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pronomes

Com Sérgio Nogueira,


o professor do Soletrando.
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Apresentação
Quer simplificar o português, aprender com mais prazer e acabar
com suas dúvidas?

Este e-book apresenta os pronomes e ensina a empregá-los de for-


ma adequada, mostrando como aspectos sutis podem fazer toda a di-
ferença na transmissão de uma mensagem. Afinal, quando dizer “toda
a casa” ou “toda casa”, “onde” ou “aonde”, por exemplo?

As videoaulas ampliam o conteúdo do livro digital, discutem as dú-


vidas mais comuns e apresentam exemplos práticos para você enrique-
cer seu conhecimento.

É assim que o professor Sérgio Nogueira retoma os temas mais im-


portantes e mais cobrados em provas de concursos e vestibulares, para
que você possa (re)aprender sem dificuldades e sem traumas.

Tudo com a experiência de quem há mais de 40 anos aproxima os


brasileiros do idioma.

Bom proveito!
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Sumário
O papel dos pronomes.................................................................. 4
Pronomes pessoais......................................................................... 6
Pronomes de tratamento..................................................................................10

Pronomes possessivos................................................................13
Pronomes demonstrativos.......................................................16
Pronomes indefinidos.................................................................20
Pronomes interrogativos..........................................................23

Pronomes relativos.......................................................................25
1. Que..............................................................................................................................29
2. O qual/a qual, os quais/as quais...............................................................30
3. Quem.........................................................................................................................32
4. Cujo............................................................................................................................32
5. Onde...........................................................................................................................34
6. Quanto......................................................................................................................36

Colocação pronominal................................................................38
1. Próclise.....................................................................................................................39
2. Mesóclise................................................................................................................40
3. Ênclise......................................................................................................................42
4. Locuções verbais...............................................................................................43

Dúvidas frequentes......................................................................45
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O papel
dos pronomes

Na aula de classes gramaticais, aprendemos um pouco sobre prono-


mes. Vimos que são palavras variáveis que podem substituir ou acom-
panhar os substantivos. Vimos também que podemos dividi-los em seis
grupos: pessoais, possessivos, demonstrativos, relativos, indefinidos e
interrogativos.

Os pronomes exercem um papel importantíssimo no encadeamento


das informações, sendo um dos responsáveis pela articulação lógica das
ideias. Qualquer pessoa que se proponha a utilizar a língua com um pouco
mais de cuidado deve não apenas conhecer e saber classificar os pronomes,
como também saber empregá-los.

Assim, quando nos dispomos a estruturar uma mensagem de acor-


do com o padrão culto da língua ou a estudar as possibilidades signifi-
cativas de um texto, devemos ficar atentos às diversas funções que um
pronome pode exercer na construção de sentido.

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Quando dizemos que um pronome pode substituir um substantivo,


pensamos apenas na substituição clássica:
José saiu apressado de casa. Ele está atrasado para a aula.

Nesse caso, o pronome pessoal do caso reto “ele” substituiu o substanti-


vo próprio “José”. Mas representar as pessoas do discurso não é o único caso
em que o pronome é empregado. A substituição do substantivo pelo prono-
me é também muito utilizada para retomar o que já foi dito, evitando, assim,
que o texto fique cheio de repetições cansativas. Veja o exemplo:
O futebol é, certamente, o esporte mais popular no Brasil. Os
admiradores do futebol crescem a cada ano. Mesmo entre o
público feminino, o futebol já virou assunto corriqueiro e tudo
indica que o futebol continuará entretendo nossa população por
muitos anos. Que o futebol continue entretendo nossa população
ainda por muitos anos é o que esperam os patrocinadores e os
dirigentes de clube. Patrocinadores e dirigentes de clube dedicam
a vida ao futebol.

Observe que, além de a palavra “futebol” ser exaustivamente uti-


lizada, as duas últimas frases ficaram repetitivas, dificultando a arti-
culação de ideias no texto. Podemos, facilmente, melhorar a estrutura
desse texto empregando alguns pronomes. Confira:
O futebol é, certamente, o esporte mais popular no Brasil. Seus
admiradores crescem a cada ano. Mesmo entre o público feminino, ele
já virou assunto corriqueiro e tudo indica que continuará entretendo
nossa população por muitos anos. Isso é o que esperam os
patrocinadores e dirigentes de clube que dedicam a vida ao esporte.

Ao reescrevê-lo empregando adequadamente os pronomes, não só


conseguimos evitar a repetição da palavra “futebol”, como também en-
cadeamos as informações contidas nas duas últimas frases.

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Pronomes
pessoais

Os pronomes pessoais referem-se diretamente às pessoas gramati-


cais. Veja o exemplo:

Eu acredito que tu não falarás com ele.


123 123 123
1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa

O pronome “eu” representa a pessoa que fala; o pronome “tu”, a pes-


soa com quem se fala; e o pronome “ele”, a pessoa de quem se fala.

Os pronomes pessoais podem ser do caso reto ou do caso oblíquo.


Pertencem ao caso reto quando exercem a função de sujeito da oração
e, ao caso oblíquo, quando desempenham a função de complemento
verbal (objeto direto e objeto indireto).
O que adianta eu chegar cedo se ela não está me esperando.

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No exemplo, os pronomes “eu” e “ela” são do caso reto, pois exer-


cem a função de sujeito das orações. Já o pronome “me” pertence ao
caso oblíquo, pois desempenha a função de complemento verbal (ob-
jeto direto).

Confira os pronomes pessoais no quadro:

Pessoas Pronomes Pronomes


gramaticais pessoais retos pessoais oblíquos
Átonos Tônicos

1ª pessoa eu me mim, comigo

2ª pessoa tu te ti, contigo


singular
o, a, lhe ele, ela
3ª pessoa ele, ela
se si, consigo

1ª pessoa nós nos nós, conosco

2ª pessoa vós vos vós, convosco


plural
os, as, eles, elas
3ª pessoa eles, elas
lhes, se si, consigo

Perceba que as formas “ele”, “ela”, “nós”, “vós”, “eles” e “elas” podem
pertencer tanto ao caso reto como ao caso oblíquo.

Como classificar, então, essas formas em pronomes retos ou oblíquos?

Fácil. Sempre que exercerem a função de complemento, elas


virão precedidas de preposição. Serão, sem sombra de dúvida, pro-
nomes pessoais oblíquos tônicos. Lembre-se de que o sujeito nunca
vem precedido de preposição. Na frase “Ele emprestou o livro a ela”,
temos o pronome “ele” empregado como reto, sujeito da oração. Já

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o pronome “ela” pertence ao caso oblíquo, pois é um complemento


verbal (objeto indireto), precedido pela preposição “a” (a ela).

Os conceitos de sujeito e de complemento são estudados na aula


de análise sintática.

“Consigo” é sempre reflexivo


As formas “comigo”, “contigo”, “consigo”, “conosco” e “convosco”
já trazem embutidas a preposição “com”: com + mim = comigo; com +
ti = contigo.

Mas tenha muito cuidado ao empregar o pronome “consigo”, pois,


diferentemente de seus companheiros “comigo”, “contigo”, “conosco” e
“convosco”, seu sentido, no Brasil, é reflexivo. Isso quer dizer
que entre nós, brasileiros, só usamos o pronome “consigo”
quando significa “com si mesmo” ou “com ele mesmo”.

Na frase “Ele carrega consigo a foto


do casamento”, o pronome “consigo”
pode ser substituído pela expressão
“com ele mesmo”: Ele carrega com ele
mesmo a foto do casamento. Portanto,
se você quiser falar com alguém, diga
“Quero falar contigo” ou “Que-
ro falar com você”, mas nunca
“Quero falar consigo”.

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Você reparou que “levar consigo” é, rigorosamente, “levar com


si mesmo”? Assim, não use a expressão “consigo mesmo”, pois é uma
redundância. Não é necessário dizer ou escrever “Ele levou os dólares
consigo mesmo”. Basta “Ele levou os dólares consigo”.

EU ou MIM?
Como visto, o pronome “eu” é uma forma do caso reto, ou seja, só
pode ser empregado como sujeito da oração. E, como todo sujeito, deve
estar ligado a um verbo.

Veja a frase: “Meu pai trouxe um livro para eu ler”. Perceba que o
pronome “eu” exerce a função de sujeito do verbo “ler”. Significa que
“Meu pai trouxe um livro para que eu lesse”.

Já na frase “Meu pai trouxe um livro para mim”, o pronome “mim”


não pratica nenhuma ação, exercendo a função não de sujeito, mas
de complemento.

Muitas pessoas se confundem com frases do tipo: “Para mim, ler é


um prazer”. Essa frase está certa ou errada? Repare que há uma vírgula
entre o pronome e o verbo, o que já invalidaria a possibilidade de o pro-
nome ser sujeito da oração e garantiria que a frase está correta. Mas no
caso de a frase ser falada e não escrita, como reconhecer que ela está
correta? É simples. Basta inverter a ordem dos termos. Na ordem direta,
teríamos: Ler é um prazer para mim.

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Não há nada entre EU e VOCÊ ou MIM e VOCÊ?


O correto é “entre mim e você”. Observe que não há verbo após o
pronome “mim”. Isso significa que ele não é sujeito e, por isso, devemos
usar esse pronome oblíquo e não o pronome reto “eu” .

Se você achar estranho falar ou escrever “entre mim e você”, diga ou


escreva “Não há nada entre nós”.

Veja outro caso: se o correto é “entre mim e você”, é incorreto, por-


tanto, dizer “entre eu e tu”. Devemos dizer “Entre mim e ti não existe
mais nada” ou “Não existe mais nada entre mim e ti”.

“Eu” e “tu” são pronomes pessoais do caso reto. Devemos empregá-


-los apenas na função de sujeito: Eu e tu viajaremos amanhã; Trouxe-
ram o CD para eu e tu analisarmos.

Assim, não sendo sujeito, devemos usar os pronomes oblíquos


“mim” e “ti”: A escolha ficará entre mim e ti (ou entre ti e mim).

A diferença de “entre mim e você” e “entre mim e ti” é o tratamento:


“você” é da 3ª pessoa e “ti” é da 2ª pessoa.

Pronomes de tratamento
Entre os pronomes pessoais, encontramos os de tratamento, que
são palavras ou locuções que utilizamos para designar a pessoa com
quem falamos. Com exceção da forma “você”, utilizada em situações
informais, os demais pronomes de tratamento são empregados em si-
tuações formais, cerimoniosas.

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Confira na tabela os principais pronomes de tratamento e suas res-


pectivas abreviaturas.

Abreviatura Pronome Emprego


V. A. Vossa Alteza Príncipes e duques

V. Emª Vossa Eminência Cardeais

V. Exª Vossa Excelência Altas autoridades

V. Magª Vossa Magnificência Reitores de universidade

V. M. Vossa Majestade Reis e imperadores

V. S. Vossa Santidade Papa

Pessoas de cerimônia e
V. Sª Vossa Senhoria
correspondência comercial

VOSSA Excelência ou SUA Excelência?


Deve-se empregar a forma “Vossa” para se referir à 2ª pessoa
do discurso. Em outras palavras, usamos a forma “Vossa”
quando falamos com a pessoa que está sendo tratada
dessa maneira respeitosa. Assim, “Vossa Excelên-
cia” é a pessoa com quem se fala.

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Já a forma “Sua” deve ser empregada para se referir à 3ª pessoa,


ou seja, utilizamos a forma “Sua” quando falamos da pessoa que está
sendo tratada de maneira respeitosa. “Sua Excelência”, então, é a pessoa
de quem se fala.

Fique atento à concordância com os pronomes de tratamento. Em-


bora utilize a forma “Vossa” e refira-se à 2ª pessoa, a concordância – ver-
bal e pronominal – deve ser feita com a 3ª pessoa.

Assim, devemos dizer “Vossa Excelência já designou seu assessor


direto”, e não “Vossa Excelência já designastes vosso assessor direto”.
Observe que, na forma correta, o verbo (designou) e o pronome (seu)
foram empregados na 3ª pessoa.

E tome cuidado! A concordância deve respeitar o sexo da pessoa


com quem se fala ou de quem se fala. Veja:
Vossa Excelência está muito ocupado? (ao se dirigir a um homem)
Vossa Excelência está muito ocupada? (ao se dirigir a uma mulher)

E o pronome VOCÊ, onde se encaixa?


“Você”, na verdade, é um pronome de tratamento, resultado das
transformações fonéticas pelas quais passou o pronome de tratamen-
to “Vossa Mercê”. Hoje, no Brasil, esse pronome perdeu sua característi-
ca cerimoniosa, abandonou a linguagem formal e passou a frequentar
nosso cotidiano na fala coloquial, referindo-se à 2ª pessoa do discurso
(tu). É muito importante lembrar que, embora substitua o pronome da
2ª pessoa, exige que o verbo seja empregado na 3ª pessoa: eu vou, tu
vais, ele vai e você vai.

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Pronomes
possessivos

Como o próprio nome diz, estão associados com a ideia de posse. Os


pronomes possessivos indicam o que pertence a cada pessoa gramati-
cal. Em “Teus livros estão jogados no chão”, temos uma 2ª pessoa (tu)
que possui livros (coisa possuída). Vamos ver o que acontece se variar-
mos as coisas possuídas.
Teu livro está jogado no chão.
Tua mala está jogada no chão.
Tuas roupas estão jogadas no chão.

Observe que o pronome possessivo varia em gênero e número (teu,


tua, teus e tuas) para concordar com a coisa possuída (livro, mala, roupas).

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E se variarmos a pessoa?
Meu livro está jogado no chão.
Nossos livros estão jogados no chão.
Seus livros estão jogados no chão.

Perceba que, se variarmos a pessoa que possui, devemos também


variar a pessoa do pronome (meu, nossos, seus).

Podemos, assim, concluir que os pronomes possessivos concordam


em gênero e número com a coisa possuída e em pessoa com o possuidor.

Veja no quadro as formas que os pronomes possessivos podem assumir.

Pessoas gramaticais Um objeto Vários objetos


1ª pessoa meu, minha meus, minhas

singular 2ª pessoa teu, tua teus, tuas

3ª pessoa seu, sua seus, suas

1ª pessoa nosso, nossa nossos, nossas

plural 2ª pessoa vosso, vossa vossos, vossas

3ª pessoa seu, sua seus, suas

Cuidado com o emprego do pronome SEU!


O pronome “seu” talvez seja a palavra responsável pelo maior núme-
ro de mal-entendidos na comunicação. Isso se dá porque esse pronome
possessivo permite várias interpretações. Analise a seguinte frase:
A moça viu o ladrão que entrava em sua casa.

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Perceba quantas possibili-


dades interpretativas há nessa
mensagem. Podemos enten-
der que o ladrão foi visto ao
entrar na própria casa. Ou que
o ladrão foi visto ao entrar na
casa da moça. Ou, na pior das
hipóteses, que o ladrão foi
visto ao entrar na casa do in-
terlocutor, da pessoa que está
recebendo a mensagem, ou seja, na
sua casa, caro leitor.

Para evitar essa confusão, podemos escrever:


A moça viu o ladrão que entrava na casa dele.
A moça viu o ladrão que entrava na casa dela.
A moça viu o ladrão que entrava na tua casa.

Ele brigou com A MINHA amiga ou com MINHA amiga?


Nesse caso, tanto faz. Você pode optar por usar ou não o artigo “a”
antes do pronome “minha”. O uso de artigos definidos antes de prono-
mes possessivos é facultativo. Assim, são igualmente corretas:
Este é meu filho. / Este é o meu filho.
Estou a seu dispor. / Estou ao seu dispor.

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Pronomes
demonstrativos

São responsáveis por localizar o ser no tempo, no espaço e no con-


texto linguístico, tendo como referência as pessoas gramaticais. Va-
mos, então, começar nossa análise destrinchando esse conceito.

O que quer dizer “localizar o ser no tempo”?


Em relação ao falante, o pronome demonstrativo pode indicar:

>> tempo presente


Não pretendo sair neste dia chuvoso.

>> tempo citado anteriormente


Esse final de semana foi muito agitado.

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>> tempo passado distante


Aquelas férias foram maravilhosas.

O que quer dizer “localizar o ser no espaço”?


O pronome demonstrativo pode indicar a posição que um ser ocupa
no espaço em relação às pessoas envolvidas no ato comunicativo:

>> perto do falante


De quem é este livro que está na minha mão?

>> perto do ouvinte


De quem é esse livro que está na sua mão?

>> distante do falante e do ouvinte


De quem é aquele livro que está sobre a mesa?

O que quer dizer “localizar o ser no contexto linguístico”?


Quanto ao contexto linguístico, o pronome demonstrativo pode:

>> retomar o que já foi dito


Todos querem ser líder no mercado financeiro. Mas esse objetivo
não pode ser desculpa para abandonar a ética.

>> preceder o que vai ser dito


Só vou dizer isto: para mim, chega!

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>> referência a uma citação distante


Retomando aquela ideia exposta no primeiro capítulo...

Quando, em um texto, precisamos esta-


belecer uma diferença entre duas pessoas ou
duas coisas já mencionadas, empregamos o
pronome “este” para nos referirmos ao que foi
citado por último e o pronome “aquele” para
nos referirmos ao que citamos em primeiro
lugar.
Aline e João estudaram na Europa; este em
Paris, aquela em Londres.

Confira as formas dos pronomes demonstrativos:

Variáveis Invariáveis
este, esta, estes, estas isto

esse, essa, esses, essas isso

aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo

Também exercem a função de pronomes demonstrativos as pala-


vras “o”, “a”, “os”, “as”, no caso de poderem ser substituídas por “isto”,
“isso”, “aquele”, “aquela” e “aquilo”.
 ocê fez tudo o que foi pedido?
V
(o = aquilo)
Estou falando com as que tiraram dez na prova. (as = aquelas)

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ESTE ou ESSE verão está mais quente?


Quando nos referimos ao tempo presente, devemos usar os prono-
mes “este, esta, neste, nesta, destes...”. Assim, para falar do verão atual,
o correto é dizer “neste verão”.

Os pronomes “esse, essa, nesse, nessa, desses...” são empregados


em referência a alguma coisa citada anteriormente. Veja: “Até os 40
minutos do segundo tempo, parecia que o jogo estava ganho. Nesse
momento (= 40 minutos do segundo tempo), o juiz marcou um pênalti
inexistente. Isso (= o pênalti) levou o jogo para a prorrogação e possibi-
litou a derrota do favorito”.

Ora essa!
Nem sempre os pronomes demonstrativos são empregados para
situar o ser no espaço, no tempo e no contexto linguístico. Em nosso
português do dia a dia, é muito comum encontrarmos frases como:
Você chama isto de carro?
Trate de me respeitar que eu não sou dessas!

Observe que, nas duas frases, o pronome demonstrativo não indica


a posição de um ser. Nos dois casos, ele foi usado para exprimir menos-
prezo, desprezo pelo que está sendo indicado, mencionado.

Há ainda outras expressões, como “Nisso, a porta abriu”, “Ora essa!”,


“Essa não!”, em que quase já não encontramos mais o valor demonstra-
tivo dos pronomes.

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Pronomes
indefinidos

São aqueles que se referem à 3ª pessoa gramatical de forma


vaga, imprecisa. Ao analisarmos a frase “Alguém trouxe algo muito
interessante para a aula”, podemos notar que não é possível iden-
tificar com precisão quem trouxe e o que trouxe.

Isso acontece porque a palavra “alguém” não permite identi-


ficar quem praticou a ação de trazer. O mesmo acontece quando
empregamos o pronome “algo”, que também torna a informação
vaga, pois não nos possibilita identificar o objeto trazido. As pala-
vras “alguém” e “algo” são pronomes indefinidos.

Quando empregamos mais de uma palavra para tornar indefinida


a 3ª pessoa gramatical, estamos utilizando uma locução pronominal
indefinida.

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Confira no quadro os pronomes indefinidos e as locuções pronomi-


nais indefinidas mais comuns.

Variáveis Invariáveis Locuções pronominais

qualquer um(a), quaisquer


algum(ns), alguma(s) alguém
uns(umas)

nenhum(ns), nenhuma(s) ninguém cada um

todo(s), toda(s) tudo cada qual

outro(s), outra(s) outrem quem quer que

muito(s), muita(s) nada todo(s) aquele(s)

pouco(s), pouca(s) cada seja(m) quem for(em)

certo(s), certa(s) algo seja(m) qual(ais) for(em)

vário, vários, várias quem um(ns) ou outro(s)

tanto(s), tanta(s) tal e qual, tais e quais

quanto(s), quanta(s)

qualquer, quaisquer

CERTO cuidado
Nem sempre a palavra “certo” exerce o papel de pronome indefini-
do. Analise o emprego dessa palavra na seguinte frase:
Certas pessoas nunca estão nos lugares certos.

Observe que, na primeira ocorrência em que aparece (Certas pesso-


as), a palavra “certas” está tornando a informação vaga. Não sabemos
de que pessoas se trata. Já em “lugares certos”, a palavra “certos” está

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caracterizando o substantivo “lugares”, exercendo, assim, o papel de


adjetivo. Para você não se confundir na classificação dessa palavra, há
uma dica bem simples: a palavra “certo” (e suas variações) será prono-
me indefinido quando vier antes do substantivo e será adjetivo quando
vier depois do substantivo. Confira:
Não se pode contar com certas pessoas. (indefinido)
Contei com as pessoas certas num momento difícil. (adjetivo)

TODA segunda ou TODA A segunda?


Depende do que se quer dizer. É muito comum as pessoas não pres-
tarem atenção na hora de empregar “todo” e “todo o” e “toda” e “toda a”.
Mas deveriam, pois a presença ou ausência do artigo modifica o sentido
da mensagem:
À noite, os pernilongos invadiam toda a casa.
À noite, os pernilongos invadiam toda casa.

Repare que a primeira frase informa que os pernilongos invadiam


“uma casa inteira”. Já a segunda diz que os pernilongos invadiam “as ca-
sas de um modo geral”. Assim, lembre-se de que, quando acompanhado do
artigo, o pronome indefinido “todo” apresenta o significado de “inteiro”.

Respondendo à pergunta do início deste texto, devemos dizer “toda


segunda” ao nos referirmos às segundas em geral, uma segunda após a ou-
tra. E devemos dizer “toda a segunda”, com artigo, quando essa expressão
tiver o sentido de “a segunda inteira”, “a segunda do início ao fim do dia”.

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Pronomes
interrogativos

São aqueles utilizados nas formulações de perguntas. Os princi-


pais pronomes interrogativos são: que, quem, qual/quais, quanto(s),
quanta(s).

Esses pronomes podem aparecer em frases interrogativas diretas e


indiretas. São frases interrogativas diretas aquelas que começam com
um pronome interrogativo e terminam com um ponto de interrogação:
Quem faltou à aula ontem?
Que aula você prefere?
Quantos alunos leram o livro para a prova?

Já as frases interrogativas indiretas não apresentam ponto de inter-


rogação e os pronomes interrogativos não iniciam o período:

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A professora perguntou quem havia faltado à aula do dia anterior.


Ela perguntou ao estudante que aula ele preferia.
Ele gostaria de saber quantos alunos leram o livro para a prova.

CADÊ o toucinho que estava aqui?


Muitos gramáticos ainda torcem o nariz para a palavra “cadê” e cus-
tam a aceitar seu emprego como correto. O certo é que não dá mais
para negar sua existência. E de onde vem essa palavra? Você já pensou
nisso? Trata-se da forma contraída da expressão “que é feito de” ou
“que é de”, que significa “onde está?”.
Que é feito do meu lenço de seda azul?
Onde está o meu lenço de seda azul?
Cadê o meu lenço de seda azul?

Outros coloquialismos
Ainda na linha da linguagem popular, encontramos a repetição do
pronome com o objetivo de ressaltar o caráter interrogativo da frase:
Que que eu fiz para merecer isso?

Muito comum também é o emprego da expressão “é que” para en-


fatizar a interrogação:
Quanto é que custa uma aula particular?
Quem é que disse esse absurdo?

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Pronomes
relativos

Esses pronomes desempenham duas funções muito importantes


no encadeamento de ideias em um texto. Ao mesmo tempo em que
retomam um termo expresso anteriormente, os pronomes relativos
iniciam uma nova oração. Essa relação de subordinação que eles esta-
belecem entre as orações em um período garante a coesão das infor-
mações e torna o texto mais enxuto. Considere estas duas informações:
1ª) Conheço o criminoso.
2ª) O criminoso foi pego tentando fugir do país.

Observe que há um termo que se repete nas duas orações (o crimi-


noso). O emprego do pronome relativo evita essa repetição, reunindo
as duas orações em um só período.

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Veja:

Conheço o criminoso que foi pego tentando fugir do país.


14444444244444443 14444444444444244444444444443
1ª oração 2ª oração

No período acima, podemos perceber que foi eliminada a repetição


do substantivo “criminoso”, que passou a ser representado pelo prono-
me relativo “que” na segunda oração.

Acompanhe mais este exemplo:


1ª) O atleta está contundido.
2ª) O atleta foi contratado por meu clube.

Unindo as duas frases em um único período, teremos:

O atleta que foi contratado por meu clube está contundido.


1442443 144444444444424444444444443 1444442444443
2ª oração

1ª oração

Note que agora a segunda oração foi intercalada na primeira. Isso


acontece porque o pronome relativo, para evitar confusão na comuni-
cação, retoma o termo que o antecede.

Mas nem sempre o antecedente vem expresso na oração. Isso pode


acontecer quando o pronome “quem” refere-se a uma pessoa qualquer,
indefinida, e o pronome “onde” indica um lugar não determinado. É o
caso de frases como:
Quem ama o feio, bonito lhe parece.
Onde eu moro tem muita poluição.

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Veja abaixo o quadro dos pronomes relativos.

Variáveis Invariáveis
o qual, a qual, os quais, as quais que

cujo(s), cuja(s) quem

quanto(s), quanta(s) onde

Este é o livro QUE eu gosto ou Este é o livro


DE QUE eu gosto?
Como saber quando colocar a preposição antes do pronome relativo?
Isso é fácil! Você só precisa verificar se o verbo ou o nome presente na ora-
ção iniciada pelo pronome relativo exige a preposição. Veja a frase:
Não encontrei os ingredientes de que necessitamos para fazer o bolo.

Observe que o verbo “necessitar” exige a preposição de. Quem neces-


sita “necessita” de alguma coisa ou de alguém.

Siga um método infalível para reconhecer se


há preposição antes do pronome relativo:
1º) Reconheça o antecedente a que o
pronome relativo se refere.
2º) Substitua o pronome relativo por
seu antecedente. Reordene as
palavras se necessário.
3º) Identifique a preposição
utilizada.

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4º) Coloque a mesma preposição encontrada antes do


pronome relativo.

Achou complicado? Vamos, então, ver na prática como isso funciona.

Analise a seguinte frase:


Estes são os medicamentos __________ que confio.
1º) O relativo “que” tem como antecedente o substantivo
“medicamentos”.
2º) Confio nestes medicamentos.
3º) A preposição utilizada foi “em” (em + estes = nestes).
4º) Estes são os medicamentos “em” que confio.

Vamos analisar mais uma frase:


Este relatório ____ que nos referimos não é recente.
1º) O relativo “que” tem como antecedente o
substantivo “relatório”.
2º) Referimo-nos a este relatório.
3º) A preposição utilizada foi “a”.
4º) Este relatório “a” que nos referimos não é recente.

E a nossa pergunta inicial: “Este é o livro que eu gosto” ou “Este é o


livro de que eu gosto”? Vamos conferir qual é a forma correta:
Este é o livro ____ eu gosto.
1º) O relativo “que” tem como antecedente o substantivo “livro”.
2º) Eu gosto deste livro.
3º) A preposição utilizada foi “de” (de + este = deste).
4º) Este é o livro “de” que eu gosto.

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1. Que
Certamente, esse é o pronome relativo mais usado pelos brasilei-
ros. Ele pode retomar uma palavra que designa pessoas ou coisas, no
singular ou no plural.
Não conheço as pessoas que acabaram de entrar na festa.
Como são desrespeitosos os adolescentes que gritam no meio
da noite!
Alguém precisa recolher o lixo que caiu na calçada.

Para você ter certeza de que a palavra “que” é realmente um prono-


me relativo, basta verificar se ela aceita ser substituída pelos pronomes
“o qual”, “a qual”, “os quais” e “as quais”.
Ela não conseguiu carregar um pacote, que pesava apenas 5 kg.
Ela não conseguiu carregar um pacote, o qual pesava apenas 5 kg.

Ninguém reconheceu o homem, que estava disfarçado.


Ninguém reconheceu o homem, o qual estava disfarçado.

Também empregamos o pronome relativo “que” quando o nome ou


o verbo presente na oração iniciada pelo relativo exige as preposições
“a”, “com”, “em”, “de”.
A cidade em que vivemos é muito poluída.
Perdi a chave com que fechei meu coração.
Esta é a quantia de que dispomos.

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Nesse caso, o relativo “que” também aceita ser substituído pela for-
ma “o qual” e variações.
A cidade na qual vivemos é muito poluída.
Perdi a chave com a qual fechei meu coração.
Esta é a quantia da qual dispomos.

O relativo “que” é o único que aceita como antecedente os prono-


mes demonstrativos “o”, “os”, “a”, as”.

pronome demonstrativo (o = aquilo)

O cidadão comum tem dificuldade para entender o que dizem


os parlamentares.
pronome relativo

pronome demonstrativo (as = aquelas)

Das funcionárias novas, conheço as que me foram apresentadas.

pronome relativo

2. O qual/a qual, os quais/as quais


Quando o antecedente do pronome relativo “que” é um substanti-
vo, podemos substituí-lo por “o qual”, “a qual”, “os quais” e “as quais”.
Este é o livro de que falamos.
Este é o livro do qual falamos.

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Estes são os candidatos dos quais falamos.

Devemos usar as formas “o qual”, “a qual”, “os quais” e “as quais” e


não o relativo “que”:

>> Depois das preposições SEM e SOB


A água é um elemento natural sem o qual
não viveríamos.
Estas são as perspectivas sob as quais muitos filósofos
se relacionam.

>> Depois de preposições não monossilábicas (após, contra,


para, sobre...)
Hoje é o exame para o qual ele se preparou.
Não me diga que era futebol o assunto sobre o
qual vocês discutiram!
Essa é a ideia contra a qual nós lutamos.

>> Depois de locuções prepositivas (diante


de, de acordo com, junto a...)
É linda a caverna dentro
da qual dormimos.
Esta é a resolução de
acordo com a qual fica
proibida a venda de
bebidas alcoólicas
nos estádios.
Este é o time diante do
qual os adversários tremem.

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3. Quem
O pronome relativo “quem” deve ser utilizado apenas para pessoas
ou coisas personificadas. Ele sempre vem precedido de preposição.
Aquele é o ator de quem ninguém gosta.
O rapaz com quem você foi ao cinema é seu namorado?
Professora Joana, a quem muito admiro, foi a musa da
minha infância.
Esta é a candidata a quem me referi ontem.
O plantonista por quem fomos atendidos é novo no hospital.

4. Cujo
Esse pronome é muito usado na linguagem formal escrita, sendo
geralmente bem compreendido pelos leitores. Por que, então, temos
tanta dificuldade para utilizá-lo? Por que ele não está presente na nos-
sa linguagem do dia a dia?

Esse problema talvez se dê pelo desconhecimento das normas que


regem seu emprego. Vamos, então, conhecer melhor as regras de uti-
lização do pronome “cujo” (e suas variações), e quem sabe possamos
incorporá-lo à nossa fala coloquial.

A característica mais marcante do pronome “cujo” é a relação de


posse que ele estabelece entre seu antecedente e o substantivo sub-
sequente. Veja a frase: “O deputado, cujo projeto foi rejeitado semana
passada, faltou às últimas sessões do plenário”. Observe que entre “de-
putado” (termo antecedente) e “projeto” (substantivo subsequente) há

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uma ideia de pertencimento, de posse. Era o projeto “do” deputado. Era


o “seu” projeto.

Também não esqueça que o pronome “cujo” sempre concorda em


gênero e número com o substantivo subsequente: O deputado, cujos
projetos foram rejeitados, cujas ideias foram rejeitadas, cuja emenda
de projeto foi rejeitada...

Um erro muito comum é colocar o artigo definido (o, a, os, as) depois
do pronome “cujo”. Não existem as formas “cujo o” e “cuja a”.

O pronome relativo “cujo”, assim como os outros pronomes, deve


vir antecedido de preposição sempre que a regência dos termos da se-
gunda oração exigir. Confira algumas possibilidades:

Este é o deputado de cujas ideias ninguém gosta.

Como o verbo “gostar” é transitivo indireto, ele exige uma preposição


– no caso, “de”. Quem gosta “gosta” de alguma coisa ou de alguém. É como
se disséssemos “Ninguém gosta das (de + as) ideias desse deputado”.

Este é o deputado em cujas ideias todos confiam.

O verbo transitivo indireto “confiar” exige a preposição “em”. Quem


confia “confia” em alguma coisa ou em alguém. Todos confiam “nas”
(em + as) ideias do deputado.

Esse é o deputado com cujas ideias concordamos.

O verbo transitivo indireto “concordar” exige a preposição “com”.


Quem concorda “concorda” com alguma coisa ou com alguém. Concor-
damos “com” as ideias desse deputado.

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Esse é o deputado a cujos projetos referimo-nos em plenário.

O verbo transitivo indireto “referir-se” exige a preposição “a”. Quem


se refere “refere-se” a alguma coisa ou a alguém. Em plenário, referimo-
-nos “aos” (a + os) projetos desse deputado.

Esse é o deputado contra cujas ideias sempre lutamos.

Nesse caso, o verbo transitivo indireto “lutar” exige a preposição


“contra” (poderia ser “a favor”). Quem luta “luta” contra alguma coisa
ou alguém. Veja: “Sempre lutamos contra as ideias desse deputado”. Se
fosse a favor, diríamos: “Esse é o deputado a favor de cujas ideias sem-
pre lutamos”.

5. Onde
Esse é outro pronome muito mal-empregado. Não é raro encontrar-
mos frases do tipo: “O relatório onde consta o gráfico da produção está
sobre sua mesa”. Ou “Vivemos numa sociedade onde a informação vale
muito”.

Você encontrou erro nessas duas frases ou não?

Vamos começar pelo princípio: o pronome relativo “onde” refere-se


exclusivamente a lugar, isto é, só pode ser empregado se o anteceden-
te contiver ideia de espaço, de lugar. Podemos, assim, com muita pro-
priedade, dizer: “Esta é a casa onde eu nasci”, pois o antecedente “casa”
transmite a ideia de espaço, de lugar. O mesmo acontece com as frases:

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Adoro a escola onde estudo; A cidade onde eu moro é muito poluída; A


sala onde trabalho é mal iluminada...

Entendeu agora por que as duas frases do início estão incorretas?


Porque “relatório” e “sociedade” não indicam um lugar, um espaço.

Para consertá-las, é fácil: basta substituir o relativo “onde” por “em


que”, “no qual” ou “na qual”: O relatório em que (no qual) consta o gráfi-
co da produção está sobre sua mesa. Ou “Vivemos numa sociedade em
que (na qual) a informação vale muito”.

Muito comum também é a confusão entre “onde” e “aonde”.


Para você não errar mais, anote: a forma “aonde” deve ser utili-
zada com verbos que pedem a preposição “a”. Geralmente são
verbos que expressam movimento, como “ir”, “chegar”, “dirigir-
-se”, “levar”...

Paris é a cidade aonde irei nas férias.

Perceba que o verbo “ir” pede a preposição “a”.


Quem vai “vai” a algum lugar. Nas férias, irei à (“a”
preposição + “a” artigo) cidade de Paris.

O topo é aonde ele quer chegar.

Aqui, o verbo “chegar” exige a preposição “a”.


Quem chega “chega” a algum lugar. Ele quer chegar
ao (“a” preposição + “o” artigo) topo.

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O mesmo processo ocorre com a forma “de onde”, que deve ser uti-
lizada com verbos que exigem a preposição “de”.
Aquela é a escola de onde saem os melhores alunos.

O verbo “sair” rege a preposição “de”. Quem sai “sai” de algum lugar.
Os melhores alunos saem daquela (de + aquela) escola.

Aquele é o aeroporto de onde partem os aviões para São Paulo.

O verbo “partir” pede a preposição “de”. Quem parte “parte” de algum


lugar. Os aviões para São Paulo partem daquele (de + aquele) aeroporto.

6. Quanto
Deve ser usado quando o antecedente é um pronome indefinido
que transmite a ideia de quantidade, como “tudo”, “todo(s)”, “toda(s)”,
“tanto(s)” e “tanta(s)”.
O jogador deve repetir o chute tantas vezes
quantas forem necessárias.
Isso é tudo quanto possuímos para a viagem.

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QUANDO E COMO
Outras palavras, dependendo do significado no contexto, podem
ser utilizadas como pronomes relativos. É o que acontece com
“quando” e “como”.

A palavra “como” exerce a função de pronome relativo quando


pode ser substituída por “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”,
“pelas quais”. Nesse caso, deve ser antecedida pelas expressões
“modo”, “maneira”, “forma”, “jeito”...
Não gosto do jeito como ele me olha.
Todos desaprovaram a maneira como ela se despediu.
Essa foi a melhor forma como resolvemos o impasse.
Gostei do modo como ele tratou o assunto.

A palavra “quando” exerce o papel de pronome relativo quando


seu antecedente transmite a ideia de tempo.
Ele chegou em dezembro, quando ninguém mais o esperava.
Ele renunciou no sábado, quando cedeu à pressão do congresso.

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Colocação
pronominal

Quantas vezes você já não ficou em dúvida sobre a correta coloca-


ção de um pronome oblíquo átono? E quantas outras vezes você não
se surpreendeu ao descobrir que a forma dita como correta era muito
diferente da forma que habitualmente usamos? Muitas, não é mesmo?

E sabe por que isso acontece? Porque as regras que orientam a colo-
cação dos pronomes oblíquos átonos baseiam-se na pronúncia lusita-
na. Como em Portugal os pronomes átonos são realmente átonos, isto
é, apresentam uma pronúncia fraca, a tendência é colocar o pronome
depois do verbo: Passe-me o sal, por favor; O jogador retirou-se de cam-
po; O suspeito entregou-se na delegacia.

Já nós, brasileiros, pronunciamos “todas” as vogais, inclusive as áto-


nas. Por isso preferimos colocar os pronomes antes do verbo: Me passe
o sal, por favor; O jogador se retirou de campo; O suspeito se entregou
na delegacia.

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O grande problema se dá na hora de escrevermos, porque falamos


de um jeito, mas devemos escrever de outro, principalmente em exa-
mes oficiais como concursos públicos e vestibulares. Vamos, então,
lembrar as principais regras da colocação pronominal.

Em relação ao verbo, podemos colocar o pronome em três posições e


cada posição recebe um nome: próclise, se o pronome vier antes do ver-
bo; mesóclise, se vier no meio do verbo; e ênclise, se vier após o verbo.

1. Próclise
A próclise está sempre certa, desde que o pronome não inicie a ora-
ção, nem venha depois de um sinal de pontuação.
Nada do que foi dito lhe diz respeito.
Nós nos encontraremos no cinema.

A próclise é obrigatória quando, antes do verbo, encontrarmos:

>> Expressões negativas, como “não”, “nunca”, “jamais”, “ninguém”...


Ninguém lhe contou a verdade.
Jamais nos vimos antes.

>> Advérbios
Amanhã te entregarei a encomenda.
Agora me conte toda a história.

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>> Pronomes demonstrativos, indefinidos e relativos


Isso me entristeceu.
Alguém se machucou feio com essa brincadeira.
A vaga que nos ofereceram já foi preenchida.

>> Conjunções subordinativas


Embora se amassem, não conseguiam viver juntos.
Se me dissessem de quem é a culpa, eu poderia tomar
as providências.

A próclise também é obrigatória em frases exclamativas, interroga-


tivas e optativas, bem como com a expressão formada pela preposição
“em” + gerúndio.
Como se fala alto nessa classe! (frase exclamativa)
Quem nos viu sair mais cedo? (frase interrogativa)
Deus me livre de uma sorte dessas! (frase optativa)
Em se plantando, tudo dá. (“em” + gerúndio)

2. Mesóclise
A mesóclise é uma forma totalmente em desuso no Brasil. Hoje, tal-
vez ela deva sua sobrevivência aos tradicionais convites de casamento
que anunciam que “A cerimônia realizar-se-á na Igreja da Sé”.

Mas, embora a chance de encontrá-la seja rara, é bom sabermos re-


conhecer quando ela é obrigatória até para poder escapar dela.

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A mesóclise é obrigatória quando o verbo estiver no futuro (do pre-


sente ou do pretérito) e nenhuma palavra obrigar o uso da próclise.
Sentar-me-ei no banco da frente.

Observe que o pronome oblíquo átono “me” foi intercalado na for-


ma verbal do futuro do presente “sentarei”.

Na presença de alguma palavra atrativa que exija a próclise, deve-


mos colocar o pronome antes do verbo, pois a próclise prevalece sobre
a mesóclise.
Não me sentarei no banco da frente.

Como fugir da mesóclise?


Fácil! Se o verbo no futuro não estiver no
início da frase, poderemos, corretamente, op-
tar pelo uso da próclise.
Os amigos dar-te-ão todo apoio. Ou
Os amigos te darão todo apoio.

Caso o verbo no futuro esteja no início


da frase, você só precisa explicitar o sujei-
to, isto é, colocar, por exemplo, o pronome
pessoal do caso reto antes do verbo. Veja:
Sentar-me-ei no banco da frente. Ou
Eu me sentarei no banco da frente.

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3. Ênclise
A ênclise só é obrigatória no início da oração ou depois de sinal
de pontuação, como vírgula, ponto e vírgula, ponto de exclamação
ou de interrogação.
Conte-me tudo.
Quando soou meia-noite, despediu-se rapidamente e partiu.

Lembre-se de que, com o verbo no futuro – principalmente no início


da oração –, o pronome deve vir intercalado no verbo, ou seja, a mesó-
clise prevalece sobre a ênclise.

Devemos dar atenção especial para a ênclise formada com os pro-


nomes oblíquos “o, a, os, as”, pois, dependendo da terminação do verbo,
esses pronomes podem sofrer alguma mudança na forma.

>> Com formas verbais terminadas em R, S ou Z, essas letras


desaparecem e os pronomes “o, a, os, as” apresentam-se nas
formas “lo, la, los, las”.
Vou receber + o = Vou recebê-lo.
Desfez + as = Desfê-las.
Oferecemos + a = Oferecemo-la.

>> Com formas verbais terminadas em som nasal, como AM, EM,
ÕE, ÃO..., os pronomes “o, a, os, as” apresentam-se nas formas
“no(s), na(s)”.
Avisam + o = Avisam-no.
Dão + a = Dão-na.

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4. Locuções verbais
Uma locução verbal é formada por um verbo auxiliar (que se apre-
senta conjugado) + um verbo principal (que pode estar no infinitivo, no
gerúndio ou no particípio).

auxiliar
123
As crianças vão viajar.
14243
principal no infinitivo

auxiliar
1442443
As crianças tinham viajado.
1442443
principal no particípio

auxiliar
1442443
As crianças estavam viajando.
1442443
principal no gerúndio

Se a locução verbal não iniciar a oração, podemos colocar o pronome:

>> Antes da locução


Os colegas me vinham cumprimentar.
Os colegas se estavam cumprimentando.
Os colegas se tinham cumprimentado.

>> Depois do verbo auxiliar. Nesse caso, o pronome pode se ligar ao


verbo auxiliar com ou sem hífen. Você escolhe.

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Os colegas vinham me cumprimentar.


Ou
Os colegas vinham-me cumprimentar.

Os colegas estavam se cumprimentando.


Ou
Os colegas estavam-se cumprimentando.

Os colegas tinham se cumprimentado.


Ou
Os colegas tinham-se cumprimentado.

>> Depois do verbo principal. Nesse caso, o verbo principal não


pode estar no particípio.
Os colegas vinham cumprimentar-me.
Os colegas estavam cumprimentando-se.

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Dúvidas
frequentes

ENTRE SI ou ENTRE ELES?


Devemos usar “entre si” somente quando o sujeito pratica e rece-
be a ação verbal. Na frase “Os irmãos brigavam entre si”, o sujeito da
oração (os irmãos) pratica e recebe a ação de brigar. Devemos usar
“entre eles” quando o sujeito é um ser e o complemento é outro. Na
frase “Nada existe entre elas”, o sujeito é “nada” e o complemento é
“entre elas”.

Veja outros exemplos:


Os políticos discutiam entre si.
Eles repartiram o prêmio entre si mesmos.
O prêmio foi repartido entre eles.
O segredo ficou entre eles mesmos.

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Eu VI ELA ou Eu A VI?
Na frase “Eu vi ela”, além do cacófato (viela), o pronome é mal em-
pregado. “Eles” e “elas”, pronomes pessoais do caso reto, só podem ser
usados na função de sujeito. Como complementos verbais, usam-se os
pronomes oblíquos: o, a, os, as, lhe, lhes... Portanto, o correto é: Eu a vi.

Há quanto tempo não LHE vejo!


Provavelmente você já ouviu (ou pronunciou) essa frase. Muitas ve-
zes, na intenção de falar corretamente, as pessoas acabam cometendo
esses errinhos. Nessas horas, costumo dizer: “É porque você está vendo
mal”. Quer saber por quê? O pronome “lhe” substitui objetos indiretos.
Para os objetos diretos, devemos usar os pronomes “o, os, a, as”. Como
o verbo “ver” é transitivo direto, não aceita o complemento “lhe”. O cor-
reto, portanto, é “Há quanto tempo não o/a vejo!”.

A diretora quer falar COM NÓS ou CONOSCO?


Certamente, “A diretora quer falar conosco”. Na 1ª pessoa do plural,
o pronome pessoal oblíquo tônico é “conosco”. Devemos dizer que “Ela
quer se reunir conosco”; “Ele vai viajar conosco”.

A forma “com nós” é empregada antes de algumas palavras (outros,


mesmos, próprios, todos), de numerais e até de frases inteiras: A dire-
tora quer falar com nós todos; Ela implicou com nós mesmos; Ele vai
viajar com nós que estamos de férias.

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No Brasil, em vez de “conosco”, ouvimos muito mais o coloquial


“com a gente”, em frases como “Ele falou com a gente”; “Ele saiu com a
gente”; “A diretora estava com a gente”.

Duas observações: em situações formais e na língua escrita, de-


vemos usar o pronome “conosco”; nas situações informais, podemos
dizer e até escrever “com a gente” (num convite para uma balada, por
exemplo). Mas não se esqueça: a expressão “com a gente” é composta
de três palavras, o “a” é escrito separadamente. A palavra “agente”, as-
sim tudo junto, pode ser substantivo ou adjetivo e significa, entre ou-
tras coisas, o “que ou quem agencia, opera, atua” ou “indivíduo ou algo
que produz ou desencadeia uma ação”.

Eu fiquei fora de SI ou de MIM?


O pronome reflexivo “si” é da 3ª pessoa. Quando sujeito, pratica e
sofre a ação verbal, isto é, temos a ideia de “a si mesmo”. Assim, deve-
mos dizer e escrever:
Ele ficou fora de si.
Você iludiu a si mesmo.
Elas feriram a si próprias.

Na 1ª pessoa do singular, o correto é empregar o pronome “mim”:


“Eu fiquei fora de mim”; “Eu feri a mim mesmo”.

O mesmo ocorre com o pronome “se”, que é de 3ª pessoa. Portanto,


não saia dizendo por aí que “Nós se ferimos”, pois o sujeito (nós) está na
1ª pessoa do plural e não na 3ª. O certo é: “Nós nos ferimos”; “Ele se feriu”.

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Concepção e realização: Gold Editora


Coordenação geral: Isabel Moraes

LIVRO DIGITAL
Texto: Sérgio Nogueira, Carla Tullio (redatora assistente)
Assistência editorial: Ana Beraldo
Arte: LIT Design
Foto de capa: Bel Pedrosa
Ilustrações: Marcos Müller
Revisão: Sandra Miguel

VIDEOAULAS
Apresentação: Sérgio Nogueira
Roteiro: Sérgio Nogueira, Carla Tullio, Bárbara Mello

EQUIPE DE ESTÚDIO
Produtora contratada: Uzumaki Comunicação
Direção: Jefferson Gorgulho Peixoto
Fotografia: Rodolfo Figueiredo
Som direto: Luiz Fujita Jr.
Produção e TP: Tainah Medeiros
Maquiagem: Luciana Sales

EQUIPE DE EXTERNAS
Fotografia: Christian Puig
Produção: Ana Beraldo
Assistência de produção: Luciana Sutil

EQUIPE DE EDIÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO


Edição: Priscila Viotto, Christian Puig, Luciana Sutil
Locução: Ângela Benhossi
Ilustrações: Marcos Müller
Motion designer: Tiago Almeida Santos
Revisão: Bárbara Mello, Kiel Pimenta

ISBN: 978-65-80225-03-3

R. Elvira Ferraz, 250, conj. 505 – 04552-040 – São Paulo – SP


CNPJ 04.963.593/0001-42
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1. Ortografia 6. Análise sintática

2. Uso das palavras 7. Pontuação

3. Classe de palavras 8. Concordância

4. Verbos 9. Regência

5. Pronomes 10. Construção de texto

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