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Universidade Federal de Alagoas

UFAL
Assistente em Administração

JH018-19
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OBRA

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Assistente em Administração

Edital Nº 44, de 29 de Maio de 2019

AUTORES
Português - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Lógico- Profº Bruno Chieregatti
Noções de Administração Pública- Profº Fernando Zantedeschi
Conhecimentos Específicos - Profº Fernando Zantedeschi

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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SUMÁRIO
PORTUGUÊS

Análise e interpretação de textos verbais e não verbais: compreensão geral do texto; elementos que compõem
uma narrativa; tipos de discurso; ponto de vista ou ideia central defendida pelo autor; argumentação; elementos
de coesão e coerência textuais; intertextualidade; inferências; estrutura e organização do texto e dos parágrafos. 01
Tipologia e gênero textuais............................................................................................................................................................................. 24
Funções da linguagem....................................................................................................................................................................................... 25
Semântica: sinonímia e antonímia; homonímia e paronímia; conotação e denotação; ambiguidade; polissemia....... 26
Emprego dos pronomes demonstrativos................................................................................................................................................... 29
Colocação pronominal....................................................................................................................................................................................... 29
Sintaxe da oração e do período..................................................................................................................................................................... 36
Vozes verbais......................................................................................................................................................................................................... 45
Emprego do acento indicativo da crase...................................................................................................................................................... 58
Concordâncias verbal e nominal.................................................................................................................................................................... 60
Regências verbal e nominal.............................................................................................................................................................................. 66
Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 71
Ortografia oficial.................................................................................................................................................................................................. 74

RACIOCÍNIO LÓGICO
Lógica proposicional: proposições simbólicas (fórmulas); tabela verdade de uma fórmula....................................................... 132
Lógica dos predicados: proposições quantificadas..................................................................................................................................... 132
Argumentos válidos e sofismas........................................................................................................................................................................... 132
Conjuntos: operações, diagramas de Venn..................................................................................................................................................... 01
Os números inteiros: operações com números inteiros; comparação de números inteiros; múltiplos e divisores;
critérios de divisibilidade; fatoração; números primos; máximo divisor comum; mínimo múltiplo comum........................ 01
Os números reais: números racionais e irracionais; frações; comparação de frações; operações com frações; números
decimais; comparações de números decimais; operações com números decimais; relação entre frações e números
decimais; dízimas periódicas; razões e proporções; porcentagem........................................................................................................ 01
Conhecimentos geométricos: características das figuras geométricas planas e espaciais; áreas e volumes; raciocínio
geométrico.................................................................................................................................................................................................................. 108
Sequências: progressões aritméticas e geométricas; raciocínio lógico sequencial......................................................................... 44
Princípios de contagens......................................................................................................................................................................................... 63
Probabilidade............................................................................................................................................................................................................ 63
Noções básicas de Estatística: análise e interpretação de dados apresentados em gráficos e tabelas; média, moda
e mediana de uma série de dados..................................................................................................................................................................... 67
Raciocínio quantitativo........................................................................................................................................................................................... 132
Compreensão de textos matemáticos............................................................................................................................................................... 132
SUMÁRIO

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Administração pública e governo: conceito e objetivos. Evolução dos modelos de administração pública. Regime
jurídico-administrativo na Constituição Federal de 1988: princípios constitucionais do direito administrativo
brasileiro................................................................................................................................................................................................................... 01
Serviços Públicos: conceito; características; classificação; titularidade; princípios....................................................................... 10
Ética no serviço público: comportamento profissional; atitudes no serviço; organização do trabalho; prioridade em
serviço....................................................................................................................................................................................................................... 21
Lei Federal nº 8.112/1990................................................................................................................................................................................... 29
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso
do poder.................................................................................................................................................................................................................. 33
Lei 12.527/2011: Lei de Acesso à Informação............................................................................................................................................ 62
Lei Federal nº 8.429/1992: dever de eficiência; dever de probidade; dever de prestar contas.............................................. 38
Licitações.................................................................................................................................................................................................................. 49
Contratos administrativos. Convênios e consórcios administrativos................................................................................................. 53

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Noções de Administração: conceitos, objetivos, evolução histórica, organizações, eficiência e eficácia. Noções do
processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle. Organizações: fundamentos, estruturas
organizacionais tradicionais, tendências e práticas organizacionais.................................................................................................. 01
Noções de Comportamento Organizacional: comunicação, liderança, motivação, grupos, equipes e cultura
organizacional......................................................................................................................................................................................................... 35
Noções de Administração Pública: Princípios fundamentais que regem a Administração Federal; administração
direta e indireta....................................................................................................................................................................................................... 56
Noções de RH: recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento e relações interpessoais......................................... 63
Regimento Jurídico Único do Servidor Público Federal.......................................................................................................................... 71
Noções de gestão de processos: ferramentas e conceitos.................................................................................................................... 71
Compras públicas. Contratos públicos.......................................................................................................................................................... 74
Patrimônio público................................................................................................................................................................................................ 74
Fundamentos de Organização, Sistemas e Métodos............................................................................................................................... 78
Noções de Administração Financeira e Orçamentária no Serviço Público...................................................................................... 78
Noções de arquivamento.................................................................................................................................................................................... 92
Redação oficial......................................................................................................................................................................................................... 109
Transparência no Serviço Público..................................................................................................................................................................... 126
Estatuto e Regimento Geral da UFAL.............................................................................................................................................................. 127
Ética no Serviço Público....................................................................................................................................................................................... 149
ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO

Noções de Administração: conceitos, objetivos, evolução histórica, organizações, eficiência e eficácia. Noções do
processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle. Organizações: fundamentos, estruturas
organizacionais tradicionais, tendências e práticas organizacionais........................................................................................................ 01
Noções de Comportamento Organizacional: comunicação, liderança, motivação, grupos, equipes e cultura
organizacional............................................................................................................................................................................................................... 35
Noções de Administração Pública: Princípios fundamentais que regem a Administração Federal; administração direta
e indireta......................................................................................................................................................................................................................... 56
Noções de RH: recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento e relações interpessoais............................................... 63
Regimento Jurídico Único do Servidor Público Federal................................................................................................................................ 71
Noções de gestão de processos: ferramentas e conceitos.......................................................................................................................... 71
Compras públicas. Contratos públicos................................................................................................................................................................. 74
Patrimônio público...................................................................................................................................................................................................... 74
Fundamentos de Organização, Sistemas e Métodos..................................................................................................................................... 78
Noções de Administração Financeira e Orçamentária no Serviço Público............................................................................................ 78
Noções de arquivamento......................................................................................................................................................................................... 92
Redação oficial.............................................................................................................................................................................................................. 109
Transparência no Serviço Público........................................................................................................................................................................... 126
Estatuto e Regimento Geral da UFAL................................................................................................................................................................... 127
Ética no Serviço Público............................................................................................................................................................................................ 149
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS, OBJETIVOS, EVOLUÇÃO HISTÓRICA, ORGANIZA-
ÇÕES, EFICIÊNCIA E EFICÁCIA. NOÇÕES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO: PLANEJAMENTO,
ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE. ORGANIZAÇÕES: FUNDAMENTOS, ESTRUTURAS
ORGANIZACIONAIS TRADICIONAIS, TENDÊNCIAS E PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS.

Como bem definiu Houaiss, a Administração é o “conjunto de normas e funções cujo objetivo é disciplinar os elemen-
tos de produção e submeter a produtividade a um controle de qualidade, para a obtenção de um resultado eficaz, bem
como uma satisfação financeira”.
O papel profissional do administrador surgiu na gestão das companhias de navegação inglesa a partir do século
XVII, e envolve ações elaborar planos, pareceres, relatórios, desenvolvimento de projetos, fazer uso de indicadores,
medir resultados e desempenhos, sempre com a aplicação dos conhecimentos e técnicas que norteia a Administração.

Segundo Jonh W. Riegel,


“O êxito do desenvolvimento de executivos em uma empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da capacida-
de dos seus gerentes no seu papel de educadores. Cada superior assume este papel quando ele procura orientar e facilitar
os esforços dos seus subordinados para se desenvolverem”

Administração – Objetivos, decisões e recursos são as palavras-chaves na definição do conceito de administra-


ção. Administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos.

Segundo CHIAVENATO, as variáveis que representa o desenvolvimento da TGA são: tarefas, estrutura, pessoas,
ambiente, tecnologia e competitividade.
Na ocorrência de novas situações as teorias administrativas se adaptam a fim de continuarem aplicáveis.

Dentre tantas definições já apresentadas sobre o conceito de administração, podemos destacar que:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

“Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de al-
cançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais.”
Reinaldo Oliveira da SILVA – 2001)

Como percebe-se, a Administração extrapola a ideia limitada de “gerir uma empresa”.


A administração representa uma habilidade capaz de, através da utilização adequada e inteligente dos diversos
recursos existentes na organização, alcançar os objetivos definidos via planejamento, organização, direção e controle.

O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio de outras pessoas na busca de realizar objetivos da organi-
zação bem como de seus membros.
Montana e Charnov

1
 A Administração compreende um conjunto de ca- A primeira Escola foi a Clássica, responsável pela ên-
racterísticas que envolvem atividades interligadas, busca fase nas tarefas por Frederick Taylor e Henry Ford e fonte
por resultados, uso de recursos disponíveis, processos de embasamento de todas as outras teorias posteriores.
administrativos e, para isso necessário se faz o uso de
mais de uma habilidade, conforme vemos abaixo: As mudanças ocorridas no início do Séc. XX, em de-
• Habilidades Técnicas: aquelas que fazem uso de corrência da Revolução Industrial, exigiram métodos que
conhecimento especializado e procedimentos es- aumentassem a produtividade fabril e economizassem
pecíficos e pode ser obtida através de instrução. mão-de-obra evitando desperdícios, ou seja, “a impro-
• Habilidades Humanas: trata-se de aspectos pes- visação deve ceder lugar ao planejamento e o empiris-
soais observados no CHA, envolvem também apti- mo à ciência: a Ciência da Administração.” (CHIAVENATO,
dão, pois interage com as pessoas e suas atitudes, 2004, p. 43).
exige compreensão para liderar com eficiência.
• Habilidades Conceituais: englobam um conheci- A abordagem clássica da administração se divide em:
mento geral das organizações, o gestor precisa - Administração Científica – defendida por Frederick
conhecer cada setor, como ele trabalha e para que Taylor
ele existe. - Teoria Clássica – defendida por Henry Fayol

1.ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO - Os dois autores acima citados partiram de pontos dis-


tintos com a preocupação de aumentar a eficiência na
1.1. Abordagens clássica, burocrática e sistêmica empresa.
da administração. Taylor se preocupava basicamente com a execução
das tarefas enquanto Fayol se preocupava com a estrutu-
O pensamento administrativo caracteriza um ponto ra da organização.
de vista em relação à organização e sua gestão.
Quando temos vários pontos de vista sobre isso te- Frederick Taylor buscou o aumento produtivo to-
mos então o conceito de Teorias Administrativas, que mando como base a eficiência dos trabalhadores. Atra-
são agrupadas por correntes ou escolas, sendo que es- vés da observação do comportamento dos trabalhadores
sas, conforme definição de Maximiano (2006), trata-se da e dos modos de produção, identificou falhas no processo
mesma linha de pensamento ou conjunto de autores que produtivo responsáveis pela baixa produtividade, des-
utilizam o mesmo enfoque. pertando-o para a necessidade de criação de um méto-
PORTANTO: do racional padrão de produção. À esse modelo deu-se
Diferentes pensamentos administrativos = teorias ad- o nome de Administração Cientifica, “devido à tentati-
ministrativas = mesma linha de pensamento ou conjunto va de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos
de autores com mesmo enfoque. operacionais a fim de aumentar a eficiência industrial. Os
principais métodos científicos são a observação e men-
1.2. As teorias administrativas suração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 41).
Henri Fayol, enfatizou a estrutura organizacional e de-
As principais teorias ou abordagens sobre adminis- fendia que: [...] a eficiência da empresa é muito mais do
tração estão classificadas de acordo com as variáveis pri- que a soma da eficiência dos seus trabalhadores, e que
vilegiadas, sendo essas, na ordem, “ênfase em tarefas”, ela deve ser alcançada por meio da racionalidade, isto é,
“ênfase em estruturas”, “ênfase nas pessoas”, “ênfase no da adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que
ambiente”, “ênfase na tecnologia”, sendo que, cada uma se deseja alcançar. (CHIAVENATO, 2000, p. 11).
delas tem seu pano de fundo com seus contextos histó- Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem
ricos, enfatizando os problemas frequentes e destacáveis prescritiva e normativa, uma vez que a ciência adminis-
à época de sua fundamentação, além de, ao focar um trativa, como toda ciência, deve basear-se em leis ou
aspecto, omitia ou relegava os demais a um plano se- princípios globalmente aplicáveis. Sua maior contribui-
cundário. ção para a administração geral são as funções adminis-
Dentre as razões que contribuíram para o surgimento trativas – prever, organizar, comandar, coordenar e con-
das teorias da administração podemos destacar: trolar – que são as próprias funções do administrador
- Consolidação do capitalismo (lógica de mercado) e ainda nos dias atuais.
de novos modos de produção e organização de tra- Nesse modelo, a função administrativa difunde-se
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

balho, que levou ao processo de modernização da proporcionalmente a todos os níveis hierárquicos, dei-
sociedade (substituição da autoridade tradicional xando portanto de ser algo inerente à alta gerência.
pela autoridade racional-legal);
- Crescimento acelerado da produção e força de traba- - Administração Científica - Pressupostos de Fre-
lho desqualificada; derick Taylor
- Ausência de sistematização de conhecimentos em • Organização Formal.
gestão. • Visão de baixo para cima; das partes para o todo.
• Estudo das Tarefas, Métodos, Tempo padrão.
Vejamos alguns aspectos de cada uma delas, inician- • Salário, incentivos materiais e prêmios de produção.
do pela TEORIA CLÁSSICA, considerada a base de todas • Sistema fechado: foco nos processos internos e
as teorias posteriores. operacionais.

2
• Padrão de Produção: eficiência, racionalidade. • Autoridade e Responsabilidade: direito de mandar e
• Divisão equitativa de trabalho e responsabilidade poder de se fazer obedecer;
entre direção e operário. • Disciplina: estabelecer convenções, formais e infor-
• Ser humano egoísta, racional e material: homo eco- mais com seus agentes, para trazer obediência e
nomicus; respeito;
• Estudo de Tempos e Movimentos e Métodos; • Unidade de comando: recebimento de ordens de
• Desenho de Cargos e Tarefas; apenas um superior – princípio escalar;
• Seleção Científica do Trabalhador (eliminação de to- • Unidade de direção: um só chefe e um só programa
dos que não adotem os métodos); para um conjunto de operações que tenham o mes-
• Preocupação com Fadiga e com as condições de mo objetivo;
trabalho; • Subordinação do particular ao geral: O interesse da
• Padronização de instrumentos de trabalho; empresa deve prevalecer ao interesse individual;
• Divisão do Trabalho e Especialização; • Remuneração do pessoal: premiar e recompensar;
• Supervisão funcional: autoridade relativa e dividida • Centralização: concentrar autoridade no topo;
a depender da especialização e da divisão de tra- • Cadeia escalar ou linha de comando: linha de autori-
balho. dade que vai do topo ao mais baixo escalão;
• Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em
2. Princípios da Administração Científica seu lugar;
• Desenvolvimento de uma ciência de Trabalho: • Equidade: tratar de forma benevolente e justa;
uma investigação científica poderá dizer qual a ca- • Estabilidade: manter as pessoas em suas funções
pacidade total de um dia de trabalho, para que os para que possam desempenhar bem;
chefes saibam a capacidade de seus operários; • Iniciativa: liberdade de propor, conceber e executar;
• Seleção e Desenvolvimento Científicos do Empre- • Espírito de equipe: harmonia e união entre as pes-
gado: para atingir o nível de remuneração prevista soas.
o operário precisa preencher requisitos;
• Combinação da Ciência do trabalho com a Se- Comparativo entre Administração Científica e Es-
leção do Pessoal: os operários estão dispostos a cola Clássica
fazer um bom trabalho, mas os velhos hábitos da Enquanto a administração científica preocupava-se
administração resistem à inovação de métodos; na melhoria da produtividade no nível operacional a ges-
• Cooperação entre Administração e Empregados: tão administrativa preocupava-se com a organização em
uma constante e íntima cooperação possibilitará geral e a busca da efetividade.
a observação e medida sistemática do trabalho e
permitirá fixar níveis de produção e incentivos fi- 3. Abordagem burocrática
nanceiros
Defendida por Max Weber, que é considerado o “pai
2.1. Princípios de Taylor da burocracia”, também tem como base a estrutura or-
• Princípio da separação entre o planejamento e a ganizacional.
execução;
• Princípio do preparo; Weber distingue três tipos de sociedade e autorida-
• Princípio do controle; des legítimas:
• Princípio da exceção. • Tradicional: patrimonial, patriarcal, hereditário e de-
legável.
Teoria Clássica – Pressupostos de Henry Fayol • Carismática: personalística, mística.
• Anatomia – estrutura. • Legal, racional ou burocrática: impessoal, formal,
• Fisiologia – funcionamento. meritocrática.
• Visão de cima para baixo; do todo para as partes.
• Funções da Empresa: Técnica, Comercial, Financeira, Outro ponto destacado por Weber é a distinção entre
Segurança, Contábil, Administrativa (coordena as Autoridade e Poder.
demais). • Autoridade: probabilidade de que um comando ou
• Abordagem Prescritiva e Normativa. ordem específica seja obedecido – poder oficializa-
do.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Funções da Administração Clássica - processo or- • Poder: potencial de exercer influência sobre outros,
ganizacional imposição de arbítrio de uma pessoa sobre outras.
• Prever: adiantar-se ao futuro e traçar plano de ação;
• Organizar: constituir o organismo material e social A Burocracia surge na década de 40 em razão da fra-
da empresa; gilidade da teoria clássica e relações humanas, buscando
• Comandar: dirigir o pessoal; organizar de forma estável, duradoura e especializada a
• Coordenar: ligar, unir e harmonizar os esforços; cooperação de indivíduos, apresentando uma aborda-
• Controlar: tudo corra de acordo com as regras. gem descritiva e explicativa, mantendo foco interno e
estudando a organização como um todo.
2.2. Princípios Gerais da Administração Clássica
• Divisão do Trabalho: especializar funções;

3
Principais características: • Fronteiras ou limites: define a área da ação do siste-
• Caráter legal das normas; ma e o grau de abertura em relação ao meio am-
• Caráter formal das comunicações; biente;
• Divisão do trabalho e racionalidade; • Diferenciação: os sistemas tendem a criar funções
• Impessoalidade do relacionamento; especializadas – Integração (coordenação);
• Hierarquização da autoridade; • Equifinalidade: um sistema pode alcançar o mesmo
• Rotinas e procedimentos padronizados; estado final a partir de diferentes condições ini-
• Competência técnica e mérito; ciais;
• Especialização da administração – separação do pú- • Resiliência: determina o grau de defesa ou vulnera-
blico e privado; bilidade do sistema a pressões ambientais externas.
• Profissionalização: especialista, assalariado; segue • Holismo: o sistema só pode ser explicado em sua
carreira. globalidade;
• Sinergia: o todo é maior que a soma das partes;
Vantagens Principais: • Morfogênese: capacidade das organizações de mo-
• Racionalidade dificar a si mesmo e a estrutura;
• Precisão na definição do cargo • Fluxos: componentes que entram e saem do sistema
• Rapidez nas decisões (informação, energia, material);
• Univocidade de interpretação • Feedback: é a retroalimentação, como controle do
• Continuidade da organização: sistema, no qual os resultados retornam ao indiví-
• Redução do atrito entre pessoas duo, para que os procedimentos sejam analisados
• Constância e corrigidos;
• Confiabilidade • Homem Funcional: desempenha um papel específi-
• Benefícios para as pessoas co nas organizações, inter-relacionando-se com os
• O nepotismo é evitado, dificulta a corrupção. demais indivíduos.
A maior vantagem é a democracia: em razão da im- 4.1. Evolução da administração e reformas admi-
pessoalidade e das regras legais, que permitem igualda- nistrativas
de de acesso.
A estruturação da Máquina Administrativa passou por
Desvantagens
sete períodos, vindo de um modelo patrimonial percebida
• Internalização das normas;
até década de 30, na sequencia veio a Era Vargas, onde ve-
• Excesso de formalismo e papelório;
mos o modelo burocrático e na segunda metade da década
• Resistência a mudanças;
de 90, deu início a implementação do modelo gerencial.
• Despersonalização do relacionamento;
• Categorização do relacionamento;
Podemos dividir essa estruturação em sete etapas,
• Superconformidade às rotinas e procedimentos;
quais sejam:
• Exibição de sinais de autoridade;
• Dificuldades com clientes.
1) 1930 a 1945 – Burocratização da Era Vargas:
4. Abordagem sistêmica Nessa primeira etapa, em decorrência do Estado
patrimonial, da falta de qualificação técnica dos
Defendida por Ludwig Von Bertalanffy, a Teoria de servidores, da crise econômica mundial e da di-
Sistemas defende que os sistemas existem dentro de sis- fusão da teoria keynesiana, que pregava a inter-
temas; apresenta a Teoria da forma ou Gestalt; os Siste- venção do Estado na Economia, o governo auto-
mas abertos; tem um objetivo ou propósito; e as partes ritário de Vargas resolve modernizar a máquina
são interdependentes, provocando globalismo. administrativa brasileira através dos paradigmas
burocráticos difundidos por Max Weber. O auge
Características: dessas mudanças ocorre em 1936 com a criação
• Sistema é um conjunto ou combinação de partes, do Departamento Administrativo do Serviço Públi-
formando um todo complexo ou unitário; co (DASP), que tinha como atribuição modernizar
• Organização como sistema vivo: orgânico a máquina administrativa utilizando como instru-
• Comportamento não determinístico e probabilístico; mentos a afirmação dos princípios do mérito, a
centralização, a separação entre público e privado,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Interdependência entre as partes;


• Entropia: característico dos sistemas fechados e or- a hierarquia, a impessoalidade, a rigidez e univer-
gânicos, estabelece que todas as formas de orga- salidade das regras e a especialização e qualifica-
nização tendem à desordem ou à morte; ção dos servidores.
• Negentropia ou Entropia negativa: os sistemas so-
ciais se reabastecem de energia, assegurando su- 2) 1956 a 1960 – A administração paralela de JK:
primento contínuo de materiais e pessoas; A administração paralela foi um artifício utilizado
• Homeostase dinâmica ou Estado Firme: regula o sis- pelo governo JK para atingir o seu Plano de Me-
tema interno para manter uma condição estável, tas e seguir seu projeto desenvolvimentista. Surgiu
mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico com a criação de estruturas alheias à Administra-
de ruptura e inovação; ção Direta.

4
3) 1967 – A reforma militar: Durante a ditadura Assim, partindo-se de uma perspectiva histórica, ve-
militar, a administração pública passa por novas rifica-se que a administração pública evoluiu através de
transformações, tais como: A ampliação da fun- três modelos básicos, que representam três reformas ad-
ção econômica do Estado com a criação de várias ministrativas que se destacam, quais sejam, a administra-
empresas estatais, a facilidade de implantação de ção pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial.
políticas – em decorrência da natureza autoritária Essas três formas se sucedem no tempo, sem que, no
do regime, e o aprofundamento da divisão da ad- entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abando-
ministração pública, mais especificamente através nada.
do Decreto-Lei 200/67, que distinguiu claramente
a Administração Direta (exercida por órgãos dire- 5. Administração Pública Patrimonialista
tamente subordinados aos ministérios) da indireta
(formada por autarquias, fundações, empresas pú- Na sociedade anterior ao capitalismo, o Estado apa-
blicas e sociedades de economia mista). Essa refor- recia como um ente “privatizado”, no sentido de que não
ma trouxe modernização, padronização e norma- havia uma distinção clara, por parte dos governantes,
tização nas áreas de pessoal, compras e execução entre o patrimônio público e o seu próprio patrimônio
orçamentária, estabelecendo ainda, cinco princí- privado, não definia-se limites entre a res publica e a res
pios estruturais da administração pública: planeja- principis, ou seja, a “coisa pública” se confundia com o
mento, coordenação, descentralização, delegação patrimônio particular dos governantes, pois não havia
de competências e controle. uma fronteira muito bem definida entre ambas.
A corrupção e o nepotismo eram extremamente ca-
4) 1988 – A administração pública na nova Cons- racterísticos nesse tipo de administração, tendo como
tituição: A nova Constituição da República Fede- foco atender o interesse particular dos soberanos e de
rativa do Brasil voltou a fortalecer a Administração seus auxiliares, ao invés de priorizar as necessidades co-
Direta instituindo regras iguais as que deveriam ser letivas.
seguidas pela administração pública indireta, prin- Quando surge o capitalismo e a democracia, o cená-
cipalmente em relação à obrigatoriedade de con- rio acima perde espaço, passando a existir uma distinção
cursos públicos para investidura na carreira e aos entre Estado e particular, não havendo mais espaço para a
procedimentos de compras públicas. administração patrimonialista, ou seja, não cabe mais uma
administração que privilegiava uns poucos em detrimento
5) 1990 – O governo Collor e o desmonte da má- de muitos.
quina pública : Essa etapa da administração públi-
ca brasileira é marcada pelo retrocesso da máquina 5.1. Administração Pública Burocrática
administrativa, o governo promoveu a extinção de
milhares de cargos de confiança, a reestruturação Surge como forma de combater a corrupção e o ne-
e a extinção de vários órgãos, a demissão de outras potismo patrimonialista.
dezenas de milhares de servidores sem estabilida- Como princípios de sua proposta temos a profissio-
de e tantos outros foram colocados em disponi- nalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a im-
bilidade. Segundo estimativas, foram retirados do pessoalidade, o formalismo, em síntese, o poder racional
serviço público, num curto período e sem qualquer legal.
planejamento, cerca de 100 mil servidores. A forma de controle é sempre a priori, ou seja, con-
trole dos procedimentos, das rotinas que devem nortear
6) 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC: A re- a realização das tarefas, porem, como a historia anterior
forma administrativa foi o ícone do governo Fer- gerava desconfiança prévia nos administradores públicos
nando Henrique Cardoso em relação à adminis- e nos cidadãos que a eles dirigem suas diversas deman-
tração pública brasileira. A reforma gerencial teve das sociais, esses controles rígidos de processos como,
como instrumento básico o Plano Diretor da Re- por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no
forma do Aparelho do Estado (PDRAE), que visava atendimento aos cidadãos, passa a ser o foco principal,
à reestruturação do aparelho do Estado para com- descaracterizando a missão básica do modelo, que é ser-
bater, principalmente, a cultura burocrática. vir à sociedade.
A principal qualidade da administração pública bu-
7) Nova Administração Pública: O movimento “re- rocrática é o controle dos abusos contra o patrimônio
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

inventando o governo” difundido nos EUA e a re- público; o principal defeito, a ineficiência, a incapacida-
forma administrativa de 95, introduziram no Brasil de de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos como
a cultura do management, trazendo técnicas do “clientes”.
setor privado para o setor público e tendo como Vale aqui destacar alguns comentários adicionais
características básicas: sobre o termo “Burocracia”, trazidos por Max Weber,
● O foco no cliente que na década de 20, publicou estudos sobre o que ele
● A reengenharia chamou o tipo ideal de burocracia, ou seja, um esque-
● Governo empreendedor ma que procura sintetizar os pontos comuns à maioria
● Administração da qualidade total das organizações formais modernas, que ele contrastou
com as sociedades primitivas e feudais. As organizações
burocráticas seriam máquinas totalmente impessoais,

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que funcionam de acordo com regras que ele chamou Uma sociedade, organização ou grupo que depen-
de racionais – regras que dependem de lógica e não de de de leis racionais tem estrutura do tipo legal-racio-
interesses pessoais. nal ou burocrática. É uma burocracia.
Weber estudou e procurou descrever o alicerce for- A autoridade legal-racional ou autoridade burocrá-
mal-legal em que as organizações reais se assentam. Sua tica substituiu as fórmulas tradicionais e carismáticas
atenção estava dirigida para o processo de autoridade nas quais se baseavam as antigas sociedades. A admi-
obediência (ou processo de dominação) que, no caso das nistração burocrática é a forma mais racional de exercer
organizações modernas, depende de leis. No modelo de a dominação. A burocracia, ou organização burocrática,
Weber, as expressões “organização formal” e “organiza- possibilita o exercício da autoridade e a obtenção da
ção burocrática” são sinônimas. obediência com precisão, continuidade, disciplina, rigor
“Dominação” ou autoridade, segundo Weber, é a e confiança.
probabilidade de haver obediência dentro de um grupo Portanto, todas as organizações formais são buro-
determinado. Há três tipos puros de autoridade ou do- cracias. A palavra burocracia identifica precisamente as
minação legítima (aquela que conta com o acordo dos organizações que se baseiam em regulamentos. A so-
dominados): ciedade organizacional é, também, uma sociedade bu-
rocratizada. A burocracia é um estágio na evolução das
- Dominação de caráter carismático organizações.
Repousa na crença da santidade ou heroísmo de De acordo com Weber, as organizações formais mo-
uma pessoa. A obediência é devida ao líder pela dernas baseiam-se em leis, que as pessoas aceitam por
confiança pessoal em sua revelação, heroísmo ou acreditarem que são racionais, isto é, definidas em fun-
exemplaridade, dentro do círculo em que se acre- ção do interesse das próprias pessoas e não para satisfa-
dita em seu carisma. zer aos caprichos arbitrários de um dirigente.
A atitude dos seguidores em relação ao dominador O tipo ideal de burocracia, formulado por Weber,
carismático é marcada pela devoção. Exemplos são apresenta três características principais que diferenciam
líderes religiosos, sociais ou políticos, condutores estas organizações formais dos demais grupos sociais:
de multidões de adeptos. O carisma está associado • Formalidade: significa que as organizações são
a um tipo de influência que depende de qualida- constituídas com base em normas e regulamentos
des pessoais. explícitos, chamadas leis, que estipulam os direitos
e deveres dos participantes.
-Dominação de caráter tradicional • Impessoalidade: as relações entre as pessoas que
Deriva da crença quotidiana na santidade das tradi- integram as organizações burocráticas são gover-
ções que vigoram desde tempos distantes e na nadas pelos cargos que elas ocupam e pelos di-
legitimidade daqueles que são indicados por essa reitos e deveres investidos nesses cargos. Assim, o
tradição para exercer a autoridade. que conta é o cargo e não a pessoa. A formalidade
A obediência é devida à pessoa do “senhor”, indica- e a impessoalidade, combinadas, fazem a burocra-
do pela tradição. A obediência dentro da família, cia permanecer, a despeito das pessoas.
dos feudos e das tribos é do tipo tradicional. Nos • Profissionalismo: os cargos de uma burocracia ofe-
sistemas em que vigora a dominação tradicional, recem a seus ocupantes uma carreira profissional e
as pessoas têm autoridade não por causa de suas meios de vida. A participação nas burocracias tem
qualidades intrínsecas, como acontece no caso ca- caráter ocupacional.
rismático, mas por causa das instituições tradicio- Apesar das vantagens inerentes nessa forma de orga-
nais que representam. É o caso dos sacerdotes e nização, as burocracias podem muitas vezes apre-
das lideranças, no âmbito das instituições, como os sentar também uma série de disfunções, conforme
partidos políticos e as corporações militares. a seguir:
• Particularismo – Defender dentro da organização
-Dominação de caráter racional interesses de grupos internos, por motivos de con-
Decorre da legalidade de normas instituídas racio- vicção, amizade ou interesse material.
nalmente e dos direitos de mando das pessoas a • Satisfação de Interesses Pessoais – Defender inte-
quem essas normas responsabilizam pelo exercício resses pessoais dentro da organização.
da autoridade. A autoridade, portanto, é a contra- • Excesso de Regras – Multiplicidade de regras e exi-
partida da responsabilidade. gências para a obtenção de determinado serviço.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No caso da autoridade legal, a obediência é devida às • Hierarquia e individualismo – A hierarquia divi-


normas impessoais e objetivas, legalmente instituí- de responsabilidades e atravanca o processo de-
das, e às pessoas por elas designadas, que agem cisório. Realça vaidades e estimula disputas pelo
dentro de uma jurisdição. A autoridade racional poder.
fundamenta-se em leis que estabelecem direitos • Mecanicismo – Burocracias são sistemas de cargos
e deveres para os integrantes de uma sociedade limitados, que colocam pessoas em situações alie-
ou organização. Por isso, a autoridade que Weber nantes.
chamou de racional é sinônimo de autoridade for-
mal. Portanto, as burocracias apresentam dois grandes
“problemas” ou dificuldades: em primeiro lugar, certas
disfunções, que as descaracterizam e as desviam de seus

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objetivos; em segundo lugar, ainda que as burocracias deve ser permeável à maior participação dos agentes
não apresentassem distorções, sua estrutura rígida é privados e/ou das organizações da sociedade civil e des-
adequada a certo tipo de ambiente externo, no qual não locar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resul-
há grandes mudanças. A estrutura burocrática é, por na- tados (fins).
tureza, conservadora, avessa a inovações; o principal é a A administração pública gerencial inspira-se na ad-
estabilidade da organização. ministração de empresas, mas não pode ser confundida
Mas, como vimos, as mudanças no ambiente exter- com esta última. Enquanto a administração de empresas
no determinam a necessidade de mudanças internas, e está voltada para o lucro privado, para a maximização
nesse ponto o paradigma burocrático torna-se superado. dos interesses dos acionistas, esperando-se que, através
do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a admi-
6. Administração Pública gerencial nistração pública gerencial está explícita e diretamente
voltada para o interesse público.
Surge na segunda metade do século XX, como res- Neste último ponto, como em muitos outros (pro-
posta à expansão das funções econômicas e sociais do Es- fissionalismo, impessoalidade), a administração pública
tado e ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da gerencial não se diferencia da administração pública bu-
economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra rocrática. Na burocracia pública clássica existe uma no-
os problemas associados à adoção do modelo anterior. ção muito clara e forte do interesse público. A diferença,
Torna-se essencial a necessidade de reduzir custos porém, está no entendimento do significado do interesse
e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão público, que não pode ser confundido com o interesse
como beneficiário, resultando numa maior eficiência da do próprio Estado. Para a administração pública burocrá-
administração pública. A reforma do aparelho do Estado tica, o interesse público é frequentemente identificado
passa a ser orientada predominantemente pelos valores com a afirmação do poder do Estado.
da eficiência e qualidade na prestação de serviços públi- A administração pública gerencial vê o cidadão como
cos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas contribuinte de impostos e como uma espécie de “clien-
organizações. te” dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado
A administração pública gerencial constitui um avan- são considerados bons não porque os processos admi-
ço, e até certo ponto um rompimento com a adminis- nistrativos estão sob controle estão seguros, como quer
tração pública burocrática. Isso não significa, entretanto, a administração pública burocrática, mas porque as ne-
que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a ad- cessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
ministração pública gerencial está apoiada na anterior, O paradigma gerencial contemporâneo, fundamen-
da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus tado nos princípios da confiança e da descentralização
princípios fundamentais, como: da decisão, exige formas flexíveis de gestão, de estrutu-
• A admissão segundo rígidos critérios de mérito ras, descentralização de funções, incentivos à criatividade.
(concurso público); Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico
• A existência de um sistema estruturado e universal da burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à recom-
de remuneração (planos de carreira); pensa pelo desempenho, e à capacitação permanente, que
• A avaliação constante de desempenho (dos funcio- já eram características da boa administração burocrática,
nários e de suas equipes de trabalho); acrescentam-se os princípios da orientação para o cida-
• O treinamento e a capacitação contínua do corpo dão-cliente, do controle por resultados, e da competição
funcional. administrada.

A diferença fundamental está na forma de controle, 7. A nova gestão pública.


que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se
nos resultados. A rigorosa profissionalização da adminis- Nas últimas décadas, a administração pública brasileira
tração pública continua sendo um princípio fundamental. passou por grandes transformações, sobretudo como par-
te do trânsito para a democracia. Desenvolveram-se novas
Na administração pública gerencial a estratégia vol- práticas e expectativas de modernização, mas muitas de
ta-se para: suas características tradicionais não foram removidas.
1. A definição precisa dos objetivos que o administra- A Revista de Administração Pública (RAP) surgiu numa
dor público deverá atingir sua unidade; época em que a administração pública possuía forte
2. A garantia de autonomia do administrador na ges- presença na sociedade, não só por causa das funções
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tão dos recursos humanos, materiais e financeiros de controle não-democrático, mas também porque se
que lhe forem colocados à disposição para que procurava o desenvolvimento com base em projetos
possa atingir os objetivos contratados; públicos de grande escala. Pensava-se que a própria ex-
3. O controle ou cobrança posterior dos resultados. pansão do Estado fosse suficiente para garantir mais e
melhores serviços, bem como maior acesso comunitário
Adicionalmente, pratica-se a competição administrada e equidade nas decisões distributivas. Nesse sentido, nos
no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade primeiros 20 anos da RAP, a administração pública teve
de estabelecer concorrência entre unidades internas. crescimento considerável.
No plano da estrutura organizacional, a descentrali- No entanto, a experiência histórica revelou que sim-
zação e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se es- plesmente expandir as atividades do Estado e as funções
senciais. Em suma, afirma-se que a administração pública serviu menos ao propósito de alcançar maior equidade

7
e eficácia na administração pública do que ao desenvol- por meios formais — ocupação de cargos de direção —,
vimento de formas de inserção de novos grupos prefe- mas também informalmente, por meio de redes de apoio
renciais. e de interação ligadas por laços de lealdade. Procuram
Nessa época descrevia-se a administração pública bra- o acesso a recursos públicos para reforçar a lealdade
sileira pelos seus aspectos mais patrimonialistas e pater- política de base e preservar a liderança sobre determina-
nalistas. Viam-se as suas relações com a sociedade como dos setores da comunidade. Esses recursos são utilizados
extremamente frágeis. Na verdade, a administração pública para satisfazer não somente interesses políticos de poder
desenvolveu-se como um dos grandes instrumentos para a como também interesses sociais e particulares. Tais grupos
manutenção do poder tradicional, e carregava fortes caracte- dominam máquinas partidárias para evitar que alternativas de
rísticas desse poder. A forma de organização e gestão obedecia política pública, contrárias aos seus interesses, sejam considera-
menos a critérios técnicos racionais e democráticos para a pres- das no processo decisório governamental. Controlam estruturas
tação de serviços e mais a sistemas de loteamento político, para burocráticas de governo para garantir, durante longos períodos,
manter coalizões de poder e atender a grupos preferenciais. o uso preferencial de grandes fatias do orçamento público.
Em grande parte, a expansão do Estado se fez sem O uso de recursos públicos é o mecanismo básico de
alterar substancialmente suas relações com a sociedade. preservação do poder: são utilizados menos para atender
Por ter ainda alicerces frágeis na sociedade, o Estado bra- a demandas e necessidades reais da comunidade e mais
sileiro, como organização, consiste ainda em uma supe- para a troca de favores e os interesses particulares do
restrutura que flutua sobre os cidadãos. grupo. Como a lealdade aos membros do grupo é maior
  do que à instituição pública, tais grupos são capazes de
A formalidade institucional possui limites para ex- manter a coalizão a qualquer custo, inclusive às expensas
plicar a evolução da administração pública brasileira. Fa- do aumento dos gastos governamentais.
tores de informalidade prevalecem e determinam muito Normalmente, esses grupos preferem dominar as
do que se decide e se executa na administração brasilei- áreas sociais por serem mais diretamente ligadas às
ra, compreendendo seus três níveis de governo: federal, maiores demandas da população. Setores sociais são pri-
estadual e municipal. Por estarem inseridos na cultura vilegiados para o exercício do assistencialismo paterna-
sociopolítica do país, esses fatores não são facilmente lista; propiciam ao líder do grupo o exercício da “bonda-
removíveis ou contornados por meio de reformas admi- de” por meio da concessão de benefícios e favores com
nistrativas de lógica racional burocrática. o dinheiro público. Assim, os líderes políticos e dirigentes
Fatores de informalidade continuam a chamar a aten- públicos podem favorecer segmentos da população sob
ção dos estudiosos e analistas da gestão pública, além sua influência, fazendo-os crer que o benefício concedi-
de ser retratados cotidianamente na mídia como práticas do é uma concessão pessoal do líder, e não um direito
comuns de gestão. São exemplos marcantes o persona- individual ou um valor de cidadania. O resultado final é o
lismo paternalista e a presença de grupos preferenciais reforço do poder e da liderança tradicionais.
que se organizam por fora das instituições, mas que pro- Vale ressaltar que esses grupos que se inserem e do-
curam manter fortes relações com o Estado. Esses fatores minam setores da administração pública não são peque-
distanciam os cidadãos da gestão pública, desenvolven- nos grupos de aproveitadores ou perturbadores margi-
do a síndrome nós-eles. nais da ordem administrativa; são grupos organizados e
No entanto, o personalismo elitista concorre para en- institucionalizados dentro do sistema político. Transfor-
fraquecer substancialmente as instituições. Estas existem mam o Estado num campo minado de lutas políticas, mas
em função das pessoas que as dirigem, e a mudança da mantidas nos limites das estruturas formais para não ferir
pessoa no topo muda profundamente políticas e com- a estabilidade e legitimidade do sistema. Por esse motivo,
promissos institucionais. as discórdias são bem toleradas e, de preferência, confina-
Na administração pública, dirigentes, normalmen- das à arena política predeterminada, que é o Estado.
te prepostos de líderes políticos, tendem a inserir suas Visto segundo uma lógica da gestão moderna, o sis-
opções pessoais como fator diferenciador. Desprezam, tema administrativo pode parecer altamente irracional,
assim, não só o racionalmente instituído como também mas para os grupos preferenciais que dele se servem
opções e conquistas de seus antecessores. A desconti- representa um sistema lógico e altamente racional. Ba-
nuidade é justificada como necessária à inovação. Na seia-se em valores e práticas tradicionais: assenta grande
verdade, resulta mais em garantir acesso a novos grupos parte do poder político no distanciamento autoritário, no
de poder e ressaltar a liderança de uma pessoa e menos paternalismo e no exercício da bondade.
em modernizar a gestão. Compromissos formais institu- E esses grupos não criam rupturas nas dimensões for-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cionalmente estabelecidos necessitam ser renegociados mais da administração pública. Procuram seguir os pas-
a cada novo dirigente. Na verdade, não há contratos com sos formais, mas repletos de acomodação, concessões
instituições, mas com pessoas. O personalismo fragiliza e opções de natureza paternalista. Por terem lealdade
as instituições públicas, deixando-as altamente vulnerá- quase nula à instituição pública, circulam facilmente en-
veis e dependentes da pessoa de um único dirigente. tre as repartições, procurando obter melhores benefícios,
A administração pública era em grande parte domina- indiferentes aos danos que causam, tanto ao interesse
da por grupos preferenciais que visavam garantir seus in- quanto ao orçamento público.
teresses e a proteção mútua de seus membros. Apesar da Os cidadãos passam a ser receptores passivos da
modernização, muitos desses grupos ainda se aglutinam bondade. Ao receber benefícios, veem seus líderes e di-
no aparato estatal em busca de recursos para garantir rigentes como os mais bondosos e por isso merecedores
sua sobrevivência. Inserem-se em órgãos administrativos de reconhecimento e apoio político.

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 8. A era pós-Constituição: a redemocratização e as transformar e introduzir na gestão pública o estilo priva-
novas conquistas constitucionais do. Além de ampliarem a importação de técnicas típicas
da área privada, propõem sempre com grande ênfase
Com a redemocratização, a inspiração neoliberal e as eliminação, privatização e terceirização de serviços.
referências das inovações oriundas de países mais avan- Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as
çados, os movimentos de reforma procuravam centrar-se ideias sobre reformar a administração, com premissas
nas especificidades das diversas organizações públicas, à de radicalismo e promessas de eficiência imediata, são
semelhança das mudanças na área privada. A perspectiva sempre atraentes, dadas as dificuldades que os cidadãos
básica era a eficiência e capacidade de resposta da admi- enfrentam em tratar de seus interesses em qualquer or-
nistração pública e melhora da gerência pública. Passou- ganização pública. Ao entrar em contato com uma repar-
-se a questionar o tradicionalismo da administração pú- tição pública, a maioria dos cidadãos experimenta uma
blica, mas incorporando os fundamentos democráticos história de relativo descaso e má qualidade no atendi-
implantados na nova Constituição, como a subordinação mento, sobretudo na área social. Para essas pessoas, a
da administração pública a mandatos políticos conquis- ineficiência no serviço é um sintoma de iniquidade social,
tados em eleições democráticas. já que os mais afortunados normalmente dispõem de
Em períodos não-democráticos, as tentativas de apa- outros meios.
rência tecnocrática ofuscaram muitos dos problemas de Ao imitar a gestão privada, as propostas contemporâ-
embates políticos, não porque deixassem de existir, mas neas assumem a singularidade do cliente e suas deman-
porque havia sempre um lado repressor. das como fundamentais na gestão pública. Por presu-
Com as novas inspirações ideológicas, começou-se a mirem a validade universal do management e, portanto,
delinear a ideia de que os governos não poderiam so- sua aplicabilidade igualmente às organizações públicas e
zinhos conduzir ao progresso. O desenvolvimento pas- privadas, veem a reforma como uma simples questão de
sou a ser visto como algo complexo e gigantesco, e as modernização gerencial. Antes de planejar suas ações ou
máquinas administrativas tradicionais não como fator de oferta de serviços, as organizações públicas devem co-
modernização, mas obstáculos ao progresso. Surgiram nhecer as demandas de sua clientela. A organização pú-
movimentos significativos, em muitos países e apoiados blica existe para servir o indivíduo: deve centralizar suas
por entidades internacionais, para proclamar a descrença ações na demanda do cliente e na sua escolha. Como no
nas possibilidades da administração pública de conduzir mercado, cliente é categoria primordial, e deve ser consi-
o desenvolvimento. derado em todas as instâncias.
Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a adminis- Essa ideologia veio contaminada e reforçada pelos
tração pública tornaram-se pontos importantes de uma valores dos países mais avançados, onde o individua-
nova agenda política. Ao contrário das experiências ante- lismo fundamentado na igualdade das oportunidades
riores, essa modernização se inspirou fortemente nos mo- constitui uma prática social comum. Por isso esses mo-
delos de gestão privada, considerados superiores e mais delos centram-se mais no indivíduo (clientes e funcioná-
eficazes. rios) e menos no contexto. A ideologia liberal centrada
Assim, as principais mudanças seriam transferir fun- no indivíduo valoriza a iniciativa, o espírito empreende-
ções estatais para a área privada e as restantes seriam dor e o desempenho e realização individuais. As pessoas
administradas com formas o mais próximo possível das se singularizam perante os outros pelo seu desempenho
praticadas nas empresas privadas. e merecem ser tratadas diferentemente pelas desigual-
Tendo a representação democrática como premissa, dades conquistadas. Assim, métodos de avaliação de
tentou-se valorizar as técnicas administrativas e a com- desempenho individual e organizacional passaram a ser
petência neutra dos servidores, presumindo sempre a propostos com maior vigor.
sua ação por delegação política e não por autonomia
própria. A administração eficiente seria consequência Tais ideias de reforma não progrediram com a ênfase
natural de instrumentos gerenciais, como estruturas e desejada porque esbarraram em fatores históricos tradi-
códigos de procedimentos adequados e boas regras or- cionais ainda prevalecentes e que não se coadunam com
çamentárias e gestão de pessoal. Pela falta de eficiência, práticas neoliberais.
culpavam-se a inadequação das estruturas e dos proce- Ainda prevalece e se reforça a visão de ser a admi-
dimentos e a inabilidade dos próprios servidores. Ajustes nistração pública responsável por reduzir a desigualda-
administrativos seriam feitos de acordo com novos pro- de social tanto por medidas desenvolvimentistas quanto
pósitos políticos, adquiridos em eleições, ou com novas por programas sociais compensatórios.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tecnologias administrativas. As reformas preservavam as Na prática neoliberal de países mais avançados, a


estruturas organizacionais, favoreciam a rigidez dos có- gestão pública deve agir no sentido de manter a igualda-
digos administrativos, e algumas propostas mais auda- de perante a lei e de garantir oportunidades iguais, salvo
ciosas propunham maior descentralização e autonomia nos casos em que as chances não são claramente iguais.
organizacional. Entretanto, não se questionava funda- Programas sociais se justificam mais facilmente pela de-
mentalmente a administração pública, senão sua inefi- sigualdade de oportunidades do que pela compensação
ciência ou iniquidade. de diferenças de desempenho.
Em grande parte, essas reformas colocavam em cau-  A permanência de fortes relações com grupos prefe-
sa a própria viabilidade da administração pública como renciais faz a administração brasileira ser retratada ainda
condutora de eficiência ou de eficácia na gestão de servi- como de grande base patrimonialista. As relações patri-
ços e na ação redistributiva. Os novos modelos procuram moniais contradizem não somente as possibilidades de

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uma administração modernizada no sentido mais amplo algumas barreiras burocráticas tanto para a obtenção de
do interesse público como também as práticas liberais serviços rotineiros quanto para o recebimento de aten-
tão proclamadas como a opção política dos últimos anos. ção social, como saúde e educação.
Como a administração pública e a cultura tradicional Ultimamente parece se ter reforçado a ilusão tradicional
são ainda bastante interligadas, apesar dos progressos de que uma nova qualidade da decisão ou uma nova legiti-
na modernização institucional, os relatos cotidianos na midade da política pública seriam suficientes para produzir
mídia ainda demonstram forte ligação da coisa pública maior eficiência na administração pública. Dessa forma, não
com interesses privados de grupos preferenciais. seria necessário pensar em grandes reformas administra-
O mundo das relações informais é fundamentalmente tivas porque a nova direção faria naturalmente a máquina
baseado no aspecto político tradicional, mas se ampliou administrativa responder com maior produtividade e qua-
pelo reforço de aspectos psicológicos culturais, como a lidade. Presume-se, assim, que dificuldades administrativas
maior descrença dos cidadãos na representação política anteriores são simples produto de falta de legitimidade e
e, em decorrência, nos órgãos da administração pública. de apoio político mais amplo. Resolvidas essas questões por
Com a crença reduzida nas instituições e na formalidade vitórias eleitorais, o resto seria decorrência natural.
burocrática, buscam-se o informal e novas instituições Portanto, muitos novos dirigentes chegam às posi-
da sociedade, como associações de usuários, cidadãos ções de direção político-administrativas para se frustrar
e ONGs, para proteger interesses e direitos. Essas orga- rapidamente com a máquina burocrática: redescobrem
nizações e associações comunitárias diversas procuram que formas tradicionais de agir e de se comportar, culti-
contornar as instituições públicas existentes tentando vadas secularmente, não mudam por simples reposição
assumir tarefas antes vistas como exclusivas do Estado e da liderança administrativa.
mesmo influenciar a gestão de órgãos públicos e a repre- Não resta dúvida de que houve no país uma amplia-
sentatividade política. ção da legitimação política: novos programas sociais
Favorecidas pela consciência popular sobre a inefi- rompem laços de grupos preferenciais tradicionais que
cácia da administração pública em relação à equidade dominavam paternalisticamente a redistribuição de be-
política, econômica e social, essas novas associações e nefícios. Novos canais de distribuição de recursos sociais
organizações agregam um espírito de proteção de inte- retiram de grupos locais tradicionais o seu poder de pro-
resses da maioria para contrapor-se à crença de que as vedor único ou canal privilegiado de acesso ao poder.
instituições formais defendem e protegem interesses de Reconhecem-se nas comunidades novas lideranças e
uns poucos. formas de obter benefícios. Destrói-se grande parte dos
Na verdade, essas novas instâncias também agem no sistemas locais de acesso ao poder burocrático repondo-
sentido de penetrar nas organizações públicas para de- -os com novas lideranças. Pode-se arguir ser apenas uma
fender interesses de suas clientelas, por serem esses in- troca de liderança, apenas a mudança de uma pessoa no
teresses julgados legítimos, mas desprezados pelas elites poder, mantendo-se porém o mesmo caráter paterna-
administrativas. Praticam também a informalidade nas lista. De fato, parte das condições e formas tradicionais
relações pessoais para atingir seus objetivos. Mesmo se de distribuição, troca e lealdade se mantém. No entan-
aceitando uma contraposição legítima de fazer prevale- to, vale notar a troca de liderança feita fora dos grupos
cerem direitos não-reconhecidos, a prática da informali- tradicionais de poder. Há novas dimensões de lealdade
dade excessiva, inclusive nesses casos, concorre para en- fora do caciquismo tradicional. Há mais dificuldades de
fraquecer as instituições democráticas de representação acesso e domínio dos cargos públicos locais e mais plu-
política e de ação administrativa. ralidade nas pelejas políticas.
Assim, a administração pública brasileira ainda car- Ademais, a nova lealdade aos provedores da ação
rega tradições seculares de características semifeudais distributiva se transfere para líderes maiores não presen-
e age como um instrumento de manutenção do poder tes na localidade e, portanto, não mais facilmente destru-
tradicional. Apesar do progresso em muitas instâncias de tíveis por novos ou antigos caciques locais. Somente no-
governo, as formas de ação obedecem menos a razões vos líderes nacionais ou regionais, de igual credibilidade,
técnico-racionais e mais a critérios de loteamento políti- poderiam, em princípio, repor essas lideranças.
co, para manter coalizões de poder e para atender a ob- A modernização efetiva do Estado somente poderá ad-
jetivos de grupos preferenciais. vir de formas que alterem o sistema de poder e o aglome-
No Brasil contemporâneo, a democratização e os no- rado político que o constitui; em outras palavras, reformas
vos processos eleitorais e os dispositivos constitucionais que redistribuam os recursos de poder e alterem os canais
ajudam a levantar ou reacender expectativas sobre mais de comunicação entre o público e sua administração.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e melhores serviços, o que, aos poucos, provoca rupturas Em países em desenvolvimento, com experiências si-
nas estruturas políticas tradicionais e o surgimento de milares à brasileira, tem se verificado que as forças polí-
novas formas de gestão. ticas emergentes não chegam ao poder por retração vo-
No entanto, a crescente descrença nos mecanismos luntária dos grupos preferenciais. Novos espaços, regras
políticos tradicionais de representação e nas instituições e estruturas políticas que repartam e unam novos recur-
especializadas, como os partidos políticos, para apresen- sos de poder são necessários para garantir a representa-
tar novas alternativas de ação pública tem dificultado ção de novos grupos sociais.
esse progresso. Pode ser mais lenta a reversão da idéia Essa modernização da administração publica nos leva
de que os governos agem, prioritariamente, para benefi- à analise da nova gestão pública, que passa pela reforma
ciar grupos preferenciais e ajudar a manter a coalizão de do Estado, que se tornou tema central nos anos 90 em
poder. Mas já é notável o reconhecimento da quebra de todo o mundo, é uma resposta ao processo de globaliza-

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ção em curso, que reduziu a autonomia dos Estados de nistrativa promovida por Maurício Nabuco e Luís Simões
formular e implementar políticas e principalmente à crise Lopes. É a burocracia que Max Weber descreveu, basea-
do Estado, que começa a se delinear em quase todo o da no princípio do mérito profissional (MARE, 1997).
mundo nos anos 70, mas que só assume plena definição No texto do MARE (1997), ainda se considera que,
nos anos 80. No Brasil, a reforma do Estado começou embora tenham sido valorizados instrumentos impor-
nesse momento, em meio a uma grande crise econômi- tantes à época, tais como o instituto do concurso público
ca, que chega ao auge em 1990 com um episódio hipe- e do treinamento sistemático, não se chegou a adotar
rinflacionário. A partir de então ela se torna imperiosa. O consistentemente uma política de recursos humanos que
ajuste fiscal, a privatização e a abertura comercial, que respondesse às necessidades do Estado. O patrimonialis-
vinham sendo ensaiados nos anos anteriores são então mo, contra o qual a administração pública burocrática se
atacados de frente (MARE, 1997). instalara, embora em processo de transformação, manti-
No entanto, a reforma administrativa, só se efetivou nha ainda sua própria força no quadro político brasileiro.
como tema central no Brasil em 1995, após a eleição e a A expressão local do patrimonialismo - o coronelismo -
posse de Fernando Henrique Cardoso. Nesse ano ficou dava lugar ao clientelismo e ao fisiologismo e continuava
claro para a sociedade brasileira que essa reforma tor- a permear a administração do Estado brasileiro.
nara-se condição, de um lado, da consolidação do ajuste A administração pública burocrática foi adotada para
fiscal do Estado brasileiro e, de outro, da existência no substituir a administração patrimonialista, que caracteri-
país de um serviço público moderno, profissional e efi- zou as monarquias absolutas, na qual o patrimônio pú-
ciente, voltado para o atendimento das necessidades dos blico e o privado eram confundidos.
cidadãos. O nepotismo e o empreguismo, senão a corrupção
Outra consideração foi na área da desregulamenta- era a norma. Tornou-se assim necessário desenvolver um
ção, quando a proposta era a de reduzir as regras e in- tipo de administração que partisse não apenas da cla-
tervenção do Estado aos aspectos onde ela é absoluta- ra distinção entre o público e o privado, mas também
mente necessária. Na reforma administrativa, toda uma da separação entre o político e o administrador público
série de medidas contribuíram para diminuir o chamado (MARE, 1997).
“entulho burocrático” - disposições normativas excessi- Surge assim a administração burocrática moderna,
vamente detalhadas, que só contribuem para o engessa- racional-legal; a organização burocrática capitalista, ba-
mento da máquina e muitas vezes à sua intransparência seada na centralização das decisões, na hierarquia tradu-
(BERETTA, 2007). zida no princípio da unidade de comando, os Dois Ob-
A maior contribuição da reforma administrativa está jetivos e os Setores do Estado na estrutura piramidal do
poder, nas rotinas rígidas, no controle passo a passo dos
voltada à governança, entendida como o aumento da ca-
processos administrativos.
pacidade de governo, através da adoção dos princípios
Também surge a burocracia estatal formada por ad-
da administração gerencial:
ministradores profissionais especialmente recrutados e
Orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário
treinados, que respondem de forma neutra aos políticos
de seus serviços; ênfase no controle de resultados atra-
(MARE, 1997 – CADERNO 3).
vés dos contratos de gestão; fortalecimento e autonomia
Como a administração pública burocrática vinha
da burocracia no core das atividades típicas de Estado,
combater o patrimonialismo e foi implantada no século
em seu papel político e técnico de participar, junto com XIX, no momento em que a democracia dava seus pri-
os políticos e a sociedade, da formulação e gestão de po- meiros passos, era natural que desconfiasse de tudo e
líticas públicas; separação entre as secretarias formula- de todos - dos políticos, dos funcionários, dos cidadãos
doras de políticas e as unidades executoras dessas políti- (MARE, 1997).
cas, e contratualização da relação entre elas, baseada no Segundo o MARE (1997), a administração pública ge-
desempenho de resultados; adoção cumulativa de três rencial parte do pressuposto de que já se chegou a um
formas de controle sobre as unidades executoras de po- nível cultural e político em que o patrimonialismo está
líticas públicas: controle social direto (através da transpa- condenado e a democracia é um regime político conso-
rência das informações, e da participação em conselhos); lidado.
controle hierárquico gerencial sobre resultados (através Segundo Beretta (2007), são grandes os impactos
do contrato de gestão); controle pela competição admi- pretendidos com a administração gerencial, no grau de
nistrada, via formação de quase-mercados (BRESSER PE- accountability (entendida como responsabilidade ou
REIRA, 1997, p. 42). intuito de prestar contas a sociedade) das instituições
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dessa forma, a reforma administrativa distingue-se públicas, e aqui se abrem a ligações entre governança e
das propostas de total ‘insulamento burocrático’, apro- governabilidade democrática.
ximando-se mais do conceito de ‘autonomia inserida’ de Na concepção da atual reforma administrativa, a go-
Peter Evans (1995, apud BERETTA, 2007). vernabilidade depende de várias dimensões políticas,
dentre elas a qualidade das instituições políticas quanto
9. Da Administração Burocrática à Gerencial à intermediação de interesses; a existência de mecanis-
mos de responsabilização (accountability) dos políticos e
A administração burocrática clássica, baseada nos burocratas perante a sociedade, a qualidade do contra-
princípios de administração do exército prussiano, foi to social básico. Essas dimensões remetem lato sensu à
implantada nos principais países europeus no final do sé- reforma política, essencial à reforma do Estado no Brasil
culo passado e no Brasil, em 1936, com a reforma admi- (BRESSER PEREIRA, 1997, p. 36).

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A reforma gerencial da administração pública, ao Portanto, o gestor público não precisa temer a ges-
modificar de maneira essencial as formas de controle no tão pública, por receio de perda de poder político, mas
interior do aparato estatal, ao se referir sobre a alta buro- ao contrário, deve conhecê-la e utilizá-la como forma in-
cracia e sobre as instituições públicas, dando ao mesmo teligente de aumento de seu prestígio político porque
tempo maior transparência às decisões administrativas, somente através dela será possível dirigir política e admi-
mostrando-as à sociedade, e não apenas da própria bu- nistrativamente uma pessoa ou organização estatal com
rocracia, pode contribuir para o aumento da responsabi- objetividade, racionalidade e eficiência (SILVA, 2007).
lização dos administradores públicos. Para isto, a infor- A gestão pública, portanto, considerando o princípio
mação é insumo fundamental. E não há, aí, contraposição econômico da escassez, em que as demandas sociais são
entre aumento de eficiência e aumento de responsabili- ilimitadas e os recursos financeiros para satisfazê-las são
dade (BERETTA, 2007). escassos, deve priorizar a administração adequada, eficaz
Em síntese, a administração pública gerencial está e eficiente de tudo aquilo que for gerado no seio social,
baseada em uma concepção de Estado e de sociedade sempre tendo em vista o interesse do coletivo.
democrática e plural, enquanto que a administração pú- Somados ao conceito de gestão pública, é relevante
blica burocrática tem um vezo centralizador e autoritário. entender o que vem a ser o moderno dentro dessa aná-
O fato é que a reforma administrativa em curso não lise, portanto, usam-se as concepções de alguns auto-
é suficiente para superar as responsabilidades existentes res como Bueno e Oliveira (2002), que conceituam ser a
no país. Não pode, nem pretende de imediato, alterar modernização da administração carregada de objetivos
significativamente a composição do gasto público, ou a a serem cumpridos, como: combater o patrimonialismo e o
lógica orçamentária. clientelismo vigentes durante tantos anos; melhorar a qua-
Mas pode contribuir pelo menos quanto a um dos lidade da sua prestação de serviços à sociedade; aprimorar
lados perversos das políticas sociais: o mau uso dos re- o controle social; fazer mais ao menor custo possível, au-
cursos disponíveis. Pode também favorecer a construção mentando substancialmente a sua eficiência, pois não há
da governabilidade democrática, via maior transparência recursos infinitos disponíveis para o alcance de todas as
e responsabilidade do aparelho de Estado. demandas sociais, conforme conceituam. Neste sentido,
Garde (2001, apud Marques, 2003, p. 221), conceitua que:
10. Conceitos de gestão pública A nova Gestão Pública trata de renovar e inovar o fun-
cionamento da Administração, incorporando técnicas do se-
Muito se fala sobre gestão pública, mas poucas pes-
tor privado, adaptadas às suas características próprias, assim
soas conhecem o significado da expressão, e este assun-
como desenvolver novas iniciativas para o logro da eficiência
to é de muita importância ao administrador público, pois
econômica e a eficácia social, subjaz nela a filosofia de que
delimita, com absoluta clareza, o campo de sua atuação,
a administração pública oferece oportunidades singulares,
indicando-lhe o caminho certo no trato da coisa pública.
para melhorar as condições econômicas e sociais dos povos.
Para Santos, (2006) “gestão pública refere-se às fun-
Essa nova gestão se baseia na informação, cuja essência
ções de gerência pública dos negócios do governo”.
assume o caráter do conteúdo da ação de ter que ser transmi-
Assim, de acordo com Silva (2007) pode-se classificar,
de maneira resumida, o agir do administrador público tida, depois de analisada e armazenada, bem como ser libera-
em três níveis distintos: da, para que possa servir para as futuras tomadas de decisões,
a) atos de governo, que se situam na órbita política; para novo controle e para a subsequente avaliação.
b) atos de administração, atividade neutra, vinculada Assim, resume-se que a gestão pública moderna tem
à lei; como fundamento um conteúdo ético, moral e legal por
c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parte daqueles que dela participam, tendo como objeti-
parâmetros básicos: vo a crença no resultado positivo da política pública a ser
I- tradução da missão; implementada e na credibilidade na administração públi-
II- realização de planejamento e controle; ca exercida pelos mesmos. É igualmente um componente
III- administração de R. H., materiais, tecnológicos e dela a existência de um conteúdo pleno de elementos
financeiros; tecnológicos que facilitem a utilização destes para ad-
IV- inserção de cada unidade organizacional no foco ministrar com potencial de eficácia e eficiência que se
da organização; e espera da Administração dos bens públicos.
V- tomada de decisão diante de conflitos internos e
externos. A Nova Gestão Pública…
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Portanto, fica clara a importância da gestão pública FERLIE et al. (1999)


na realização do interesse público porque é ela que vai • A partir de uma revisão bibliográfica sobre a reforma
possibilitar o controle da eficiência do Estado na realiza- administrativa em diferentes países nas décadas de
ção do bem comum estabelecido politicamente e dentro 80 e 90, os autores evidenciam a existência de 4
das normas administrativas. (quatro) modelos da NPM que foram introduzidos
Infelizmente, a grande maioria dos agentes políticos no setor público.
desconhece totalmente esta importante ferramenta que • Utilizando-se do construto do tipo ideal weberiano,
está à sua disposição, resultando em gastos públicos ina- esses autores descrevem esses modelos, denomi-
dequados ou equivocados, ineficiências na prestação de nados de Impulso para a Eficiência, Downsizing e
serviços públicos e, sobretudo, no prejuízo financeiro e Descentralização, Em Busca da Excelência e Orien-
moral da sociedade. tação para o Serviço Público.

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