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MÓDULO 02
Classes Gramaticais: suas
funções no texto
P
ara começo de conversa, devemos lembrar que o estudo das sentimento (amor, ódio), acontecimento (evento, sonho),
classes de palavras deve ter objetivos variados e comple- concepção/doutrina (fé, naturismo).
mentares. Primeiro, deve-se entender que conhecer não Do ponto de vista morfológico, o substantivo é
significa saber. Muitos conhecem as dez classes gramaticais, mas uma palavra que varia em gênero, número e grau, normal-
pousos podem dizer que sabem trabalhar com elas em contextos mente. Por exemplo, a palavra “garoto” varia em gênero
gerais e específicos. Segundo, nem todas as classes gramaticais são (garota), em número (garotos) e em grau (supergaroto, mi-
exigidas em provas de língua portuguesa de concursos públicos, nigaroto, garotão, garotinho). É por isso que se diz que o
nem as que são exigidas têm todos os seus aspectos cobrados. Ter- substantivo é uma palavra variável, porque muda de forma,
ceiro, algumas informações devem ser entendidas aqui como su- por meio de desinências e de afixos.
porte para uma melhor compreensão do que se lê com vistas à in- Do ponto de vista sintático, o substantivo normal-
terpretação coerente de textos; outras, como base para a análise mente é o núcleo dos termos sintáticos. Se você não lembra
sintática de termos empregados em enunciados dos mais variados. quais são os termos sintáticos, refrescarei a sua memória
Por tudo isso, vale realizar um estudo das classes sob três agora: sujeito, objetos direto e indireto, predicativos do
pontos de vista: o semântico, o morfológico e o sintático. Quando sujeito e do objeto, complemento nominal, agente da pas-
falo em ponto de vista semântico, refiro-me às questões associadas siva, adjuntos adnominal e adverbial, aposto e vocativo. O
ao significado. Quando menciono o ponto de vista morfológico, substantivo, comumente, é o núcleo desses termos sintáti-
prendo-me às variações que a palavra sofre para se adequar a ou- cos.
tras na constituição de enunciados. Por fim, quando trato do ponto
de vista sintático, trato das funções que as palavras exercerão em Locução Substantiva
relação de mutualidade com outras dentro de orações e períodos,
observando concordâncias, regências, pontuações e demais aspec- A locução é sempre um grupo de vocábulos que
tos ligados à correção gramatical. equivale a uma palavra só. Dizemos que uma locução é
Desejo a todos um excelente estudo! E relembro a neces- substantiva caso seja formada por um grupo de vocábulos,
sidade de aprofundar os estudos, realizando consultas em gramá- com valor de substantivo (não ligados por hífen): anjo da
ticas, livros de português, dicionários, revistas e periódicos relaci- guarda, dona de casa, estrada de ferro, ponto de vista, cesta
onados à Língua Portuguesa. básica, papel almaço, fim de semana, sala de jantar, casa de
Um fraterno abraço e avante! saúde, Maria das Dores, Vasco da Gama, Cidade Universi-
tária, Belo Horizonte, Nova Iguaçu etc.
Professor Adeildo Júnior
Obs.: Na nova ortografia, muitos substantivos compostos
perderam o hífen, logo é possível dizer que se tornaram lo-
CLASSES VARIÁVEIS DE PALAVRAS cuções substantivas: “pé de moleque, mula sem cabeça, pôr
do sol, leva e traz” etc. Afinal, para ser substantivo com-
posto, é preciso, em tese, de hífen. Já os vocábulos que for-
SUBSTANTIVO mam as locuções substantivas não são ligados por hífen. De
qualquer modo, a regra de plural dos compostos ainda
Do ponto de vista semântico, o substantivo é a pa- vale!!!
lavra que nomeia tudo o que tem substância, tudo o que
existe (céu, homem, mar, peixe, Rio de Janeiro, átomo, ele-
tricidade etc.), tudo o que imaginamos existir (Deus, fada, ADJETIVO
vampiro, anjo, duende, lobisomem, inferno etc.) ou tudo o
que é conceito abstrato (saudade, recreação, lealdade, ri- Do ponto de vista semântico, o adjetivo é um carac-
queza etc.). Não é por nada que o substantivo é chamado de terizador, um modificador de sentido. A vida sem adjetivo
“nome, nomeador ou designador”. é impossível, pois, quando queremos descrever ou expor
É bom dizer que não é só o verbo que indica ação ou um ponto de vista sobre algo, usamos nada mais, nada me-
fenômeno natural, não é só o adjetivo que indica estado ou nos que adjetivos. Por exemplo, se alguém pede que você
qualidade. O substantivo pode indicar ação (desenvolvi- descreva a bandeira do Brasil, o que você irá dizer? “Ah, ela
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é verde, amarela e azul, basicamente.” Beleza. Agora, se al- Como se viu nos três últimos exemplos, a locução
guém pergunta a sua opinião sobre o estilo dela, o que você adjetiva nem sempre vem dentro do sintagma nominal,
irá dizer? “Bem, eu acho a bandeira muito bonita, com sim- pode vir fora também; neste caso, terá função de predica-
bolismos bem sugestivos.” Percebeu os adjetivos que você tivo.
usou? Os três primeiros foram adjetivos de caráter objetivo;
os dois últimos, de caráter subjetivo. De qualquer modo, ad-
jetivos precisam ser usados para entendermos melhor ainda ARTIGO
o mundo à nossa volta, certo?
Do ponto de vista morfológico, normalmente o ad- Eis uma classe gramatical desprezada por muitas gramáti-
jetivo varia em gênero, número e grau. Como você pôde cas... nem vou citar nomes... Tire suas conclusões, ao tér-
perceber, os adjetivos destacados mudaram de gênero, nú- mino deste capítulo, sobre se podemos desprezá-la... Agora,
mero e/ou grau: amarela, (muito) bonita, (bem) sugestivos. vamos à luta!
Ele varia em grau normalmente pelo uso de advérbios de
intensidade. Veremos melhor isso à frente. Ah! Vale tam- Do ponto de vista semântico, o artigo não tem va-
bém perceber os sufixos formadores de adjetivos no capí- lores embutidos em si, mas, quando se liga a um substantivo
tulo de estrutura de palavras, pois, quanto mais soubermos num determinado contexto, passa a desempenhar inúmeros
sobre eles, com mais facilidade identificaremos esta classe. papéis discursivos: individualizar ou generalizar, indicar
Do ponto de vista sintático, o adjetivo só exerce conhecimento ou desconhecimento, apreciação ou depre-
duas funções sintáticas na frase: adjunto adnominal ou pre- ciação, de terminação ou indeterminação, intimidade,
dicativo (do sujeito ou do objeto). O adjetivo e a locução aproximação numérica, intensificação, proximidade, dife-
adjetiva têm função sintática de adjunto adnominal quando renciar o gênero com implicações semânticas (o capital, a
vêm dentro do sintagma nominal (se necessário, reveja este capital) etc. Reitero: tudo irá depender do contexto. Vere-
conceito na parte de definição do substantivo), mas, quando mos melhor tais matizes em “emprego dos artigos” e em
têm função de predicativo, vêm fora do sintagma nominal. “valor discursivo”.
Exemplificando para você entender logo: em “Aquela casa Do ponto de vista morfológico, o artigo é uma
amarela é suntuosa”, amarela funciona como adjunto adno- classe variável em gênero e número (o, a, os, as; um, uns,
minal, pois faz parte do sintagma nominal “Aquela casa uma, umas). É um determinante que antecede o substantivo
amarela”; já suntuosa funciona como predicativo, pois está dentro do sintagma nominal (exemplo: o aluno estudioso).
fora do sintagma. Desde já, vale a pena dizer que, e m 99% dos casos, qualquer
palavra que suceda o artigo se torna um substantivo.
Locução Adjetiva Do ponto de vista sintático, o artigo é um termo
que funciona sempre como adjunto adnominal.
A locução adjetiva é um grupo de vocábulos com
valor de adjetivo formado por preposição/locução preposi- * A fusão da preposição a com o artigo a(s), resultando em
tiva + substantivo/advérbio/pronome /verbo/numeral. à(s), se chama crase . Crase e artigo são assuntos contíguos.
Tal expressão frequentemente se liga a um substan- Por isso, ao estudar o Módulo que contém o assunto Crase,
tivo: briguinha à toa, pizza a lenha (ou à lenha), TV e m co- é bom ter estudado antes o assunto Artigo.
res, casa sobre rodas, homem sem coragem, vida com limi-
tes, caso entre políticos, coisa sem pé nem cabeça, viagem Sobre contrações, convém lembrar duas coisas:
ao redor do mundo, chuva e m torno da casa, mulher e m
frente a mim, jornal de anteontem, programa de sempre , 1) Não se contrai preposição com qualquer artigo que faça
notícia de hoje , curso daqui, casa dela, máquina de lavar, parte do título de alguma obra (jornal, revista, livro etc.);
mulher para casar, dinheiro das duas... no entanto, se a obra não for iniciada por artigo, usa-se o
Mas pode também se ligar a um pronome (ou locu- artigo antes dela:
ção pronominal) ou a um numeral:
– Ontem eu li em O Globo um texto excelente do Zuenir Ventura.
as (= aquelas) da sala 1, os (= aqueles) do Brasil, todo o mundo – Preferia Os Lusíadas às (a + as) Memórias do Cárcere.
do bairro, os dois sem graça... Eles são sem caráter, O copo era
de cristal, O menino ficou com fome este tempo todo?
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Obs.: Muita gente fala assim (equivocadamente): “Ontem substantivos que indicam parte s do corpo, vestuário, ob-
eu li no Globo...”. Devemos respeitar a norma culta. No en- jetos pessoais, faculdades do espírito e relações de paren-
tanto, o próprio jornal, sem culpa, tem lá seu slogan: “Leia tesco:
amanhã no Globo”. Diferente, porém é dizer: “G1 é o portal
de notícias da Globo na internet”. Aí, beleza, pois está im- – Quando atuava como palhaço, eu tinha o (= meu) rosto coberto
plícita a palavra rede antes de Globo. Para fechar: o uso do de maquiagem.
apóstrofo, ainda que seja uma opção prevista no Novo – Ela descosturou todo o (= seu) vestido para depois fazer uma
Acordo Ortográfico, não é moderno e soa estranho: “Vimos saia.
sua foto n’O Globo”. – Por que jogou fora a (= minha) escova de dentes se ela estava
nova?
2) Não se contrai preposição com qualquer artigo antes de – Vem cá, tu perdeste o (= teu) senso, rapaz?
sujeito de verbo no infinitivo: – Nossa vida era uma felicidade só; o (= nosso) pai era um grande
homem.
– Em alguns programas televisivos, já se falou muito do futebol *4) O artigo vem obrigatoriamente antes de pronome pos-
um dia ser suplantado pelo MMA. (inadequado) sessivo que substitui um substantivo, mas é facultativo
– Em alguns programas televisivos, já se falou muito de o futebol antes de um pronome possessivo que acompanha um
um dia ser suplantado pelo MMA. (adequado) substantivo:
Obs.: Tal afirmação, porém, é vista de modo flexível por no- – Fizeram alusão a (ou aos) meus ideais, não aos seus.
mes de peso, como Evanildo Bechara, Domingos Paschoal
Cegalla, Sílvio Elia, Souza da Silveira e outros. Esses gramá- Obs.: Omite-se o artigo definido antes dos possessivos em
ticos encaram ambas as construções frasais como certas. Se três situações: 1) nas locuções com pronome possessivo (a
cair alguma questão assim na prova, cuidado! A quase es- meu ver, em meu ver, a meu modo, a meus pés, em seu fa-
magadora maioria dos gramáticos e das bancas só vê a se- vor, em minha opinião, a seu bel-prazer, por minha vontade
gunda construção como certa; e é assim que costuma cair etc.); 2) antes de pronomes ou formas de tratamento (Vossa
em prova. A Esaf considera ambas as formas corretas (com Excelência, Sua Majestade, Nossa Senhora etc.); 3) em voca-
ou sem contração). tivos (Meu amor, eu te amo). No entanto, quando o pro-
nome vier posposto ao substantivo, o artigo é obrigatório:
Emprego dos Artigos Definidos “Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resol-
vem se encontrar...”
Não entre na paranoia de querer gravar tudo, hein!
Não se assuste. Vou pontuar exatamente aquilo de que você 5) O artigo indica a totalidade de uma espécie:
precisa para a prova, colocando um * ao lado de cada regra.
Você vai perceber que junto ao emprego dos artigos, muitas – O homem é um ser muito volúvel. (todos os seres humanos)
vezes falarei sobre seus valores semânticos. Vejamos:
*6) O artigo é dispensado quando atribui um sentido ge-
1) O artigo antecipa um substantivo, individualizando-o: nérico ao substantivo, mesmo quando este é especificado:
– Encontrei o homem. – Certos membros religiosos não vão a festas. (qualquer tipo de
festa; o a é só uma preposição)
2) O artigo pode te r valor de pronome demonstrativo – A pesquisa não se refere a mulher casada, a homem casado, mas
(este, esse , aquele ) para indicar que algo está próximo do tão somente a solteiros. (qualquer mulher casada, qualquer
falante e /ou algo é conhecido do ouvinte : homem casado; o a é só uma preposição)
– Finalmente o prefeito prometeu investir na (= nesta, = naquela) Obs.: O Cespe/UnB adora esse tipo de questão sobre crase!
região. Veremos melhor isso em Crase.
3) O artigo pode te r valor de pronome possessivo (meu, 7) O artigo é normalmente dispensado antes dos substan-
teu, seu, nosso, vosso), normalmente quando se liga a tivos e m provérbios:
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– Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. 13) O artigo é usado antes de nome s que indicam datas
festivas:
8) O artigo é dispensado antes de nomes de meses, a me-
nos que estejam especificados: – O Carnaval, o Natal, a Páscoa e a Quaresma fazem parte de
nossa cultura.
– É em setembro que eu faço aniversário, mas nunca me esquecerei
do setembro de 2000, pois foi meu primeiro beijo. Obs.: O artigo é dispensado antes da preposição de que ini-
cia locuções adjetivas: “O primeiro dia de Carnaval é glori-
9) O artigo é dispensado antes das datas do mês: oso.” No entanto, se vier especificado, o artigo é obrigatório:
“A véspera do Natal deste ano terá surpresas.”.
– Milhares de pessoas desapareceram incrivelmente em 30 de
março de 1549. 14) O artigo é usado em expressões de pesos e medidas:
Obs.: Se a data estiver especificada, o artigo será obrigató- – Pagou-se R$100 o metro de tecido.
rio: “Milhares de pessoas desapareceram incrivelmente no
fatídico 30 de março de 1549.” Caso se trate de uma locução *15) O artigo só é usado antes da palavra “casa” quando e
substantiva (datas célebres), o artigo será obrigatório: lavem especificada por um adjetivo, locução adjetiva ou
“Odeio o 7 de Setembro.” Segundo Celso Cunha, “antes de oração adjetiva; quando significa estabelecimento comer-
datas mencionadas no curso de uma narração”, usa-se o ar- cial, também há artigo.
tigo: “A primeira missa se realizou aos 26 de abril de 1500
no país que viria a se chamar Brasil.” – Enfim conseguimos visitar a linda casa do bairro da qual todos
falaram.
10) O artigo é usado antes de dias da semana: – Eles finalmente arrumaram o restaurante. A casa ficou linda e
será um sucesso.
– Aos domingos, os católicos vão à igreja.
Obs.: Se a palavra casa não vier especificada ou tiver sen-
Obs.: Não raro, porém, o artigo é dispensado junto com a tido vago, genérico, o artigo é dispensado: “Chegamos a
preposição: “Vou descansar segunda-feira”. Como já dizia casa eu e ela por volta das sete horas da noite.” (o a é só uma
a música, “sábado à noite, tudo pode mudar” ou “De se- preposição exigida pelo verbo chegar); “Costumo morar em
gunda a sexta, esporro do patrão; sábado e domingo, vou casa alugada”; “Sempre me chamam para ir a casas notur-
curtir com a Furacão.” Este último exemplo é em homena- nas, mas sou um pai de família, ora!” (o a é só uma preposi-
gem ao funk carioca. ção exigida pelo verbo ir). Só de curiosidade: a presença do
artigo na expressão “dona de casa” torna o sentido e a clas-
*11) O artigo é usado antes de horas, em expressões adver- sificação morfológica diferente: a dona de casa (profis-
biais de tempo: são/locução substantiva), a dona da casa (proprietá-
ria/subst. + loc. adj.). Um mero “artiguinho” faz toda a dife-
– Os pescadores não devem pescar ao meio-dia, por causa do sol; a rença no “status” social, não é?
melhor pesca começa a partir das seis horas da manhã.
*16) O artigo só vem antes da palavra “terra” se ela não
Obs.: Se a expressão de horas não tem valor adverbial, o ar- estiver em oposição a bordo, se vier especificada ou se re-
tigo é dispensado: “Já é meio-dia e meia”. ferir ao planeta:
12) O artigo é usado antes das quatro estações do ano: – Da terra vieste, à (a + a) terra voltarás. (A palavra terra não
– A primavera, o verão, o outono e o inverno marcam as estações está em oposição a bordo.)
do ano. – Depois que os navegantes retornaram a terra, cada um foi para
a terra natal matar a saudade de todos os parentes. (O primeiro
Obs.: O artigo é dispensado antes da preposição de que ini- a é só uma preposição exigida pelo verbo retornar; o se-
cia locuções adjetivas: “Nada como uma noite de verão!”. gundo a é um artigo, pois a palavra terra vem especificada
No entanto, se vier especificado, o artigo é obrigatório: “Te- pelo adjetivo natal.)
nho boas lembranças das noites do verão passado.”. – Os astronautas chegaram à (a+a) Terra hoje de manhã.
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17) O artigo vem antes de estruturas superlativas, mas sua Obs.: Não se usa artigo antes de nomes de planetas e estre-
posição na frase pode variar: las: Urano, Plutão, Sírius, Canópus, Mercúrio etc. Exceções:
a Terra e o Sol. Não se usa o artigo definido, em geral, com
– Vou fazer as perguntas mais difíceis a ele. os nomes de cidades, de localidades e da maioria das ilhas:
– Vou fazer as mais difíceis perguntas a ele. São Paulo, Visconde de Mauá, Malta, Cuba. Exceção: nomes
– Vou fazer perguntas as mais difíceis a ele. de cidades que se formaram de substantivos comuns con-
servam o artigo: o Rio de Janeiro, o Porto, o Havre, o Cairo.
Obs.: No entanto, usar dois artigos é um erro: “Vou fazer as Algumas ilhas também mantêm o artigo: a Córsega, a Sicí-
perguntas as mais difíceis a ele.”. lia, a Sardenha, a Madeira, a Groenlândia.
*18) Diante de nome de pessoas, só se usa artigo para in- 20) O artigo vem antes dos pontos cardeais e colaterais, ex-
dicar afetividade, familiaridade, intimidade: ceto quando indicam apenas direção:
– Mandei uma carta a Fernando Henrique, na época em que ele – Ah, os ventos! Os do sul sempre são intrigantes.
era presidente. – A comissão se dirigia para o norte.
– Os Portinaris tornam minha casa ainda mais chique. – Está soprando o noroeste, brother!
– O João é uma ótima pessoa. – Segundo Graciliano Ramos, o nordeste não sopra.
– Fizeram caminhadas de norte a sul, de leste a oeste.
Obs.: Em vocativos e antes de nomes de pessoas célebres da
história (santos ou não), o artigo é dispensado: “Fabiana, 21) O artigo vem antes dos pronomes indefinidos outro e
por favor, venha aqui.”; “A tese se reportou a Carlota Joa- demais só quando têm sentido determinado:
quina com desrespeito.” (o a é só uma preposição exigida
pelo verbo reportar-se); “Agradeço todos os dias a Santa – Chamei pelos outros, mas não vieram. Sobre os demais, nada
Clara e a São Cosme e Damião.” (os as são só uma preposi- tenho a dizer.
ção exigida pelo verbo agradecer). Diante de Virgem Maria,
o artigo é obrigatório: “Já fiz muitos pedidos à (a + a) Virgem 22) Usa-se o artigo entre o numeral ambos e o elemento
Maria.”. Diante de nomes próprios femininos não célebres posterior, normalmente:
na história, o artigo é facultativo: “Os filhos costumam obe-
decer à (a + a) Joana (ou a Joana).” – Ambos os atletas são capazes de conquistar o título.
*19) O artigo é usado antes de alguns topônimos (nomes *23) O artigo é usado de pois do pronome indefinido todos
de lugares: países, regiões, continentes, montanhas, vul- seguido de substantivo expresso; omitindo-se o substan-
cões, desertos, constelações, rios, lagos, oceanos, mares e tivo, não se usa o artigo:
grupos de ilhas), mas não é usado antes de outros. Como
existem milhões de topônimos, não é possível colocá-los to- – Todos os quatro filhos acompanharam o pai.
dos aqui. Por isso, vai aqui uma dica para identificar quando – O pai veio e saiu com todos quatro.
se usa ou não o artigo antes de algum topônimo: crie uma
frase como esta: Gosto muito de ______. Faça um teste. Co- Obs.: Na frase “Todos os homens merecem uma segunda
loque os topônimos na lacuna. I) Se puder ser usado artigo chance.”, há uma ideia de generalização da espécie em “To-
antes do topônimo, maravilha! II) Não se esqueça de um de- dos os homens”, por isso poderíamos reescrever esse trecho
talhe: se o topônimo vier especificado, o artigo antes dele é assim: “Todo homem merece uma segunda chance.”, com o
obrigatório. III) Vale dizer que o artigo é facultativo antes indefinido no singular, equivalendo a “qualquer”, sem ar-
destes topônimos: África, Ásia, Europa, Espanha, França, Ho- tigo do lado. Estruturas diferentes, mesmo sentido.
landa, Inglaterra, Escócia, Recife, Alagoas.
I: Gosto muito do Cairo, do Rio de Janeiro, da Bahia, do Porto, do *24) Quando o artigo é usado de pois do pronome indefi-
Brasil, de Portugal, de Paris, de São Paulo, de Copacabana, en- nido todo, este indicará inteireza/completude; a omissão
fim... sou muito viajado. do artigo fará todo indicar “qualquer”:
II: Minha esposa só retornou ao Portugal dos avós dela depois de
20 anos. – Esta carteira é válida em todo o território nacional. (no territó-
III: (O) Recife é um lugar extremamente aconchegante e caloroso. rio inteiro)
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Classes gramaticais: suas funções no texto
– Esta carteira é válida em todo território nacional. (esta carteira – Precisa aprender agora francês e alemão.
seria ótima, nem precisaríamos de passaporte, porque ela
vale em qualquer território) 29) O artigo é comumente usado antes de substantivos
abstratos, personificados ou não:
Obs.: Segundo Domingos Paschoal Cegalla, equivalendo a
“todas as pessoas, toda a gente”, a expressão todo mundo – Amo a Justiça e a Compaixão; as virtudes precisam ser cultiva-
ou todo o mundo é válida, mas a segunda é preferencial. Ele das.
diz ainda que o uso do artigo é obrigatório quando mundo
se usa no sentido de Terra (O jogo será transmitido para todo 30) O artigo é dispensado antes do substantivo quando se
o mundo.). Não se usa artigo antes de todo quando vem quer dar uma ide ia de acumulação e /ou rapidez ao dis-
acompanhando um substantivo: *A toda pessoa chegou curso:
(???). Não confunda com o título “todo-poderoso”, grafado
assim mesmo: “Ele é o todo-poderoso”. – Chovem denúncias, corrupções, mentiras, negócios espúrios, su-
jeiras no Plenário.
*25) O artigo nunca aparece acompanhando o pronome re-
lativo cujo: *31) O artigo é obrigatório de pois da locução prepositiva
“até a”, só que às vezes a preposição “a” é dispensada da
– O homem cuja a persistência é grande logra êxito. (Inade- expressão, ficando só a preposição “até”, por isso pode não
quado!) haver crase :
– O homem cuja persistência é grande logra êxito. (Adequado!)
– Fui até à (a + a) praia ou Fui até a praia.
26) O artigo é usado antes de uma enumeração se o pri- Obs.: Se “até a” tiver a significação de “até mesmo”, deixa
meiro elemento dela vier precedido de artigo, inclusive de ser locução prepositiva e o artigo passa a ser obrigatório:
numa série de superlativos relativos: “Além das línguas germânicas, estudava até as línguas ne-
olatinas.”; “Eu estava muito feliz com a classificação, agra-
– Como já dizia mais ou menos o Rei, “nem mesmo o céu, nem as deci a bênção até às (a + as) faxineiras do curso.”. Só de cu-
estrelas, nem mesmo o mar e o infinito...”. riosidade: na frase “Eu fui até a (à) casa do João”, pode ou
– O mais sábio, o mais destemido, o mais puro dos homens foi não haver crase, pois “casa” está especificada, mas... em “Eu
Jesus Cristo. fui até a casa pegar um documento”, a dispensa da preposi-
ção a gera uma construção no mínimo estranha: “Eu fui até
Obs.: Não se repete, porém, quando dois ou mais adjetivos casa”. Logo, antes de “casa” (sem especificador), usa-se a lo-
caracterizam o mesmo ser, a não ser que os adjetivos sejam cução prepositiva “até a” para evitar a estranheza.
antônimos ou se queira enfatizar o substantivo: “O mestre,
amigo e futuro cunhado Adeildo veio me ajudar.” / “As breves Valor Discursivo
mas intensas palavras do professor me motivaram.” / “Visi-
tamos a moderna e a antiquada Lisboa.” (O artigo sempre vem Provas bem elaboradas vêm trabalhando muito o
antes de palavras antônimas!) / “O lindo, o inteligente, o rico valor discursivo dos artigos. Por isso, vamos entender me-
e o mentiroso apresentador de TV foi demitido depois de um lhor qual é o papel do artigo dentro do texto. Leia este diá-
escândalo.” logo entre dois interioranos:
27) O artigo pode se r usado para superlativar, intensificar Fofoqueiro 1: – Aí, o João foi ao cinema do bairro com a namorada,
o valor de um ser: de novo!
Fofoqueiro 2: – Ih! Isso não vai dar certo. Da última vez que um
– Confia em mim, o Dr. Jorge é o médico! cara daqui da cidade se atreveu a levar uma menina para o cinema,
os pais da garota ameaçaram o cara de morte.
28) O artigo é usado antes de nomes de idiomas, exceto Fofoqueiro 3: – Foi o que eu disse para ele... mas o homem não
quando vêm acompanhados de verbos relativos ao apren- escuta ninguém.
diz ado:
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Classes gramaticais: suas funções no texto
Antes de qualquer coisa, é preciso que você entenda Mais interessante que tudo isso é perceber que, se
que o artigo definido exerce duas funções discursivas: 1) in- fossem usados artigos indefinidos no lugar de alguns defi-
dica que o ser do qual o falante está falando é também co- nidos da primeira frase, haveria sensível mudança de sen-
nhecido do ouvinte, logo ambos compartilham de um co- tido, não é? Veja só:
nhecimento prévio sobre o objeto da conversa ou da exposi-
ção e 2) serve para retomar ou relembrar termos anteriores, Fofoqueiro 1 – Aí, o João foi a um cinema dum bairro com
por inferência. uma namorada, de novo!
Igualmente, é preciso que você entenda que o artigo Agora nem F1 nem F2 sabem qual é o cinema, qual
indefinido exerce uma função discursiva, basicamente: é o bairro, qual é a namorada (João tem mais de uma; isso a
sempre que uma nova informação é apresentada, o artigo gente sabe). Ok?
indefinido ajuda o interlocutor (ouvinte/leitor) a ficar atento Bem, é isso aí. Muito interessante, não? Chega de
no ser introduzido na cena, pois o prepara a fim de mais à papo. Exercício na veia!
frente ser tornado conhecido pelo artigo definido. Nas pala-
vras de Celso Cunha, “O artigo indefinido serve para a apre-
sentação de um ser ainda não conhecido do interlocutor. NUMERAL
Uma vez apresentado o ser, não há mais razão para o em-
prego do artigo indefinido, e o locutor (escritor/fa- Esta classe gramatical é pouquíssimo cobrada em
lante/emissor) deverá usar daí por diante o artigo defi- concursos de bancas famosas, mas não custa passar os
nido.”. olhos, certo? Vai que...
Se você não entendeu muito bem o que eu quis di- Do ponto de vista semântico, o numeral indica, es-
zer, relaxe, você vai entender melhor agora. Vejamos como sencialmente, quantidade absoluta (cardinal), quantidade
analisar os artigos da cena (reprise comentada): fracionária (fracionário), quantidade multiplicativa (multi-
plicativo) e ordem, sequência, posição (ordinal), de coisas
Fofoqueiro 1 – Aí, o João foi ao cinema do bairro com a ou pessoas.
namorada, de novo! Do ponto de vista morfológico e discursivo, o nu-
Quando F1 diz “o João”, é porque ele sabe que F2 o meral é uma classe normalmente variável em gênero e nú-
conhece. Ambos conhecem o tal João. Quando F1 diz a F2 mero. É um determinante que acompanha o substantivo
“ao cinema do bairro”, é porque só há um cinema no bairro (neste caso, é chamado de numeral adjetivo, pois tem valor
onde eles moram e conhecem. Quando F1 diz a F2 “com a de adjetivo) ou o substitui (neste caso, é chamado de nume-
namorada”, ambos sabem quem é a dita cuja... e que só é ral substantivo, pois tem valor de substantivo).
uma. Percebe que há conhecimento compartilhado e prévio “Ter valor de” não significa “ser”. Logo, nestas frases: “Dois
nesta parte do diálogo entre os interlocutores? estudantes vieram me abraçar em agradecimento pela classi-
ficação. Reinaldo e Leandro eram seus nomes. Os dois eram
Fofoqueiro 2 – Ih! Isso não vai dar certo. Da última vez merecedores!”. Note que o último dois substitui “Reinaldo
que um cara daqui da cidade se atreveu a levar uma menina para e Leandro”, logo é um nume ral substantivo. O primeiro
o cinema, os pais da garota ameaçaram o cara de morte. dois, por sua vez, é um nume ral adje tivo, pois está ligado
a um substantivo (estudantes).
Olha aí o que disse o Celso! Usam-se inicialmente
indefinidos para depois os definidos retomarem, por infe-
rência, os termos anteriores (um cara – o cara; uma menina PRONOME
– (d)a garota). Os indefinidos são ótimos para apresentar se-
res e os definidos são ótimos para retomá-los visando à cla- Simplesmente uma das classes gramaticais mais re-
reza. correntes em questões de concursos públicos. Tudo precisa
estar no sangue, por isso coloquei mais de 50 questões para
Fofoqueiro 3 – Foi o que eu disse para ele... mas o homem você treinar!
não escuta ninguém. Do ponto de vista semântico, o pronome pode
apresentar inúmeros sentidos, a depender do contexto:
Este artigo definido (o homem) faz referência ao posse, indefinição, generalização, questionamento, aponta-
João, lá do início. mento, aproximação, afetividade, ironia, depreciação etc.
Isso será visto em detalhes ao longo deste capítulo.
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Classes gramaticais: suas funções no texto
Do ponto de vista morfológico e discursivo, o pro- substantivo (e não de acompanhá-lo) dentro do discurso. Fi-
nome é uma classe de palavras normalmente variável em cou claro? Então, veja:
gênero e número e que se refere a elementos dentro e fora
do discurso. É um determinante quando acompanha o subs- – Estes documentos são nossos*, não teus.
tantivo (neste caso, é chamado de pronome adjetivo, pois
tem valor de adjetivo). Quando substitui o substantivo, é Note que os pronomes nossos e teus se referem ao
chamado de pronome substantivo, pois tem valor de subs- substantivo documentos, substituindo-o, por isso são pro-
tantivo. Isso será melhor abordado em Identificação. nome s substantivos. É válido dizer que nossos se refere à 1ª
Muito importante é dizer que o pronome serve para pessoa do plural do discurso (o falante + alguém), e teus, à
indicar as pessoas do discurso*: 1ª (falante), 2ª (ouvinte) e 3ª 2ª pessoa do singular do discurso (o ouvinte).
(assunto). Exemplo: “Eu não te falei que ele era boa gente?”
*O discurso é um processo comunicativo, logo depende de * O gramático Evanildo Bechara entende que nossos
um emissor (1ª pessoa do discurso), de um receptor (2ª pes- é um pronome adjetivo que se refere ao substantivo implí-
soa do discurso) e de um referente (3ª pessoa do discurso, cito documentos: “Estes documentos são nossos (documen-
que pode ou não ser um indivíduo). No exemplo acima, tos).”. Porém, essa visão não é acolhida pela vasta maioria
quem fala é a 1ª pessoa (Eu), quem ouve é a 2ª pessoa (te) e dos gramáticos.
sobre quem se fala é a 3ª pessoa (ele) do discurso. Os pro-
nomes servem, portanto, para marcar as pessoas do dis- Já o pronome adjetivo tem o papel de acompanhar
curso. um substantivo, determinando-o, como se fosse um adje-
Do ponto de vista sintático, o pronome é um termo tivo.
que funciona como adjunto adnominal quando acompanha
um substantivo; quando o substitui, tem função substan- – Os vossos amores não mais vivem para vós.
tiva (ou seja, funciona como núcleo do sujeito, predicativo
do sujeito, objeto direto, indireto, complemento nominal, Note agora que o pronome vossos se refere ao subs-
agente da passiva, adjunto adverbial, aposto e vocativo). Fa- tantivo amores, acompanhando-o, por isso é um pronome
larei muito sobre isso mais à frente, nos capítulos de sintaxe, adjetivo. É válido dizer que vossos é um pronome de 2ª pes-
no subtópico Funções Sintáticas dos Pronomes Pessoais Oblí- soa do plural dentro do discurso, pois se refere a mais de
quos Átonos. Caso queira dar um pulinho até lá, fique à von- um ouvinte.
tade...
Antecipo-lhe que será impossível deixar de falar de É claro que, para você identificar um pronome, não
alguns aspectos sintáticos neste capítulo, pois morfologia e basta saber que ele tem valor de substantivo ou de adjetivo,
sintaxe (morfossintaxe) andam lado a lado quando o as- é preciso que você os conheça pelo que verdadeiramente
sunto é pronome. Fique atento! são, isto é, eles podem ter seis (6) classificações: pessoais,
possessivos, indefinidos, interrogativos, demonstrativos e
Identificação relativos.
PRONOMES COM VALOR DE ADJUNTOS ADNOMI- Ele não aceitou sua reprovação. (reprovação de quem? da pessoa
NAIS: me, te, lhe, nos e vos, quando tiverem valor posses- de quem se fala? da pessoa com quem se fala?)
sivo: Para evitar esse tipo de ambiguidade, usa-se dele (dela, deles, de-
las)
Pisaram-me os pés, mas não reagi. Ele não aceitou a reprovação dela.
O sol de verão queimou-nos fortemente a pelo. Ele não aceitou a reprovação delas.
Abracei-lhe os filhos como se fossem os meus.
Segundo, porque existem casos em que o pronome
PRONOMES COM VALOR DE COMPLEMENTO NO- possessivo não exprime propriamente ideia de posse. Ele
MINAL: me, te, lhe, nos, vos, em frases como: pode ser utilizado para indicar aproximação, afeto ou res-
peito.
Sempre nos foi fiel.
Nunca me tiveram apreço. Aquela mulher deve ter seus quarenta anos. (aproximação)
Sou-lhe grato por tudo que me fez. Meu amor cuide melhor de sua família. (afeto)
Sente-se aqui meu senhor. (respeito)
PRONOMES COM VALOR DE SUJEITO-ACUSATIVO:
me, te, nos, vos, o, a, lhe, ao mesmo tempo serão objeto Terceiro, quando aparece anteposto a nomes pró-
direto para um verbo e sujeito para outro, em frases como: prios não é possessivo, mas uma alteração fonética de Se-
nhor na linguagem coloquial.
Deixe-os falar.
Faça-nos entregar o que nos pertence, eu duvido! Seu Pedro, o senhor gostaria de vender sua casa?
B) Pronomes Possessivos
Os pronomes de terceira pessoa marcam posição Comédia e Suspense são gêneros que me agradam, este me deixa
próxima da pessoa de quem se fala ou posição distante dos ansioso, aquela, bem-humorado.
dois interlocutores.
CASOS ESPECIAIS:
Aquela blusa que ele tem na mão é sua?
O, a, os, as são pronomes demonstrativos quando
se referem a aquele(s), aquela(s), aquilo, isso.
2) Quanto à posição dos seres no tempo, os pronomes de-
monstrativos funcionam de seguinte forma: Não aceito o que eles fazem. (aquilo)
Referi-me à de vestido rosa, não à de preto. (aquela / aquela)
Os demonstrativos de primeira pessoa podem indi-
car também o tempo presente em relação a quem fala ou es- Mesmo e próprio, pronomes demonstrativos, de-
creve. signam um termo igual a outro que já ocorreu no discurso.
Nestas primeiras horas, estou muito entusiasmado com o novo As reclamações dos pais não mudam: são sempre as mesmas.
emprego.
Neste instante ele está se casando. São ainda usados como reforço dos pronomes pes-
soais:
Os pronomes demonstrativos de segunda pessoa (e
flexões) marcam um tempo proximamente anterior ao ato Eu mesma lavei a roupa.
da fala.
Como pronomes, concordam com o nome a que se
No mês passado fui demitida do trabalho. Nesse mesmo mês, perdi referem:
meu celular.
Ela própria fez o almoço.
Os demonstrativos de terceira pessoa (e flexões) Eles próprios vieram à festa.
marcam um tempo remotamente anterior ao ato da fala.
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D) Pronomes Interrogativos e Pronomes Indefinidos 5) Quanto aos Pronomes Interrogativos, vale lembrar que
são um tipo de pronome indefinido, com que se introduzem
São aqueles que se referem à terceira pessoa do dis- frases interrogativas (diretas ou indiretas).
curso de forma vaga, imprecisa e genérica.
Quantos irão viajar nas férias? (pergunta direta)
Alguém deixou o cachorro fugir. Quero saber quantos irão viajar nas férias. (pergunta indireta)
Todo homem é desonesto. (Qualquer homem) 3. O relativo quem pode aparecer sem antecedente claro,
sendo classificado como pronome relativo indefinido:
Quando acompanhado de artigo dá ideia de totali-
dade. Quem faltou foi advertido.
Ela comeu toda a pizza. 4. Quando possuir antecedente, o pronome relativo quem
virá precedido de preposição:
4
Na linguagem coloquial, costuma-se ver construções como: “Comprei duas blu-
sas, por seis reais cada”.
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Falo o que sinto. (o pronome o equivale a aquilo) As formas verbais do infinitivo impessoal (prece-
dido ou não da preposição "a"), do gerúndio e do imperativo
7. Quando precedido de preposição monossilábica, em- afirmativo pedem a ênclise pronominal.
prega-se o pronome relativo que. Com preposições de
mais de uma sílaba, usa-se o relativo o qual (e flexões): Urge obedecer-se às leis.
Obrigou-me a dizer-lhe tudo.
Aquele é o livro com que trabalho. Bete pediu licença, afastando-se do grupo.
Aquela é a senhora para a qual trabalho. Aqueles livros raros? Compra-os imediatamente!
8. O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo Obs.: Se o gerúndio vier precedido da preposição "em",
equivale a do qual, de que, de quem. Deve concordar com deve-se empregar a próclise.
a coisa possuída:
"Nesta terra, em se plantando, tudo dá."
Apresentaram provas em cuja veracidade eu creio.
Não se inicia um período pelo pronome átono nem
9. O pronome relativo quanto, quantos e quantas são pro- a oração principal precedida de pausa, assim como as ora-
nomes relativos quando seguem os pronomes indefinidos ções coordenadas assindéticas, isto é, sem conjunções.
tudo, todos ou todas:
Me contaram sua aventura em Salvador. (errado)
Comprou tudo quanto viu. Contaram-me sua aventura em Salvador. (certo)
Permanecendo aqui, se corre o risco de ser assaltado. (errado)
10. O relativo onde deve ser usado para indicar lugar e tem Permanecendo aqui, corre-se o risco de ser assaltado. (certo)
sentido aproximado de em que, no qual: Segui-o pela rua, o chamei, lhe pedi que parasse. (errado)
Segui-o pela rua, chamei-o, pedi-lhe que parasse. (certo)
Este é o país onde habito.
Obs.: A ênclise não pode ser empregada com verbos no fu-
Obs.: Sobre o uso de onde e aonde turo e no particípio passado.
a) onde é empregado com verbos que não dão ideia de mo-
vimento. Pode ser usado sem antecedente. B) PRÓCLISE
Sempre morei no país onde nasci.
b) aonde é empregado com verbos que dão ideia de movi- Deve-se colocar o pronome átono antes do verbo,
mento e equivale a para onde, sendo resultado da combina- quando antes dele houver uma palavra pertencente a um
ção da preposição a + onde. dos seguintes grupos:
Voltei àquele lugar aonde minha mãe me levava quando criança.
1) palavras ou expressões negativas;
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Obs.: O pronome átono pode ser colocado antes ou depois TEMPOS COMPOSTOS
do infinitivo impessoal, se antecedendo o infinitivo vier
uma das palavras ou expressões mencionadas acima. Nos tempos compostos, formados de um verbo au-
xiliar (TER ou HAVER) mais um verbo principal no particí-
"Tudo faço para não a perturbar naqueles dias difíceis"; pio, o pronome átono se liga ao verbo auxiliar, nunca ao par-
ou ticípio.
"Tudo faço para não perturbá-la..."
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Tinha-me envolvido sem querer com aquela garota. Do ponto de vista sintático, o verbo tem um papel
Nós nos havíamos assustado com o trovão. importantíssimo dentro da frase; sem ele (explícito ou im-
O advogado não lhe tinha dito a verdade. plícito) não há orações na língua portuguesa, pois o verbo é
o núcleo do predicado – percebeu que eu usei vários verbos
Obs.: Quando houver qualquer fator de próclise, esta será a para dizer o que eu acabei de dizer? O único caso em que o
única posição possível do pronome átono na frase, ou seja, verbo não é o núcleo do predicado, segundo a gramática tra-
antes do verbo auxiliar. dicional, é quando há predicado nominal, mas mesmo assim
ele está presente. Fique tranquilo, pois falarei bem disso.
Pois bem... para entendermos todas as definições de verbo,
VERBO vamos analisar esta frase:
Do ponto de vista semântico, o verbo normalmente Toda vez que eu penso em você, sinto uma coisa diferente.
indica uma ação ou um processo, mas pode indicar estado,
mudança de estado ou fenômeno natural – sempre dentro de Note que os vocábulos penso e sinto
uma perspectiva temporal. Pode indicar também a noção de
existência, volição (desejo), necessidade, etc. Veja alguns 1) indicam uma ideia de ação e percepção (sensação ou ex-
exemplos: perimentação);
2) variaram em modo, tempo, número, pessoa “saindo” de
– O aluno estudou muito. (ação/passado) sua forma nominal (pensar e sentir); ambos os verbos estão
– A aluna está feliz. (estado/presente) na primeira pessoa do singular do presente do indicativo.
– A aluna virou professora. (mudança de estado/passado) 3) funcionam como núcleo do predicado verbal, como nú-
– Amanhã choverá muito na cidade do Rio de Janeiro. (fenô- cleo das orações.
meno natural/futuro)
– Há dois amores na minha vida. (existência/presente) Obs.: Note que, sem os verbos, nada faz sentido, porque a
– Queria o Adeildo ao meu lado no dia da prova. (volição/pas- estrutura sintática fica comprometida, não refletindo o uso
sado) adequado da língua: Toda vez que eu ( ) em você, ( ) uma coisa
– Precisarei de sua ajuda no próximo capítulo. (necessidade/fu- diferente. (???)
turo)
Existem mais de 11.000 verbos na língua, segundo
Obs.: Frisei acima a “perspectiva temporal”, porque subs- nos informa o gramático Cegalla. Mas antes que você se de-
tantivos (e adjetivos) podem indicar ação, estado, fenômeno sespere pensando que vai ter de saber tudo sobre eles, saiba
natural etc.: plantação (ato de plantar), morte (estado), chuva que, em conjugação verbal, só alguns verbos são re-al-men-
(fenômeno natural), satisfeito (estado). Essas palavras não te importantes na sua vida de concurseiro. Ufa!
podem ser verbos, pois não indicam tempo e m si mesmas, Não reclama, não! São estes os frequentes em con-
tampouco podem ser conjugadas, é claro, ok? cursos: ser, ir, vir (e derivados), ver (e derivados), pôr (e de-
rivados), ter (e derivados), caber, valer, adequar, haver, re-
Do ponto de vista morfológico, o verbo varia em aver, precaver-se, requerer, prover, viger, preterir, eleger, im-
modo, tempo, número e pessoa, segundo a gramática tradi- pugnar, trazer, os terminados em e ar, -iar (Lembra-se do
cional; normalmente, voz e aspecto são conceitos analisados MARIO?), -uar etc. Fique em paz mental! Mas não deixe de
em separado. As quatro primeiras flexões combinadas for- conjugá-los todo santo dia, pois caem em prova direto!
mam o que chamamos de conjugação verbal, ou seja, para
atender às necessidades dos falantes, o verbo muda de Identificação
forma à medida que variamos a ideia de modo, tempo, nú-
mero e pessoa. O verbo é uma palavra que termina em -ar (levan-
Sabemos que um verbo varia quando ele “sai” de tar), -e r (beber), -ir (cair) e que pode ser conjugada, normal-
sua forma nominal infinitiva (terminada em -ar (amar), -e r mente por meio de pronomes pessoais retos (eu levanto, tu
(vender), -ir (partir)). Falarei minuciosamente de cada tó- levantas, ele levanta, nós levantamos, vós levantais, eles levan-
pico da variação verbal daqui a pouco. tam... eu bebi, tu bebeste, ele bebeu, nós bebemos, vós bebestes, eles
beberam... eu cairei, tu cairás, ele cairá, nós cairemos, vós caireis,
eles cairão...).
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Pela forma, é possível identificar um verbo numa 3) Quando nós propusermos uma sugestão, aceite-a.
frase, desde que você conheça as terminações verbais, ou 3) Quando nós propormos uma sugestão, aceite-a.
desinências verbais – já vistas no capítulo de Estrutura das
Palavras. Lembra? Veja: 4) Sempre se precavenha de maus negócios.
– Nós insistiremos nessa questão, porque cremos em nosso ponto 4) Sempre se resguarde de maus negócios.
de vista. (-re: desinência modo-temporal; -mos: desinência
número-pessoal; ambos na voz ativa) Agora vejamos os porquês!!!!
Insistir e crer são identificados como verbos, pois, Sobre 1: O verbo entreter é derivado do verbo ter,
formalmente falando, podem ser conjugados. Lembre-se de logo se conjuga como o verbo ter.
que conjugação é a flexão do verbo em modo, tempo, nú- Sobre 2: O verbo intervir é derivado do verbo vir,
mero, pessoa (e, para alguns gramáticos, voz). logo se conjuga como o verbo vir.
Podemos identificar tais palavras como verbos, Sobre 3: O verbo propor é derivado do verbo pôr,
pois, como já se disse, não existe oração sem verbo. O verbo logo se conjuga como o verbo pôr.
é o núcleo de uma oração. Sem ele, não há oração. Sem ele, Sobre 4: O verbo precaver não se conjuga no pre-
a frase não tem sentido: Nós nessa questão, porque em nosso sente do subjuntivo, logo usei um sinônimo.
ponto de vista (????!!!). Percebeu que o verbo é essencial para
a construção do sentido? Estrutura Verbal
Pois bem... vale a pena dizer também que o verbo é
uma palavra que exprime um fato dentro do tempo, logo Na conjugação de um verbo, normalmente ocorre a
notamos a ideia de futuro e de presente, respectivamente, combinação de alguns elementos, conhecidos como: radical,
nos verbos do exemplo. vogal temática (VT), tema, desinência modo-temporal
(DMT) e desinência número-pessoal (DNP).
Obs.: A única forma verbal que não apresenta noção tem- É importante dizer que esses elementos verbais po-
poral é a forma nominal infinitiva (falar, crer, insistir). Por dem sofrer algumas mudanças na forma, chamadas tecnica-
exemplo: Ser, estar e ficar são comumente verbos de ligação. mente de “alomorfias”; lembra? Fique ligado nisso quando
Note que as palavras ser, estar e ficar servem para nomear eu apresentar os exemplos a seguir.
um verbo, logo não indicam tempo, pois são verdadeiros
substantivos nesse contexto. Se houver algum determinante Radical
antes de tais formas, novamente serão substantivos: O Ser, o
estar e o ficar são comumente verbos de ligação. Não confunda O radical é a base do verbo, cujo sentido está nele
verbo com substantivo, pois o infinitivo pode realmente ser embutido. Sem este morfema, o verbo não existe.
um verbo no contexto: Estudo para passar na prova. Note que
passar indica ação, mas a noção de tempo é atemporal. Fala- – Não posso deixar que isso ocorra.
rei melhor disso em Formas Nominais do Verbo, ainda tópico
capítulo. Relaxe! Note que poss-, deix- e ocorr- são os radicais dos
verbos poder, deixar e ocorrer. Deles, só o radical de poder
E se você acha que identificar um verbo é mole, não (pod-) sofreu modificação (poss-), chamada de alomorfia.
subestime a conjugação de alguns verbos, assunto que cai Isso se dá por uma questão de eufonia (bom som da língua).
muito em prova (na FCC, então, nem se fala!). Observe as Saiba que a maioria dos verbos não sofre alomorfia no radi-
frases e assinale o certo: cal, mas, como são muitos, há os que sofrem (os irregulares).
Falarei sobre isso à frente. Respire fundo...
1) As crianças se entreteram durante bom tempo no parque.
1) As crianças se entretiveram durante bom tempo no par- Obs.: Importante saber sobre radical:
que. Formas rizotônicas: sílaba tônica do verbo se localiza den-
tro do radical: Eu amo muito minha esposa.
2) Depois que o assessor interviu, os políticos ficaram tran- Formas arrizotônicas: a sílaba tônica do verbo se localiza
quilos. fora do radical: Eu amava muito minha esposa.
2) Depois que o assessor interveio, os políticos ficaram tran-
quilos.
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Obs.: Para alguns gramáticos, o a e o e do presente do sub- Obs.: Existem 12 tempos e formas de conjugação para um
juntivo são desinências modo-temporais; há os que conside- verbo. Você deve memorizar a utilização das DNPs por ra-
ram o –o da 1ª pessoa do presente do indicativo uma desi- ciocínio de exclusão. Por exemplo, a DNP2 é usada apenas
nência número-pessoal. Para muitos gramáticos, o -a e o -i no Futuro do subjuntivo e no Infinitivo pessoal. Portanto,
do particípio são vogais temáticas. Dessa forma, a desinên- nos demais tempos verbais, usa-se a DNP1.
cia de particípio (-do) pode sofrer alomorfia, dependendo
do verbo (exemplo: pôr > posto; imprimir > impresso). Todo esse conhecimento será utilizado por nós nos proces-
sos de conjugação verbal que serão estudados mais adiante.
Obs.: Não confunda verbo no infinitivo com futuro do sub-
juntivo, só porque a terminação é igual: Para eu vencer, pre-
ciso de você. / Enquanto eu vencer, precisarei de você. O
verbo no futuro do subjuntivo vem antecedido de conjun-
ção, normalmente, e o verbo no infinitivo vem antecedido
de preposição, normalmente. Esse é o termômetro para a
distinção.
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Agora, vamos tratar dos processos de conjugação verbal. São três estes princípios. Cada um está relacionado com um tempo
primitivo, que originam tempos derivados distintos. O jogo é ganho quando você entende quem deriva de quem e como
se dá o processo. Uma vez dominados os procedimentos de conjugação e observados os casos especiais, conjugar verbo se
torna algo prático e fácil!
Como você pode perceber, o Presente do Indicativo forma três tempos derivados: o Presente do Subjuntivo, o Im-
perativo Afirmativo e o Imperativo Negativo. O processo é fluido e simples: primeiro, o Presente do Indicativo forma o
Presente do Subjuntivo, fornecendo o Radical da 1ª pessoa do singular juntamente com um jogo de vogais temáticas: a
vogal temática A, da 1ª conjugação, é substituída pela vogal temática E; já as vogais temáticas E / I, da 2ª e 3ª conjugações
respectivamente, são substituídas pela vogal temática A. Observe que esse procedimento gerará um TEMA ao qual se
juntam as DNPs¹. Convém lembrar que a conjugação do Presente do Subjuntivo se dá com a conjunção integrante QUE.
Verifiquemos como isso se dá. Para tanto, vamos usar o verbo irregular VER:
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Agora, com o Presente do Subjuntivo formado, o Presente do Indicativo formará o Imperativo Afirmativo. Convém
lembrar que o Modo Imperativo tem algumas peculiaridades: não possui 1ª pessoa do singular; os pronomes de 3ª pessoa
ele / eles são substituídos pelos pronomes você / vocês, respectivamente; os pronomes são colocados após os verbos; e, no
caso do Imperativo Negativo, a partícula de negação vem antes do verbo.
Agora, voltando ao mapa conceitual, observamos que a participação do Presente do Indicativo é mínima, forne-
cendo as 2ªs pessoas sem a terminação “S”. Em seguida, o Presente do Subjuntivo fornece as demais pessoas sem nenhuma
alteração. Assim se dá a formação do Imperativo Afirmativo. Já a formação do Imperativo Negativo está praticamente
concebida, pois é realizada apenas com a transferência de todas as pessoas do Presente do Subjuntivo, sem alterações.
Observe:
Na aplicação desse primeiro procedimento, você deve ficar atento a alguns verbos, como os Anômalos – SER e IR;
os Irregulares – TER, PÔR, VIR, HAVER, QUERER, SABER e seus derivados, como CONTER, MANTER, COMPOR, CON-
VIR, INTERVIR, REAVER, PRECAVER, REQUERER; os defectivos – PRECAVER, REAVER, os terminados em -ORIR e os
que representam as vozes dos animais.
Observação: Deve-se optar também por considerar os verbos later, latejar, doer, concernir, acarretar como verbos defecti-
vos, pois – embora alguns estudiosos modernos afirmem que venham sendo usados com conjugação completa – não en-
contrei registro do uso ocorrente da fala ou questão de prova que corrobore esta tese.
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Este é o procedimento mais simples e mais fácil dos três. Não que os demais procedimentos de conjugação sejam
difíceis, não o são. É que este não sofre alterações nem exige raciocínios mais elaborados. Tudo começa com a correta con-
jugação do verbo no Pretérito Perfeito do Indicativo. Deve-se estar atento às desinências modo-temporais da 1ª e 3ª pessoa
do singular das 3 conjugações existentes. Já as demais DMTs não sofrem alterações de uma conjugação para outra. Também
se deve observar que há também alterações nas DNPs, pois a 2ª pessoa do singular perde o “s” e a 2ª pessoa do plural perde
o “i”, restando o “s”. Conjugado corretamente o verbo no Pretérito Perfeito (Indicativo), este tempo fornece o TEMA da 2ª
pessoa do singular para formar o Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo e os tempos restantes do Subjuntivo: o Pretérito
Imperfeito e o Futuro, conjugados com o auxílio das conjunções SE ou QUANDO.
Observações: A) Verifique que o Pretérito Mais-que-Perfeito (Indicativo) possui duas DMTs (-ra / -re) esperando a chegada
do TEMA. Quando um tempo verbal tem duas DMTs, a 2ª é usada apenas na 2ª pessoa do plural, a 1ª é usada nas demais
pessoas. Somam-se a estas desinências a DNP¹. B) Já o Pretérito Imperfeito (Subjuntivo) possui esperando a chegada do
TEMA apenas uma DMT (-sse), que se soma à DNP¹. C) O mesmo ocorre com o Futuro (Subjuntivo), porém, nesse caso,
usamos a DNP².
Observação: Convém lembrar que nesse esquema todos os verbos são conjugados normalmente, inclusive a maioria dos
defectivos, como REAVER, PRECAVER, COLORIR, ABOLIR, POLIR e tantos outros.
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Veja como se comportou o verbo irregular que escolhemos para ilustrar os esquemas, VER. Agora vejamos como
se comporta o verbo VIR.
Assim, galera, apesar de ouvirmos muitos dizerem “Quando eu o ver, direi a ele poucas e boas”, o que é adequado à
norma-padrão é dizer “Quando eu o vir, direi a ele poucas e boas”. Da mesma forma, muitos dizem “Se eu vir à aula hoje, trarei
as provas para analisarmos”, entretanto o que estaria adequado à norma-padrão seria dizer “Se eu vier à aula hoje, trarei as
provas para analisarmos”.
Observação: As bancas sabem que muitos se confundem com a conjugação dos verbos VER e VIR e de seus derivados.
Portanto, fique atento às situações de uso desses verbos para não cair em pegadinhas.
Observação: É muito difícil se livrar dos vícios de linguagem, principalmente quando são culturais. Muitos dizem no ligar
de VIER a forma coloquial VIM. Observe: “Quando eu vim à feira, comprarei mais frutas que verduras”. Outros usam VIM em
lugar de VIR em locuções verbais: “Tu vais vim para a aula hoje?”. E pior: há quem use como corretas as formas coloquiais
“vinher”, “vinhemos”, “vinhermos”, vinheres”, vinheram”, “vinhesse”, todas inexistentes.
Ainda nesse esquema é bom observar o que ocorre com os verbos PRECAVER (derivado de HAVER) e REQUERER
(derivado de QUERER). Há uma regra de conjugação que determina o seguinte: verbos derivados conjugam-se pelos seus
primitivos. Assim, para conjugar INTERVIR, por exemplo, bastaria acrescentar o prefixo INTER- ao seu verbo primitivo:
VIR. Porém, os dois verbos que citei fogem à regra. No segundo esquema eles se conjugam pelo verbo paradigma de con-
jugação: VENDER. Vejamos o verbo HAVER e, em seguida, o ser derivado PRECAVER:
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Vejamos agora o que ocorre com o verbo QUERER e com seu derivado REAVER.
Observação: É bom observar que a conjugação do verbo REQUERER também é diferente do seu primitivo no primeiro
esquema. Sugiro, como exercício, realizar a conjugação completa desses verbos. Faça o mesmo com HAVER, REAVER e
PRECAVER.
Agora, vejamos o que ocorre, galera, com os verbos anômalos SER e IR, no segundo esquema de conjugação. Ob-
serve que, ao conjugarmos o verbo SER, obteremos as mesmas formas conjugadas do verbo IR. Isso configura uma “ano-
malia”, daí mais um motivo para esses verbos serem classificados como anômalos. Vejamos a conjugação do verbo SER:
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Classes gramaticais: suas funções no texto
O Infinitivo Impessoal não é um tempo verbal, mas uma forma nominal do verbo. É o “nome” do verbo, isto é, a
forma de nome com que se apresenta nos dicionários. Observemos o mapa conceitual a seguir:
Verifiquemos agora o Terceiro Esquema. Veja como o Infinitivo Impessoal fornece o TEMA para formar os seus
tempos derivados. Primeiro, forma o Infinitivo Pessoal, que é conjugado com o auxílio de preposições, o que o difere do
verbo conjugado no Futuro do Subjuntivo, que é conjugado com auxílio de conjunção. O Infinitivo Pessoal tem apenas uma
DMT, que por acaso é a mesma DMT do Futuro do Subjuntivo, “-R”, daí a importância em se distinguir conjunção de
preposição. Essa distinção é necessária porque os verbos regulares têm as mesmas formas de conjugação para os referidos
tempos, porém com origens diferentes. O Infinitivo Pessoal usa a DNP².
Em seguida, é formado o Pretérito Imperfeito do Indicativo, que, dependendo da conjugação do verbo, terá grupos
de DMTs diferentes: verbos de 1ª conjugação têm as DMTs “-va” e “-ve”. Agora, se os verbos a serem conjugados forem da
2ª ou 3ª conjugação, o grupo de DMTs será “-ia” e “-ie”. Etanto num caso quanto no outro, já sabemos como devemos
proceder quando um tempo verbal tem duas DMTs. No Pretérito Imperfeito do Indicativo, conforme mostra o mapa con-
ceitual, usa-se a DNP¹. Também é bom ficar atento a um detalhe especial: os verbos de 2ª e de 3ª conjugação, quando são
conjugados no Pretérito Imperfeito do Indicativo, perdem a VT, portanto usamos apenas o radical do verbo + DMTs +
DNPs.
Observação: Deve-se ficar atento à conjugação dos verbos VER, VIR, TER e PÔR, bem como dos seus derivados nesse
tempo verbal, devido às alterações estruturais que sofrem no radical e nas DMTs.
O terceiro tempo verbal a ser formado é o Futuro do Presente do Indicativo. Ele possui três DMTs distribuídas
numa ordem fixa, e algumas delas têm apenas mudança de timbre, é o caso de “-rá” e “-rã”. Também é utilizado o conjunto
de DNP¹, com um detalhe: na 3ª pessoa do plural, em vez de “-m”, usa-se “-o”, pois a terminação do verbo é tônica, como
ocorre com os verbos VIR, DAR, SER e ESTAR na 3ª pessoa do plural do Presente do Indicativo.
Por fim, forma-se o Futuro do Pretérito do Indicativo. Este tempo verbal também possui duas DMTs: “-ria” e “-
rie”. E também é usado o conjunto de DNP¹. Na sua elaboração, não há muitas situações inusitadas e especiais.
Observação: Nesse tempo verbal, devemos prestar atenção ao fenômeno que ocorre com os verbos DIZER, FAZER e TRA-
ZER. Há uma alteração na estrutura do radical para garantir a eufonia na pronúncia desses verbos quando conjugados.
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Veja como tudo isso ocorre na prática. Vamos começar com o verbo VER. Lembre-se: o verbo no Infinitivo Impes-
soal fornece o TEMA, mas no Pretérito Imperfeito do Indicativo perde a VT.
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Agora é hora de treinar. Com as fichas de conjugação verbal5, conjugue os verbos que mais aparecem em provas,
conjugue os verbos que servirão de modelo, como ADERIR, DORMIR, MEDIR, VALER, PERDER, PROVER, POLIR,
ADIAR, MEDIAR, FREAR, CONCLUIR, CONTINUAR, ROER, outros defectivos, como ABOLIR, COLORIR, COMPUTAR.
O importante é aplicar os esquemas sempre que possível. Faça isso observando o que acontece estruturalmente com o
verbo, faça suas anotações. Quando houver dúvidas, tente dirimi-las com o uso de bons dicionários de verbos, como os
apresentados a seguir.
VOZES VERBAIS Resumindo a visão dos caras: não há voz ativa com verbos
que indicam passividade, nem com verbos cujo sujeito não
Apesar de ser tratada como uma “flexão”, a voz é indica ação, nem com verbos de ligação, nem com verbos
na verdade uma forma assumida pelo verbo que revela impessoais (verbos de oração sem sujeito). Bechara, por
uma característica do sujeito da frase em relação à ação do outro lado, diz que a voz é considerada ativa, sim, com
verbo: a condição de agente da ação e/ou paciente da ação. verbos de sentido passivo, como levar, ganhar, receber, to-
mar, aguentar, sofrer etc., pois, segundo ele, o que importa
Logo, não faz nenhum sentido dizer que há voz é a forma do verbo, e não propriamente o sentido dele, por
verbal em orações sem sujeito, diga-se de passagem. Con- isso não confunda voz ativa com verbo de sentido passivo
soante sua forma, o verbo pode indicar uma ação prati- (Bechara chama isso de passividade) com voz passiva.
cada pelo sujeito (voz ativa), uma ação sofrida pelo sujeito Logo, só podemos distinguir com toda a propriedade do
(voz passiva) ou uma ação praticada e sofrida pelo sujeito mundo quando há voz ativa, passiva ou reflexiva, se-
(voz reflexiva). Vejamos uma por uma agora. gundo Bechara, pela forma em que o verbo se apresenta.
Podemos inferir que, para o velho Becha, é a ausência de
Voz Ativa marcas de voz passiva e reflexiva que indica que o verbo
está na voz ativa. Ok? Em toda a minha vida de professor,
Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando só vi esta grande polêmica sendo trabalhada em uma
o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada prova de concurso público cujo gramático apontado como
pelo sujeito. Veja: referência bibliográfica era... adivinha?... Bechara. A
chance de cair uma questão em concurso segundo esta vi-
– João pulou da cama atrasado e resolveu pegar um táxi, mas não são é bem pequena. Por isso, voz verbal, nas provas de
tinha dinheiro na carteira. Ele levou um susto e imediatamente concursos, é um assunto normalmente fácil. Basta você sa-
ficou furioso. Precisava de dinheiro também para o almoço. Teve ber o óbvio sobre cada tipo de voz.
de ir a um banco ainda. Chegou, enfim, ao trabalho. Depois que
o homem resolveu todas as pendências do dia, informaram-no Voz Passiva
“daquela” hora extra. Coitado. Adoeceu mais vinte anos.
Segundo a gramática tradicional, ocorre voz pas-
Obs.: Para você que quer aprofundar-se no assunto ou vai siva quando o verbo indica uma ação sofrida ou desfru-
fazer concurso organizado pelo Cespe-UnB ou FCC, por tada pelo sujeito. Veja:
exemplo, leia o que segue, se não pule essa e tapa. Note
que as formas verbais tinha, ficou, precisava e adoeceu – Nosso amigo João já está derrotado pelo cansaço da rotina,
não indicam, semanticamente, uma ação praticada pelo mas (como todo brasileiro) ele não desiste fácil. Enfim conseguiu
sujeito, mas sim posse, estado, necessidade e mudança de cumprir seu compromisso. Todavia surge a pergunta: será re-
estado, respectivamente. Além disso, note que o sentido compensado por seu patrão? Precisamos crer até o fim que se
do verbo levar indica que o sujeito não praticou uma ação, recompensam os esforçados.
mas a sofreu espontaneamente. Seria coerente com a gra-
mática tradicional e com a NGB dizer, portanto, que não Note que, nos primeiro e segundo casos, há uma
há voz verbal ativa nesses verbos, afinal, não indicam ação locução verbal passiva (normalmente formada pelo verbo
praticada pelo sujeito. Esta interpretação, inclusive, não é ser/estar/ficar + particípio: “está derrotado”, “será recompen-
nova, pois o gramático Luiz A. Sacconi confirma isso. Ele sado”). É importante dizer que o verbo auxiliar deve con-
diz: “Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dor- cordar em número e pessoa com o sujeito, e o particípio
mir, acordar, sonhar etc.), não se pode ver voz ativa, pas- deve concordar em gênero e número com o sujeito. Esta
siva nem reflexiva, porque o sujeito não pode ser visto locução verbal é a marca principal da voz passiva analí-
como agente, paciente ou agente/paciente. Em ‘Ele levou tica.
uma surra.’ temos um verbo de sentido passivo, mas a voz Há como traço de passiva analítica também o
não é passiva. Os verbos de sentido passivo também não agente da passiva: pelo cansaço da rotina e por seu patrão,
podem ter voz ativa, passiva nem reflexiva.”. Reforçando normalmente iniciado pela preposição por e, mais rara-
o time, Domingos P. Cegalla e Adriano G. Kury indicam mente, pela preposição de, como em “Estava acompanhado
que os verbos de ligação (Sou feliz.) e impessoais (Chove de alguns amigos.”. Veja mais sobre isso no capítulo de sin-
muito.) não constituem voz alguma. taxe Termos Integrantes da Oração (Agente da Passiva).
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No terceiro caso do exemplo do João, ocorre a cha- Resumo da ópera: há dois tipos de voz passiva.
mada voz passiva sintética, cuja marca principal é a pre-
sença do pronome apassivador se; não há agente da pas- 1) Voz Passiva Analítica: sua marca principal é, normal-
siva explícito nessa voz, em 99,99% dos casos! A melhor mente, a locução verbal formada por ser/estar/ficar + par-
maneira de descobrir se o se é apassivador é pela reescri- ticípio; dica: as questões de concursos exploram quase
tura para a voz passiva analítica: sempre a construção ser + particípio.
– Precisamos crer até o fim que se recompensam os esforçados. – Os resultados da pesquisa foram apresentados pela Instituição.
(voz passiva sintética)
– Precisamos crer até o fim que os esforçados são recompensa- Obs.¹: Há certas construções de voz passiva analítica com
dos. (voz passiva analítica) sentido ativo: “É chegada (= Chegou) a hora.”.
Se essa passagem for possível, você nunca mais Obs.²: Segundo Celso Cunha, não há voz passiva com
errará a identificação do se apassivador. verbo no imperativo. Já Domingos Paschoal Cegalla e Re-
nira Lisboa de Moura Lima não concordam com o Celso,
Ah! Por favor, não confunda partícula apassiva- registrando voz passiva no imperativo, sendo o sujeito pa-
dora (PA) com partícula de indeterminação do sujeito ciente um humano: Não seja guiado por outros! O mais
(PIS), hein! Note sempre se o verbo é transitivo direto. importante: ainda não vi questão alguma sobre essa “po-
lêmica”.
– Ainda se vive num mundo de incertezas. (PIS: Num mundo
de incertezas é vivido?) Obs.³: Só tome cuidado com a locução verbal de tempo
– Ainda se alimenta a esperança. (PA: A esperança ainda é ali- composto (ter/haver + particípio), pois, na voz passiva
mentada.) analítica, ela será construída assim: ter/haver + sido + par-
ticípio: João tinha sido baleado por bandidos num assalto.
Percebeu que a reescritura para a voz passiva ana-
lítica na primeira frase ficou estranha? “Ah, Adeildo, mas 2) Voz Passiva Sintética (ou Pronominal): sua marca prin-
eu já vi verbo transitivo direto ligado ao se, mas parecia cipal é o verbo transitivo direto (VTD) ou transitivo di-
não ser apassivador!” É verdade, mas esse VTD + se (PA) reto e indireto (VTDI) acompanhado do pronome apas-
vem sempre seguido de preposição, segundo a tradição sivador se; o sujeito sempre vem explícito, e o verbo con-
gramatical, porque o complemento é um objeto direto pre- corda com ele em número e pessoa.
posicionado:
– Apresentaram-se os resultados da pesquisa.
– Louva-se a Jesus aqui, irmãos! (PA: Jesus é louvado.) – Apresentaram-se os resultados da pesquisa aos clientes.
– Ama-se a Deus sobre todas as coisas. (PA: Deus é amado sobre
todas as coisas) Por exemplo, se eu dissesse “Apresentou-se os re-
sultados da pesquisa.”, tal construção não estaria de
Obs.: Estamos diante de um ponto cego da análise grama- acordo com o registro culto da língua, pois o sujeito está
tical: de um lado, o verbo é transitivo direto, pessoal e tra- no plural (os resultados da pesquisa)... Logo, o verbo tem
duz uma ação; de outro, como o objeto direto é preposici- de figurar no plural! Só o Bechara discorda disso, entre os
onado, ao passarmos a frase para a voz ativa, o sujeito não gramáticos tradicionais. Veja o capítulo 19 (em sujeito in-
admitirá ser iniciado pela preposição. Exatamente por determinado).
isso, consideraremos que a reescritura para a voz ativa exi-
girá a dispensa da preposição. Obs.: Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sen-
tido cirúrgico), vacinar-se são geralmente considerados
passivos pronominais (voz passiva pronominal). O pro-
nome apassivador, nesses casos excepcionais, assume for-
mas de 1ª e 2ª pessoas: Batizei-me aqui. (Fui batizado
aqui.) / Chamas-te Maria? (É chamada de Maria?)
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Classes gramaticais: suas funções no texto
Palavra final: Alguns gramáticos, como Hilde- Passagem de Voz Ativa para Passiva Analítica
brando André, dizem haver um 3º tipo de voz passiva,
com a construção adjetivo + de + verbo no infinitivo: “Isso Primeiro de tudo: para haver passagem de voz ativa para
é fácil de entender (= de ser entendido).”, ou em frases passiva e vice-versa é preciso que o verbo seja transitivo
como esta: “Ela vai dar a mão a beijar (= para ser beijada).”. direto (verbo que exige complemento sem preposição) ou
Cândido Jucá Filho, por sua vez, diz que o verbo no infi- transitivo direto e indireto (verbo que exige um comple-
nitivo constitui voz ativa, devendo ser interpretada a cons- mento sem preposição e um com preposição), está claro?
trução da seguinte maneira: “Isso é fácil de (alguém) en- Com verbos de ligação, transitivos indiretos (99,99%) ou
tender.” e também “Ela vai dar a mão para (alguém) bei- intransitivos, não há passagem! Veja primeiro o esquema:
jar.”. Não me odeie pelas polêmicas... a culpa não é minha.
Voz Ativa S. Agente VTD OD AA
Transposição de Vozes
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Classes gramaticais: suas funções no texto
Note que, na voz passiva sintética, o agente da passiva Passagem de Voz Passiva Analítica para Voz Passiva
não aparece mais. Em registros arcaicos isso até ocorria Sintética
(Resolveram-se todas as pendências do dia pelo homem.).
É raríssimo encontrar uma questão sobre agente da pas- É fácil fazer esta transposição (ou passagem).
siva em voz passiva sintética.
Veja o passo a passo:
Resumo da ópera: É possível transformar a voz ativa em
passiva analítica ou sintética. – Todas as pendências da empresa foram resolvidas.
2) Preste atenção em como vai ficar a passagem de voz 1º: Elimina-se o verbo ser e passa-se o verbo principal para
ativa para a passiva analítica quando houver locuções ver- o mesmo modo, tempo e pessoa em que estava o verbo ser:
bais com infinitivo e gerúndio e locuções verbais de tem- Resolveram.
pos compostos. Note a seguir a conservação do tempo e 2º: Junta-se o pronome se apassivador ao verbo, obser-
modo verbal do verbo auxiliar e a estrutura de voz passiva vando-se as regras de colocação dos pronomes: Resolve-
ser + particípio (no infinitivo) e sendo + particípio (no ge- ram-se.
rúndio); note também como vai ficar o tempo composto na 3º: O sujeito fica, normalmente, posposto ao verbo que
voz passiva: ter/haver + sido + particípio do verbo princi- com ele concorda: Resolveram-se todas as pendências da
pal. empresa.
– Vou comprar uma casa. (Voz ativa) / Uma casa vai ser com- Obs.: Note que só dá para passar da passiva analítica para
prada por mim. (Voz passiva analítica) passiva sintética (e vice-versa) se o agente da passiva vier
implícito na construção da frase.
– Estou comprando uma casa. (Voz ativa) / Uma casa está
sendo comprada por mim. (Voz passiva analítica)
Agora, é hora de exercitar tudo o que vimos até aqui. Será
– Espero que tenham resolvido as pendências. (Voz ativa) / Es- uma megarrevisão sem precedentes. Só questões de con-
pero que as pendências tenham sido resolvidas. (Voz passiva cursos. Vamos a nossa saga!
analítica)
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