predicado: deve-se)
Prado)
Em síntese: de acordo com a interpretação que se esco-
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo. lher, tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como no
“Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões. plural. Portanto:

Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Gomes. Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.

Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no Devem-se (ou deve-se) ler bons livros.
singular, sobretudo com o verbo ser seguido de predicativo no “Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
singular:
“Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de Assis)
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe por de-
Verbos impessoais
trás do mago.” (Paulo Coelho)
“Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Celso Luft) Os verbos haver, fazer (na indicação do tempo), passar de (na
indicação de horas), chover e outros que exprimem fenômenos
A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica,
meteorológicos, quando usados como impessoais, ficam na 3ª
porque se efetua não com a palavra (Valkírias, Sertões, Férias
pessoa do singular:
de El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Res-
salte-se, porém, que é também correto usar o verbo no plural: “Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro Lobato)
“Havia já dois anos que nós não nos víamos.” (Machado de
As Valkírias mostram claramente o homem...
Assis)
“Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e
“Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco)
de protesto.” (Alfredo Bosi)
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal malva-
do...” (Camilo Castelo Branco)
Concordância do verbo passivo - Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que
forma locução com os verbos impessoais haver ou fazer:
Quando apassivado pelo pronome apassivador se, Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio.
o verbo concordará normalmente com o sujeito
Vai haver grandes festas.
Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele não acei-
Gastaram-se milhões, sem que se vissem resultados concretos. tar o cargo.
“Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva) Começou a haver abusos na nova administração.
“Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos necessá- O verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em
rios à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco) grande quantidade), deixa de ser impessoal e, portanto
concordará com o sujeito:
Na literatura moderna há exemplos em contrá- Choviam pétalas de flores.
rio, mas que não devem ser seguidos
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e diatri-
“Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricardo bes.” (Carlos de Laet)
Ramos)
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de
“Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga) Andrade)

Nas locuções verbais formadas com os verbos “E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanentemente.”
auxiliares poder e dever, na voz passiva sinté- (Raquel de Queirós)
tica, o verbo auxiliar concordará com o sujeito. - Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter,
impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em
Exemplos: escritores modernos:
Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores; locução “No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um
verbal: podem cortar) banco embaixo.” (José Geraldo Vieira)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos
Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons livros) (sujei-
Drummond de Andrade)
to: livros; locução verbal: devem-se ler)
- Existir não é verbo impessoal. Portanto:
“Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas memoráveis
como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio Buarque de Holanda) Nesta cidade existem (e não existe) bons médicos.
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas.

109
Língua Portuguesa

Concordância do verbo ser “Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” (Fernando
Namora)
O verbo de ligação ser concorda com o predicativo nos seguin- “Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Tibães.”
(Camilo Castelo Branco)
tes casos:
Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é
isto, isso, ou aquilo demais, é mais que (ou do que), é menos que
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo) (ou do que), etc., cujo sujeito exprime quantida-
de, preço, medida, etc.
“Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis)
“Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
Na mocidade tudo são esperanças. Dois mil dólares é pouco.
Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem.
“Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes entre Brasil
Doze metros de fio é demais.
e Estados Unidos.” (Viana Moog)
Na indicação das horas, datas e distância o ver-
A concordância com o sujeito, embora menos
bo ser é impessoal (não tem sujeito) e concor-
comum, é também lícita
dará com a expressão designativa de hora, data
“Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias) ou distância
“O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha coroa.” Era uma hora da tarde.
(Camilo Castelo Branco) “Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós)
“Seriam seis e meia da tarde.” (Raquel de Queirós)
O verbo ser fica no singular quando o predicativo é formado de “Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)
dois núcleos no singular:
Observações:
“Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)
Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o
verbo no singular, concordando com a ideia implícita de
Quando o sujeito é um nome de coisa, no sin- “dia”:
gular, e o predicativo um substantivo plural “Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia
“A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco) seis de março.) “Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft)
“A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis) Estando a expressão que designa horas precedida da locu-
“Vida de craque não são rosas.” (Raquel de Queirós) ção perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular.
Sua salvação foram aquelas ervas.
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis)
O sujeito sendo nome de pessoa, com ele concordará o
verbo ser: “Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Macha-
do de Assis) “...era perto das cinco quando saí.” (Eça de
Emília é os encantos de sua avó. Queirós)
Abílio era só problemas. O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do
Dá-se também a concordância no singular com o sujeito singular, em frases como: Quando o trem chegou, pas-
que: sava das sete horas.

“Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste Diário que Locução de realce é que
breve será cinzas como eu.” (Camilo Castelo Branco)
O verbo ser permanece invariável na expressão expletiva ou de
realce é que:
Quando o sujeito é uma palavra ou expressão Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a
de sentido coletivo ou partitivo, e o predicativo ordem aqui.)
um substantivo no plural Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos)
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que devem
“A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado) educá-los.)
A maior parte eram famílias pobres. Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os guiavam.)
O resto (ou o mais) são trastes velhos.
“A maior parte dessa multidão são mendigos.” (Eça de Queirós)
Da mesma forma se diz, com ênfase
Quando o predicativo é um pronome pessoal “Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós)
ou um substantivo, e o sujeito não é pronome “Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira jun-
pessoal reto to do palco.” (Graciliano Ramos)
“Por que era que ele usava chapéu sem aba?” (Graciliano Ramos)
“O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
“Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano) Observação:
“O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali) O verbo ser é impessoal e invariável em construções enfá-
“...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco) ticas como:
Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoita-
Quando o predicativo é o pronome demonstra- vam os escravos.)
tivo o ou a palavra coisa Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois
Divertimentos é o que não lhe falta. se desentenderam.)
“Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção)

110
Língua Portuguesa

Era uma vez “Bateram quatro da manhã em três torres há um tempo...”


(Mário Barreto)
Por tradição, mantém-se invariável a expressão inicial de histó-
rias era uma vez, ainda quando seguida de substantivo plural: “Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nu-
Era uma vez dois cavaleiros andantes. nes.” (Machado de Assis)
“Deu uma e meia.” (Said Ali)
A não ser
Passar, com referência à horas, no sentido de ser mais de,
É geralmente considerada locução invariável, equivalente a ex- é verbo impessoal, por isso fica na 3ª pessoa do singular:
ceto, salvo, senão. Quando chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Va-
Exemplos: mos, já passa das oito horas – disse ela ao filho.

Nada restou do edifício, a não ser escombros.


Concordância do verbo parecer
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia.
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não Em construções com o verbo parecer seguido de infiniti-
ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de Andrade) vo, pode- se flexionar o verbo parecer ou o infinitivo que o
acompanha:
Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o
concordar com o substantivo seguinte, convertido em sujeito As paredes pareciam estremecer. (construção corrente)
da oração infinitiva. As paredes parecia estremecerem. (construção literária)
Exemplos: Análise da construção dois: parecia: oração principal; as pa-
“As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e redes estremeceram: oração subordinada substantiva subjetiva.
desgostos.” (Machado de Assis) Outros exemplos:
“A não serem os antigos companheiros de mocidade, ninguém “Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.” (Fer-
o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins) nando Namora)
“A não serem os críticos e eruditos, pouca gente manuseia “Referiu-me circunstâncias que parece justificarem o proce-
hoje... aquela obra.” (Latino Coelho) dimento do soberano.” (Latino Coelho)
“As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem prosseguir.”
Haja vista
(Alexandre Herculano)
A expressão correta é haja vista, e não haja visto. Pode ser
“...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia caminharem
construída de três modos:
no céu.” (Graça Aranha)
Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja) Usando-se a oração desenvolvida, parecer
concordará no singular
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se
para os livros) “Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília Meireles)

A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste modo. “Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam
Sujeito: os livros; verbo hajam (= tenham); objeto direto: vista. com a enxada.” (José Américo)

A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado. “As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) (Isto é:
Parece que as notícias têm asas.)
Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão,
evidentemente, permanece invariável: A situação é preocupan- Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo
te; haja vista o incidente de sábado. ver na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e crianças.” Ou
“Via-se entrarem mulheres e crianças.”
Bem haja e Mal haja
Concordância com o sujeito oracional
Bem haja e mal haja usam-se em frases optativas e imprecati-
vas, respectivamente. O verbo concordará normalmente com o O verbo cujo sujeito é uma oração concorda obrigatoriamente
sujeito, que vem sempre posposto: na 3ª pessoa do singular:

“Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco) Parecia / que os dois homens estavam bêbedos.
Verbo sujeito (oração subjetiva)
Bem hajam os promovedores dessa campanha!
Faltava / dar os últimos retoques.
“Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Castelo Verbo sujeito (oração subjetiva)
Branco)
Outros exemplos, com o sujeito oracional em destaque:
Não me interessa ouvir essas parlendas.
Concordância dos verbos bater, dar e soar
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir os livros)

Referindo-se às horas, os três verbos acima con- Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los.
cordam regularmente com o sujeito, que pode ser São viáveis as reformas que se intenta implantar?
hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou relógio
“Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Castelo
Branco)

111
Língua Portuguesa

Concordância com sujeito indeterminado Foram destruídos 20% da mata.


“Cerca de 40% do território ficam abaixo de 200 metros.” (An-
O pronome se pode funcionar como índice de indeterminação tônio Hauaiss)
do sujeito. Nesse caso, o verbo concorda obrigatoriamente na
3ª pessoa do singular. Em casos como o da última frase, a concordância efetua-se,
pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem mulheres),
Exemplos: ou, seguindo o uso geral, no masculino, por se considerar a
porcentagem um conjunto numérico invariável em gênero.
Em casa, fica-se mais à vontade.
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos.
Concordância com o pronome nós
Acabe-se de vez com esses abusos!
subentendido
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas.
O verbo concorda com o pronome subentendido nós em frases
do tipo:
Concordância com os numerais milhão,
Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos
bilhão e trilhão
preocupados.)
Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substanti- Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.)
vo no plural, levam, de preferência, o verbo ao plural.
“Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos
Exemplos: Drummond de Andrade)
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão.
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manu- Não restam senão ruínas:
tenção de cada Ciep.
Em frases negativas em que senão equivale a mais que, a não
Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira do Irã. ser, e vem seguido de substantivo no plural, costuma-se usar
Meio milhão de pessoas foram às ruas para reverenciar os o verbo no plural, fazendo-o concordar com o sujeito oculto
mártires da resistência. outras coisas.

Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por isso, Exemplos:


devem concordar no masculino os artigos, numerais e prono- Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não
mes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três restam outras coisas senão ruínas.)
milhares de plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões
de criaturas, etc. Da velha casa não sobraram senão escombros.

Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjetivo “Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios
podem concordar, no masculino, com milhões, ou, por atração, queimados.” (Alexandre Herculano)
no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões “Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou clamores.”
de sacas de soja estão ali armazenados (ou armazenadas) no (Rebelo da Silva)
próximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de trigo.
Os dois milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas.
Concordância com formas gramaticais
Concordância com numerais fracionários Palavras no plural com sentido gramatical e função de su-
jeito exigem o verbo no singular:
De regra, a concordância do verbo efetua-se com o numerador.
“Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um pronome
Exemplos: pessoal.)
“Mais ou menos um terço dos guerrilheiros ficou atocaiado Na placa estava “veiculos”, sem acento.
perto...” (Autran Dourado)
“Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.” (Ma-
“Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda Dantas)
chado de Assis)
Dois terços da população vivem da agricultura.
Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural,
quando o número fracionário, seguido de substantivo no plural, Mais de, menos de
tem o numerador 1, como nos exemplos:
O verbo concorda com o substantivo que se segue a essas
Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul
expressões: Mais de cem pessoas perderam suas casas, na
do Pará.
enchente.
Um quinto dos homens eram de cor escura.
Sobrou mais de uma cesta de pães.
Gastaram-se menos de dois galões de tinta.
Concordância com percentuais
Menos de dez homens fariam a colheita das uvas.
O verbo deve concordar com o número expresso na porcentagem:
Só 1% dos eleitores se absteve de votar.
Só 2% dos eleitores se abstiveram de votar.

112
Língua Portuguesa

Questões a) Acaba por se constituir numa grande hipocrisia as atitudes


de quem se diz reger por determinada moral e pratica ou-
1. (TRF – 3ª Região – Analista Judiciário-Área Administra- tra, inteiramente diversa.
tiva – FCC/2016) b) É comum que aos homens ocorra estar no exercício de
um direito quando, em suas práticas amorosas, impõem às
A respeito da concordância verbal, é correto afirmar: mulheres o que as humilha e as desonra.
a) Em “A aquisição de novas obras devem trazer benefícios a c) Couberam às mulheres americanas, cansadas de se sub-
todos os frequentadores”, a concordância está correta por meterem aos machistas, travar duras lutas contra o assé-
se tratar de expressão partitiva. dio sexual e outras práticas que as vitimam.
b) Em “Existe atualmente, no Brasil, cerca de 60 museus”, a d) A maioria dos homens não costuma levar a sério o “não”
concordância está correta, uma vez que o núcleo do sujei- que, saindo das bocas das namoradas, ressoam como se
to é “cerca”. fosse tão somente uma fingida evasiva.
c) Na frase “Hão de se garantir as condições necessárias à
conservação das obras de arte”, o verbo “haver” deveria 3. (MPE-SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)
estar no singular, uma vez que é impessoal. Fora do jogo
d) Em “Acredita-se que 25% da população frequentem am-
bientes culturais”, a concordância está correta, uma vez Quando a economia muda de direção, há variáveis que logo se
que a porcentagem é o núcleo do segmento nominal. alteram, como o tamanho das jornadas de trabalho e o paga-
e) Na frase “A maioria das pessoas não frequentam o mu- mento de horas extras, e outras que respondem de forma mais
seu”, o verbo encontra-se no plural por concordar com lenta, como o emprego e o mercado de crédito. Tendências
“pessoas”, ainda que pudesse, no singular, concordar com negativas nesses últimos indicadores, por isso mesmo, costu-
“maioria”. mam ser duradouras.

2. (TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Ofi- Daí por que são preocupantes os dados mais recentes da As-
cial de Justiça Avaliador Federal – FCC/2016) sociação Nacional dos Birôs de Crédito, que congrega empre-
sas do setor de crédito e financiamento.
Revolução
Segundo a entidade, havia, em outubro, 59 milhões de consu-
Notícias de homens processados nos Estados Unidos por as- midores impedidos de obter novos créditos por não estarem
sédio sexual quando só o que fizeram foi uma gracinha ou um em dia com suas obrigações. Trata-se de alta de 1,8 milhão em
gesto são vistas aqui como muito escândalo por pouca coisa e dois meses.
mais uma prova da hipocrisia americana em matéria de sexo. A
hipocrisia existe, mas o aparente exagero tem a ver com a luta Causa consternação conhecer a principal razão citada pe-
da mulher americana para mudar um quadro de pressupostos los consumidores para deixar de pagar as dívidas: a perda
e tabus tão machistas lá quanto em qualquer país latino, e que de emprego, que tem forte correlação com a capacidade de
só nos parece exagerada porque ainda não chegou aqui com pagamento das famílias.
a mesma força. As mulheres americanas não estão mais para Até há pouco, as empresas evitavam demitir, pois tendem a
brincadeira, em nenhum sentido. perder investimentos em treinamento e incorrer em custos tra-
A definição de estupro é a grande questão atual. Discute-se, balhistas. Dado o colapso da atividade econômica, porém, jo-
por exemplo, o que chamam de date rape, que não é o ataque garam a toalha.
sexual de um estranho ou sexo à força, mas o programa entre O impacto negativo da disponibilidade de crédito é imediato. O
namorados ou conhecidos que acaba em sexo com o consen- indivíduo não só perde a capacidade de pagamento mas tam-
timento relutante da mulher. Ou seja, sedução também pode bém enfrenta grande dificuldade para obter novos recursos,
ser estupro. Isso não é apenas uma novidade, é uma revolução. pois não possui carteira de trabalho assinada.
O homem que se criou convencido de que a mulher resiste
apenas para não parecer “fácil” não está preparado para acei- Tem-se aí outro aspecto perverso da recessão, que se soma às
tar que a insistência, a promessa e a chantagem sentimental muitas evidências de reversão de padrões positivos da última
ou profissional são etapas numa escalada em que o uso da década – o aumento da informalidade, o retorno de jovens ao
força, se tudo o mais falhar, está implícito. E que muitas vezes mercado de trabalho e a alta do desemprego.
ele está estuprando quem pensava estar convencionalmente (Folha de S.Paulo, 08.12.2015. Adaptado)
conquistando. No dia em que o homem brasileiro aceitar isso,
Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
a revolução estará feita e só teremos de dar graças a Deus por
a) A mudança de direção da economia fazem com que se
ela não ser retroativa.
altere o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo.
A verdadeira questão para as mulheres americanas é que o ho- b) Existe indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada,
mem pode recorrer a tudo na sociedade enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
- desde a moral dominante até as estruturas corporativas e c) Os investimentos realizados e os custos trabalhistas fize-
de poder − para seduzi-las, que toda essa civilização é no ram com que muitas empresas optassem por manter seus
fundo um álibi montado para o estupro, e que elas só con- funcionários.
tam com um “não” desacreditado para se defender. Estão d) São as dívidas que faz com que grande número dos consu-
certas. midores não estejam em dia com suas obrigações.
e) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de Cré-
(VERISSIMO, Luis Fernando. Sexo na cabeça. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002,
p. 143) dito mostra que 59 milhões de consumidores não pode
obter novos créditos.
As exigências quanto à concordância verbal estão plena-
mente atendidas na frase: 4. (CONFERE – Assistente Administrativo VII – INSTITUTO
CIDADES/2016)
a) A muitos poderá parecer um excesso as lutas trava-
das pelas mulheres americanas contra a prática de graves ati- AQUECIMENTO GLOBAL (com adaptações)
tudes machistas.

113
Língua Portuguesa

Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revis- b) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona”
tas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocor- como uma espécie de última fronteira para anúncios, men-
rendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanças sagens subliminares e patrocínios, já que uma série de me-
tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos didas em diversos países passou a restringir a publicidade
últimos anos. do tabaco.
c) E 90% dos filmes argentinos também exibiu imagens de
A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus
fumo em filmes para jovens.
centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa
d) Os especialistas da organização citam estudos que mos-
sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, for-
tram que quatro em cada dez crianças começa a fumar
tes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do
depois de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos
planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode
filmes.
ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O
que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unâ-
nimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a Respostas
todos estes acontecimentos. 1. Resposta E
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimen- Aqui temos um caso de coletivo partitivo, ou seja, quando o
to global está ocorrendo em função do aumento da emissão sujeito é um coletivo ou partitivo (exército, alcateia, rebanho,
de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de a maior parte de, a maioria dos etc.) seguido de complemento
combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc.), na atmosfera. Es- plural, a concordância verbal pode ser feita com o verbo no
tes gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso singular (concordando com o núcleo do coletivo partitivo) ou no
e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, plural (concordando com o complemento). ex: A maioria dos vi-
de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fe- ciados não consegue/conseguem libertar-se da dependência.
nômeno ocorre, pois estes gases absorvem grande parte da
radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dis- 2. Resposta C
persão do calor. a) (INCORRETO): A muitos poderá (PODERÃO) parecer um
excesso as lutas travadas pelas mulheres americanas con-
O desmatamento e a queimada de florestas e matas também tra a prática de graves atitudes machistas.
colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e b) (INCORRETO): Acaba (ACABAM) por se constituir numa
irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes grande hipocrisia as atitudes de quem se diz reger por de-
dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da tem- terminada moral e pratica outra, inteiramente diversa.
peratura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais c) (GABARITO): É comum que aos homens ocorra estar no
evidente nas grandes cidades, já se verificam suas consequên- exercício de um direito quando, em suas práticas amoro-
cias em nível global. (...) sas, impõem às mulheres o que as humilha e as desonra.
O protocolo de Kioto é um acordo internacional que visa à re- d) (INCORRETA): Couberam (COUBE) às mulheres america-
dução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa nas, cansadas de se submeterem aos machistas, travar
no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O princi- duras lutas contra o assédio sexual e outras práticas que
pal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global as vitimam.
nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que e) (INCORRETA): A maioria dos homens não costuma levar a
mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois sério o “não” que, saindo das bocas das namoradas, res-
afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do soam (RESSOA) como se fosse tão somente uma fingida
país. (...) evasiva.

(http://www.suapesquisa.com/geografia/aquecimento_global.htm) 3. Resposta C
a) A mudança de direção da economia FAZ com que se altere
Marque a opção em que há total observância às regras de
o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo.
concordância verbal:
b) EXISTEM indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada,
a) “Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aque-
enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
cimento global está ocorrendo em função”
c) São as dívidas que FAZEM com que grande número dos
b) “Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devas-
consumidores não estejam em dia com suas obrigações.
tadores”
d) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de
c) “O desmatamento e a queimada de florestas e matas tam-
Crédito MOSTRAM que 59 milhões de consumidores não
bém colabora para este processo”
pode obter novos créditos.
d) “Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite po-
luentes no mundo, não aceitou o acordo” 4.
a) Correta
5. (COPEL – Contador Júnior - NC-UFPR/2016)
b) “Nunca se VIRAM mudanças tão rápidas e com efeitos de-
Assinale a alternativa em que os verbos sublinhados estão cor- vastadores” (Mudanças são vistas)
retamente flexionados quanto à concordância verbal c) “O desmatamento e a queimada de florestas e matas tam-
bém colaboram para este processo”
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente
d) “Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite po-
a nova edição do relatório Smoke- free movies (Filmes sem ci-
luentes no mundo, não ACEITARAM o acordo” (OS ESTA-
garro), em que recomenda que os filmes que exibem imagens
DOS UNIDOS).
de pessoas fumando deveria receber classificação indicativa
para adultos. Com artigo no singular ou SEM ARTIGO > SINGULAR.
a) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis pa- EX: Minas Gerais é um lindo estado!
íses europeus, que alcançaram bilheterias elevadas (in- Com artigo plural, o verbo fica no plural:
cluindo alemães, ingleses e italianos), continha cenas de EX: Os Estados Unidos aceitaram o acordo.
pessoas fumando em filmes classificados para menores de 5. Resposta C
18 anos. a) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recente-

114
Língua Portuguesa

mente a nova edição do relatório Smoke- free movies (Fil- - Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se
mes sem cigarro), em que recomenda que os filmes que acharem infalíveis, caíram no ridículo.
exibem imagens de pessoas fumando deveriam receber
classificação indicativa para adultos.
b) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis paí- Mesóclise
ses europeus, que alcançaram bilheterias elevadas (incluindo
alemães, ingleses e italianos), continham cenas de pessoas Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o
fumando em filmes classificados para menores de 18 anos. futuro do presente e o futuro do pretérito, assim quando não
c) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” vierem precedidos de palavras atrativas.
como uma espécie de última fronteira para anúncios, men- Exemplos:
sagens subliminares e patrocínios, já que uma série de
medidas em diversos países passou a restringir a publi- Confrontar-se-ão os resultados.
cidade do tabaco. Confrontar-se-iam os resultados.
d) E 90% dos filmes argentinos também exibiram imagens de
Mas:
fumo em filmes para jovens.
e) Os especialistas da organização citam estudos que mostram Não se confrontarão os resultados.
que quatro em cada dez crianças começam a fumar depois Não se confrontariam os resultados.
de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes.
Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o
futuro do pretérito sob hipótese alguma. Será contrária à
norma culta escrita, portanto, uma colocação do tipo:
Diria-se que as coisas melhoraram. (errado)

12. Colocação Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (correto)

pronominal Ênclise

Usa-se a ênclise nos seguintes casos


Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação - Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus
dos pronomes oblíquos átonos. Tais pronomes situam-se em compromissos.
três posições: - Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícula
- Antes do verbo (próclise): Não te conheço. negativa: Falando-se de comércio exterior, progredimos muito.
- No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei. Mas
- Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor. Em se plantando no Brasil, tudo dá.
Não se falando em futebol, ninguém briga.
Próclise Ninguém me provocando, fico em paz.
- Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te.
Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto
das seguintes partículas atrativas: a próclise quanto a ênclise.
- Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim. Espero com isto não te magoar.
- Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na Espero com isto não magoar-te.
escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo, usa-se a ênclise: - No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis,
Agora, negam-se a depor. ficam os dedos. Decorre daí a afirmação de que, na variante
- Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que culta escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono.
se identificaram com rapidez. Causou-me surpresa a tua reação.
- Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho.
O Pronome Oblíquo Átono nas Locuções
- Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a au-
torização solicitada.
Verbais
- Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada Com palavras atrativas:
pelo próprio tipo de frase em que se localiza o pronome. Quando a locução vem precedida de palavra atrativa, o pro-
Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso? nome se coloca antes do verbo auxiliar ou depois do verbo
Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse pro- principal.
cedimento! Exemplo: Nunca te posso negar isso; Nunca posso negar-te
Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja. isso. É possível, nesses casos, o uso da próclise antes do ver-
Se, nas frases optativas, o sujeito vem depois do verbo, bo principal. Nesse caso, o pronome não se liga por hífen ao
usa-se a ênclise: Proteja-nos Deus. verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.
Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também No início da oração ou depois de pausa:
pela forma verbal a que se prende o pronome.
Quando a locução se situa no início da oração, não se usa o
- Com o gerúndio precedido de preposição ou de nega-
pronome antes do verbo auxiliar.
ção: Em se ausentando, complicou-se; Não se satisfazen-
do com os resultados, mudou de método. Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe garan-
tia total.

115
Língua Portuguesa

A mesma norma é válida para os casos em que a locução ver- Emprego Proibido
bal vem precedida de pausa. - Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um
Exemplo: Em dias de lua cheia, pode-se ver a estrada mesmo copo d’água; Permita-me fazer uma observação.);
com faróis apagados; Em dias de lua cheia, pode ver-se a es- - Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro
trada mesmo com os faróis apagados. do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise
Sem atração nem pausa: (desde que não caia na proibição acima), modifica-se a es-
trutura (troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros,
Quando a locução verbal não vem precedida de palavra atrati- emprega-se o pronome em mesóclise. Exemplos: “Conce-
va nem de pausa, admite-se qualquer colocação do pronome. dida a mim a licença, pude começar a trabalhar.” (Não po-
deria ser “concedida-me” – após particípio é proibido - nem
Exemplos:
A vida lhe pode trazer surpresas. “me concedida” – iniciar período com pronome é proibido).
A vida pode-lhe trazer surpresas. “Recolher-me-ei à minha insignificância” (Não poderia ser
A vida pode trazer-lhe surpresas. “recolherei-me” nem “Me recolherei”).
Observações
- Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver Questões
no futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pro-
nome pode vir em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia 1. (Pref. de Itaquitinga/PE – Psicólogo – IDHTEC/2016)
aconselhado a partir. “A tragédia que iniciou com o rompimento da barragem de re-
- Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo áto- jeitos de minérios em Mariana-MG e se estendeu até o Leste do
no depois do particípio. Não o haviam convidado. (correto); Espírito Santo, mar adentro, nos faz refletir quais ações pode-
Não haviam convidado-o. (errado). riam ter sido executadas para evitar esse desastre.
- Há uma colocação pronominal, restrita a contextos li-
A maioria dos especialistas afirma que rompimentos de barra-
terários, que deve ser conhecida: Há males que se não
gens são eventos muito lentos, que sinais já haviam sido detec-
curam com remédios. Quando há duas partículas atraindo
tados sobre o problema em Mariana. Todos dizem que houve
o pronome oblíquo átono, este pode vir entre elas. Pode-
negligência e consequentemente o desastre; agora, a maioria
ríamos dizer também: Há males que não se curam com re-
das informações sobre o que realmente aconteceu não foram
médios.
ainda disponibilizadas, mesmo após tantos dias.
- Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em
casos como estes: Ao olharmos para o estado da Bahia, temos vinte e quatro bar-
ragens de rejeitos semelhantes à Barragem do Fundão. E com
me + o/a = mo/ma te + o/a = to/ta
informações de que quatro delas apresentam dano potencial
lhe + o/a = lho/lha elevado, sendo duas localizadas no município de Jacobina e
nos + o/a = no-lo/no-la vos + o/a = vo-lo/vo-la duas em Santa Luz, estando todas sob constante vigilância da
Tais combinações podem vir: Departamento Nacional de Produção Mineral.”
Proclítica: Eu não vo-lo disse? (http://www.tribunafeirense.com.br/noticias/11162/por-pedroamerico-lopes-e-
-preciso-aprender-com-os-desastres.html)
Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já.
Em qual das alternativas houve erro na colocação pronominal
Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito tem-
a) “Desconhecido pela maioria dos turistas, um impressio-
po.
nante caldeirão de chamas amarelo brilhante e sem fuma-
Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pro- ça nunca se apaga.”
nome após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde b) “Delicadeza é aquilo que nos alcança sem nos tocar. É a
essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise melodia que nos embala mesmo em silêncio. É quando a
é mais frequente, por apresentar maior informalidade. Mas, boca empresta um sorriso aos olhos sem que nenhuma
como devemos abordar os aspectos formais da língua, a
cobrança seja feita.”
regra será ênclise, usando próclise em situações excepcio-
c) “Concentre-se naquilo que você é bom, delegue todo o
nais, que são:
resto.”
Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjunção) d) “Ao final, se chegou ao livro digital, com textos e dezenas
atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos os de imagens coloridas.”
advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se flexio- e) “Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimo-
nam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos niais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto. adolescente restitua a coisa”
Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise
2. (Pref. de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala – FEPE-
obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se en-
SE/2016)
contra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obriga-
tória por força da conjunção; Analise a frase abaixo:
Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam de- “O professor discutiu............mesmos a respeito da desavença
sejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – prócli- entre .........e ........ .
se obrigatória.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas
Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua o do texto.
pensador político” – uma oração subordinada causal, como a a) com nós - eu - ti
da questão, exige a próclise.). b) conosco - eu - tu
c) conosco - mim - ti
d) conosco - mim - tu
e) com nós - mim - ti

116
Língua Portuguesa

3. (Transpetro – Auditor Júnior – CESGRANRIO/2016) outro lado, o preconceito existente, antes disfarçado, deixou
de ser tímido e passou a se manifestar de forma aberta e hostil.
A função da arte
Comparado a outros países, o Brasil não recebe um núme-
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o ro elevado de refugiados, e a maioria da sociedade brasileira
para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, aceita-os, acreditando que é possível fazer algo para ajudá-los,
estava do outro lado das dunas altas, esperando. mesmo diante do momento crítico da economia e da política.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de Diante desse cenário, destacam-se as iniciativas de solidarie-
areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus dade, de forma objetiva e praticada por jovens estudantes de
olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que nossas universidades. Com a cabeça aberta e o respeito ao
o menino ficou mudo de beleza. diferente, muitos deles manifestam uma visão de mundo que
permite acreditar em transformações sociais de base.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando,
pediu ao pai: - Me ajuda a olhar! (Soraia Smaili, Refugiados no Brasil: entre o exílio e a solidariedade. Em: carta-
capital.com.br. 02.02.2016. Adaptado)
GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre:L&PM, 2002. P.12.
Assinale a alternativa correta quanto à colocação pronominal,
No que se refere à colocação pronominal, respeita-se a norma- conforme a norma-padrão.
-padrão em: a) Quando dão-se conta da situação dos refugiados, as pes-
a) Queria que admira-me-ssem na velhice. soas já põem-se a acolhê-los sem discriminação.
b) Me seduziria poder ser jovem a vida toda. b) No Brasil, vê-se que o número de refugiados não é tão
c) A aposentadoria, esperarei-a com ansiedade. grande. Aceita-os, sem restrição, boa parte da população.
d) Nunca senti-me tão velho como hoje. c) Se veem imagens dramáticas dos refugiados na TV. Não
e) Ninguém o observava com a mesma atenção que eu. trata-se de ficção: é a pura realidade.
4. (Pref. de Caucaia/CE – Agente de Suporte a Fiscaliza- d) Têm visto-se turbilhões de refugiados. O mundo os vê se
ção – CETREDE/2016) deslocarem em busca de uma vida melhor.
e) Os refugiados buscam uma vida melhor. Discriminaria-os
Marque a opção em que ocorre ênclise. aqueles que desconhecem a solidariedade.
a) Disseram-me a verdade.
b) Não nos comunicaram o fato. 7. (Câmara de Marília/SP – Procurador Jurídico – VU-
c) Dir-se-ia que tal construção não é correta. NESP/2016)
d) A moça se penteou. Uma noite no mar Cáspio
e) Contar-me-ão a verdade?
Na semana passada, uma aluna da Sorbonne foi encarrega-
5. (MPE/RS – Agente Administrativo – MPE-RS/2016) da de fazer um estudo sobre a literatura latino-americana, mal
informada de tudo, inclusive sobre a América Latina. Veio en-
Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente trevistar algumas pessoas e, não sei por que, pediu-me que a
as lacunas dos enunciados abaixo. recebesse para uma conversa que pudesse explicar o Brasil
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria com apenas um título que serviria de roteiro para o trabalho
deverá ____ que ainda não há disponibilidade de recursos. que deveria apresentar.
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste tipo
de situação, a gravidade da ocorrência ____, ____ sem dúvida. Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas, aceitei ou-
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não tras. Aleguei minha incompetência para titular qualquer coisa.
____. Mas não quis decepcionar a moça. Pensando na atual crise
a) informar-lhe – a justificaria – revogam-na política, sugeri “Garruchas e punhais” – era o nome da briga
b) informar-lhe – justificá-la-ia – a revogam entre os meninos da rua Cabuçu contra os meninos da rua Lins
c) informá-lo – justificar-lhe-ia – a revogam de Vasconcelos. Morei nas duas e era considerado um espião
d) informá-lo – a justificaria – lhe revogam a soldo de uma ou de outra. O que no fundo era verdade, con-
e) informar-lhe – justificá-la-ia – revogam-na siderava idiotas os dois lados.
A moça riu mas não gostou. Todos os países têm garruchas e
6. 06. (Pref. de São Paulo/SP – Analista Fiscal de Servi- punhais. Dei outra sugestão: “O mosteiro de tijolos de feltro”.
ços VUNESP/2016) Ela não gostou – nem eu. Parti então para uma terceira via, por
O mundo vive hoje um turbilhão de sentimentos e reações no sinal, a mais estúpida. Pensou um pouco, inicialmente recusou.
que diz respeito aos refugiados. Trata-se de uma enorme tra- Olhou bem para mim e aprovou: “Uma noite no mar Cáspio”.
gédia humana, à qual temos assistido pela TV no conforto de Para meu espanto, ela aceitou.
nossas casas. Acredito que os professores da Sorbonne também gostarão. E
Imagens dramáticas mostram famílias inteiras, jovens, crianças eu nem sei onde fica o mar Cáspio, embora também não saiba
e idosos chegando à Europa em busca de um lugar suposta- onde fica o Brasil.
mente mais seguro para viver. Embora os refugiados da Síria (Carlos Heitor Cony. Folha de S.Paulo, 26.01.2016. Adaptado)
tenham ganhado maior destaque, existem ainda os refugiados
africanos e os latino-americanos. ________ uma aluna da Sorbonne que a recebesse para uma
Dentro da América Latina, vemos grandes migrações, uma conversa que pudesse explicar o Brasil com apenas um título
marcha de pessoas que buscam o refúgio, mas que terminam que ________ de roteiro para o trabalho que deveria apresentar.
em uma espécie de exílio. Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas, aceitei
outras. Mas não ________.
O Brasil, que sempre se destacou por sua capacidade de aco-
lher diferentes culturas, apresenta uma das sociedades com Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas da frase
maior diversidade. Podemos afirmar nossa capacidade de lidar devem ser preenchidas, respectivamente, com:
com o multiculturalismo com bastante naturalidade, embora, a) Pediu-me … serviria-lhe … lhe quis decepcionar
muitas vezes, a questão seja tratada de maneira superficial. Por b) Me pediu … servir-lhe-ia … quis decepcioná-la
c) Pediu-me … lhe serviria … a quis decepcionar

117
Língua Portuguesa

d) Me pediu … o serviria … quis decepcionar-lhe mesóclise.


e) Pediu-me … serviria-o … quis decepcioná-la c) A aposentadoria, esperar -LA-ei com ansiedade. No futuro
deve se usar a mesóclise
8. (IPSMI – Procurador – VUNESP/2016)
d) Nunca (PA) ME senti tão velho como hoje.
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal e a con- e) Ninguém (PA) o observava com a mesma atenção que eu.
jugação dos verbos estão de acordo com a norma-padrão. CERTO
a) Eles se disporão a colaborar comigo, se verem que não
4. Resposta A
prejudicarei-os nos negócios.
b) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse calado. Não se usa ênclise com verbos: no particípio e com verbos
c) Tendo avisado-as do perigo que corriam, esperava que nos futuros do presente e do pretérito. LEMBRANDO
elas se contessem ao dirigir na estrada.
Próclise: antes Mesóclise: no meio Ênclise: na frente
d) Todos ali se predisporam a ajudar-nos, para que nos sen-
tíssemos à vontade. 5. Resposta B
e) Os que nunca enganaram-se são poucos, mas gostam de 1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria de-
que se alardeiem seus méritos. verá INFORMAR-LHE que ainda não há disponibilidade de
recursos. O pronome LHE caracteriza um objeto indireto,
9. (BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais -
que no caso é o Senhor Secretário; o objeto direto é:”que
Administração e Psicologia – IESES/2016)
ainda não há disponibilidade de recursos”.
Assinale a opção em que a colocação dos pronomes áto- 2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste
nos está INCORRETA: tipo de situação, a gravidade da ocorrência JUSTIFICÁ-
a) Não considero-me uma pessoa de sorte; me considero -LA-IA, sem dúvida. Se o verbo estiver no futuro do presen-
uma pessoa que trabalha para se sustentar e esforça-se te ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, desde
para se colocar bem na vida. que não haja palavra atrativa Ex:”a gravidade da ocorrên-
b) Pagar-lhes-ei tudo o que lhes devo, mas no devido tempo cia NÃO A justificaria”.
e na devida forma. 3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não
c) A situação não é melhor na Rússia, onde os antigos servos A revogam. O advérbio de negação NÃO atrai o pronome
tornaram-se mujiques famintos, nem nos países mediter- oblíquo A causando uma próclise.
râneos, onde os campos sobrecarregados de homens são
incapazes de alimentá-los. 6. Resposta B
d) Deus me livre desse maldito mosquito! Nem me falem nes- a) Quando dão-se conta da situação dos refugiados, as pes-
sas doenças que ele transmite! soas já põem-se a acolhê-los sem discriminação.
e) Pede a Deus que te proteja e dê muita vida e saúde a teus ERRADA: Conjunções subordinativas (quando) e advér-
pais. bios (já) são palavras atrativas que obrigam a próclise.
b) No Brasil, vê-se que o número de refugiados não é tão
10. (TRT – 14ª Região – Técnico Judiciário – Área Adminis- grande. Aceita-os, sem restrição, boa parte da população.
trativa – FCC/2016)
CORRETA
No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e c) Se veem imagens dramáticas dos refugiados na TV. Não
à colocação do pronome, a alternativa que completa correta- trata-se de ficção: é a pura realidade.
mente a frase O palestrante deu um conselho... é: ERRADA: Não se usa pronome oblíquo átono no início de
a) à alguns jovens que escutavam-no. frase (SE) e palavras de sentido negativo (não) obrigam a
b) à estes jovens que o escutavam. próclise.
c) àqueles jovens que o escutavam d) Têm visto-se turbilhões de refugiados. O mundo os vê se
d) à juventude que escutava-o. deslocarem em busca de uma vida melhor.
e) à uma porção de jovens que o escutava.
ERRADA: Não se usa ênclise com verbos no particípio (visto).
e) Os refugiados buscam uma vida melhor. Discriminaria-os
Respostas aqueles que desconhecem a solidariedade.
1. Resposta D ERRADA: Não se usa ênclise com verbos no futuro do pre-
O correto seria: “Ao final, chegou-se ao livro digital, com textos térito (discriminaria).
e dezenas de imagens coloridas. ” 7. Resposta C
2. Resposta E ___1___ uma aluna da Sorbonne que a recebesse para uma
O pronome regido pela preposição entre deve aparecer na for- conversa que pudesse explicar o Brasil com apenas um título
ma oblíqua. Assim, é correto dizer entre mim e ele, entre ela que ___2___ de roteiro para o trabalho que deveria apresen-
e ti, entre mim e ti. Os pronomes pessoais do caso oblíquo tar. Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas,
funcionam como complementos: Isso não convém a mim, Fo- aceitei outras. Mas não ___3___ .
ram embora sem ti, Olhou para mim. Os pronomes pessoais do 1. não se inicia frase com pronome oblíquo átono - erradas
caso reto exercem a função de sujeito na oração. Dessa forma, letra b e d.
os pronomes eu e tu estão empregados corretamente nos se- 2. o “que” atrai o pronome oblíquo, ou seja, a próclise irá pre-
guintes casos: Pediu que eu fizesse as compras, Saberão só valecer mesmo que o verbo esteja no futuro. Errada letra a.
quando tu partires, Trouxeram o documento para eu assinar. 3. o “não” é palavra atrativa assim cabe próclise obrigatória.
Diante de palavra atrativa não caberá ênclise. Errada letra e.
3. Resposta E a) Pediu-me … serviria-lhe (errado ) … lhe quis decepcionar
PA- palavra atrativa (invariável) - atrai o pronome b) Me pediu(errado) … servir-lhe-ia (errado)… quis decepcio-
a) Queria que (PA) ME admirassem na velhice. ná-la
b) seduzir - ME - ia poder ser jovem a vida toda. Não se inicia c) Pediu-me … lhe serviria … a quis decepcionar - CERTA
a frase com pronome obliquo, e no futuro deve se usar a d) Me pediu (errado) … o serviria … quis decepcionar-lhe
e) Pediu-me … serviria-o … quis decepcioná-la (errada)

118
Língua Portuguesa

8. Resposta B No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que


a) Eles se DISPUSERAM a colaborar comigo, se VIREM que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos
não (PALAVRA ATRATIVA) OS prejudicarei nos negócios. verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo sig-
b) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse cala- nifica, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
do. (CORRETO)
Observe o exemplo:
c) Tendo AS avisado (proibido após particípio) do perigo que
corriam, esperava que elas se CONTIVESSEM ao dirigir na Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
estrada. complementos introduzidos pela preposição “a”.
d) Todos ali se PREDISPUSERAM a ajudar-nos, para que nos
Obedecer a algo/ a alguém.
sentíssemos à vontade.
e) Os que nunca (palavra atrativa) SE enganaram são poucos, Obediente a algo/ a alguém.
mas gostam de que se alardeiem seus méritos. .
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
9. Resposta A posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamen-
te e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre
Usamos a regra da próclise, pois não é uma palavra atrativa.
si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
10. Resposta C
Acessível A Este cargo não é acessí-
A) Errado:
vel a todos
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes
de pronomes indefinidos; Coloc. pronominal - apresenta erro, Acesso A / PARA O acesso para a região fi-
pois o pronome relativo “QUE” atrai o pronome oblíquo. cou impossível

B) Errado: Acostuma- A / COM Todos estavam acostu-


do mados a ouví-lo
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes
de pronomes demonstrativos; Coloc. pronominal - correto. Adaptado A Foi difícil adaptar-me a
esse clima
C) Correto:
Afável COM / PARA Tinha um jeito afável para
Crase - correto - o termo regente exige preposição (A) e o termo COM com os turistas
regido (AQUELES) é um pronome demonstrativo admite crase.
Aflito COM / POR Ficaram aflitos com o re-
Coloc. pronominal - correto - o pronome relativo “QUE” atrai o
sultado do teste
pronome oblíquo.
D) Errado: Agradável A / DE Sua saída não foi agradá-
vel à equipe
Crase - correto;
Alheio A / DE Estavam alheios às
Coloc. pronominal - apresenta erro, pois o pronome relativo críticas
“QUE” atrai o pronome oblíquo.
Aliado A / COM O rústico aliado com o
E) Errado: moderno
Crase - apresenta erro, pois não há crase antes de artigo inde-
Alusão A O professor fez alusão à
finido; Coloc. pronominal - correto.
prova final
Amor A / POR Ele demonstrava grande
amor à namorada

13. Regência
Antipatia A / POR Sentia antipatia por ela
Apto A / PARA Estava apto para ocupar
o cargo

nominal e verbal Aversão A / POR Sempre tive aversão à


política
Certeza DE / EM A certeza de encontrá-lo
novamente a animou
Regência Nominal Coerente COM O projeto está coerente
com a proposta
Regência nominal é a relação de dependência que se estabe-
Compatível COM Essa nova versão é com-
lece entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo
patível com meu aparelho
por ele regido. Certos substantivos e adjetivos admitem mais
de uma regência. Na regência nominal o principal papel é de- Equivalente A Um quilo equivale a mil
sempenhado pela preposição. gramas
Favorável A Sou favorável à sua
candidatura

119
Língua Portuguesa

um texto que focalize aspectos específicos sem terem a neces-


Gosto DE / EM Tenho muito gos- sidade de apresentar informações prévias.
to em participar desta
brincadeira Isso não acontece com relatórios de circulação mais ampla.
Nesse caso, os autores do relatório devem levar em considera-
Grato A Grata a todos que me en- ção o fato de terem como interlocutores pessoas que se inte-
sinaram a ensinar ressam pelo assunto abordado, mas não têm qualquer conhe-
Horror A / DE Tinha horror a quiabo cimento sobre ele. No momento de elaborar o relatório, será
refogado preciso levar esse fato em consideração e introduzir, no texto,
todas as informações necessárias para garantir que os leitores
Necessário A / PARA A medida foi necessária possam acompanhar os dados apresentados, a análise feita e
para acabar com tanta a conclusão decorrente dessa análise.
dúvida
“Relatórios de circulação restrita são dirigidos a leitores de per-
Passível DE As regras são passíveis fil bem específico”.
de mudanças
No caso desse segmento do texto, a preposição a é de uso
Preferível A Tudo era preferível à sua gramatical, pois é exigida pela regência do verbo dirigir.
queixa Assinale a opção que indica a frase em que a preposição “a”
Próximo A / DE Os vencedores estavam introduz um adjunto e não um complemento.
próximos dos fãs a) O Brasil dá Deus a quem não tem nozes, dentes etc.
b) É preciso passar o Brasil a limpo.
Residente EM Eles residem em minha c) Um memorando serve não para informar a quem o lê, mas
cidade para proteger quem o escreve.
d) Quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o
Respeito A / COM É necessário o respeito
carregue.
às leis
e) O desenvolvimento é uma receita dos economistas para
DE / ENTRE / promover os miseráveis a pobres – e, às vezes, vice-versa.
PARA COM /
POR 2. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto
simpatia.
Satisfeito COM / DE / EM Ficaram satisfeitos com o a) a, por, menos
/ POR esempenho do jogador b) do que, por, menos
c) a, para, menos
Semelhante A Essa questão é semelhan- d) do que, com, menos
te à outra e) do que, para, menos
Sensível A Pessoas que sofrem com 3. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser
insônia podem ser mais seguidos pela mesma preposição:
sensíveis à dor a) ávido, bom, inconsequente
Situado EM Minha casa está situada b) indigno, odioso, perito
na Avenida Internacional c) leal, limpo, oneroso
d) orgulhoso, rico, sedento
Suspeito DE O suspeito do furto foi e) oposto, pálido, sábio
preso
4. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colo-
Útil A / PARA Esse livro é útil para os rir Aracaju,........coração bate de noite, no silêncio”. A
estudos opção que completa corretamente as lacunas da frase
acima é:
Vazio DE Minha vida está vazia de a) as quais, de cujo
sonhos b) a que, no qual
c) de que, o qual
d) às quais, cujo
Questões e) que, em cujo

1. (CODEBA – Analista Portuário – Administrador – 5. (Prefeitura de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala - FE-


FGV/2016) PESE/2016)

Texto II A linguagem poética

Relatórios Em relação à prosa comum, o poema se define de certas res-


trições e de certas liberdades. Frequentemente se confunde a
Relatórios de circulação restrita são dirigidos a leitores de perfil poesia com o verso. Na sua origem, o verso tem uma função
bem específico. Os relatórios de inquérito, por exemplo, são mneumotécnica (= técnica de memorizar); os textos narrativos,
lidos pelas pessoas diretamente envolvidas na investigação de líricos e mesmo históricos e didáticos eram comunicados oral-
que tratam. Um relatório de inquérito criminal terá como leito- mente, e os versos – repetição de um mesmo número de síla-
res preferenciais delegados, advogados, juízes e promotores. bas ou de um número fixo de acentos tônicos e eventualmente
Autores de relatórios que têm leitores definidos podem pres- repetição de uma mesma sonoridade (rima) – facilitavam a me-
supor que compartilham com seus leitores um conhecimento morização. Mais tarde o verso se tornou um meio de enfeitar
geral sobre a questão abordada. Nesse sentido, podem fazer o discurso, meio que se desvalorizou pouco a pouco: a poesia
contemporânea é rimada, mas raramente versificada. Na ver-
dade o valor poético do verso decorre de suas relações com o
120
Língua Portuguesa

ritmo, com a sintaxe, com as sonoridades, com o sentido das c) Um memorando serve não para informar a quem o lê, mas
palavras. O poema é um todo. (…) para proteger quem o escreve.COMPLEMENTA O VERBO
d) Quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o
Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exi-
carregue.COMPLEMENTA O VERBO
gências do verso e da expressão poética.
e) O desenvolvimento é uma receita dos economistas para
Sem se permitir verdadeiras incorreções gramaticais, eles se promover os miseráveis a pobres – e, às vezes, vice-versa.
permitem “licenças poéticas”. COMPLEMENTA O VERBO
Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em dire- 2. 02. Resposta A
ções contrárias: seja dando a certos termos uma extensão ou
O verbo preferir é acompanhado pela preposição “A”.
uma indeterminação inusitadas; seja utilizando sentidos raros,
em desuso ou novos; seja criando novas palavras. 3. Resposta D Orgulhoso por Rico por Sedento por
Tais liberdades aparecem mais particularmente na utilização de 4. Resposta D
imagens. Assim, Jean Cohen, ao estudar o processo de fabrica-
ção das comparações poéticas, observa que a linguagem cor- “Às quais” retoma o termo “as mulheres”.
rente faz espontaneamente apelo a comparações “razoáveis” “Cujo” – pronome utilizado no sentido de posse, fazendo re-
(pertinentes) do tipo “a terra é redonda como uma laranja” (a ferência ao termo antecedente e ao substantivo subsequente.
redondeza é efetivamente uma qualidade comum à terra e a uma
laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica comparações 5. Resposta A
inusitadas tais como: “Belo como a coisa nova/Na prateleira até a) Chamaram Jean de poeta. Correto.
então vazia” (João Cabral de Melo Neto). Ou, então estranhas b) “Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta. Não
como: “A terra é azul como uma laranja” (Paul Éluard). obedeço à rima.
c) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica. Pre-
Francis Vanoye
ferem o elogio à crítica.
Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal. d) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto
a) Chamaram Jean de poeta. muito. Poeta de que gosto muito.
b) “Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta. e) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola. Eu
c) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica me lembrei dos dias OU eu lembrei os dias.
d) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto 6. Resposta A
muito.
e) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola. Frase incorreta: I. Visando apenas os seus próprios interes-
ses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família.
6. Assinale a alternativa que contém as respostas corre-
tas. Correção: I. Visando apenas Aos seus próprios interesses, ele,
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involunta- involuntariamente, prejudicou toda uma família.
riamente, prejudicou toda uma família. 7. Resposta C
II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a acei-
tar qualquer ajuda do sogro. Correção: Ele foi acusado de roubar aquela maleta.08. Res-
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de desta- posta C
que, embora fosse tão humilde. Alternativa A: digno DE
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeita-
vam a sala, desmaiou. Alternativa B: baseado EM/SOBRE Alternativa D: especialista
e) II, III, IV EM Alternativa E: favorável A
f) I, II, III
g) I, III, IV
h) I, III Regência Verbal
i) I, II
7. Assinale o item em que há erro quanto à regência: A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
a) São essas as atitudes de que discordo. verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
b) Há muito já lhe perdoei. objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O es-
c) Ele foi acusadso por roubar aquela maleta. tudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade
d) Costumo obedecer a preceitos éticos. expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as di-
e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente. versas significações que um verbo pode assumir com a sim-
ples mudança ou retirada de uma preposição.
8. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a re-
gência nominal correta. Assinale-a: A mãe agrada o filho. (agradar significa acariciar, contentar)
a) Ele não é digno a ser seu amigo. A mãe agrada ao filho. (agradar significa “causar agrado ou
b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença. prazer”, satisfazer)
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
d) Ele se diz especialista para com computadores eletrônicos. Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar
e) A equipe foi favorável por sua candidatura. a alguém”.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
Respostas aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e tam-
bém nominal). As preposições são capazes de modificar com-
1. Resposta B
pletamente o sentido do que se está sendo dito.
a) O Brasil dá Deus a quem não tem nozes, dentes etc. COM-
PLMENTA O VERO Cheguei ao metrô.
b) É preciso passar o Brasil a limpo. NÃO COMPLEMEN-
TA O VERBO. É O GABARITO. Cheguei no metrô.

121
Língua Portuguesa

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo Foi logo batendo à porta; (bater junto à porta, para alguém
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Che- abrir); Para que ele pudesse ouvir, era preciso bater na porta de
guei no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a seu quarto; (dar pancadas).
que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente.
Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige complemen-
Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência
to). Você é realmente digno de casar com minha filha. (VTI com
coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
preposição). Ela casou antes dos vinte anos. (VTD sem pre-
Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título desistir. Pode posição). O verbo casar pode vir acompanhado de pronome
ser intransitivo (VI - não exige complemento) / transitivo direto reflexivo: Ela casou com o seu grande amor; ou Ela casou-se
(TD) ou transitivo indireto (TI + preposição): D. Pedro abdicou com seu grande amor.
em 1831. (VI); A vencedora abdicou o seu direto de rainha.
Chamar: emprega-se sem preposição no sentido de convocar;
(VTD); Nunca abdicarei de meus direitos. (VTI)
O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD). Emprega-se com ou
Abraçar: emprega-se sem preposição no sentido de apertar sem preposição no sentido de denominar, apelidar, construido
nos braços: A mãe abraçou-a com ternura. (VTD); Abraçou-se com objeto + predicativo: Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-
a mim, chorando. (VTI) -o de covarde. (VID); Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe
de covarde. (VTI); Chamava por Deus nos momentos dificeis.
Agradar: emprega-se com preposição no sentido de conten-
(VTI).
tar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada aos jovens.
(VTI); Emprega-se sem preposição no sentido de acariciar, mi- Chegar: o verbo chegar exige a preposição a quando indica
mar: Márcio agradou a esposa com um lindo presente. (VTD) lugar: Chegou ao aeroporto meio apressada. Como transitivo
direto (VTD) e intransitivo (VI) no sentido de aproximar; Che-
Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de pessoa:
guei-me a ele.
Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD)
Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega-se Contentar-se: emprega-se com as preposições com, de, em:
com preposição: Na conversa aludiu Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-me em aplaudir
daqui.
vagamente ao seu novo projeto. (VTI)
Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de, ser caro.
Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de causar mal- Este computador custa muito caro. (VTD). No sentido de ser
-estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD); Emprega-se difícil é TI. É conjugado como verbo reflexivo, na 3ª pessoa do
com preposição no sentido de desejar ardentemente por: An- singular, e seu sujeito é uma oração reduzida de infinitivo: Cus-
siava por vê-lo novamente. (VTI) tou-me pegar um táxi; O carro custou-me todas as economias.
Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de respirar, É transitivo direto e indireto (TDI) no sentido de acarretar: A
cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo. (VTD) Empre- imprudência custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI).
ga-se com preposição no sentido de querer muito, ter por ob- Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pregar: Mi-
jetivo: Gincizinho aspira ao cargo de diretor da Penitenciária. nha mãe ensina na FAI. (VTI). É transitivo direto no sentido de
(VTI) educar: Nem todos ensinam as crianças. (VTD). É transitivo di-
reto e indireto no sentido de dar ínstrução sobre: Ensino os
Assistir: emprega-se com preposição no sentido de ver, pre-
exercícios mais dificeis aos meus alunos. (VTDI).
senciar: Todos assistíamos à novela Almas Gêmeas. (VTI) Nes-
se caso, o verbo não aceita o pronome lhe, mas apenas os Entreter: empregado como divertir-se exige as preposições: a,
pronomes pessoais retos + preposição: O filme é ótimo. Todos com, em: Entretínhamo-nos em recordar o passado.
querem assistir a ele. (VTI). Emprega-se sem / com preposição
Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as constru-
no sentido de socorrer, ajudar: A professora sempre assiste os
ções: Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso interessante;
alunos com carinho. (VTD); A professora sempre assiste aos
Esqueci-me do endereço dele; Lembrei-me de um caso inte-
alunos com carinho. (VTI). Emprega-se com preposição no
ressante. Esqueceu-me seu endereço; Lembra-me um caso
sentido de caber, ter direito ou razão: O direito de se defender
interessante. Você pode observar que no 1º exemplo tanto o
assiste a todos. (VTI). No sentido de morar, residir é intransitivo
verbo esquecer como lembrar, não são pronominais, isto é, não
e exige a preposição em: Assiste em Manaus por muito tempo.
exigem os pronomes me, se, lhe, são transitivos diretos (TD).
(VI).
Nos outros exemplos, ambos os verbos, esquecer e lembrar,
Atender: empregado sem preposição no sentido de rece- exigem o pronome e a preposição de; são transitivos indiretos
ber alguém com atenção: O médico atendeu o cliente pacien- e pronominais. No exemplo o verbo esquecer está emprega-
temente. (VTD). No sentido de ouvir, conceder: Deus atendeu do no sentido de apagar da memória e o verbo lembrar está
minhas preces. (VTD); Atenderemos quaisquer pedido via inter- empregado no sentido de vir à memória. Na língua culta, os
net. Emprega-se com preposição no sentido de dar atenção a verbos esquecer e lembrar quando usados com a preposição
alguém: Lamento não poder atender à solicitação de recursos. de, exigem os pronomes.
(VTI). Emprega-se com preposição no sentido de ouvir com
Implicar: emprega-se com preposição no sentido de ter im-
atenção o que alguém diz: Atenda ao telefone, por favor; Aten-
plicância com alguém: Nunca implico com meus alunos. (VTI).
da o telefone. (preferência brasileira).
Emprega-se sem preposição no sentido de acarretar, envolver:
Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avisou os A queda do dólar implica corrida ao over. (VTD); O desestímu-
funcionários de que os documentos estavam prontos. (VTD); lo ao álcool combustível implica uma volta ao passado. (VTD).
Avisaremos os clientes da mudança de endereço. (VTD). Já tem Emprega-se sem preposição no sentido de embaraçar, com-
tradição na língua o uso de avisar como OI de pessoa e OD de prometer: O vizinho implicou-o naquele caso de estupro. (VTD).
coisa; Avisamos aos clientes que vamos atendê-los em novo É inadequada a regência do verbo implicar em: - Implicou em
endereço. confusão.
Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar panca- Informar: o verbo informar possui duas construções, VTD
das em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-lhe) à toa; e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); Informei-lhe
Nervoso, entrou em casa e bateu a porta; (fechou com força);

122
Língua Portuguesa

que sua aposentaria saiu. (VTI); Informou-se das mudanças linguagem formal, culta, é inadequado usar este verbo reforça-
logo cedo. (inteirar-se, verbo pronominal) do pelas palavras ou expressões: antes, mais, muito mais, mil
vezes mais, do que.
Investir: emprega-se com preposição (com ou contra) no sen-
tido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu contra Tião. Em- Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto indireto, com
pregado como verbo transitivo direto e índireto, no sentido de a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O reitor presidiu a
dar posse: O prefeito investiu Renata no cargo de assessora. sessão.
(VTDI). Emprega-se sem preposição no sentido também de
Prevenir: admite as construções: - A paciência previne dissa-
empregar dinheiro, é TD: Nós investimos parte dos lucros em
bores; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Prevenimo-nos
pesquisas científicas. (VTD).
para o exame final.
Morar: antes de substantivo rua, avenida, usa-se morar com
Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no sentido de
a preposição em: D. Marina Falcão mora na Rua Dorival de
ter fundamento: Sua tese não procede. (VI). Emprega-se com
Barros.
a preposição de no sentido de originar-se, vir de: Muitos ma-
Namorar: a regência correta deste verbo é namorar alguém les da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.
e NÃO namorar com alguém: Meu filho, Paulo César, namora Emprega-se como transitivo indireto com a preposição a, no
Cristiane. Marcelo namora Raquel. sentido de dar início: Procederemos a uma investigação rigo-
Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto ou indire- rosa. (VTI)
to, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu apoio; Ne- Querer: emprega-se sem preposição no sentido de desejar:
cessitávamos de seu apoio. (VTDI). Quero vê-lo ainda hoje. (VTD). Emprega-se com preposição no
Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo transitivo sentido de gostar, ter afeto, amar: Quero muito bem às minhas
direto e indireto no sentido de cumprir ordens: Obedecia às cunhadas Vera e Ceiça.
irmãs e irmãos; Não desobedecia às leis de trânsito. Residir: como o verbo morar, o verbo responder, constrói-se
Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de saldar coisa, com a preposição em: Residimos em Lucélia, na Avenida In-
é VTI: Cida pagou o pão; Paguei a costura. Emprega-se com ternacional. Residente e residência têm a mesma regencia de
preposição no sentido de remunerar pessoa, é VTI: Cida pa- residir em.
gou ao padeiro; Paguei à costureira. Emprega-se como verbo Responder: emprega-se no sentido de responder alguma coi-
transitivo direto e indireto, pagar alguma coisa a alguém: Cida sa a alguém: O senador respondeu ao jornalista que o projeto
pagou a carne ao açougueiro. Por alguma coisa: Quanto pagou do rio São Francisco estava no final. (VTDI). Emprega-se no
pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos jogos sem pagar. sentido de responder a uma carta, a uma pergunta: Enrolou,
enrolou e não respondeu à pergunta do professor.
Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir e o para,
puder colocar a palavra licença. Caso contrário, díz-se pedir Reverter: emprega-se no sentido de regressar, voltar ao esta-
que; A secretária pediu para sair mais cedo. (pediu licença); do primitivo: Depois de aposentar-se reverteu à ativa. Empre-
A direção pediu que todos os funcionários comparecessem à ga-se no sentido de voltar para a posse de alguém: As jóias
reunião. reverterão ao seu verdadeiro dono. Emprega-se no sentido de
destinar-se: A renda da festa será revertida em beneficio da
Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de perdoar
Casa da Sopa.
coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD). Emprega-se
com preposição no sentido de conceder o perdão à pessoa, é Simpatizar / Antipatizar: empregam-se com a preposição
TI: Perdoemos aos nossos inimigos. (VTI). Emprega-se como com: Sempre simpatizei com pessoas negras; Antipatizei com
verbo transitivo direto e indireto no sentido de ter necessidade: ela desde o primeiro momento. Estes verbos não são pro-
A mãe perdoou ao filho a mentira. (VTDI). Admite voz passiva: nominais, isto é, não exigem os pronomes me, se, nos, etc:
Todos serão perdoados pelos pais. Simpatizei-me com você. (inadequado); Simpatizei com você.
(adequado)
Permitir: empregado com preposição, exige objeto indireto
de pessoa: O médico permitiu ao paciente que falasse. (VTI). Subir: Subiu ao céu; Subir à cabeça; Subir ao trono; Subir ao
Constrói-se com o pronome lhe e não o: O assistente permitiu- poder. Essas expressões exigem a preposição a.
-lhe que entrasse. Não se usa a preposição de antes de oração
Suceder: emprega-se com a preposição a no sentido de subs-
infinitiva: Os pais não lhe permite ir sozinha à festa do Peão. (e
tituir, vir depois: O descanso sucede ao trabalho.
não de ir sozinha).
Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o continen- Tocar: emprega-se no sentido de pôr a mão, tocar alguém, to-
te brasileiro. (não exige a preposição no). car em alguém: Não deixava tocar o / no gato doente. Empre-
ga-se no sentido de comover, sensibilizar, usa-se com OD: O
Precisar: emprega-se com preposição no sentido de ter ne- nascimento do filho tocou-o profundamente. Emprega-se no
cessidade, é VTI: As crianças carentes precisam de melhor sentido de caber por sorte, herança, é OI: Tocou-lhe, por he-
atendimento médico. (VTI). Quando o verbo precisar vier rança, uma linda fazenda. Emprega-se no sentido de ser da
acompanhado de infinítivo, pode-se usar a preposição de; a competência de, caber: Ao prefeito é que toca deferir ou inde-
língua moderna tende a dispensá-la: Você é rico, não precisa ferir o projeto.
trabalhar muito. Usa-se, às vezes na voz passiva, com sujeito
indeterminado: Precisa-se de funcionários competentes. (sujei- Visar: emprega-se sem preposição, como VTD, no sentido de
to indeterminado). Emprega-se sem preposição no sentido de apontar ou pôr visto: O garoto visou o inocente passarinho;
indicar com exatidão: Perdeu muito dinheiro no jogo, mas não O gerente visou a correspondência. Emprega-se com preposi-
sabe precisar a quantia. (VTD). ção, como VTI, no sentido de desejar, pretender: Todos visam
ao reconhecimento de seus esforços.
Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de ter pre-
ferência. (sem escolha): Prefiro dias mais quentes. (VTD). Pre-
ferir - VTDI, no sentido de ter preferência, exige a preposição
a: Prefiro dançar a nadar; Prefiro chocolate a doce de leite. Na

123
Língua Portuguesa

Casos Especiais Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou im-


posição da morte, é afastado de nós, ficam dele, em nossa
Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho? Ambas as constru- consciência, seus valores, seus juízos, suas percepções. Per-
ções são corretas. A primeira é mais aceita: Dava-se ao traba- guntas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria ele
lho de responder tudo em Inglês. O mesmo se dá com: dar-se com isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que
ao / o incômodo; poupar- se ao /o trabalho; dar-se ao /o luxo. se fixaram e continuam a agir como um parâmetro vivo e impor-
Propor-se alguma coisa ou propor-se a alguma coisa? Propor- tante. As marcas da amizade não desaparecem com a ausên-
-se, no sentido de ter em vista, dispor-se a, pode vir com ou cia do amigo, nem se enfraquecem como memórias pálidas:
sem a preposição a: Ela se propôs levá-lo/ a levá-lo ao circo. continuam a ser referências para o que fazemos e pensamos.
(CALÓGERAS, Bruno, inédito)
Passar revista a ou passar em revista? Ambas estão corretas,
porém a segunda construção é mais frequente: O presidente Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
passou a tropa em revista. o texto:
a) Sendo falíveis, somos também sujeitos à toda sorte de im-
Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a ainda
perfeições, inclusive a própria amizade não se furta aquela
que custe a, apesar de, não obstante:
verdade.
“Em que pese aos inimigos do paraense, sinceramente confes- b) (B) O autor do texto considera que, por maior e mais leal
so que o admiro.” (Graciliano Ramos) que seja, uma amizade tem de contar com os limites da
afetividade humana.
Observações Finais c) A prática das grandes amizade supõem que os amigos in-
terajam através de sentimentos leais, de cujo valor não é
Os verbos transitivos indiretos (exceção ao verbo obedecer), fácil discernir.
não admitem voz passiva. Os exemplos citados abaixo são d) Não se devem imaginar que os nossos defeitos escapem
considerados inadequados. na observação do amigo, por onde, aliás, devemos ter
O filme foi assistido pelos estudantes; O cargo era visado por boas expectativas.
todos; Os estudantes assistiram ao filme; Todos visavam ao e) Requer muita paciência e muita compreensão os momen-
cargo. tos em que nosso amigo surpreende-nos os defeitos que
imaginávamos ocultos.
Não se deve dar o mesmo complemento a verbos de regên-
cias diferentes, como: Entrou e saiu de casa; Assisti e gostei 2. 02. Assinale a opção em que o verbo chamar é
da peça. Corrija-se para: Entrou na casa e saiu dela; Assisti à empregado com o mesmo sentido que apresenta
peça e gostei dela. em “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Quares-
ma ficou reservado, taciturno e mudo”:
As formas oblíquas o, a, os, as funcionam como complemen- a) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria;
to de verbos transitivos diretos, enquanto as formas lhe, lhes b) bateram à porta, chamando Rodrigo;
funcionam como transitivos indiretos que exigem a preposi- c) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo;
ção a. Convidei as amigas. Convidei-as; Obedeço ao mestre. d) o chefe chamou-os para um diálogo franco;
Obedeço- lhe. e) mandou chamar o médico com urgência.
3. (Prefeitura de São José do Cerrito – SC - Técnico em
Questões Enfermagem – IESES/2017) Ler e escrever no papel faz
bem para o cérebro, diz estudo
1. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária – FCC/2017)
23 fev 2015 Adaptado de: http://www.soportugues.com.br/se-
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. coes/artigo.php?indice=116 Acesso em: 17 janeiro 2015
Amizade Há óbvias vantagens em ler um livro num smartphone, tablet
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente ou e-reader em vez de lê-lo no papel. No livro digital, é fácil
desejo de expansão. Por mais completa que pareça ser uma buscar uma palavra qualquer ou consultar seu significado num
relação de amizade, ela vive também do que lhe falta e da dicionário, por exemplo.
esperança de que um dia nada venha a faltar. Com o tempo, Um e-reader que pesa apenas 200 gramas pode conter mi-
aprendemos a esperar menos e a nos satisfazer com a finitude lhares de livros digitais que seriam pesados e volumosos se
dos sentimentos nossos e alheios, embora no fundo de nós fossem de papel. Além disso, um e-book é geralmente mais
ainda esperemos a súbita novidade que o amigo saberá revelar. barato que seu equivalente impresso.
Sendo um exercício bem-sucedido de tolerância e paciência –
amplamente recompensadas, diga-se – a amizade é também a Mas a linguista americana Naomi Baron descobriu que ler e es-
ansiedade e a expectativa de descobrirmos em nós, por inter- crever no papel é quase sempre melhor para o cérebro. Naomi
médio do amigo, uma dimensão desconhecida do nosso ser. estudou os hábitos de leitura de 300 estudantes universitários
em quatro países – Estados Unidos, Alemanha, Japão e Es-
Há quem julgue que cabe ao amigo reconhecer e estimular lováquia. Ela reuniu seus achados no livro “Words Onscreen:
nossas melhores qualidades. Mas por que não esperar que o The Fate of Reading in a Digital World” (“Palavras na Tela: O
valor maior da amizade está em ser ela um necessário e fiel Destino da Leitura num Mundo Digital” – ainda sem edição em
espelho de nossos defeitos? Não é preciso contar com o amigo português). 92% desses estudantes dizem que é mais fácil se
para conhecermos melhor nossas mais agudas imperfeições? concentrar na leitura ao manusear um livro de papel do que
Não cabe ao amigo a sinceridade de quem aponta nossa fa- ao ler um livro digital. Naomi detalha, numa entrevista ao site
lha, pela esperança de que venhamos a corrigi-la? Se o nos- New Republic, o que os estudantes disseram sobre a leitura
so adversário aponta nossas faltas no tom destrutivo de uma em dispositivos digitais: “A primeira coisa que dizem é que se
acusação, o amigo as identifica com lealdade, para que nos distraem mais facilmente, eles são levados a outras coisas. A
compreendamos melhor. segunda é que há cansaço visual, dor de cabeça e desconforto
físico.”

124
Língua Portuguesa

Esta última reclamação parece se referir principalmente à lei- Respostas


tura em tablets e smartphones, já que os e-readers são geral-
mente mais amigáveis aos olhos. 1. Resposta B
a) ERRADA. Sendo falíveis, somos também sujeitos à toda
Segundo Naomi, embora a sensação subjetiva dos estu- sorte de imperfeições, inclusive a própria amizade não se
dantes seja de que aprendem menos em livros digitais, tes- furta aquela verdade. [a / aquela]
tes não confirmam isso: “Se você aplica testes padronizados b) CORRETA. O autor do texto considera que, por maior e
de compreensão de passagens no texto, os resultados são mais leal que seja, uma amizade tem de contar com os
mais ou menos os mesmos na tela ou na página impressa”, limites da afetividade humana.
disse ela ao New Republic. c) ERRADA. A prática das grandes amizade supõem que os
Mas há benefícios observáveis da leitura no papel. Quem lê amigos interajam através de sentimentos leais, de cujo va-
um livro impresso, diz ela, tende a se dedicar à leitura de forma lor não é fácil discernir. [amizades / supõe]
mais contínua e por mais tempo. Além disso, tem mais chances d) ERRADA. Não se devem imaginar que os nossos defeitos
de reler o texto depois de tê-lo concluído. escapem na observação do amigo, por onde, aliás, deve-
mos ter boas expectativas. [deve]
Uma descoberta um pouco mais surpreendente é que escrever e) ERRADA. Requer muita paciência e muita compreensão os
no papel – um hábito cada vez menos comum – também traz momentos em que nosso amigo surpreende-nos os defei-
benefícios. Naomi cita um estudo feito em 2012 na Universi- tos que imaginávamos ocultos. [requerem]
dade de Indiana com crianças em fase de alfabetização. Os
pesquisadores de Indiana descobriram que crianças que es- 2. Resposta A
crevem as letras no papel têm seus cérebros ativados de forma Tanto no enunciado, quanto na alternativa “A”, o verbo chamar
mais intensa do que aquelas que digitam letras num computa- foi empregado no sentido de “nomear”.
dor usando um teclado. Como consequência, o aprendizado é
mais rápido para aquelas que escrevem no papel. 3. Resposta C
a) Quem se refere , refere-se a (VTD) = Correto
Assinale a alternativa em que há ERRO na regência verbal. b) Aspirar no sentido de desejar é VTI ,regendo a preposição
a) O livro a que me referia é este da vitrine. a = Correto.
b) Nunca aspirou ao cargo de gerência. c) O verbo falar admite várias transitividades :
c) A pasta que te falei está vazia.
Ex 1 : Pedro falou com os amigos. Nesse caso é VTI.
d) Desobedeceu às leis e foi multado.
Essa é a situação acima, Ele Falou SOBRE (Preposição) a
4. 04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi em- pasta. Ele te falou da ( de + a) [Preposição
pregado com regência certa, exceto em:
+ artigo] pasta.
a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera.
b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. Logo Essa foi a pasta que te falei está ERRADO, deve-
c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; ria ser : Essa foi a pasta de que te falei. Da qual falei.
d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do Ex 2 : Pedro falou bobagens. Pedro falou (Algo) ; Nesse
mágico; caso é VTD e bobagens (OD). Ex 3: Pedro falou bobagens
e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. ao professor (VTDI); falou algo a alguém.
d) Desobedecer ( VTI) ; Desobedece a.
5. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário – VU-
NESP/2017) 4. Resposta B
Uma frase escrita em conformidade com a norma-padrão da O verbo “aspirar” é utilizado no sentido de “querer / ter por
língua é: objetivo”, assim, ele precisa ser procedido pela preposição “A”.
a) O pai alegou em que tinha sobrevivido dois anos com sua
5. Resposta B
própria comida.
a) O pai alegou em que tinha sobrevivido dois anos com sua
b) O pai tentou persuadir o filho de que era capaz de cozinhar.
própria comida. quem alega, alega algo - VTD - (o pai ale-
c) O pai não conseguiu convencer o filho que estava apto
gou que)
com cozinhar.
b) O pai tentou persuadir o filho de que era capaz de cozinhar.
d) O pai acabou revelando de que não estava preparado de
quem persuade , persuade alguém de algo - VTDI - (COR-
cozinhar.
RETA)
e) O pai aludiu da época que tinha sobrevivido com sua pró-
c) O pai não conseguiu convencer o filho que estava apto
pria comida.
com cozinhar.
6. A regência verbal está correta em: d) quem convence, convence alguém de algo - VTDI - (con-
a) A funcionária aspirava ao cargo de chefia. vencer o filho de que estava)
b) Custo a crer que ela ainda volte. e) O pai acabou revelando de que não estava preparado de
c) Sua atitude implicará em demissão
d) Prefiro mais trabalhar que estudar.
7. (Prefeitura de Piraúba – MG – Enfermeiro – MS Concur-
sos/2017)
Quanto à regência verbal, assinale a alternativa correta:
a) Resido na Rua Monte Castelo.
b) Ele sempre aspirou o cargo de diretor executivo.
c) A peça não agradou os críticos.
d) Adoro aspirar ao perfume das flores.

125
Língua Portuguesa

A Ordem dos Termos na Frase

Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é or-


cozinhar. quem revela, revela algo - VTD - (o pai acabou ganizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia, há
revelando que) diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal frase,
f) O pai aludiu da época que tinha sobrevivido com sua pró- tudo depende da necessidade ou da vontade do redator em
pria comida. quem faz alusão, faz alusão a - VI - (o pai manter o sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a
aludiu à epoca) algum dos seus termos. Significa dizer que, ao escrever, pode-
mos fazer uma série de inversões e intercalações em nossas
6. Resposta A
frases, conforme a nossa vontade e estilo. Tudo depende da
O verbo “aspirar” com o sentido de almejar é transitivo indireto maneira como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo.
e pede a preposição “A”. Correções: Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase 2 da
seguinte maneira:
Custa-me crer; implicará demissão; prefiro trabalhar a estudar.
- No Brasil e na América Latina, a globalização está causando
7. Resposta A desemprego.
a) Resido na Rua Monte Castelo. (CORRETO )
b) Ele sempre aspirou Ao cargo de diretor executivo. (ERRADO) Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, apenas
c) A peça não agradou Aos críticos. (ERRADO) mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns ter-
d) Adoro aspirar (a)o perfume das flores. (ERRADO) mos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para obter
e) a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que
mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as

14. Equivalência e
boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a
não “embolar” o sentido quando produzimos frases comple-
xas. Com isto, “entregamos” frases bem organizadas aos nos-
sos leitores.
transformação O básico para a organização sintática das frases é a ordem
direta dos termos da oração.
de estruturas Os gramáticos estruturam tal ordem da seguinte maneira:
sujeito + verbo + complemento verbal + circunstâncias
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase leva- A globalização + está causando + desemprego + no Brasil nos
-nos a refletir sobre a organização5 das ideias em um texto. dias de hoje.
Significa dizer que, antes da redação, naturalmente devemos
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas
dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, posteriormente, contêm todos estes elementos, portanto cabem algumas
planejar o modo como iremos expô-lo, do contrário haverá difi- observações:
culdade em transmitir ideias bem acabadas. Portanto, a leitura,
a interpretação de textos e a experiência de vida antecedem o As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) normalmen-
ato de escrever. te são representadas por adjuntos adverbiais de tempo, lugar,
etc. Note que, no mais das vezes, quando queremos recordar
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos escre- algo ou narrar uma história, existe a tendência a colocar os
ver, feito o esquema de exposição da matéria, é necessário sa- adjuntos nos começos das frases:
ber ordenar as ideias em frases bem estruturadas. Logo, não
basta conhecer bem um determinado assunto, temos que o “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas minhas
transmitir de maneira clara aos leitores. férias…”, “No Brasil…”. E logo depois os verbos e outros ele-
mentos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado para
organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para tanto, Observações
é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”, confor- a) tais construções não estão erradas, mas rompem com a
me o dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que estuda a ordem direta;
disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas fra-
bem como a relação lógica das frases entre si”; ou em outras ses que não têm sujeito, somente predicado. Por exemplo:
palavras, sintaxe quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São
palavras de maneira a produzirem um sentido evidente para os quatro horas agora;
receptores das nossas mensagens. c) Outras frases são construídas com verbos intransitivos,
Observe: que não têm complemento: O menino morreu na Alema-
1. A desemprego globalização no Brasil e na está Latina nha, (sujeito +verbo+ adjunto adverbial)
América causando. d) A globalização nasceu no século XX. (Idem)
2. A globalização está causando desemprego no Brasil e na e) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: cada
América Latina. macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem direta
faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos existen-
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma frase, as tes nelas.
palavras estão amontoadas sem a realização de “uma sintaxe”,
Levando em consideração a ordem direta, podemos esta-
não há um contexto linguístico nem relação inteligível com a
belecer três regras básicas para o uso da vírgula:
realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de maneira perfeita e o
sentido está claro para receptores de língua portuguesa inteira- Se os termos estão colocados na ordem direta não haverá a
dos da situação econômica e cultural do mundo atual. necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo disto:

126
Língua Portuguesa

- A globalização está causando desemprego no Brasil e na Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente se dá
América Latina. com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. Trata-
-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramática, são
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração por
três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula, mes- representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas vezes, elas
mo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra são colocadas em orações chamadas adverbiais que têm uma
básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: função semelhante à dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam
tempo, lugar, etc.
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” causam
desemprego… Exemplos:

(Três núcleos do sujeito) Quando o século XX estava terminando, a globalização come-


çou a causar desemprego.
A globalização causa desemprego no Brasil, na América Latina
e na África. (Três adjuntos adverbiais) Enquanto os países portadores de alta tecnologia desenvol-
vem-se, a globalização causa desemprego nos países pobres.
A globalização está causando desemprego, insatisfação e su-
cateamento industrial no Brasil e na América Latina. (Três com- Durante o século XX, a Globalização causou desemprego no
plementos verbais) Brasil.

Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar com vír- Observações alguns gramáticos, Sacconi, por exemplo,
consideram que as orações subordinadas adverbiais de-
gula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu complemento,
vem ser isoladas pela vírgula também quando colocadas
nem o complemento e as circunstâncias, ou seja, não devemos após as suas orações principais, mas só quando a) a ora-
separar com vírgula os termos da oração. ção principal tiver uma extensão grande:
Veja exemplos de tal incorreção: Exemplo: A globalização causa… , enquanto os países…(vide
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. frase acima); b) Se houver uma outra oração após a principal e
antes da oração adverbial: A globalização causa desemprego
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os
no Brasil e as pessoas aqui estão morrendo de fome , enquanto
termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, as-
sim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é a re- nos países portadores de alta tecnologia…
gra básica nº2 para a colocação da vírgula. Dito em outras Quando os adjuntos adverbiais são mínimos, isto é, têm
palavras: quando intercalamos expressões e frases entre apenas uma ou duas palavras não há necessidade do uso
os termos da oração, devemos isolar os mesmos com vír- da vírgula:
gulas. Vejamos:
Hoje a globalização causa desemprego no Panamá.
A globalização, fenômeno econômico deste fim de século XX, Ali a globalização também causou…
causa desemprego no Brasil. Aqui um aposto à globalização foi A não ser que queiramos dar ênfase: Aqui, a globalização…
intercalado entre o sujeito e o verbo.
Na língua escrita, normalmente, ao realizarmos a ordem in-
versa, emprestamos ênfase aos termos que principiam as
Outros exemplos frases. Veja este exemplo de Rui Barbosa destacado por
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultural, está Garcia:
causando desemprego no Brasil e na América Latina. “A mim, na minha longa e aturada e continua prática do escre-
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada. ver, me tem sucedido inúmeras vezes, depois de considerar
por muito tempo necessária e insuprível uma locução nova, en-
As orações adjetivas explicativas desempenham frequente- contrar vertida em expressões antigas mais clara, expressiva e
mente um papel semelhante ao do aposto explicativo, por isto elegante a mesma ideia.”
são também isoladas por vírgula.
Estas três regras básicas não solucionam todos os proble-
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil… mas de organização das frases, mas já dão um razoável
suporte para que possamos começar a ordenar a expres-
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu são das nossas ideias. Em suma: o importante é não separar
complemento. os termos básicos das orações, mas, se assim o fizermos, seja
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, no Brasil… intercalando ou invertendo elementos, então devemos usar a
vírgula.
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não pertence ao
assunto: globalização, da frase principal, tal oração é apenas um Observação: quanto à equivalência e transformação de es-
comentário à parte entre o complemento verbal e os adjuntos. truturas, outro exemplo muito comum cobrado em provas é o
enunciado trazer uma frase no singular, por exemplo, e pedir
Observação: a simples negação em uma frase não exige
que o aluno passe a frase para o plural, mantendo o sentido.
vírgula:
Outro exemplo é o enunciado dar a frase em um tempo verbal,
A globalização não causou desemprego no Brasil e na América e pedir para que o aluno passe-a para outro tempo verbal.
Latina.
Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, tal quebra Questões
torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da colocação da
vírgula. 1. (MRE - Oficial de Chancelaria – FGV/2016)
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando Texto 1 – Um país em berço de sangue
desemprego…
O maior país da América Latina, com a maior população ca-
No fim do século XX, a globalização causou desemprego no tólica do mundo, não nasceu de forma tranquila. Neste livro,
Brasil… com o realismo dos documentos originais, vemos claramente a
brutalidade do extermínio dos índios na costa brasileira, berço

127
Língua Portuguesa

de sangue cujo marco determinante é a fundação da cidade do que às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e
Rio de Janeiro. apresentam elevados índices de violência.
O Brasil real começou a ser construído por homens como o A especulação imobiliária também acentua um problema cada
degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para vez maior no espaço das grandes, médias e até pequenas ci-
se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços ca- dades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por
çadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da popu-
personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega, lação que possui terrenos, mas que não possui condições de
padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indeci- construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para
frável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líde- que esses se tornem mais caros para uma venda posterior.
res implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o
da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia po- acúmulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de
der devorar carne humana porque era “um jaguar”. doenças, como a dengue.
Incluindo protestantes franceses, que se aliaram aos índios PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urbanos”;
para escapar dos portugueses e da Inquisição, além de ma- Brasil Escola. Disponível em
melucos, os primeiros brasileiros verdadeiramente ligados à http://brasilescola.uol.com.br/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-
terra, que falavam tupi tanto quanto o português e partiram do -urbanização.htm. Acesso em 14 de abril de 2016.
planalto de Piratininga para caçar índios e estenderam a colô-
A estruturação do texto 1 é feita do seguinte modo:
nia sertão adentro, surge um povo que desde a origem nada
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e
tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
(Texto da orelha do livro A conquista do Brasil, de Thales Guaracy, Planeta, Rio b) uma abordagem direta dos problemas com seleção e ex-
de Janeiro, 2015)
plicação de um deles, visto como o mais importante;
O texto 1 tem como marca estrutural ou temática: c) uma apresentação de caráter histórico seguida da expli-
a) uma rigorosa sucessão cronológica de fatos históricos; citação de alguns problemas ligados às grandes cidades;
b) a evolução de fatos que comprovam a aquisição de nossa d) uma referência imediata a um dos problemas sociais urba-
“cordialidade”; nos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo
c) a progressiva inclusão histórica de diferentes seres humanos; problema;
d) uma contínua preocupação com a nossa formação religiosa; e) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de
e) a finalidade de chegar-se a personagens brasileiros. sua explicação histórica, motivo de crítica às atuais auto-
ridades.
2. (Pref. de Mangaratiba/RJ - Assistente Social – BIO-
-RIO/2016) 4. (Prefeitura de São Gonçalo/RJ - Analista de Contabili-
dade – BIO-RIO/2016)
Entre os pensamentos abaixo, aquele que NÃO apresenta
uma estrutura comparativa é: Texto
a) “A arte vence a monotonia das coisas, assim como a espe-
rança vence a monotonia dos dias”.(Chesterton) ÉDIPO-REI
b) “Muita luz é como muita sombra: não deixa ver”. (Carlos Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoe-
Castañeda) lhado nos degraus da entrada. Cada um tem na mão um ramo
c) “O bem é aquele que trabalha pela unidade, o mal é aquele de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
que trabalha pela separação”. (A. Huxley) (Edipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013)
d) “Bons julgamentos vêm da experiência e, frequentemente,
a experiência vem de maus julgamentos”. (Rita Mae Brown) A mesma estrutura de “grupo de crianças” ocorre em:
e) “O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele a) descrição de uma cena.
mude e o realista ajusta as velas”. (William George Ward) b) presença de um sacerdote.
c) montão de gente.
3. (MPE/RJ - Analista do Ministério Público – Processual d) casa de Édipo.
– FGV/2016) e) ramo de oliveira.
Texto 1 – Problemas Sociais Urbanos 5. (UFCG - Assistente em Administração – UFCG/2016)
Brasil escola Texto 1
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a Mobilidade urbana no Brasil
questão da segregação urbana, fruto da concentração de ren-
da no espaço das cidades e da falta de planejamento público Nos últimos anos, o debate sobre a mobilidade urbana no Bra-
que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento sil vem se acirrando cada vez mais, haja vista que a maior parte
desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece das grandes cidades do país vem encontrando dificuldades em
o encarecimento dos locais mais próximos dos grandes cen- desenvolver meios para diminuir a quantidade de congestio-
tros, tornando-os inacessíveis à grande massa populacional. namentos ao longo do dia e o excesso de pedestres em áre-
Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes as centrais dos espaços urbanos. Trata-se, também, de uma
eram baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras, o que questão ambiental, pois o excesso de veículos nas ruas gera
contribui para que a grande maioria da população pobre bus- mais poluição, interferindo em problemas naturais e climáticos
que por moradias em regiões ainda mais distantes. em larga escala e também nas próprias cidades, a exemplo do
aumento do problema das ilhas de calor.
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de
residência com os centros comerciais e os locais onde traba- A principal causa dos problemas de mobilidade urbana no Bra-
lham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sil relaciona-se ao aumento do uso de transportes individuais
sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos sa- em detrimento da utilização de transportes coletivos, embora
lários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte esses últimos também encontrem dificuldades com a superlo-
público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, tação. Esse aumento do uso de veículos como carros e motos

128
Língua Portuguesa

deve-se a, pelo menos, cinco fatores: má qualidade do trans- do Taiti, de Paul Gauguin, é um dos quadros da última parte
porte público no Brasil; aumento da renda média do brasileiro da mostra, chamada de A Cor em Liberalidade, que tem como
nos últimos anos; redução de impostos por parte do Governo marca justamente a inspiração que artistas como Gauguin e
Federal sobre produtos industrializados (o que inclui os carros); Paul Cézanne buscaram na natureza tropical. A pintura é um
concessão de mais crédito ao consumidor; e, por fim, herança dos primeiros trabalhos de Gauguin desenvolvidos na primeira
histórica da política rodoviária do país. temporada que o artista passou na ilha do Pacífico, onde duas
mulheres aparecem sentadas a um fundo verde-esmeralda,
Entre as principais soluções para o problema da mobilidade
que lembra o oceano.
urbana, na visão de muitos especialistas, estaria o estímulo
aos transportes coletivos públicos, através da melhoria de suas A exposição vai até o dia 7 de julho, com entrada franca.
qualidades e eficiências e do desenvolvimento de um trânsito Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/mostra-otriun-
focado na circulação desses veículos, e a diversificação dos fo-da-cor-traz-grandes-nomes-do-pos-impressionismo-para-sp Acesso em:
modais de transporte. Ao longo do século XX, o Brasil foi es- 29/05/2016.

sencialmente rodoviarista, em detrimento do uso de trens, me- A partir das características estruturais desse texto, é possível
trôs e outros. A ideia é investir mais nesses modos alternativos, afirmar que ele pertence ao gênero textual:
o que pode atenuar os excessivos números de veículos transi- a) Notícia, em virtude de ser impessoal e narrar um evento
tando nas ruas das grandes cidades do país. recente.
De toda forma, é preciso ampliar os debates, regulamentando b) Reportagem, uma vez que apresenta um evento de manei-
ações públicas para o interesse da questão, tais como a difu- ra refletida.
são dos fóruns de mobilidade urbana e a melhoria do Estatuto c) Artigo de Opinião, pois está em primeira pessoa e defende
das Cidades, com ênfase na melhoria da qualidade e da efici- uma ideia.
ência dos deslocamentos por parte das populações. d) Editorial de arte, por ter um autor que opina a um interlo-
cutor explícito.
(PENA, Rodolfo F. Alves. “Mobilidade urbana no Brasil”. Disponível em <http://
brasilescola.uol.com.br/geografia/mobilidade-urbanano-brasil.htm>. Acesso em 7. (Copergás/PE - Analista Administrador – FCC/2016)
25/03/2016. Adaptado).
Idades e verdades
Analisando-se a estrutura do texto, conclui-se que se trata de
um / uma: O médico e jornalista Dráuzio Varella escreveu outro dia no jornal uma crônica
muito instigante.
a) Depoimento
b) Debate Destaco este trecho:
c) Notícia
“Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem
d) Artigo de opinião
‘cabeça de jovem’. É considerá-lo mais inadequado do que o
e) Reportagem
rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez. Ainda
6. (Prefeitura de Natal/RN - Agente Administrativo – CKM que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceita-
Serviços/2016) ção das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre
espaço para uma diversidade de experiências com as quais
Mostra O Triunfo da Cor traz grandes nomes do pós-impres-
nem sonhávamos anteriormente. ”
sionismo para SP Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil A
exposição O Triunfo da Cor traz grandes nomes da arte moder- Tomo a liberdade de adicionar meu comentário de velho:
na para o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. São não preciso que os jovens acreditem em mim, tampouco
75 obras de 32 artistas do final do século 19 e início do 20, estou aberto para receber lições dos mocinhos. Nossa al-
entre eles expoentes como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lau- ternativa: ao nos defrontarmos com uma questão de comum
trec, Cézanne, Seurat e Matisse. Os trabalhos fazem parte dos interesse, discutirmos honestamente que sentido ela tem para
acervos do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, ambos nós. O que nos unirá não serão nossas diferenças, mas o que
de Paris. nos desafia.
(LAMEIRA, Viriato, inédito)
A mostra foi dividida em quatro módulos que apresentam os
pintores que sucederam o movimento impressionista e recebe- É preciso corrigir, por apresentar em sua construção uma defi-
ram do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressio- ciência estrutural, a redação da seguinte frase:
nistas. Na primeira parte, chamada de A Cor Cientifica, podem a) A muita gente ocorre que os velhos estimem ser tratados
ser vistas pinturas que se inspiraram nas pesquisas científicas como jovens, em vez de serem valorizados pelos ganhos
de Michel Eugene Chevreul sobre a construção de imagens obtidos em sua longa experiência de vida.
com pontos. b) Imagina-se que a ingenuidade de uma criança ou o caráter
aventureiro de um jovem possam ser atributos positivos
Os estudos desenvolvidos por Paul Gauguin e Émile Bernard
invejados pelos velhos, quando não o são.
marcam a segunda parte da exposição, chamada de Núcleo
c) Os jovens, presumivelmente, não deverão considerar-se
Misterioso do Pensamento. Entre as obras que compõe esse
criaturas privilegiadas se alguém os julga tão ativos e in-
conjunto está o quadro Marinha com Vaca, em que o animal
ventivos quanto costumam ser as crianças de dez anos.
é visto em um fundo de uma passagem com penhascos que
d) Ao comentar a afirmação de Dráuzio Varella, o autor do
formam um precipício estreito. As formas são simplificadas, em
texto não se mostra disposto nem a aprender algo com os
um contorno grosso e escuro, e as cores refletem a leitura e
jovens, nem a esperar que estes acreditem nele.
impressões do artista sobre a cena.
e) Conquanto os velhos pareçam injustiçados, razão pela qual
O Autorretrato Octogonal, de Édouard Vuillard, é uma das pin- as pessoas tendem a consolá-los atribuindo-lhes juventude,
turas de destaque do terceiro momento da exposição. Intitula- há por isso mesmo como valorizar sua experiência.
da Os Nabis, Profetas de Uma Nova Arte, essa parte da mostra
8. (MRE - Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Texto 1 – Um
também reúne obras de Félix Vallotton e Aristide Maillol. No
país em berço de sangue
autorretrato, Vuillard define o rosto a partir apenas da aplica-
ção de camadas de cores sobrepostas, simplificando os tra- O maior país da América Latina, com a maior população ca-
ços, mas criando uma imagem de forte expressão. O Mulheres tólica do mundo, não nasceu de forma tranquila. Neste livro,

129
Língua Portuguesa

com o realismo dos documentos originais, vemos claramente a plenos e tinha simpatias pela Ku Klux Klan. Merece ter seu
brutalidade do extermínio dos índios na costa brasileira, berço nome cassado?
de sangue cujo marco determinante é a fundação da cidade do
A resposta é, obviamente, “tanto faz”. Um nome é só um nome
Rio de Janeiro.
e, para quem já morreu, homenagens não costumam mesmo
O Brasil real começou a ser construído por homens como o fazer muita diferença. De resto, discussões sobre racismo são
degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para bem‐vindas. Receio, porém, que a demanda dos alunos ca-
se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços ca- minhe perigosamente perto do anacronismo. Sim, Wilson era
çadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; racista, mas não podemos esquecer que a época também o
personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega, era. O 28º presidente dos EUA não está sozinho.
padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indeci-
“Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade so-
frável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líde-
cial e política das raças branca e negra... há uma diferença fí-
res implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente
sica entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver
da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia po-
juntas como iguais em termos sociais e políticos. E eu, como
der devorar carne humana porque era “um jaguar”.
qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mante-
Incluindo protestantes franceses, que se aliaram aos índios nham a posição de superioridade.” Essa frase, que soa parti-
para escapar dos portugueses e da Inquisição, além de ma- cularmente odiosa a nossos ouvidos modernos, é de Abraham
melucos, os primeiros brasileiros verdadeiramente ligados à Lincoln, que, não obstante, continua sendo considerado um
terra, que falavam tupi tanto quanto o português e partiram do campeão dos direitos civis.
planalto de Piratininga para caçar índios e estenderam a colô-
O problema são os americanos; eles são atavicamente racis-
nia sertão adentro, surge um povo que desde a origem nada
tas, dirá o observador anti-imperialista. Talvez não. “O negro
tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
é indolente e sonhador, e gasta seu dinheiro com frivolidades
(Texto da orelha do livro A conquista do Brasil, de Thales Guaracy, Planeta, Rio e bebida”. Essa pérola é de Che Guevara. Alguns dizem que,
de Janeiro, 2015)
depois, mudou de opinião. Quem não for prisioneiro de seu
O “Brasil real”, segundo o texto 1, foi: próprio tempo que atire a primeira pedra.
a) construído por atos de violência; (SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de S. Paulo, 13 de dezembro de 2015.)
b) formado a partir da participação estrangeira;
c) estruturado a partir da ação católica; De acordo com a estrutura e os recursos textuais apresenta-
d) estabelecido com base em atos ilegais; dos, é correto afirmar acerca do texto em análise que sua prin-
e) organizado apesar das contradições internas. cipal finalidade é
a) desenvolver o conceito de racismo relacionado a épocas
9. (TER/PI - Conhecimentos Gerais para os Cargos 1, 2 e diferentes.
4 – CESPE/2016) b) oferecer esclarecimentos sobre o fato motivador para o de-
Em relação à conceituação, à finalidade e aos aspectos estru- senvolvimento do texto.
turais e linguísticos das correspondências oficiais, assinale a c) apresentar opinião pessoal para um debate público acerca
opção correta. de uma questão de caráter social.
a) O memorando é um expediente oficial de circulação inter- d) buscar, através do discurso social, a expressão da subjeti-
na ou externa. vidade utilizando uma linguagem amplamente metafórica.
b) Como não existe padrão definido para a estrutura das
mensagens enviadas por meio de correio eletrônico, não Respostas
há orientações acerca da linguagem a ser empregada nes- 1. Resposta C
sas comunicações. a) uma rigorosa sucessão cronológica de fatos históricos;
c) Informar o destinatário sobre determinado assunto, propor errada. não faz qualquer referência cronológica, exceto o
alguma medida e submeter projeto de ato normativo à con- surgimento do brasil, mas não se pode falar em sucessão
sideração desse destinatário são alguns dos propósitos cronológica.
comunicativos da mensagem. b) a evolução de fatos que comprovam a aquisição de nossa
d) A exposição de motivos varia estruturalmente conforme “cordialidade”; errada urge um povo que desde a origem
sua finalidade comunicativa. nada tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
e) A situação comunicativa mediada pelo ofício é restrita aos c) a progressiva inclusão histórica de diferentes seres huma-
ministros de Estado, estejam eles no papel de remetente nos; certa. Tem o jesuíta Manoel da Nóbrega; o Aimberê,
ou de destinatário. ex-escravo; tem o Cunhambebe...
10. (SEARH/RN - Professor de Ensino Religioso – IDE- d) uma contínua preocupação com a nossa formação religio-
CAN/2016) sa; errada. Apesar de fazer várias referências religiosas (je-
suítas, catequizar, hereges, igreja católica...) não demostra
Texto I para responder à questão. uma preocupação com a formação religiosa.
Caça aos racistas e) a finalidade de chegar-se a personagens brasileiros; errada. A
finalidade de mostrar a formação do Brasil, através de perso-
Alunos da Universidade Princeton querem tirar o nome de nagens brasileiros (índios) e estrangeiros (colonizadores). (não
Woodrow Wilson de uma das mais importantes faculdades da sei se está certa a análise, mas foi assim que resolvi)
instituição, a Woodrow Wilson School of Public and Internatio-
nal Affairs. O motivo, é claro, é o racismo. 2. Resposta D
a) comparação entre arte e esperança;
Thomas Woodrow Wilson (1856‐1924) ocupou a Presidência b) comparação entre luz e sombra;
dos EUA por dois mandatos (1913‐1921). Era membro do Par- c) comparação entre bem e mal;
tido Democrata, levou o Nobel da Paz em 1919 e foi reitor da d) não há comparação entre os elementos;
própria universidade. Mas Wilson era inapelavelmente racista. e) comparação entre pessimista e otimista.
Achava que negros não deveriam ser considerados cidadãos
3. Resposta B

130
Língua Portuguesa

FGV costuma usar paralelismo entre as alternativas e a geral- alguma medida e submeter projeto de ato normativo à con-
mente a alternativa que sobra é o gabarito. Não são todas as sideração desse destinatário são alguns dos propósitos
questões que possuem paralelismo. comunicativos da exposição de motivos.
d) Certo. A exposição de motivos varia estruturalmente con-
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos
forme sua finalidade comunicativa. (Para apenas informar
e um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
não precisa ter arquivos anexos, já nos outros casos têm
d) uma referência imediata a um dos problemas sociais ur- que conter)
banos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo e) A situação comunicativa mediada pelo aviso é restrita aos
problema; ministros de Estado, estejam eles no papel de remetente
ou de destinatário.
c) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicita-
ção de alguns problemas ligados às grandes cidades; 10. Resposta C
e)um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua Desenvolver o conceito de racismo relacionado a épocas di-
explicação histórica, motivo de crítica às atuais autoridades. ferentes. O conceito é sempre o mesmo, o que acontece é a
apresentação de citações controversas de personagens histó-
4. Resposta C
ricos considerados heróis;
5. Resposta D
Oferecer esclarecimentos sobre o fato motivador para o de-
Questão que envolve o assunto de Gênero Textual. senvolvimento do texto. O texto explicando o texto? Seria a
metalinguagem;
Nesses tipos de questões devemos observar “sempre” a fonte
do texto, que fica ou no início ou no final dele. Apresentar opinião pessoal para um debate público acerca de
uma questão de caráter social. Por enquanto esta, sugestiva,
Artigo de opinião:
simplista, mas, vamos à frente;
Contém assinatura.
Buscar, através do discurso social, a expressão da sub-
São textos autorais, cuja opinião é da inteira responsabilidade jetividade utilizando uma linguagem amplamente metafórica.
de quem o escreveu. Seu objetivo é do de persuadir o leitor. O tal amplamente não acontece, e metáforas não, não para um
texto informativo;
6. Resposta B
A reportagem é um dos gêneros textuais do universo jornalís-

15. Relações de
tico, e todos os textos que habitam nesse universo têm como
principal missão informar. Por cumprir uma tarefa tão impor-
tante, a reportagem desempenha uma função social e deve es-
tar sempre a serviço da comunicação. Diferentemente do que
acontece com a notícia, cujas características formam outro gê-
nero textual, a reportagem não tem como objetivo noticiar um
sinonímia e
antonímia
assunto pontual, algo que esteja acontecendo, por exemplo,
no dia de hoje. A reportagem pode escolher como tema um
assunto que faça parte da realidade das pessoas e que seja de
interesse de uma comunidade.
7. Resposta E
Oração adverbial Concessivas: exprimem um fato que se Sinônimos
concede, que se admite, em oposição ao da oração principal.
As conjunções são: embora, conquanto, que, ainda que,
mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por São palavras de sentido igual ou
mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que aproximado.
(pese), nem que, dado que, sem que (=embora não).
8. Resposta A Exemplo:

O Brasil real começou a ser construído por homens como o - Alfabeto, abecedário.
degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para - Brado, grito, clamor.
se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços ca- - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
çadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega,
padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indeci- Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo
frável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líde- outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos
res implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de sig-
da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia po- nificação e certas propriedades que o escritor não pode des-
der devorar carne humana porque era “um jaguar”. conhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles,
mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios da fala
9. Resposta D corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem à es-
a) O memorando é um expediente oficial de circulação interna fera da linguagem culta, literária, científica ou poética (orador e
b) Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida
para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de lin-
guagem incompatível com uma comunicação oficial.
c) Informar o destinatário sobre determinado assunto, propor

131
Língua Portuguesa

A contribuição Greco-latina é responsável pela crescente de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo
existência, em nossa língua, de numerosos pa- móvel ou quando ficam sem conexão com a Internet. Essa in-
res de sinônimos. formação, como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir
os poros da sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto
Exemplos: um veneno para o espírito.
- Adversário e antagonista. (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes. Revista USP, no 92.
Adaptado)
- Translúcido e diáfano.
- Semicírculo e hemiciclo. As expressões destacadas nos trechos – meter o bedelho
/ estimar parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
- Contraveneno e antídoto.
adequados respectivamente em:
- Moral e ética. a) procurar / gostar de / ilustrar
- Colóquio e diálogo. b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
- Transformação e metamorfose. c) interferir / propor / embrutecer
d) intrometer-se / prezar / esclarecer
- Oposição e antítese.
e) contrapor-se / consolidar / iluminar
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia,
2. (Pref. de Itaquitinga/PE – Psicólogo – IDHTEC/2016)
palavra que também designa o emprego de sinônimos.
A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os combaten-
tes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-se; co-
Antônimos moviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante, naquele
armistício transitório, uma legião desarmada, mutilada famin-
ta e claudicante, num assalto mais duro que o das trincheiras
em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela gente inútil e
São palavras de significação oposta. frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres bombardeados
durante três meses. Contemplando-lhes os rostos baços, os
Exemplos: arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos em tiras não
- Ordem e anarquia. encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória tão longa-
- Soberba e humildade. mente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele triunfo.
Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente compensa-
- Louvar e censurar.
ção a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de mi-
- Mal e bem. lhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
ou negativo. Exemplos: bendizer/maldizer, simpático/antipáti- passando- lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
co, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, molambos...
ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma
simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós- nupcial. arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças
envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma fealdade,
Questões escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris desnal-
gados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos aos
1. (MPE/SP – Biólogo – VUNESP/2016) peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das mídias crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de ve-
eletrônicas não implica necessariamente harmonia, implica, lhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e mor-
sim, que cada participante das novas mídias terá um envol- tas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
vimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá a (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição Especial. Rio
chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
quiser das informações que conseguir. A aclamada transparên- Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?
cia da coisa pública carrega consigo o risco de fim da priva- a) Armistício – destruição
cidade e a superexposição de nossas pequenas ou grandes b) Claudicante – manco
fraquezas morais ao julgamento da comunidade de que esco- c) Reveses – infortúnios
lhemos participar. d) Fealdade – feiura
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas e) Opilados – desnutridos
em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos
usuários de distinguir essas variações como relevantes no con- Respostas
junto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para 1. Resposta B
achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuá-
rios precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâme- Imiscuir: tomar parte em, dar opinião sobre (algo) que não lhe
tros, aprender a extrair informações relevantes de um conjunto diz respeito; intrometer-se, interferir Embotar: tirar ou perder o
finito de observações e reconhecer a organização geral da rede vigor; enfraquecer(-se).
de que participam.
2. Resposta A
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes so-
Armistício é um acordo formal, segundo o qual, partes envolvi-
ciais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
das em conflito armado concordam em parar de lutar. Não ne-
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
cessariamente é o fim da guerra, uma vez que pode ser apenas
a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar
um cessar-fogo enquanto tenta-se realizar um tratado de paz.
sem conexão no telefone celular”), descrito como a ansieda-
de e o sentimento de pânico experimentados por um número

132
Raciocínio
Lógico

Sumário
1. Estruturas Lógicas .................................................... 2
2. Equações e Funções ................................................. 4
3. Argumentos ............................................................... 5
4. Diagrmas e Esquemas .............................................. 8
5. Conjuntos .................................................................. 9
6. Arranjos Simples ..................................................... 11
7. Permutação Simples ............................................... 13
8. Probabilidade .......................................................... 13
9. Operações com conjuntos ...................................... 18
10. Questões ................................................................. 20
11. Raciocínio Lógico .................................................... 22
12. Questões ................................................................. 24
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Estruturas Lógicas
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 ∧: e , ∨: ou , → : se...então , ↔ : se e somente se , ∼: não
 Exemplos:
 • A lua é quadrada e a neve é branca. : p ∧ q (p e q são cha-
  mados conjunctos)
  • A lua é quadrada ou a neve é branca. : p ∨ q ( p e q são cha-
 mados disjunctos)
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   tecedente e q o consequente)
 • A lua é quadrada se e somente se a neve é branca. : p ↔ q
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
 • SÍMBOLOS AUXILIARES: ( ), parênteses que servem
          para denotar o "alcance" dos conectivos;
          Exemplos:
 • Se a lua é quadrada e a neve é branca então a lua
 não é quadrada. : ((p ∧ q) → ∼ p)
 • A lua não é quadrada se e somente se a neve é bran-
 ca. : ((∼
∼ p) ↔q))
2 Raciocínio Lógico A Opção Certa Para a Sua Realização
1
Pedido N.: 2892359 - Apostila Licenciada para williamrezendelima@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasmais.com.br
Apostila Digital Licenciada para William Rezende - CPF:611.768.506-87 (Proibida a Revenda) - www.apostilasmais.com.br

APOSTILAS OPÇÃO Raciocínio


A Sua Melhor Opção em Concursos Lógico
Públicos
• DEFINIÇÃO DE FÓRMULA:             
1. Toda fórmula atômica é uma fórmula. 
2. Se A e B são fórmulas então (A ∨ B) , (A ∧ B) , (A → B) 
, (A ↔ B) e (∼∼ A) também são fórmulas. Exemplo: a tabela - verdade da fórmula ((p ∧ q) → r) terá 8 li-
3. São fórmulas apenas as obtidas por 1. e 2. . nhas como segue :
Com o mesmo conectivo adotaremos a convenção pela p q r ((p ∧ q) → r )
direita. V V V V V
Exemplo: a fórmula p ∨ q ∧ ∼ r → p → ∼ q deve ser entendida V V F V F
como (((p ∨ q) ∧ (∼
∼ r)) → ( p → (∼
∼ q))) V F V F V
V F F F V
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 
 NOTA: "OU EXCLUSIVO" É importante observar que "ou"
  pode ter dois sentidos na linguagem habitual: inclusivo (dis-
 junção) ∨ ("vel") e exclusivo ∨ ( "aut") onde p ∨q significa ((p ∨ q)
 ∧∼ (p ∧ q)).
 p q ((p ∨ q) ∧ ∼ (p ∧ q))
 V V V F F V
         
V F V V V F
       
F V V V V F

F F F FV F
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
p
V
~p
F 2. 
Tabelas-verdade
F V

Dadas várias proposições simples p, q, r,..., podemos
 
combiná-las pelos conectivos lógicos: ∼ , Λ , V , → , ↔

p q e construir proposições compostas, tais como:
p∧q
P (p, q) = ∼ p V (p →q)
V V V
V F F Q (p, q) = (p ↔ ∼ q) Λq
F V F R (p, q, r) = ( p → ∼ q V r ) Λ ∼ ( q V ( p ↔ ∼ r ) )
F F F
        
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       
p q 
p∨q
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V V V
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F V V 
F F F 
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 
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V V V 
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F F V 
 
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p q p↔q 
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Exemplo: Construir a tabela verdade da fórmula : ((p ∨ q) → ~p) 
→ (q ∧ p)              
p q ((p ∨ q) → ∼p) → (q ∧ p)           
V V V F F V 
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V
V F V F F F
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V
F V V V V F
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F
F F F V V F
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F
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           

           

Raciocínio Lógico 2 A Opção Certa Para a Sua Realização3


Pedido N.: 2892359 - Apostila Licenciada para williamrezendelima@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasmais.com.br
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Públicos
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Arranjos Simples
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Raciocínio Lógico 11
A Opção Certa Para a Sua Realização
10
Pedido N.: 2892359 - Apostila Licenciada para williamrezendelima@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasmais.com.br
Apostila Digital Licenciada para William Rezende - CPF:611.768.506-87 (Proibida a Revenda) - www.apostilasmais.com.br

APOSTILAS OPÇÃO Raciocínio


A Sua Melhor Opção em Concursos Lógico
Públicos
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12
Raciocínio Lógico A Opção Certa Para a Sua Realização
11
Pedido N.: 2892359 - Apostila Licenciada para williamrezendelima@gmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasmais.com.br
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A Sua Melhor Opção em Concursos Lógico
Públicos
n ! + ( n + 1)! 
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(n - 2)!

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7.

Permutação Simples
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         
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8. Probabilidade
PROBABILIDADE

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  
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 
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Raciocínio Lógico 17
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16
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12. Questões

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Questões - Verbal
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Direito
Constitucional
Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um
Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia Oliveira único conjunto de direitos porque não podem ser analisados de
maneira isolada, separada.
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Estado g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se
e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. Mestre em perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre
Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário Eurípi- exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso
des de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. Professora de curso (prescrição).
preparatório para concursos e universitária (Universidade Federal h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti-
de Goiás – UFG e Faculdade do Noroeste de Minas – FINOM). lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento
Autora de diversos trabalhos científicos publicados em revistas para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilí-
qualificadas, anais de eventos e livros, notadamente na área do di- citos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus li-
reito eletrônico, dos direitos humanos e do direito constitucional. mites nos demais direitos igualmente consagrados como humanos.

1) Direitos e deveres individuais e coletivos.


O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai
COM AS ALTERAÇÕES VIGENTES que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran-
ATÉ A PUBLICAÇÃO DO EDITAL: ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados
TÍTULO II - CAPÍTULOS I, II E III no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas
; são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios consti-
tucionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: man-
dado de segurança coletivo).
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga-
rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies 1.1) Direitos e garantias
de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º, Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos direitos
CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), di- e estabelece garantias em prol da preservação destes, bem como
reitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos remédios constitucionais a serem utilizados caso estes direitos e
(artigos 14 a 17, CF). garantias não sejam preservados. Neste sentido, dividem-se em
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos direitos e garantias as previsões do artigo 5º: os direitos são as
direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º, disposições declaratórias e as garantias são as disposições asse-
CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encai- curatórias.
xam na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direi-
sociais se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos, to e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
sociais e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão.
Contudo, a enumeração de direitos humanos na Constituição vai Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual,
além dos direitos que expressamente constam no título II do texto artística, científica e de comunicação, independentemente de cen-
constitucional. sura ou licença.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características
principais: O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a veda-
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece- ção de censura ou exigência de licença. Em outros casos, o legisla-
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas dor traz o direito num dispositivo e a garantia em outro: a liberdade
perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen- de locomoção, direito, é colocada no artigo 5º, XV, ao passo que o
sões de direitos. dever de relaxamento da prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia,
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to- se encontra no artigo 5º, LXV1.
dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º Em caso de ineficácia da garantia, implicando em violação de
aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios
direitos humanos. constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem garantias propriamente ditas apenas de direitos.
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego-
ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia 1.2) Brasileiros e estrangeiros
uma limitação do princípio da autonomia privada. O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros
renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é
destes direitos para a dignidade da pessoa humana. apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os direi-
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar tos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites
de ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos da soberania do país.
das autoridades públicas, sob pena de nulidades. 1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên-
cia.

Didatismo e Conhecimento 1

2
Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
(ainda que não resida no país). vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas. termos seguintes [...].
A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição
de cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso:
políticos.
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e
1.3) Relação direitos-deveres obrigações, nos termos desta Constituição.
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deve- Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igual-
res entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo, dade de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção
o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos sexo feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher
fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon- possuem os mesmos direitos e obrigações.
dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do
fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício que a igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla.
por parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre re- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de inter-
lativos. pretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia dado a este direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primei-
de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o ra dimensão, no sentido de que a todas as pessoas deveriam ser
‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um di- garantidos os mesmos direitos e deveres. Trata-se de um aspecto
reito fundamental corresponde um dever por parte de um outro ti- relacionado à igualdade enquanto liberdade, tirando o homem do
tular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos arbítrio dos demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria
fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste se falando na igualdade perante a lei.
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não
um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental bastava igualar todos os homens em direitos e deveres para torná-
conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço -los iguais, pois nem todos possuem as mesmas condições de exer-
de direitos conferidos às outras pessoas. cer estes direitos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um di-
reito à igualdade formal, mas é preciso buscar progressivamente
1.4) Direitos e garantias em espécie a igualdade material. No sentido de igualdade material que apa-
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput: rece o direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-se
do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem executar a lei, uma postura de promoção de políticas governamen-
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e tais voltadas a grupos vulneráveis.
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei
termos seguintes [...]. a todas as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade ma-
terial, correspondendo à necessidade de discriminações positivas
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos princi- com relação a grupos vulneráveis da sociedade, em contraponto à
pais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra igualdade formal.
o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos
individuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liber- Ações afirmativas
dade, igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que
delimitam vários direitos e garantias que se enquadram em algu- são políticas públicas ou programas privados criados temporaria-
ma destas esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas mente e desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigual-
específicas que ganham também destaque no texto constitucional, dades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência
quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais- econômica ou física, por meio da concessão de algum tipo de van-
-penais. tagem compensatória de tais condições.
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma
sociedade pluralista, a condição de membro de um grupo especí-
- Direito à igualdade
fico não pode ser usada como critério de inclusão ou exclusão de
Abrangência
benefícios. Ademais, afirma-se que elas desprivilegiam o critério
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti-
republicano do mérito (segundo o qual o indivíduo deve alcançar
tuinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade:
determinado cargo público pela sua capacidade e esforço, e não
por pertencer a determinada categoria); fomentariam o racismo e
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teo- o ódio; bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
ria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. discriminação reversa.

Didatismo e Conhecimento 2

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende Art. 1º Constitui crime de tortura:
que elas representam o ideal de justiça compensatória (o objetivo é I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
compensar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma com- ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
pensação aos negros por tê-los feito escravos, p. ex.); representam o a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão
ideal de justiça distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. da vítima ou de terceira pessoa;
Busca-se uma concretização do princípio da igualdade material); b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
bem como promovem a diversidade. c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadeira II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção espe- com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri-
cial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portadores mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal
de deficiência, entre outras medidas que atribuam a pessoas com di- ou medida de caráter preventivo.
ferentes condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando Pena - reclusão, de dois a oito anos.
suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurisprudência,
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações afirmativas são
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental,
válidas.
por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não re-
sultante de medida legal.
- Direito à vida
Abrangência § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de de-
direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno do tenção de um a quatro anos.
qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo refle- § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
xos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí existir ma, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte,
uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo a reclusão é de oito a dezesseis anos.
que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o I - se o crime é cometido por agente público;
primeiro valor moral inerente a todos os seres humanos4. II – se o crime é cometido contra criança, gestante, porta-
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/ dor de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte, eu- III - se o crime é cometido mediante sequestro.
tanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito de § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade física, emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem prazo da pena aplicada.
como a garantia de recursos que permitam viver a vida com digni- § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de gra-
dade. ça ou anistia.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos incisos § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos mais hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime
discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no direito à fechado.
vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto de anen-
céfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, eutanásia, etc. - Direito à liberdade
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
Vedação à tortura direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem.
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a vedação
da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no inciso
Liberdade e legalidade
III do artigo 5º:
Prevê o artigo 5º, II, CF:
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a tra-
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
tamento desumano ou degradante.
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex-
pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tópico O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inci-
anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº 9.455, so, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou dei-
de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras provi- xar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine.
dências, destacando-se o artigo 1º: Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade
para agir como considerar conveniente.
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação
In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
é lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente estabele-
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Co-
cer como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como
mentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
15.

Didatismo e Conhecimento 3

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Liberdade de pensamento e de expressão Liberdade de crença/religiosa
O artigo 5º, IV, CF prevê: Dispõe o artigo 5º, VI, CF:

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sen- Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e
do vedado o anonimato. de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religio-
sos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensa- e a suas liturgias.
mento e da liberdade de expressão.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal, Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem
“o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formula entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião
juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se
de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a li- realizar em locais próprios.
vre manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos,
chamado direito de opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade
o direito de ter uma opinião, depois o de expressá-la. de crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização re-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen- ligiosa.
samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra na
ou política: liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberda-
de de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito)
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo- de mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião
tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal- alguma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser
vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. de embaraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer
crença. A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de
Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu- praticar os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense em público, bem como a de recebimento de contribuições para
diferente, é preciso respeitar tal posicionamento. tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa refere-se à
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limita- possibilidade de estabelecimento e organização de igrejas e suas
do. Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de relações com o Estado.
atribuir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, per- Como decorrência do direito à liberdade religiosa, assegu-
mitindo eventuais responsabilizações por manifestações que con- rando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
trariem a lei.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec- internação coletiva.
tual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença. O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisio-
nais civis e militares, mas também a hospitais.
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão, Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa
referente de forma específica a atividades intelectuais, artísticas, o direito à escusa por convicção religiosa:
científicas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas,
a exigência de licença para a manifestação do pensamento, bem Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
como veda-se a censura prévia. motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul- lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
gação e o acesso a informações como modo de controle do poder. a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
A censura somente é cabível quando necessária ao interesse públi- fixada em lei.
co numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação
de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado. Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exem-
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização plo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar,
(artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em
teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida- crença religiosa ou convicção filosófica/política, caso em que
de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício será obrigado a cumprir uma prestação alternativa, isto é, uma
da liberdade de expressão. outra atividade que não contrarie tais preceitos.

5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

Didatismo e Conhecimento 4

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Liberdade de informação mulados” (administrativa e, principalmente, judicialmente) ou
O direito de acesso à informação também se liga a uma “impõe restrições e/ou condições para a formulação de petição”,
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo traz a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e faz
5º, XIV, CF: proliferar as desigualdades e as injustiças.
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à infor- plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias re-
mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao prográficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregu-
exercício profissional. laridades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar
clara a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões,
Trata-se da liberdade de informação, consistente na liber- trouxe a letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no
dade de procurar e receber informações e ideias por quaisquer sentido do direito de obter certidões ser dissociado do direito de
meios, independente de fronteiras, sem interferência. petição.
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de
forma que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exterio- Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade
rização da liberdade de pensamento: não basta poder manifestar dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interes-
o seu próprio pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para se social o exigirem.
tanto, há necessidade de se garantir o acesso ao pensamento ma-
nifestado para a sociedade. Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de to- quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal
dos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a res- de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interesse
peito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas
meios de comunicação imparciais e não monopolizados (artigo pela publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação
220, CF). No entanto, nem sempre é possível que a imprensa da liberdade de informação.
divulgue com quem obteve a informação divulgada, sem o que a
segurança desta poderia ficar prejudicada e a informação inevi- Liberdade de locomoção
tavelmente não chegaria ao público. Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º,
Especificadamente quanto à liberdade de informação no XV, CF:
âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas previsões.
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór- nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. país em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar
tal liberdade em prol da segurança). A liberdade de sair do país
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 não significa que existe um direito de ingressar em qualquer outro
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. país, pois caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar
5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Informação. tal entrada.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade.
Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos au-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- torizados pela própria Constituição Federal. A despeito da norma-
dentemente do pagamento de taxas: tiva específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida.
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, sal-
pessoal. vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusá-
vel de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre
observar que o direito de petição deve resultar em uma mani- Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal
festação do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo de de- seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra
limitação dos direitos e obrigações que regulam a vida social e, da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação
desta maneira, quando “dificulta a apreciação de um pedido que alimentícia.
um cidadão quer apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe
o acesso à Justiça); “demora para responder aos pedidos for-

Didatismo e Conhecimento 5

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Liberdade de trabalho Neste sentido, associações são organizações resultantes da re-
O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, união legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade
XIII, CF: jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperativas
são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção de
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho, vantagens comuns em suas atividades econômicas.
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
lei estabelecer.
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso-
O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi- riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a
aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso
e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina. o trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine,
pois antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e
Liberdade de reunião
permitir que a associação continue em funcionamento. Contudo,
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
a decisão judicial pode suspender atividades até que o trânsito em
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, julgado ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial.
sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de Em destaque, a legitimidade representativa da associação
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso
à autoridade competente. Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
pressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na filiados judicial ou extrajudicialmente.
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal
reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Trata-se de caso de legitimidade processual extraordiná-
Imagine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exem- ria, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s)
plo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o A liberdade de associação envolve não somente o direito de
prévio aviso do poder público para que ele organize o policiamen- criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não as-
to e a assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas sociar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF:
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de ar-
mas, totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a asso-
embora a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo ciar-se ou a permanecer associado.
Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse uti-
lizada). - Direitos à privacidade e à personalidade

Liberdade de associação Abrangência


No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, Prevê o artigo 5º, X, CF:
CF:
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida priva-
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
da, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde-
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
nização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pe-
renidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo dispo-
forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na for- sitivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
mação de um grupo organizado que se mantém por um período de Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao
tempo considerável, dotado de estrutura e organização próprias. abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci-
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami-
ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de gos –, Silva7 entende que “o segredo da vida privada é condição
realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber- personalidade em si.
dade de associação. A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade,
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível
ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da há um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais
lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
interferência estatal em seu funcionamento. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

Didatismo e Conhecimento 6

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
restrito e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecida-
das Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importa- mente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento;
da do direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a b) a certidão de óbito.
proteção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela
intimidade, pela vida privada, e pela publicidade). O reconhecimento do marco inicial e do marco final da per-
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois anterio- sonalidade jurídica pelo registro é direito individual, não depen-
res, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si dendo de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar
(honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros de uma pessoa sem condições a elaboração de documentos para
(honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. que ela seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas in-
O direito à imagem também possui duas conotações, podendo ser centivaria a indigência dos menos favorecidos.
entendido em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica
da pessoa, por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em Direito à indenização e direito de resposta
sentido subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultiva- Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à
das pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8. personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instru-
mentos, o direito à indenização e o direito de resposta, conforme
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência as necessidades do caso concreto.
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabili- Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
dade do domicílio e o sigilo das correspondências e comunica-
ções. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor-
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: cional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, “A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es-
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício
indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsa-
entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL- bilidade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de
QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância
flagrado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou de- e controle da matéria que divulga”9.
sastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se
(morador teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram
SOMENTE DURANTE O DIA por determinação judicial. publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mes-
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, mo quando for garantido o direito de resposta não é possível
prevê o artigo 5º, XII, CF: reverter plenamente os danos causados pela manifestação ilí-
cita de pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência indenização.
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipó- dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser in-
teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação dividual ou coletivo, moral ou material, econômico e não eco-
criminal ou instrução processual penal. nômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material
O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente
regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. e indenizado.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que
Personalidade jurídica e gratuidade de registro visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial
Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a contido nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade
lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de per- corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os senti-
sonalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, mentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa
consiste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. (como o nome, a capacidade, o estado de família)”10.
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessário Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código
o registro. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao Civil:
exercício de direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade
aos que não tiverem condição de com ele arcar.
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São
Paulo: Malheiros, 2011.
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitu- 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Bue-
cional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. nos Aires: Astrea, 1982.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad- Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função
ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di- social.
vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação,
a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser consi-
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que derada como um direito individual nem como instituição do direito
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não
ou se se destinarem a fins comerciais. mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando-
-se seu conceito e significado, especialmente porque os princípios
- Direito à segurança da ordem econômica são preordenados à vista da realização de
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se- da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e ademais, tem que atender a sua função social, fica vinculada à con-
mental, até a própria segurança jurídica. secução daquele princípio”.
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada
direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que
de agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida. a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de di- propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na
reitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado
destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito indi- pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do
vidual fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumi- ser humano.
dade física ou moral)”. A Constituição Federal delimita o que se entende por função
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o social:
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquiri- executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes ge-
do, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. rais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi-
mento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da seus habitantes.
lei.
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câmara
Brasileiro: Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habi-
tantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, expansão urbana.
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada. Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua fun-
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a ção social quando atende às exigências fundamentais de ordena-
lei vigente ao tempo em que se efetuou. ção da cidade expressas no plano diretor13.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu ti-
tular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a proprie-
do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
inalterável, a arbítrio de outrem. exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial I - aproveitamento racional e adequado;
de que já não caiba recurso. II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;
- Direito à propriedade III - observância das disposições que regulam as relações de
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do trabalho;
direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e
em alguns incisos que o seguem. dos trabalhadores.

Função social da propriedade material Desapropriação


O artigo 5º, XXII, CF estabelece: No caso de desrespeito à função social da propriedade cabe até
mesmo desapropriação do bem, de modo que pode-se depreender
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade. do texto constitucional duas possibilidades de desapropriação: por
desrespeito à função social e por necessidade ou utilidade pública.
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o princi-
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
pal fator limitador deste direito: 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
13 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi- para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação
vo... Op. Cit., p. 437. dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapropria- Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
ção por desatendimento à função social: procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro-
cesso judicial de desapropriação.
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público municipal,
mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, A desapropriação por utilidade ou necessidade pública deve se
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edi- dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. O Decreto-lei
ficado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o procedimento e concei-
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: tuando utilidade pública, em seu artigo 5º:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos de
progressivo no tempo; utilidade pública:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dí- a) a segurança nacional;
vida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Fe- b) a defesa do Estado;
deral, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, c) o socorro público em caso de calamidade;
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os d) a salubridade pública;
juros legais14. e) a criação e melhoramento de centros de população, seu
abastecimento regular de meios de subsistência;
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mine-
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja rais, das águas e da energia hidráulica;
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza- g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, ca-
ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do sas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do se- h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
gundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei15. i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logra-
douros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcela-
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias serão mento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização
indenizadas em dinheiro. econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de
distritos industriais;
No que tange à desapropriação por necessidade ou utilidade j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e
artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais,
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in- aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de
teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;
ressalvados os casos previstos nesta Constituição. l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, do-
cumentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemo-
rativos e cemitérios;
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso
serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: científica, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de
interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a Um grande problema que faz com que processos que tenham a
propor a ação de desapropriação. desapropriação por objeto se estendam é a indevida valorização do
imóvel pelo Poder Público, que geralmente pretende pagar valor
muito abaixo do devido, necessitando o Judiciário intervir em prol
da correta avaliação.
14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel ur-
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela qual há
bano por desatendimento à função social é necessário tomar duas providên- a destinação de um bem expropriado (desapropriação) a finalidade
cias, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação compulsórios; depois, diversa da que se planejou inicialmente. A tredestinação pode ser
o estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana lícita ou ilícita. Será ilícita quando resultante de desvio do propó-
progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineficazes, parte-se para a sito original; e será lícita quando a Administração Pública dê ao
desapropriação por desatendimento à função social. bem finalidade diversa, porém preservando a razão do interesse
15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função público.
social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por ne-
cessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamento
constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se em
títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto o dinhei-
ro.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Política agrária e reforma agrária § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
Enquanto desdobramento do direito à propriedade imóvel agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
e da função social desta propriedade, tem-se ainda o artigo 5º, § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de
XXVI, CF: reforma agrária.

Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim de- As terras devolutas e públicas serão destinadas conforme a
finida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (artigo 188,
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi- caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a concessão, a qualquer
dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen-
desenvolvimento. tos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta
pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional”,
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena salvo no caso de alienações ou concessões de terras públicas para
propriedade será assegurado que permaneça com ela e a torne mais fins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
produtiva. Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, mu-
A preservação da pequena propriedade em detrimento dos lheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão negociar seus
grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-guias da títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).
regulamentação da política agrária brasileira, que tem como prin- Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ou o
cipal escopo a realização da reforma agrária. arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se en- estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização
contra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: do Congresso Nacional” (artigo 190, CF).

Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente o volume Usucapião


total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de re- Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade
cursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. que decorre da posse prolongada por um longo tempo, preenchi-
dos outros requisitos legais. Em outras palavras, usucapião é uma
situação em que alguém tem a posse de um bem por um tempo
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, esta-
longo, sem ser incomodado, a ponto de se tornar proprietário.
duais e municipais as operações de transferência de imóveis desa-
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade mediante
propriados para fins de reforma agrária.
posse prolongada no tempo – usucapião – em casos específicos,
denominados usucapião especial urbana e usucapião especial ru-
Como a finalidade da reforma agrária é transformar terras im-
ral.
produtivas e grandes propriedades em atinentes à função social,
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião espe-
alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela reforma
cial urbana:
agrária:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins de duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininter-
reforma agrária: ruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprie-
lei, desde que seu proprietário não possua outra; tário de outro imóvel urbano ou rural.
II - a propriedade produtiva. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à pro- ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
priedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos re- civil.
quisitos relativos a sua função social. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187: § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e executada Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública,
na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produ- pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi-
ção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos sitos específicos:
setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localização,
levando em conta, especialmente: área urbana é a que está dentro do perímetro urbano. Pela teoria da
I - os instrumentos creditícios e fiscais; destinação, mais importante que a localização é a sua utilização.
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a ga- Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e estiver dentro do perímetro
rantia de comercialização; urbana, o imóvel é rural. Para fins de usucapião a maioria diz que
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; prevalece a teoria da localização.
IV - a assistência técnica e extensão rural; b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse maior isolar
V - o seguro agrícola; área de 250m² e ingressar com a ação? A jurisprudência é pacífica
VI - o cooperativismo; que a posse desde o início deve ficar restrita a 250m². Predomina
VII - a eletrificação rural e irrigação; também que o terreno deve ter 250m², não a área construída (a área
VIII - a habitação para o trabalhador rural. de um sobrado, por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição Federal Direito sucessório
de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de 05 de outubro de O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro-
1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro do limite da usucapião priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX
urbana? Predominou que só corria o prazo a partir da criação do e XXXI, CF:
instituto, não só porque antes não existia e o prazo não podia cor-
rer, como também não se poderia prejudicar o proprietário. Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, é pre-
ciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao longo de Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros si-
todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, não cabe acessio tuados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do
temporis por cessão da posse. cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Brasil. favorável a lei pessoal do de cujus.
O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se alguém não quiser
a usucapião, prova o contrário. Este requisito é verificado no mo- O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido
mento em que completa 5 anos. a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa
Em relação à previsão da usucapião especial rural, destaca-se que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, con-
o artigo 191, CF: forme a vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição
estabelece uma disciplina específica para bens de estrangeiros si-
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel tuados no Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao côn-
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, juge e filhos brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil
sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cin- ou do país estrangeiro).
quenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Direito do consumidor
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
por usucapião.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública,
pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par-
sitos específicos:
tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e
a) Imóvel rural
serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequada,
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que estabe-
impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se aproveite
lece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da Terra). É pos-
de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnerabili-
sível usucapir áreas menores que o módulo rural? Tem prevalecido dade técnica do consumidor.
o entendimento de que pode, mas é assunto muito controverso. O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re-
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de outubro cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi
de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área é de até 25 promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setem-
hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes da CF/88. Se bro de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de
área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. 1988, que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposi-
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar na ções Constitucionais Transitórias:
área rural.
e) Nenhum outro imóvel. Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a área vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de
produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labore”. Depen- defesa do consumidor.
derá do caso concreto.
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um
Uso temporário grande passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técni-
propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação, co daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado serviço,
mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF: enquanto consumidor.

Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a Propriedade intelectual
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, Além da propriedade material, o constituinte protege também
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XXVII, XX-
VIII e XXIX, CF:
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusivo
capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmis-
o do indivíduo proprietário. sível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: - Direitos de acesso à justiça
a) a proteção às participações individuais em obras cole- A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se
tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas
atividades desportivas; de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos com a evolução do Direito moderno conforme implementadas as
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associati- bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a
vas; emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das
premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como em todas as ondas).
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu uma onda
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se da
o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico prestação sem interesse de remuneração por parte dos advogados
do País. e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a pres-
tação da assistência pelo Estado.
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth18, veio
deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o patri- a onda de superação do problema na representação dos interesses
monial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº 9.610, difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo
de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos autorais, isto restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur-
é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”. gimento de novas instituições, como o Ministério Público.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras inte- Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira onda
lectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos de consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de aces-
obras de natureza literária, artística ou científica; as conferências, so à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanismos,
sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas e televisi- pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque encoraja
vas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; programas a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo al-
de computador; coletâneas e enciclopédias; entre outras. terações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie-
ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei-
modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou
vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in-
desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de
formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia
circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos
de representação judicial”.
41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos
primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último
podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciá-
coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da rio e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam
obra se esta for de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, por buscá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes
sua vez, abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre a repro- forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à
dução, edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira
de dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo que justa e célere.
estas modalidades de utilização podem se dar a título oneroso ou Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a
gratuito. Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyright
(direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Po-
alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a per- der Judiciário lesão ou ameaça a direito.
missão a terceiros de utilização de criações artísticas é direito do
autor. [...] A proteção constitucional abrange o plágio e a con- O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de
trafação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela difusão de Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin-
obra criada ou produzida por terceiros, como se fosse própria, a cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela
segunda configura a reprodução de obra alheia sem a necessária estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que
permissão do autor”16. uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os
requisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independente-
mente de haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tra-
dução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor,
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria 1998, p. 31-32.
geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa 18 Ibid., p. 49-52
do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 19 Ibid., p. 67-73

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que julgam
tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco- os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser julgado
nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados, no caso
de determinados crimes que por sua natureza possuem fortes fato-
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica res de influência emocional.
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recur- Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe-
sos. sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa
assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrativos.
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po- Sigilo das votações envolve a realização de votações secretas,
der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual, preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho que
incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII irá julgar o ato praticado.
ao artigo 5º da Constituição: A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a sobe-
rania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados, não
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para que seja
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão recorrida,
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princípio do du-
plo grau de jurisdição.
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso à Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos
justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve (em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção do
acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu- resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzimento,
rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua competência
dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali- não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Constituição
zação da justiça no caso concreto. (artigos 29, X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
- Direitos constitucionais-penais
Anterioridade e irretroatividade da lei
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten-
ciado senão pela autoridade competente”, consolida o princípio
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer
praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da legali-
previamente daquele que a julgará no processo em que seja par-
dade (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei
te, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria
específica do caso antes mesmo do fato ocorrer. que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio
da anterioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se defina.
no artigo 5º, XXXVII, CF: Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o
artigo 5º, XL, CF:
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
ceção. Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be-
neficiar o réu.
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le- O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anteriori-
gítimo pela Constituição do país. dade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um fato
como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.: pena de
Tribunal do júri detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele ocorra;
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do
5º, XXXVIII, CF: rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (diminuindo
a pena ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da irretroati-
organização que lhe der a lei, assegurados: vidade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade da lei penal
a) a plenitude de defesa; mais benéfica.
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con-
tra a vida.

Didatismo e Conhecimento 13

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Menções específicas a crimes Personalidade da pena
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV, CF:

Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten- Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do
tatória dos direitos e liberdades fundamentais. condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí- aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas patrimônio transferido.
discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte
entendeu por bem prever tratamento específico a certas práticas O princípio da personalidade encerra o comando de o crime
criminosas. ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a úni-
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: ca pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça
se fosse possível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem:
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime ina- caso contrário, a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, al-
fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos cançaria inocentes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e
da lei. faleceu, este patrimônio responderá pelas repercussões financeiras
do ilícito.
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes re-
sultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe Individualização da pena
fiança (pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não A individualização da pena tem por finalidade concretizar o
se aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão de se pro- princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de-
cessar/punir uma pessoa pelo decurso do tempo). vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente.
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: A primeira menção à individualização da pena se encontra no
artigo 5º, XLVI, CF:
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos pena e adotará, entre outras, as seguintes:
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os a) privação ou restrição da liberdade;
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. b) perda de bens;
c) multa;
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ter- d) prestação social alternativa;
mos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue e) suspensão ou interdição de direitos.
totalmente a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem a
punibilidade, podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge cri- Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser
mes políticos, a graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório,
ser concedida pelo Poder Legislativo, a graça e o indulto são de evitando-se a padronização a sanção penal. A individualização da
competência exclusiva do Presidente da República; a anistia pode pena significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as carac-
ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação terísticas do agente e do delito.
irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com
da sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem a maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consis-
punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na anistia; tente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um
graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é co- determinado tempo.
letivo e espontâneo. A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa-
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que trimônio do indivíduo delituoso.
o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas
tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de li-
nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não berdade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal.
aceitam fiança. Por seu turno, a individualização da pena deve também se fa-
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: zer presente na fase de sua execução, conforme se depreende do
artigo 5º, XLVIII, CF:
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e impres-
critível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabeleci-
ordem constitucional e o Estado Democrático. mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
sexo do apenado.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do de- cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
lito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. trabalho deve se aproximar da realidade do mundo externo, será
Infelizmente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir remunerado; além disso, condições de dignidade e segurança do
tal diretiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de proteção,
prisões. Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para deverão ser respeitados.
cumprimento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo,
prisões costumam ser exclusivamente para homens ou para mu- Respeito à integridade do preso
lheres. Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Também se denota o respeito à individualização da pena nes-
ta faceta pelo artigo 5º, L, CF: Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à in-
tegridade física e moral.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condi-
ções para que possam permanecer com seus filhos durante o pe- Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do pre-
ríodo de amamentação. so é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão
Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em
primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos de-
condição peculiar da presa que possui filho no período de ama-
sumanos e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução
mentação, mas também se preserva a dignidade da criança, não
da pena.
a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo a
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
formação de vínculo pela amamentação.
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será sub-
Vedação de determinadas penas metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de pe- lei.
nas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas: identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sen-
do art. 84, XIX; do assim, violaria a integridade moral.
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
d) de banimento; Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
e) cruéis.
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade, seus bens sem o devido processo legal.
pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que
atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a consti- Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser
tuição físico-psíquica dos condenados”20 . respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o cons- Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente
tituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos a legislação vigente, sob pena de nulidade processual.
casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o prin- Surgem como corolário do devido processo legal o contra-
cípio da anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a ditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os
pena de morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamen- garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF:
to brasileiro, este papel é cumprido pelo Código Penal Militar
(Decreto-Lei nº 1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou ad-
ministrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contra-
executada por fuzilamento nos casos tipificados em seu Livro II,
ditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
que aborda os crimes militares em tempo de guerra.
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir-
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se
cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados,
deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
de banimento e cruéis. assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante,
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra- o devido processo legal tem sua faceta material que consiste na
balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à tomada de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoa-
dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O traba- bilidade e da proporcionalidade.
lho é obrigatório, dentro das condições do apenado, não podendo
ser cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do con-
denado; como o trabalho não existe independente da educação,
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed.
São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Vedação de provas ilícitas Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local
Conforme o artigo 5º, LVI, CF: onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos. Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus
direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157 com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII,
do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou CF:
legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material,
constitucional ou legal, no momento da sua obtenção. São veda- Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos,
das porque não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
para fazê-lo cumprir: seria paradoxal. assistência da família e de advogado.

Presunção de inocência Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:


Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial.
trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do de-
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim vidas nas práticas destes atos procedimentais.
decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais. Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que
a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que
Ação penal privada subsidiária da pública assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela-
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de xada pela autoridade judiciária.
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do
A chamada ação penal privada subsidiária da pública encon- artigo 5º, LXVI, CF:
tra respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder
público na atividade de persecução criminal não será ignorada, Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
fornecendo-se instrumento para que o interessado a proponha. mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança.
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao prin-
em relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser
ato que vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri-
é vedada em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos são preventiva ou temporária.
fundamentais implicam na tipificação penal, autorizando a restri-
ção da liberdade daquele que assim agiu. Indenização por erro judiciário
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en-
contra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por
diciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixa-
crime propriamente militar, definidos em lei. do na sentença.

Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul-
(necessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tem- gamento de um processo criminal, resultando em condenação de
porário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independente alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também
do trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última indenizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi con-
pela irreversibilidade da condenação). denada a cumprir.
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz
e à família ou pessoa indicada pelo preso:

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DIREITO CONSTITUCIONAL
1.5) Direitos fundamentais implícitos 1.7.1) Habeas corpus
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal: No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui-
ção em seu artigo 5º, LXVIII:
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
que a República Federativa do Brasil seja parte. coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder.
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ex-
pressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII,
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não CF.
taxativo. a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215,
foi o primeiro documento a mencionar este remédio e o Habeas
1.6) Tribunal Penal Internacional Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo-
comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribu- constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi uti-
nal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. lizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de
lesão ao direito de ir e vir.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi pro- c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predomi-
mulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de nantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a
2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17 restrição arbitrária da liberdade.
de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação
Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gra- ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repres-
vidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI). sivo, para quando ameaça já tiver se materializado.
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdi- e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em
ção é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (ar-
processo e julgamento de violações contra indivíduos; e, distinta- tigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente
mente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruan- é aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de locomo-
da, criados para analisarem crimes cometidos durante esses con- ção. As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa.
flitos, sua jurisdição não está restrita a uma situação específica”21. f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou pri-
Resume Mello22: “a Conferência das Nações Unidas sobre a vado.
criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma, g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen-
em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de
em Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a) Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual;
crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impe-
guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a de- tra no Tribunal de Justiça.
finição da convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP:
são citados: assassinato, escravidão, prisão violando as normas in-
ternacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prosti- Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando
tuição forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais
internacional, destruição de bens não justificada pela guerra, de- tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação
portação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”. não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessa-
do o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém
1.7) Remédios constitucionais admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI
Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta
que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto a punibilidade.
constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos-
trar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có-
o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie digo de Processo Penal.
de ação para uma forma de violação.

21 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Di-


reito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
22 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacio-
nal Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
1.7.2) Habeas data c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: independente da natureza do ato impugnado (administrativo, juris-
dicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consu-
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entida- mado o abuso/ilegalidade.
des governamentais ou de caráter público; b) para a retificação e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demons-
de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ju- trado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade
dicial ou administrativo. de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
procedimento.
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º, f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo
LXXVII, CF). não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira,
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos desperso-
1974. nalizados e universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais cons- g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser auto-
tantes de registros ou bancos de dados de entidades governamen- ridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui-
tais ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (cor- ções do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09,
reção). preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela que tenha
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua
a informações pessoais. prática”.
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangei- h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora.
ra, ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratando- i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agosto
-se de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da pes- de 2009.
soa que a propõe. j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Ad-
ministração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como 1.7.4) Mandado de segurança coletivo
instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas presta- A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com
dores de serviços de interesse público que possuam dados relativos mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX:
à pessoa do impetrante.
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constituição, Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode
do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior Tribunal ser impetrado por: a) partido político com representação no Con-
de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Federais (art. gresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109, VIII). associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de no- menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou as-
vembro de 1997. sociados.
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
a) Origem: Constituição Federal de 1988.
1.7.3) Mandado de segurança individual b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e certo
Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX: relacionado a interesses transindividuais (individuais homogêneos
ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa, pertencente
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança a partidos políticos e determinadas associações.
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade independente da natureza do ato, de caráter coletivo.
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal
instituto não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme
a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna de- posicionamento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil
corrente da sistemática do habeas corpus e das liminares posses- individualização, fica improvável a verificação da ilegalidade ou
sórias. do abuso do poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza nº 12.016/09).
subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina
ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de partido
lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder. político com representação no Congresso Nacional, bem como de
São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces- constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em
so ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante, defesa de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus
constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover- interesses ou de seus membros.
namentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
específicos.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo, 1.7.6) Ação popular
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do gru- Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
po ou categoria substituídos pelo impetrante.
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispen- Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
dência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patri-
não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a mônio público ou de entidade de que o Estado participe, à mora-
desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) lidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio históri-
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança co e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
coletiva. custas judiciais e do ônus da sucumbência.
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá
ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa a) Origem: Constituição Federal de 1934.
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia,
72 (setenta e duas) horas. permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública,
ou seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transin-
1.7.5) Mandado de injunção
dividuais.
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerroga- e ao patrimônio histórico e cultural
tivas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele na-
cional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, di-
proposto o mandado de injunção são a existência de norma cons- reta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide
titucional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades com a coisa pública.
constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe- f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato
rania e à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, im- ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65).
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho
em questão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador de 1965.
brasileiro de não regulamentar as normas de eficácia limitada para h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
que elas não sejam aplicáveis.
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a re- 1.8) Direitos humanos, tratados internacionais de prote-
gulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada. ção aos direitos humanos e repercussão no Direito brasileiro
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estran- Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po-
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
fundamental não materializável por omissão legislativa do Poder em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
público, bem como o Ministério Público na defesa de seus inte- Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi-
resses institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que
jurídicas de direito público. exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou
d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a ela- multilateral, com posterior assinatura do Presidente da Repúbli-
boração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente ca), submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
dará referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tra-
do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas,
tado (confirmação da obrigação perante a comunidade internacio-
do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superio-
nal) e a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Execu-
res, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF);
tivo23. Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham
federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos da por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça internacional de direitos humanos.
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Fe- O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária
deral (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos di-
as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas reitos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia
corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de in- dos direitos humanos, como reconhecido pela doutrina e juris-
junção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, prudência majoritários na época. “O princípio da primazia dos
frente aos entes a ele vinculados. direitos humanos nas relações internacionais implica em que o
e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº 12.016/09, Brasil deve incorporar os tratados quanto ao tema ao ordenamento
não havendo lei específica. interno brasileiro e respeitá-los. Implica, também em que as nor-
23 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Pri-
são Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
mas voltadas à proteção da dignidade em caráter universal devem Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social de
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a outras Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª dimen-
normas”24. são, notadamente conhecidos como direitos econômicos, sociais
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem prestações
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que referem-se
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da à postura de abstenção estatal), ou seja, políticas estatais que
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma- visem consolidar o princípio da igualdade não apenas formal-
téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan- mente, mas materialmente (tratando os desiguais de maneira
to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso desigual).
não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos. que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa regu-
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº lamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Títu-
45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de lo VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem social, se
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram concentra em trazer normativas mais detalhadas a respeitos de
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a direitos indicados como sociais.
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos 2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais
respectivos membros: Independentemente da categoria de direitos que esteja sen-
do abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sentido me-
Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções internacionais ramente formal, mas necessariamente material. Significa que
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do discriminações indevidas são proibidas, mas existem certas dis-
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos tinções que não só devem ser aceitas, como também se mostram
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti- essenciais.
tucionais. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igual-
dade material assume grande relevância. Afinal, esta categoria
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi- de direitos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol da
tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro, efetivação. Nem todos podem arcar com suas despesas de saú-
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
de, educação, cultura, alimentação e moradia, assim como nem
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional.
todos se encontram na posição de explorador da mão-de-obra,
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi-
sendo a grande maioria da população de explorados. Estas pes-
bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os
soas estão numa clara posição de desigualdade e caberá ao Es-
tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no
tado cuidar para que progressivamente atinjam uma posição de
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re-
igualdade real, já que não é por conta desta posição desfavorável
ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil
que se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal
direitos fundamentais.
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que pa- material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente aperfeiçoa-
ralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a mento da oferta de serviços públicos com qualidade para que
Constituição no ponto controverso). todos os nacionais tenham garantidos seus direitos fundamentais
de segunda dimensão da maneira mais plena possível.
2) Direitos sociais Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas um
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no capítulo papel direto na promoção dos direitos econômicos, sociais e cul-
II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas progra- turais, mas também um indireto, quando por meio de sua gestão
máticas e que necessitam de uma postura interventiva estatal em permite que os indivíduos adquiram condições para sustentarem
prol da implementação. suas necessidades pertencentes a esta categoria de direitos.
Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção
genérica no artigo 6º, CF: 2.2) Reserva do possível e mínimo existencial
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, nota-
Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú- damente porque estão previstos em normas programáticas e por-
de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, que a implementação deles gera um ônus para o Estado. Diferen-
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à temente dos direitos individuais, que dependem de uma postura
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Cons- de abstenção estatal, os direitos sociais precisam que o Estado
tituição. assuma um papel ativo em prol da efetivação destes.
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado de
24 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Pú- palavras promovido pelo constituinte, pode levar à negativa,
blico e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência de uma

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Carta Magna cujas finalidades não condigam com seus pró- do retrocesso merece ser tomada em conceito amplo, abran-
prios prescritos, fato que deslegitima o Poder Público como gendo inclusive decisões judiciais; por outro lado, a decisão
determinador de que particulares respeitem os direitos fun- judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que somente é
damentais, já que sequer eles próprios, os administradores, feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever que aquela
conseguem cumprir o que consta de seu Estatuto Máximo25. decisão judicial não está incorporada na proibição do retroces-
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a so. A questão é polêmica e não há entendimento dominante.
cláusula da reserva do possível como argumento para a não im-
plementação de determinado direito social – seja pela absoluta 2.4) Direito individual do trabalho
ausência de recursos (reserva do possível fática), seja pela au- O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
sência de previsão orçamentária nos termos do artigo 167, CF dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais
(reserva do possível jurídica). tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob
direitos sociais “não pode converter-se em promessa constitu- pena de se incidir em prática de assédio moral).
cional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando
justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substi- Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra des-
tuir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple-
dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamen- mentar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
tal ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado”26. direitos.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possí-
vel, embora viável, não pode servir de muleta para que o Esta- Significa que a demissão, se não for motivada por justa cau-
do não arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, sa, assegura ao trabalhador direitos como indenização compensa-
quando invocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Ju- tória, entre outros, a serem arcados pelo empregador.
diciário que não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos
sociais com o simples argumento de que não há orçamento es- Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desempre-
pecífico para isso – ele deveria ter reservado parcela suficiente go involuntário.
de suas finanças para atender esta demanda.
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do em-
tem por fulcro limitar a discricionariedade político-administra- pregador, o trabalhador que fique involuntariamente desempre-
tiva e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem se- gado – entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha
guidas, sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário em origem num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem di-
prol de sua efetivação. reito ao seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social,
que tem o caráter de assistência financeira temporária.
2.3) Princípio da proibição do retrocesso
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
conquista garantida na Constituição Federal sofra um retroces-
so, de modo que um direito social garantido não pode deixar Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o
de o ser. trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quan-
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo entendi- do o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta
mento predominante as normas do artigo 7º, CF não são cláu- vinculada é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo
sula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for alterada empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado,
normativa sobre direito trabalhista assegurado no referido dis- acrescido de atualização monetária e juros. Com o FGTS, o tra-
positivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se válida (por balhador tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode
exemplo, houve alteração do prazo prescricional diferenciado ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição da casa
para os trabalhadores agrícolas). O que, em hipótese alguma, própria ou da aposentadoria e em situações de dificuldades, que
pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja excluindo uma podem ocorrer com a demissão sem justa causa ou em caso de
categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), algumas doenças graves.
seja diminuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.:
excluindo o ensino médio gratuito). Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacional-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se mente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bá-
uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito social, sicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
ela se torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
Constituição para retirar este avanço? Por um lado, a proibição com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da reali-
dade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se de uma visível norma programática da Constituição Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, consti-
que tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as tuindo crime sua retenção dolosa.
necessidades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesqui-
sa que tomou por parâmetro o preceito constitucional, detectou- Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no
-se que “o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação de re-
de R$ 2.892,47 em abril para que ele suprisse suas necessidades tenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer
básicas e da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de
07, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So- eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ainda mais porque
cioeconômicos (Dieese)”27. qualquer norma penal incriminadora é regida pela legalidade estri-
ta (artigo 5º, XXXIX, CF).
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho. Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja na gestão da empresa, conforme definido em lei.
ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civil,
enfermeiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial, que A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conheci-
é sua garantia de recebimento dentro de seu grau profissional. O da também por Programa de Participação nos Resultados (PPR),
Valor do Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a data está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde
base da categoria, por isso ele é definido em conformidade com um a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador. um bônus, que é ofertado pelo empregador e negociado com uma
comissão de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o em-
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto pregador a fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do depen-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução dente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa
durante uma crise, situações que devem ser negociadas em con- Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo
venção ou acordo coletivo. número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a ida-
de de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independente
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao de carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior ou
mínimo, para os que percebem remuneração variável. igual ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria Inter-
ministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo será de R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em co- para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que receber
missões por venda e metas); de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-família por filho
de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na re- 24,66.
muneração integral ou no valor da aposentadoria.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior
Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador re- compensação de horários e a redução da jornada, mediante acor-
ceba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por do ou convenção coletiva de trabalho.
mês trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário ex-
tra ao trabalhador e ao aposentado no final de cada ano. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno superior
à do diurno. A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração
normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido durante diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia,
a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de 7 mi- poderá a jornada diária de trabalho dos empregados maiores ser
nutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% sobre acrescida de horas suplementares, em número não excedentes a
o valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades ur- duas, no máximo, para efeito de serviço extraordinário, mediante
banas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva ou senten-
horas do dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado noturno ça normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade imperio-
o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às sa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente permitido. A
5:00 horas do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação da
horas do dia seguinte. Constituição Federal, deverá constar, obrigatoriamente, do acordo,
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-deve- convenção ou sentença normativa, e será, no mínimo, 50% (cin-
ria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril quenta por cento) superior à da hora normal.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mu-
realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- lher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
ciação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas
os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvan- estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que
do a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atua- elas são maioria também na população não economicamente ati-
ção da entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para va. Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre ho-
uma interpretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o mens e mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os
fato de que o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- empregadores entendem que eles necessitam de um salário maior
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisiológica para para manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito psicossocial já que que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma
dificulta o convívio em sociedade e com a própria família.
especial.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferen-
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de
cialmente aos domingos.
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro)
horas consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja
domingos, sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou do- rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo in-
méstico. Havendo necessidade de trabalho aos domingos, desde determinado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte,
que previamente autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos tra- através do aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar
balhadores é assegurado pelo menos um dia de repouso semanal a surpresa na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao
remunerado coincidente com um domingo a cada período, depen- empregador o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma
dendo da atividade (artigo 67, CLT). nova colocação no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio
pode ser trabalhado ou indenizado.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com,
pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao traba-
lho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos um terço
ao valor da remuneração normal, com todos os adicionais e bene- Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do
fícios aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses de trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do meio am-
trabalho – denominado período aquisitivo – o empregado terá di- biente do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência
reito a trinta dias corridos de férias, se não tiver faltado injustifica- de agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psí-
damente mais de cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias quica dos trabalhadores.
das férias serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati-
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do em- vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
prego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto,
O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário- trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é pe-
-maternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos
rigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância
recolhimentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalha-
acima do comum. Ainda não há na legislação específica previsão
dora pode sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo
sobre o adicional de penosidade.
que o período de licença é de 120 dias. A Constituição também
São consideradas atividades ou operações insalubres as que
garante que, do momento em que se confirma a gravidez até cinco
meses após o parto, a mulher não pode ser demitida. se desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído con-
tínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados frio, radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações,
em lei. umidade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalu-
bridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, inci-
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es- dente sobre o salário base do empregado (súmula 228 do TST),
tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro- ou previsão mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho,
cessos pós-operatórios. equivalente a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de
grau máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo.

28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental


brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
O adicional de periculosidade é um valor devido ao empre- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho,
gado exposto a atividades perigosas. São consideradas atividades a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
ou operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou méto- obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
dos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposi-
ção permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos ou ener- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do
gia elétrica; e a roubos ou outras espécies de violência física nas assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição de
atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe-
valor do adicional de periculosidade será o salário do empregado cífica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as
acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, em
prêmios ou participações nos lucros da empresa. seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que ocorre
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
unânime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais. do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporá-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. ria, da capacidade para o trabalho.
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador com natureza de tributo que as empresas pagam para custear be-
brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído nefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença ocu-
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos pacional, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota normal é
estipulados nas regras da Previdência Social e tenha atingido as de um, dois ou três por cento sobre a remuneração do empregado,
idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência social é mas as empresas que expõem os trabalhadores a agentes nocivos
considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF. químicos, físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferen-
ciados. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas atual-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e depen- mente o Ministério da Previdência Social pode alterar a alíquota se
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches a empresa investir na segurança do trabalho.
e pré-escolas. Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsabili-
zada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador. Na
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do benefí-
de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que cio previdenciário, assim compreendido como prestação garantida
as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham. pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada com a indenização devida pelo empregador em caso de culpa (res-
a dar auxílio-creche a mulher para que ela pague uma creche para ponsabilidade subjetiva), é pacífica, estando amplamente difundi-
o bebê de até 6 meses. O valor desse auxílio será determinado da na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho;
conforme negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias regis- Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes
tradas não tem obrigação de conceder o benefício. É facultativo das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos
(ela pode oferecer ou não). Existe a possibilidade de o benefício para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. após a extinção do contrato de trabalho.
A duração do auxílio-creche e o valor envolvido variarão confor-
me negociação coletiva na empresa. Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdicio-
nal para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um período
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acor- de tempo que o empregado tem para requerer seu direito na Justiça
dos coletivos de trabalho. do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) anos a
partir do término do contrato de trabalho, atingindo as parcelas re-
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que lativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante
encontra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Cons- a vigência do contrato de trabalho.
tituição. Pelas convenções e acordos coletivos, entidades represen-
tativas da categoria dos trabalhadores entram em negociação com Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de
as empresas na defesa dos interesses da classe, assegurando o res- exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
peito aos direitos sociais; idade, cor ou estado civil.

Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos
forma da lei. na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferença
remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária ou
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem, sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e não é
que pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a equipa-
exercer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma ração salarial judicialmente.
máquina (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador,
deve ser ele qualificado para que possa operá-la).

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação no Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, ob-
tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador servado o seguinte:
de deficiência. I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fun-
dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente,
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na or-
possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode ganização sindical;
ser preterida meramente por conta de sua deficiência. II - é vedada a criação de mais de uma organização sindi-
cal, em qualquer grau, representativa de categoria profissional
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser in-
ferior à área de um Município;
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmen- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses cole-
te relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a tivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais
desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou ou administrativas;
outra categoria. IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tra-
tando de categoria profissional, será descontada em folha, para
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, peri- custeio do sistema confederativo da representação sindical res-
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho pectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado
partir de quatorze anos. a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negocia-
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-se ções coletivas de trabalho;
uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em con- VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
dições desfavoráveis. organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o trabalha- tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
dor com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avul- sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
so. mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à or-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas, ganização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, aten-
mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra, didas as condições que a lei estabelecer.
possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo
empregatício permanente. O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º,
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC CF:
das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, interesses que devam por meio dele defender.
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e dis-
XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabeleci- porá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu-
das em lei e observada a simplificação do cumprimento das obri- nidade.
gações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, da lei.
IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
social. A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o exer-
cício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o
2.5) Direito coletivo do trabalho atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá ou-
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos tras providências. Enquanto não for disciplinado o direito de greve
trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coletiva- dos servidores públicos, esta é a legislação que se aplica, segundo
mente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: associa- o STF.
ção profissional ou sindical, greve, substituição processual, parti- O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
cipação e representação classista29.
A liberdade de associação profissional ou sindical tem escopo Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhado-
no artigo 8º, CF: res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.

29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.


15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar- Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e interna-
tigo 11, CF: cional a previsão do direito de asilo, consistente no direito
de buscar abrigo em outro país quando naquele do qual for
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre- nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição
gados, é assegurada a eleição de um representante destes com não pode ter motivos legítimos, como a prática de crimes co-
a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto muns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações Unidas,
com os empregadores. o que subverteria a própria finalidade desta proteção. Em suma,
o que se pretende com o direito de asilo é evitar a consolidação
3) Nacionalidade de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por parte daque-
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem les que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e os entes
a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um nacio- sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
nal pode adquirir direitos políticos. cometeram tais violações.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe 3.2) Naturalidade e naturalização
a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são
e obrigações. os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: na-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é tos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de
a mesma coisa que população. População é o conjunto de pes- nacionalidade – naturalidade é apenas o local de nascimento,
soas residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residen- nacionalidade é um efetivo vínculo com o Estado.
tes no país e os apátridas. Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto
por ter nascido no território brasileiro quanto por voluntaria-
3.1) Nacionalidade como direito humano fundamental mente se naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor
Os direitos humanos internacionais são completamente con- do artigo 12, CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de
trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo exclusão, é todo aquele que não é nacional brasileiro.
que não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado.
Logo, a nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual a) Brasileiros natos
não pode ser privado de forma arbitrária. Não há privação arbi- Art. 12, CF. São brasileiros:
trária quando respeitados os critérios legais previstos no texto I - natos:
constitucional no que tange à perda da nacionalidade. Em outras a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
palavras, o constituinte brasileiro não admite a figura do apá- que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
trida. de seu país;
Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalida- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da Repú-
de não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito
blica Federativa do Brasil;
de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro,
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
mudando de nacionalidade, por um processo conhecido como
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
naturalização.
ra competente ou venham a residir na República Federativa
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.
maioridade, pela nacionalidade brasileira.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade,
nem do direito de mudar de nacionalidade”.
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atri-
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofun-
buição da nacionalidade primária – nacional nato –, notada-
da-se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma na- mente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido em terri-
cionalidade desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus tório do país independentemente da nacionalidade dos pais; e
solis, explicitando que ao menos a pessoa terá a nacionalidade ius sanguinis, direito de sangue, que não depende do local de
do território onde nasceu, quando não tiver direito a outra nacio- nascimento mas sim da descendência de um nacional do país
nalidade por previsões legais diversas. (critério comum em países que tiveram êxodo de imigrantes).
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa huma- O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no
na. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não território brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais
pode ficar ao mero capricho de um governo, de um governante, estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a
de um poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem serviço de seu país ou de organismo internacional (o que ge-
regras prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios raria um conflito de normas). Contudo, também é possível ser
fundamentais de todo sistema jurídico que se pretenda democrá- brasileiro nato ainda que não se tenha nascido no território bra-
tico. A questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez sileiro.
que é muito séria”30. No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato tam-
30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e bém pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais esti-
XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal ver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88. que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não estiverem a

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
serviço do Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o c) Tratamento diferenciado
nascido do exterior venha ao território brasileiro e aqui resida ou A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura-
que tenha sido registrado em repartição competente, caso em que lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo
poderá, aos 18 anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com 12, § 2º, CF:
a nacionalidade brasileira ou não.
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en-
b) Brasileiros naturalizados tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
II - naturalizados: Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra- não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses de
sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa distinção.
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enu-
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na meradas no parágrafo seguinte.
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-
ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona- Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os car-
lidade brasileira. gos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
A naturalização deve ser voluntária e expressa. II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão III - de Presidente do Senado Federal;
da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão VI - de oficial das Forças Armadas;
da naturalização: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil;
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer-
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo
cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de
esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o
naturalização;
Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo;
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as con-
ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausente,
dições do naturalizando;
em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu-
Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência
tenção própria e da família;
dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num
VI - bom procedimento;
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado);
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) representação do país ou de segurança nacional.
ano; e Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro
VIII - boa saúde. naturalizado como membro do Conselho da República (artigos 89
e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalís-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em re- tica, de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há
gra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, con- 10 anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro
forme o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão naturalizado que tenha praticado crime comum antes da natura-
constitucional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário lização ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI,
de país com língua portuguesa o prazo de residência contínua é CF).
reduzido para 1 ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu
a naturalização ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização 3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
extraordinária no artigo 12, II, “a”. Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se
aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma-
satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao es- nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
trangeiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
não há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos previstos nesta Constituição.
todos os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério
da Justiça. O mesmo não vale para a naturalização extraordinária, É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes-
quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade,
Judiciário para fazê-lo valer31. Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a
31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên- República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto
cia. nº 3.927/2001).

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacio-
sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re- nal a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É
sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro
caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência
desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º).
simultaneamente direitos políticos nos dois países.
3.6) Extradição
3.4) Perda da nacionalidade A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que
do brasileiro que: consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, ou mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese al-
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; guma, extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: assim permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto cri-
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei mes políticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo
estrangeira; depois da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao ilícito de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci- a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só
vis. pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe-
dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub-
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18 metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido
de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da de extradição.
nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser
ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser
Procurador da República. típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra-
a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a
dição).
pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro
tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado após a
país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição
ocorrência do crime não impede a extradição.
da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se
permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não
o crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo
o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e,
provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira. 5º, XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se hou-
ver a comutação da pena, transformação para uma pena aceita no
3.5) Deportação, expulsão e entrega Brasil.
A deportação representa a devolução compulsória de um es- Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº
trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó- 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento:
rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus arti-
gos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o gover-
ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto. no requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer
A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um ao Brasil a reciprocidade.
estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu
parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980: Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa naciona-
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei- lidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime
ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e no Brasil ou no Estado requerente;
a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à con- III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar
veniência e aos interesses nacionais. o crime imputado ao extraditando;
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran- IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual
geiro que: ou inferior a 1 (um) ano;
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanên- V - o extraditando estiver a responder a processo ou já hou-
cia no Brasil; ver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, que se fundar o pedido;
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo, VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a
não sendo aconselhável a deportação; lei brasileira ou a do Estado requerente;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou VII - o fato constituir crime político; e
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para VIII - o extraditando houver de responder, no Estado reque-
estrangeiro. rente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que
o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão funda-
ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir mentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de reno-
o fato principal. vação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado o óbice
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, apontado.
a apreciação do caráter da infração.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso
crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quais- de urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou
quer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extradi-
sabotagem, sequestro de pessoa, ou que importem propaganda de tando por via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Mi-
guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política nistério da Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos
ou social. formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, re-
presentará ao Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela
Art. 78. São condições para concessão da extradição: Lei nº 12.878, de 2013)
I - ter sido o crime cometido no território do Estado reque- § 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido
rente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio,
Estado; e fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar comunicação por escrito. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de
2013)
a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou au-
§ 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Mi-
toridade competente do Estado requerente, salvo o disposto no
nistério da Justiça por meio da Organização Internacional de Po-
artigo 82.
lícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documenta-
ção comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição da Estado estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido daque- § 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa)
le em cujo território a infração foi cometida. dias contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, su- extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada
cessivamente: pela Lei nº 12.878, de 2013)
I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometido § 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no
o crime mais grave, segundo a lei brasileira; § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admi-
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do ex- tindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a
traditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e extradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do Lei nº 12.878, de 2013)
extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
§ 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro-
Governo brasileiro. nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre
§ 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Estados sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem respeito
à preferência de que trata este artigo. Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pedi-
do será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
Art. 80. A extradição será requerida por via diplomática ou, Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final
quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da Justiça, do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade
devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica ou a certi- vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
dão da sentença condenatória ou decisão penal proferida por juiz
ou autoridade competente. Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
§ 1o O pedido deverá ser instruído com indicações precisas para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-
sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato cri- -á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interrogatório
o prazo de dez dias para a defesa.
minoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada,
legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição.
defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da
§ 2o O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Justiça
extradição.
ou por via diplomática confere autenticidade aos documentos.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tribunal,
§ 3o Os documentos indicados neste artigo serão acompanha- a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá conver-
dos de versão feita oficialmente para o idioma português. ter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo im-
prorrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos será julgado independentemente da diligência.
formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, será § 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data da
encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à Missão
Federal. Diplomática do Estado requerente.

Didatismo e Conhecimento 29

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado 3.7) Idioma e símbolos
através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomá- Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú-
tica do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da co- blica Federativa do Brasil.
municação, deverá retirar o extraditando do território nacional. § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
do território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto ter símbolos próprios.
em liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão,
se o motivo da extradição o recomendar. Idioma é a língua falada pela população, que confere ca-
ráter diferenciado em relação à população do resto do mundo.
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido Sendo assim, é manifestação social e cultural de uma nação.
baseado no mesmo fato. Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação e
permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente.
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão
tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
é feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o
vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois
tema.
da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalva-
do, entretanto, o disposto no artigo 67.
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmen-
te adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida TÍTULO III - CAPÍTULO VII
por causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico COM SEÇÕES I E II
oficial.

Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda


que responda a processo ou esteja condenado por contravenção.
1) Princípios da Administração Pública
Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado re- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem
querente assuma o compromisso: que ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos in-
I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos teresses da coletividade, se encontram exteriorizados em prin-
anteriores ao pedido; cípios e regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Consti-
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi impos- tuição Federal e em legislações infraconstitucionais, a exemplo
ta por força da extradição; das que serão estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n°
III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena cor- 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
poral ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
a lei brasileira permitir a sua aplicação; público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
do Brasil, a outro Estado que o reclame; e palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
V - de não considerar qualquer motivo político, para agra- caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
var a pena. leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar
os princípios fundamentais da administração pública. Estabele-
Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis ce a Constituição Federal:
brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os
objetos e instrumentos do crime encontrados em seu poder. Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
artigo poderão ser entregues independentemente da entrega do
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
extraditando.
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: [...]
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado re-
querente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou
por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente São princípios da administração pública, nesta ordem:
por via diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. Legalidade
Impessoalidade
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permiti- Moralidade
do, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de Publicidade
pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da Eficiência
respectiva guarda, mediante apresentação de documentos com- Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o
probatórios de concessão da medida. vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Adminis-
tração Pública. É de fundamental importância um olhar atento

Didatismo e Conhecimento 30

31
Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
ao significado de cada um destes princípios, posto que eles es- Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
truturam todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter ca-
na Lei de Improbidade Administrativa, tomando como base os ráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
ensinamentos de Carvalho Filho32 e Spitzcovsky33: podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade sig- promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
nifica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo,
como a administração pública representa os interesses da coleti- Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali-
vidade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para
poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim, na es- proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV,
fera estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segu-
preservado o princípio da legalidade). A origem deste princípio rança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º:
está na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita. Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa-
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses ção do usuário na administração pública direta e indireta, regu-
que representa, a administração pública está proibida de promover lando especialmente:
discriminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualida-
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio de dos serviços;
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a in-
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º,
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo
X e XXXIII;
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente
III - a disciplina da representação contra o exercício negli-
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode
gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar so-
pública.
mente a preservação do interesse coletivo.
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder pú- manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de
blico. A administração pública não atua como um particular, de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso
modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o or- manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um
denamento jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da mo- o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é
ralidade deve se fazer presente não só para com os administrados, a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dire-
noção de bom administrador, que não somente deve ser conhece- tamente à conduta dos agentes.
dor da lei, mas também dos princípios éticos regentes da função Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais
administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
com os dois princípios anteriores. probidade e a motivação:
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri- a) Princípio da probidade: um princípio constitucional in-
gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas cluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publi- todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade
cação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exem- com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções.
plo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes
ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo Gasparini34 alerta que alguns autores tratam veem como distintos
seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas
se negar indevidamente a fornecer informações ao administrado não há características que permitam tratar os mesmos como pro-
caracteriza ato de improbidade administrativa.
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o prin-
probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade
cípio da publicidade seja deturpado em propaganda político-elei-
administrativa.
toral:
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao ad-
ministrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efei-
tos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido
33 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau- 34 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
lo: Método, 2011. Saraiva, 2004.

Didatismo e Conhecimento 31

32
Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
processo legal, uma vez que a fundamentação surge como meio § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e
dos atos da Administração. tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram procedimentos desta Lei.
à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administra-
tivos devem ser motivados para que o Judiciário possa contro- Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
lar o mérito do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
efetuar esse controle, devem ser observados os motivos dos atos da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no
administrativos. ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
Em relação à necessidade de motivação dos atos administra-
tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta-
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público
mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, den-
tro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportuni- de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
dade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
de motivação com relação aos atos administrativos vinculados; nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- nomeação e exoneração.
cricionários.
Meirelles35 entende que o ato discricionário, editado sob os Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car-
necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de ob- habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
servância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio- Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
adotado pelo administrador. Gasparini36, com respaldo no art. 50 serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos
os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo
discricionários quanto os vinculados.
seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de pro-
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores vas e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios também é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confian-
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais ça, que não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer
das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público
serviço público: será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.

Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele- no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. de provas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
de sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº carreira.
8.112/1990, que prevê:
Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in-
vestidura em cargo público:
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá valida-
I - a nacionalidade brasileira;
de de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; por igual período.
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; §1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
V - a idade mínima de dezoito anos; realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
VI - aptidão física e mental. Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
São Paulo: Malheiros, 1993. aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expi-
36 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: rado.
Saraiva, 2004.

Didatismo e Conhecimento 32

33
Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo candi-
datos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade respon-
sável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço público,
que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis-
são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo37:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo reser-
cargo efetivo. vado ao servidor de carreira.

Com concurso público, já que somente pode exercê-la o


Sem concurso público, ressalvado o percentual mínimo
servidor de cargo efetivo, mas a função em si não pres-
reservado ao servidor de carreira.
cindível de concurso público.

É atribuído posto (lugar) num dos quadros da


Somente são conferidas atribuições e responsabilidade Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo

Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento assessoramento

De livre nomeação e exoneração no que se refere à fun-


De livre nomeação e exoneração
ção e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de direito
social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação da
sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei
geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provi-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

37 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

Didatismo e Conhecimento 33

34
Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Prossegue o artigo 37, CF: Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação em lei.
por tempo determinado para atender a necessidade temporária § 1º A remuneração do servidor investido em função ou car-
de excepcional interesse público. go em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constitui- ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de
ção, definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
contratado e a Administração Pública, para atender à “necessida- § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
de temporária de excepcional interesse público”. de caráter permanente, é irredutível.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
que comporta dependência jurídica do servidor perante o Es- atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
tado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi-
agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá-
ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconizado rio mínimo.
pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser
trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto Ainda, o artigo 37 da Constituição:
administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...]
Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupan-
Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no tes de cargos, funções e empregos públicos da administração
qual coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
atender às exigências do Estado moderno, que procura alcançar nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
não-governamentais”38. percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes-
soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o sub-
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Depu-
na mesma data e sem distinção de índices. tados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupan- a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub-
tes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
sores Públicos.
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Le-
dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou gislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma pagos pelo Poder Executivo.
desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
declarados em lei de livre nomeação e exoneração. Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:

Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
40 e 41: ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercí- qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
cio de cargo público, com valor fixado em lei. tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros
do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do
teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII
do art. 61.

Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-


mentos sobre o mencionado inciso XI:
38 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Arti-
gos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

Didatismo e Conhecimento 34

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução
limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumu-
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. lação remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do constitucional proibitiva”.
caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão:
fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui-
ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos previstos
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio públicos.
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli- § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
Estaduais e Distritais e dos Vereadores. sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
nada à comprovação da compatibilidade de horários.
salarial:
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu-
de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remunera-
nerações forem acumuláveis na atividade.
ção de pessoal do serviço público.
Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá exercer
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de polí- mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará-
tica de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser- grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e § órgão de deliberação coletiva.
1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à re-
aos cargos que se mostrem similares. muneração devida pela participação em conselhos de administra-
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mis-
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos ta, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas
por servidor público não serão computados nem acumulados ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha
para fins de concessão de acréscimos ulteriores. participação no capital social, observado o que, a respeito, dispu-
ser legislação específica.
A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi
de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao regime
seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado
a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró- de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles,
outra vantagem até então percebida. declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
envolvidos.
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de
cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho- “Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito
de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com do serviço público federal a vedação genérica constante do art.
37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a
outro, técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos pri-
acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações
vativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
mais comuns praticadas por servidores públicos, o que se constata
observando o elevado número de processos administrativos ins-
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a
taurados com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas é relativamente brando, quando cotejado com outros estatutos de
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilici-
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. tude diversas oportunidades para regularizar sua situação e esca-
par da pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
Segundo Carvalho Filho39, “o fundamento da proibição é im- processo administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 40.
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além
disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também
40 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus ser- Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in-
vidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris- direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º
dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na do artigo 37, CF:
forma da lei.
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União, financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indi-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades es- reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
senciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza- fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, caben-
ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive do à lei dispor sobre:
com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na I - o prazo de duração do contrato;
forma da lei ou convênio. II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di-
reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem- III - a remuneração do pessoal.
-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação, Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às em-
saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários, presas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsi-
deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Dis-
recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se com- trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de
prometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. pessoal ou de custeio em geral.
[...] A importância da Administração Tributária foi reconhecida
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da Continua o artigo 37, CF:
Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de
seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública, Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na
dentro de suas áreas de competência”41. legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contra-
tados mediante processo de licitação pública que assegure igual-
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
à garantia do cumprimento das obrigações.
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em
cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art.
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para li-
em empresa privada. citações e contratos da Administração Pública e dá outras provi-
dências. Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos
Órgãos da administração indireta somente podem ser criados administrativos (administrativos porque parte da administração
por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de pública) para as compras ou serviços contratados pelos governos
autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter- Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos os entes federativos.
minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas, De forma mais simples, podemos dizer que o governo deve com-
por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada sub- prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação
sidiária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um é um processo formal onde há a competição entre os interessados.
parêntese para observar que quase todos os autores que abordam o
assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco- causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que ressarcimento.
existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria
de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra dis-
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, ciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
se o legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo,
autorizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, Art. 142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar prescreverá:
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida sua I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
autorização”42. são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição
de cargo em comissão;
41 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
sao_paulo.htm III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
42 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descompli-
cado. São Paulo: GEN, 2014.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo
fato se tornou conhecido. recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da he-
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam- rança, embora existam reflexos na ação que apure a responsabi-
-se às infrações disciplinares capituladas também como crime. lidade civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo,
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo uma absolvição por negativa de autoria impede a condenação na
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida esfera cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não
por autoridade competente. o faz).
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. de que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a
obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito o pagamento de indenização que se refere às perdas e danos. To-
de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as dos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil,
infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto
de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver- respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o
tência), contados da data em que o fato se tornou conhecido pela Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
administração pública. Se a infração disciplinar for crime, vale- danos que seus agentes causem durante a prestação do serviço,
rão os prazos prescricionais do direito penal, mais longos, logo, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos
menos favoráveis ao servidor. Interrupção da prescrição significa humanos reconhecidos.
parar a contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de-
Da abertura da sindicância ou processo administrativo disciplinar pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos genéri-
até a decisão final proferida por autoridade competente não corre cos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante do
a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal
zero. Passado o prazo, não caberá mais propor ação disciplinar. (artigo 37, §6°).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en-
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as contram no art. 186 do Código Civil:
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração
direta e indireta que possibilite o acesso a informações privile- Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
giadas. negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou-
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o con-
flito de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil,
Executivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como
cargo ou emprego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do
de julho de 2000, e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e
de agosto de 2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001. culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito
Neste sentido, conforme seu artigo 1º: entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo
sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram material, econômico e não econômico).
conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor-
no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico,
a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informa- individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas.
ções privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida
cargo ou emprego e as competências para fiscalização, avalia- em sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns
ção e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo dis- e o Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
posto nesta Lei. na circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto,
como no caso de uma viatura presente no local - muito embora o
3) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores direito à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido).
O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da
direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da administração pública, tenha ingressado ou não por concurso, pos-
prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de sua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se re- servidores públicos em geral (funcionários, empregados ou tem-
fere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em porários) e os particulares em colaboração (por exemplo, jurado
omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas ou mesário).
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.43 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta quali-
dade - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogati-
43 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. vas do cargo, não agindo como um particular.
São Paulo: Saraiva, 2005.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser pratica-
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante que dos pelo agente público no exercício de sua função que violam
tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qualquer dano direitos humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em
que permite a responsabilização civil do Estado, mas somente aque- apropriação ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola
le que é causado por um agente público no exercício de suas funções o bem comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a
e que exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Estado. exigência de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direitos a uma situação de constrangimento e medo que viola diretamente
humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um grupo de sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano,
pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. Assim, cuja pena é agravada quando praticada por funcionário público
viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente que o re- (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
presenta, fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a tí-
por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação dos danos tulo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da
materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar
de regresso se agiram com dolo ou culpa. a ética do serviço público, como advertência, suspensão e de-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: missão.
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as administrativa no que tange à responsabilização do agente públi-
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pe- co que cometa ato ilícito.
los danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, Tomadas as exigências de características dos danos acima
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de colacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que
dolo ou culpa. para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve ex-
ceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica au- uma excepcional vigilância da sociedade e a plena cobertura de
tônoma entre o Estado e o agente público que causou o dano no todas as fatalidades que possam acontecer em território nacional.
desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade
será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente civil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas sub-
pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar. jetiva no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o
Direito de regresso é justamente o direito de acionar o causador di- Estado se omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido,
reto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, conside- isto é, ter deixado de agir quando tinha plenas condições de fazê-
rada a existência de uma relação obrigacional que se forma entre a -lo, acarretando em prejuízo dentro de sua previsibilidade.
vítima e a instituição que o agente compõe. São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omis-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar siva do Estado: morte de filho menor em creche municipal, bura-
aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou cos não sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário
culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente do metrô resultando em morte, danos provocados por enchen-
causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o comporta- tes e escoamento de águas pluviais quando o Estado sabia da
mento ético dele esperado.44 problemática e não tomou providência para evitá-las, morte de
A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo detento em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com
administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório e negligência, etc.
ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que gere excludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso
dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o ser- fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora
vidor terá o dever de indenizar. dos alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violadores vítima.
de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e à res-
ponsabilidade administrativa, todas autônomas uma com relação 4) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos
à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor
artigo 125 da Lei nº 8.112/90: público encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que
notadamente estabelece quais tipos de mandatos geram incom-
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e admi- patibilidade ao serviço público e regulamenta a questão remu-
nistrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. neratória:

No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente acio- Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração dire-
nado e responde pelos atos de seus servidores que violem direitos ta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra ele. Con- aplicam-se as seguintes disposições:
tudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsabilidade ad- I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou dis-
ministrativa aciona-se o agente público que praticou o ato. trital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do car-
44 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau- go, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua re-
lo: Método, 2011. muneração;

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
III - investido no mandato de Vereador, havendo compati- § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
bilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, em- Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários
prego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, provenientes da economia com despesas correntes em cada ór-
e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso gão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento
anterior; de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desen-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercí- volvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do
cio de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de
todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; produtividade.
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
tamento, os valores serão determinados como se no exercício carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
estivesse.
Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
5) Regime de remuneração e previdência dos servidores
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluí-
públicos
das suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previ-
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos
dência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição
servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal:
do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio fi-
Municípios instituirão conselho de política de administração e nanceiro e atuarial e o disposto neste artigo.
remuneração de pessoal, integrado por servidores designados § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Cons- que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus pro-
titucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº ventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A União, os Esta- I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-
dos, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente
de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa
para os servidores da administração pública direta, das autar- ou incurável, na forma da lei;
quias e das fundações públicas”). II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75
ponentes do sistema remuneratório observará: (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo
dos cargos componentes de cada carreira; de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos
II - os requisitos para a investidura; no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as
III - as peculiaridades dos cargos. seguintes condições:
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão es- a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se
colas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos ser- homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribui-
vidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um ção, se mulher;
dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tem-
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público po de contribuição.
o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabele- de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respec-
cer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza
tivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou
do cargo o exigir.
que serviu de referência para a concessão da pensão.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais se-
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações uti-
rão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela
única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, lizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remu- de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma
neratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, da lei.
X e XI. § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferen-
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer em leis complementares, os casos de servidores:
caso, o disposto no art. 37, XI. I - portadores de deficiência;
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publi- II - que exerçam atividades de risco;
carão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos III - cujas atividades sejam exercidas sob condições espe-
cargos e empregos públicos. ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

Didatismo e Conhecimento 39

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, a, posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
exercício das funções de magistério na educação infantil e no tituição do correspondente regime de previdência complementar.
ensino fundamental e médio. § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza-
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção dos, na forma da lei.
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta-
previsto neste artigo. dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
morte, que será igual: regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci- percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime cargos efetivos.
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposen- as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no §
tado à data do óbito; ou 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência so- compulsória contidas no § 1º, II.
cial de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
cela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. de previdência social para os servidores titulares de cargos efe-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para pre- tivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em
servar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité- cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
rios estabelecidos em lei. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be-
correspondente para efeito de disponibilidade. nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for
gem de tempo de contribuição fictício. portador de doença incapacitante.
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acu- 6) Estágio probatório e perda do cargo
mulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ- em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
dência social, e ao montante resultante da adição de proventos
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exercí-
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre cio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. virtude de concurso público.
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral II - mediante processo administrativo em que lhe seja asse-
de previdência social. gurada ampla defesa;
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em III - mediante procedimento de avaliação periódica de de-
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla de-
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se fesa.
o regime geral de previdência social. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
desde que instituam regime de previdência complementar para os estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza-
seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fi- ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas remuneração proporcional ao tempo de serviço.
pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
para os benefícios do regime geral de previdência social de que vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
trata o art. 201. cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o outro cargo.
§ 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri-
cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no gatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituí-
que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência da para essa finalidade.
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
participantes planos de benefícios somente na modalidade de con-
tribuição definida.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor 7) Atos de improbidade administrativa
nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa,
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de de-
qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o sonestidade administrativa. A improbidade é uma lesão ao prin-
desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: cípio da moralidade, que deve ser respeitado estritamente pelo
I - assiduidade; servidor público. O agente ímprobo sempre será um violador
II - disciplina; do princípio da moralidade, pelo qual “a Administração Pública
III - capacidade de iniciativa; deve agir com boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade
IV - produtividade; e ética”45.
V - responsabilidade. A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devi-
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- do ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço
batório, será submetida à homologação da autoridade competente público que se intensificavam com a ineficácia do diploma então
a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessi-
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a dade de acabar com os atos atentatórios à moralidade administra-
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo tiva e causadores de prejuízo ao erário público ou ensejadores de
da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I enriquecimento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
a V do caput deste artigo. Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de im-
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa- probidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, fican-
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. do sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas distintas de
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- responsabilidade (civil, penal e administrativa) impede falar-se
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, em bis in idem, já que, ontologicamente, não se trata de punições
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- idênticas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsabili-
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar zação em esferas distintas do Direito.
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão Destaca-se um conceito mais amplo de agente público pre-
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis visto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o
6, 5 e 4, ou equivalentes. agente público pode ser ou não um servidor público. Ele poderá
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser estar vinculado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, diretamente o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar os integrantes da administração direta, indireta e fundacional,
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para conforme o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma
outro cargo na Administração Pública Federal. entidade privada que desempenhe tais fins, desde que a verba
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e de criação ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim 50% do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não tenha
a partir do término do impedimento. concorrido para criação ou custeio, também haverá sujeição às
penalidades da lei. Em caso de custeio/criação pelo Estado que
O estágio probatório pode ser definido como um lapso de seja inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, a legislação
tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção patri-
de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de monial se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a contribui-
iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não apro- ção dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo causado for
vado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, recon- maior que a efetiva contribuição por parte do poder público, o
duzido ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para ressarcimento terá que ser buscado por outra via que não a ação
um servidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de de improbidade administrativa.
provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso- A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de impro-
ramento no órgão ou entidade de lotação. bidade administrativa em três categorias:
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do a) Ato de improbidade administrativa que importe enri-
estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2 quecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional pre- O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa
valece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualiza- se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + re-
da, deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal. sultante de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser- exercício de cargo, mandato, emprego, função ou outra ativida-
vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do de nas entidades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se
sentença judicial transitada em julgado; mediante processo ad- opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames
ministrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou me- morais, notadamente no desempenho de função de interesse es-
diante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na tatal.
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta 45 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
lei complementar ainda inexistente no âmbito federal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita. Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
aos cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os
propina pratica ato de improbidade administrativa, mas não atin- deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
ge diretamente os cofres públicos). instituições [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbidade
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer administrativa se caracteriza pela simples violação a princípios
ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude
condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prá- do sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
tica por omissão.46 Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios gerais da
b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão administração pública51.
ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a
O grupo intermediário de atos de improbidade administrati- vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriqueci-
va se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos mento ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de
cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do algum destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por
patrimônio público. Assim como o artigo anterior, o caput des- ação ou omissão.
creve a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes específicas Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para
que exemplificam o seu conteúdo47. não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú-
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio, do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário,
que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transfe- ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa
rência indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que não tiver gerado obtenção de vantagem
significa desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição48. Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível,
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um
todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na
de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá
Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
o agente por ambos, nas duas esferas.
que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini-
939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles
artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito
que é indispensável a existência de dolo nas condutas descritas
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar-
nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses do artigo
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de
10, nas quais o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu-
com o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente,
o agente não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com descreve os procedimentos administrativo e judicial.
negligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”49. No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um
Para Carvalho Filho50, não há inconstitucionalidade na modali- enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain-
dade culposa, lembrando que é possível dosar a pena conforme o da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual
agente aja com dolo ou culpa. dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que o adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enri-
sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano queceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo
ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de
anterior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os ti- ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito,
pos exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even-
do art. 9°. tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor ad-
c) Ato de improbidade administrativa que atente con- quirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que
tra os princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além
8.429/1992) disso, em todos os casos há perda da função pública. Nas três ca-
tegorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos polí-
46 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau- ticos, multa e vedação de contratação ou percepção de vantagem,
lo: Método, 2011. graduadas conforme a gravidade do ato. É o que se depreende da
47 Ibid. leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37,
48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- CF, que prevê: “Os atos de improbidade administrativa impor-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-
49 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administra- blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
tiva: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://
www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.tex-
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
to=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013. cabível”.
50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 51 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. lo: Método, 2011.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº 8.429/1992
mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37, §4°, CF).
Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria
ARTIGO 92.
que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de
penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade
e porque a lei é o instrumento adequado para tanto52.
Carvalho Filho53 tece considerações a respeito de algumas das O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei ao
sanções: caso concreto, julgar os casos levados à sua apreciação. O artigo
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens 92 da Constituição disciplina os órgãos que compõem o Poder Ju-
acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse diciário, sendo que os artigos posteriores delimitam a competência
anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitu- de cada um deles. Os órgãos que ficam no topo do sistema pos-
cional. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”. suem sede na Capital Federal, Brasília, e são dotados de jurisdição
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que en- em todo o território nacional.
globa dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros
de mora. Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário:
- Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato, I - o Supremo Tribunal Federal;
a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo II - o Superior Tribunal de Justiça;
contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per- III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da VI - os Tribunais e Juízes Militares;
designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
a procedimento especial para perda da função pública, ponto em e Territórios.
que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de
- Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta mar- § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores
gem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de têm jurisdição em todo o território nacional.
cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração EXERCÍCIOS
do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
caráter indenizatório, mas punitivo. 1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 5º da
- Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida- Constituição Federal trata dos direitos e deveres individuais e co-
des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá- letivos, espécie do gênero direitos e garantias fundamentais (Tí-
rio da instituição vitimada. tulo II). Assim, apesar de referir-se, de modo expresso, apenas a
- Proibição de contratar: o agente punido não pode participar direitos e deveres, também consagrou as garantias fundamentais.
de processos licitatórios. (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, São Pau-
lo: Saraiva, 2009,13ª. ed., p. 671).
Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e
assinale a alternativa correta.
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma cons-
titucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos
quais se assegura o exercício dos aludidos direitos.
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágrafos do
art. 5º da Constituição Federal é meramente exemplificativo.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição Federal
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação.
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
(A) Apenas I, II e III estão corretas.
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- (C) Apenas III e V estão corretas.
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. (D) Apenas IV e V estão corretas.
53 Ibid. (E) Todas as questões estão corretas.

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os remédios III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
constitucionais são as formas estabelecidas pela Constituição Fe- ilícitos.
deral para concretizar e proteger os direitos fundamentais a fim de IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
que sejam assegurados os valores essenciais e indisponíveis do ser lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
humano. V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do de-
Assim, é correto afirmar, exceto: positário infiel.
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advogado, não (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
tendo de obedecer a qualquer formalidade processual, e o próprio (B) Apenas I, III e V estão corretas.
cidadão prejudicado pode ser o autor. (C) Apenas III e IV estão corretas.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém sofrer (D) Apenas IV e V estão corretas.
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber- (E) Todas as questões estão corretas.
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus recebe 5. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) So-
o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual se impetra, bre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e a autoridade que pra- (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
tica a ilegalidade, autoridade coatora. (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não for co-
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições disciplina- nhecido.
res militares. (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se achar (D) retroage, se ainda não houver processo penal instaurado.
ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando for concreta
a lesão. 6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) So-
bre as garantias fundamentais estabelecidas na Constituição Fede-
3. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda em ral, é CORRETO afirmar que
relação aos outros remédios constitucionais analise as questões a (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
seguir e assinale a alternativa correta.
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
I - O habeas data assegura o conhecimento de informações
prescritível.
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circunstância.
de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de Deus,
II - Será concedido habeas data para a retificação de dados,
possuem garantia de inviolabilidade domiciliar.
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad-
ministrativo.
7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de entidade
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da Consti-
governamental, o sujeito passivo na ação de habeas data será a
pessoa jurídica componente da administração direta e indireta do tuição Federal:
Estado. (A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à autoridade (B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio.
competente que faça uma lei para tornar viável o exercício dos (C) o respeito à integridade física dos presos, garantido pela
direitos e liberdades constitucionais. lei de execução penal.
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a demora (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao diurno,
legislativa que impede um direito de ser efetivado pela falta de posto que contido na legislação ordinária trabalhista.
complementação de uma lei.
(A) Todas as afirmações estão corretas. 8. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A
(B) Apenas I, II e III estão corretas. casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, sem
(C) Apenas II, III e IV estão corretas. permissão do morador, EXCETO
(D) Apenas II, III e V estão corretas. (A) em caso de desastre.
(E) Apenas IV e V estão corretas. (B) em caso de flagrante delito.
(C) para prestar socorro.
4. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devido pro- (D) por determinação judicial, a qualquer hora.
cesso legal estabelecido como direito do cidadão na Constituição
Federal configura dupla proteção ao indivíduo, pois atua no âmbito 9. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador -
material de proteção ao direito de liberdade e no âmbito formal, ao FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, o artigo
assegurar-lhe paridade de condições com o Estado para defender-se. 5º da Constituição da República estabelece que é:
Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomentado o
assinale a alternativa correta. anonimato;
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
toridade competente. que substitui o direito à indenização por dano material, moral ou
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces- à imagem;
suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exi- (C) assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
girem. o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a ob-
fica e de comunicação, ressalvados os casos de censura ou licença; tenção de certidões em repartições públicas será atendida apenas
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos informações se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou para esclareci-
de seu interesse particular, sendo vedada a alegação de sigilo por mento de situações de interesse pessoal.
imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado. (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particu-
10. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - FGV/2014) lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e con- da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigi-
venções internacionais sobre direitos humanos: lo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a sua (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respondido
aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na ordem em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito judicial e
interna, pelo Chefe do Poder Executivo; administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda constitucio- os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
nal, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de dois 13. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da
terços dos respectivos membros; reserva do possível
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitucional, (A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efetivação
desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, se dê em dos direitos sociais, econômicos e culturais.
dois turnos de votação, com o voto favorável de três quintos dos (B) gira em torno da legitimidade constitucional do controle
respectivos membros; e da intervenção do poder judiciário em tema de implementação
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, desde de políticas públicas, quando caracterizada hipótese de omissão
que o Congresso Nacional venha a aprová-los com observância do governamental.
processo legislativo ordinário; (C) considera que as políticas públicas são reservadas discri-
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito inter- cionariamente à análise e intervenção do poder judiciário, que as
nacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à ordem jurí-
limitará ou ampliará, de acordo com o caso concreto.
dica interna.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do míni-
mo existencial, examinado à luz da violação dos direitos funda-
11. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) Pedro
mentais sociais, culturais e econômicos, como o direito à saúde e
promoveu ação em face da União Federal e seu pedido foi julgado
à educação básica.
procedente, com efeitos patrimoniais vencidos e vincendos, não
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos direitos
havendo mais recurso a ser interposto. Posteriormente, o Congres-
fundamentais, independentemente das possibilidades financeiras e
so Nacional aprovou lei, que foi sancionada, extinguindo o direito
orçamentárias do estado.
reconhecido a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Admi-
nistração Pública federal notificou Pedro para devolver os valores
recebidos, comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos 14. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014) A
futuros, em decorrência da norma em foco. Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril de 2013,
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta tem por finalidade estabelecer a igualdade de direitos entre os tra-
(A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa sobre balhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais.
direitos indisponíveis de Pedro Nos termos de suas disposições, a Emenda
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julgada (A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, dentre
formada em favor de Pedro. outros, dos direitos à remuneração do serviço extraordinário supe-
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de Pe- rior, no mínimo, em cinquenta por cento a do normal e à proteção
dro diante de nova legislação. do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específi-
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico perfeito cos.
em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes. (A) instituiu vedação ao legislador para conferir tratamento
diferenciado aos trabalhadores domésticos, em relação aos traba-
12. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Jurídi- lhadores urbanos e rurais.
co - VUNESP/2014) João apresenta requerimento junto à Prefei- (B) não determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
tura do Município de São Paulo, pleiteando que lhe seja informado dentre outros, dos direitos à proteção em face da automação e à
o número de licitações, na modalidade pregão, realizadas pela São proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
Paulo Urbanismo desde 2010. O pleito de João específicos.
(A) não encontra previsão expressa como direito fundamen- (C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, dentre
tal na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser acolhido em outros, dos direitos à proteção em face da automação e ao piso
virtude do texto constitucional prever que a lei não excluirá da salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (D) não determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos assegura- dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço extraordinário
do, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição aos Poderes superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do normal e ao piso
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho.
poder

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
15. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com (C) A administração fazendária e seus servidores fiscais te-
referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à organi- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
zação político-administrativa, à administração pública e ao Poder sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.
Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos públi-
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e determina cos se estende a emprego e funções, não abrangendo, pois, socie-
que cabe à lei definir os serviços ou atividades essenciais e dispor dades de economia mista.
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
Certo ( ) servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
Errado ( ) serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, apenas, às
16. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a alter- atribuições de direção, chefia e assessoramento.
nativa correta.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e seguintes 19. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A adminis-
é exaustivo. tração pública pode ser definida objetivamente como a atividade
(B) É vedada a redução proporcional do salário do trabalha- concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução
dor sob qualquer hipótese. dos interesses coletivos e subjetivamente como o conjunto de ór-
(C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias anuais re- gãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da
muneradas com, no mínimo, um terço a mais do que o salário nor- função administrativa do Estado”. (MORAES, Alexandre de, Di-
mal. reito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
(D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- Com base no que determina a Constituição Federal a respeito
rio, não está constitucionalmente prevista, mas é determinada pela da administração pública é correto afirmar, exceto:
CLT. (A) A investidura em cargo ou emprego público depende
(E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do emprego de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, de
e do salário, não está constitucionalmente previsto, mas é determi- acordo com a natureza e complexidade do cargo, ressalvadas as
nado pela CLT. nomeações para cargo em comissão.
(B) A Administração pública direta e indireta obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
17. (TCE/RS - Auditor Público Externo - Engenharia Ci-
e eficiência.
vil - Conhecimentos Básicos - FCC/2014) Sicrano, filho de mãe
(C) O prazo de validade do concurso público será de até dois
brasileira e pai egípcio, nascido durante período em que seus pais
anos, prorrogável uma vez, por igual período.
eram estudantes universitários na França, veio, após a maioridade,
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação remune-
a residir no Brasil, onde pretende viver pelo resto de sua vida. Nos
rada de cargos públicos.
termos da Constituição da República, Sicrano
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
A) somente seria considerado brasileiro nato se, quando de
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem pre-
seu nascimento, sua mãe, que era brasileira, estivesse no exterior a juízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
serviço da República Federativa do Brasil.
B) poderá vir a ser brasileiro naturalizado, se efetivamente re- 20. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Considerando
sidir no país por até quinze anos ininterruptos, desde que requeira as regras constitucionais sobre a administração pública, analise as
a nacionalidade brasileira. afirmativas.
C) é considerado brasileiro naturalizado, desde o momento I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
em que fixou residência no país, já que é filho de mãe brasileira, Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Exe-
estando sujeito, contudo, a extradição, na hipótese de cometimento cutivo.
de crime comum a partir de então. II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
D) será considerado brasileiro nato, se optar, a qualquer tem- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
po, pela nacionalidade brasileira, caso em que não estará sujeito a fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
extradição, nem mesmo na hipótese de comprovado envolvimento Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
em tráfico ilícito de entorpecentes. mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
E) somente seria considerado brasileiro nato se, quando de pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-
seu nascimento, houvesse sido registrado em repartição brasileira mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-
competente. tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
18. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alternativa pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
INCORRETA: serviço público.
(A) A administração pública direta e indireta de qualquer dos Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- (A) I, II e III.
pios obedecerá aos princípios de legalidade, moralidade, publici- (B) I, apenas.
dade, eficiência e impessoalidade. (C) I e II, apenas.
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre as- (D) I e III, apenas.
sociação sindical. (E) II e III, apenas.

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
21. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - FCC/2014) 25. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
O exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis da NESP/2011) Assinale a alternativa que contempla somente órgãos
Administração direta integrantes do Poder Judiciário.
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja edi- a) Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça;
tada a lei definidora dos termos e limites em que possa ser exer- Tribunais e Juízes Militares.
cido, a fim de preservar a continuidade da prestação dos serviços b) Superior Tribunal de Justiça; Defensoria Pública; Tribunais
públicos. e Juízes do Trabalho.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por servidores c) Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Ter-
públicos em estágio probatório. ritórios; Ministério Público dos Estados; Conselho Nacional de
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da cons- Justiça.
tituição federal com aplicabilidade imediata, não necessitando de d) Procuradoria Geral do Estado; Tribunais e Juízes Militares;
regulamentação, nem de integração normativa, para que o direito Tribunais e Juízes do Distrito Federal e Territórios.
nela previsto possa ser exercido. e) Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais e Juízes Milita-
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a regula- res; Conselho Nacional do Ministério Público.
mentação legislativa da greve dos trabalhadores em geral, que se
aplica, naquilo que couber, aos servidores públicos enquanto não RESPOSTAS
for promulgada lei específica para o exercício desse direito.
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção coletiva em 1. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal dife-
que seja prevista a majoração dos vencimentos dos servidores pú- rença entre direitos e garantias é que os primeiros servem para
blicos. determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas são os instru-
mentos para assegurar estes (ex: direito de liberdade de locomoção
22. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Os atos – garantia do habeas corpus). “II” está correta, afinal, o próprio
de improbidade administrativa importarão, nos termos da Consti- artigo 5º prevê em seu §2º que “os direitos e garantias expressos
tuição Federal, dentre outros, nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
(A) a prisão provisória, sem direito à fiança. dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
(B) a indisponibilidade dos bens. que a República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que
(C) a impossibilidade de deixar o país. também demonstra que o item “III” está correto. O item IV traz
(D) a suspensão dos direitos civis. cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são invioláveis a intimi-
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social. dade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
23. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU- sua violação”; o que faz também o item V com relação ao artigo
NESP/2014) Dentre os órgãos do Poder Judiciário, pode(m)-se 5º, VI, CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e
citar: de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
a) o Superior Tribunal de Justiça Desportiva. e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
b) os Tribunais e Juízes Militares. liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
c) o Conselho de Defesa Nacional.
d) o Tribunal de Contas da União. 2. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia prevista no ar-
e) o Ministério Público. tigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
24. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU- em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de po-
NESP/2013) Segundo a Constituição Federal, é(são) órgão(s) do der”. A respeito dele, a lei busca torná-lo o mais acessível possí-
Poder Judiciário: vel, por ser diretamente relacionado a um direito fundamental da
a) o Tribunal de Contas da União. pessoa humana. O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a
b) o Ministério da Justiça. propositura não depende de advogado; o que propõe a ação é de-
c) o Superior Tribunal Federal. nominado impetrante e quem será por ela beneficiado é chamado
d) o Conselho Superior de Justiça. paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), contra quem é
e) os Tribunais e os Juízes do Trabalho. proposta a ação é a denominada autoridade coatora; e é possível
utilizar habeas corpus repressivamente e preventivamente. Por sua
vez, a Constituição Federal prevê no artigo 142, §2º que “não ca-
berá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”.

3. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para os se-


guintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder-se-á manda-
do de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conheci-
mento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se 10. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: “Os tra-
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”. tados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo 5º, LXXII, CF. Já o forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
item “III” decorre logicamente da previsão dos direitos fundamen- turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, se-
tais como limitadores da atuação do Estado, logo, as informações rão equivalentes às emendas constitucionais”. Logo, é necessário
requeridas serão contra uma entidade governamental da adminis- o preenchimento de determinados requisitos para a incorporação.
tração direta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto que 11. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, tem-se
a demora do legislador em regulamentar uma norma constitucional o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei não prejudi-
de aplicabilidade mediata, que necessita do preenchimento de seu cará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. A
conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos fundamentais garanti- coisa julgada se formou a favor de Pedro e não pode ser quebrada
dos pela Constituição Federal. por lei posterior que altere a situação fático-jurídica, sob pena de
se atentar contra a segurança jurídica.
4. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
guém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 12. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional pre-
competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo 5º, LX, CF, vista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber dos
“a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quan- órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de in-
do a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”, motivo teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pelo qual o item “II” está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im-
que “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei prescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando
o item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são 13. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível busca im-
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” pedir que se argumente por uma obrigação infinita do Estado de
atender direitos econômicos, sociais e culturais. No entanto, não
(artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a jurispru-
pode ser invocada como muleta para impedir que estes direitos
dência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de alimentos,
adquiram efetividade. Se a invocação da reserva do possível não
sendo que o texto constitucional autoriza tanto esta quanto a do
demonstrar cabalmente que o Estado não tem condições de arcar
depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
com as despesas, o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
5. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - a
14. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013, que
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Assim, se
ficou conhecida no curso de seu processo de votação como PEC
vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou que das domésticas, deu redação ao parágrafo único do artigo 7º, o
confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena ou alterando qual estende alguns dos direitos enumerados nos incisos do caput
o regime de cumprimento, notadamente), ela será aplicada. para a categoria dos trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV,
VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
6. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
“XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im- estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”, res- das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da
tando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei penal retroage para relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos
beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é aceita a pena de morte I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
para os crimes militares praticados em tempo de guerra; “D” é previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C” estão
incorreta porque igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Constituição,
não estendidos aos empregados domésticos pela emenda.
7. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alternativa
“D” seja um direito fundamental, não é um direito individual, logo, 15. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direito
não está previsto no artigo 5º, e sim no artigo 7º, CF, em seu inciso de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
IX (“remuneração do trabalho noturno superior à do diurno”). balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os
8. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dispõe: “a serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento
casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pene- das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos co-
trar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante metidos sujeitam os responsáveis às penas da lei”.
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”. Sendo assim, não cabe o ingresso por de- 16. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de direitos
terminação judicial a qualquer hora, mas somente durante o dia. sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não excluindo outros
que decorram das normas trabalhistas, dos direitos humanos inter-
9. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso XIV: “é nacionais e das convenções e acordos coletivos; “B” está incorre-
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da ta porque a redução proporcional pode ser aceita se intermediada
fonte, quando necessário ao exercício profissional”. por negociação coletiva, evitando cenário de demissão em massa;
“D” está incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E” tam- o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo,
bém incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim, “C” está o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po-
correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de férias anuais der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
normal” (artigo 7º, XVII, CF). cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este li-
17. Resposta: “D”. Se qualquer dos pais não estiverem a ser- mite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
viço do Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o nascido Defensores Públicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo
do exterior venha ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha 37, CF: “é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
sido registrado em repartição competente, caso em que poderá, a pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
partir dos 18 anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com a serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
nacionalidade brasileira ou não (artigo 12, I, “c”, CF). No caso,
Sicrano poderá ser considerado brasileiro nato e não existe na 21. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor públi-
Constituição hipótese que autorize a extradição de brasileiro nato. co, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição Federal de
1988, portanto, trata-se de um direito constitucional. Nesse sen-
18. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição Fede- tido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o recurso
ral colaciona os cinco princípios descritos na alternativa “A” como no Mandado de Segurança nº 2.677, que, em suas razões, aduziu
de necessária observância na Administração Pública em todas suas que “o servidor público, independente da lei complementar, tem o
esferas e em todos os seus Poderes. Já a alternativa “B” repete pre- direito público, subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”.
visão expressa do artigo 37, VI, CF; assim como a alternativa “C” Esse direito abrange o servidor público em estágio probatório, não
traz a previsão do artigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete podendo ser penalizado pelo exercício de um direito constitucio-
o previsto no artigo 37, V, CF. nalmente garantido.
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do artigo
37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a empregos e 22. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF, “os atos
funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, so-
de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
ciedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades con-
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens
troladas, direta ou indiretamente, pelo poder público”. Com efeito,
e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
as sociedades de economia mista não estão excluídas da proibição
sem prejuízo da ação penal cabível”. Dentre as alternativas, so-
de acumulação remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa
mente “B” descreve previsão do dispositivo retro.
é incorreta.
23. Resposta: “B”. Disciplina o artigo 92, CF: “São órgãos
19. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exigência
do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A - o Conse-
do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos princípios
da Administração Pública previstos no caput do artigo 37; em “C” lho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os
percebe-se o prazo de validade de um concurso público e sua pos- Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais
sibilidade de prorrogação nos moldes exatos do artigo 37, III, CF; e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os
e “E” repete o teor do artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Es-
acumulações ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, tados e do Distrito Federal e Territórios”.
CF: “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
ceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em 24. Resposta: “E”. Disciplina o artigo 92, CF: “São órgãos
qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de pro- do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A - o Conse-
fessor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientí- lho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os
fico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais
saúde, com profissões regulamentadas”. e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os
Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Esta-
20. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, XII, dos e do Distrito Federal e Territórios”.
CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Po-
der Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder 25. Resposta: “A”. Disciplina o artigo 92, CF: “São órgãos
Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, XI, CF: “XI - a do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A - o
remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e em- Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça;
pregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tri-
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, bunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes
eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou dos Estados e do Distrito Federal e Territórios”.
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municí-
pios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal,

Didatismo e Conhecimento 49

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A dignidade a pessoa humana, por sua vez, tem previsão no
art. 1º, da CF, que estabelece os fundamentos da República.
Assim, pela literalidade dos dispositivos supracitados, deve
01. (TRT/17ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO ser assinalada a alternativa “C”.
- CESPE/2013) Julgue o item que se segue, a respeito dos
princípios fundamentais: “Os valores sociais do trabalho RESPOSTA: “C”.
e da livre iniciativa constituem fundamentos da República
Federativa do Brasil”. 04. (CNJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2013)
Julgue o item que se segue relativo aos princípios
Extraem-se do art. 1º, da Constituição Federal os fundamentos fundamentais da Constituição Federal de 1988 (CF): “É
da República Federativa do Brasil, quais sejam: a soberania (inciso fundamento da República Federativa do Brasil a construção
I), a cidadania (inciso II), a dignidade da pessoa humana (inciso de uma sociedade livre, justa e solidária”.
III), os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (inciso IV),
e o pluralismo político (inciso V). Conforme consta no art. 3º, I, do Texto Maior, a construção
Diante disso, a alternativa deve se assinalada como correta, de uma sociedade livre, justa e solidária constitui-se um dos
pois, de fato, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.
constituem fundamentos da República Federativa do Brasil.
Os fundamentos, por sua vez, estão estampados no art. 1º,
CF.
RESPOSTA: “CORRETA”.
Diante disso, a alternativa deve ser assinalada como errada.
02. (TRF/4ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
FCC/2014) A dignidade da pessoa humana, no âmbito da RESPOSTA: “ERRADA”.
Constituição Brasileira de 1988, deve ser entendida como:
A) Uma exemplificação do princípio de cooperação entre 05. (CNJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2013)
os povos para o progresso da humanidade reconhecida pela Acerca dos princípios fundamentais da Constituição Federal
Constituição. de 1988 (CF), julgue o item que segue: “A República
B) Um direito individual garantido somente aos brasileiros Federativa do Brasil rege-se, nas suas relações internacionais,
natos. pelos seguintes princípios: independência nacional;
C) Uma decorrência do princípio constitucional da prevalência dos direitos humanos; autodeterminação dos
soberania do Estado Brasileiro. povos; não intervenção; igualdade entre os Estados; defesa
D) Um direito social decorrente de convenção internacional da paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo
ratificada pelo Estado Brasileiro. e ao racismo; cooperação entre os povos para o progresso da
E) Um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito humanidade; e concessão de asilo político”.
da República Federativa do Brasil.
A alternativa está correta, pois todos os princípios
A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos do relacionados no enunciado da questão estão previstos no art. 4º,
Estado Democrático de Direito, conforme consta no art. 1º, III, da em seus dez incisos, da Constituição da República, que estabelece
Constituição da República. os princípios a serem observados nas relações internacionais.
Deve ser assinalado, portanto, o item “E”.
RESPOSTA: “CORRETA”.
RESPOSTA: “E”.
06. (MS - ANALISTA ADMINISTRATIVO -
03. (TRT/3ª REGIÃO - JUIZ - TRT/3ª REGIÃO/2013) CESPE/2013) Considerando as disposições constitucionais
Na literalidade da Constituição de 1988, não se inclui entre os a respeito dos princípios fundamentais, julgue o item a
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
seguir: “Com a promulgação da Emenda Constitucional nº
A) Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
73/2013, são considerados Poderes da União, independentes
B) Garantir o desenvolvimento nacional.
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário
C) Promover a dignidade da pessoa humana.
D) Erradicar a pobreza e a marginalização. e o Tribunal de Contas”.
E) Reduzir as desigualdades sociais e regionais.
A Emenda Constitucional nº 73/2013 acrescentou o §11
Os objetivos fundamentais da República Federativa do ao art. 27 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
Brasil constam no art. 3º, da Constituição Federal, que prevê: criando os Tribunais Regionais Federais da 6ª (sede em Curitiba),
construir uma sociedade livre, justa e solidária (inciso I), garantir 7ª (sede em Belo Horizonte), 8ª (sede em Salvador) e 9ª (sede
o desenvolvimento nacional (inciso II), erradicar a pobreza e a em Manaus) Regiões.
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais Assim, referida emenda não tornou o Tribunal de Contas um
(inciso III), e promover o bem de todos, sem preconceitos de dos Poderes da União, pois não alterou o art. 2º, que estabelece
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre
discriminação (inciso IV). si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Consoante um

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
posicionamento tradicional, o TCU integra o Poder Legislativo, 08. (MP/SC - PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/
por auxiliar o Congresso Nacional no controle externo da SC/2013) Dentre os princípios que regem a República
fiscalização financeira, contábil, orçamentária, operacional e Federativa do Brasil em suas relações internacionais podem
patrimonial da União e das entidades das administrações direta e ser citados: a concessão de asilo político; o repúdio ao
indireta (art. 71, caput, CF). terrorismo e ao racismo; a defesa da paz; a não intervenção e
Com fundamento na explanação acima, a alternativa deve ser a autodeterminação dos povos.
assinalada como errada.
Dispõe a Constituição da República que o Brasil rege-se nas
RESPOSTA: “ERRADA”. suas relações internacionais pelos princípios da independência
nacional; prevalência dos direitos humanos; autodeterminação dos
07. (TJ/SC - JUIZ - TJ/SC/2013) Com base nas proposições povos; não intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz;
abaixo, assinale a alternativa correta: solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo;
I. A República Federativa do Brasil, formada pela união cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, concessão de asilo político (art. 4º e incisos, CF).
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como Diante disso, a alternativa deve ser assinalada como correta.
fundamentos: a soberania; a cidadania; a prevalência dos direitos
humanos; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o RESPOSTA: “CORRETA”.
pluralismo político.
II. A República Federativa do Brasil buscará a integração 09. (TRT/10ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
econômica, política, social e cultural dos povos da América CESPE/2013) Acerca dos princípios fundamentais expressos
Latina, visando à formação de uma comunidade latino- na Constituição Federal de 1988 (CF) e da aplicabilidade
americana de nações. das normas constitucionais, julgue o item a seguir: “Embora
III. Constituem objetivos fundamentais da República a Federação seja um dos princípios fundamentais da CF,
Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem preconceitos nada impede que o direito de secessão seja introduzido
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de no ordenamento jurídico brasileiro por meio de emenda
discriminação; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir constitucional”.
as desigualdades sociais e regionais; garantir o desenvolvimento
nacional; construir uma sociedade livre, justa e solidária. Nos termos do art. 60, §4º, I, da Constituição da República, a
IV. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações forma federativa de Estado não pode ser abolida no ordenamento
internacionais pelos seguintes princípios a independência jurídico pátrio, constituindo verdadeira cláusula pétrea, inalterável
nacional; a dignidade da pessoa humana; a autodeterminação por meio de emenda constitucional. Assim, não é possível a
dos povos; a não intervenção; a igualdade entre os Estados; extinção do pacto federativo, muito menos a possibilidade de
a defesa da paz; a solução pacífica dos conflitos; o repúdio ao secessão, ou seja, separação dos entes políticos.
terrorismo e ao racismo; a cooperação entre os povos para o Diante da constatação de que não há, no Brasil, o direito de
progresso da humanidade; a concessão de asilo político. secessão, a afirmação errada.
A) Todas as proposições estão corretas.
B) Somente as proposições I, II e III estão corretas. RESPOSTA: “ERRADA”.
C) Somente as proposições I, III e IV estão corretas.
D) Somente as proposições II e III estão corretas. 10. (SEPLAG/RJ - ANALISTA EXECUTIVO -
E) Somente as proposições II, III e IV estão corretas. CEPERJ/2013) A Constituição brasileira de 1988 estabeleceu
um imenso rol de princípios fundamentais, dentre os quais o
O item “I” está incorreto. A prevalência dos direitos humanos que se relaciona à forma de governo é o:
não é um dos fundamentos previstos no art. 1º, da Lei Fundamental, A) Federalista.
mas sim um dos princípios da República Federativa do Brasil em B) Republicano
suas relações internacionais, conforme consta no art. 4º, II, CF. C) Democrático
O item “II” está certo. O enunciado da alternativa está amparado D) Soberano
pelo texto do art. 4º, parágrafo único, da Constituição da República. E) Popular
O item “III” está correto, com fundamento no art. 3º, CF,
que prevê, em seus quatro incisos, os objetivos fundamentais da A Constituição Federal, em seu primeiro artigo, evidência
República Federativa do Brasil. que a forma de governo adotada no Brasil é a republicana, que foi
O item “IV” está equivocado. Os princípios que regem a confirmada por plebiscito, nos termos do art. 2º do ADCT.
República Federativa do Brasil estão expressos no art. 4º, da Sobre este assunto, é importante anotar brevemente algumas
Constituição da República. Neste rol não se encontra a dignidade da considerações sobre a organização do Estado: quanto à forma de
pessoa humana, que na verdade se trata de um dos fundamentos da governo, pode ser adotada a republicana, quando o poder é exercício
República brasileira (art. 1º, III, CF). em nome do povo e visando seus interesses, ou a monarquia, na
Sendo assim, estando corretos apenas os itens “II” e “III”, deve qual o poder fica concentrado nas mãos de poucas pessoas; quanto
ser assinalada a alternativa “D”. ao sistema de governo, pode ser adotado o presidencialismo, em
que o Presidente da República acumula as funções de Chefe de
RESPOSTA: “D”. Estado e de Chefe de Governo, ou o parlamentarismo, quando a

Didatismo e Conhecimento 51

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
chefia de Estado e a chefia de Governo são exercidas por pessoas Na hipótese trazida pela questão, incide o sistema de freios
diferentes; por fim, quanto à forma de Estado, poderá ser adotado e contrapesos, que é um mecanismo de controle recíproco entre
o federalismo, onde há unidades dotadas de autonomia política, os Poderes, pois a nomeação do nome indicado pelo Presidente
ou a forma unitária, em que o Estado é constituído de um governo da República como Ministro do STF depende de aprovação pela
único, conduzido por uma só pessoa. maioria absoluta do Senado Federal.
Feitas estas considerações, registre-se que o Brasil adota
a forma republicana de governo, o sistema presidencialista de RESPOSTA: “CORRETA”.
governo e a forma federativa de Estado.
Diante disso, deve ser assinalada a alternativa “B” como 13. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL -
correta. CESPE/2013) No que se refere aos princípios fundamentais
da Constituição Federal de 1988 (CF) e à aplicabilidade das
RESPOSTA: “B”. normas constitucionais, julgue o item a seguir: “Decorre do
princípio constitucional fundamental da independência e
11. (SEPLAG/RJ - ANALISTA EXECUTIVO -
harmonia entre os poderes a impossibilidade de que um poder
CEPERJ/2013) A Constituição de 1988 é muito criticada por
exerça função típica de outro, não podendo, por exemplo, o
ter previsto a prestação de inúmeros serviços e a previsão
Poder Judiciário exercer a função administrativa”.
de incontáveis direitos e garantias, individuais e coletivos,
criando justas expectativas para os cidadãos, mas encontrando No Brasil vigora o princípio da separação de poderes.
limitações orçamentárias na maior parte dos entes públicos. Contudo, esta separação não deve se dar de forma absoluta, mas
Alguns doutrinadores defendem que nesse tema deve de forma flexível, por meio da qual cada um dos poderes estatais
ser aplicada a reserva do possível. Dentre os princípios exerce a sua função típica, bem como as funções típicas dos
constitucionais fundamentais relativos à prestação positiva do demais poderes desde que haja expressa previsão constitucional
Estado está o seguinte princípio: neste sentido. Assim, ao Legislativo compete legislar e fiscalizar
A) Integração regional de forma típica, bem como julgar e administrar de forma atípica;
B) Defesa da paz o Executivo, por sua vez, tem a função típica de administrar, e
C) Convivência justa as funções atípicas de legislar e julgar; por fim, o Judiciário tem
D) Não intervenção competência para julgar, de forma típica, bem como legislar e
E) Livre organização administrar, quando no exercício das funções atípicas.
Diante disso, a alternativa deve ser assinalada como errada.
A alternativa “A” deve ser assinalada como correta, pois o
princípio da integração regional gera uma prestação positiva, um RESPOSTA: “ERRADA”.
dever de agir para o Estado brasileiro em prol do desenvolvimento
harmônico e proporcional de todas as regiões do país. 14. (PC/BA - INVESTIGADOR DE POLÍCIA -
As alternativas “B”, “C”, “D” e “E” estão erradas, tendo em CESPE/2013) Considerando os princípios fundamentais
vista que a defesa da paz, convivência justa, não intervenção e da CF, julgue o item que se segue: “A eleição periódica dos
livre organização são prestações negativas do Estado, isto é, detentores do poder político e a responsabilidade política do
exigem apenas um “deixar fluir” estatal como medidas inerentes chefe do Poder Executivo são características do princípio
a seus respeitos. republicano”.
RESPOSTA: “A”. No Estado em que se adota a forma republicana de
governo há a concentração do poder nas mãos de pessoas
12. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL -
eleitas periodicamente, que deverão representar os interesses da
CESPE/2013) No que se refere aos princípios fundamentais
coletividade. Além disso, na República, os detentores do poder
da Constituição Federal de 1988 (CF) e à aplicabilidade das
exercem as suas funções com responsabilidade, respondendo
normas constitucionais, julgue o item a seguir: “O mecanismo
pelos excessos cometidos.
denominado sistema de freios e contrapesos é aplicado, por
exemplo, no caso da nomeação dos Ministros do Supremo Nestes termos, a alternativa deve ser assinalada como correta.
Tribunal Federal (STF), atribuição do Presidente da República
e dependente da aprovação pelo Senado Federal”. RESPOSTA: “CORRETA”.

A alternativa está correta. De acordo com o art. 101, CF, o 15. (MP/RO - TÉCNICO EM CONTABILIDADE -
STF compõe-se de onze ministros, escolhidos dentre brasileiros FUNCAB/2012) Segundo a Constituição Federal, constitui
natos (art. 12, §3º, IV, CF), com mais de trinta e cinco e menos objetivo fundamental da República Federativa do Brasil:
de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e A) A cidadania.
reputação ilibada. Ademais, o parágrafo único do mencionado B) A dignidade da pessoa humana.
dispositivo determina que o nome indicado pelo Presidente da C) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
República deverá ser aprovado pela maioria absoluta do Senado D) Garantir o desenvolvimento nacional.
Federal. Após a aprovação do Senado, o Presidente da República E) A soberania.
poderá fazer a nomeação do Ministro.

Didatismo e Conhecimento 52

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Direito Constuticional
DIREITO CONSTITUCIONAL
Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil dinheiro, ressalvados os casos previstos na Constituição, ou seja,
estão previstos no art. 3º, da Constituição, de onde se extrai a os requisitos da desapropriação poderão ser afastados por força
garantia do desenvolvimento nacional (inciso II), o que torna de previsão constitucional (p. ex., arts. 182, §4º, III e 184, CF).
correta a letra “D”. A alternativa “D” está incorreta. Os autores de inventos
As alternativas “A”, “B”, “C” e “E” são, na verdade, os industriais possuem privilégio temporário para a utilização do
fundamentos da República brasileira, juntamente com o pluralismo invento (art. 5º, XXIX, CF).
político, previsto no art. 1º, do Texto Maior.
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “D”.
17. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII -
FGV/2013) A Constituição declara que todos podem reunir-
16. (TJM/MG - TÉCNICO JUDICIÁRIO - se em local aberto ao público. Algumas condições para que
FUMARC/2013) A Constituição Federal brasileira, no seu as reuniões se realizem são apresentadas nas alternativas a
rol de direitos individuais, garante o direito de propriedade seguir, à exceção de uma. Assinale-a:
que deverá atender a sua função social. Além de previsão A) Os participantes não portem armas.
de mecanismos que a protejam, enumera algumas situações B) A reunião seja autorizada pela autoridade competente.
de intervenção do Estado na propriedade privada. No que C) A reunião não frustre outra reunião anteriormente
diz respeito ao direito de propriedade, constitucionalmente convocada para o mesmo local.
tutelado, é possível afirmar corretamente: D) Os participantes reúnam-se pacificamente.
A) A Constituição Federal prevê hipótese de expropriação
sem qualquer indenização ao proprietário de glebas. O Texto Maior determina que todos podem reunir-
B) Aos autores pertence o privilégio temporário para se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
utilização de sua obra, transmissível aos herdeiros, pelo independentemente de autorização, desde que não frustrem outra
tempo que lei complementar fixar. reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
C) A desapropriação poderá ocorrer por necessidade apenas exigido prévio aviso à autoridade competente (art. 5º, XVI,
ou utilidade pública, ou por interesse social, tendo como CF).
requisitos constitucionais indenizatórios inafastáveis a Nestes termos, a alternativa “B” deve ser assinalada, pois é
o único requisito que não está previsto na norma descrita acima.
justeza, a anterioridade e o pagamento em dinheiro.
D) A lei assegurará aos autores de inventos industriais o
RESPOSTA: “B”.
direito exclusivo de sua utilização, publicação ou reprodução,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade
18. (TRE/CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012)
das marcas, aos nomes de empresas, imagem, moral e voz
Roberval, brasileiro, ficou viúvo, pois sua esposa Amália,
humanas e a outros signos distintivos, tendo em vista a função
holandesa e que não tinha filhos, faleceu na Escócia durante
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.
um passeio turístico, cujo ascendente paterno, Arquimedes,
reside na Espanha e sua ascendente materna, Hilda, reside na
A alternativa “A” está correta. Nos termos do art. 243, da França. Amália era proprietária de três imóveis no Brasil e,
Lei Fundamental, com redação dada pela EC nº 81/2014, as segundo a Constituição Federal, a sucessão dos seus bens será
propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde regulada, no caso, pela lei:
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a A) Francesa em benefício de Roberval, pois prevalece o
exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas domicilio de Hilda.
e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação B) Holandesa em benefício de Roberval, mesmo lhe sendo
popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem mais favorável a lei brasileira.
prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que C) Escocesa em benefício de Roberval, pois prevalece o
couber, o disposto no art. 5º. Ademais, a título de complemento, local do óbito.
o parágrafo único do aludido dispositivo, também com redação D) Espanhola em benefício de Roberval, pois prevalece o
dada pela EC nº 81/2014, prevê que todo e qualquer bem de domicilio de Arquimedes.
valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de E) Brasileira em benefício de Roberval, sempre que não
entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo lhe seja mais favorável a lei pessoal de Amália.
será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei. Consoante o art. 5º, XXXI, CF, a sucessão de bens de
A alternativa “B” está errada. Os autores possuem o direito estrangeiros situados no país será regulada pela lei brasileira em
exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (art. 5º, lhes seja mais favorável a lei pessoa do “de cujus”. Em mesmo
XXVII, CF). Nota-se que a constituição não estabelece que o sentido, o art. 10, §1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito
tempo será fixado em lei complementar. Brasileiro. Isto posto, a alternativa que guarda perfilhamento com
A alternativa “C” está equivocada. De acordo com o art. 5º, o dispositivo constitucional é a letra “E”.
XXIV, CF, a desapropriação será por necessidade ou utilidade,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em RESPOSTA: “E”.

Didatismo e Conhecimento 53

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Direito Constitucional
DIREITO CONSTITUCIONAL
19. (TJ/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) Lúcio, A alternativa “B” está errada, pois, como visto no parágrafo
Amélia e Tito, respectivamente, pai, mãe e filho, são lavradores acima, o direito à obtenção gratuita de certidões somente vale para
na pequena cidade de Amambaí, Estado do Mato Grosso do repartições públicas, mas não para estabelecimentos privados.
Sul, e sozinhos, sem a ajuda de funcionários, cultivam soja na A alternativa “C” está incorreta, pois, conforme o inciso
sua pequena propriedade rural, assim definida em lei. Lúcio LXXVI, alíneas “a” e “b”, do art. 5º, da Constituição, apenas o
investiu todas as suas economias pessoais na compra de uma registro civil de nascimento e a certidão de óbito são gratuitos para
máquina específica para ajudar a sua família na colheita da os reconhecidamente pobres na forma da lei. Quanto à gratuidade
soja, acreditando que seria farta e que a máquina lhes traria da certidão de casamento, o parágrafo único, do art. 1512, do
um excelente resultado econômico. Porém, ocorreu uma geada Código Civil, prevê que a habilitação para o casamento, o registro
que estragou toda a plantação, deixando Lúcio sem condições e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas,
de saldar seus débitos vencidos decorrentes da atividade apenas para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas
produtiva, sendo processado judicialmente. Nesse caso, a da lei.
referida pequena propriedade rural: A alternativa “D” está errada, pois o art. 5º, LXXVI, CF prevê
A) Será penhorada, porém o Juiz limitará a penhora a gratuidade apenas das ações de habeas corpus e habeas data.
à parte de propriedade de Lúcio, pois Amélia e Tito não Por fim, o que torna incorreta a alternativa “E” é o fato de que
compraram a máquina. o Estado somente prestará assistência jurídica integral e gratuita
B) É penhorável sempre porque deve garantir o pagamento aos que comprovarem insuficiência de recursos (art. 5º, LXXIV,
integral das dividas decorrentes da atividade produtiva, CF).
independentemente da existência de outros bens.
C) Será penhorada desde que não existam outros bens RESPOSTA: “A”.
penhoráveis.
D) Será penhorada, mas, segundo a Constituição Federal, 21. (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
o Juiz dará a prévia oportunidade a Lucio de pagar as dívidas Considere as seguintes afirmações a respeito dos direitos
em trinta e seis meses sem juros. e garantias fundamentais expressos na Constituição da
E) É impenhorável, face a vedação constitucional. República:
I. Não haverá penas de morte ou de caráter perpétuo,
A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde salvo em caso de guerra declarada.
II. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
imagem.
dispondo a lei sobe os meios de financiar o seu desenvolvimento
III. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
(art. 5º, XXVI, CF).
lesão ou ameaça a direito.
Assim, em face da vedação constitucional, a propriedade
IV. As associações somente poderão ser compulsoriamente
de Lúcio, Amélia e Tito é impenhorável, o que torna correta a
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
letra “E”.
judicial transitada em julgado.
Está correto o que se afirma apenas em:
RESPOSTA: “E”. A) I e II.
B) I e III.
20. (TRE/PR - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) A C) II e III.
Constituição da República assegura a todos, independentemente D) II e IV.
do pagamento de taxas: E) III e IV.
A) O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. O item “I” está errado, pois, apesar de somente se permitir
B) A obtenção de certidões em repartições públicas a pena de morte no Brasil em caso de guerra declarada (art. 5º,
e estabelecimentos privados, para defesa de direitos e XLVII, “a”, CF), as penas de caráter perpétuo não são admitidas
esclarecimento de situações de interesse pessoal. em hipótese alguma, com ou sem guerra (art. 5º, XLVII, “b”).
C) O registro civil de nascimento, a certidão de casamento O item “II” está correto, por reproduzir a essência do que está
e a certidão de óbito. previsto no art. 5º, V, da Constituição Federal, a saber, a disposição
D) As ações de habeas corpus, habeas data e o mandado de de que é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
segurança. além da indenização por dano material, moral ou à imagem.
E) A prestação de assistência jurídica integral pelo Estado. O item “III” está certo: a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV, CF).
Conforme o art. 5º, XXXIV, da Lei Fundamental, assegura- O item “IV” está incorreto. Exige-se decisão judicial transitada
se a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito em julgado apenas para se dissolver compulsoriamente as
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra associações. Para suspender suas atividades não há essa exigência
ilegalidade ou abuso de poder (alínea “a”), bem como a obtenção (art. 5º, XIX, CF).
de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e Sendo assim, corretos os itens “II” e “III”, convém assinalar
esclarecimento de situações de interesse pessoal (alínea “b”). A a alternativa “C”.
alternativa “A” está correta, por tratar desta situação prevista na
alínea “a”. RESPOSTA: “C”.

Didatismo e Conhecimento 54

55
Direito
Administrativo
Noções de Direito

NOÇÕES DE DIREITO
60. Lei nº 13.869/2019 (Lei de abuso de autoridade) .......................................................................................................................245
61. Lei orgânica da polícia do estado de são paulo (lei complementar nº 207/1979, lei complementar nº 922/02 e lei complementar nº
1.151/11)Administrativo
Direito ......................................................................................................................................................................... 248
62. Lei estadual nº 10.261/1968 (Estatuto dos funcionários públicos civis do estado de são paulo) ...................................................248
63. Direito administrativo.Dos princípios da administração pública ..................................................................................................270 3
64. Da administração pública direta e indireta .................................................................................................................................273 6
65. Dos poderes administrativos .....................................................................................................................................................279 12
66. Atos administrativos .................................................................................................................................................................281
14
67. Serviços e bens públicos ........................................................................................................................................................... 285
18
68. Responsabilidade civil do estado ..............................................................................................................................................294 30
69. Controle da administração ........................................................................................................................................................298 34
70. Licitação e contratos administrativos .........................................................................................................................................301 37
Parágrafo único - Até a implantação do sistema de que tra-
produzir. (NR)
ta este artigo, continuarão em vigor as disposições legais refer-
- Artigo 317 com redação dada pela Lei Complementar n° entes à função gratificada.
942, de 06/06/2003.
Artigo 329 - Ficam expressamenteDireito Administrativo
revogadas:
Artigo 318 - A autoridade que aplicou a penalidade, ou que
I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabeleçam
a tiver confirmado em grau de recurso, será competente para o
contagem de tempo em divergência com o disposto no Capítulo
exame da admissibilidade do pedido de revisão, bem como, caso
XV do Título II, ressalvada, todavia, a contagem, nos termos da
deferido o processamento, para a sua decisão final. (NR)
legislação ora revogada, do tempo de serviço prestado anterior-
- Artigo 318 com redação dada pela Lei Complementar n° mente ao presente Estatuto;
942, de 06/06/2003.
II - a Lei nº 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as demais
Artigo 319 - Deferido o processamento da revisão, será este
disposições atinentes aos extranumerários; e
realizado por Procurador de Estado que não tenha funcionado
III - a Lei nº 2.576, de 14 de janeiro de 1954.
no procedimento disciplinar de que resultou a punição do req-
Artigo 330 - Vetado.
uerente. (NR)
Artigo 331 - Revogam-se as disposições em contrário.
- Artigo 319 com redação dada pela Lei Complementar n° Palácio dos Bandeirantes, aos 28 de outubro de 1968.
942, de 06/06/2003.
Artigo 320 - Recebido o pedido, o presidente providenciará
o apensamento dos autos originais e notificará o requerente DIREITO ADMINISTRATIVO.DOS PRINCÍPIOS DA ADMI-
para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou NISTRAÇÃO PÚBLICA
requerer outras provas que pretenda produzir. (NR)
Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser- CONCEITO
vadas as normas previstas nesta lei complementar para o pro- O Direito Administrativo é um dos ramos do Direito Público,
cesso administrativo. (NR) já que rege a organização e o exercício de atividades do Estado,
- Artigo 320 com redação dada pela Lei Complementar n° visando os interesses da coletividade.
942, de 06/06/2003. Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento fina-
Artigo 321 - A decisão que julgar procedente a revisão lístico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades adminis-
poderá alterar a classificação da infração, absolver o punido, trativas como instrumentos para realização dos fins desejados
modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os direi- pelo Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Bra-
tos atingidos pela decisão reformada. (NR) sileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princí- pios
- Artigo 321 com redação dada pela Lei Complementar n° jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
942, de 06/06/2003. tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado”.
Disposições Finais O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello enfatiza a ideia
de função administrativa: “o direito administrativo é o ramo do
Artigo 322 - O dia 28 de outubro será consagrado ao “Fun- direito público que disciplina a função administrativa, bem como
cionário Público Estadual”. pessoas e órgãos que a exercem”
Artigo 323 - Os prazos previstos neste Estatuto serão todos Portanto, direito administrativo é o conjunto dos princípios
contados por dias corridos. jurídicos que tratam da Administração Pública, suas entidades,
Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia inicial, órgãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz respeito à ma-
prorrogando-se o vencimento, que incidir em sábado, domingo, neira de se atingir as finalidades do Estado. Assim, tudo que se
feriado ou facultativo, para o primeiro dia útil seguinte. refere à Administração Pública e a relação entre ela e os admi-
Artigo 324 - As disposições deste Estatuto se aplicam aos nistrados e seus servidores, é regrado e estudado pelo Direito
extranumerários, exceto no que colidirem com a precariedade Administrativo.
de sua situação no Serviço Público.
OBJETO
Disposições Transitórias O Direito Administrativo é um ramo que estuda as normas
que disciplinam o exercício da função administrativa, que regu-
Artigo 325 - Aplicam-se aos atuais funcionários interinos lam a atuação estatal diante da administração da “coisa públi-
as disposições deste Estatuto, salvo as que colidirem com a na- ca”.
tureza precária de sua investidura e, em especial, as relativas a O objeto imediato do Direito Administrativo são os princí-
acesso, promoção, afastamentos, aposentadoria voluntária e às pios e normas que regulam a função administrativa.
licenças previstas nos itens VI, VII e IX do artigo 181.

273

3
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Os princípios possuem papel importantíssimo para o Direito
Por sua vez, as normas e os princípios administrativos têm Administrativo. Uma vez que trata-se de ramo jurídico não codi-
por objeto a disciplina das atividades, agentes, pessoas e órgãos
ficado, os princípios, além de exercerem função hermenêutica e
da Administração Pública, constituindo o objeto mediato do Di-
integrativa, cumprem o papel de alinhavar os dispositivos legais
reito Administrativo.
esparsos que compõe a seara do Direito Administrativo, confe-
rindo-lhe coerência e unicidade.
FONTES
Os princípios do Direito Administrativo podem ser expres-
Pode-se entender fonte como a origem de algo, nesse caso
sos, ou seja, positivados, escritos na lei, ou implícitos, não po-
a origem das normas de Direito Administrativo.
sitivados, não expressamente escritos na lei. Importa esclarecer
a) Lei - De acordo com o princípio da legalidade, previsto que não existe hierarquia (grau de importância ou superiorida- de)
no texto constitucional do Artigo 37 caput, somente a lei pode entre os princípios expressos e implícitos, de forma que os últimos
impor obrigações, ou seja, somente a lei pode obrigar o sujeito não são inferiores aos primeiros. Prova de tal afirmação, é o fato
a fazer ou deixar de fazer algo. de que os dois princípios (ou supraprincípios) que dão forma o
Conforme o entendimento da Prof.ª Maria Helena Diniz, em Regime Jurídico Administrativo, são implícitos.
sentido jurídico, a Lei é um texto oficial que engloba um con-
junto de normas, ditadas pelo Poder Legislativo e que integra a • Regime Jurídico Administrativo: O Regime Jurídico Admi-
organização do Estado. nistrativo é formado por todos os princípios e demais dispositi-
Pode-se afirmar que a lei, em sentido jurídico ou formal, é vos legais que compõe o Direito Administrativo. Entretanto, é
um ato primário, pois encontra seu fundamento na Constituição correta a afirmação de que as bases desse regime são lançadas
Federal, bem como possui por características a generalidade (a por dois princípios centrais, ou supraprincípios, são eles: Supre-
lei é válida para todos) e a abstração (a lei não regula situação macia do Interesse Público e Indisponibilidade do Interesse Pú-
concreta). blico.
Existem diversas espécies normativas: lei ordinária, lei com-
plementar, lei delegada, medida provisória, decretos legislati- vos, → Supremacia do Interesse Público: Também denominado
resoluções, etc. Por serem leis constituem fonte primária do supremacia do interesse público sobre o privado, o supraprin-
Direito Administrativo. cípio invoca a necessidade da sobreposição dos interesses da
NOTA: Não se deve esquecer das normas constitucionais coletividade sobre os individuais. A defesa do interesse público
que estão no ápice do ordenamento jurídico brasileiro. confere ao Estado uma série de prerrogativas (‘‘vantagens’’ atri-
buídas pelo Direito Público) que permite uma atuação desigual
b) Doutrina é o resultado do trabalho dos estudiosos e pes- em relação ao particular.
quisadores do Direito, ou seja, é a interpretação que os doutri- São exemplos de prerrogativas da Administração Pública: A
nadores dão à lei. Vê-se que a doutrina não cria normas, mas imprescritibilidade dos bens públicos, ou seja, a impossibilidade
tão somente interpreta-as de forma que determinam o sentido de aquisição de bens da Administração Pública mediante ação
e alcance dessa e norteiam o caminho do seu aplicador. de usucapião; a possibilidade que a Administração Pública pos-
c) Jurisprudência é o resultado do trabalho dos aplicadores da sui de rescindir os contratos administrativos de forma unilateral,
lei ao caso concreto, especificamente, são decisões reiteradas dos ou seja, independente da expressão de vontade do particular
Tribunais. Também não cria normas, ao contrário, assemelhar-se à contratado; a possibilidade de requisitar os bens dos particula-
doutrina porque se trata de uma interpretação da legislação. res mediante situação de iminente perigo para população, entre
d) Costumes, de modo geral, são conceituados como os outros.
comportamentos reiterados que tem aceitação social. Ex: fila.
Não há nenhuma regra jurídica que obrigue alguém a respeitar → Indisponibilidade do Interesse Público: O supraprincípio
a fila, porém as pessoas respeitam porque esse é um costume, da indisponibilidade do interesse público tem como principal
ou seja, um comportamento que está intrínseco no seio social. função orientar a atuação dos agentes públicos, que, no exercí-
cio da função administrativa, devem atuar em nome e em prol
Princípios dos interesses da Administração Pública. Indisponibilidade sig-
Alexandre Mazza (2017) define princípios como sendo re- nifica que os agentes públicos não poderão renunciar poderes
gras condensadoras dos valores fundamentais de um sistema, (que são também deveres) e competências a eles atribuídos em
cuja função é informar e enformar o ordenamento jurídico e o prol da consecução do interesse público.
modo de atuação dos aplicadores e intérpretes do direito. De Ademais, uma vez que o agente público goza das prerrogati-
acordo com o administrativista, a função de informar deve-se vas de atuação conferidas pela supremacia do interesse público,
ao fato de que os princípios possuem um núcleo valorativo es- a indisponibilidade do interesse público, a fim de impedir que
sencial da ordem jurídica, ao passo que a função de enformar tais prerrogativas sejam desvirtuadas e utilizadas para a conse-
é caracterizada pelos contornos que conferem a determinada cução de interesses privados, impõe limitações à atuação dos
seara jurídica. agentes públicos.
Mazza (2017) atribui dupla funcionalidade aos princípios,
São exemplos de limitações impostas aos agentes públicos:
quais sejam, a função hermenêutica e a função integrativa. No A necessidade de aprovação em concurso público para o pro-
que toca a função hermenêutica, os princípios são responsáveis vimento dos cargos públicos e a necessidade do procedimento
por esclarecer o conteúdo dos demais dispositivos legais, quan- licitatório para contratação de serviços e aquisição de bens para
do os mesmos se mostrarem obscuros no ato de tutela dos casos Administração Pública.
concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez, os princí-
pios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais obser-
• Princípios Administrativos Clássicos:
vadas em matérias específicas e/ou diante das particularidades
que permeiam a aplicação das normas aos casos concretos.

274
4
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Publicidade: A publicidade é um mecanismo de controle dos
O art. 37, caput da Constituição Federal disciplina que a Ad-
atos administrativos por parte da sociedade, está associada à
ministração Pública direta e indireta, tanto no que diz respeito
prestação de informação da atuação pública aos administrados.
ao desempenho do serviço público, quanto no que concerne ao
A regra é que a atuação administrativa seja pública, viabilizando,
exercício da função econômica, deverá obedecer aos princípios
assim, o controle da sociedade. Entretanto, o princípio em ques-
da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Efi-
tão não é absoluto, admitindo exceções previstas em lei. Dessa
ciência, os famigerados princípios do LIMPE.
forma, em situações em que devam ser preservadas a segurança
Legalidade: O princípio da legalidade, no Direito Adminis-
nacional, relevante interesse coletivo e intimidade, honra e vida
trativo, ramo do Direito Público, possui um significado diferen-
privada, o princípio da publicidade será afastado.
te do que apresenta no Direito Privado. Para o Direito Privado,
Ademais, cumpre advertir que a publicidade é requisito de
considera-se legal toda e qualquer conduta do indivíduo que eficácia dos atos administrativos que se voltam para a socieda-
não esteja defesa em lei, que não contrarie a lei. Para o Direito
de, de forma que os mesmos não poderão produzir efeitos en-
Administrativo, legalidade significa subordinação à lei, assim, o
quanto não publicados. Ex: Proibição de levar animais e andar
administrador só poderá atuar no momento e da maneira que
de bicicleta em praça (bem público) recentemente inaugurada
a lei permite. Nesse sentido, havendo omissão legislativa (lacu-
só será eficaz mediante placa com o aviso.
na legal, ausência de previsão legal) em determinada matéria, o
administrador não poderá atuar, estará diante de uma vedação.
Eficiência (Inserido pela Emenda Constitucional 19/98): De
acordo com esse princípio, a Administração Pública deve atingir
Importante! O princípio da legalidade considera a lei em
os melhores resultados possíveis com o mínimo de gastos, ou
sentido amplo, assim, compreende-se como lei qualquer espécie
seja, produzir mais utilizando menos. Com a eficiência, deseja-se
normativa prevista pelo art. 59 da Constituição Federal.
rapidez, qualidade, presteza e menos desperdício de recursos
possível.
Impessoalidade: O princípio da impessoalidade deve ser
O princípio da eficiência inspirou, por exemplo, a avaliação
analisado sob duas óticas, são elas:
periódica de desempenho do servidor público.
a) Impessoalidade sob a ótica da atuação da Administração
Pública em relação aos administrados: O administrado deve
• Demais princípios que desempenham papel fundamental
pautar sua atuação na não discriminação e na não concessão de
no Direito Administrativo ( CARVALHO, 2017)
privilégios aos indivíduos que o ato atingirá, o que significa que
Ampla Defesa e Contraditório (art. 5, LV da CF/88): São os
sua atuação deverá estar calcada na neutralidade e na objetivi-
princípios responsáveis por enunciar o direito do particular
dade, não na subjetividade.
adquirir conhecimento sobre o que se passa em processos nos
Sobre o assunto, Matheus Carvalho (2017) cita o exemplo
quais componha um dos polos (autor ou réu), bem como, de se
do concurso público para provimento de cargos públicos. Ao no-
manifestar acerca dos fatos que lhe são imputados. Contradi-
mear indivíduos para ocupação dos cargos em questão, o admi-
tório e Ampla Defesa, portanto, são princípios que se comple-
nistrador estará vinculado a lista de aprovados no certame, não
mentam, devendo ser observados tanto em processos judiciais,
podendo selecionar qualquer outro sujeito.
quanto em processos administrativos.
b) Impessoalidade do administrador em relação a sua pró-
Em âmbito administrativo, a ampla defesa, conforme as-
pria atuação: A compreensão desse tópico exige a leitura do pa-
severa Matheus Carvalho (2017), compreende tanto o direito
rágrafo primeiro do art. 37 da CF/88. Vejamos: ‘‘A publicidade
à defesa prévia, direito de o particular se manifestar antes da
dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
decisão administrativa, a fim de formar o convencimento do ad-
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orien-
ministrador, quanto à defesa técnica, faculdade (possibilidade)
tação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
que o particular possui de constituir procurador (advogado).
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
Importante! O processo administrativo admite o duplo grau
servidores públicos.’’
de jurisdição, ou seja, a possibilidade de interpor recursos em
Do dispositivo legal supratranscrito é possível inferir que o
face sentença desfavorável.
uso da máquina pública para fins de promoção pessoal de au-
toridades e agentes públicos constitui violação ao princípio da
Inafastabilidade do Poder Judiciário (art. 5, inciso XXXV da
impessoalidade. Quando o agente público atua, no exercício da
CF/88): Insatisfeito com decisão proferida em âmbito admi-
função administrativa, o faz em nome da Administração Pública,
nistrativo, o particular poderá recorrer ao judiciário. Diz-se que
e não em nome próprio.
a decisão administrativa não forma Coisa Julgada Material, ou
Assim, se o Prefeito João do município J, durante a inaugu-
seja, não afasta a apreciação da matéria pelo judiciário, pois,
ração de uma praça com espaço recreativo voltado para crian-
caso o fizesse, consistiria em violação ao princípio da Inafastabi-
ças, contrata um carro de som para transmitir a mensagem: ‘‘
lidade do Poder Judiciário.
A nova praça é um presente do Prefeito João para a criançada
Ocorre que, de acordo com o princípio ora em análise, qual-
do município J’’, estará violando o princípio da impessoalidade.
quer indivíduo que sofra lesão ou ameaça a direito, poderá, sem
ressalva, recorrer ao Poder Judiciário.
Moralidade: Bom trato com a máquina pública. Atuação
Autotutela: De acordo com a súmula 473 do STF, por meio
administrativa pautada nos princípios da ética, honestidade,
probidade e boa fé. A moralidade na Administração Pública está da autotutela, a Administração Pública pode rever os atos que
intimamente ligada a não corrupção, não se confundindo com o pratica. A autotutela pode ser provocada pelo particular inte-
conceito de moralidade na vida privada. ressado, por meio do direito de petição, mas também pode ser
exercida de ofício, ou seja, é possível que a Administração Públi-
ca reveja os atos que pratica sem que seja necessária qualquer
provocação.

275
5
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Razoabilidade e Proporcionalidade: A atividade da Admi-
Motivação: É dever da Administração Pública justificar, mo-
nistração Pública deve obedecer a padrões plausíveis, aceitáveis
tivar os atos que pratica. Isso ocorre devido ao fato de que a
para a sociedade. Diz-se então, que a atuação administrativa
sociedade é a real titular do interesse público e, nessa qualida-
deve ser razoável. No que diz respeito à proporcionalidade, de-
de, tem o direito de conhecer as questões que levaram a Admi-
ve-se pensar em adequação entre a finalidade pretendida e os
nistração Pública a praticar determinado ato em determinado
meios utilizados para o alcance dessa finalidade, por exemplo,
momento. Existem exceções ao dever de motivar, exemplo, a
não é razoável e proporcional que um servidor público que se
nomeação e exoneração de servidores que ocupam cargos em
ausenta de suas atividades por apenas um dia seja punido com a
comissão, conforme disciplina o art. 40,§13 da CF/88.
sanção de exoneração.
O princípio da motivação é tratado pelos seguintes disposi-
tivos legais: Isonomia: O princípio da isonomia consiste no tratamento
Art. 50 da lei 9.784/99 ‘‘ Os atos administrativos deverão
igual aos indivíduos que se encontram na mesma situação e no
ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos ju-
tratamento diferenciado aos indivíduos que se encontram em
rídicos.’’
situação de desigualdade. Exemplo: Tratamento diferenciado
50, §1° da lei 9.784/99‘‘A motivação deve ser explícita, cla-
(‘‘vantagens’’) conferido às microempresas e empresas de pe-
ra e congruente, podendo consistir em declaração de concor-
queno porte no procedimento de licitação, a fim de que possam
dância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
competir de forma mais justa junto às empresas detentoras de
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante
maior poder econômico.
do ato.’’
O parágrafo primeiro do artigo cinquenta, de acordo com
Matheus Carvalho (2017) diz respeito à motivação aliunde, que
Segurança Jurídica: Disciplinado pelo art. 2º, parágrafo úni-
como o próprio dispositivo legal denuncia, ocorre quando o ad-
co, XIII da Lei 9784/99 ‘‘ Nos processos administrativos será ob-
ministrador recorre a motivação de atos anteriormente pratica-
servada a interpretação da norma administrativa da forma que
dos para justificar o ato que expedirá.
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
vedada aplicação retroativa de nova interpretação.’’. Do disposi-
Continuidade (Lei 8987/95): De acordo com o princípio da
tivo legal é possível extrair o fato de que não é possível aplicação
continuidade, a atividade administrativa deve ser contínua e não
retroativa de nova interpretação da norma em âmbito adminis-
pode sofrer interrupções. A respeito deste princípio, Matheus
trativo, visto que tal medida, ao ferir legítimas expectativas de
Carvalho (2017) traz alguns questionamentos, vejamos:
direito dos administrados, constituiria lesão ao princípio da Se-
gurança Jurídica.
→ Se a atividade administrativa deve ser contínua e ininter-
rupta, o servidor público não possui direito de greve?
Depende. Servidores militares não possuem direito de gre- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA
ve, tampouco de sindicalização. Em se tratando dos servidores
civis, o direito de greve existe e deve ser exercido nos termos e NOÇÕES GERAIS
condições da lei específica cabível. Tal lei específica, entretanto, Para que a Administração Pública possa executar suas ati-
nunca foi editada, de forma que STF decidiu que, diante da omis- vidades administrativas de forma eficiente com o objetivo de
são, os servidores públicos civis poderão fazer greve nos moldes atender os interesses coletivos é necessária a implementação
da Lei Geral de Greve. de tecnicas organizacionais que permitam aos administradores
públicos decidirem, respeitados os meios legias, a forma ade-
→ É possível que o particular contratado pela Administração quada de repartição de competencias internas e escalonamento
Pública se valha da exceção de contrato não cumprido? de pessoas para melhor atender os assuntos relativos ao inte-
Primeiramente, se faz necessário esclarecer que exceção de resse público.
contrato não cumprido é o direito que a parte possui de não Celso Antonio Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Di-
cumprir com suas obrigações contratuais caso a outra parte reito Administrativo assim afirma: “...o Estado como outras pes-
também não tenha cumprido com as dela. soas de Direito Público que crie, pelos múltiplos cometimentos que
lhe assistem, têm de repartir, no interior deles mesmos, os
Dessa forma, suponhamos que a Administração Pública dei- encargos de sua alçada entre diferentes unidades, representa-
xa de fazer os pagamentos ao particular contratado, este poderá tivas, cada qual, de uma parcela de atribuições para decidir os
deixar de prestar o serviço pactuado? assuntos que lhe são afetos...”
Sim, entretanto só poderá fazê-lo após 90 dias de inadim-
plência, trata-se de garantia conferida pelo princípio da conti- A Organização Administrativa é a parte do Direito Adminis-
nuidade disciplinada pelo art. 78, XV da Lei 8.666/93. trativo que normatiza os órgãos e pessoas jurídicas que a com-
põem, além da estrutura interna da Administração Pública.
→A interrupção de um serviço público em razão do inadim- Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei
plemento do usuário fere o princípio da continuidade? n. 200/67 que “dispõe sobre a organização da Administração
De acordo com o art. 6, § 3º da Lei 8987/95, a interrupção Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Adminis-
de serviço público em virtude do inadimplemento do usuário trativa”.
não fere o princípio da continuidade desde que haja prévio avi- O certo é que, durante o exercício de suas atribuições, o
so ou seja configurada situação de emergência, contanto, ainda, Estado pode desenvolver as atividades administrativas que lhe
que seja preservado o interesse coletivo. compete por sua própria estrutura ou então prestá-la por meio
de outros sujeitos.

276
6
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Essas quatro pessoas ou entidades administrativas são cria-
A Organização Administrativa estabelece as normas justa-
das para a execução de atividades de forma descentralizada,
mente para regular a prestação dos encargos administrativos do
seja para a prestação de serviços públicos ou para a exploração
Estado bem como a forma de execução dessas atividades, utili-
de atividades econômicas, com o objetivo de aumentar o grau
zando-se de técnicas administrativas previstas em lei.
de especialidade e eficiência da prestação do serviço público.
Têm característica de autonomia na parte administrativa e fi-
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
nanceira
Em âmbito federal o Decreto-Lei 200/67 regula a estrutura
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a
administrativa dividindo, para tanto, em Administração Direta e
título de exceção em duas situações previstas na CF/88, no seu
Administração Indireta.
art. 173:
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse
Administração Direta coletivo;
A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos pú-
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
blicos vinculados diretamente ao chefe da esfera governamental
que a integram.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando
explora atividade econômica. Quando estiver atuando na ativi-
DECRETO-LEI 200/67 dade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de
igualdade com os particulares, estando sob o regime do art. 170
Art. 4° A Administração Federal compreende: da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços inte-
grados na estrutura administrativa da Presidência da República e DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
dos Ministérios. No decorrer das atividades estatais, a Administração Públi-
ca pode executar suas ações por meios próprios, utilizando-se
Por característica não possuem personalidade jurídica pró- da estrutura administrativa do Estado de forma centralizada, ou
pria, patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas então transferir o exercício de certos encargos a outras pessoas,
são realizadas diretamente por meio do orçamento da referida como entidades concebidas para este fim de maneira descen-
esfera. tralizada.
Assim, como técnica administrativa de organização da exe-
Assim, é responsável pela gestão dos serviços públicos exe- cução das atividades administrativas, o exercício do serviço pú-
cutados pelas pessoas políticas por meio de um conjunto de ór- blico poderá ser por:
gãos que estão integrados na sua estrutura. Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo
Outra característica marcante da Administração Direta é que feita pela Administração direta do Estado, ou seja, utilizando-se
não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair do conjunto orgânico estatal para atingir as demandas da socie-
direitos e assumir obrigações, haja vista que estes pertencem dade. (ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.).
a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e Municípios). Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como o
A Administração direta não possui capacidade postulatória, prestador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza
ou seja, não pode ingressar como autor ou réu em relação pro- a execução da atividade.
cessual. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria
da Fazenda que pretende interpor ação judicial pugnando o re- Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros
cebimento de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá propor a que não se confundem com a Administração direta do Estado.
demanda em face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da Administração
que é a pessoa política dotada de personalidade jurídica com Pública (são sujeitos de direito distinto e autônomo).
capacidade postulatória para compor a demanda judicial. Se os sujeitos que executarão a atividade estatal estiverem
vinculadas a estrutura centra da Administração Pública, pode-
Administração Indireta rão ser autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
São integrantes da Administração indireta as fundações, as de economia mista (Administração indireta do Estado). Se esti-
autarquias, as empresas públicas e as sociedades de economia verem fora da Administração, serão particulares e poderão ser
mista. concessionários, permissionários ou autorizados.
Decreto-lei 200/67 Assim, descentralizar é repassar a execução de das ativida-
des administrativas de uma pessoa para outra, não havendo hie-
Art. 4° A Administração Federal compreende: rarquia. Pode-se concluir que é a forma de atuação indireta do
[...] Estado por meio de sujeitos distintos da figura estatal
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes Desconcentração: Mera técnica administrativa que o Estado
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica pró- utiliza para a distribuição interna de competências ou encargos
pria: de sua alçada, para decidir de forma desconcentrada os assun-
a) Autarquias; tos que lhe são competentes, dada a multiplicidade de deman-
b) Empresas Públicas; das e interesses coletivos.
c) Sociedades de Economia Mista. Ocorre desconcentração administrativa quando uma pes-
d) fundações públicas. soa política ou uma entidade da administração indireta distribui
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Adminis- competências no âmbito de sua própria estrutura a fim de tor-
tração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de com- nar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.
petência estiver enquadrada sua principal atividade.

277
7
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República
Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pes- as leis que:
soa jurídica, pois ocorre no âmbito da mesma entidade admi-
[...]
nistrativa.
Surge relação de hierarquia de subordinação entre os ór-
II - disponham sobre:
gãos dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentra-
[...]
das temos controle hierárquico, o qual compreende os poderes
de comando, fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-
de competência, delegação e avocação.
ção pública, observado o disposto no art. 84, VI;
Diferença entre Descentralização e Desconcentração Entretanto, em alguns casos, a iniciativa legislativa é atribuí-
As duas figuras técnicas de organização administrativa do
da, pelo texto constitucional, a outros agentes públicos, como
Estado não podem ser confundidas tendo em vista que possuem
ocorre, por exemplo, em relação aos órgãos do Poder Judiciário
conceitos completamente distintos. (art. 96, II, c e d, da Constituição Federal) e do Ministério Público
A Descentralização pressupõe, por sua natureza, a existên- (127, § 2.º), cuja iniciativa pertence aos representantes daque-
cia de pessoas jurídicas diversas sendo: las instituições.
a) o ente público que originariamente tem a titularidade so-
Trata-se do princípio da reserva legal aplicável às técnicas
bre a execução de certa atividade, e;
de organização administrativa (desconcentração para órgãos
b) pessoas/entidades administrativas ou particulares as públicos e descentralização para pessoas físicas ou jurídicas).
quais foi atribuído o desempenho da atividade em questão.
Atualmente, no entanto, não é exigida lei para tratar da or-
ganização e do funcionamento dos órgãos públicos, já que tal
Importante ressaltar que dessa relação de descentralização matéria pode ser estabelecida por meio de decreto do Chefe do
não há que se falar em vínculo hierárquico entre a Administra- Executivo.
ção Central e a pessoa descentralizada, mantendo, no entanto,
De forma excepcional, a criação de órgãos públicos poderá
o controle sobre a execução das atividades que estão sendo de-
ser instrumentalizada por ato administrativo, tal como ocorre na
sempenhadas.
instituição de órgãos no Poder Legislativo, na forma dos arts. 51,
Por sua vez, a desconcentração está sempre referida a uma IV, e 52, XIII, da Constituição Federal.
única pessoa, pois a distribuição de competência se dará inter-
Neste contexto, vemos que os órgãos são centros de compe-
namente, mantendo a particularidade da hierarquia.
tência instituídos para praticar atos e implementar políticas por
intermédio de seus agentes, cuja conduta é imputada à pessoa
CRIAÇÃO, EXTINÇÃO E CAPACIDADE PROCESSUAL DOS ÓR- jurídica. Esse é o conceito administrativo de órgão. É sempre um
GÃOS PÚBLICOS centro de competência, que decorre de um processo de descon-
centração dentro da Administração Pública.
Conceito
Órgãos Públicos, de acordo com a definição do jurista admi-
Capacidade Processual dos Órgãos Públicos
nistrativo Celso Antônio Bandeira de Mello “são unidade abstra-
Como visto, órgão público pode ser definido como uma uni-
tas que sintetizam os vários círculos de atribuição do Estado.”
dade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos
Por serem caracterizados pela abstração, não tem nem von-
que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Esta-
tade e nem ação próprias, sendo os órgão públicos não passan- do.
do de mera repartição de atribuições, assim entendidos como Na realidade, o órgão não se confunde com a pessoa jurídi-
uma unidade que congrega atribuições exercidas por seres que ca, embora seja uma de suas partes integrantes; a pessoa jurí-
o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado. dica é o todo, enquanto os órgãos são parcelas integrantes do
Desta forma, para que sejam empoderados de dinamismo e todo.
ação os órgãos públicos necessitam da atuação de seres físicos, O órgão também não se confunde com a pessoa física, o
sujeitos que ocupam espaço de competência no interior dos ór- agente público, porque congrega funções que este vai exer-
gãos para declararem a vontade estatal, denominados agentes cer. Conforme estabelece o artigo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº
públicos. 9.784/99, que disciplina o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, órgão é “a unidade de atuação
Criação e extinção integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da
A criação e a extinção dos órgãos públicos ocorre por meio Administração indireta”. Isto equivale a dizer que o órgão não
de lei, conforme se extrai da leitura conjugada dos arts. 48, XI,
tem personalidade jurídica própria, já que integra a estrutura da
e 84, VI, a, da Constituição Federal, com alteração pela EC n.º Administração Direta, ao contrário da entidade, que constitui
32/2001.6 “unidade de atuação dotada de personalidade jurídica” (inciso II
Em regra, a iniciativa para o projeto de lei de criação dos do mesmo dispositivo); é o caso das entidades da Administração
órgãos públicos é do Chefe do Executivo, na forma do art. 61, § Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
1.º, II da Constituição Federal. de economia mista).
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello, os órgãos:
“Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe “nada mais significam que círculos de atribuições, os feixes indi-
a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputa- dos, do viduais de poderes funcionais repartidos no interior da personali-
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
dade estatal e expressados através dos agentes neles providos”.
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe- riores,
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na for- ma e nos
casos previstos nesta Constituição.

278
8
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e
Embora os órgãos não tenham personalidade jurídica, eles obrigações próprios, distintos daqueles pertencentes ao ente
podem ser dotados de capacidade processual. A doutrina e a ju- que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de
risprudência têm reconhecido essa capacidade a determinados direito público, quanto à criação, extinção, poderes, prerrogati-
órgãos públicos, para defesa de suas prerrogativas. vas, privilégios, sujeições;
Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “embora despersona-
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar
lizados, os órgãos mantêm relações funcionais entre si e com ter-
o próprio direito, mas apenas a capacidade de se auto adminis-
ceiros, das quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na trar a respeito das matérias especificas que lhes foram desti-
forma legal ou regulamentar. E, a despeito de não terem per-
nadas pela pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga
sonalidade jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcio- de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a capacidade de
nais próprias que, quando infringidas por outro órgão, admitem autoadministração não existiria.
defesa até mesmo por mandado de segurança”.
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimô-
Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho, depois de lem- nio próprios.
brar que a regra geral é a de que o órgão não pode ter capa-
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia
cidade processual, acrescenta que “de algum tempo para cá,
entre as formas de descentralização administrativa por serviços
todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos
ou funcional, distinguindo-a da descentralização territorial; o
públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é o da im-
princípio da especialização impede de exercer atividades diver-
petração de mandado de segurança por órgãos públicos de natu- sas daquelas para as quais foram instituídas; e
reza constitucional, quando se trata da defesa de sua competên- - Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a
cia, violada por ato de outro órgão”. Admitindo a possibilidade autarquia não se desvie de seus fins institucionais.
do órgão figurar como parte processual. - Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas pró-
Desta feita é inafastável a conclusão de que órgãos públi- prias (surgem como resultado dos serviços que presta) e verbas
cos possuem personalidade judiciária. Mais do que isso, é lícito orçamentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão
dizer que os órgãos possuem capacidade processual (isto é, legi- liberdade para manejar as verbas que recebem como acharem
timidade para estar em juízo), inclusive mediante procuradoria conveniente, dentro dos limites da lei que as criou.
própria, - Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade
Ainda por meio de construção jurisprudencial, acompanhan- para desenvolver os seus serviços como acharem mais conve-
do a evolução jurídica neste aspecto tem reconhecido capacida- niente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos
de processual a órgãos públicos, como Câmaras Municipais, As- limites da lei que as criou.
sembleias Legislativas, Tribunal de Contas. Mas a competência
é reconhecida apenas para defesa das prerrogativas do órgão e Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públi-
não para atuação em nome da pessoa jurídica em que se inte-
cos, conforme dispõe o artigo 98, Código Civil e têm as seguintes
gram. características:
a) São alienáveis
PESSOAS ADMINISTRATIVAS b) impenhoráveis;
Pessoas Políticas c) imprescritíveis
Autarquias d) não oneráveis.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público cria-
das por lei para a prestação de serviços públicos e executar as Pessoal: em conformidade com o que estabelece o artigo 39
atividades típicas da Administração Pública, contando com capi-
da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas
tal exclusivamente público.
(União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as autarquias: instituir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: para todos os servidores da administração direta, das autarquias
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com per- e das fundações públicas.
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para execu- tar
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de per-
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e finan- ceira
sonalidade jurídica de direito público, podem praticar atos ad-
descentralizada.
ministrativos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo
este último, controlados pelo judiciário, por vias comuns adota-
As autarquias são regidas integralmente por regras de direi- das na legislação processual, tal como ocorre com os atos jurídi-
to público, podendo, tão-somente, serem prestadoras de servi- cos normais praticados por particulares.
ços e contando com capital oriundo da Administração Direta
(ex.: INCRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).
Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de
acordo com o nível federativo da autarquia, por exemplo, os lití-
Características: Temos como principais características das
gios comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras,
autarquias:
rés, assistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº
julgadas na Justiça Federal, o mesmo foro apropriado para pro-
6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº 200/67 e no artigo 37,
cessar e julgar mandados de segurança contra agentes autár-
XIX, da Constituição;
quicos.

279
9
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
econômica que o Governo seja levado a exercer por fôrça de con-
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos tingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de
em que encontramos como partes ou intervenientes terão seu
qualquer das formas admitidas em direito.
curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas
disposições da lei estadual de divisão e organização judiciárias.
As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu ca-
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime po-
pital é integralmente detido pela União, Estados, Municípios ou
derá ser estatutário ou trabalhista. Sendo estatutário, o litígio
pelo Distrito Federal, podendo contar com a participação de ou-
será de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser
tras pessoas jurídicas de direito público, ou também pelas enti-
processadas e julgadas nos juízos fazendários. Porém, se o litígio
dades da administração indireta de qualquer das três esferas de
decorrer de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o
governo, porém, a maioria do capital deve ser de propriedade da
servidor, a natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito),
União, Estados, Municípios ou do Distrito Federal.
devendo ser resolvido na Justiça do Trabalho, seja a autarquia
federal, estadual ou municipal.
Foro Competente
Responsabilidade civil: prevê a Constituição Federal que as
A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, en-
pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que
quanto a Justiça Estadual julga as empresas públicas estaduais,
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
distritais e municipais.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da
responsabilidade objetiva do Estado, aquela que independe da
investigação sobre a culpa na conduta do agente.
Objetivo
Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas É a exploração de atividade econômica de produção ou co-
prerrogativas de direito público, sendo elas: mercialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da
veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os União ou preste serviço público.
serviços das autarquias, desde que vinculados às suas finalida-
des essenciais ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer Regime Jurídico
que a imunidade para as autarquias tem natureza condicionada. Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não consequência está submetida a regime jurídico público. Se a em-
pode ser usado o instrumento coercitivo da penhora como ga- presa pública é exploradora de atividade econômica, estará sub-
rantia do credor. metida a regime jurídico privado igual ao da iniciativa privada.
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como As empresas públicas, independentemente da personalida-
bens públicos, não podem ser eles adquiridos por terceiros atra- de jurídica, têm as seguintes características:
vés de usucapião. - Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também
- Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de ter- são contempladas com verbas orçamentárias;
ceiros contra autarquias prescrevem em 5 anos. - Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e
- Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos demitir pessoas, devendo seguir as regras da CF/88. Para contra-
são inscritos como dívida ativa e podem ser cobrados pelo pro- tar, deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver
cesso especial das execuções fiscais. motivação.

Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas
caráter administrativo e possuem as cláusulas exorbitantes, que públicas e a Administração Direta, independentemente de sua
garantem à administração prerrogativas que o contratado co- função. Poderá a Administração Direta fazer controle de legali-
mum não tem, assim, dependem de prévia licitação, exceto nos dade e finalidade dos atos das empresas públicas, visto que es-
casos de dispensa ou inexigibilidade e precisam respeitar os trâ- tas estão vinculadas àquela. Só é possível, portanto, controle de
mites da lei 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a legalidade finalístico.
modalidade licitatória do pregão para os entes públicos. Como já estudado, a empresa pública será prestadora de
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pes- serviços públicos ou exploradora de atividade econômica. A
soas jurídicas de direito público, as entidades autárquicas rela- CF/88 somente admite a empresa pública para exploração de
cionam-se com os particulares com grau de supremacia, gozan- atividade econômica em duas situações (art. 173 da CF/88):
do de todas as prerrogativas estatais. - Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse cole-
Empresas Públicas tivo:
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado,
e tem sua criação por meio de autorização legal, isso significa A empresa pública deve obedecer aos princípios da ordem
dizer que não são criadas por lei, mas dependem de autorização econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando
legislativa. o Estado explora, portanto, atividade econômica por intermédio
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas: de uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela van-
tagens e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princí-
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: pio da livre concorrência).
[...] Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas
pelo Ministério Público, a fim de saber se está sendo cumprido
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade o acordado.
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital ex-
clusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade

280
10
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Fundações e Outras Entidades Privadas Delegatárias.
Sociedades de Economia Mista Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimô-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de
nio personalizado, destacado pelo seu instituidor para atingir
Direito Privado, integrante da Administração Pública Indireta,
uma finalidade específica. As fundações poderão ser tanto de
sua criação autorizada por lei, criadas para a prestação de ser-
direito público quanto de direito privado. São criadas por meio
viços públicos ou para a exploração de atividade econômica,
de por lei específica cabendo à lei complementar, neste último
contando com capital misto e constituídas somente sob a forma
caso, definir as áreas de sua atuação.
empresarial de S/A (Sociedade Anônima).
Decreto-lei 200/67 assim definiu as Fundações Públicas.
O Decreto-lei 200/67 assim conceitua as empresas públicas:
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: [...
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade
[...]
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú-
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
exploração de atividade econômica, sob a forma de socieda- de
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
por recursos da União e de outras fontes.
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
Apesar da legislação estabelecer que as fundações públicas
As sociedades de economia mista são:
são dotadas de personalidade jurídica de direito privado, a dou-
- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
trina administrativa admite a adoção de regime jurídico de direi-
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de to público a algumas fundações.
serviços públicos.
As fundações que integram a Administração indireta, quan-
- Empresas de capital misto.
do forem dotadas de personalidade de direito público, serão
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando fo-
rem dotadas de personalidade de direito privado, serão regidas
Veja alguns exemplos de sociedade mista: por regras de direito público e direito privado, dada sua relevân-
a). Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil. cia para o interesse coletivo.
b) Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Me-
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Admi-
trô, entre outras nistração direta, que é o instituidor para definir a finalidade pú-
blica. Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasi-
Características leiro Geográfico Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação
As sociedades de economia mista têm as seguintes carac- CASA; FUNAI; Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), entre ou-
terísticas: tras.
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
Características:
- Dirigentes próprios; - Liberdade financeira;
- Patrimônio próprio. - Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades - Patrimônio próprio:
de economia mista e a Administração Direta, independentemen-
te da função dessas sociedades. No entanto, é possível o con-
As fundações governamentais, sejam de personalidade de
trole de legalidade. Se os atos estão dentro dos limites da lei, as
direito público, sejam de direito privado, integram a Adminis-
sociedades não estão subordinadas à Administração Direta, mas
tração Pública. Importante esclarecer que não existe hierarquia
sim à lei que as autorizou.
ou subordinação entre a fundação e a Administração direta. O
As sociedades de economia mista integram a Administração que existe é um controle de legalidade, um controle finalístico.
Indireta e todas as pessoas que a integram precisam de lei para
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a
autorizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio
Administração direta, tanto na área tributária (ex.: imunidade
do registro de seus estatutos.
prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.:
prazo em dobro).
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das so-
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto
ciedades de economia mista, ou seja, independentemente das a terceiros. A responsabilidade da Administração é de caráter
atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação subsidiário, independente de sua personalidade.
das sociedades de economia mista. As fundações governamentais têm patrimônio público. Se
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade extinta, o patrimônio vai para a Administração indireta, subme-
econômica, submete-se ao mesmo regime jurídico das empresas tendo-se as fundações à ação popular e mandado de seguran-
privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que ça. As particulares, por possuírem patrimônio particular, não se
explora atividade econômica submete-se ao regime falimentar. submetem à ação popular e mandado de segurança, sendo estas
Sociedade de economia mista prestadora de serviço público não fundações fiscalizadas pelo Ministério Público.
se submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime
de livre concorrência.

281
11
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Não se pode confundir o Poder Disciplinar com o Poder
DOS PODERES ADMINISTRATIVOS Hierárquico, sendo que um decorre do outro. Para que a Ad-
ministração possa se organizar e manter relação de hierarquia
e subordinação é necessário que haja a possibilidade de aplicar
O poder administrativo representa uma prerrogativa es- sanções aos agentes que agem de forma ilegal.
pecial de direito público (conjunto de normas que disciplina a
A aplicação de sanções para o agente que infringiu norma
atividade estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o
de caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se tra-
administrador público para exercer suas funções necessita ser ta aqui de sanções penais e sim de penalidades administrativas
dotado de alguns poderes.
como advertência, suspensão, demissão, entre outras.
Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que
Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando
possibilitam à Administração cumprir com sua finalidade, contu- praticarem infração funcional, que é aquela que se relaciona
do, devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais
com a atividade desenvolvida pelo agente.
que o regem.
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja
Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar motivada e precedida de processo administrativo competente
pelo dever de agir, de probidade, de prestar contas e o dever de que garanta a ampla defesa e o contraditório ao acusado, evi-
pautar seus serviços com eficiência.
tando medidas arbitrárias e sumárias da Administração Pública
na aplicação da pena.
PODER HIERÁRQUICO
A Administração Pública é dotada de prerrogativa especial
de organizar e escalonar seus órgãos e agentes de forma hierar-
PODER REGULAMENTAR
quizada, ou seja, existe um escalonamento de poderes entre as
É o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar e
pessoas e órgãos internamente na estrutura estatal
editar regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com
É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor a finalidade de garantir a fiel execução à lei, sendo, portanto,
está obrigado a cumprir ordem emanada de seu superior desde privativa dos Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
que não sejam manifestamente ilegais. É também esse poder
Podemos dizer então que esse poder resulta em normas in-
que autoriza a delegação, a avocação, etc.
ternas da Administração. Como exemplo temos a seguinte dis-
A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrati- posição constitucional (art. 84, IV, CF/88):
vos, bem como cargos e funções, de forma que haja harmonia e
unidade de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Repúbli- ca:
o superior e o subordinado dentro do quadro da Administração
[...]
Pública.
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
Compete ainda a Administração Pública:
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.
a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instru-
ções), que tenham como objetivo ordenar a atuação dos órgãos
A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes e os
subordinados, pois refere-se a atos normativos que geram efei-
procedimentos a serem adotados quanto ao modo de aplicação
tos internos e não devem ser confundidas com os regulamentos,
de dispositivos legais expedidos pelo Poder Legislativo, dando
por serem decorrentes de relação hierarquizada, não se esten-
maior clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presen-
dendo a pessoas estranhas;
tes na lei.
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência,
- Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram
salvo para os manifestamente ilegais;
efeitos para todos (erga omnes); e
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o obje-
- O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a
tivo de verificar a legalidade de seus atos e o cumprimento de
suas obrigações, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os circunstância ou atividade que poderá ocorrer e a norma regula-
inconvenientes, seja ex. officio (realiza algo em razão do cargo mentadora que disciplina eventual atividade.
sem nenhuma provocação) ou por provocação dos interessados,
Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente
através dos recursos hierárquicos;
dotadas de competência para estabelecer regras disciplinando
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclu-
siva do órgão subordinado; os respectivos setores de atuação. É o denominado poder nor-
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas. mativo das agências.
Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao
A relação hierárquica é acessória da organização adminis- cumprimento do princípio da legalidade na medida em que os
trativa, permitindo a distribuição de competências dentro da atos normativos expedidos pelas agências ocupam posição de
organização administrativa para melhor funcionamento das ati- inferioridade em relação à lei dentro da estrutura do ordena-
vidades executadas pela Administração Pública. mento jurídico.

PODER DISCIPLINAR PODER DE POLÍCIA


O Poder Disciplinar decorre do poder punitivo do Estado de- É certo que o cidadão possui garantias e liberdades indivi-
corrente de infração administrativa cometida por seus agentes duais e coletivas com previsão constitucional, no entanto, sua
ou por terceiros que mantenham vínculo com a Administração utilização deve respeitar a ordem coletiva e o bem estar social.
Pública. Neste contexto, o poder de polícia é uma prerrogativa con-
ferida à Administração Pública para condicionar, restringir e li-
mitar o exercício de direitos e atividades dos particulares em
nome dos interesses da coletividade.

282
12
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciá-
Possui base legal prevista no Código Tributário Nacional, o
rio intervenha na atuação da Administração Pública. No entanto,
qual conceitua o Poder de Polícia:
essa liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário
o controle desse ato.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da adminis- Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta
tração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou for prevista em lei, além de seu uso para situações emergenciais,
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão em que será necessária a atuação da Administração Pública.
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, Vale lembrar que a administração pública pode executar,
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício por seus próprios meios, suas decisões, não precisando de au-
de atividades econômicas dependentes de concessão ou torização judicial.
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. - Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalida-
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de de, na medida que for necessária será permitido o uso da força
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos li- par cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que
mites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tra- torna obrigatório o ato praticado no exercício do poder de polí-
tando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem cia, independentemente da vontade do administrado.
abuso ou desvio de poder. Uso e Abuso De Poder
Sempre que a Administração extrapolar os limites dos pode-
Os meios de atuação da Administração no exercício do po- res aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegali-
der de polícia compreendem os atos normativos que estabele- dade traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido
cem limitações ao exercício de direitos e atividades individuais e judicialmente.
os atos administrativos consubstanciados em medidas preventi- O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em
vas e repressivas, dotados de coercibilidade. que a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes
A competência surge como limite para o exercício do poder Públicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas
de polícia. Quando o órgão não for competente, o ato não será constitucionais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a
considerado válido. possibilidade do ingresso ao Poder Judiciário.
O limite do poder de atuação do poder de polícia não po- A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação,
derá divorciar-se das leis e fins em que são previstos, ou seja, atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais
deve-se condicionar o exercício de direitos individuais em nome causados a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercí-
da coletividade. cio das suas atribuições quanto agindo nessa qualidade.

Limites Desvio de Poder


Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe O desvio significa o afastamento, a mudança de direção da
alguns limites quanto à competência, à forma, aos fins ou ao que fora anteriormente determinada. Este tipo de ato é pratica-
objeto. do por autoridade competente, que no momento em que pra-
Em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido tica tal ato, distinto do que é visado pela norma legal de agir,
para atender ao interesse público. A autoridade que fugir a esta acaba insurgindo no desvio de poder.
regra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato
com todas as consequências nas esferas civil, penal e adminis- Segundo Cretella Júnior:
trativa. “o fim de todo ato administrativo, discricionário ou não, é o
Dessa forma, o fundamento do poder de polícia é a predo- interesse público. O fim do ato administrativo é assegurar a ordem
minância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se da Administração, que restaria anarquizada e comprome- tida se
escuso qualquer benefício em detrimento do interesse público. o fim fosse privado ou particular”.
Não ser refere as situações que estejam eivadas de má-fé,
Atributos do poder de polícia mas sim quando a intenção do agente encontra-se viciada, po-
Os atributos do poder de polícia, busca-se garantir a sua dendo existir desvio de poder, sem que exista má-fé. É a junção
execução e a prioridade do interesse público. São eles: discricio- da vontade de satisfação pessoal com inadequada finalidade do
nariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade. ato que poderia ser praticado.
- Discricionariedade: a Administração Pública goza de li-
berdade para estabelecer, de acordo com sua conveniência e Essa mudança de finalidade, de acordo com a doutrina,
oportunidade, quais serão os limites impostos ao exercício dos pode ocorrer nas seguintes modalidades:
direitos individuais e as sanções aplicáveis nesses casos. Tam- a. quando o agente busca uma finalidade alheia ao interesse
bém confere a liberdade de fixar as condições para o exercício público;
de determinado direito. b. quando o agente público visa uma finalidade que, no en-
tanto, não é o fim pré-determinado pela lei que enseja validade
No entanto, a partir do momento em que são fixados es- ao ato administrativo e, por conseguinte, quando o agente bus-
ses limites, com suas posteriores sanções, a Administração será ca uma finalidade, seja alheia ao interesse público ou à categoria
obrigada a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar deste que o ato se revestiu, por meio de omissão.
seus atos vinculados.

283
13
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Via de regra, os atos devem ser escritos, permitindo de ma-
ATOS ADMINISTRATIVOS neira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças
que não sejam produzidas pelo homem, mas sim por máquinas,
que são os casos dos semáforos, por exemplo.
CONCEITO A forma não configura a essência do ato, mas apenas o ins-
Ato Administrativo, em linhas gerais, é toda manifestação trumento necessário para que a conduta administrativa atinja
lícita e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe seus objetivos. O ato deve atender forma específica, justamente
faça às vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imedia- porque se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem
to adquirir, transferir, modificar ou extinguir direitos e obriga- de um processo administrativo prévio, que se caracterize por
ções. uma série de atos concatenados, com um propósito certo.
Para Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, - Motivo: O motivo será válido, sem irregularidades na prá-
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modifi- tica do ato administrativo, exigindo-se que o fato narrado no ato
car, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos admi- praticado seja real e tenha acontecido da forma como estava
nistrados ou a si própria”. descrito na conduta estatal.
Para Maria Sylvia Zanella di Pietro ato administrativo é a Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito
“declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos das razões que levaram à prática do ato.
jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judi- ciário”. - Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa
Conforme se verifica dos conceitos elaborados por juristas receber com sua expedição. Todo e qualquer ato administrativo
administrativos, esse ato deve alcançar a finalidade pública, tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situa-
onde serão definidas prerrogativas, que digam respeito à supre- ções jurídicas referentes a pessoas, coisas ou atividades volta-
macia do interesse público sobre o particular, em virtude da in- das à ação da Administração Pública.
disponibilidade do interesse público. Entende-se por objeto, aquilo que o ato dispõe, o efeito
Os atos administrativos podem ser delegados, assim os par- causado pelo ato administrativo, em decorrência de sua prática.
ticulares recebem a delegação pelo Poder Público para prática Trata-se do objeto como a disposição da conduta estatal, aquilo
dos referidos atos. que fica decidido pela prática do ato.
Dessa forma, os atos administrativos podem ser pratica-
dos pelo Estado ou por alguém que esteja em nome dele. Logo, ATRIBUTOS
pode-se concluir que os atos administrativos não são definidos Atributos são qualidades, prerrogativas ou poderes espe-
pela condição da pessoa que os realiza. Tais atos são regidos ciais que revestem os atos administrativos para que eles alcan-
pelo Direito Público. cem os fins almejados pelo Estado.
Existem por conta dos interesses que a Administração re-
REQUISITOS presenta, são as qualidades que permitem diferenciar os atos
São as condições necessárias para a existência válida do administrativos dos outros atos jurídicos. Decorrem do princípio
ato. Os requisitos dos atos administrativos são cinco: da supremacia do interesse público sobre o privado.
- Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz. São atributos dos atos administrativos:
Trata-se de requisito vinculado, ou seja, para que um ato seja a) Presunção de Legitimidade/Legitimidade: É a presunção
válido deve-se verificar se foi praticado por agente competente. de que os atos administrativos devem ser considerados válidos,
O ato deve ser praticado por agente público, assim conside- até que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da
rado todo aquele que atue em nome do Estado, podendo ser de prestação dos serviços públicos.
qualquer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo A presunção de legitimidade não pressupõe no entanto que
determinado ou vínculo de natureza permanente. Ios atos administrativos não possam ser combatidos ou questio-
Além da competência para a prática do ato, se faz necessá- nados, no entanto, o ônus da prova é de quem alega.
rio que não exista impedimento e suspeição para o exercício da O atributo de presunção de legitimidade confere maior cele-
atividade. ridade à atuação administrativa, já que depois da prática do ato,
Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse
não sendo possível um agente que contenha competência ilimi- válido, até que se declare sua ilegalidade por decisão adminis-
tada, tendo em vista o dever de observância da lei para definir trativa ou judicial.
os critérios de legitimação para a prática de atos.
b) Imperatividade: É a prerrogativa que os atos administra-
- Finalidade: O ato administrativo deve ser editado pela tivos possuem de gerar unilateralmente obrigações aos adminis-
Administração Pública em atendimento a uma finalidade maior, trados, independente da concordância destes. É o atributo que a
que é a pública; se o ato praticado não tiver essa finalidade, Administração possui para impor determinado comportamento
ocorrerá abuso de poder. a terceiros.
Em outras palavras, o ato administrativo deve ter como fi- c) Exigibilidade ou Coercibilidade: É a prerrogativa que pos-
nalidade o atendimento do interesse coletivo e do atendimento suem os atos administrativos de serem exigidos quanto ao seu
das demandas da sociedade. cumprimento sob ameaça de sanção. A imperatividade e a exigi-
bilidade, em regra, nascem no mesmo momento.
- Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de Caso não seja cumprida a obrigação imposta pelo adminis-
exteriorização e demais procedimentos prévios que forem exigi- trativo, o poder público, se valerá dos meios indiretos de coa-
dos com a expedição do ato administrativo. ção, realizando, de modo indireto o ato desrespeitado.

284
14
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
igualdade com o particular. Nesses casos, a atividade será re-
gulada pelo direito privado, de modo que o Estado não irá se
d) Autoexecutoriedade: É o poder de serem executados ma- valer das prerrogativas que tenham relação com a supremacia
terialmente pela própria administração, independentemente de do interesse público.
recurso ao Poder Judiciário.
Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível ou
A autoexecutoriedade é atributo de alguns atos administra-
aluguel de imóvel para instalar uma Secretaria Municipal.
tivos, ou seja, não existe em todos os atos. Poderá ocorrer quan-
do a lei expressamente prever ou quando estiver tacitamente
Quanto à natureza das situações jurídicas que o ato cria:
prevista em lei sendo exigido para tanto situação de urgência;
Atos-regra: Criam situações gerais, abstratas e impessoais.
e inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar
Traçam regras gerais (regulamentos).
a lesão.
Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujei-
to determinado. Criam situações particulares e geram efeitos
CLASSIFICAÇÃO
individuais.
Os atos administrativos podem ser objeto de várias classifi-
Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada
cações, conforme o critério em função do qual seja agrupados. condição se cumpra.
Mencionaremos os agrupamentos de classificação mais comuns
entre os doutrinadores administrativos.
Quanto ao grau de liberdade da Administração para a prá- tica
do ato:
Quanto à composição da vontade produtora do ato:
Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados
Simples: depende da manifestação jurídica de um único ór-
em lei, não existindo possibilidade de apreciação por parte do
gão, mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito,
administrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe
portanto, a vontade para manifestação do ato deve ser unitária,
ao administrador apenas a verificação da existência de todos os
obtida através de votação em órgão colegiado ou por manifesta-
elementos expressos em lei para a prática do ato.
ção de um agente em órgãos singulares.
Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o
Complexo: resulta da manifestação conjugada de vontades
motivo e sobre o objeto do ato, devendo pautar suas escolhas
de órgãos diferentes. É necessária a manifestação de vontade de
de acordo com as razões de oportunidade e conveniência. A
dois ou mais órgãos para formar um único ato.
discricionariedade é sempre concedida por lei e deve sempre
estar em acordo com o princípio da finalidade pública. O poder
Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um
judiciário não pode avaliar as razões de conveniência e oportu-
edita o ato principal e o outro será acessório. Como se nota,
nidade (mérito), apenas a legalidade, os motivos e o conteúdo
é composto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo
ou objeto do ato.
órgão público, em patamar de desigualdade, de modo que o se-
gundo ato deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
Quanto aos efeitos:
Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destina-
Quanto a formação do ato:
tários. Pode ser outorgado um novo direito, como permissão de
Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma
uso de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir
das partes. Exemplo: licença
um período de suspensão.
Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes.
Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação
Exemplo: contrato administrativo;
já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou
Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes.
extingue a situação existente, apenas a reconhece.
Exemplo: convênios.
Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja
extinta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do ho-
Quanto aos destinatários do ato: rário de atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato.
Individuais: são aqueles destinados a um destinatário cer- Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o
to e determinado, impondo a norma abstrata ao caso concreto. ato que põe termo a um direito ou dever existente. Cite-se a
Nesse momento, seus destinatários são individualizados, pois a demissão do servidor público.
norma é geral restringindo seu âmbito de atuação.
Gerais: são os atos que têm por destinatário final uma cate- Quanto à situação de terceiros:
goria de sujeitos não especificados. Os atos gerais tem a finalida- Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito in-
de de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica terno da Administração Pública, não atingindo terceiros, como
que abrange um número indeterminado de pessoas, portanto as circulares e pareceres.
abrange todas as pessoas que se encontram na mesma situação, Externos: Destinados a produzir efeitos sobre terceiros, e,
por tratar-se de imposição geral e abstrata para determinada portanto, necessitam de publicidade para que produzam ade-
relação. quadamente seus efeitos.

Quanto à posição jurídica da Administração: Quanto à validade do ato:


Atos de império: Atos onde o poder público age de forma Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: compe-
imperativa sobre os administrados, impondo-lhes obrigações. tência, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito,
São atos praticados sob as prerrogativas de autoridade estatal. pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento
Ex. Interdição de estabelecimento comercial. futuro.
Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito
sem as prerrogativas do Estado (ausente o poder de comando que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as
estatal), sendo que a Administração irá atuar em situação de partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administra-

285
15
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou
tivos, ele deve ser observado até que haja decisão, seja admi-
não de serem expedidos regulamentos autônomos, em decor-
nistrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito
rência do princípio da legalidade.
retroativo, ex tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser
- Instruções normativas – Possuem previsão expressa na
respeitados os direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido
Constituição Federal, em seu artigo 87, inciso II. São atos admi-
atingidos pelo ato nulo.
Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem nistrativos privativos dos Ministros de Estado.
ser sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defei- - Regimentos – São atos administrativos internos que ema-
to, o ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a ser nam do poder hierárquico do Executivo ou da capacidade de au-
válido. Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas to-organização interna das corporações legislativas e judiciárias.
sim aqueles expressamente previstos em lei. Desta maneira, se destinam à disciplina dos sujeitos do órgão
Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato ad- que o expediu.
ministrativo, mas falta a manifestação de vontade da Adminis- - Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regi-
tração Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por mentos e regulamentos, expedidos pelas autoridades do execu-
agente público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridica- tivo.
mente impossível. - Deliberações – São atos normativos ou decisórios que
emanam de órgãos colegiados provenientes de acordo com os
Quanto à exequibilidade: regulamentos e regimentos das organizações coletivas. Geram
Perfeito: É aquele que completou seu processo de forma- direitos para seus beneficiários, sendo via de regra, vinculadas
ção, estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se con- para a Administração.
funde com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição
refere-se às etapas de sua formação. b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o fun-
Imperfeito: Não completou seu processo de formação, por- cionamento da Administração e a conduta funcional de seus
tanto, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exem- agentes. Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expe-
plo, a homologação, publicação, ou outro requisito apontado didos por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não
pela lei. obrigam aos particulares.
Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição São eles:
ou termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando ape- - Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierár-
nas aguardando o implemento desse acessório, por isso não se quico em desempenhar determinada função;
confunde com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, - Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para deter-
como o casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma minados funcionários ou agentes;
data específica.
- Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao
Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos,
Ministério;
nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exone-
- Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos
ração ou a concessão de licença para doar sangue.
aos seus subalternos que determinam a realização de atos espe-
ESPÉCIES ciais ou gerais;
a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando - Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos
geral do Executivo visando o cumprimento de uma lei. Podem responsáveis por obras ou serviços públicos;
apresentar-se com a característica de generalidade e abstração - Provimentos – atos administrativos intermos, com deter-
(decreto geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e minações e instruções em que a Corregedoria ou os Tribunais
concreção (decreto de nomeação de um servidor). expedem para regularização ou uniformização dos serviços;
Os atos normativos se subdividem em:
- Regulamentos: São atos normativos posteriores aos de- - Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Admi-
cretos, que visam especificar as disposições de lei, assim como nistração a terceiros;
seus mandamentos legais. As leis que não forem executáveis, - Despachos administrativos – são decisões tomadas pela
dependem de regulamentos, que não contrariem a lei originária. autoridade executiva (ou legislativa e judiciária, quando no exer-
Já as leis auto-executáveis independem de regulamentos para cício da função administrativa) em requerimentos e processos
produzir efeitos. administrativos sujeitos à sua administração.
1. Regulamentos executivos: são os editados para a fiel
execução da lei, é um ato administrativo que não tem o foto c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma decla-
de inovar o ordenamento jurídico, sendo praticado para com- ração de vontade da Administração apta a concretizar determi-
plementar o texto legal. Os regulamentos executivos são atos nado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular,
normativos que complementam os dispositivos legais, sem que nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.
ivovem a ordem jurídica, com a criação de direitos e obrigações. - Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que
2. Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e a Administração concede ao Administrado a faculdade de reali-
visam inovar o ordenamento jurídico, determinando normas zar determinada atividade.
sobre matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, - Autorização – ato discricionário e precário em que a Admi-
podem ser considerados atos expedidos como substitutos da lei nistração confere ao administrado a faculdade de exercer deter-
e não facilitadores de sua aplicação, já que são editados sem minada atividade.
contemplar qualquer previsão anterior. - Permissão - ato discricionário e precário em que a Adminis-
tração confere ao administrado a faculdade de promover certa
atividade nas situações determinadas por ela;

286
16
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
A anulação pode acontecer por via judicial ou por via ad-
- Aprovação - análise pela própria administração de ativida- ministrativa. Ocorrerá por via judicial quando alguém solicita
des prestadas por seus órgãos;
ao Judiciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa
- Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato quando a própria Administração expede um ato anulando o an-
praticado pela própria Administração como maneira de exequi- tecedente, utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja, a
bilidade; Administração tem o poder de rever seus atos sempre que eles
- Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato forem ilegais ou inconvenientes. Quando a anulação é feita por
praticado pelos seus órgãos como meio de lhe dar eficácia; via administrativa, pode ser realizada de ofício ou por provoca-
- Dispensa - ato administrativo que exime o particular do ção de terceiros.
cumprimento de certa obrigação até então conferida por lei.
De acordo com entendimento consolidado pelo Supremo
- Renúncia - ato administrativo em que o poder Público ex- Tribunal Federal, a anulação de um ato não pode prejudicar ter-
tingue de forma unilateral um direito próprio, liberando defini-
ceiro de boa-fé.
tivamente a pessoa obrigada perante a Administração Pública.
Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF:
- SÚMULA 346: A administração pública pode declarar a nu-
d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Adminis-
lidade dos seus próprios atos.
tração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma - SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios
opinião sobre determinado assunto, constantes de registros, atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque de-
processos e arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vincula- les não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
dos quanto ao motivo e ao conteúdo.
veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
- Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
comprova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento
por meio dos órgãos competentes;
Revogação: É a retirada do ato administrativo em decorrên-
- Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e au-
cia da sua inconveniência ou inoportunidade em face dos inte-
tenticadas de atos ou fatos existentes em processos, livros ou
resses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado
documentos que estejam na repartição pública;
de acordo com a lei. A revogação somente poderá ser feita por
- Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referen-
via administrativa.
tes a assuntos submetidos à sua consideração.
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração per-
deu o interesse na manutenção deste, ainda que não exista vício
e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção im-
que o tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito
posta pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as
administrativo, por set um ato legal, todos os atos já foram pro-
infrações administrativas ou condutas irregulares de servidores
duzidos de forma lícita, de modo que a revogação não irá retroa-
ou de particulares perante a Administração.
gir, contudo mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc).
Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as
Não há limite temporal para a revogação de atos administra-
disposições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou
tivos, não se configurando a decadência, no prazo quinquenal,
serviços.
tendo em vista o entendimento que o interesse público pode ser
Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atua-
alterado a qualquer tempo.
ção externa e interna. Quando for interna, compete à Adminis-
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato,
tração punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os ser-
por razões de conveniência e oportunidade.
viços que contenham defeitos, por meio de sanções previstas
Convalidação ou Sanatória: É o ato administrativo que, com
nos estatutos, fazendo com que se respeite as normas adminis-
efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a
trativas.
torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato poste-
rior que sana um vício de um ato anterior, transformando-o em
EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
válido desde o momento em que foi praticado. Alguns autores,
Os atos administrativos são produzidos e editados com a
ao se referir à convalidação, utilizam a expressão sanatória.
finalidade de produzir efeitos jurídicos. Cumprida a finalidade a
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente ma-
qual fundamenta a edição do ato o mesmo deve ser extinto.
joritária), constitutiva, secundária, e eficácia ex tunc.
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos,
Outras vezes, fatos ou atos posteriores interferem direta-
sustentando que os atos administrativos somente podem ser
mente no ato e geram sua suspensão ou elimina definitivamen-
nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam
te seus efeitos, causando sua extinção.
os atos anuláveis.
Ademais, diversas são as causas que determinam a extin-
Existem três formas de convalidação:
ção dos atos adminsitrativos ou de seus efeitos, vejamos:
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autorida-
de que praticou o ato;
Cassação: Ocorre a extinção do ato administrativo quando
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade supe-
o administrado deixa de preencher condição necessária para
rior àquela que praticou o ato;
permanência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro,
condição indispensável para manutenção do ato administrativo.
ou seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem por auto-
ridade superior.
Anulação ou invalidação (desfazimento): É a retirada, o
desfazimento do ato administrativo em decorrência de sua inva-
Verificado que um determinado ato é anulável, a convalida-
lidade, ou seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela
ção será discricionária, ou seja, a Administração convalidará ou
Administração ou pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex
não o ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo
tunc.

287
17
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
a prestação, conferindo à entidades estranhas ao seu aparelho
por base o princípio da estabilidade das relações jurídicas, en- administrativo, titulação para que os prestem, segundo os ter-
tendem que a convalidação deverá ser obrigatória, visto que, se
mos e condições fixadas, e, ainda, enquanto o interesse público
houver como sanar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É
aconselhar tal solução. Dessa forma, esses serviços podem ser
possível, entretanto, que existam obstáculos ao dever de conva- delegados a outras entidades públicas ou privadas, na forma de
lidar, não havendo outra alternativa senão anular o ato.
concessão, permissão ou autorização.
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público
DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA é a atividade ou organização abrangendo todas as funções do
A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos Estado; já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela
potestativos, que “são poderes que a lei confere a determinadas
administração pública.
pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre si-
tuações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
ou seja, quando a lei ou a vontade fixam determinado prazo Os serviços públicos possuem quatro caracteres jurídicos
para serem exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio fundamentais que configuram seus elementos constitutivos,
direito material.
quais sejam:
O instituto da decadência tem a finalidade de garantir a
- Generalidade: o serviço público deve ser prestado a todos,
segurança jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é
ou seja à coletividade.
de ordem pública, não podendo ser renunciada. Entretanto, se
- Uniformidade: exige a igualdade entre os usuários do servi-
o prazo decadencial for ajustado, por declaração unilateral de
ço público, assim todos eles devem ser tratados uniformemente.
vontade ou por convenção entre as partes, pode ser renunciado,
- Continuidade: não se pode suspender ou interromper a
que corresponderá a uma revogação da condição para o exercí-
prestação do serviço público.
cio de um direito dentro de determinado tempo.
- Regularidade: todos os serviços devem obedecer às nor-
Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-
mas técnicas.
-se como de decadência administrativa os prazos estabelecidos
- Modicidade: o serviço deve ser prestado da maneira mais
por diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Ad-
barata possível, de acordo com a tarifa mínima. Deve-se consi-
ministração. E isso porque a prescrição, como instituto jurídico,
derar a capacidade econômica do usuário com as exigências do
pressupõe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um
mercado, evitando que o usuário deixe de utilizá-lo por motivos
direito. Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro
de ausência de condições financeiras.
dos quais o administrado pode interpor recursos administrativos
- Eficiência: para que o Estado preste seus serviços de ma-
ou pode a Administração manifestar-se, seja pela prática de atos
neira eficiente é necessário que o Poder Público atualize-se com
sobre a conduta de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos
novos processos tecnológicos, devendo a execução ser mais pro-
contribuintes, ou outras obrigações com os administrados, refe-
veitosa com o menos dispêndio.
re-se a esses prazos denominando-os de prescricionais.
Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcur-
Em caso de descumprimento de um dos elementos supra
so do prazo, impedindo a prática de um ato pela própria Admi-
mencionado, o usuário do serviço tem o direito de recorrer ao
nistração.
Judiciário e exigir a correta prestação.

REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE
SERVIÇOS E BENS PÚBLICOS
A regulação de serviços públicos
CONCEITO Pode ser definida como sendo a atividade administrativa de-
Serviços públicos são aqueles serviços prestados pela Admi- sempenhada por pessoa jurídica de direito público que consis-
te no disciplinamento, na regulamentação, na fiscalização e no
nistração, ou por quem lhe faça às vezes, mediante regras pre-
controle do serviço prestado por outro ente da Administração
viamente estipuladas por ela para a preservação do interesse
Pública ou por concessionário ou permissionário do serviço pú-
público.
blico, à luz de poderes que lhe tenham sido, por lei, atribuídos
A titularidade da prestação de um serviço público sempre
para a busca da adequação daquele serviço, do respeito às re-
será da Administração Pública, somente podendo ser transfe-
gras fixadoras da política tarifária, da harmonização, do equilí-
rido a um particular a prestação do serviço público. As regras
brio e da composição dos interesses de todos os envolvidos na
serão sempre fixadas unilateralmente pela Administração, inde-
prestação deste serviço, assim como da aplicação de penalida-
pendentemente de quem esteja executando o serviço público.
des pela inobservância das regras condutoras da sua execução.
Qualquer contrato administrativo aos olhos do particular é con-
A regulação do serviço público pode ocorrer sobre serviços
trato de adesão.
executados de forma direta, outorgados a entes da administra-
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-
ção indireta ou para serviços objeto de delegação por conces-
-se utilizar as regras de competência dispostas na Constituição
são, permissão ou autorização. Em qualquer um desses casos, a
Federal. Quando não houver definição constitucional a respeito,
atividade regulatória é diversa e independente da prestação dos
deve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços,
serviços. Desta forma é necessário que o órgão executor do ser-
bem como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. viço seja diverso do órgão regulador, do contrário, haverá uma
Sendo regras de direito público, será serviço público; sendo re- tendência natural a que a atividade de regulação seja deixada de
gras de direito privado, será serviço privado. lado, em detrimento da execução, ou que aquela seja executada
O fato de o Ente Federado ser o titular dos serviços não sig- sem a isenção, indispensável a sua adequada realização.
nifica que deva obrigatoriamente prestá-los por si. Assim, tanto
poderá prestá-los por si mesmo, como poderá promover-lhes

288
18
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Assim, em sentido amplo, pode-se dizer que serviço público
Regulamentação e controle é a atividade ou organização abrangendo todas as funções do
A regulamentação e o controle competem ao serviço públi-
Estado; já em sentido estrito, são as atividades exercidas pela
co, independente da forma de prestação de serviço público ao
administração pública.
usuário.
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser rea-
Caso o serviço não esteja sendo prestado de forma correta,
lizada pela administração direta, indireta ou por particulares.
o Poder Público poderá intervir e retirar a prestação do terceiro
Oportuno lembrar que a administração direta é composta por
que se responsabilizou pelo serviço. Deverá ainda exigir eficiên-
órgãos, que não têm personalidade jurídica, que não podem es-
cia para o cumprimento do contrato.
tar, em regra, em juízo para propor ou sofrer medidas judiciais.
Como a Administração goza de poder discricionário, pode-
A administração indireta é composta por pessoas, surgindo
rão ter as cláusulas contratuais modificadas ou a delegação do
como exemplos: autarquias, fundações, empresas públicas, so-
serviço público revogada, atendendo ao interesse público.
ciedades de economia mista.
O caráter do serviço público não é a produção de lucros,
Por outro lado, o serviço público também pode ser execu-
mas sim servir ao público donde nasce o direito indeclinável da
tado por particulares, por meio de concessão, permissão, auto-
Administração de regulamentar, fiscalizar, intervir, se não esti-
rização.
ver realizando a sua obrigação.

Características jurídicas: Competência


As características do serviço público envolvem alguns ele- São de competência exclusiva do Estado, não podendo dele-
mentos, tais quais: elemento subjetivo, elemento formal e ele- gar a prestação à iniciativa privada: os serviços postais e correio
mento material. aéreo nacional.
- Elemento Subjetivo – o serviço público compete ao Esta-
do que poderá delegar determinados serviços públicos, através Art. 21, CF Compete à União:
de lei e regime de concessão ou permissão por meio de licita- ()
ção. O Estado é responsável pela escolha dos serviços que em X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional
determinada ocasião serão conhecidos como serviços públicos.
Exemplo: energia elétrica; navegação aérea e infraestrutura por- Além desses casos, veja estes incisos ainda trazidos no mes-
tuária; transporte ferroviário e marítimo entre portos brasileiros mo artigo constitucional:
e fronteiras nacionais; transporte rodoviário interestadual e in- Art. 21, CF Compete à União:
ternacional de passageiros; portos fluviais e lacustres; serviços ()
oficiais de estatística, geografia e geologia XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
- Elemento Material – o serviço público deve corresponder a são ou permissão:
uma atividade de interesse público. a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
- Elemento Formal – a partir do momento em que os parti- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
culares prestam serviço com o Poder Público, estamos diante do b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aprovei-
regime jurídico híbrido, podendo prevalecer o Direito Público ou tamento energético dos cursos de água, em articulação com os
o Direito Privado, dependendo do que dispuser a lei. Para ambos Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;
os casos, a responsabilidade é objetiva. (os danos causados pe- c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aero-
los seus agentes serão indenizados pelo Estado) portuária;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre
FORMAS DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os
limites de Estado ou Território;
Titularidade e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e inter-
A titularidade da prestação de um serviço público sempre nacional de passageiros;
será da Administração Pública, somente podendo ser transferi- f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
do a um particular a execução do serviço público.
As regras serão sempre fixadas de forma unilateral pela Ad- Titularidade não-exclusiva do Estado: os particulares podem
ministração, independentemente de quem esteja executando o prestar, independentemente de concessão, são os serviços so-
serviço público. ciais. Ex: serviços de saúde, educação, assistência social.
Para distinguir quais serviços são públicos e quais não, deve-
-se utilizar as regras de competência dispostas na Constituição De acordo com nossa Lei maior compete aos Estados e ao
Federal. Distrito Federal:
Quando não houver definição constitucional a respeito, de- Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui-
ve-se observar as regras que incidem sobre aqueles serviços, ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Cons-
bem como o regime jurídico ao qual a atividade se submete. tituição.
Sendo regras de direito público, será serviço público; sendo re- § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes
gras de direito privado, será serviço privado. sejam vedadas por esta Constituição.
Desta forma, os instrumentos normativos de delegação de § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
serviços públicos, como concessão e permissão, transferem ape- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
nas a prestação temporária do serviço, mas nunca delegam a vedada a edição de medida provisória para a sua regulamenta- ção.
titularidade do serviço público.

289
19
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
ço, mas o Estado (Administração Direta) tem responsabilidade
§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, ins-
subsidiária, caso a Administração Indireta não consiga suprir a
tituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrre-
reparação do dano. A remuneração paga pelo usuário tem na-
giões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para tureza de taxa.
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.
c) Prestação Indireta por delegação: é realizada por conces-
sionários e permissionários, após regular licitação. Se a delega-
Ao Distrito Federal:
ção tiver previsão em lei específica, é chamada de concessão
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Muni- cípios,
de serviço público e se depender de autorização legislativa, é
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício chamada de permissão de serviço público.
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara
A prestação indireta por delegação só pode ocorrer nos
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
chamados serviços públicos uti singuli e a responsabilidade por
nesta Constituição.
danos causados é objetiva e direta das concessionárias e permis-
§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências le-
sionárias, podendo o Estado responder apenas subsidiariamen-
gislativas reservadas aos Estados e Municípios.
te. A natureza da remuneração para pelo usuário é de tarifa ou
[...]
preço público.
Importante lembrar, que o poder de fiscalização da presta-
O artigo 30 da Constituição Federal, traz os serviços de com-
ção de serviços públicos é sempre do Poder Concedente.
petência dos municípios, destacando-se o disposto no inciso V

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
ber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem DELEGAÇÃO

como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de bilidade pela reparação de danos decorrentes da prestação de
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; serviços, neste caso, é objetiva e do próprio prestador do servi-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legisla-
ção estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de con-
cessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, in-
cluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fun-
damental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento ter-
ritorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcela-
mento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e es-
tadual.
Formas de prestação do serviço público
a). Prestação Direta: É a prestação do serviço pela Adminis-
tração Pública Direta, que pode se realizar de duas maneiras:
- pessoalmente pelo Estado: quando for realizada por órgãos
públicos da administração direta.
- com auxílio de particulares: quando for realizada licitação,
celebrando contrato de prestação de serviços. Apesar de feita
por particulares, age sempre em nome do Estado, motivo pelo
qual a reparação de eventual dano é de responsabilidade do Es-
tado.

b) Prestação Indireta por outorga: nesse caso a prestação de


serviços públicos pode ser realizada por pessoa jurídica especia-
lizada criada pelo Estado, se houver lei específica. Este tipo de
prestação é feita pela Administração Pública Indireta, ou seja,
pelas autarquias, fundações públicas, associações públicas, em-
presas públicas e sociedades de economia mista. A responsa-

290
20
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
As formas de delegação por concessões de serviços
públicos e de obras públicas e as permissões de serviços
públicos reger-
-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, pela
lei 8.987/95, pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas
dos indispensáveis contratos.
Vamos conferir a redação do artigo 175 da Constituição
Fe- deral:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, direta-
mente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre atra- vés
de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscaliza-
ção e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos
usuários; III - política
tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Note-se que o dispositivo não faz referência à


autorização de serviço público, talvez porque os chamados
serviços públicos autorizados não sejam prestados a
terceiros, mas aos próprios particulares beneficiários da
autorização; são chamados servi- ços públicos, porque
atribuídos à titularidade exclusiva do Es- tado, que pode,
discricionariamente, atribuir a sua execução ao particular que
queira prestá-lo, não para atender à coletividade, mas às suas
próprias necessidades.

Concessão de serviço público


É a delegação da prestação do serviço público feita pelo po-
der concedente, mediante licitação na modalidade
concorrên- cia, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
que demons- trem capacidade de desempenho por sua
conta e risco, com prazo determinado.
Essa capacidade de desempenho é averiguada na fase de
habilitação da licitação. Qualquer prejuízo causado a terceiros,
no caso de concessão, será de responsabilidade do
concessioná-

291
21
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e
rio – que responde de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da Consti- o fará de forma unilateral, sem a necessidade de ir ao Poder
tuição Federal) tendo em vista a atividade estatal desenvolvida, Judiciário.
respondendo a Administração Direta subsidiariamente. O concessionário não terá direito a indenização, pois co-
É admitida a subconcessão, nos termos previstos no con- meteu uma irregularidade, mas tem direito a um procedimen-
trato de concessão, desde que expressamente autorizada pelo to administrativo no qual será garantido contraditório e ampla
poder concedente. A subconcessão corresponde à transferên- defesa.
cia de parcela do serviço público concedido a outra empresa ou Nos termos do que estabelece o artigo 38 da Lei 8.987/75:
consórcio de empresas. É o contrato firmado por interesse da
concessionária para a execução parcial do objeto do serviço con- Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarreta-
cedido. rá, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da
concessão ou a aplicação das sanções contratuais, respeita- das as
Extinção da concessão de serviço público e reversão dos bens disposições deste artigo, do art. 27, e as normas conven- cionadas
São formas de extinção do contrato de concessão: entre as partes.
- Advento do termo contratual (art. 35, I da Lei 8987/95). § 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo
- Encampação (art. 35, II da Lei 8987/95). poder concedente quando:
- Caducidade (art. 35, III da Lei 8987/95). I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
- Rescisão (art. 35, IV da Lei 8987/95). deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e pa-
- Anulação (art. 35, V da Lei 8987/95). râmetros definidores da qualidade do serviço;
- Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci- II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou
mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão;
(art. 35, VI da Lei 8987/95). III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto,
ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou
Assunção (reassunção): é a retomada do serviço público força maior;
pelo poder concedente assim que extinta a concessão. IV - a concessionária perder as condições econômicas, técni-
cas ou operacionais para manter a adequada prestação do ser-
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §2º da Lei
viço concedido;
8.987/75:
V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por
“Art. 35, § 2º - Extinta a concessão, haverá a imediata as-
infrações, nos devidos prazos;
sunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos le-
VI - a concessionária não atender a intimação do poder con-
vantamentos, avaliações e liquidações necessários).
cedente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder con-
Reversão: é o retorno de bens reversíveis (previstos no edi- cedente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar a docu-
tal e no contrato) usados durante a concessão. mentação relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na
Nos termos do que estabelece o artigo 35 §1º da Lei forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
8.987/75: § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser
“Art. 35, § 1º - Extinta a concessão, retornam ao poder con- precedida da verificação da inadimplência da concessionária em
cedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transfe- processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.
ridos ao concessionário conforme previsto no edital e estabele- § 3o Não será instaurado processo administrativo de inadim-
cido no contrato”. plência antes de comunicados à concessionária, detalhadamen-
te, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste ar-
a) Advento do termo contratual: É uma forma de extinção tigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões
dos contratos de concessão por força do término do prazo inicial apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais.
previsto. Esta é a única forma de extinção natural. § 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a
inadimplência, a caducidade será declarada por decreto do po-
b) Encampação: É uma forma de extinção dos contratos de der concedente, independentemente de indenização prévia, cal-
concessão, mediante autorização de lei específica, durante sua culada no decurso do processo.
vigência, por razões de interesse público. Tem fundamento na § 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será
supremacia do interesse público sobre o particular. devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado
O poder concedente tem a titularidade para promovê-la e o o valor das multas contratuais e dos danos causados pela con-
fará de forma unilateral, pois um dos atributos do ato adminis- cessionária.
trativo é a autoexecutoriedade. - O concessionário terá direito § 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder
à indenização. concedente qualquer espécie de responsabilidade em relação
Nos termos do que estabelece o artigo 37 da Lei 8.987/75: aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros
“Art. 37 - Considera-se encampação a retomada do serviço ou com empregados da concessionária.
pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo
de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após
prévio pagamento da indenização na forma do artigo anterior” d) Rescisão é uma forma de extinção dos contratos de con-
cessão, durante sua vigência, por descumprimento de obriga-
c) Caducidade: É uma forma de extinção dos contratos de ções pelo poder concedente.
concessão durante sua vigência, por descumprimento de obri-
gações contratuais pelo concessionário.

292
22
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
- Incapacidade do titular, no caso de empresa individual: É
O concessionário tem a titularidade para promovê-la, mas
uma forma de extinção dos contratos de concessão, durante sua
precisa ir ao Poder Judiciário. Nesta hipótese, os serviços pres-
vigência, por falta de condições financeiras ou jurídicas por par-
tados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou pa-
te do concessionário.
ralisados até decisão judicial transitada em julgado
Nos termos do que estabelece o artigo 39 da Lei 8.987/75:
Permissão de Serviço Público
É a delegação a título precário, mediante licitação feita pelo
“Art. 39 - O contrato de concessão poderá ser rescindido por
poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstrem
iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das
capacidade de desempenho por sua conta e risco.
normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judi-
A Lei n. 8.987/95 é contraditória quando se refere à natu-
cial especialmente intentada para esse fim”
reza jurídica da permissão, pois muito embora afirma que seja
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste arti- go,
“precária”, mas exige que seja precedida de “licitação”, o que
os serviços prestados pela concessionária não poderão ser
pressupõe um contrato e um contrato de natureza não precária.
interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em
Em razão disso, diverge a doutrina administrativa majoritá-
julgado.
ria entende que concessão é uma espécie de contrato adminis-
trativo destinado a transferir a execução de um serviço público
O artigo 78 da Lei 8.666/93 traz motivos que levam à resci-
para terceiros enquanto permissão é ato administrativo unilate-
são do contrato, tais como:
ral e precário.
XV- Atraso superior a 90 dias do pagamento devido pela
Nada obstante, a Constituição Federal iguala os institutos
Administração, decorrentes de obras, serviços ou fornecimento,
quando a eles se refere
ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifu- são
guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela sus-
sonora e de sons e imagens, observado o princípio da com-
pensão do cumprimento de suas obrigações até que seja norma-
plementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
lizada a situação;
[...]
XIV- Suspensão da execução do serviço público pela Adminis-
§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de
tração Pública por prazo superior a 120 dias, sem a concordância
vencido o prazo, depende de decisão judicial.
do concessionário, salvo em caso de calamidade pública, grave
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para
perturbação da ordem interna ou guerra.
as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.
O artigo 79 da Lei 8.666/93 prevê três formas de rescisão
Autorização
dos contratos administrativo, sendo elas:
É um ato administrativo unilateral, discricionário e precário,
1. Rescisão por ato unilateral da Administração;
pelo qual o Poder Público transfere por delegação a execução
2. Rescisão amigável,
de um serviço público para terceiros. O ato é precário porque
3. Rescisão judicial.
não tem prazo certo e determinado, possibilitando o seu desfa-
zimento a qualquer momento.
Entretanto, na lei de concessão é diferente, existindo ape-
O que diferencia, basicamente, a autorização da permis-
nas uma forma de rescisão do contrato, ou seja, aquela promo- são é o grau de precariedade. A autorização de serviço público
vida pelo concessionário no caso de descumprimento das obri-
tem precariedade acentuada e não está disciplinada na Lei n.
gações pelo poder concedente. 8.987/95. É aplicada para execução de serviço público emergen-
e) Anulação: É uma forma de extinção os contratos de con- cial ou transitório
cessão, durante sua vigência, por razões de ilegalidade.
Relativamente à permissão de serviço público, as suas ca-
Tanto o Poder Público com o particular podem promover racterísticas assim se resumem:
esta espécie de extinção da concessão, diferenciando-se ape-
a) é contrato de adesão, precário e revogável unilateral-
nas quanto à forma de promovê-la. Assim, o Poder Público pode
mente pelo poder concedente, embora tradicionalmente seja
fazê-lo unilateralmente e o particular tem que buscar o poder
tratada pela doutrina como ato unilateral, discricionário e pre-
Judiciário.
cário, gratuito ou oneroso, intuitu personae.
b) depende sempre de licitação, conforme artigo 175 da
A administração pode anular seus próprios atos, quando
Constituição;
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não ori-
c) seu objeto é a execução d e serviço público, continuando
ginam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
a titularidade do serviço com o Poder Público;
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial, é o que dispõe a Súmu-
d) o serviço é executado e m nome d o permissionário, por
la do STF nº 473.
sua conta e risco;
f) Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci- e) o permissionário sujeita-se à s condições estabelecidas
mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa indivi- pela Administração e a sua fiscalização;
dual: f) como ato precário, pode ser alterado ou revogado a qual-
- Falência: É uma forma de extinção dos contratos de con- quer momento pela Administração, por motivo de interesse pú-
cessão, durante sua vigência, por falta de condições financeiras blico;
do concessionário. - Tanto o Poder Público com o particular po-
dem promover esta espécie de extinção da concessão.

293
23
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
a) Princípio da continuidade da prestação do serviço público:
g) não obstante seja de sua natureza a outorga sem prazo,
Em se tratando de serviço público, o princípio mais importante é
tem a doutrina admitido a possibilidade de fixação de prazo, hi-
o da continuidade de sua prestação.
pótese em que a revogação antes do termo estabelecido dará ao
Na vigência de contrato administrativo, quando o particular
permissionário direito à indenização.
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se a Admi-
nistração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o parti-
CLASSIFICAÇÃO
cular não pode rescindir o contrato, tendo em vista o princípio
A doutrina administrativa assim classifica os Serviços Públi-
da continuidade da prestação.
cos:
Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar à
a) Serviços delegáveis e indelegáveis: Administração Pública uma prerrogativa que não existe para o
Serviços delegáveis são aqueles que por sua natureza, ou particular, colocando-a em uma posição superior em razão da
pelo fato de assim dispor o ordenamento jurídico, comportam supremacia do interesse público.
ser executados pelo estado ou por particulares colaboradores.
Ex: serviço de abastecimento de água e energia elétrica b) Princípio da mutabilidade: Fica estabelecido que a exe-
Serviços indelegáveis são aqueles que só podem ser pres- cução do serviço público pode ser alterada, desde que para
tados pelo Estado diretamente, por seus órgãos ou agentes. Ex: atender o interesse público. Assim, nem os servidores, nem os
serviço de segurança nacional. usuários de serviços públicos, nem os contratados pela adminis-
tração pública, têm direito adquirido à manutenção de determi-
b) Serviços administrativos e de utilidade pública: nado regime jurídico.
O chamado serviço de utilidade pública é o elenco de ser- c) Princípio da igualdade dos usuários: Esse princípio esti-
viços prestados à população ou postos à sua disposição, pelo pula que não haverá distinção entre as pessoas interessadas em
Estado e seus agentes, basicamente de infraestrutura e de uso contratar com a administração pública. Dessa forma, se tais pes-
geral, como correios e telecomunicações, fornecimento de ener- soas possuírem condições legais de contratação, não poderão
gia, dentre outros. ser diferenciadas.
Ex: imprensa oficial d) Princípio da adequação: na própria Lei 8.897/95, resta
claro que o serviço adequado é aquele que preenche as condi-
c) Serviços coletivos e singulares: ções de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, entre
- Coletivo (uti universi): São serviços gerais, prestados pela outros. Dessa forma, se nota que à Administração Pública e aos
Administração à sociedade como um todo, sem destinatário de- seus delegados é necessário que se respeite o que a legislação
terminado e são mantidos pelo pagamento de impostos. exige.
- Serviços singulares (uti singuli): são os individuais onde os e) Princípio da obrigatoriedade: o Estado não tem a faculda-
usuários são determinados e são remunerados pelo pagamento de discricionária em prestar o serviço público, ele é obrigado a
de taxa ou tarifa. fazer, sendo, dessa maneira, um dever jurídico.
Ex: serviço de telefonia domiciliar f) Princípio da modicidade das tarifas: significa que o valor
exigido do usuário a título de remuneração pelo uso do serviço
d) Serviços sociais e econômicos: deve ser o menor possível, reduzindo-se ao estritamente neces-
- Serviços sociais: são os que o Estado executa para atender sário para remunerar o prestador com acréscimo de pequena
aos reclamos sociais básicos e representam; ou uma atividade margem de lucro. Daí o nome “modicidade”, que vem de “módi-
propiciadora de comodidade relevante; ou serviços assistenciais co”, isto é, algo barato, acessível.
e protetivos. Ex: serviços de educação e saúde. Como o princípio é aplicável também na hipótese de serviço
- Serviços econômicos: são aqueles que, por sua possibili- remunerado por meio de taxa, o mais apropriado seria denomi-
dade de lucro, representam atividades de caráter industrial ou ná-lo princípio da modicidade da remuneração.
comercial. Ex: serviço de fornecimento de gás canalizado.
g) Princípio da transparência: o usuário tem direito de rece-
e). Serviços próprios ber do poder concedente e da concessionária informações para
Compreendem os que se relacionam intimamente com as atri- defesa de interesses individuais ou coletivos.
buições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
públicas etc.) devendo ser usada a supremacia sobre os administra- NOÇÕES GERAIS
dos para a execução da Administração Pública. Em razão disso não Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio
podem ser delegados a particulares. Devido a sua essência, são na da Administração Pública direta e indireta. Todos os demais são
maioria das vezes gratuitos ou de baixa remuneração. considerados particulares.
Bens públicos abrangem o patrimônio das entidades estatais
f). Serviços impróprios dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Seguindo
Por não afetarem substancialmente as necessidades da so- esta linha, domínio público é o conjunto de bens públicos, não
ciedade, apenas irá satisfazer alguns de seus membros, devendo importando se o bem pertence realmente ao Estado, pois, bens
ser remunerado pelos seus órgãos ou entidades administrativas, particulares que estejam ligados à realização de serviços públi-
como é o caso das autarquias, sociedades de economia mista ou cos também são considerados bens públicos.
ainda por delegação.
PRINCÍPIOS ESPÉCIES
Vamos conferir os princípios fundamentais que ditam as di- As espécies de Bens Públicos podem ser agrupadas de acor-
retrizes do serviço público: do com vários critérios, entretanto as mais de maior relevância
e vultuosidade diz respeito à titularidade e destinação do bem.

294
24
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
A partir da afetação, o bem público se torna inalienável,
destinado a utilização específica. Assim, a maioria da doutrina
A) Quanto à sua titularidade: os bens são classificados em
defende que a afetação é livre, não depende de lei ou ato ad-
federais, estaduais, municipais ou distritais, pertencendo, por- ministrativo específico, já que o fato da utilização do bem, com
tanto à União Federal, Estados, Municípios ou Distrito Federal e
finalidade pública, confere-lhe a qualidade de bem afetado.
as entidades de direito público que compõem sua administração
Nada impede que o bem que foi afetado, seja desafetado
indireta.
posteriormente, desde que não haja mais interesse público em
O artigo 20 da Constituição Federal trata dos bens que per-
utilizar o bem. Ocorrendo a desafetação, o bem fica passível de
tencem à União;
alienação, já que retirou-se a sua destinação pública, deixando
O artigo 27 da Constituição Federal trata dos bens que per-
de ser comum ou especial, passando a ser dominical.
tencem aos Estados Federados e também aos entes federados;
O simples desuso do bem, não autoriza a desafetação, de-
Com relação aos bens municipais, não há previsão constitu-
pendendo de lei específica ou manifestação do Poder Público,
cional expressa, abrangendo os bens de utilização local, que são
mediante ato administrativo expresso. Haverá a possibilidade de
as praças, vias e logradouros públicos.
desafetação de bens de uso especial por fatores da natureza,
como é o caso do incêndio em escola pública.
B) Quanto à sua destinação: sem dúvidas, esse tipo de clas-
sificação é a que mais é cobrada em concursos públicos.
USO DE BENS PÚBLICOS.
Quanto à classificação dos bens públicos, a primeira classi-
O uso dos bens públicos pode ser feito pela própria pessoa
ficação aconteceu no Código Civil de 1916. No Código Civil de
que detém a propriedade ou por particulares, quando for trans-
2002, manteve-se a mesma classificação, que são os bens de uso
ferido o uso do bem público. Tal transferência se dá através de
comum do povo, os de uso especial, os dominicais, com a dife-
autorização, concessão e permissão de uso.
rença que nesse novo instituo inclui-se entre os bens públicos os
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
Autorização de uso: É o ato administrativo unilateral, discri-
cionário e precário, através do qual transfere-se o uso do bem
O art. 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação ou
público para particulares por um período de curtíssima duração.
afetação do bem para classifica-los:
Libera-se o exercício de uma atividade material sobre um bem
público.
- Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indis-
tinto de toda a comunidade, bens que não devem ser submeti-
Permissão de uso: É o ato administrativo unilateral,
dos à fruição privada de ninguém. Exemplo: Mar, rio, rua, praça,
discricionário, precário e negocial (com ou sem condições,
estradas, parques.
gratuito ou oneroso, por tempo certo ou determinado), através
O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou onero-
do qual transfere-se o uso do bem público para particulares por
so, conforme for estabelecido por meio da lei da pessoa jurídica
um período maior que o previsto para a autorização.
a qual o bem pertencer (art. 103 CC). Ex: Zona azul nas ruas e
zoológico. O uso desses bens públicos é oneroso.
Concessão de uso: é o contrato administrativo pelo qual o
Poder Público atribui a utilização exclusiva de um bem de seu
- Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma fina-
domínio a um particular, para que o explore por sua conta e
lidade específica. Exemplo: Bibliotecas, teatros, escolas, fóruns,
risco, segundo a sua específica destinação.
quartel, museu, repartições públicas em geral.
O que caracteriza a concessão de uso das demais é o cará-
ter contratual e estável da utilização do bem público, para que
- Bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade
o particular concessionário o explore consoante a sua destina-
comum e nem a uma especial. “Constituem o patrimônio das
ção legal e nas condições convencionadas com a Administração
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
concedente. A concessão de uso gera direitos ao concessioná-
pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art. 99, III do
rio, inclusive à indenização pelos investimentos realizados e não
CC). Os bens dominicais representam o patrimônio disponível
amortizados.
do Estado, pois não estão destinados a nenhuma finalidade, e
em razão disso o Estado figura como proprietário desses bens.
- Concessão comum de uso ou Concessão administrativa de
Exemplo: Terras devolutas.
uso: É o contrato por meio do qual delega-se o uso de um bem
Esses bens apenas possuem a qualidade de bem público por
público ao concessionário por prazo determinado. Por ser direi-
pertencerem a determinada pessoa jurídica de direito público.
to pessoal não pode ser transferida, “inter vivos” (entre pessoas
Estes bens podem ser alienados, se forem respeitadas as
vivas) ou “causa mortis” (relações que produzem efeitos somen-
peculiaridades encontradas no artigo 17 da Lei 8.666/1993 – Lei
te após a morte), a terceiros. Ex: Área para parque de diversão;
Geral de Licitações.
Área para restaurantes em Aeroportos; Instalação de lanchone-
tes em zoológico.
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
- Concessão de direito real de uso ou de domínio pleno: É o
Esses dois institutos acontecem pelo fato do bem público
contrato por meio do qual delega-se se o uso em imóvel não
desafetado passar a ter destinação pública específica, que ocor-
edificado para fins de edificação; urbanização; industrialização;
re por afetação, assim como um bem que tem destinação públi-
cultivo da terra ou destinado a moradia, devidamente regula-
ca específica que pode deixar de ostentar a qualidade de bem
mentada peço Decreto-lei 271/67. Delega-se o direito real de
afetado, por meio de desafetação.
uso do bem.
Na afetação, dar-se-á destinação pública a um bem domini- - Cessão de uso: É o contrato administrativo através do qual
cal, já na desafetação será suprimida a destinação do bem que
transfere-se o uso de bem público de um órgão da Administração
estava atrelado ao interesse público
para outro na mesma esfera de governo ou em outra.

295
25
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
- reversão dos bens;
- pena de perdimento de bens;
Aforamento: É o instituto que permite à Administração atri- - perda de bens.
buir ao particular o domínio útil de um imóvel público mediante
pagamento de valor certo, invariável e anual, que recebe o nome Requisitos da Alienação:
de foro ou pensão. Por meio do aforamento, também chamado a) Bens imóveis:
enfiteuse, transfere-se a posse plena e o uso e gozo da coisa, po- - autorização legislativa;
dendo o enfiteuta alienar e transmitir hereditariamente o bem. - interesse público devidamente justificado;
Não se confunde com a concessão de direito real de uso, - avaliação prévia; e
que exige finalidade específica. - licitação sobre a modalidade de concorrência, dispensada
É um instituto civil (art. 678 a 694 do Código Civil e art. nos casos de: dação em pagamento, doação, permuta, inves-
99 a 124 do Decreto-lei 9760/46) que permite ao proprietário tidura, venda a outro órgão ou entidade da Administração Pú-
(no caso a Administração Pública) atribuir a outrem (no caso blica, alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de
o particular) o domínio útil de imóvel de sua propriedade, direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
mediante o pagamento de uma importância certa, invariável e residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados
anual, chamada foro ou pensão. no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fun-
Trata-se, portanto, de um direito real sobre coisa alheia, diária, procedimentos de legitimação de posse.
em que se confere ao titular do direito - foreiro ou enfiteuta
- a plena posse, uso e gozo da coisa, sem fins específicos, com b) Bens imóveis adquiridos por meio de procedimentos judi-
poderes, inclusive, de aliená-la e transmiti-la hereditariamente, ciais ou de dação em pagamento:
desde que pague anualmente ao senhorio direto (proprietário) - interesse público devidamente justificado;
chamada de foro ou pensão anual. - avaliação prévia;
- licitação sobre a modalidade de concorrência ou leilão.
FORMAS DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO
A aquisição de bens públicos pode se dar por meio de con- c) Bens Móveis:
tratos, fenômenos da natureza ou por meio de lei, de modo que - interesse público devidamente justificado;
essas aquisições podem ocorrer de forma originária ou derivada. - avaliação prévia;
A aquisição originária ocorre independentemente da von- - licitação.
tade do transmitente. O bem vai se incorporar ao patrimônio
público sem nenhuma espécie de restrição ou ônus. Exemplo: MEIOS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS
usucapião ou desapropriação. Os bens podem ser de uso comum do povo ou de uso es-
Na aquisição derivada há um consenso entre as partes, pecial. Os de uso comum do povo são aqueles que podem ser
transferindo-se o bem ao patrimônio público, com as vantagens utilizados por todos, sem distinção ou necessidade de consenti-
que ele tinha originariamente. Exemplo: compra e venda. mento por parte da Administração. São exemplos: ruas, praças,
lagos.
Aquisição por Contrato: os contratos de aquisição celebra- Os bens de uso especial compreendem todas as coisas, cor-
dos pelo Poder Público não têm natureza de contratos adminis- póreas ou incorpóreas, móveis ou imóveis, que são utilizados
trativos, são celebrados sob o regime de direito privado, res- pela Administração para realização de suas atividades para que
peitando-se as limitações e princípios de Direito Administrativo. se chegue a um fim a ser atingido.
Contrato, em regra, é um acordo de vontade mas, como o Ao se dizer que o bem de uso especial está afetado à realiza-
objeto desse contrato é um bem público deve-se seguir as dis- ção de um serviço, deve-se pensar em serviço no sentido amplo,
posições de modo que atinja toda coletividade de interesse geral exercida
Os principais institutos da alienação de bens públicos são: sob autoridade ou fiscalização do poder público, nem sempre
a) venda (art. 17 da Lei nº 8.666/93); se destinando ao uso direto da Administração, podendo ter por
b) doação a outro órgão ou entidade da Administração Pú- objeto o uso por particular, como acontece com cemitérios, ae-
blica (art. 17, I, b, da Lei nº 8.666/93); roportos.
c) permuta (artigo 17, I, c, da Lei nº 8.666/93); Exemplos: imóveis onde estão instaladas as repartições pú-
d) dação em pagamento (art. 356 do CC); blicas, os bens que são usados pelas bibliotecas, museus, as ter-
e) concessão de domínio ( art. 17, §2º, da nº Lei 8.666/93); ras devolutas ou arrecadadas pelos Estados.
f) investidura (art. 17, § 3º, da Lei nº 8.666/93);
g) incorporação; Quanto à via pública: Trata-se de bem de uso comum do
h) retrocessão (art. 519 do CC); povo, uma vez que pode ser utilizada por todas as pessoas. Con-
tudo, vale frisar um aspecto importante a respeito desse tema.
i) legitimação de posse (art. 1º da Lei nº 6.383/76).
Caso grandes veículos tenham que transitar em via públi-
ca, como por exemplo em algumas cidades quando se pretende
Aquisição legal ou por fenômenos da natureza: em alguns
homenagear um jogador que ganhou uma importante partida é
casos, a aquisição de bens pelo Poder Público depende de previ-
necessária a comunicação e autorização do poder público, ten-
são em lei ou na constituição.
do em vista que a função essencial da via pública não seria esta
necessariamente.
São exemplos:
Outros exemplos podem ser citados, como a instalação de
- desapropriação;
bancas de revista em passeio público e “carrinhos de cachorro
- usucapião;
quente”.
- acessão natural;
- testamento e herança jacente;

296
26
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Quanto aos portos: Conforme o artigo 2º da lei 121.815/2013,
o porto organizado trata-se de bem público construído e apare- Inalienabilidade: Regra geral: Os bens públicos não podem
lhado para atender a necessidades de navegação, de movimen- ser alienados (vendidos, permutados ou doados).
tação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de Exceção: Os bens públicos podem ser alienados se atende-
mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob rem aos seguintes requisitos:
jurisdição de autoridade portuária; - Caracterização do interesse público.
A Lei nº 121.815/2013 dispõe sobre a exploração direta e - Realização de pesquisa prévia de preços. Se vender abaixo
indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as do preço causando atos lesivos ao patrimônio público cabe ação
atividades desempenhadas pelos operadores portuários. popular.
- Desafetação dos bens de uso comum e de uso especial: Os
Quanto aos terrenos da Marinha: Os terrenos da marinha bens de uso comum e de uso especial são inalienáveis enquanto
pertencem aos bens da União e são medidos a partir da linha do estiverem afetados. - “Os bens públicos de uso comum do povo
preamar médio de 1831 a 33 metros para o continente ou para o e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a
interior das ilhas costeiras com sede de município. São também sua qualificação, na forma que a lei determinar” (art. 100 do CC).
considerados terrenos de marinha as margens de rios e lagoas - Os bens dominicais não precisam de desafetação para que
que sofrem a influência das marés. sejam alienados. - “Os bens públicos dominicais podem ser alie-
Os terrenos de marinha são determinados por meio de es- nados, observadas as exigências da lei” (art. 101 do CC).
tudos técnicos com base em plantas, mapas, documentos histó- - Necessidade de autorização legislativa em se tratando de
ricos, dados de ondas e marés. bens imóveis (art. 17 da lei 8666/93). Para bens móveis não há
essa necessidade.
Consagra a Constituição Federal: - Abertura de licitação na modalidade de concorrência ou
leilão: O legislador trouxe no artigo 17 algumas hipóteses de dis-
Art. 20. São bens da União: pensa de licitação, sendo estas:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos; a) Dispensa de licitação para imóveis:
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das frontei- - Dação em pagamento (art. 17, I, “a” da Lei 8666/93);
ras, das fortificações e construções militares, das vias federais de - Doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou en-
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; tidade da Administração Pública, de qualquer esfera de Governo
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos (art. 17, I, “b” da Lei 8666/93);
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de - Permuta, por outro imóvel que atende os requisitos
limites com outros países, ou se estendam a território estran- geiro constantes do inciso X do art. 24 desta lei (art. 17, I, “c” da Lei
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias 8666/93),
fluviais; - Investidura (art. 17, I, “d” da Lei 8666/93);
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou- tros - Venda a outro órgão ou entidade da Administração Públi-
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costei- ras, ca, de qualquer esfera de governo (art. 17, I, “e” da Lei 8666/93);
excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto - Alienação, concessão de direito real de uso, locação ou
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou
federal, e as referidas no art. 26, II; efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona de interesse social, por órgãos ou entidades da Administração
econômica exclusiva; Pública especificamente criados para esse fim (art. 17, I, “f” da
VI - o mar territorial; Lei 8666/93).
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; b) Dispensa de licitação para móveis:
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; - Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de inte-
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueoló- resse social, após a avaliação de sua oportunidade e conveniên-
gicos e pré-históricos; cia socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. alienação (art. 17, II, “a” da Lei 8666/93);
- Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou enti-
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: dades da Administração Pública (art. 17, II, “b” da Lei 8666/93);
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergen- - Venda de ações, que poderão ser negociadas na bolsa, ob-
tes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as servada a legislação específica (art. 17, II, “c” da Lei 8666/93);
decorrentes de obras da União; - Venda de títulos, na forma da legislação pertinente (art.
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no 17, II, “d” da Lei 8666/93);
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Muni- cípios - Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos
ou terceiros; ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas fina-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; lidades (art. 17, II, “e” da Lei 8666/93);
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da - Venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
União. entidades da Administração Pública, sem utilização previsível
por quem deles dispõe (art. 17, II, “f” da Lei 8666/93).
REGIME DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS E IMÓVEIS
A concessão de regime jurídico dos bens públicos decorre
dos interesses que o Poder Público representa quando atua.

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Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
A expressão domínio público se refere ao poder que tem o
Imprescritibilidade: É a característica dos bens públicos Estado de regulamentar os seus próprios bens e os particulares
que impedem que sejam adquiridos por usucapião. Os imóveis de interesse público. Pode-se dizer que, por meio do domínio
públicos, urbanos ou rurais, não podem ser adquiridos por usu-
público o Estado pode interferir em todos os bens que represen-
capião.
tem interesse para a coletividade.
Os artigos 183 e 191 da Constituição Federal impedem que
A interferência estatal pode se dar por meio de proteção,
os imóveis públicos sejam adquiridos por terceiros por meio de
como no exemplo das florestas ou de imposições de limitações.
usucapião.
Este entendimento foi sedimentado com a edição da Súmula
340 do STF:
“Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”.

Impenhorabilidade: É a característica dos bens públicos RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


que impedem que sejam eles oferecidos em garantia para
cumprimento das obrigações contraídas pela Administração EVOLUÇÃO HISTÓRICA
junto a terceiros. Durante muito tempo o Estado não era civilmente responsá-
Os bens públicos não podem ser penhorados, pois a execu- vel por seus atos, vigorava à época a era do Absolutismo em que
ção contra a Fazenda Pública se faz de forma diferente. o Rei era a figura suprema e, justamente por isso, concentrava
A Constituição Federal assim determina: todo o poder em suas mãos.
A figura do rei era indissociável da figura do Estado e, em
“Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas várias civilizações seu poder supremo era fundamentado na
Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de senten- ça vontade de Deus. Surge então a expressão “the king can do no
judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de wrong”, ou seja, “o rei nunca erra, e por tal razão não se cogi-
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, tava em responsabilizá-lo e os danos eventualmente causados
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orça- decorrente de seus atos ficavam sem reparação. Essa é a teoria
mentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim” da irresponsabilidade do Estado.
Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado
Regra geral: A execução contra a Fazenda se faz através da quando o ato lesivo tivesse relação direta com seu comporta-
expedição de precatórios (títulos emitidos a partir de sentença mento.
com trânsito em julgado que o torna legitimo credor da Admi- Somente no século XIX passou a se admitir a responsabili-
nistração Pública), impedindo assim a execução por meio de pe- dade subjetiva do Estado. Esse tipo de responsabilidade deman-
nhora de bens públicos. da uma análise sobre a intenção do agente pois, sem essa não
De acordo com mandamento constitucional, os precatórios se fala em responsabilidade. Assim, por essa teoria, somente se
devem ser liquidados na ordem cronológica de sua apresentação responsabiliza o sujeito que age com dolo ou culpa.
e não podem conter nome de pessoas e nem dados concretos Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização, mos-
(princípio da impessoalidade). trando-se insuficiente para as demandas sociais, surgiu a teoria
da responsabilidade objetiva que ignora a demonstração inicial
Não-onerabilidade: Os bens públicos não podem ser objeto de culpa, logo, haverá responsabilidade quando houver dano,
de direito real de garantia, ou seja, um determinado bem não ilícito e nexo causal.
se sujeita à instituição de penhor, anticrese ou hipoteca para
garantir débitos do ente estatal. ATENÇÃO: Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano
Dessa forma, o ente público jamais pode oferecer um bem ao ilícito, ou seja, à conduta.
público como garantia real dos débitos por eles contraídos, até
mesmo porque essa garantia não poderia ser executada, haven- Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira pre-
do inadimplemento da obrigação estatal. vê a reparação dos danos causados a terceiros pelo Estado, por
ação ou omissão dos seus agentes.
GESTÃO PATRIMONIAL No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em
A gestão ou administração dos bens públicos é feita pelo Esta- 1.873, passando a evoluir à Responsabilidade Subjetiva.
do, que tem o chamado domínio público, que é o poder de senhorio Quando falamos em responsabilidade extracontratual, de-
que o Estado exerce sobre os bens públicos, bem como a capacidade vemos pensar que será excluída a responsabilidade contratual,
de regulação estatal sobre os bens do patrimônio privado. pois será regida por princípios próprios
Para Hely Lopes Meirelles, em seu livro, Direito Adminis- As Constituições de 1824 e de 1891 já previam a respon-
trativo Brasileiro, o domínio público é composto por diversos sabilização dos funcionários públicos por abusos e omissões no
subdomínios: exercício de seus cargos. Mas a responsabilidade era do funcio-
- domínio terrestre; nário, vingando até aí, a teoria da irresponsabilidade do Estado.
- domínio hídrico; Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937 passou
- domínio mineral;
a vigorar o princípio da responsabilidade solidária, por ele o
- domínio florestal;
lesado podia mover ação contra o Estado ou contra o servidor,
- domínio da fauna;
ou contra ambos, inclusive a execução.
- domínio espacial;
O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do assunto,
- domínio do patrimônio histórico;
a saber: “As pessoas jurídicas de direito público são civilmente
- domínio do patrimônio genético;
responsáveis por atos dos seus representantes que nessa quali-
- domínio ambiental.

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Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
- Objetiva:
dade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao
O Brasil adota a Responsabilidade Objetiva do Estado. Na
direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito
responsabilidade objetiva, o dano decorre de uma atividade lí-
regressivo contra os causadores do dano”. cita, que apesar deste caráter gera um perigo a outrem, oca-
sionando o dever de ressarcimento, pelo simples fato do imple-
Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária mento do nexo causal. Para tanto, surgiu a teoria do risco para
do funcionário desapareceu com o advento da Carta de 1946,
preencher as lacunas deixadas pela culpabilidade, permitindo
que adotou o princípio da responsabilidade objetiva do Estado,
que o dano fosse reparado independente de culpa.
evolução jurídica que garante a possibilidade de ação regressiva Para Rui Stoco4: “a doutrina da responsabilidade civil obje-
contra o servidor no caso de culpa.
tiva, em contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano,
Note-se que, a partir da Constituição de 1967 houve um
vínculo de causalidade) determina que a responsabilidade civil
alargamento na responsabilização das pessoas jurídicas de di-
assenta-se na equação binária, cujos polos são o dano e a au- toria
reito público por atos de seus servidores. Saiu a palavra inter-
do evento danoso. Sem considerar a imputabilidade ou in- vestigar
no, passando a alcançar tanto as entidades políticas nacionais,
a antijuricidade do evento danoso, o que importa, para garantir o
como as estrangeiras.
ressarcimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a Constituição dele proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato
de 1988, que estendeu a aplicabilidade da responsabilidade civil
causador do dano como o responsável.”
objetiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de
serviços públicos, os não essenciais, por concessão, permissão
Teorias da responsabilidade objetiva do Estado
ou autorização.
De acordo com o jurista Hely Lopes Meirelles, são teorias da
responsabilidade objetiva do Estado.
Modalidades de responsabilidade civil
a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado in-
A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas
denizar decorre da ausência objetiva do serviço público em si.
modalidades:
Não se trata de culpa do agente público, mas de culpa especial
do Poder Público, caracterizada pela falta de serviço público.
- Subjetiva:
b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do
A responsabilidade subjetiva difere-se da responsabilidade
Estado por atos comissivos ou omissivos de seus agentes é de
objetiva com relação à forma, em ambas é exigido a reparação
natureza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa,
e indenização do dano causado, diferenciando-se com relação à
bastando assim a conduta, o fato danoso e o dano, seja ele ma-
existência ou não de culpa por parte do agente que tenha cau-
terial ou moral. Não se indaga da culpa do Poder Público mesmo
sado dano à vítima.
porque ela é inferida do ato lesivo da Administração.
Na responsabilidade subjetiva, o fundamento é a demons-
tração de que o dano contra a vítima foi causado por culpa do
Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal.
agente.
Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de compro-
Para que o agente repare o dano causado é necessário a
vação de culpa da Administração pelo administrado não quer
plena consciência do erro causado, caracterizando, desta forma
dizer que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou
o dolo ou até mesmo a culpa por negligência, imprudência e im-
parcial da vítima, para excluir ou atenuar a indenização. Verifi-
perícia. Contudo, se o dano não tiver sido causado por dolo ou
cado o dolo ou a culpa do agente, cabe à fazenda pública acionar
culpa do agente, compete à vítima suportar os prejuízos, como
regressivamente para recuperar deste, tudo aquilo que despen-
se tivessem sido causados em virtude de caso fortuito ou força
deu com a indenização da vítima.
maior.
Como se sabe, o Estado é realmente um sujeito político,
jurídico e economicamente mais poderoso que o administrado,
- Contratual e Extracontratual:
gozando de determinadas prerrogativas que não se estendem
A responsabilidade contratual decorre da inexecução de um aos demais sujeitos de direito.
contrato, unilateral ou bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo Em razão desse poder, o Estado teria que arcar com um ris-
de vontade entre as partes, o que acabou causando um ilícito co maior, decorrente de suas inúmeras atividades e, ter que res-
contratual. Esse pacto de vontades pode se dar de maneira tá- ponder por ele, trazendo, assim a teoria do Risco Administrativo.
cita ou expressa, uma das partes pretende ver sua solicitação Para excluir-se a responsabilidade objetiva, deverá estar au-
atendida e a outra, da mesma forma, assume a obrigação de sente ao menos um dos seus elementos, quais sejam conduta,
cumpri-la, mesmo que seja de forma verbal. dano e nexo de causalidade. A culpa exclusiva da vítima, caso
A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a prá- fortuito e força maior são excludentes de responsabilidade e se
tica de um ato ilícito que origine dano a outrem, sem gerar vín- tratam de hipóteses de interrupção do nexo de causalidade.
culo contratual entre as partes, devendo a parte lesada compro-
var além do dano a culpa e o nexo de causalidade entre ambos, o c) Teoria do risco integral: a Administração responde inva-
que é difícil de se comprovar. Irá se preocupar com a reparação
riavelmente pelo dano suportado por terceiro, ainda que decor-
dos danos patrimoniais.
rente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exa-
Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado demo- cerbação da teoria do risco administrativo que conduz ao abuso
crático de direito, conferindo liberdade individual em face da e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles.
coletividade, através de leis.
O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de
reparar o prejuízo, ou por violação a um dever legal, ou por vio-
4 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed. São
lação a um dever contratual.
Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

299
29
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Danos por Omissão do Estado
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz:
A omissão da conduta necessária e adequada consiste apta a
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
caracterizar responsabilidade do Estado consiste na materializa-
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
ção de vontade, defeituosamente desenvolvida do ente estatal.
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegura- do
Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
subjetivo, consiste na formulação defeituosa da vontade de agir
culpa”.
ou deixar de agir.
E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a
Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
presunção de culpabilidade derivada da existência de um dever
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
de diligência especial. Tanto é assim que, se a vítima tiver con-
sua violação”.
corrido para o evento danoso, o valor de uma eventual conde-
Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita nação será minimizado.
aos danos materiais. No entanto, há uma dificuldade nos casos
Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente
de danos morais na fixação do quantum da indenização, em vista
porque a avaliação do elemento subjetivo é indispensável, em
da ausência de normas regulamentadoras para aferição objetiva certas circunstâncias, para a determinação da indenização de-
desses danos. vida.
Portanto, a responsabilidade do Estado se traduz numa obri-
A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição es-
gação, atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimo-
tabelecida desde a Constituição Federal de 1946, determinou,
niais causados a terceiros por seus agentes públicos, tanto no
em seu art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do Estado e res-
exercício das suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade. ponsabilidade subjetiva do funcionário.
O Estado responde pelos danos causados com base no con-
ceito de nexo de causalidade, ou seja, na relação de causa e
Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade ob-
efeito existente entre o fato ocorrido e as consequências dele
jetiva ser adotada pela Constituição Federal, o Poder Judiciário,
resultantes.
em determinados julgamentos, utiliza a teoria da culpa adminis-
Não se cogita a necessidade daquele que sofreu o prejuízo, trativa para responsabilizar o Estado em casos de omissão.
comprovar a culpa ou o dolo, bastando apenas a demonstração
Assim, a omissão na prestação do serviço público tem le-
do nexo de causalidade, como se observou na leitura do art. 37,
vado à aplicação da teoria da culpa do serviço público (faute
§ 6º da Constituição Federal.
du service). A culpa decorre da omissão do Estado, quando este
deveria ter agido e não agiu. Por exemplo, o Poder Público não
RESPONSABILIDADE POR AÇÃO OU OMISSÃO DO ESTADO
conservou adequadamente as rodovias e ocorreu um acidente
Nos termos constitucionais. o dano indenizável pode ser
automobilístico com terceiros.
material e/ou moral e ambos podem ser requeridos na mesma Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do
ação, se preencherem os requisitos expostos. Estado, importante destacar o que dispõe MAZZA 5 sobre o tema:
Aquele que é investido de competências estatais tem o de-
Existem situações em que o comportamento comissivo de um
ver objetivo de adotar as providências necessárias e adequadas
agente público causa prejuízo a particular. São os chamados danos
a evitar danos às pessoas e ao patrimônio.
por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido a tal
Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando
inação, não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa hipótese,
suas competências, der oportunidades a ocorrências do dano,
fala-se me dano por omissão. Os exemplos envolvem prejuízos
estarão presentes os elementos necessários à formulação de um
decorrentes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore,
juízo de reprovabilidade quanto a sua conduta.
buraco na via pública e bueiro aberto sem sinalização causando
No entanto, não é necessário apurar a existência de uma
dano a particular. Tais casos têm em comum a circuns- tância de
vontade psíquica no sentido da ação ou omissão causadoras do
inexistir um ato estatal causador do prejuízo.
dano.
(...)
Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser con-
Danos por Ação do Estado denado a ressarcir prejuízos atribuídos à sua omissão quando a
O exercício da atuação administrativa esta sujeita a causar
legislação considera obrigatória a prática da conduta omitida.
lesão a terceiros, ou seja, a ação estatal é apta a gerar danos e
Assim, a omissão que gera responsabilidade é aquela violadora de
capaz de produzir o evento lesivo. Indenizável.
um dever de agir. Em outras palavras, os danos por omissão são
Se houve conduta estatal lesiva a bem jurídico tutelado,
indenizáveis somente quando configura omissão dolosa ou
causando prejuízos de ordem material ou moral ao cidadão, é
omissão culposa. Na omissão dolosa, o agente público encarre-
suficiente para postular a reclamação e consequentemente a re-
gado de praticar a conduta decide omitir-se e, por isso, não evita
paração do dano experimentado.
o prejuízo. Já na omissão culposa, a falta de ação do agente pú-
Por obvio, eventualmente o Estado pode vir a lesar direitos blico não decorre de sua intenção deliberada em omitir-se, mas
ou interesses de terceiros com o intuito de satisfazer um de-
deriva da negligência na forma de exercer a função administra-
terminado interesse público, mediante ação legítima do Estado,
tiva. Exemplo: policial militar que adorme em serviço e, por isso,
sob o fundamento da Supremacia dos Interesses Coletivos. No
não consegue evitar furto a banco privado.
entanto, apesar de legitima a ação estatal, no caso de produ-
ção de evento lesivo a outrem, coexiste o dever de indenizar os
danos.

5 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição.

300
30
Direito Administrativo

31
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas si-
REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILI-
tuações podem surgir:
DADE DO ESTADO
a) O Estado não responde, desde que comprove que houve
Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a demons- culpa exclusiva do lesado;
tração da responsabilidade do Estado a ação ou omissão (ato do
b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que hou-
agente público), o resultado lesivo (dano) e nexo de causalidade.
ve culpa concorrente do lesado para a ocorrência do dano.
Dano: decorre da violação de um bem juridicamente tutela-
do, que pode ser patrimonial ou extrapatrimonial. Em caso de culpa concorrente, aplica-se o disposto no art.
Para que seja ressarcido deve ser certo, atual, próprio ou 945 do Código Civil:
pessoal.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
Insta dizer que o dano não é apenas patrimonial (atinge
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
bens jurídicos que podem ser auferidos pecuniariamente) ele gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
também pode ser moral (ofende direitos personalíssimos que
atingem integridade moral, física e psíquica).
A culpa de terceiro ocorre quando o dano é causado por
Logo, o dano que gera a indenização deve ser:
pessoa diferente da vítima e do agente público.
Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer inde-
Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a
nização do Estado é necessário que o dano já tenha sido expe- existência de excludente ou atenuante de responsabilidade.
rimentado. Não se configura a possibilidade de indenização de
danos que podem eventualmente ocorrer no futuro.
REPARAÇÃO DO DANO
Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida adminis-
não atinge a coletividade em geral; deve ser possível a identifi- trativamente ou mediante ação de indenização junto ao Poder
cação do particular atingido. Judiciário. Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima
Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida co- deverá demonstrar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o
mum, as dificuldades do cotidiano.
dano, bem como o valor do prejuízo.
Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e
Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com di-
imediato da ação ou omissão do Estado, sem quebra do nexo reito de regresso contra o responsável, isto é, com o direito de
causal.
recuperar o valor da indenização junto ao agente que causou o
dano, desde que este tenha agido com dolo ou culpa. Observe-
CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILI-
-se que não está sujeito a prazo prescricional a ação regressiva
DADE DO ESTADO
contra o agente público que agiu com dolo ou culpa para a recu-
A responsabilidade do Poder Público poderá ser excluída ou
peração dos valores pagos pelos cofres públicos, conforme inte-
será atenuada quando a conduta da Administração Pública não
ligência do art. 37, parágrafo 5º da Constituição Federal:
der causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que
§5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
possam afastar ou mitigar sua responsabilidade.
praticados por qualquer agente servidor ou não, que causem
Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabili-
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressar-
dade estatal; a força maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da
cimento.
vítima e a culpa de terceiro.
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a
DIREITO DE REGRESSO
conduta da Administração e o dano ocorrido, a responsabilidade
Nos casos em que se verificar a existência de culpa ou dolo
estatal será afastada. na conduta do agente público causador do dano (Art. 37, §6º,
A força maior pode ser definida como um evento previsível CF), poderá o Estado propor ação regressiva, com a finalidade
ou não, porém excepcional e inevitável. de apurar a responsabilidade pessoal do agente, sempre partin-
Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo exis- do-se do pressuposto de que o Estado já foi condenado ante-
te a possibilidade de responsabilizá-lo mesmo na ocorrência de
riormente.
uma circunstância de força maior, desde que a vítima comprove
A entidade estatal que propuser a ação deverá demonstrar
o comportamento culposo da Administração Pública. Por exem-
a ocorrência dos requisitos que comprovem a responsabilidade
plo, num primeiro momento, uma enchente que causou danos
do agente, ou seja, ato, dano, nexo e culpa ou dolo. Caso o ele-
a particulares pode ser entendida como uma hipótese de força
mento subjetivo, representado pela culpa ou dolo, não esteja
maior e afastar a responsabilidade Estatal, contudo, se o par-
presente no caso concreto, haverá exclusão da responsabilidade
ticular comprovar que os bueiros entupidos concorreram para
do agente público.
o incidente, o Estado também responderá, pois a prestação do
Note-se que a Administração Pública tem o dever de propor
serviço de limpeza pública foi deficiente.
ação regressiva, em razão do princípio da indisponibilidade. Ou-
O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de conse-
tra questão importante é que não há prazo para propositura da
quência, inevitável. Alguns autores diferenciam-no da força
ação regressiva, uma vez que, por força do Art. 37, §5º da CF,
maior alegando que ele tem relação com o comportamento hu-
esta é imprescritível.
mano, enquanto a força maior deriva da natureza. Outros, ates-
Ensina mais Alexandre Mazza: quando se tratar de dano
tam não haver diferença entre ambos.
causado por agente ligado a empresas públicas, sociedades de
A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do
economia mista, fundações governamentais, concessionários e
Estado, contudo, se o dano for consequência de falha da Admi-
permissionários, isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o
nistração, poderá haver a responsabilização. Ex: rompimento de
prazo é de três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados do trân- sito
um cabo de energia elétrica por falta de manutenção ou por má
em julgado da decisão condenatória.
colocação que cause a morte de uma pessoa.

302
32
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica
São pressupostos para a propositura da ação regressiva: porque não pressupõe o vínculo de subordinação, ficando limi-
1) condenação do Estado na ação indenizatória;
tada a hipóteses em que a lei expressamente admite a sua reali-
2) trânsito em julgado da decisão condenatória; zação. No âmbito da Administração Pública Federal é nominada
3) culpa ou dolo do agente; de “supervisão ministerial” e aplicável às entidades vinculadas
4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória. aos ministérios
c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal de-
Importante ressaltar a denunciação à lide, que trata-se de termina que os Poderes mantenham sistema de controle interno
uma ação secundária regressiva, podendo ser feita tanto pelo au- com a finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas
tor como pelo réu, será citada e denunciada a pessoa contra quem no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos
o denunciante tem pretensão indenizatória ou de reembolso. orçamentos da União; comprovar a legalidade e avaliar os resul-
tados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da Administra- ção
Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado; exercer o controle das operações de
INTRODUÇÃO
crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos
União; apoiar o controle externo no exercício de sua missão
Poderes Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o
institucional”.
controle sobre os próprios atos. d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro sobre determinados atos e contratos administrativos realizado
conceitua “o controle da Administração Pública como o poder de por órgão técnico integrante da Administração ou por órgão do
fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poder Executivo.
Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de ga- e) ouvidoria: limita-se a receber e proceder ao encaminha-
rantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são mento das reclamações que recebe. Ouvidoria, assim entendido
impostos pelo ordenamento jurídico”. como um canal de comunicação, tem-se dedicado a receber re-
Embora o controle seja atribuição estatal, há possibilidade clamações de populares e usuários dos serviços públicos.
constitucional do administrado participar dele à medida que f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por ve-
pode e deve provocar o procedimento de controle, não apenas zes a lei condiciona a decisão ao reexame superior, carecendo
na defesa de seus interesses individuais, mas também na prote- ser conhecida e eventualmente revista por agente hierarquica-
ção do interesse coletivo. mente superior àquele que decidiu.
O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ile-
gais e, em certa medida, dos inconvenientes ou inoportunos. Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta
hipótese de controle interno, ou administrativo (por provoca-
CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ção), pode decorrer das seguintes formas:
(CONTROLE INTERNO) a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a to-
O controle administrativo é o que decorre da aplicação do dos, independentemente do pagamento de taxas, “o direito de
princípio do autocontrole, ou autotutela, do qual emerge o po- petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
der com idêntica designação (poder de autotutela). ilegalidade ou abuso de poder” (art. 5º, XXXIV, a).
A Administração tem o dever de anular seus próprios atos, O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e
quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, seu exercício não exige legitimidade ou interesse comprovado.
por conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, Pode, assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por
os direitos adquiridos. brasileiro ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endere-
É o poder de fiscalização e correção que a Administração çada a qualquer dos Poderes do Estado.
Pública (em sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o
sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou acesso a informações de interesse coletivo, o direito de certidão
mediante provocação. é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito
ao próprio requerente.
O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um
controle interno e decorre do poder de autotutela que permite b) pedido de reconsideração: O pedido de reconsideração
à Administração Pública rever os próprios atos quando ilegais, abriga requerimento que objetiva a revisão de determinada de-
inoportunos ou inconvenientes, sendo amplamente reconheci- cisão administrativa.
do pelo Poder Judiciário (Súmulas 346 e 473 do STF). Exige a demonstração de interesse daquele que o subscre-
ve, podendo ser exercido por pessoa física ou jurídica, brasileira
Controle Administrativo Exercitado de Ofício ou estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para
O controle é exercitado de ofício, pela própria Administra- sua interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no
ção, ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer seu silêncio, a prescrição opera-se em um ano, contado da data
de: fiscalização hierárquica; supervisão superior; controle finan- do ato ou decisão.
ceiro; pareceres vinculantes; ouvidoria; e recursos administrati- c) reclamação administrativa: Esta modalidade de recurso
vos hierárquicos ou de ofício. administrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do
a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, cidadão questionar a realização de algum ato administrativo.
que faculta à Administração a possibilidade de escalonar sua Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade
estrutura, vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou
coordenação, orientação de suas atividades. atividade pública que afete direitos ou interesses legítimos do

303
33
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Adminis-
reclamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna trativo, não tem o mesmo sentido que no Direito Judiciário. Ela
lançamentos tributários e a que se opõe a determinada medida
significa apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria
punitiva.
Administração.
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa,
meio hábil de impugnação ou ferramenta jurídica que possibilita
CONTROLE JUDICIAL
o reexame de decisão da Administração. Os recursos administra-
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema de juris-
tivos podem ser:
dição una processar e julgar suas lides, pelo qual o Poder Judiciá-
rio tem o monopólio da função jurisdicional, ou seja, do poder
1. provocados ou voluntários: é o interposto pelo interes-
de apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de
sado, pelo particular, devendo ser dirigido à autoridade com- lesão a direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88).
petente para rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e Neste aspecto afastou o sistema da dualidade de jurisdição,
fundamentos jurídicos da irresignação. em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos
Nada impede, ainda, que, presente o recurso, julgue o
de Contencioso Administrativo, que exercem, como aquele, fun-
administrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua ção jurisdicional sobre lides de que a Administração Pública seja
anulação, ainda que o recurso não objetive tal providência. Os parte interessada.
recursos sempre produzem efeitos devolutivos, permitindo o
O Poder Judiciário possui como prerrogativa inerente a fun-
reexame da matéria decidida (devolve à Administração a possi-
ção típica que exerce examinar os atos da Administração Públi-
bilidade de decidir), e excepcionalmente produzirão efeitos sus-
ca, de qualquer natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais
pensivos, obstando a execução da decisão impugnada.
ou bilaterais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o
aspecto da legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
2. hierárquicos ou Administrativo: é o pedido de reexame do Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação ju-
ato dirigido à autoridade superior à que o proferiu. Só podem dicial, desde que não invadam os aspectos reservados à aprecia-
recorrer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal ção subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação
9784/99, são: de mérito (oportunidade e conveniência).
-. Os titulares de direitos e interesses que forem parte no No entanto, não há invasão do mérito quando o Judiciário
processo; aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a elaboração
-. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalida-
afetados pela decisão recorrida; de, suscetível de invalidação pelo Poder Judiciário.
-. Organizações e associações representativas, no tocante a Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a
direitos e interesses coletivos; legalidade ou constitucionalidade dos atos normativos do Poder
-. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interes- Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as par-
ses difusos. tes, devendo ser observada a norma do art. 97 da Constituição
Federal, que exige maioria absoluta dos membros dos Tribunais
Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, sal- para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato norma-
vo os atos de mero expediente ou preparatórios de decisões. tivo do Poder Público.
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode Com relação aos atos políticos, é possível também a sua
ter efeito suspensivo, se previsto em lei. apreciação pelo Poder Judiciário, desde que causem lesão a di-
Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente reitos individuais ou coletivos.
tem amplo poder de revisão, podendo confirmar, desfazer ou Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que
modificar o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode im-
produzem efeitos internos), em regra, não são apreciados pelo
por ao recorrente um maior gravame (reformatio in pejus).
Poder Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre
o funcionamento interno dos órgãos; no entanto, se exorbita-
e) Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor pú- rem em seu conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos,
blico punido pela Administração, visando ao reexame da deci- poderão também ser apreciados pelo Poder Judiciário.
são, no caso de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar
a sua inocência. Pode ser interposto pelo próprio interessado,
CONTROLE LEGISLATIVO
por seu procurador ou por terceiros, conforme dispuser a lei
O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Po-
estatutária. É admissível até mesmo após o falecimento do in-
der Legislativo em todas as suas esferas de atuação como:
teressado.
a) Federal: Congresso Nacional composto pelo Senado Fede-
ral, Câmara dos Deputados,
Coisa julgada administrativa
b) Estadual: Assembleias Legislativas,
Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade
c) Municipal: Câmara de Vereadores
de reforma da decisão oferecida pela Administração Pública,
d) Distrital: Câmara Distrital
está-se diante da coisa julgada administrativa. Esta não tem o
alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Adminis-
Administração Pública é tão-só um ato administrativo decisório,
tração Pública limita-se às hipóteses previstas na Constituição
destituído do poder de dizer do direito em caráter definitivo. Tal
Federal. Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da
prerrogativa, no Brasil, é só do Judiciário.
Administração Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando exe-
A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só
cuta função administrativa.
encontra consistência na esfera administrativa. Perante o Judi-
O exercício do controle constitui uma das funções típicas do
ciário, qualquer decisão administrativa pode ser modificada, sal-
Poder Legislativo, ao lado da função de legislar.
vo se também essa via estiver prescrita.

304
34
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscali-
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões zação contábil, financeira, orçamentária, operacional e patri-
Parlamentares de Inquérito são constituídas pelo Senado ou monial dos entes federativos, da Administração Pública direta e
pela Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar indireta, além das empresas públicas e sociedades de economia
fato determinado e por prazo certo. Exige-se que o requerimen- mista que também estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de
to para a instalação contenha um terço de adesão dos membros Contas.
que compõem as Casas Legislativas, sendo suas conclusões en- O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o
caminhadas, quando for o caso, ao Ministério Público. integra de forma direta. Embora o nome sugira que faça parte
As Comissões detêm poderes de investigação, mas não com- do Poder Judiciário, o Tribunal de Contas está administrativa-
petência para atos judiciais. Assim, investigam com amplitude, mente enquadrado no Poder Legislativo. Essa é a posição ado-
mas não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Pú- tada no Brasil, pois em outros países essa corte pode integrar
blico. qualquer dos outros dois poderes. Sua situação é de órgão auxi-
liar do Congresso Nacional, e como tal exerce competências de
Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de assessoria do Parlamento, bem como outras privativas.
informações” está previsto no art. 50, § 2º, da Constituição Fe- Os Tribunais de Contas têm natureza jurídica de órgãos pú-
deral, podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer blicos primários despersonalizados. São chamados de órgãos
agente público subordinado à Presidência da República, a fim de “primários” ou “independentes” porque seu fundamento e es-
aclarar matéria que lhe seja afeta. trutura encontram-se na própria Constituição Federal, não se
Tal pedido somente pode ser formulado pelas Mesas da Câ- sujeitando a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou fun-
mara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias, cional a outras autoridades estatais
sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de
responsabilidade. A norma é aplicável, por simetria, aos Estados
Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas
e Municípios.
da União é composto por nove ministros que possuem as mes-
mas garantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos
Convocação de Autoridades: A Constituição Federal permite
ministros do STJ.
às Casas Legislativas e às suas Comissões a convocação de minis- Os Tribunais de Contas dos Estados são formados confor-
tros de Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria me previsto nas Constituições Estaduais, respeitando sempre a
previamente definida. Tais esclarecimentos, ou informações, Constituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo
deverão ser prestados pessoalmente e o descumprimento, re- quatro escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Gover-
petimos, pode corresponder à prática de crime de responsabi- nador do Estado (súmula 653 do STF).
lidade. Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de con-
tas municipais, a Constituição Federal veda a sua criação, no en-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL tanto, os municípios que possuíam estas instituições antes da
Constituição de 1988 poderão mantê-las. Já para os municípios
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou posteriores a ela terão o controle externo da Câmara Municipal
qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Es- tado realizado com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados e
ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Ministério Público. Veja-se o dispositivo constitucional:
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, infor-
mações sobre assunto previamente determinado, importando crime
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
de responsabilidade a ausência sem justificação adequa- da.
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos siste- mas
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com
Orgânicas também disciplinam, invariavelmente, a convocação o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni- cípio ou
de secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fun-
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
dações, sociedades de economia mista, empresas públicas ou
outras entidades. Não há previsão constitucional para a convo-
Competências: Os Tribunais de contas têm competência fis-
cação do chefe do Executivo.
calizadora e a exercem por meio da realização de auditorias e
inspeções em entidades e órgãos da Administração Pública.
Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenha-
A competência de controle exercido pelos Tribunais de con-
da pelo Tribunal de Contas é técnica, administrativa, e não ju- ta atinge a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação
risdicional. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e de subvenções e renúncia de receitas A Constituição Federal
não integra a estrutura organizacional daquele Poder. ampliou significativamente as atribuições das Cortes de Contas,
A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas dentre as quais se destacam:
inclui a fiscalização contábil, orçamentária, operacional e patri-
a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anual-
monial da Administração Pública direta e indireta, bem como de mente pelo chefe do Poder Executivo;
qualquer pessoa física ou jurídica que utilize, arrecade, guarde,
b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e ad-
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos (CF, ministradores de dinheiros, bens e valores públicos;
art. 70, parágrafo único).
c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
pesa ou irregularidade de contas, sanções previstas em lei;
CONTROLE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS

305
35
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da pro-
d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a posta que for mais vantajosa para a Administração Pública. No
Estados, Distrito Federal ou a Municípios, mediante convênio,
condizente à promoção do desenvolvimento nacional sustentá-
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres;
vel, entende-se que este possui como foco, determinar que a
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ile- licitação seja destinada com o objetivo de garantir a observância
galidade; do princípio constitucional da isonomia.
f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, fi-
Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei
nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial em qualquer
não é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação
unidade administrativa dos três Poderes, seja da Administração
de outros princípios que tenham relação com aqueles dispostos
direta, seja da indireta.
de forma expressa no texto legal.
Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do
do art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promo-
Tribunal de Contas para apreciar a inconstitucionalidade de leis ção do desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção
e atos do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem
expressa, apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010,
respeito somente à apreciação da legalidade, mas também da contexto no qual foi criada a “margem de preferência”, facilitan-
legitimidade do órgão e do princípio da economicidade. Segue
do a concessão de vantagens competitivas para empresas pro-
a súmula:
dutoras de bens e serviços nacionais.
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas
Princípio da legalidade
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos
A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também
do poder público.
de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda ati-
vidade de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento
É ainda competente para fiscalizar os procedimentos de li- licitatório. A lei serve para ser usada como limite de base à atu-
citações e, nesse caso, possui prerrogativa para adotar medidas ação do gestor público, representando, desta forma, uma garan-
cautelares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem tia aos administrados contra as condutas abusivas do Estado.
como para garantir o cumprimento de suas decisões.
No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega-
Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento
as contas anuais dos administradores e outros responsáveis pelo licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-
erário público.
-se que todos os entes que participarem do certame, têm direi-
Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionató- to público subjetivo de fiel observância do procedimento para-
ria, ou seja, o poder de aplicar sanções em caso de ilegalidades mentado na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993,
nas despesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título podendo, caso venham a se sentir prejudicados pela ausência
executivo. de observância de alguma regra, impugnar a ação ou omissão na
esfera administrativa ou judicial.
LICITAÇÃO E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas
qualquer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licita-
Princípios ção em decorrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a
Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas representar ao Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou
mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase de aos órgãos de controle interno em face de irregularidades em
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros licitações públicas, nos termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º
anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na apli- da Lei 8666/1993.
cação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que Princípio da impessoalidade
começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvi- Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio
dos com a aplicação da nova Lei. da impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Admi-
Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº. nistração deve adotar o mesmo tratamento a todos os admi-
14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, nistrados que estejam em uma mesma situação jurídica, sem a
no que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da prerrogativa de quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro
Lei nº. 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capí- ângulo, ligado ao princípio do julgamento objetivo, registra-se
tulo II, art. 5º, da seguinte forma: que todas as decisões administrativas tomadas no contexto de
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princí- pios uma licitação, deverão observar os critérios objetivos estabele-
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da pu- blicidade, cidos de forma prévia no edital do certame. Desta forma, ainda
da eficiência, do interesse público, da probidade ad- ministrativa, que determinado licitante venha a apresentar uma vantagem
da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da relevante para a consecução do objeto do contrato, afirma-se
segregação de funções, da motivação, da vincu- lação ao edital, que esta não poderá ser levada em consideração, caso não haja
do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, regra editalícia ou legal que a preveja como passível de fazer
da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da interferências no julgamento das propostas.
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim
como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de Princípios da moralidade e da probidade administrativa
1.942, (Lei de Introdução às Normas do Di- reito Brasileiro). A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os prin-
cípios da moralidade e da probidade administrativa possuem
realidades distintas. Na realidade, os dois princípios passam a

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36
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Princípio da Probidade Administrativa
informação de que a licitação deve ser pautada pela honestida-
A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da
de, boa-fé e ética, isso, tanto por parte da Administração como
probidade administrativa como formas distintas uma da outra.
por parte dos entes licitantes. Sendo assim, para que um com-
Os dois princípios passam a noção de que a licitação deve ser
portamento seja considerado válido, é imprescindível que, além
configurada pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da
de ser legalizado, esteja nos ditames da lei e de acordo com a
Administração Pública, como por parte dos licitantes. Desta for-
ética e os bons costumes. Existem desentendimentos doutriná-
ma, para que um comportamento tenha validade, é necessário
rios acerca da distinção entre esses dois princípios. Alguns au-
que seja legal e esteja em conformidade com a ética e os bons
tores empregam as duas expressões com o mesmo significado,
costumes.
ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos. O que
Existe divergência quanto à distinção entre esses dois prin-
perdura, é que, ao passo que a moralidade é constituída em um
cípios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o
conceito vago e sem definição legal, a probidade administrativa,
mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar
ou melhor dizendo, a improbidade administrativa possui contor-
os conceitos. O correto é que, enquanto a moralidade se cons-
nos paramentados na Lei 8.429/1992.
titui num conceito vago, a probidade administrativa, ou melhor
dizendo, a improbidade administrativa se encontra eivada de
Princípio da Publicidade contornos definidos na Lei 8.429/1992.
Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos
publicamente de forma a garantir aos administrados o conheci-
Princípio da igualdade
mento do que os administradores estão realizando, e também
Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de
de maneira a possibilitar o controle social da conduta adminis-
que a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos
trativa. Em se tratando especificamente de licitação, determi-
os licitantes que estiverem na mesma situação jurídica. O princí-
na o art. 3º, § 3º, da Lei 8.666/1993 que “a licitação não será
pio da igualdade garante a oportunidade de participar do certa-
sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu
me de licitação, todos os que tem condições de adimplir o futuro
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
contrato e proíbe, ainda a feitura de discriminações injustifica-
respectiva abertura”.
das no julgamento das propostas.
Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direi-
Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei
to de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que
8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admi-
não interfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos
tir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio
trabalhos (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine).
de edital ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a pu- ou frustrem o seu caráter de competição, inclusive nos casos
blicidade é tanto maior, quanto maior for a competição propi- de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou dife-
ciada pela modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível renças em decorrência da naturalidade, da sede ou do domicílio
na concorrência, em que o interesse maior da Administração é dos licitantes ou de “qualquer outra circunstância impertinente
o de atrair maior número de licitantes, e se reduz ao mínimo no ou irrelevante para o específico objeto do contrato”, com ressal-
convite, em que o valor do contrato dispensa maior divulgação. va ao disposto nos §§ 5º a 12 do mesmo artigo, e no art. 3º da
“ Lei 8.248, de 23.10.1991.
Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância
fornecer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente
verbas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e tam- ou relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no
bém por obediência ao princípio da publicidade. instrumento de convocação do certame.
O princípio da isonomia não impõe somente tratamento
Princípio da eficiência do interesse público igualitário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos
Trata-se de um dos princípios norteadores da administração
desiguais, na medida de suas desigualdades.
pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razo-
abilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contra-
Princípio do Planejamento
ditório, da segurança jurídica e do interesse público.
A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar
da legalidade, posto que quando se refere serviço público, é es-
o dever legal do planejamento como um todo.
sencial que o agente público atue de forma mais eficaz, bem
Registra-se que a partir deste princípio, é possível compre-
como que haja melhor organização e estruturação advinda da
ender que a Administração Pública tem o dever de planejar toda
administração pública.
a licitação e também toda a contratação pública de forma ade-
Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar sub-
quada e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se
metido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justifi-
mostre de forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a
car a atuação administrativa agindo de forma contrária ao orde-
todos os outros princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição
namento jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos
pátria como um todo.
os princípios devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla-
Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais van-
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que
tajosa, o administrador deverá se encontrar eivado de honesti-
a ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a
dade ao cuidar da Administração Pública.
responsabilidade do agente público.

307
37
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objeti-
Princípio da transparência vidade das determinações de habilidades, que possui o condão
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da de impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposi-
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicida- ção de que este venha a cumprir as normas contidas no edital
de, imparcialidade, eficiência, dentre outros. de maneira objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência competitividade.
não é um princípio independente, o incorporando ao princípio Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório de-
da publicidade, posto ser o seu entendimento que uma das inú- vem estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo
meras funções do princípio da publicidade é o dever de manter em vista que se trata de ato concretizador e de hierarquia infe-
intacta a transparência dos atos das entidades públicas. Entre- rior a essas entidades.
tanto, o princípio da transparência pode ser diferenciado do Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação des-
princípio da publicidade pelo fato de que por intermédio da pu- tina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
blicidade, existe o dever das entidades públicas consistente na isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a adminis-
obrigação de divulgar os seus atos, uma vez que nem sempre a tração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
divulgação de informações é feita de forma transparente. será processada e julgada em estrita conformidade com os prin-
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à in- cípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
formação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Cons- da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
tituição Federal, é uma das formas de expressão concreta do vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objeti-
Princípio da Transparência, sendo também corolário do Princí- vo e dos que lhes são correlatos.
pio da Boa-fé Objetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. O princípio da vinculação ao instrumento convocatório prin-
RESP 200301612085, Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE cípio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
DATA:19/03/2009). proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o
Princípio da eficácia objeto da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de
forma eficaz e organizada promovendo uma melhor estrutura- Princípio do julgamento objetivo
ção por parte da Administração Pública, mantendo a atuação do O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório.
Estado dentro da legalidade. De acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo
Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar subme- licitatório deve observar critérios objetivos definidos no ato
tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a convocatório, para o julgamento das propostas apresentadas,
atuação administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por devendo seguir de forma fiel ao disposto no edital quando for
mais eficiente que seja, na medida em que ambos os princípios julgar as propostas.
devem atuar de maneira conjunta e não sobrepostas. Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer inter-
pretações subjetivas do edital que possam favorecer um con-
Princípio da segregação de funções corrente e, por consequência, vir a prejudicar de forma desleal
Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de a outros.
evitar falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a des-
centralizar o poder e criando independência para as funções de Princípio da razoabilidade
execução operacional, custódia física, bem como de contabili- Trata-se de um princípio de grande importância para o con-
zação trole da atividade administrativa dentro do processo licitatório,
Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determi- posto que se incumbe de impor ao administrador, a atuação
nada tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de dentro dos requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional,
funções, evitando que nenhum empregado ou seção adminis- uma vez que ao trabalhar na interdição de decisões ou práticas
trativa venha a participar ou controlar todas as fases relativas à discrepantes do mínimo plausível, prova mais uma vez ser um
execução e controle da despesa pública, vindo assim, a possibili- veículo de suma importância do respeito à legalidade, na medi-
tar a realização de uma verificação cruzada. da em que é a lei que determina os parâmetros por intermédio
O princípio da segregação de funções, advém do Princípio dos quais é construída a razão administrativa como um todo.
da moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra
caput, da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção acoplado ao princípio da proporcionalidade, além de manter re-
VIII, item 3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal lação com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja
de Controle Interno do Ministério da Fazenda. atendida a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida.

Princípio da motivação Princípio da competitividade


O princípio da motivação predispõe que a administração no O princípio da competição se encontra relacionado à com-
processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vin- petitividade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a
igualdade de condições para todos os concorrentes licitatórios.
do a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos,
Esse princípio se encontra ligado ao princípio da livre concorrên-
com a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessá-
cia nos termos do inciso IV do art. 170 da Constituição Federal
rio que haja motivo para que os atos administrativos licitatórios
Brasileira. Desta maneira, devido ao fato da lei recalcar o abuso
tenham sido realizados, sempre levando em conta as razões de
do poder econômico que pretenda eliminar a concorrência, a lei
direito que levaram o agente público a proceder daquele modo.
e os demais atos normativos pertinentes não poderão agir com
o fulcro de limitar a competitividade na licitação.
Princípio da vinculação ao edital

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38
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
B) mitigação por condicionantes e compensação ambien- tal,
Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou que serão definidas no procedimento de licenciamento am-
infringir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se
biental; c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que,
que esta poderá recair sobre a questão da restrição de competi-
comprovadamente, reduzam o consumo de energia e recursos
ção no processo licitatório.
naturais;
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não
D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legis-
é aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do lação urbanística;
contratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
para situações uniformes, uma vez que a licitação se encontra imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou
destinada a garantir não apenas a seleção da proposta mais van-
indireto causado pelas obras contratadas;
tajosa para a Administração Pública, como também a observân-
F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou
cia do princípio constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007
com mobilidade reduzida.
Plenário (Sumário).
Princípios correlatos
Princípio da proporcionalidade Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio
8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiari-
que também são atinentes aos procedimentos licitatórios, den-
dades determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam
tre os quais se destacamos:
feridas ou suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judi-
cial que possa exceder os limites por ela determinados e avance,
sem permissão no âmbito dos direitos fundamentais.
Princípio da obrigatoriedade
Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está dis-
Princípio da celeridade posto no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação ge-
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e consi-
ral é que as obras, serviços, compras, alienações, concessões,
derado um dos direcionadores de licitações na modalidade pre-
permissões e locações da Administração Pública, quando forem
gão, o princípio da celeridade trabalha na busca da simplifica-
contratadas por terceiros, sejam precedidas da realização de
ção de procedimentos, formalidades desnecessárias, bem como
certame licitatório, com exceção somente dos casos previstos
de intransigências excessivas, tendo em vista que as decisões,
pela legislação vigente.
sempre que for possível, deverão ser aplicadas no momento da
sessão.
Princípio do formalismo
Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acor-
Princípio da economicidade do com o procedimento formal previsto na legislação. Assim
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais
sendo, o art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é ne-
que “o procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato
cessário que o administrador esteja dotado de honestidade ao
administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da
cuidar coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se
Administração Pública”.
relacionado ao princípio da moralidade e da eficiência.
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economici-
Princípio do sigilo das propostas
dade, entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta
Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público
honestidade e boas intenções para validação de atos adminis-
antecipadamente designado, o conteúdo das propostas apre-
trativos. A economicidade impõe adoção da solução mais con-
sentadas pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos
veniente e eficiente sob o ponto de vista da gestão dos recursos
do art. 43, § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o
públicos”. (Justen Filho, 1998, p.66).
sigilo de propostas apresentadas em procedimento licitatório,
ou oportunizar a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além
Princípio da licitação sustentável de prejudicar os demais licitantes, constitui crime tipificado no
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da sus- art. 94 do Estatuto das Licitações, vindo a sujeitar os infratores à
tentabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à pena de detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa;
ideia de que é possível, por meio do procedimento licitatório,
incentivar a preservação do meio ambiente”.
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor
Esse princípio passou a constar de maneira expressa do con-
Significa que a Administração não pode, ao concluir o pro-
tido na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração
cedimento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente
pela Lei 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação
que não seja o vencedor. Esse princípio, também impede que
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável.
seja aberta nova licitação enquanto for válida a adjudicação an-
Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regi- terior.
me Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o de-
Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que
senvolvimento nacional sustentável como forma de princípio a
garante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um
ser observado nas licitações e contratações regidas por seu di-
contrato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o
ploma legal. Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações
objeto. Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido ad-
realizadas com fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contra-
judicado, é possível que não aconteça a celebração do contrato,
tações Públicas devem respeitar, em especial, as normas relati-
posto que a licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por
vas ao art. 4º, § 1º:
motivos de interesse público, ou anulada, caso seja constatada
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos alguma irregularidade Insanável.
sólidos gerados pelas obras contratadas;

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39
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
na maioria das vezes entram em concorrência com a iniciativa
privada e precisam ter uma agilidade que pode, na maioria das
Princípio da competitividade situações, ser prejudicada pela necessidade de submissão aos
É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, procedimentos burocráticos da administração direta, autárquica
havendo restrição à competição, de maneira a privilegiar de- e fundacional.
terminado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao
Em observância e cumprimento à determinação da Consti-
princípio da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do
tuição Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Esta-
princípio da competitividade, tem-se a regra de que é proibi-
tais, que criou regras e normas específicas paras as licitações
do aos agentes públicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos
que são dirigidas por qualquer empresa pública e sociedade
atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos
e dos Municípios. Pondera-se que tais regras forma mantidas
casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências
pela nova Lei de Licitações, Lei nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º,
ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio
inciso I.
dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente
De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais
ou irrelevante para o específico objeto do contrato”, com ex-
empresas públicas e sociedades de economia mista não estão
ceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e no art. 3º da Lei
dispensadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplin-
8.248, de 23.10.1991” .
do tal obrigação com seguimento em procedimentos mais fle-
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, en- xíveis e adequados a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei
tende que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido 8.666/1993 acabou por não mais ser aplicada às estatais e às
como manifestação do princípio da indistinção. suas subsidiárias.
Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas de nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020,
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No refe- observa-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as
rente ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não estatais naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 ex- pressa
poderá, por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem ao remeter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.
que não esteja prevista no edital ou no convite, inclusive finan-
Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que
ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vanta-
são pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licita-
gem baseada nas ofertas dos demais licitantes, nos ditames do ções de nº. 14.133/2.021:
art. 44, parag. 2°da Lei 8.666/1993.
1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais re-
gulada pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no
Competência Legislativa art. 32, IV, da Lei nº 13.303/16;
A União é munida de competência privativa para legislar so- 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
bre normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para
seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão
a administração pública direta e indireta da União, dos Estados, de ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
do Distrito Federal e dos Municípios, conforme determinação do 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
art. 22, XXVII, da CFB/1988.
nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edi-
desempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que
tadas pela União são de observância obrigatória por todos os
se encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que
entes federados, competindo a estes, editar normas específicas por sua vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de
que são aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo Licitações.
a complementar a disciplina prevista na norma geral sem con-
trariá-la.
Dispensa e inexigibilidade
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar
Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que hou-
supletivamente não permite: a) a criação de novas modalidades
ver inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da
licitatórias ou de novas hipóteses de dispensa de licitação; b) o
Nova Lei de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e
estabelecimento de novos tipos de licitação (critérios de julga-
III, foi disposto as hipóteses por meio das quais a competição
mento das propostas); c) a redução dos prazos de publicidade
é inviável e que, portanto, nesses casos, a licitação é inexigível.
ou de recursos.
Vejamos:
É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao
art. 173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competi- ção,
editada lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da em-
em especial nos casos de:
presa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsi-
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
diárias que explorem atividade econômica de produção ou co-
contratação de serviços que só possam ser fornecidos por
mercialização de bens ou de prestação de serviços, sendo que
produtor, empresa ou representante comercial exclusivos;
esse estatuto deverá dispor a respeito de licitação e contratação
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamen-
de obras, serviços, compras e alienações, desde que observados
te ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado
os princípios da administração pública.
pela crítica especializada ou pela opinião pública;
A mencionada modificação constitucional, teve como obje-
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializa-
tivo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação
dos de natureza predominantemente intelectual com profissio-
e contratos e com maior adequação condizente à natureza jurí-
nais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibili-
dica das entidades exploradoras de atividades econômicas, que
dade para serviços de publicidade e divulgação:
trabalham sob sistema jurídico predominantemente de direito
privado. O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições

310
40
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou pro-
quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de
jetos executivos;
ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; diferente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financei- porque nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por reali-
ras ou tributárias; zar ou não o procedimento.
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou
A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alie-
serviços; nação de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrati- grande parte das vezes, quando, ao pretender a Administração
vas; alienar bens de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis,
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; deverá proceder à realização de licitação. No entanto, em algu-
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; mas situações, em razão das peculiaridades do caso especifico,
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e a lei acaba por dispensar o procedimento, o que é verificado,
ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitora- por exemplo, na hipótese da doação de um bem para outro ór-
mento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e gão ou entidade da Administração Pública de qualquer esfera de
demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto governo. Ocorre que nesse caso, a Administração já determinou
neste inciso; previamente para qual órgão ou entidade irá doar o bem. Assim
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio sendo, não existe a necessidade de realização do certame lici-
de credenciamento; tatório.
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de
instalações e de localização tornem necessária sua escolha.
Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor ex- Critérios de Julgamento
clusivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências
exclusividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de re-
que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação.
gistro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a
Registra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas
obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
de características e exigências diversas, sendo que as espécies
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes.
de licitação tendem sempre a variam de acordo com seus pra-
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se
zos e ritos específicos como um todo. Com a aprovação da Lei
a dispensabilidade da exigência de licitação para a contratação
14.133/2.021 em seu art. 33, foram criados novos tipos de lici-
de profissionais da seara artística de forma direta ou através de
tação designados para a compra de bens e serviços. Sendo eles:
empresário, levando em conta que este deverá ser reconhecido
menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo ar-
publicamente.
tístico, técnica e preço, maior lance (leilão), maior retorno eco-
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços téc-
nômico.
nicos especializados, de natureza singular, com profissionais ou Vejamos:
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
Menor preço
para serviços de publicidade e divulgação. Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que
é o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas básico e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, in-
de forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossí- clusive o pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o
vel a competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação preço menor entre os participantes do certame, desde que a
deverá ser adotado. empresa licitante atenda a todos os requisitos estipulados no
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao edital.
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer
especializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, e comprovar maiores vantagens para a Administração Pública,
fato que se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for apenas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, ter-
de natureza singular e o seu prestador for dotado de notória es- mina por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar
pecialização. O serviço de natureza singular é reconhecido pela apenas a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir
sua complexidade, relevância ou pelos interesses públicos que contratar um trabalho de qualidade.
estiverem em jogo, vindo demandar a contratação de prestador
com a devida e notória especialização.
Maior desconto
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito de maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo
no âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho fei- aceitável, deverá constar expressamente do edital. Isso aconte-
to anteriormente como estudos, experiências, publicações, or- ce, por que nessas situações específicas, a publicação do valor
ganização, equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos de referência da Administração Pública é extremamente essen-
pertinentes com suas atividades, que permitam demonstrar e cial para que os proponentes venham a oferecer seus descontos.
comprovar que o seu trabalho é essencial e o mais adequado à Denota-se que o texto de lei determina que a administração
plena satisfação do objeto do contrato. licitante forneça o orçamento original da contratação, mesmo
Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de que tal orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer ins-
serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem cria- tante tanto para os órgãos de controle interno quanto externo.
do várias controvérsias, principalmente quando se refere à con- Esse fato é de grande importância para a administração Pública,
tratação de serviços de advocacia e também de contabilidade. tendo em vista que a depender do mercado, a divulgação do or-

311
41
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
ros anos as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
çamento original no instante de ocorrência da licitação acarre- aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deve-
tará o efeito âncora, fazendo com que os valores das propostas
rão continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos
sejam elevados ao patamar mais aproximado possível no que diz
que começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser re-
respeito ao valor máximo que a Administração admite.
solvidos com a aplicação da nova Lei.
Melhor técnica ou conteúdo artístico Concorrência
Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concor-
leva em consideração a proposta que oferecer mais vantagem rência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessa-
em questão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se dos que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem
que esta espécie de licitação deve ser aplicada com exclusivi- possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
dade para serviços de cunho intelectual, como ocorre na ela- para execução de seu objeto.
boração de projetos, por exemplo incluindo-se nesse rol, tanto Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalida-
os básicos como os executivos como: cálculos, gerenciamento, de licitatória conveniente para contratações de grande aspecto.
supervisão, fiscalização e outros pertinentes à matéria. Isso ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma
espécie de hierarquia quando a definição da modalidade de lici-
Técnica e preço tação acontece em razão do valor do contrato. Ocorre que quan-
Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho to maiores forem os valores envolvidos, mais altos e maiores se-
obrigatório quando da contratação de bens e serviços na área rão o nível de publicidade bem como os prazos estipulados para
tecnológica como de informática e áreas afins, e também nas a realização do procedimento. Em alguns casos, não obstante, é
modalidade de concorrência, segundo a nova lei de Licitações. permitido uso da modalidade de maior publicidade no lugar das
Nesse caso específico, o licitante demonstra e apresenta a sua de menor publicidade, jamais o contrário.
proposta e a documentação usando três envelopes distintos, Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da
sendo eles: o primeiro para a habilitação, o segundo para o des- concorrência para valores elevados, vindo a permitir que seja re-
linde da proposta técnica e o terceiro, com o preço, que deverão alizada a tomada de preços ou concorrência para montantes de
ser avaliados nessa respectiva ordem. cunho intermediário e convite (ou tomada de preços ou concor-
rência), para contratos de valores mais reduzidos. Os gestores,
Maior lance (leilão) na prática, geralmente optam por utilizar a modalidade licitatória
Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se en- que seja mais simplificada dentro do possível, de maneira a evitar
contra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudare- a submissão a prazos mais extensos de publicidade do certame.
mos nos próximos tópicos.
Concurso
Maior retorno econômico Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modali-
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novi- dade de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho
dades advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requi- técnico, científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei
sito ser um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e de Licitações:
fulcro sejam uma espécie de contrato de eficiência. Art. 30. O concurso observará as regras e condições previs- tas
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: em edital, que indicará:
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a presta- I - a qualificação exigida dos participantes;
ção de serviços, que pode incluir a realização de obras e o for- II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
necimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a
contratante, na forma de redução de despesas correntes, re- ser concedida ao vencedor.
munerado o contratado com base em percentual da economia Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
gerada; projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administra- termos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais re- lativos
ção não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propria- ao projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência
mente dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais e oportunidade das autoridades competentes.
vantagens advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor
proposta de ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno Leilão
econômico à maquina pública. Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão pode-
rá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela
Modalidades autoridade competente da Administração, sendo que seu regu-
lamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloei-
Licitações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma le- gal da ro oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante creden-
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada ciamento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério
de preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta for- ma, de de julgamento de maior desconto para as comissões a serem
cobradas, utilizados como parâmetro máximo, os percentuais
acordo com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de
definidos na lei que regula a referida profissão e observados os
licitação: concorrência, concurso, leilão, pregão e diálogo
valores dos bens a serem leiloados
competitivo.
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo,
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase
de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-

312
42
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoei-
O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase ro deverá se informar de antemão, quem são os participantes,
de habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a tendo em vista que estes se identificam no momento do em que
fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamen- fazem o credenciamento.
to pelo licitante vencedor, na forma definida no edital. No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação,
Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota- o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitan-
-se que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de tes participantes, para evitar conluio.
maior lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou supe- A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por pa-
rior ao valor de avaliação do bem. râmetros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao
A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro ofi- final da Sessão.
cial ou por servidor indicado pela Administração, procedendo-se No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, de-
conforme os ditames da legislação pertinente. verá de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser
registrado no campo do sistema de compras pertinente, no qual
Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Ad- deverá conter as exposições com a motivação da interposição.
ministração indireta executam contratos de mútuo que são ga-
rantidos por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a Diálogo competitivo
dívida não for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empe- Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, moda-
nhado que deverá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações. lidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a
Administração:
Pregão Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a con-
Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, tra- tratações em que a Administração:
ta-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condi-
preço, designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços ções:
comuns. Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sen- a) inovação tecnológica ou técnica;
do estas nas formas eletrônica e presencial. b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessi-
Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei dade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mer-
10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial cado; e
é fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o c) impossibilidade de as especificações técnicas serem defi-
pregão eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05. nidas com precisão suficiente pela Administração;
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de re- as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com
gras diferentes que serão adotadas pelo Poder Público. destaque para os seguintes aspectos:
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para a) a solução técnica mais adequada;
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já de-
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, pre- finida;
ferencial. c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em
participar do pregão presencial, deverão comparecer em hora e Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Admi-
local nos quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito nistração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar
o credenciamento, devendo ainda, apresentar os envelopes de aos autos do processo licitatório os registros e as gravações da
proposta, bem como os documentos pertinentes. fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados edital contendo a especificação da solução que atenda às suas
fazer cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente lici- necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para
tante, vindo, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior
A classificação a respeito das formas de pregão está tam- a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecio-
bém eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, nados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas
o pregoeiro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até propostas, que deverão conter os elementos necessários para a
10% acima da melhor proposta e as classificar para a fase de lan- realização do projeto.
ces. Havendo ausência de propostas que venham a atingir esses
10%, restarão selecionadas, por conseguinte, as três melhores Habilitação, Julgamento e recursos
propostas. Habilitação
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de
em conta que todos os participantes são classificados e tem o Licitações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a
direito de participar da fase na qual ocorrem os lances por meio fase da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de infor-
do sistema, dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indi- mações e documentos necessários e suficientes para demons-
cado no edital ou carta convite. trar a capacidade do licitante de realizar o objeto da licitação.
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos fo-
da licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por con- ram renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em
seguinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. lei de aceitação de balanço de abertura.
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances No que condiz à habilitação econômico-financeira, com
são lançados no sistema na medida em que os participantes vão supedâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui
ofertando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance utilidade para demonstrar que o licitante se encontra dotado
que por este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registra- de capacidade para sintetizar com suas possíveis obrigações fu-
dos no sistema, até que esta fase venha a se encerrar.

313
43
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico
turas, devendo a mesma ser comprovada de forma objetiva, por que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, ser-
intermédio de coeficientes e índices econômicos que deverão
viço ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser
estar previstos no edital e devidamente justificados no processo
aquela que trouxer um maior retorno econômico.
de licitação.
De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a
Recursos
habilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de fa-
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não
lência expedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por úl-
ocorrendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os re-
timo, exige-se o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios
cursos em face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão
sociais, salvo das empresas que foram constituídas no lapso de
ser apresentados no término da fase de habilitação, tendo em
menos de dois anos.
vista que tal ato deverá acontecer em apenas uma etapa.
Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habili-
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do
tação jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exer-
julgamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão
cer direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apre-
se manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o
sentada por ele limita-se à comprovação de existência jurídica
término de cada sessão, sob pena de preclusão
da pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma
atividade a ser contratada.
precedente à apresentação das propostas, bem como o julga-
Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documen- mento, afirma-se que os recursos terão que ser apresentados
tação exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-
em dois intervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o
-operacional. Vejamos:
julgamento das propostas.
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-pro-
fissional e técnico-operacional será restrita a:
Adjudicação e homologação
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no
O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sen-
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de
do o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a pro-
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou
priedade de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil
serviço de características semelhantes, para fins de contra- tação;
a conceitua como uma forma de pagamento feito ao exequente
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo con- ou a terceira pessoa, por meio da transferência dos bens sobre
selho profissional competente, quando for o caso, que demons- os quais incide a execução.
trem capacidade operacional na execução de serviços similares de
Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm
complexidade tecnológica e operacional equivalente ou supe- rior, início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson
bem como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de clas-
do art. 88 desta Lei; sificação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obriga-
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apa-
tório, embora não seja livre.
relhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto
Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz
da licitação, bem como da qualificação de cada membro da equi-
o encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação.
pe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
Homologação é a aprovação determinada por autoridade judi-
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei es-
cial ou administrativa a determinados atos particulares com o
pecial, quando for o caso;
fulcro de produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
V - registro ou inscrição na entidade profissional competen-
Considera-se que a homologação do processo de licitação
te, quando for o caso;
representa a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodri-
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de
gues (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade
todas as informações e das condições locais para o cumprimento
concordante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
das obrigações objeto da licitação.
Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Ad-
ministração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do
Julgamento
contrato.
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que
Registro de preços
de agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo
Registro de preços é a modalidade de licitação que se en-
sob os seguintes critérios:
contra apropriada para possibilitar diversas contratações que
1. Menor preço;
sejam concomitantes ou sucessivas, sem que haja a realização
2. Maior desconto;
de procedimento de licitação de forma específica para cada uma
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico;
destas contratações.
4. Técnica e preço;
Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto
5. Maior lance, no caso de leilão;
a mais órgãos pertencentes à Administração.
6. Maior retorno econômico.
De modo geral, o registro de preços é usado para compras
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito
corriqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando da-
do seu funcionamento, bem como já foram estudados anterior-
queles que não se sabe a quantidade que será preciso adqui-
mente nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior
rir, bem como quando tais compras estiverem sob a condição
novidade, trata-se do critério de maior retorno econômico, que
de entregas parceladas. O objetivo destas ações é evitar que se
é uma espécie de licitação usada somente para certames cujo
formem estoques, uma vez que estes geram alto custo de ma-
objeto seja contrato de eficiência de forma geral.
nutenção, além do risco de tais bens vir a perecer ou deteriorar.

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Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
IV - atualização periódica dos preços registrados;
Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei
V - definição do período de validade do registro de preços;
de Lictações que regem o sistema de registro de preços:
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que
Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observa-
aceitar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitan-
rá as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
te vencedor na sequência de classificação da licitação e inclusão
I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive
do licitante que mantiver sua proposta original.
a quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de
II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens
regulamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de
ou, no caso de serviços, de unidades de medida;
dispensa de licitação para a aquisição de bens ou para a contra-
III - a possibilidade de prever preços diferentes: tação de serviços por mais de um órgão ou entidade.
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais di- Art. 83. A existência de preços registrados implicará com-
ferentes; promisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não
b) em razão da forma e do local de acondicionamento; obrigará a Administração a contratar, facultada a realização de
c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho licitação específica para a aquisição pretendida, desde que devi-
do lote; damente motivada.
d) por outros motivos justificados no processo; Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será
IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em de 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que
quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigan- do-se comprovado o preço vantajoso.
nos limites dela; Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de
V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as
preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no disposições nela contidas.
mercado;
VI - as condições para alteração de preços registrados; Revogação e anulação da licitação
VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de De antemão, em relação à revogação e a anulação do pro-
serviço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do cedimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que
licitante vencedor, assegurada a preferência de contratação de caso tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias le-
acordo com a ordem de classificação; gais o a possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de ví-
VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais cio que não se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo,
de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de a anulação se impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espé-
validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência cie de vício no certame, mas, a contratação tenha sido deixada
de ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo de ser considerada de interesse público, impõe-se a aplicação
previsto no edital; da revogação.
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de pre- Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início
ços e suas consequências da fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de ou a anulação da licitação somente será efetivada depois de se
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a conceder aos licitantes que manifestem interesse em contestar
inviabilidade de se promover a adjudicação por item e for evi- o respectivo ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direi-
denciada a sua vantagem técnica e econômica, e o critério de to ao contraditório e à ampla defesa”.
aceitabilidade de preços unitários máximos deverá ser indicado Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tra-
no edital. tou de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observa- desfazimento do processo licitatório, ficará assegurado o con-
dos os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 traditório e a ampla defesa.
desta Lei, a contratação posterior de item específico constante Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade
de grupo de itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demons- da aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício
tração de sua vantagem para o órgão ou entidade. do direito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a ao ato de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, tradicional diversos debates tanto na doutrina quanto na juris-
apenas nas seguintes situações: prudência nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou dos diversos julgados que ressalvam a aplicação contida no art.
entidade não tiver registro de demandas anteriores; 49, §3º da Lei 8.666/1.993 nas situações de revogação de lici-
II - no caso de alimento perecível; tação antes de sua homologação. Pondera-se que esse enten-
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao forneci- dimento afirma que o contraditório e a ampla defesa apenas
mento de bens. seriam exigíveis quando o procedimento de licitação tiver sido
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obri- concluído.
gatória a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das
participação de outro órgão ou entidade na ata. quais é considerado dispensável dar a oportunidade aos licitan-
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para tes do contraditório e a ampla defesa, a obrigação da adminis-
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de tração em motivar o ato revogatório não será afastada, uma vez
engenharia, observadas as seguintes condições: que devendo se ater aos princípios da transparência e da mo-
tivação, o gestor por força de lei, deverá sempre evidenciar as
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado;
razões pelas quais foram fundamentadas a conclusão pela revo-
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em
gação do certame, bem como os motivos de não prosseguir com
regulamento;
o processo licitatório.
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle;

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45
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Contratos de Direito Privado firmados pela Administração:
são aqueles comandados por normas de Direito Privado.
Breves considerações adicionais acerca das mudanças no
processo de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
Princípios
• Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art.
Princípio da legalidade
17, será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de con-
Disposto no art. 37 da CRFB/1988, recebe um conceito como
tratação para todos os procedimentos licitatórios.
um produto do Liberalismo, que propagava evidente superiori-
• Como exceção, caso seja preciso que a forma de contrata-
dade do Poder Legislativo por intermédio da qual a legalidade
ção seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos
veio a ser bipartida em importantes desdobramentos:
de fato e de direito no processo administrativo, porém, ficará
1) Supremacia da lei: a lei prevalece e tem preferência so-
incumbido da obrigação de gravar a sessão em áudio e também
bre os atos da Administração;
em vídeo.
2) Reserva de lei: a apreciação de certas matérias deve ser
• O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do
formalizada pela legislação, deletando o uso de outros atos de
sistema virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competi-
caráter normativo.
tividade, segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado
• A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
como o principal conceito para a configuração do regime jurí-
Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigató-
dico-administrativo, tendo em vista que segundo ele, a admi-
rio.
nistração pública só poderá ser desempenhada de forma eficaz
• Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licita-
em seus atos executivos, agindo conforme os parâmetros legais
ções, sejam eles federais, estaduais ou municipais.
vigentes. De acordo com o princípio em análise, todo ato que
• Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as
não possuir base em fundamentos legais é ilícito.
demandas das estruturas da Administração Pública deverão ser
de qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as
Princípio da impessoalidade
finalidades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos
Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988,
de luxo.
possui duas interpretações possíveis:
• Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato ver- a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pú-
bal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de
blica deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonô-
prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos
mico aos particulares, com o fito de atender a finalidade pública,
aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
vedadas a discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo:
• São atos da Administração Pública antes de formalizar ou
art. 37, II, da CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com res-
prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade salvas ao tratamento que é diferenciado para pessoas que estão
fiscal do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas se encontram em posição fática de desigualdade, com o fulcro
idôneas e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP). de efetivar a igualdade material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB
• A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código
e art. 5.0, § 2. °, da Lei 8.112/1990: reserva de vagas em cargos e
Penal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do
empregos públicos para portadores de deficiência.
Código Penal de 1.940:
b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo-
públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em fa-
como feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pe-
vor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados
los quais toda a publicidade dos atos do Poder Público deve pos-
com a Administração Pública sem autorização em lei, no edital da suir caráter educativo, informativo ou de orientação social, nos
licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, termos do art. 37, § 1. °, da CRFB: “dela não podendo constar
pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pes-
exigibilidade:
soal de autoridades ou servidores públicos”.
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.
Princípio da moralidade
Perturbação de processo licitatório Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo atuação administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria.
IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo fede- ral Nesse diapasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999
atualizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ordena ao administrador nos processos administrativos, a au-
ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a têntica “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro
substituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais se- rão e boa-fé”. Exemplo: a vedação do ato de nepotismo inserido da
divulgados no PNCP. Súmula Vinculante 13 do STF. Entretanto, o STF tem afastado a
aplicação da mencionada súmula para os cargos políticos, o que
No desempenho da função administrativa, o Poder Público para a doutrina em geral não parece apropriado, tendo em vista
empraza diversas relações jurídicas com pessoas físicas e jurídi- que o princípio da moralidade é um princípio geral e aplicável
cas, públicas e privadas. A partir do momento em que tais rela- a toda a Administração Pública, vindo a alcançar, inclusive, os
ções se constituem por intermédio da manifestação bilateral da cargos de natureza política.
vontade das partes, afirmamos que foi celebrado um contrato
da Administração. Princípio da publicidade
Denota-se que os contratos da Administração podem ser Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos
nas formas: do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do
Contratos Administrativos: são aqueles comandados pelas art. 2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importân-
normas de Direito Público.

316
46
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
do momento em que a doutrina e a jurisprudência passaram a
cia que a transparência dos atos administrativos guarda estreita afirmar que a proporcionalidade seria um princípio implícito ad-
relação com o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da
vindo do próprio Estado de Direito.
CRFB/1988), vindo a possibilitar o exercício do controle social
Embora haja polêmica em relação à existência ou não de
sobre os atos públicos praticados pela Administração Pública em
diferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da
geral. Denota-se que a atuação administrativa obscura e sigilosa
proporcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da
é característica típica dos Estados autoritários. Como se sabe,
fungibilidade entre os mencionados princípios que se relacio-
no Estado Democrático de Direito, a regra determinada por lei,
nam e forma paritária com os ideais igualdade, justiça material e
é a publicidade dos atos estatais, com exceção dos casos de sigi-
racionalidade, vindo a consubstanciar importantes instrumentos
lo determinados e especificados por lei. Exemplo: a publicidade
de contenção dos excessos cometidos pelo Poder Público.
é um requisito essencial para a produção dos efeitos dos atos
O princípio da proporcionalidade é subdividido em três
administrativos, é uma necessidade de motivação dos atos ad-
subprincípios:
ministrativos.
a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado
será adequado quando vier a contribuir para a realização do re-
Princípio da eficiência sultado pretendido.
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC
b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proi-
19/1998, com o fito de substituir a Administração Pública bu-
bição do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas
rocrática pela Administração Pública gerencial. O intuito de
para alcançar os fins perseguidos de interesse público, o Poder
eficiência está relacionado de forma íntima com a necessidade
Público terá o dever de adotar a medida menos agravante aos
de célere efetivação das finalidades públicas dispostas no or-
direitos fundamentais.
denamento jurídico. Exemplo: duração razoável dos processos
c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma
judicial e administrativo, nos ditames do art. 5.0, LXXVIII, da
típica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto
CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), bem como o contrato de
pela atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo
gestão no interior da Administração (art. 37 da CRFB) e com as
pelo qual a restrição ao direito fundamental deverá ser plena-
Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
mente justificada, tendo em vista importância do princípio ou
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios
direito fundamental que será efetivado.
que garantem sua eficiência:
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se
Princípio da supremacia do interesse público sobre o inte-
torna eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa
resse privado (princípio da finalidade pública)
sem piorar a situação de outrem.
É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicio-
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplica-
nal, tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em
das de forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior
duas categorias:
número de pessoas, onde os benefícios de “X” superam os pre-
a) interesse público primário: encontra-se relacionado com
juízos de “Y”).
a necessidade de satisfação de necessidades coletivas promo-
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios menciona-
vendo justiça, segurança e bem-estar através do desempenho
dos acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o
de atividades administrativas que são prestadas à coletividade,
prisma econômico, tendo em vista que a Administração possui
como por exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o
a obrigação de considerar outros aspectos fundamentais, como
fomento, dentre outros.
a qualidade do serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade,
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do
dentre outros aspectos.
próprio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encon-
tra-se ligando de forma expressa à noção de interesse do erário,
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
implementado através de atividades administrativas instrumen-
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Mag-
tais que são necessárias ao atendimento do interesse público
na Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu
primário. Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento,
no direito norte-americano por intermédio da evolução jurispru-
aos agentes público e ao patrimônio público.
dencial da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’
e 14.’ da Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado
Princípio da continuidade
o seu caráter procedimental (procedural due process of law:
Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo
direito ao contraditório, à ampla defesa, dentre outras garan-
que tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não
tias processuais) para, por sua vez, incluir a versão substantiva
pode ser interrompida, levando em conta a necessidade perma-
(substantive due process of law: proteção das liberdades e dos
nente de satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela
direitos dos indivíduos contra abusos do Estado).
legislação.
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem
Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço
sendo aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem
público, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, pres-
como da constitucionalidade das leis e dos atos administrativos,
tador do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá
demonstrando ser um dos mais importantes instrumentos de
prestar o serviço de forma adequada, em consonância com as
defesa dos direitos fundamentais dispostos na legislação pátria.
normas vigentes e, em se tratando dos concessionários, deven-
O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das
do haver respeito às condições do contrato de concessão. Em
teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do mo-
resumo, a continuidade pressupõe a regularidade, isso por que
mento no qual foi reconhecida a existência de direitos perdurá-
seria inadequado exigir que o prestador continuasse a prestar
veis ao homem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramen-
um serviço de forma irregular.
te no âmbito do Direito Administrativo, no “direito de polícia”,
vindo a receber, na Alemanha, dignidade constitucional, a partir

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47
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
que poderá gerar tanto uma “atuação coadjuvante” como uma
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não “atuação determinante por parte de interessados regularmente
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diaria-
habilitados à participação” (MOREIRA NETO, 2006, p. 337-338).
mente e em período integral. Na realidade, o serviço público
Desta forma, o princípio constitucional da participação é
deverá ser prestado sempre na medida em que a necessidade
o pioneiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas
da população vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessida-
jurídico-políticas, sendo também uma forma de controle social,
de absoluta da necessidade relativa, onde na primeira, o serviço
devido aos seus institutos participativos e consensuais.
deverá ser prestado sem qualquer tipo interrupção, tendo em
vista que a população necessita de forma permanente da dispo-
Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
nibilidade do serviço. Exemplos: hospitais, distribuição de ener-
boa-fé
gia, limpeza urbana, dentre outros.
Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima
e da boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham
Princípio da autotutela entre si.
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois sen-
rever os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por ví-
tidos:
cio de legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de con-
a) objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando
veniência e de oportunidade, de acordo com a previsão contida
em conta a necessidade de que sejam respeitados o direito ad-
nas Súmulas 346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI,
9.784/1999.
da CRFB);
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
b) subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela
relacionadas às expectativas geradas por promessas e atos es-
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato
tatais.
ilegal e revogação de ato inconveniente ou inoportuno.
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se
Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
que esta possui limites importantes que, por sua vez, são im-
a) objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos
postos ante à necessidade de respeito à segurança jurídica e à
particulares;
boa-fé dos particulares de modo geral.
b) subjetiva: está ligada a relação com o caráter psicológi-
co daquele que atuou em conformidade com o direito. Esta ca-
Princípios da consensualidade e da participação
racterização da confiança legítima depende em grande parte da
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade
boa-fé do particular, que veio a crer nas expectativas que foram
tornaram-se decisivas para as democracias contemporâneas,
geradas pela atuação do Estado.
pelo fato de contribuem no aprimoramento da governabilidade,
Condizente à noção de proteção da confiança legítima, veri-
vindo a fazer a praticar a eficiência no serviço público, propi-
fica-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utili-
ciando mais freios contra o abuso, colocando em prática a le-
zação abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que
galidade, garantindo a atenção a todos os interesses de forma
terminam por surpreender os seus receptores.
justa, propiciando decisões mais sábias e prudentes usando da
Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança
legitimidade, desenvolvendo a responsabilidade das pessoas
jurídica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé,
por meio do civismo e tornando os comandos estatais mais acei-
com supedâneo em fundamento constitucional que se encontra
táveis e mais fáceis de ser obedecidos.
implícito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art.
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre
1.° da CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurí-
o Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal,
dico perfeito e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI,
veio a assumir um importante papel no condizente ao processo
da CRFB/1988.
de identificação de interesses públicos e privados que se encon-
Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
tram sob a tutela da Administração Pública.
princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensu-
9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança le-
alidade e da participação, a administração termina por voltar-
gítima, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
-se para a coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas
a) ato da Administração suficientemente conclusivo para
e aspirações da sociedade, passando a ter a ter atividades de
gerar no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes
mediação para resolver e compor conflitos de interesses entre
casos: confiança do afetado de que a Administração atuou cor-
várias partes ou entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não
retamente; confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na
mais colocando o ato como instrumento exclusivo de definição
relação jurídica que mantém com a Administração; ou confiança
e atendimento do interesse público, mas sim em forma de ativi-
do afetado de que as suas expectativas são razoáveis;
dade aberta para a colaboração dos indivíduos, passando a ter
b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade ad-
importância o momento do consenso e da participação.
ministrativa, que, independentemente do caráter vinculante,
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na
orientam o cidadão a adotar determinada conduta;
tomada de decisões administrativas está refletido em alguns
c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma si-
institutos jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de in-
tuação jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao pa-
formações, conselhos municipais, ombudsman, debate público,
trimônio jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade
assessoria externa ou pelo instituto da audiência pública. Salien-
é confiável;
ta-se: a decisão final é do Poder Público; entretanto, ele deverá
d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a
orientar sua decisão o mais próximo possível em relação à sínte-
confiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância
se extraída na audiência do interesse público. Nota-se que ocor-
ou tolerância da Administração); e
re a ampliação da participação dos interessados na decisão”, o

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48
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
D) Bilateralidade – independentemente de serem de direito
e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obri- privado ou de direito público, os contratos são formados a partir
gações no caso.
de manifestações bilaterais de vontades da Administração con-
tratante e do particular contratado;
Elementos E) Consensualidade – são o resultado de um acordo de von-
Aduz-se que sobre esta matéria, a lei nada menciona a res- tades plenas e livres, e não de ato impositivo;
peito, porém, a doutrina tratou de a conceituar e estabelecer
F) Formalidade – não basta que haja a vontade das par-
alguns paradigmas. Refere-se à classificação que a doutrina faz
tes para que o contrato administrativo se aperfeiçoe, sendo
do contrato administrativo. Desta forma, o contrato administra-
necessário o cumprimento de determinações previstas na Lei
tivo é:
8.666/1993;
1) Comutativo: trata-se dos contratos de prestações certas
H) Onerosidade – o contrato possui valor econômico con-
e determinadas. Possui prestação e contraprestação já estabele-
cidas e equivalentes. Nesta espécie de contrato, as partes, além vencionado;
de receberem da outra prestação proporcional à sua, podem I) Comutatividade – os contratos exigem equidade das pres-
apreciar imediatamente, verificando previamente essa equiva- tações do contratante e do contratado, sendo que estas devem
lência. Ressalta-se que o contrato comutativo se encontra em ser previamente definidas e conhecidas;
discordância do contrato aleatório que é aquele contrato por J) Caráter sinalagmático – constituído de obrigações re-
meio do qual, as partes se arriscam a uma contraprestação que cíprocas tanto para a Administração contratante como para o
por ora se encontra desconhecida ou desproporcional, dizendo contratado;
respeito a fatos futuros. Exemplo: contrato de seguro, posto que K) Natureza de contrato de adesão – as cláusulas dos contra-
uma das partes não sabe se terá que cumprir alguma obrigação, tos administrativos devem ser fixadas de forma unilateral pela
e se tiver, nem sabe qual poderá ser. Administração.
Com referência a esse tipo de contrato, aduz o art. 4 do De- Registra-se que deve constar no edital da licitação, a minuta
creto-Lei n.7.568/2011: do contrato que será celebrado. Desta maneira, os licitantes ao
Art. 4º A celebração de convênio ou contrato de repasse fazerem suas propostas, estão acatando os termos contratuais
com entidades privadas sem fins lucrativos será precedida de estabelecidos pela Administração. Ainda que o contrato não es-
chamamento público a ser realizado pelo órgão ou entidade teja precedido de licitação, a doutrina aduz que é sempre a ad-
concedente, visando à seleção de projetos ou entidades que tor- ministração quem estabelece as cláusulas contratuais, pelo fato
nem mais eficaz o objeto do ajuste. (Redação dada pelo Decreto de estar vinculada às normas e também ao princípio da indispo-
n. 7.568, de 2011) nibilidade do interesse público;
2) Oneroso: por ter natureza bilateral, comporta vantagens L) Caráter intuitu personae – por que os contratos adminis-
para ambos os contraentes, tendo em vista que estes sofrem um trativos são firmados tomando em conta as características pes-
sacrifício patrimonial equivalente a um proveito almejado. Exis- soais do contratado. Por esta razão, de modo geral, é proibida
te um benefício recebido que corresponde a um sacrifício, por a subcontratação total ou parcial do objeto contratado, a asso-
meio do qual, as partes gozam de benefícios e deveres. Ocorre ciação do contratado com outrem, a cessão ou transferência,
de forma contrária do contrato gratuito, como a doação, posto total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, cuja
que neste, só uma das partes possui obrigação, que é entregar o
desobediência é motivo para rescisão contratual (art. 78, VI, Lei
bem, já a outra, não tem.
8.666/1993). Entretanto, a regra anterior é amparada pelo art.
3) Formal: é dotado de condições específicas previstas na
72 da mesma lei, que determina a possibilidade de subcontra-
legislação para que tenha validade. A formalização do contrato
tação de partes de obra, serviço ou fornecimento, até o limite
encontra-se paramentada no art. 60 Lei 8.666/1993. Denota-se,
por oportuno, que o contrato administrativo é celebrado pela admitido pela Administração. Aduz-se que a possibilidade de
forma escrita, nos ditames art. 60, parágrafo único. subcontratação é abominada pela doutrina, tendo em vista vez
que permite que uma empresa que não participou por meios
Características legais da licitação de forma indireta, acabe contratando com o
A doutrina não é unânime quanto às características dos con- Poder Público, o que ofende o princípio da licitação previsto no
tratos administrativos. Ainda assim, de modo geral, podemos art. 37, XXI, da Constituição Federal.
aduzir que são as seguintes:
A) Presença da Administração Pública – nos contratos admi- Formalização
nistrativos, a Administração Pública atua na relação contratual Em regra, os contratos administrativos são precedidos da
na posição de Poder Público, por esta razão, é dotada de um realização de licitação, ressalvado nas hipóteses por meio das
rol de prerrogativas que acabam por a colocar em posição de quais a lei estabelece a dispensa ou inexigibilidade deste proce-
hierarquia diante do particular, sendo que tais prerrogativas se dimento. Além disso, a minuta do futuro contrato a ser firmado
materializam nas cláusulas exorbitantes; pela Administração com o licitante vencedor, constitui anexo do
B) Finalidade pública – do mesmo modo que nos contratos edital de licitação, dele sendo parte integrante (art. 40, § 2º, III).
de direito privado, nos contratos administrativos sempre deverá Os contratos administrativos são em regra, formais e escri-
estar presente a incessante busca da satisfação do interesse pú- tos.
blico, sob pena de incorrer em desvio de poder; Registre-se que o instrumento de contrato, á ato obrigatório
C) Procedimento legal – são estabelecidos por meio de lei nas situações de concorrência ou de tomadas tomada de preços,
procedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos bem como ainda nas situações de dispensa ou inexigibilidade
contratos administrativos, que contém, dentre outras medidas, de licitação, nas quais os valores contratados estejam elencados
autorização legislativa, justificativa de preço, motivação, autori- nos limites daquelas duas modalidades licitatórias.
zação pela autoridade competente, indicação de recursos orça-
mentários e licitação;

319
49
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
Aduz-se que nos demais casos, o termo de contrato será fa- ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
cultativo, fato que enseja à Administração adotar o instrumento
b) quando necessária a modificação do valor contratual em
contratual ou, ainda, vir a optar por substituí-lo por outro instru-
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob-
mento hábil a documentar a avença, conforme quadro a seguir
jeto, nos limites permitidos por esta Lei;
(art. 62, § 2º):
II - por acordo das partes:
Todo contrato administrativo tem natureza de contrato de
a) quando conveniente a substituição da garantia de exe-
adesão, pois todas as cláusulas contratuais são fixadas pela Ad-
cução;
ministração. Contrato de adesão é aquele em que todas as cláu-
b) quando necessária a modificação do regime de execução
sulas são fixadas por apenas uma das partes, no caso do contra-
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
to administrativo, a Administração.
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos con- tratuais
originários;
Prazo c) quando necessária a modificação da forma de pagamen- to,
Tendo em vista que os contratos administrativos devem ter
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor
prazo determinado, sua vigência deve ficar adjunta à vigência
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com
dos respectivos créditos orçamentários. Assim sendo, em re-
relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspon- dente
gra, os contratos terão duração de um ano, levando em con-
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou
ta que esse é o prazo de vigência dos créditos orçamentários
serviço;
que são passados aos órgãos e às entidades. Nos ditames da Lei
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram ini-
4.320/1964, o crédito orçamentário tem duração de um ano,
cialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da
vindo a coincidir com o ano civil.
administração para a justa remuneração da obra, serviço ou for-
Entretanto, o art. 57 da Lei 8.666/1993 determina outras
necimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-
situações que não seguem ao disposto na regra acima. Vejamos:
-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
• Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculá- veis,
metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em
prorrogados se houver interesse da Administração e desde que
caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando
isso tenha sido previsto no ato convocatório;
álea econômica extraordinária e extracontratual. (Redação dada
• À prestação de serviços a serem executados de forma con-
pela Lei nº 8.883, de 1994)
tínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e
Desta maneira, percebe-se que o contrato administrativo
sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condi-
permite de forma regulamentada, que haja alteração em suas
ções mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta
cláusulas durante sua execução. Registre-se que contrato não é
meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998);
um documento rígido e inflexível, tendo em vista que o mesmo
• Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas
pode sofrer alterações para que venha a se adequar às modifi-
de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de
cações que forem preciso durante a execução contratual. Além
até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do con-
disso, a lei fixa percentuais por meio dos quais a Administração
trato.
pode promover alterações no objeto do contrato, restando o
De acordo com a Carta Magna, toda programação de longo
contratado obrigado a acatar as modificações realizadas, desde
prazo do Governo tem o dever de estar contida do plano plu-
que dentro dos percentuais fixados pela legislação.
rianual. Desta maneira, estando o contrato contemplado nessa
programação a longo prazo – PPA –, sua duração será estendida
Revisão
enquanto existir a previsão nessa lei específica.
A princípio, denota-se que as causas que justificam a inexe-
Em relação aos serviços contínuos na Administração Públi-
cução contratual possuem o condão de gerar apenas a interrup-
ca, denota-se que são aqueles que exigem uma permanência do
ção momentânea da execução contratual, bem como a total im-
serviço. Sendo uma espécie de serviço que é mais coerente man-
possibilidade de sua conclusão com a consequente rescisão. Em
ter por um período maior ao invés de ficar renovando e trocan-
tais situações, pelo ato de as situações não decorrem de culpa
do todos os anos. Por isso, em razão da Lei n. 12.349/2010, foi
do contratado, este poderá vir a paralisar a execução de for-
acrescentado mais um dispositivo que determina que o contrato
ma que não seja considerado descumpridor. Assegurado pela
pode ter duração superior a um ano, que é a regra geral
CFB/1988, em seu art. 37, XXI, o equilíbrio econômico-financei-
ro da relação contratual consiste na manutenção das condições
Alteração de pagamento estabelecidas quando do início do contrato, de
Em consonância com o art. 65 da Lei 8.666/1993, Lei de Lici-
forma que a relação se mantenha estável entre as obrigações do
tações, a Administração Pública possui o poder de fazer altera-
contratado e haja correta e justa retribuição da Administração
ções durante a execução de seus contratos de maneira unilate-
pelo fornecimento do bem, execução de obra ou prestação de
ral, independentemente da vontade do ente contratado.
serviço.
Infere-se aqui, que o contrato administrativo possui o con-
Havendo qualquer razão que cause a alteração do contrato
dão de ser alterado unilateralmente ou por meio de acordo.
sem que o contratado tenha culpa, tal razão terá que ser restabe-
Além disso, ressalte-se que as alterações unilaterais podem ser
lecida. Registra-se que essa garantia é de cunho constitucional.
de ordem qualitativa ou quantitativa. Vejamos o dispositivo le-
Nesse sentido, caso o contrato seja atingido por acontecimen-
gal acerca do assunto:
tos posteriores à sua celebração, vindo a onerar o contratado, o
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
equilíbrio econômico-financeiro inicial deverá, nos termos legais
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
que lhe assiste, ser restabelecido por intermédio da recomposi-
I - unilateralmente pela Administração:

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50
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas
ção contratual. Desta maneira, a inexecução sem culpa do con- urbanas, que poderá ser firmado por tempo certo ou indetermi-
tratado virá a acarretar a revisão contratual, caso tenha havido
nado (Decreto-lei 271/1967, art. 7º, com redação dada pela Lei
alteração do equilíbrio econômico-financeiro
11.481/2007).
Afirma-se que a princípio, as partes devem se prestar ao fiel
Prorrogação cumprimento dos prazos previstos nos contratos. Entretanto,
Via regra geral, os contratos administrativos regidos pela
existem situações nas quais não é possível o cumprimento da
Lei 8.666/1993 possuem duração determinada e vinculada à vi-
avença no prazo originalmente previsto. Ocorrendo isso, a lei
gência dos respectivos créditos orçamentários. No entanto, há
admite a prorrogação dos prazos contratuais, desde que tal fato
exceções a essa regra nas seguintes situações:
seja justificado e autorizado de forma antecedente pela autori-
a) Quando o contrato se referir à execução dos projetos
dade competente para celebrar o contrato, o que é aceito pela
cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas
norma nos casos em que houver (art. 57, § 1º):
no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver
A) alteração do projeto ou especificações, pela Administra-
interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto
ção;
no ato convocatório (art. 57, I);
B) superveniência de fato excepcional ou imprevisível, es-
b) Quando o contrato for relativo à prestação de serviços
tranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as
a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua
condições de execução do contrato;
duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos visando à
obtenção de preços e condições mais vantajosas para a adminis- C) interrupção da execução do contrato ou diminuição do
tração, limitada a 60 meses (art. 57, II); ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
c) No caso do aluguel de equipamentos e da utilização de aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato,
programas de informática, podendo a duração estender-se pelo nos limites permitidos por essa Lei;
prazo de até 48 meses após o início da vigência do contrato (art. D) impedimento de execução do contrato por fato ou ato
57, IV); de terceiro reconhecido pela Administração em documento con-
d) Nos contratos celebrados com dispensa de licitação pelos temporâneo à sua ocorrência; omissão ou atraso de providên-
seguintes motivos: cias a cargo da Administração, inclusive quanto aos pagamentos
I) possibilidade de comprometimento da segurança nacio- previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retarda-
nal; mento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais
II) para as compras de material de uso das forças armadas, aplicáveis aos responsáveis.
exceto materiais de uso pessoal e administrativo, quando hou-
ver necessidade de manter a padronização requerida pela estru-
tura de apoio logístico naval, aéreo e terrestre; Renovação
III) para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou Cuida-se a renovação do contrato da inovação no todo ou
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta com- em parte do ajuste, desse que mantido seu objeto inicial. A fina-
plexidade tecnológica e defesa nacional; lidade da renovação contratual é a manutenção da continuidade
IV) para contratação de empresas relacionadas à pesquisa do serviço público, tendo em vista a admissão da recontratação
e desenvolvimento tecnológico, conforme previsto nos arts. 3º, direta do atual contratado, isso, desde que as circunstâncias a
4º, 5º e 20 da Lei 10.973/2004. justifiquem e permitam seu enquadramento numa das hipóte-
Denota-se que esses contratos terão vigência por até 120 ses dispostas por lei de dispensa ou inexigibilidade de licitação,
meses, por interesse da Administração (art. 57, V, dispositivo como acontece por exemplo, quando o contrato original é extin-
incluído pela Lei 12.349, de 2010). to, vindo a faltar ínfima parte da obra, serviço ou fornecimento
É importante registrar que em se tratando de casos de para concluída, ou quando durante a execução, surge a neces-
contratos celebrados com dispensa de licitação por motivos de sidade de reparação ou ampliação não prevista, mas que pode
emergência ou calamidade pública, a duração do contrato deve- ser feita pelo pessoal e equipamentos que já se encontram em
rá se estender apenas pelo período necessário ao afastamento atividade.
da urgência, tendo prazo máximo de 180 dias, contados da ocor- Via regra geral, a renovação é realizada por meio de nova
rência da emergência ou calamidade, vedada a sua prorrogação licitação, com a devida observância de todas as formalidades le-
(art. 24, IV). gais. Ocorrendo isso, a lei impõe vedações ao estabelecimento
Embora a lei determine a proibição da prorrogação de con- no edital de cláusulas que venham a favorecer o atual contrata-
trato com fundamento na dispensa de licitação por emergência do em prejuízo dos demais concorrentes, com exceção das que
ou calamidade pública, ressalta-se que o TCU veio a consolidar prevejam sua indenização por equipamentos ou benfeitorias
entendimento de que pode haver exceções a essa regra em algu- que serão utilizados pelo futuro contratado.
mas hipóteses restritas, advindas de fato superveniente, e tam-
bém, desde que a duração do contrato se estenda por período Reajuste contratual
de tempo razoável e suficiente para enfrentar a situação emer- Reajuste contratual é uma das formas de reequilíbrio eco-
gencial (AC- 1941-39/07-P). nômico-financeiro dos contratos. É caracterizado por fazer parte
Em análise ao art. 57, § 3º, da Lei 8.666/1993, percebe-se de uma fórmula prevista no contrato que é utilizada para prote-
que este proíbe a existência de contrato administrativo com ger os contratados dos efeitos inflacionários.
prazo de vigência indeterminado. No entanto, tal regra não é Infere-se que a Lei 8.666/1993, no art. 55, III, prevê o rea-
aplicada ao contrato de concessão de direito real de uso de juste como cláusula estritamente necessária em todo contrato a
terrenos públicos para finalidades específicas de regularização que estabeleça o preço e as condições de pagamento, os crité-
fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edi-
ficação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várze-
as, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de

321
51
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
Por fim, ressalte-se que a inexecução total ou parcial do
rios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os contrato enseja à Administração Pública o poder de aplicar as
critérios de atualização monetária entre a data do adimplemen-
sanções de natureza administrativa dispostas no art. 87:
to das obrigações e a do efetivo pagamento.
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Admi-
nistração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contra-
Execução e inexecução tado as seguintes sanções:
Por determinação legal a execução do contrato será acom- I – advertência;
panhada e também fiscalizada por um representante advindo II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
da Administração designado, sendo permitida a contratação de no contrato;
terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações relativas a III – suspensão temporária de participação em licitação e
essa atribuição. impedimento de contratar com a Administração, por prazo não
Deverá ser anotado em registro próprio todas as ocorrên- superior a 2 (dois) anos;
cias pertinentes à execução do contrato, determinando o que IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
for preciso à regularização das faltas bem como dos defeitos a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos
observados. Ressalta-se, que tanto as decisões como as provi- determinantes da punição ou até que seja promovida a reabili-
dências que ultrapassarem a competência do representante de- tação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que
verão ser requeridas a seus superiores em tempo suficiente para será concedida sempre que o contratado ressarcir a Admi-
a adoção das medidas que se mostrarem pertinentes. nistração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da
Em relação ao contratado, deverá manter preposto, admi- sanção aplicada com base no inciso anterior.
tido pela Administração, no local da obra ou serviço, para re-
presentá-lo na execução contratual. O contratado possui como Cláusulas exorbitantes
obrigação o dever de reparar, corrigir, remover, reconstruir ou
De todas as características, essa é a mais importante. As
substituir, às suas custas, no total ou em parte, o objeto do con-
Cláusulas exorbitantes conferem uma série de poderes para a
trato no qual forem encontrados vícios, defeitos ou incorreções
Administração em detrimento do contratado. Mesmo que de
advindas da execução ou de materiais empregados.
forma implícita, se encontram presentes em todos os contratos
Além do exposto a respeito do contratado, este também é
administrativos.
responsável pelos danos causados diretamente à Administração
São também chamadas de cláusulas leoninas, porque só dão
ou a terceiros, advindos de sua culpa ou dolo na execução con-
esses poderes para a Administração Pública, consideradas como
tratual, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fis-
exorbitantes porque saem fora dos padrões de normalidade,
calização ou o acompanhamento por meio do órgão interessado.
vindo a conferir poderes apenas a uma das partes.
O contratado também se encontra responsável pelos encargos
O contratado não pode se valer das cláusulas exorbitantes
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
ou leoninas em contrato de direito privado, tendo em vista a ile-
execução do contrato.
galidade de tal ato, posto que é ilegal nesses tipos de contratos,
além disso, as partes envolvidas devem ter os mesmos direitos
Em se tratando da inexecução do contrato, percebe-se que
e obrigações. Havendo qualquer tipo de cláusula em contrato
a mesma está prevista no art. 77 da Lei de licitações 8.666/93.
privado que atribua direito somente a uma das partes, esta cláu-
Vejamos:
sula será ilegal e leonina.
Art. 77 - A inexecução total ou parcial do contrato enseja a
São exemplos de cláusulas exorbitantes: a viabilidade de al-
sua rescisão com as consequências contratuais e as previstas em
teração unilateral do contrato por intermédio da Administração,
lei ou regulamento.
sua rescisão unilateral, a fiscalização do contrato, a possibilida-
de de aplicação de penalidades por inexecução e a ocupação, na
Observação importante: Cumpre Ressaltar que a Adminis-
hipótese de rescisão contratual.
tração Pública responde solidariamente com o contratado pelos
encargos previdenciários resultantes da execução do contrato
Anulação
Apenas a Administração Pública detém o poder de executar
Pondera-se que a inexecução pode ocorrer de forma parcial
a anulação unilateral. Isso significa que caso o contratado ou ou-
ou total, posto que ocorrendo a inexecução parcial de uma das
tro interessado desejem fazer a anulação contratual, terão que
partes, não é observado um prazo disposto em cláusula especí-
recorrer às esferas judiciais para conseguir a anulação. A anula-
fica em havendo a inexecução total, se o contratado não veio a
ção do contrato é advinda de ilegalidade constatada na sua exe-
executar o objeto do contrato. Infere-se que qualquer dessas
cução ou, ainda, na fase de licitação, posto que os vícios gerados
situações são passíveis de propiciar responsabilidade para o
no procedimento licitatório causam a anulação do contrato.
inadimplente, resultando em sanções contratuais e legais pro-
Nos parâmetros do art. 59 da Lei de Licitações, é demons-
porcionais à falta cometida pela parte inadimplente, vindo tais
trado que a nulidade não possui o condão de exonerar a Admi-
sanções a variar desde as multas, a revisão ou a rescisão do con-
nistração do dever de indenização ao contratado pelo que este
trato.
houver feito até a data em que ela for declarada e por outros
Registre-se que a inexecução do contrato pode ser o resul-
prejuízos causados comprovados, desde que não lhe seja impu-
tado de um ato ou omissão da parte contratada, tendo tal parte
tável, vindo a promover a responsabilização de quem deu moti-
agido com negligência, imprudência e imperícia. Podem tam-
vo ao ocorrido. Assim sendo, caso ocorra anulação, o contratado
bém ter acontecido causas justificadoras por meio das quais o
deverá auferir ganhos pelo que já executou, pois, caso contrário,
contratante tenha dado causa ao descumprimento das cláusulas
seria considerado enriquecimento ilícito da Administração Pú-
contratuais, vindo a agir sem culpa, podendo se desvencilhar de
blica. Porém, caso seja o contratado que tenha dado causa à
qualquer responsabilidade assumida, tendo em vista que o com-
nulidade, infere-se que este não terá esse mesmo direito.
portamento ocorreu de forma alheia à vontade da parte.

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52
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
1) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e
local em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
Observação importante: A anulação possui efeito ex tunc,
2) ocupação e utilização provisória do local, instalações,
ou seja, retroativo (voltado para o sentido passado), posto que a equipamentos, material e pessoal empregados na execução do
lei dispõe que ela acaba por desconstituir os efeitos produzidos contrato, necessários à sua continuidade, que deverá ser prece-
e impede que se produzam novos efeitos.
dida de autorização expressa do Ministro de Estado competen-
te, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso (art.
Revogação
80, § 3º);
A questão da possibilidade de desfazimento do processo
3) execução da garantia contratual, para ressarcimento da
de licitação e do contrato administrativo por meio da própria
Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela de-
Administração Pública é matéria que não engloba discussões
vidos;
doutrinárias e jurisprudenciais. Inclusive, o controle interno dos
4) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limi-
atos administrativos se encontra baseado no princípio da auto-
te dos prejuízos causados à Administração.
tutela, que se trata do poder - dever da Administração Pública
Em síntese, temos:
de revogar e anular seus próprios atos, desde que haja justifica-
ção pertinente, com vistas a preservar o interesse público, bem EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
como sejam respeitados o devido processo legal e os direitos ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
e interesses legítimos dos destinatários, conforme determina a
Súmula 473 do STF. Vejamos: I –Pelo cumprimento do objeto;
I – Pela anulação;
Súmula 473 do STF - A administração pode anular seus pró- II – Pelo advento do termo final do
II – Pela rescisão.
contrato.
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, por-
que deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri- Equilíbrio Econômico-financeiro
dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Em alusão ao tratamento do equilíbrio econômico - contra-
Conforme determinação do art. 49 da Lei Federal 8.666/93, tual, a Constituição Federal de 1.988 em seu art. 37, inciso XXI
assim preceitua quanto ao desfazimento dos processos licitató- dispõe o seguinte:
rios: Art. 37: A administração pública direta e indireta, de qual- quer
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do pro- dos poderes da União, dos Estados e dos Municípios obede- cerá aos
cedimento somente poderá revogar a licitação por razões de in- princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
teresse público decorrente de fato superveniente devidamente eficiência e também, ao seguinte:
comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as
devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de obras, serviços, compras e alienações serão contratados me-
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamen- diante processo de licitação pública que assegure igualdade de
tado. condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabe-
Para efeitos de rescisão unilateral do contrato administrati- leçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efeti- vas
vo, por motivos de interesse público, a discricionariedade admi- da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
nistrativa exige que a questão do interesse público deve ser jus- exigências de qualificação técnica e econômica, indispensáveis à
tificada em fatos de grande relevância, o que torna insuficiente garantia do cumprimento das obrigações.
a simples alegação do interesse público, se restarem ausentes a Denota-se que os mencionados dispositivos determinam
comprovação das lesões advindas da manutenção do contrato e que as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, não
das circunstâncias extraordinárias, bem como dos danos irrepa- tendo como argumentar de maneira contrária no que diz respei-
ráveis ou de difícil reparação. to à legalidade da modificação do valor contratual original, com
o objetivo de equilibrar o que foi devidamente avençado e pac-
Extinção e Consequências tuado no momento da assinatura, bem como ao que foi disposto
A extinção do contrato administrativo diz respeito ao tér- a pagar a contratante ao contratado.
mino da obrigação vinculada existente entre a Administração e Isso não quer dizer que toda alteração deveria ser feita para
o contratado, podendo ocorrer de duas maneiras, sendo elas: adicionar valor ao contrato original, tendo em vista que também
A) de maneira ordinária, pelo cumprimento do objeto (ex.: pode ser para diminuir, isso, desde que se comprove por vias
na finalização da construção de instituição pública) ou pelo adequadas que o valor do serviço ou produto contratado se en-
acontecimento do termo final já previsto no contrato (ex.: a data contra acima do valor proposto inicialmente, ocasionado por de-
final de um contrato de fornecimento de forma contínua); flação ou queda de valores nos insumos, produtos ou serviços,
B) de maneira extraordinária, pela anulação ou pela rescisão ou até mesmo em decorrência de uma desvalorização cambial.
contratual. Além disso, o Poder Público não tem a obrigação de pagar além
Em relação à extinção ordinária, denota-se que esta não do que se propôs, nem valor menor ao acordado inicialmente,
comporta maiores detalhamentos, sendo que as partes, ao devendo sempre haver equilíbrio em relação aos pactos contra-
cumprir suas obrigações, a consequência natural a ocorrer é a tuais.
extinção do vínculo obrigacional, sem maiores necessidades de Os artigos 57, 58 3 65 da Lei 8666/93, aliados aos artigos 9
manifestação por via administrativa ou judicial. 1e 10 da Lei Federal nº 8987/95, conforme descrição, se comple-
Já a extinção extraordinária do contrato por meio da anula- tam em relação a esse tema e, se referindo ao princípio da lega-
ção, considera-se que a lei prevê consequências diferentes para lidade, existe a necessidade de se apreciar os contratos sujeitos
o caso de haver ou não haver culpa do contratado no fato que aos entes públicos. Vejamos:
deu causa à rescisão contratual. Existindo culpa do contratado
pela rescisão do contrato, as consequências são as seguintes
(art. 80, I a IV):

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53
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
co se negue a equilibrar um contrato que esteja resultando em
Art. 57: A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
prejuízos ao contratado, desde que o fato do prejuízo se encaixe
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exce- to
em uma das hipóteses dispostas no art. 57, Lei no. 8666/93. Pro-
quanto aos relativos: posta que não pode ser executada, não é passível de equilíbrio.
§ 1º. Os prazos de início de etapas de execução, de con- clusão Ante o exposto, acrescenta-se ainda que a Lei 8666/93 des-
e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas
taca o equilíbrio no art. 65, I e II. Vejamos:
do contrato e assegurada a manutenção de seu equilí- brio
Art. 65: Os contratos regidos por esta Lei poderão ser altera-
econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguin- tes
dos, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
motivos, devidamente autuados em processo:
I - unilateralmente pela Administração:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administra- a) quando houver modificação do projeto ou das especifica-
ção;
ções, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, es-
b) quando necessária a modificação do valor contratual em
tranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu ob-
condições de execução do contrato;
jeto, nos limites permitidos por esta Lei;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do
II - por acordo das partes:
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;
a) quando conveniente a substituição da garantia de exe-
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no con- cução;
trato, nos limites permitidos por esta Lei; b) quando necessária a modificação do regime de execução
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
terceiro reconhecido pela Administração em documento contem- de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos con- tratuais
porâneo à sua ocorrência;
originários;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Adminis-
c) quando necessária a modificação da forma de pagamen-
tração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resul- to, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o
te, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com
contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos respon- relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspon- dente
sáveis. contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou
Como se observa, existe previsão explicita na Lei no. serviço;
8666/93, art. 57, § 1º., I, II, III, IV, V, VI, de que o contrato deve d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram ini-
ser equilibrado sempre que houver uma das condições dos in-
cialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da
cisos I a VI, de forma que o legislador previu quais as hipóteses Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou for-
que se encaixam para o equilíbrio. Entretanto, não apresenta
necimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-
de forma clara, cabendo ao administrador agir com legalidade e
-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
bom senso nos casos concretos específicos. No entanto, a aludi-
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculá- veis,
da previsão não se restringe somente ao art. 57, § 1º, incisos I,
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em
II, III, IV, V e VI da Lei no. 8666/93, tendo previsão ainda no art.
caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando
58 do mesmo diploma legal. Vejamos:
álea econômica extraordinária e extracontratual.
Art. 58: O regime jurídico dos contratos administrativos ins-
Verifica-se que o art. 65 determina que, de início, deve ha-
tituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a
ver o restabelecimento do que foi pactuado no contrato avença-
prerrogativa de:
do, devendo ser dotados de equilíbrio os encargos, bem como a
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às
retribuição da administração para que haja justa remuneração,
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do con- sendo mantidas as condições originais do termo contratual. Em
tratado; se tratando, especificamente da concessão de serviço público,
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no a Lei 8.987/95 dispõe no art. 9º a revisão de tarifa como uma
inciso I do art. 79 desta Lei; forma de equilíbrio financeiro. Vejamos:
III – fiscalizar-lhes a execução; Art. 9º: A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou par-
preço da proposta vencedora da licitação e preservada pe- las
cial do ajuste;
regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato.
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente
§ 2º. Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das ta-
bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do
rifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro. § 3º.
contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração ad-
Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou
ministrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na
extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apre-
hipótese de rescisão do contrato Administrativo.
sentação da proposta, quando comprovado seu impacto, impli-
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos cara a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o
contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia caso. § 4º. Em havendo alteração unilateral do contrato que afete
concordância do contratado. o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder con- cedente
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas eco- deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração. Art. 10º.
nômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se Sempre que forem atendidas as condições do con- trato, considera-
mantenha o equilíbrio contratual. se mantido seu equilíbrio econômico-financeiro.
Assim, o legislador ao repetir no art. 58 da Lei 8666/93 o di-
Atentos às fundamentações legais, observamos que parte
reito ao equilíbrio contratual, fica bastante clara a preocupação
na inicial da Constituição Federal, verifica-se que na Administra-
em manter a igualdade entre as partes. Note que o parágrafo 2º
ção Pública é possível haver o equilíbrio econômico-financeiro,
prevê respeito ao direito do contratado, uma vez que é admitido
entretanto, há diversas dúvidas a respeito da utilização do ajus-
que a administração, desde que seja motivos de interesse públi-

324
54
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
te contratual, principalmente pela ausência de conhecimento da
legislação, o que acaba por causar problemas de ordem econô- EXERCÍCIOS
mica, tanto em relação ao contratado quanto ao contratante.
Registre-se, por fim, que o pacto contratual deve ser mantido 1. Nos moldes da Lei Federal n° 10.826/2003, a comercia-
durante o período completo de execução, e o equilíbrio finan- lização de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas
ceiro acaba por se tornar a ferramenta mais adequada para pro- físicas somente será efetivada mediante autorização
porcionar essa condição. (A) do Sinarm.
(B) da Polícia Militar.
Convênios e terceirização (C) da Polícia Federal.
Os convênios podem ser definidos como os ajustes entre o (D) do Exército.
Poder Público e entidades públicas ou privadas, nos quais este- (E) da Guarda Municipal.
jam estabelecidos a previsão de colaboração mútua, com o fito
de realização de objetivos de interesse comum. 2. Considere que Flora é ocupante de cargo de Guarda Mu-
Não obstante, o convênio possua em comum com o contrato nicipal Feminino de um Município com 90 mil habitantes, que
o fato de ser um acordo de vontades, com este não se confunde. não integra nenhuma região metropolitana. Nessa situação hi-
Denota-se que pelo convênio, os interesses dos signatários são potética, a Lei Federal n° 10.826/2003 estabelece, expressamen-
comuns, ao passo que nos contratos, os interesses são opostos te, que Flora
e contraditórios. (A) não tem direito a usar arma de fogo em serviço.
Em decorrência de tal diferença de interesses, é que se alu- (B) tem direito a usar arma de fogo em serviço e fora dele.
de que nos contratos existem partes e nos convênios existem (C) não pode usar arma de fogo por ocupar cargo de Guarda
partícipes. Feminino.
De acordo com o art. 116 da Lei 8.666/1993, a celebração de (D) tem direito a usar arma de fogo em serviço.
convênio, acordo ou ajuste por meio dos órgãos ou entidades da (E) deve usar a sua arma de fogo particular quando em ser-
Administração Pública depende de antecedente aprovação de viço.
competente plano de trabalho a ser proposto pela organização
interessada, que deverá conter as seguintes informações: 3. Considerando o entendimento sumulado e a jurisprudên-
A) identificação do objeto a ser executado; cia do STJ acerca da interpretação da Lei n.º 10.826/2003, que
B) metas a serem atingidas; dispõe sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de
C) etapas ou fases de execução; fogo e munição, assinale a opção correta.
D) plano de aplicação dos recursos financeiros; (A) Para a configuração do tráfico internacional de arma de
E) cronograma de desembolso; fogo, acessório ou munição, não basta apenas a procedên-
F) previsão de início e fim da execução do objeto e, bem cia estrangeira do artefato, sendo necessária a comprova-
assim, da conclusão das etapas ou fases programadas; ção da internacionalidade da ação.
(B) Em razão do princípio da mínima lesividade, aquele que
Em relação à terceirização na esfera da Administração Pú- detém o porte legal não responderá pelo crime de importar
blica, depreende-se que é exigida do administrador muito cui- arma de fogo sem autorização da autoridade competente.
dado, posto que, embora haja contrariamento ao art. 71 da Lei (C) O delito de comércio ilegal de arma de fogo, acessório
8.666/93, a dívida trabalhista das empresas terceirizadas aca- ou munição foi abrangido pela abolitio criminis temporária
bam por recair sobre o órgão tomador dos serviços, que é o prevista na referida lei.
que chamamos de responsabilidade subsidiária. Assim sendo, o (D) A inaptidão de arma de fogo para efetuar disparos, ain-
administrador público deverá exigir garantias, bem como pas- da que comprovada por laudo pericial, não é excludente de
sar a acompanhar o cumprimento das obrigações trabalhistas tipicidade.
advindos da empresa prestadora de serviços, com fito especial (E) O princípio da consunção aplica-se no caso de haver
quando do encerramento do contrato. apreensão de armas de fogo e munições de uso permitido e
Registre-se que a responsabilidade subsidiária pela tomado- restrito em um mesmo contexto fático.
ra dos serviços é o que entende a Justiça do trabalho, com base
no Enunciado nº 331, item IV editado pelo Tribunal Superior do 4. Conforme dispõe a Lei n° 10.826, de 2003, a posse irregu-
Trabalho – TST, que aduz: lar de arma de fogo de uso permitido (possuir ou manter sob sua
“O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do toma- em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no in-
dor dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto terior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
aos órgãos da administração direta, das autarquias, das funda- local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável le-
ções públicas, das empresas públicas e das sociedades de eco- gal do estabelecimento ou empresa) constitui crime sancionável
nomia mista, desde que haja participado da relação processual e com a seguinte pena:
constem também do título executivo judicial.” (A) detenção, de 1 a 2 anos, e multa.
Com fulcro no Enunciado retro citado, denota-se que incon- (B) reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
táveis são as decisões condenatórias à Administração Pública, (C) detenção, de 1 a 3 anos, e multa.
em relação ao pagamento de obrigações trabalhistas que cabem (D) reclusão, de 2 a 4 anos, e multa.
de forma original à empresa prestadora de serviços, onerando o (E) reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.
erário, vindo a contrariar o que se espera da Terceirização que é
a redução de custos à Administração Pública.

325
55
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
10. Segundo o que dispõe a legislação nacional acerca dos
5. De acordo com o Estatuto do Desarmamento (Lei n° crimes hediondos (Lei n° 8.072/1990),
10.826, de 2003), compete ao Sistema Nacional de Armas – Si- (A) o feminicídio não consta do rol dos crimes hediondos.
narm: (B) o crime de favorecimento da prostituição ou de outra
1. cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
conceder licença para exercer a atividade. vulnerável é hediondo.
2. identificar as características e a propriedade de armas de (C) o crime de corrupção é definido como hediondo de acor-
fogo, mediante cadastro. do com o ordenamento jurídico.
3. cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as (D) o delito de exposição a perigo embarcação ou aerona-
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais. ve, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a
4. cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e ven- impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea é
didas no País e no exterior. hediondo, conforme o Código Penal.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. (E) o crime de lesão corporal dolosa, em nenhuma de suas
(A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
modalidades, é, para efeito da lei brasileira, hediondo.
(B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. 11. Marque a alternativa incorreta:
(D) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. (A) A extinção da punibilidade do crime principal não se es-
(E) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. tende ao crime acessório.
(B) São efeitos automáticos da condenação tornar certa a obri-
6. Geromel é Delegado da Polícia Civil do Estado JJ e recebe gação de indenizar o dano causado pelo crime, e a incapacidade
da polícia repressiva dois indivíduos acusados por crime consi- para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos
derado hediondo, os quais recolhe para as instalações carcerá- crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra ou-
rias. Posteriormente, recebe requerimento de advogado consti- trem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho,
tuído para relaxar a prisão dos acusados. Nos termos da Lei nº filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado.
8.072/90, não é possível arbitrar para os crimes nela tipificados: (C) Nos termos da Lei n° 7.716/1989, que define os crimes
(A) caução
resultantes de preconceito de raça ou de cor, constitui efei-
(B) seguro
to da condenação a perda do cargo ou função pública, para
(C) fiança
o servidor público, e a suspensão do funcionamento do es-
(D) garantia
tabelecimento particular por prazo não superior a 3 (três)
meses; no entanto, tais efeitos não são automáticos, deven-
7. Daniel é Delegado da Polícia Civil e encabeça investigação
do ser motivadamente declarados na sentença.
sobre múltiplos assassinatos ocorridos na periferia do município
(D) É admissível a adoção do regime prisional semiaberto
HO. Como fruto dessas investigações, descobre que o autor de
aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4
três crimes é VR, alcunha “Caolho”, pertencente a grupo de ex-
(quatro) anos, se favoráveis as circunstâncias judicias.
termínio que atua em alguns bairros do município. Nos termos
da Lei nº 8.072/90, pode ser afirmado que: 12. Considere:
(A) os homicídios praticados são caracterizados como cri- I. Jadson, empregado de determinada empresa privada, por
mes hediondos motivo de discriminação de raça, teve impedida sua ascensão
(B) os homicídios praticados pela ausência de qualificação funcional por seu chefe Flávio.
não são hediondos II. Alisson exigiu, em anúncio de recrutamento de trabalha-
(C) os homicídios praticados não são hediondos, pois prati- dores, aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para em-
cados por um agente prego cujas atividades não justifiquem essas exigências.
(D) os homicídios praticados são hediondos por serem prati- De acordo com a Lei Federal nº 7.716/1989, que define os
cados em comunidades pobres crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, Flávio
(A) ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
8. Camila é investigadora da Polícia Civil, sendo ferida gra-
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade
vemente em confronto com grupo de pessoas portando armas
racial, enquanto que Alisson incorrerá na pena de reclusão.
de grosso calibre. Nos termos da Lei nº 8.072/90, é considerado
(B) incorrerá na pena de reclusão, enquanto que Alisson fi-
crime hediondo o praticado dolosamente contra agente de se-
cará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à
gurança que resulte em:
comunidade, incluindo atividades de promoção da igualda-
(A) lesão corporal de natureza leve
de racial.
(B) lesão corporal de natureza média
(C) incorrerá na pena de detenção, enquanto que Alisson
(C) lesão corporal de natureza gravíssima
ficará sujeito às penas de multa ou de prestação de serviços
(D) lesão corporal de natureza grave
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igual-
dade racial.
9. Conforme a Lei n.º 8.072/1990, é considerado hediondo
(D) incorrerá na pena de reclusão, enquanto que Alisson
o crime de
ficará sujeito à pena de detenção, não se sujeitando à pres-
(A) favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex-
tação de serviços à comunidade.
ploração sexual de mulheres.
(E) e Alisson incorrerão na pena de reclusão, ficando, ainda,
(B) infanticídio.
sujeitos às penas de multa ou de prestação de serviços à co-
(C) extorsão qualificada por qualquer resultado.
munidade, incluindo atividades de promoção da igualdade
(D) lavagem de dinheiro.
racial.
(E) epidemia com resultado morte.

326
56
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
(C) constranger alguém com emprego de violência ou grave
13. O sujeito que dispõe em seu estabelecimento comercial ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:com o
regra, recusando ou impedindo acesso ao estabelecimento, ne-
fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima
gando-se a servir, atender ou receber clientes ou compradores
ou de terceira pessoa;
em razão de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
(D) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
cometerá o delito
prestar fiança, permitida em lei;
(A) de calúnia.
(E) constranger alguém com emprego de violência ou grave
(B) contra a relação de consumo.
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: em ra-
(C) de racismo. zão de discriminação racial ou religiosa.
(D) de injúria preconceituosa.
(E) de homofobia.
18. Analise as alternativas abaixo, e marque a CORRETA.
(A) Aquele que foi vítima do abuso de autoridade poderá re-
14. Segundo a Lei nº 7.716/1989, é crime resultante de dis- presentar a suposta autoridade culpada, dirigindo petição a
criminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce- qualquer órgão do Ministério Público, independentemente,
dência nacional, impedir da competência daquela Instituição para iniciar o processo
(A) a ascensão funcional de servidores públicos estatutários, junto à autoridade culpada.
excluindo-se os prestadores de serviço em regime celetista.
(B) O direito de representação será exercido por meio de
(B) a ascensão funcional do empregado ou obstar outra for- petição, dirigida à autoridade superior que tiver competên-
ma de benefício profissional, excluídos os cargos da admi- cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada,
nistração pública indireta. a respectiva sanção administrativa ou penal, tão somente.
(C) o acesso de pessoa habilitada, a qualquer cargo da ad-
(C) Estão sujeitos à prática de crime de abuso de autorida-
ministração pública, bem como das concessionárias de ser- de toda autoridade pública, que exerça cargo, emprego ou
viços públicos.
função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que tran-
(D) o acesso de pessoa devidamente habilitada a cargo da sitoriamente e com ou sem remuneração.
administração direta, o que não se aplica aos entes privados
(D) Não pode constituir abuso de autoridade qualquer aten-
em regime de concessão de serviços públicos.
tado praticado à liberdade de locomoção, por parte da au-
toridade apontada durante licença ou férias remuneradas.
15. A Lei Federal n° 7.716/1989, define os crimes resultan- (E) Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
tes do preconceito de raça ou de cor no território nacional. No policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser
conjunto dos crimes tipificados um deles diz respeito às intera- cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o
ções de indivíduos negros ou pretos, homens e mulheres, com a acusado exercer funções de natureza policial ou militar no
educação escolar e quando houver município da culpa, por prazo de cinco a dez anos.
(A). processos recorrentes de reprovação e retenção de alu-
no em cursos sequenciais e presenciais de educação escolar 19. Leia as afirmativas a seguir:
– básica ou superior.
I. É vedado ao servidor público prejudicar deliberadamente
(B) o impedimento ou recusa da matrícula de aluno em esta- a reputação de outros servidores ou de cidadãos que deles de-
belecimentos oficiais de educação básica. pendam.
(C) a recusa, a negação ou tolhimento da inscrição de aluno em II. Constitui abuso de autoridade levar à prisão e nela deter
estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.
quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei.
(D) a recusa do estabelecimento público ou privado de en- Marque a alternativa CORRETA:
sino em disponibilizar documento comprobatório do rendi-
(A) As duas afirmativas são verdadeiras.
mento escolar e de percentuais de frequência do aluno.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(E) a denegação de certificado de conclusão ou diploma de
(C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
níveis ou etapas de educação básica ou superior em estabe-
(D) As duas afirmativas são falsas.
lecimentos públicos de ensino.
20. Leia as afirmativas a seguir:
16. O funcionário público que submeter pessoa sob sua
I. O atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao
guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autori-
exercício do voto, ao direito de reunião e à incolumidade física
zado em lei responderá criminalmente por
do indivíduo são legais e permitidos quando realizados por um
(A) constrangimento ilegal. funcionário público concursado.
(B)exposição a perigo.
II. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado aos di-
(C) maus-tratos.
reitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
(D) calúnia.
(E) abuso de autoridade.
Marque a alternativa CORRETA:
(A) As duas afirmativas são verdadeiras.
17. Constitui-se abuso de autoridade:
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.
(A) constranger alguém com emprego de violência ou grave (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental para pro-
(D) . As duas afirmativas são falsas.
vocar ação ou omissão de natureza criminosa;
(B) submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autorida-
21. A respeito da Lei no 9.455/1997 (Lei da Tortura), assina-
de, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
le a alternativa correta.
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida;

327
57
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
(A) A pena prevista para o crime de tortura consistente em
(A) A consumação se dá com o emprego de meios violentos, submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
ocasionando sofrimento físico ou mental, englobando, in-
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso so-
clusive, o mero aborrecimento, o qual é apto a configurar o
frimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
crime de tortura. pessoal ou medida de caráter preventivo, é de reclusão de
(B) A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou dois a cinco anos.
autoridade entre o sujeito ativo e o passivo.
(B) A pena prevista para aquele que se omite em face de
(C) A diferenciação entre a tortura e os maus-tratos é o ele-
condutas que caracterizam crimes de tortura, quando tinha
mento subjetivo. No crime de maus-tratos, não há o animus
o dever de evitá-las ou apurá-las, é de um a três anos.
corrigendi, disciplinandi, já no crime de tortura, o agente
(C) O agente público que pratica uma das condutas que ca-
tem esse ânimo, além de agir com ódio, com vontade de ver
racterizam crimes de tortura terá a pena aumentada em
um sofrimento desnecessário, com sadismo.
dois terços.
(D) O objeto jurídico tutelado pela norma penal no crime
(D) O agente público condenado por crime de tortura perde-
de tortura é apenas a integridade corporal e a saúde física.
rá o cargo, função ou emprego público e sofrerá interdição
E O dolo específico não constitui elementar fundamental
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
para a configuração das modalidades do crime de tortura
(E) O crime de tortura é insuscetível de fiança ou graça, mas
previstas no art. 1o da Lei no 9.455/1997.
é suscetível de anistia.
22. Analise as afirmativas abaixo com fundamento na Lei n°
25. Aquele que constranger alguém com emprego de violên-
9.455, de 7 de abril de 1977, que define os crimes de tortura e
cia ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental,
dá outras providências.
com o fim de obter informação, declaração ou confissão da víti-
1. Aumenta-se a pena do crime de tortura de um sexto até ma ou de terceira pessoa, pratica crime de:
um terço se o crime é cometido mediante sequestro.
(A) homicídio.
2. A pena para o crime de tortura, quando resulta morte, é
(B) omissão de socorro.
de reclusão de oito a doze anos.
(C) maus-tratos.
3. O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
(D) tortura.
ou anistia.
(E) constrangimento ilegal.
4. O condenado por crime de tortura, quando resulta lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima, iniciará o cumprimen-
26. O Estatuto da Criança e do Adolescente, sob a Lei nº
to da pena em regime fechado.
8.069, de 13 de julho de 1990 é o principal instrumento normati-
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas cor-
vo do Brasil, o qual determina os direitos e garantias fundamen-
retas.
tais a crianças e adolescentes. Assegurados nessa lei, analise as
(A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
assertivas e assinale a alternativa correta.
(B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
I. A garantia de prioridade compreende entre outros aspec-
(C)São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
tos a preferência de receber proteção e socorro em quaisquer
(D)São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
circunstâncias.
(E)São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
II. Compete ao poder público proporcionar assistência psi-
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclu-
23. Acerca do crime de tortura, previsto na Lei 9455/97, é
sive como forma de prevenir ou minorar as consequências do
INCORRETO afirmar que
estado puerperal.
(A) configura tortura constranger alguém com emprego de
III. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crian-
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ças acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30
ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou
(trinta) dias, contado a partir do dia do acolhimento.
confissão da vítima ou de terceira pessoa.
IV. Terão prioridade de tramitação os processos de adoção
(B) configura tortura constranger alguém com emprego de
em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou com doença crônica.
ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza cri-
(A) Apenas I e II estão corretas.
minosa.
(B) Apenas I, II e III estão corretas.
(C) configura tortura constranger alguém com emprego de
(C) Apenas III e IV estão corretas
violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
(D) Todas as alternativas estão corretas.
ou mental, em razão de discriminação racial ou religiosa.
(D) na mesma pena do crime de tortura incorre quem sub-
27. Com base na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, conhe-
mete pessoa presa ou sujeita a(à) medida de segurança a
cida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), analise as
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de
seguintes afirmativas.
ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
I. A efetivação de direitos da criança e do adolescente refe-
(E) na mesma pena incorre quem se omite em face das con-
rentes à vida, à saúde, à alimentação, ao esporte, entre outros,
dutas descritas como tortura, quando tinha o dever de evi-
devem ser assegurados pela família, comunidade, sociedade em
tá-las ou apurá-las.
geral e pelo poder público.
II. Diante do interesse de uma gestante ou mãe desejar
24. A respeito dos Crimes de Tortura, regulados pela Lei nº
entregar seus filhos para a adoção, essas mulheres devem ser
9.455/1997, assinale a alternativa correta.
encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude, sem cons-
trangimento.

328
58
Direito Administrativo

NOÇÕES DE DIREITO
(B) Apenas I, III e IV estão corretas.
III. Acriança e o adolescente devem ter, assegurados pelo
(C) Apenas II, IV e V estão corretas.
Estado, o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
(D) Apenas II, III e IV estão corretas.
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, a pro-
(E)Todas estão corretas.
gressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino
Médio e atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. GABARITO
Estão corretas as afirmativas
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas. 01 A
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas. 02 D
03 A
28. O capítulo V, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
trata das questões ligadas ao direito à profissionalização e à prote- 04 C
ção no trabalho. Com base nesse capítulo, analise as seguintes afir- 05 A
mativas, em relação aos adolescentes empregados, aprendizes, em
regime familiar de trabalho e alunos de escolas técnicas assistidos 06 C
em entidade governamental ou não governamental. 07 A
I. É proibido o trabalho noturno, realizado entre as 22h de
um dia e as cinco horas do dia seguinte. 08 C
II. Esses adolescentes não podem ser expostos a trabalhos 09 E
perigosos, insalubres e / ou penosos.
III. Qualquer tipo de trabalho poderá ser realizado em horá- 10 B
rios e locais que coincidam com o horário de frequência à escola. 11 B
Estão corretas as afirmativas
(A) I e II, apenas. 12 B
(B) I e III, apenas. 13 C
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III. 14 C
15 C
29. O acompanhamento domiciliar é previsto expressamen-
te no Estatuto da Criança e do Adolescente 16 E
(A) para o atendimento das crianças na faixa etária da pri- 17 D
meira infância com suspeita ou confirmação de violência de
qualquer natureza, se necessário. 18 C
(B) nas hipóteses de desistência dos genitores da entrega 19 A
de criança após o nascimento, pelo prazo de 180 dias.
(C) para crianças e adolescentes reintegrados à sua família 20 C
natural ou extensa após a permanência em serviços de aco- 21 B
lhimento institucional.
(D) às gestantes que apresentem gravidez de alto risco à 22 C
saúde e ao desenvolvimento do nascituro.
23 E
(E) às crianças detectadas com sinais de risco para o desen-
volvimento biopsicossocial por meios dos protocolos padro- 24 D
nizados de avaliação.
25 D
30. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, 26 D
analise as assertivas e assinale a alternativa correta.
27 A
I. Para efeitos desta Lei, considera-se criança a pessoa até
12 anos de idade incompletos e adolescente aquela entre 12 e 28 A
18 anos de idade.
29 A
II. Tem garantia de prioridade a precedência de atendimen-
tos nos serviços públicos ou de relevância pública. 30 A
III. As gestantes ou mães que manifestarem interesse em
entregar seus filhos para adoção serão necessariamente enca-
minhadas ao Conselho Tutelar de sua cidade para dar início ao
processo.
IV. A garantia à convivência da criança e do adolescente com a
mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas, só
será possível mediante a autorização judicial previamente solicitada.
V. Será garantida a convivência integral da criança com a
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional.
(A) Apenas I, II e V estão corretas.

329
59
Conhecimentos
Específicos
Sumário
1. Administração ........................................................... 2
2. Ética no Serviçõ Público.......................................... 71
Conhecimentos Específicos

Administração
 Carlos Xavier
Aula 00 

 

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2


 Carlos Xavier
Aula 00 Conhecimentos Específicos


 

 
               
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 
Noções  Operacional) - IBADE
de Administração p/ IBGE - Temporários (Agente Censitário  3

www.estrategiaconcursos.com.br 

  Aula Demonstrativa
0
 Carlos Xavier
Aula 00 Conhecimentos Específicos


 

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x              

x              

x               




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 
            
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         

 

 

            

               
              
             




            
         
            
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           
            

 
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            


             

           



 
 

            
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            


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             
            
                 

              
͞
͊͟
EĂ ǀĞƌĚĂĚĞ͕ ƋƵĂŶĚŽ ƐĞ Ěŝnj ͞Ġ ŵĂŝŽƌ͕͟         
           
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              
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             
              
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x 
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
x 
             


 



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

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
              
            



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





            


























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 

            


 
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 
 

 
           ʹ    

            



 




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 



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

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




 



 


             
           


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
x 

x 

x 

x           



ʹ

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


           

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






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          

            

            
          






 

              




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                




x 
x              

x 
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x 
   



x 

x 

x 


x 
           



x            
          


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x            

x             
            

x 
          
          

             



x   
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x 

x 

x 
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           
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
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             


             
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            
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            


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
           
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
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x 
x 
x         

x 
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              





              

 
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         
           

              
          
             
          

           

           
          



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              
           

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         
           
         
  
          
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    ʹ   ʹ    ʹ  
          

              
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              

           
         

             

           

            

          
            
          
            
           

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


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
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

            
              

 
0
 
               

 

             


           



               

 

             

                

 

            


           


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          

 
 

 


     ʹ    
            


         



          
          
        


 





 

ĨƵŶĕĆŽ͞ŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͟ĠĂƋ


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             



 ĨƵŶĕĆŽ ͞ŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͕͟          
           
             
             





               




             

 


                
         

 



            
             





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              

x 
           

x            
         

x               




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



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ůŐƵŵĂƐƉĞƐƐŽĂƐƉŽĚĞŵĨŝĐĂƌĞŵĚƷǀŝĚĂƐĞĂĐŚĂƌƋƵĞĂ͞ƉƌŝŽƌŝĚĂĚĞ͟ƚĂŵďĠŵĨĂƌŝĂĚŝĨĞƌĞŶĕĂ͕
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

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                

           
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              
               
              
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
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





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          

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           
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
            

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
x 
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x             

x 
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          
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


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 

KƚĞƌŵŽ͞ĐŽŶƚƌŽůĞ͟ƉŽƐƐƵŝĚŝĨĞƌĞŶƚĞƐƐŝŐŶŝĨŝĐĂĚŽƐ͘sĞũĂŵŽƐĂůŐƵŵĂƐ͗
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x 
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x 
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
              


                


 
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
              
ʹ

ʹ

 
              


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
 

 

 
 



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            

           





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           



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
             

              
            







ʹ

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





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
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



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
              

               

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         


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
 

 

 
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 
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               
             

                


 
               



             

                 

                 



           


x 
           



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


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            
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              

x         

             

            

x 
          
           
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x            
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x            
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   ʹ       
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
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
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          
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 
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            
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
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
 
 
         
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 

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
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 
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
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              
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                

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  
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             
         
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             
            
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     


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
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

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

              
             





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





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 




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            

              
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

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
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ƐƚĂƌĞŵ͞ŚŽŵĞŽƐƚĂƐĞĚŝŶąŵŝĐĂ͟ƐŝŐŶŝĨŝĐĂĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞŝƐƐŽ͗ĂŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽĨŝĐĂ 

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

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            

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

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
            
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

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

  
          
    Ͷ          
 Ͷ        Ͷ   
            


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




       
     








       




               



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       








              



 








    
               




             



         
             



           


              


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



 







       
            








  ʹ        

             

              
            


 




              


ƋƵĞƐƚĆŽƚƌĂnjƵŵĂ͞ƐƵďƚĞŽƌŝĂ͟ĚĂĂďŽƌĚĂŐĞŵƐŝƐƚġŵŝĐĂ͕ĞŵǀĞnjĚĞĐŽďƌĂƌĂǀŝƐĆŽŵĂŝƐŐĞƌĂů͘


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
ʹ


       












              



               


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             











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

          
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
                 
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


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
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
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

   ʹ     
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              

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




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
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


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 
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
              
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

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            


                 
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

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           


              
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

          


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


           

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
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


          
          



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          
              
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

       
           
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
            
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


 ʹ
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
              



     ʹ    
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
EĞƐƚĂ ƋƵĞƐƚĆŽ Ă ďĂĐĂ ĐŚĂŵŽƵ Ž ƉƌŽĐĞƐƐŽ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀŽ ĚĞ ͞ƉƌŽĐĞƐƐŽ ŐĞƌĞŶĐŝĂů͟ Ğ ĚŝƐƐĞ ƋƵĞ Ž
             



  
          
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


           



 
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   ʹ     


          







   ʹ   
          


            



     ʹ   



            
              

              
              



        











38
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      ʹ   









      ʹ  
             


͞KƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͟ĐŽŵŽĞŶƚŝĚĂĚĞĠŽĐŽŶũƵŶƚŽĚĞƉĞƐƐŽĂƐƌĞƵŶŝĚĂƐĞŵƉƌŽůĚĞŝŶƚĞƌĞƐƐĞƐĞŵĐŽŵƵŵ͕

͞KƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͟ ĞŶƋƵĂŶƚŽ ĨƵŶĕĆŽ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀĂ Ġ Ž ƉƌŽĐĞƐƐŽ ĚĂ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂĕĆŽ ƋƵĞ ďƵƐĐĂ
ĞƐƚƌƵƚƵƌĂƌĂ͞ŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͟;ĞŶƚŝĚĂĚĞͿ͕ĚŝǀŝĚŝŶĚŽŽƚƌĂďĂůŚŽĚĞŵĂŶĞŝƌĂĞƐƚƌƵƚƵƌĂĚĂĞĚŝƐƚƌŝďƵŝŶĚŽ



      ʹ    
            



YƵĞƐƚĆŽ ŵĂŝƐ ŝŶƚĞƌƉƌĞƚĂƚŝǀĂ Ğ ĐŽŵ ͞ƉĞŐĂĚŝŶŚĂ͘͟  ŐĞƐƚĆŽ ĚĞ ƉĞƐƐŽĂƐ ƐĞ ƌĞůĂĐŝŽŶĂ ĐŽŵ ƚŽĚĂƐ ĂƐ
           
              





   ʹ    

              
             

           






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               

              




             
             






 

             


            


           





 

              
            







40
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     ʹ    


           












    ʹ    







                


ůŐƵŵĂƐƉĞƐƐŽĂƐƉŽĚĞŵĨŝĐĂƌĞŵĚƷǀŝĚĂƐĞĂĐŚĂƌƋƵĞĂ͞ƉƌŝŽƌŝĚĂĚĞ͟ƚĂŵďĠŵĨĂƌŝĂĚŝĨĞƌĞŶĕĂ͕ŵĂƐ
                



        
            








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



          



           

             



              


  

   ŶĂ ĂůƚĞƌŶĂƚŝǀĂ ͕ ƋƵĞ ĨĂůĂ Ğŵ ͞ĨŝdžĂĕĆŽ ĚĞ ĐƌŝƚĠƌŝŽƐ͟  ƉĂƌĂ Ž ĐŽŶƚƌŽůĞ͕ ƋƵĞ Ă
            
         ʹ    
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


  ʹ     







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

  ʹ        

ʹ

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ʹ
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ʹ








  ʹ             

  ʹ          

  ʹ          


ʹ
ʹ


         
  







  



        
            







 
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
               
͞ŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͘͟


  ʹ       
          
             











  ʹ         
         
           











       
              









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  Aula Demonstrativa
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 




 ʹ

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









            
              

             
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



       

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






 
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

          



 
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








        
             







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

         
           











        






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


             
             
    



           







KŶşǀĞůŝŶƚĞƌŵĞĚŝĄƌŝŽƉĂƌĂƋƵĂůƋƵĞƌĨƵŶĕĆŽĚŽƉƌŽĐĞƐƐŽĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀŽĠĐŚĂŵĂĚŽĚĞ͞ƚĄƚŝĐŽ͟ŽƵ
͞ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀŽ͘͟

 
        












 








 
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



    ʹ    ʹ  
     ƐĞ ă ͞ŐĞƌĂĕĆŽ ĚĞ ŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐ ƐŽďƌĞ Ă
           
ƉůĂŶĞũĂĚĂƐ͟;^ŽďƌĂůĞWĞĐŝ͕ϮϬϭϰ͕Ɖ͘ϯϱϵͿ͘







             



    ʹ      

͞ƵdžŝůŝĂƌ ĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀŽ ʹ          
         
        
          
          
͘͟







           
            
͞ŵŽŶŝƚŽƌĂƌ ŵĂƚĞƌŝĂů͖͟ ͞ĐŽŶĨĞƌŝƌ ŵĂƚĞƌŝĂů͖͟ ͞ĚĞǀŽůǀĞƌ ŵĂƚĞƌŝĂů ĨŽƌĂ ĚĞ ĞƐƉĞĐŝĨŝĐĂĕĆŽ͖͟ ͞ĐŽŶĨĞƌŝƌ
ĞdžƉĞĚŝĕĆŽ͕͟͞ŵŽŶŝƚŽƌĂƌĞdžĞĐƵĕĆŽ͘͟


 ʹ



48
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





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
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ʹ


            
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






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

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




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

        
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                








ĨƵŶĕĆŽĂĚŵŝŶŝƐƚƌĂƚŝǀĂƋƵĞƚƌĂƚĂĚĂĞƐƚƌƵƚƵƌĂŽƌŐĂŶŝnjĂĐŝŽŶĂůĠĂ͞ŽƌŐĂŶŝnjĂĕĆŽ͘͟


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

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





              
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

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







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
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

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           
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





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


 ʹ
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
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





             
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  ʹ         
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
             

                 


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 
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

               



ʹ
 ʹ         
ʹ




 ʹ

                 

           
           









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 
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

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

           


 




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            



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




     ʹ    


              

           

           




              










 ʹ







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           




            
                




























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 




  
            



  


  ʹ       


            




  
          
    Ͷ          
 Ͷ        Ͷ   
            


       
    




       



 
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       





 


    
               



         
             



 


       
            


  ʹ        

             

              
            


  




              


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       








































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

          
             

                 







   ʹ     
               
              

             








 


 ʹ
            


          
           


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          


           



          
          


       
           


 ʹ
              


     ʹ    


 
          


   ʹ     
          


   ʹ   
          


     ʹ   



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        








      ʹ   



      ʹ  
             


      ʹ    
            



   ʹ    

              
             

           





               

              


 
 

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             


            


           




     ʹ    
           







    ʹ    







        
            







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          





           

             



              


  ʹ     







  ʹ        

ʹ
ʹ
ʹ
ʹ







         
  






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

        
            







  ʹ       
          
             







  ʹ         
         
           







       
              








 ʹ


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͞ŽƋƵĞĨĂnjĞƌ͟Ğ͞ĐŽŵŽĨĂnjĞƌ͘͟









       








          







        
             







         
           






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

        







           






 
        








 







    ʹ    ʹ  
     ƐĞ ă ͞ŐĞƌĂĕĆŽ ĚĞ ŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐ ƐŽďƌĞ Ă
           
ƉůĂŶĞũĂĚĂƐ͟;^ŽďƌĂůĞWĞĐŝ͕ϮϬϭϰ͕Ɖ͘ϯϱϵͿ͘





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


    ʹ      

͞ƵdžŝůŝĂƌ  ʹ          
         
        
          
          
ƐĞƉƌŝŵĞŝƌŽĞŵƉƌĞŐŽ͘͟



==0==





 ʹ








            
          









        
             
ŶĐŝƉĂů ĂƚƌŝďƵŝĕĆŽ Ġ Ž ͞ůĞǀĂŶƚĂŵĞŶƚŽ Ğ ĂŶĄůŝƐĞ ĚŽƐ ĐƵƐƚŽƐ ĚĞ ƉƌŽĚƵĕĆŽ͕ ĨƌĞŶƚĞ ĂŽƐ ƉĂĚƌƁĞƐ
ĞƐƚĂďĞůĞĐŝĚŽƐƉĞůĂĨĄďƌŝĐĂ͘͟


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





        
               

                








 









 
             

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


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

 ʹ
          

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           
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





 ʹ
          
            

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





  ʹ         

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             

                 


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
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               
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 ʹ
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                 

           
           





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


        
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           
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
 



     ʹ    
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
              

           

           




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





           
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  Conhecimentos Específicos

GABARITO


             
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             
             
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             
             
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



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


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Conhecimentos Específicos

Ética no Serviço Público


3.1. Por que conduta e regras de conduta?

Conduta Moral

A conduta ética do servidor público não é apenas uma questão de comportar-se de acordo
com o que é permitido. O essencial da conduta é a orientação interna que ele dá a suas ações:
a motivação, o esmero, o gosto com que realiza seu ofício para cumprir seus deveres ou para
fazer mais do que a função lhe prescreve.

Há certos aspectos do serviço público que não se medem pelo simples cumprimento exterior
das normas, mas pela qualidade com que as regras são observadas. Quantas vezes nossas leis
são cumpridas “na letra”, mas não no seu “espírito”? A conduta, portanto, leva em conta a
escolha consciente do agente.

Essa escolha consciente não estará livre do julgamento ético, conteúdo que estudamos no
Módulo 1. Mesmo assim, é muito bom que se fale em regras de conduta. Por quê?

• Para ajudar o servidor a desenvolver sua própria orientação interna, dando-lhe


segurança e estímulo para a sua atuação profissional.
• Para ajudá-lo a alcançar o domínio dos modos de realizar ou construir algo. Esse
domínio implica a familiaridade com as regras ou procedimentos que indicam o quê
e como fazer.

Porém, não se trata de qualquer regra ou procedimento. Na verdade, devemos estar atentos a
dois tipos diferentes de regras de conduta. Vejamos...

Regras Imperativas

São regras que simplesmente proíbem ou ordenam, pressupondo que o sujeito saiba fazer o
que se ordena e conheça as condutas proibidas.

Regras Construtivas

São regras que instruem as pessoas a fazer algo. Elas orientam o sujeito ético a realizar ou
construir o que se deseja. Como toda regra, elas limitam o leque de coisas que poderiam ser
feitas. Contudo, ao contrário das regras imperativas, as regras constitutivas mais orientam a
ação do indivíduo do que a ordenam ou a proíbem.

Resumindo: as regras imperativas dizem o que não pode ser feito e o que deve ser feito. As
regras constitutivas dizem como fazer o que pode e deve ser feito.

Regras: Trilhas para agir

Suponha, por exemplo, que você adquira um programa de computador, com licença para uso
doméstico em apenas uma máquina. Para utilizar esse programa, não basta tê-lo instalado em
seu computador, no escritório de sua casa. Você precisa saber usar o programa para que ele
faça o que você quer. Se não há ninguém para ensiná-lo, você precisa ler o manual, que o
instruirá sobre os passos a seguir.

O manual contém regras que, evidentemente, o levam a seguir um caminho e não outro. Sem o
manual, você teria possivelmente inúmeros caminhos a seguir. E esse grande número de alternativas
o impediria de seguir em frente. O manual, porém, diz: “faça isso, não faça aquilo” etc.
71
Conhecimentos Específicos

Ele traça um caminho imaginário à sua frente, possibilitando a sua ação.

As limitações de uso do programa são estabelecidas pelas regras imperativas: o programa só


poderá ser instalado em um computador e apenas para uso não-comercial. O manual, por sua
vez, apresenta as regras constitutivas que orientam como fazer o melhor uso do programa.

Quando queremos fazer algo complexo e de alta responsabilidade, como é o caso do serviço
público, nos sentimos como se estivéssemos diante de uma floresta densa e escura. As regras
imperativas nos dizem que podemos e devemos atravessar a floresta.

Porém, se não vemos nenhuma trilha, será muito difícil atravessá-la, pois teremos muitas
opções e, por isso mesmo, grande chance de erro. Essa incerteza quanto ao caminho a seguir
nos deixa inseguros.

Para utilizar o programa de computador, não é suficiente a licença de uso: precisamos de


regras constitutivas que nos orientem como utilizá-lo.

Da mesma forma, para atravessar a floresta, não bastam as regras imperativas, precisamos de
regras constitutivas que nos orientem sobre qual caminho devemos seguir e quais atalhos não
podemos tomar de maneira nenhuma, se desejamos chegar ao nosso destino com segurança
e fazendo apenas o que é correto.

As regras de conduta são regras constitutivas estabelecidas a partir de regras imperativas, nos
orientando diante de uma ação desafiadora e arriscada.

Para melhor compreender a importância das regras de conduta, cabe retomar a ideia que
estudamos no Módulo 1 sobre ação racionalmente justificável como a característica principal
de uma conduta ética em geral.

As regras de conduta nos ajudam nesse processo de escolha da melhor maneira de agir,
permitindo que decidamos os caminhos adequados e nos ajudando a decidir pelas ações
eticamente corretas e politicamente justas.

Tendo em conta essa concepção das regras, vejamos agora alguns princípios básicos da conduta
do servidor público.

3.2. Profissionalismo, Decoro e Civilidade

Serviço Público X Emprego

A carreira do serviço público não é um emprego comum, no sentido que este termo adquiriu
na sociedade industrial. O Estado, por um lado, não é uma empresa capitalista, cujo objetivo é
a produção de mercadorias com vistas ao lucro. O serviço público, portanto, está longe de ser
um pacote indefinido de produtos e serviços voltados para o mercado.

Estado X Patrão

Por outro lado, o Estado não é um “patrão” no sentido usual, que explora o trabalho alheio
para promover seus próprios interesses. Se há um “patrão” em jogo – a própria comunidade
que o Estado deve representar -, ele não se encaixa bem no papel de explorador do trabalho,
embora até possa ser rigoroso com os seus funcionários, no que tange ao zelo com a coisa
pública (res publica).

72 7
Conhecimentos Específicos

O serviço público é uma vocação profissional.

Vocação pelo caráter nobre da atividade: servir uma comunidade e promover o bem comum
são missões honradas e dignificantes.

Vocação porque exige desprendimento: por mais bem pago que seja, o serviço público jamais
será o lugar ideal para quem busca o mais alto retorno que o mercado de trabalho pode
oferecer.

Desprendimento não significa ausência de uma ambição salutar. Trata-se de uma ambição de
natureza distinta daquela que se espera nos negócios privados: estamos falando do desejo de
tornar a sua cidade, estado ou país um lugar melhor de se viver, da vontade de enfrentar os
desafios que essa meta impõe, e da necessidade de ser reconhecido por isso.

Profissionalismo

O serviço público é uma atividade altamente profissional porque é produto de uma opção: o
Estado convoca seus quadros de carreira para uma dedicação plena.

O que se espera dos ocupantes dos cargos públicos?

• Vínculo permanente.
• Concentração no trabalho.
• Dedicação.
• Empenho para servir à comunidade.
• Competência.

Dos ocupantes desses cargos não se espera um vínculo eventual ou superficial, mas uma
concentração, intelectual e emocional, na função pública escolhida. Por isso, essa função tem
que estar relacionada a um talento real, desenvolvido pela educação e pela experiência ao
exercê-la.

Uma dedicação plena e por toda uma vida só pode dar certo se o candidato ao cargo tiver, além
do empenho para servir à comunidade, a competência e o gosto para fazer o que se espera do
cargo. Do contrário, em pouco tempo, o desempenho se tornará enfadonho, com prejuízo ao
público e ao próprio servidor.

A boa carreira na estrutura administrativa do Estado é, portanto, uma síntese de vocação e


aptidão para lidar com as questões técnicas ou outras próprias do serviço prescrito.

Mas o profissionalismo do serviço público é mais do que o exercício talentoso de uma função.
Há valores em jogo e uma conduta adequada a seguir. Para além do compromisso ético com o
bem comum, uma atitude profissional exige, entre outras qualidades:

a) Imparcialidade
b) Objetividade
c) Excelência

73
Conhecimentos Específicos

a) Imparcialidade

O serviço público envolve relacionamentos humanos que podem se chocar com nossos gostos
e preferências pessoais – políticas, ideológicas, religiosas ou o que for.

Às vezes simpatizamos muito com certas pessoas e detestamos outras, apoiamos um partido
ou corrente política e não outra, essa igreja e não aquela etc. É claro que o exercício correto de
qualquer ofício não pode deixar que esses gostos e preferências interfiram no que deve ser feito.

b) Objetividade

Objetividade significa uma abordagem razoavelmente distanciada e serena do trabalho a fazer.


Isso não significa indiferença ou frieza: trata-se apenas de evitar que sentimentos explosivos
atrapalhem o nosso desempenho.

Não é o caso de sufocar as emoções, mas sim educá-las para seguir o fluxo racional que leva ao
sucesso do trabalho.

c) Excelência

O trabalho profissional é a busca incessante da perfeição. Nunca alcançaremos a perfeição,


mas ao buscá-la, chegaremos ao melhor possível.

Decoro

Mas há outras qualidades que focam mais de perto a natureza ético-política do serviço público.

Vejamos algumas delas em detalhes...

O Estado é a instituição de mais alto poder na sociedade e suas decisões afetam profundamente
a vida dos cidadãos. É por isso que, para o Estado, convergem forças que representam interesses
diversos e conflitantes da comunidade. Além disso, o Estado reclama para si o monopólio de
certas atividades e decisões as quais acarretam, na maioria das vezes, o embate de setores
sociais com interesses divergentes.

O Servidor público, em maior ou menor escala, com freqüência depara-se com o problema da
condução correta dessas pressões e conflitos. Não há, por certo, receitas prontas nesse caso.

Mas há, sim, uma postura geral que deve ser observada com zelo. Essa postura é o decoro.

O decoro é uma “postura” porque une a disposição interna para agir corretamente com a
aparência desse agir. Decoro, do latim decorum, é “a face pública de um estado pessoal da
honradez” (David Burchell).

Decoro, portanto, compreende não apenas a retidão de uma ação, mas também a visão que a
sociedade tem dessa ação como sendo correta.

Sabedor de que sua função é alvo natural de desconfiança das partes interessadas e de
ressentimento de quem não consegue obter o benefício particular esperado, o servidor deve
construir uma personalidade e uma reputação cívicas à altura de sua autoridade formal.

74
Conhecimentos Específicos

Eis o valor auxiliar das normas de conduta, que se relacionam diretamente com os códigos de
ética que veremos a seguir. O propósito desses códigos é justamente indicar ao ocupante do
cargo público maneiras de construir aquela personalidade. Exatamente porque a reputação é
tão importante na noção de decoro, duas qualidades vizinhas o acompanham inevitavelmente:
a probidade e a integridade.

Probidade é a qualidade de quem é probo e significa retidão, honradez, brio e observância


rigorosa dos deveres da justiça e da ética. Integridade tem significado semelhante e é uma
qualidade atribuída a uma pessoa honesta, incorruptível, cujos atos são irrepreensíveis.

Essas qualidades se estabelecem por meio de um vínculo entre passado, presente e futuro:
uma boa reputação não se constrói do dia para a noite; ela se faz ao longo de toda uma
carreira. Como passou pela prova do tempo, a reputação dá uma noção segura do caráter e
da personalidade do servidor. À autoridade formal associa-se, então, a autoridade ética. E ao
poder do cargo junta-se a confiança na pessoa do seu ocupante.

O decoro, a probidade e a integridade não são apenas patrimônios pessoais. São caracteres
imediatamente transferidos à “personalidade” do Estado. Isto quer dizer que uma administração
pública proba, íntegra e atenta ao decoro é função direta da probidade, integridade e
honestidade de seus funcionários.

Civilidade

Finalmente, há que mencionar a civilidade. Essa qualidade é, genericamente falando, uma


disposição para tornar as relações sociais mais fluentes ou menos ásperas.

Quanto mais competição e conflito existir no contexto dessas relações sociais, mais necessária
será a civilidade, especialmente quando o Estado é o mediador desses conflitos.

Mais especificamente, a civilidade é:

a) Prestação de contas

Civilidade significa disposição para justificar publicamente decisões tomadas ou estratégias


adotadas, e abertura para ouvir interpelações, críticas e sugestões. Porém, de forma respeitosa,
independentemente da simpatia pessoal que se tenha pelo interlocutor.

b) Espírito Cooperativo

Civilidade aqui se refere à abertura para acomodar diferenças. Essa é uma qualidade essencial
nos processos de mediação. Normalmente, em um conflito ou competição, existe a tendência
de se ampliar exageradamente o campo de atrito das relações, ao mesmo tempo em que
se estreitam as possibilidades de cooperação e acordo. Ter o “espírito cooperativo” não é
promover a conciliação a qualquer preço, ferindo princípios éticos. É, ao contrário, credenciar-
se como um agente que promova a boa vontade e motive as ações coletivas construtivas.

75

10
3.3. Códigos de Ética no Serviço Público
Conhecimentos Específicos
O que é um Código de Ética?
3.3.
É umCódigos deserve
padrão que Éticadenoguia
Serviço
para aPúblico
conduta de um determinado grupo. É um conjunto de
princípios, assumidos publicamente, que orientam determinadas atividades, de acordo com
O
osque é umsociais
anseios Código dehonestidade,
por Ética? solidariedade e correção.
ÉO um padrão
código devequeser serve
posto de
emguia parapor
relação, a conduta
um lado,decom
um adeterminado grupo.
lei e, por outro, comÉaum conjuntoem
moralidade de
princípios, assumidos publicamente, que orientam determinadas atividades, de acordo
sentido mais amplo. Um código de ética não pode, obviamente, pôr-se fora ou além da lei: não com
os anseios
pode servirsociais por honestidade,
como desculpa ou meiosolidariedade
para legitimarecomportamentos
correção. que a lei proíbe.
O código
Para que deve
serveser posto em
o Código de relação,
Ética? por um lado, com a lei e, por outro, com a moralidade em
sentido mais amplo. Um código de ética não pode, obviamente, pôr-se fora ou além da lei: não
pode servir como desculpa ou meio para legitimar comportamentos que a lei proíbe.
Vejamos...
Para que tenta
O código servecapturar
o Códigoum
deaspecto
Ética? que escapa, em geral, à legislação e ao legislador: pode-se
cumprir perfeitamente a lei e, ainda assim, prejudicar alguém.
Vejamos...
Exige-se ética na vida pública porque as pessoas não apenas desejam o cumprimento da lei,
O código
mas sim otenta
seu capturar um aspecto Incorporar
bom cumprimento. que escapa,essa
em geral, à legislação
dimensão do bome cumprimento
ao legislador: pode-se
da lei é
cumprir perfeitamente a lei e, ainda assim, prejudicar alguém.
uma tarefa difícil, mas que cabe perfeitamente a um código de ética.
Exige-se
Por outroética
lado,na vida pública
também porque
não faria as pessoas
sentido não apenas
ter um código desejam
de ética o cumprimento
que apenas repetisse o da
quelei,

mas sim o seu bom cumprimento. Incorporar
está plenamente determinado e assegurado na lei. essa dimensão do bom cumprimento da lei é
uma tarefa difícil, mas que cabe perfeitamente a um código de ética.
Pontos a serem observados quando da elaboração de um Código de Ética:
Por outro lado, também não faria sentido ter um código de ética que apenas repetisse o que já
está plenamente
• Explicitardeterminado e assegurado
os valores afirmados por na
umlei.grupo e, em seguida, dar uma concretude
maior a eles por meio de normas que sirvam de instrumentos para realizar os valores
Pontos a afirmados.
serem observados quando da elaboração de um Código de Ética:
• Cuidar para não ser entendido, primariamente, como um instrumento disciplinar e
• Explicitar
repressivo.os valores afirmados por um grupo e, em seguida, dar uma concretude
• maior
Cuidarapara
elesque
por não
meioesteja
de normas
voltadoque sirvam de instrumentos
exclusivamente para “quempara
nãorealizar os valores
tem ética”. É bem
afirmados.
provável que o inverso seja mais verdadeiro.
•• Cuidar
Articularpara não serouentendido,
princípios valores queprimariamente,
freqüentemente como um em
entram instrumento disciplinar e
choque, colocando-os
repressivo.
em perspectiva, a fim de reconciliá-los ou priorizá-los. Isso pode ser útil na resolução de
• Cuidar
dilemaspara que1, não
morais esteja
vividos voltado exclusivamente
justamente por aqueles quepara “quemsenão
procuram tem ética”.
conduzir É bem
eticamente.
provável que o inverso seja mais verdadeiro.
• Articularcontextos,
Para diferentes princípiospode
ou valores
haver que freqüentemente
diferentes códigos. entram em choque, colocando-os
em perspectiva, a fim de reconciliá-los ou priorizá-los. Isso pode ser útil na resolução de
dilemas
Em particular, código, vividos
ummorais
1
de éticajustamente por aqueles que procuram se conduzir eticamente.
é feito para:
Para •diferentes contextos,
Todos os podeuma
que exercem haver diferentes profissão.
determinada códigos.
• Todos os que integram uma determinada entidade ou órgão público.
Em particular, um código de ética é feito para:

• Todos os que exercem uma determinada profissão.


• Todos os que integram uma determinada entidade ou órgão público.

1. Dilemas morais ou conflito de valores, como vimos no Módulo 1, são situações em que temos que decidir entre duas
alternativas e nenhuma delas é satisfatória. Qualquer que seja nossa decisão haverá perda. Um exemplo clássico de dilema
moral é o do marido que deve decidir entre a vida da esposa ou do filho, em uma situação limite de parto com complicação.

11 1, são situações em que temos que decidir entre duas


1. Dilemas morais ou conflito de valores, como vimos no Módulo
alternativas e nenhuma delas é satisfatória. Qualquer que seja nossa decisão haverá perda. Um exemplo clássico de dilema
76 moral é o do marido que deve decidir entre a vida da esposa ou do filho, em uma situação limite de parto com complicação.

11
Conhecimentos Específicos

Quando se trata de uma entidade ou órgão público, quatro questões devem ser tratadas num
código de ética:

1) A finalidade e as características mais gerais da entidade.


2) As relações internas entre os seus servidores e outros colaboradores.
3) As relações com outras entidades, públicas ou privadas.
4) As relações com o cidadão.

Em resumo, o Código de Ética numa entidade pública deve estabelecer um padrão geral de conduta.

Mas, atenção...

• Ao se definir o seu conteúdo, é bom lembrar que não se está agindo nem como um
legislador no Congresso Nacional nem como um reformador moral.
• Não se pode ir contra a lei, mas também não se deve simplesmente repeti-la. É preciso
valorizar o aspecto do bom cumprimento da lei, identificando os casos em que,
mesmo dentro da legalidade, cometem-se atos que, intencionalmente ou não,
prejudiquem alguém.
• O código deve ser um instrumento para a resolução de conflitos morais do grupo a
que se aplica, e não um instrumento repressivo ou disciplinador.
• Não deve haver nenhuma pretensão de uso universal do código: ele deve servir de
guia para a resolução dos problemas específicos do grupo de servidores compreendido
por esse código.

3.4. Iniciativas da Administração Pública Federal

No âmbito da Administração Pública Federal brasileira, uma série de iniciativas tem sido
tomadas desde meados da década de 1990. Entre elas, cabe mencionar:

• O código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo aprovado


em 22 de junho de 1994.
• O Código de Conduta de Alta Administração Federal, de 18 de agosto de 2000.
• O Código de Conduta Ética dos Agentes Públicos em Exercício na Presidência da
República, de 11 de janeiro de 2002.

Comissão de Ética

Como ponto alto desse processo, há que se destacar a formação da Comissão de Ética Pública,
criada por Decreto Presidencial em 26 de maio de 1999, de cujas atividades falaremos a seguir.

Composição

• Integrada por sete brasileiros que preencham os requisitos de idoneidade moral,


reputação ilibada e notória experiência em administração pública, designados pelo
Presidente da República.
• Seus membros não recebem remuneração. Os trabalhos por eles desenvolvidos são
considerados prestação de relevante serviço público.

77

12
Conhecimentos Específicos

Objetivos da Comissão

• Assegurar um padrão ético efetivo para os ocupantes dos mais altos cargos do
Executivo Federal, por meio de normas de fácil aplicação e compreensão, suficientes
para o cumprimento dos valores éticos estabelecidos pela Constituição Federal para
a Administração Pública.
• Prevenir transgressões éticas durante e depois de exercício do cargo público.
• Atuar como instância consultiva que proteja o administrador honesto.
• Fazer com que a ética seja reconhecida como instrumento imprescindível para uma
administração pública efetiva, transparente e democrática.

A perspectiva da Comissão é essencialmente preventiva e educativa.

Metodologia de Trabalho

• Quando se trata de violação de norma legal, a Comissão encaminha a matéria ao


órgão competente para apurá-la.
• A Comissão mantém linha direta de comunicação com cada autoridade individualmente,
por meio de carta, comunicação telefônica e e-mail.
• Os atos normativos e interpretativos são transmitidos a todas as autoridades e
incluídos no site da Comissão.
• A Comissão expede mensalmente cerca de 400 orientações e 30 notificações, que
funcionam como alertas para situações que podem configurar descumprimento das
normas de conduta ética.
• Responde a consultas de autoridades que desejam saber se esse ou aquele
procedimento específico pode ser adotado em face das normas de conduta.
• Distribui um manual de perguntas e respostas mais freqüentes, permanentemente
atualizado, às pessoas abrangidas pelos códigos mais gerais da Administração Federal.
• Orienta as comissões setoriais de ética.

“A Comissão de Ética Pública contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Casa Civil da
Presidência da República, à qual competirá prestar o apoio técnico e administrativo aos trabalhos
da Comissão.” (BRASIL. Decreto nº 6.029, de 1º fevereiro de 2007, art. 4º, parágrafo único)

A Rede de Ética

Abrangência e Objetivo da Rede

Em maio de 2001 foi estabelecida uma rede de 168 profissionais com responsabilidade
pela gestão da ética em 265 órgãos e entidades federais. A responsabilidade básica desses
profissionais é apoiar a Comissão no cumprimento das suas funções, assim como zelar pela
conduta adequada em suas respectivas organizações.

Resultados

Antes da Rede de Ética, 30% dos órgãos e entidades federais levavam em conta regras de
conduta padronizadas para seus quadros. E pouco mais de 20% dos órgãos e entidades federais
cumpriam algumas das funções de gestão da ética: divulgação, capacitação e monitoramento
das normas.

Esse quadro tem se alterado gradativamente em direção a uma situação que tende a superar o
ceticismo às iniciativas nesta área. O Informe 2007 da Comissão de Ética Pública, publicado em
78

13
Conhecimentos Específicos

janeiro de 2008, registra a ampliação do quantitativo de participantes do Sistema de Gestão da


Ética do Poder Executivo Federal, que inclui, atualmente, 287 órgãos e entidades, 139 Comissões
Setoriais de Ética constituídas e 175 representantes setoriais. Ademais, o Informe destaca a
crescente adoção de padrões explícitos de conduta nas organizações públicas federais nos
últimos sete anos:

“Comparados os resultados com os dos anos anteriores, observa-se um progresso considerável


de 2000 para 2007. De fato, enquanto em 2001, apenas 36% das entidades e órgãos levavam
em conta padrões explícitos de conduta para seus servidores, em 2007, esse percentual
consolidouse em percentual acima de 81%. As ações para assegurar efetividade ao padrão
ético, que em 2002 foram desenvolvidas em 36% das entidades e órgãos, situaram-se, em
2007, no patamar de 67%, sugerindo que em mais da metade das entidades e órgãos que
integram o Poder Executivo Federal o discurso de que as normas de conduta estão sendo
levadas em conta encontra correspondência prática em ações objetivas como a comunicação
dessas normas aos funcionários ou a incorporação aos programas de formação e capacitação
de servidores e empregados.” (Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/estrutura_
presidencia/cepub/prest_ contas/ informes/Informe2007/ Acesso em 06 de junho de 2008)

Parceiros

• BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento.


• ONU – Organização das Nações Unidas.
• OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
• Instituto Ethos.
• Transparência Brasil.
• Diversos profissionais de diferentes áreas de conhecimento prestam serviço voluntário
à Comissão de Ética Pública.

79

14
Conhecimentos Específicos

Referência bibliográfica

1) Sobre ética e profissionalismo, ver a coletânea Professionalism and Ethics in the Service:
Issues and Practices in Selected Regions, publicado na revista Economic & Social Aflairs (Nova
Yor: ONU, 2000). Sobre cargo público, profissionalismo e poder político, ver o livro de M.
Walzer, já citado no módulo II, capítulo 5 e 12.

2) Sobre o decoro, ver o artigo de D. Burchell, “Civic Personae: Macintyre, Cícero and Moral
Personality”, publicado na revista History of Political Thought XIX(1): 101.118, 1998 (Exeter,
RU: Imprint Academic).

3) Sobre a civil idade, ver de J. Rawls, Liberalismo Político (São Paulo: Ática, 2000). Ver também
o artigo de G. Cohn, “Civilizacion, ciudadania y civismo: la teoria política ante los nuevos
desafios”, publicado na coletânea Filosofia Política Contemporânea, organizada por A. Boron
(Buenos Aires: Clacso, 2002).

4) Sobre as ações institucionais da Administração Federal brasileira no sentido de introduzir


questões de ética na gestão pública, ver o site da Comissão de Ética Pública em http: / /www.
presidencia.gov.br /etica.

Glossário

COGNITIVO – Refere-se ao processo mental e racional que se desenvolve na atividade de


reflexão ou de produção de um conhecimento.

CULTURA – Sistema ou complexo de idéias, conhecimentos, crenças, técnicas e artefatos,


padrões de comportamento e atitudes que caracterizam uma determinada sociedade.

ESTAMENTO – É uma forma de estratificação social em que existe uma hierarquização rígida e
forte com camadas sociais fechadas, com direitos e deveres específicos e diferenciados.

IDEOLÓGICO – No texto deste Curso, ideológico refere-se a um sistema de idéias e conjunto de


crenças políticas, religiosas, econômicas e morais compartilhada por um grupo.

MORALISMO – Doutrina que faz da atividade moral a chave para a interpretação de toda
a realidade. Na linguagem comum e, sempre mais freqüentemente, na filosófica, o termo
designa a atitude de quem se compraz em moralizar sobre todas as coisas, sem esforçar-se por
compreender as situações a que o juízo moral deve ser referido. Neste sentido, o moralismo é
um formalismo ou conformismo moral que tem pouca substância humana. (Nicola Abbagnano.
Dicionário de Filosofia. São Paulo. Mestre Jou, 1970 – Verbete Moralismo)

VIDA CONSTITUCIONAL – Diz respeito às leis fundamentais do país – a organização dos


poderes, a definição da forma de governo, dos principais postos de autoridade etc.

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Noções de
Administração
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