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Grécia Antiga: Das

civilizações antigas até à


passerelle
ESCULTURA E INDUMENTÁTIA DA GRÉCIA ANTIGA
FRANCISCA MARCELINO ROLO
Grécia Antiga: Das civilizações antigas até à passerelle

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Grécia Antiga: Das civilizações antigas até à passerelle

1. INTRODUÇÃO

O trabalho consiste em apresentar como a indumentária da Grécia Antiga é representada na escultura


da época e como este tema, influencia o mundo da moda atualmente.

Os gregos antigos nunca foram exigentes no que toca às suas roupas. O seu vestuário era feito com base
na funcionalidade, eram roupas simples e que facilitavam o trabalho e/ou as funções de quem o usava.
Estas vestimentas podiam ser concebidas apenas com um retângulo de tecido – como a indumentária da
civilização do Egito Antigo – este tecido podia ser estilizado de várias formas, e assim como o seu
formato o material também era escolhido para as funções, o trabalho e o clima.

A diferença entre o vestuário masculino e feminino não era muita, existindo uma distinção nas várias
peças para ambos os géneros, e assim, existiam várias peças para ambos os géneros, tópico que vai ser
apresentado ao longo do trabalho.

É, principalmente, com a escultura grega que conseguimos identificar como seriam as vestes durante
este tempo, conhecido pela procura do belo e da perfeição. Ainda na arquitetura a escultura foi muito
atuante, nos frisos, tímpanos de templos, métopas e colunas, por exemplo as Cariátides.

Ao finalizar o trabalho vão ser apresentadas algumas coleções inspiradas na Grécia Antiga. Coleções, que
representam muitos detalhes do vestuário grego antigo, tais como, drapeados e coroas de louro, são
dois de muitos adornos e características das peças apresentadas nas diferentes coleções.

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Grécia Antiga: Das civilizações antigas até à passerelle

2. ARTE GREGA

As Artes Plásticas Gregas representavam as qualidades do povo, com racionalismo, clareza, harmonia e
proporção. Cada época tem as suas características, na fase arcaica temos como exemplo o esforço pelo
inteligível, na clássica o sentido de superação da matéria e na helenística, o poder da observação,
individualismo e mais importância da harmonia e do ritmo. A finalidade da arte grega tem quatro usos;
religioso, atlético, político e funerário.

O funerário é conhecido pelas famosas colunas encimadas por uma edícula com relevos – as estrelas.
Tem como temas; figura humana, animais ou motivos decorativos, mitologia e figuração da vida diária.

3. ESCULTURA GREGA

Da escultura grega muito pouco foi preservado, por serem construídas a partir de materiais preciosos
podiam incitar ao roubo ou desapareceram no decorrer dos séculos. A escultura grega, que
conhecemos, é um testemunho vivo da representação de como a população se vestia, arranjava e vivia.
Estando, como na pintura e na arquitetura, a escultura também é dividida em três períodos, jónico,
clássico e helenístico, neste tipo de arte grega existe, como uma espécie de transição entre o período
jónico e o clássico, o estilo severo.

Muitas das esculturas encontradas, são da época clássica, bem conservadas, algumas são cópias
romanas, pois os ricos pediam aos escultores, para copiar as obras da época anterior, para decorar as
suas habitações. As cópias eram maioritariamente concebidas em mármore (todas brancas), já as
originais eram feitas de bronze, as originais gregas tinham diferença de tons, nos olhos, cabelos, pele e
nas vestes.

A estatuária grega não serviu só para decoração ou contar histórias, era usada também para a exaltação
aos Deuses. Os Deuses eram representados á imagem e semelhança ao Homem, e até as suas
características, boas ou más, seriam semelhantes às que o Homem na terra tem (contrariamente aos
egípcios que representavam os seus deuses maiores do que a população e tinham templos enormes e
alongados).

«É uma unidade espacial ideal, não real», «uma visão concentrada da realidade»

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Grécia Antiga: Das civilizações antigas até à passerelle

Gisela Richter, The sculpture and Sculptors of the Greeks, pp.22-28

A escultura grega é conhecida pelo seu antropomorfismo, algo insuperável. Além de atingir a perfeição e
ter equilíbrio, o movimento na estatuária grega foi bem (re)produzido. Normalmente, criada em peças
individuais, a escultura grega esteve e está muito presente nos tímpanos dos templos, nas métopas, a
representar cenas mitológicas de dois a três personagens e nos frisos jónicos. Alguns temas da escultura
na arquitetura, estavam ligados às procissões, aos desfiles e às corridas de cavalos.

1) Período Arcaico

Este período tem como características principais a frescura e dignidade, sentido do volume e do
desenho. É dividido em 3 fases; o arcaico primitivo o arcaico na maturidade e o tardio.

O Arcaico primitivo que data do século VII a. C., caracteriza-se pelas suas formas triangulares das
cabeças que tinham em sua volta um bloco retangular a fazer de cabelo, é conhecido por acompanhar a
lei da frontalidade da arte egípcia e aa figuras representadas tinham vestidas vestes compridas e com
cintos.

No Arcaico na maturidade, de 570 a 530 a.C., são notórias as figuras típicas – kouros e koré – de jovens
atletas dependendo do sexo eram representados nus ou vestidos, tendo como característica o sorriso
arcaico, que se justifica pela dificuldade de esculpir a transição da boca á face.

As características do Arcaico tardio são cada vez mais melhoradas comparadas com as outras épocas,
estas datam de 530 a 480 a.C. e são; a decoração escultórica, a expressão distante, cabeças ligeiramente
inclinadas, não havia muita assimetria nas faces e o contraposto – o peso do corpo numa só perna.

2) Estilo severo

Definido pela transição aos princípios do clássico, é caracterizado como um estilo audaz. É nesta época
que os planos se desdobram, a lei da frontalidade desaparece, o contraposto é mais trabalhado e há
uma pausa nos momentos antes retratados. Dentro do estilo severo e antes da mudança para o período
clássico existe, o Momento clássico.

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Gisela Richter define-o como a passagem «do arcaísmo à liberdade e experimentação»

(The sculptire and the sculptors of the Greeks, p. 199)

O movimento clássico é retratado pelo Idealismo, espiritualidade, delicadeza das figuras, a beleza
impessoal, a descontração, e o movimento é sugerido nas ações representadas. É deste período que as
esculturas que conhecemos, são cópias que os artistas romanos fizeram.

«O artista criou uma imobilidade com implicações de atividade: uma cristalização intemporal do
movimento» M. Robertson (A Shorter History of Greek Art, p. 113)

No século IV a.C. o mundo conhece o que chamamos hoje de período clássico. Sendo o período mais
copiado pelos romanos não há muitas informações ditas realmente verdadeiras, de que as figuras
fossem representadas, mas pela história contada através das replicas o clássico é um período
caracterizado pela sua graciosidade, a quantidade de estátuas colocadas nos templos aumenta, as
encomendas que os príncipes bárbaros faziam eram cada vez mais. Tem duas fases, uma conhecida
como a continuação do classicismo e outra que era mais inovadora.

«a mudança do clássico para o helenístico» - M. Robertson

A técnica do contraposto mantém-se e como novidade começa a aparecer o nu feminino e as


expressões são cada vez mais trabalhadas, as figuras têm agora expressão no olhar, pois os escultores
desta época escavavam mais os olhos para haver uma profundidade em relação á face.

3) Período helenístico

Assim como tudo na vida, o período helenístico trouxe com ele muitas mudanças, houve um grande
alargamento dos temas e tem como principais características da época de 330 a 100 a.C. a complexidade
das formas, não era representada apenas a juventude, agora eram esculpidas pessoas sendo bebés ou
idosos, a dor inspira os artistas da época, o que dá mais expressão às figuras que representam.
Aparecem cenas alegóricas, o retrato desenvolve-se, há uma preferência maior para os movimentos
agressivos – movimentos marcados – e o realismo é cada vez mais dominante. Muitos autores,
escritores, falam deste período como uma fase em que a arte era quase teatral onde há um idealismo
sereno.

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4. INDUMENTÁRIA GREGA

Os historiadores dizem que a Grécia foi o centro da arte e do estilo para Roma, a indumentária grega era
muito simples, maior parte das vestes nem precisava de costuras muito complexas e eram feitas com
tecidos retangulares apenas, mas eram os detalhes que as faziam ser roupas exuberantes. As vestes
eram drapeadas ou enroladas os homens e as mulheres deveriam drapear as suas roupas de acordo com
a tradição, mesmo assim já havia tolerância no estilo pessoal.

A indumentária desta época é caracterizada por quatro silhuetas próprias, de onde eram depois
desenvolvidos outros tipos de vestuário. As silhuetas eram denominadas pelas épocas em que surgiram,
havia a cretense minoica, a micénica, a arcaica e a clássica.

O estilo minoico foi um dos estilos que conduziu ao desenvolvimento da indumentária grega. Os
minoicos usavam roupas justas de tecidos drapeados e com dobras nos mesmos, este estilo influenciou
o estilo micénico, um estilo muito rudimentar. Com peças de couro e metal. O estilo arcaico conhecidos
pelas túnicas e xales a emoldurar as formas dos corpos. E é o estilo clássico que mais se conhece, com
tecidos macios, os drapeados eram mais sofisticados que chamavam mais á atenção, as roupas tinham
caimento natural, havia pouco corte e costura, sendo tudo ainda feito por um tecido retangular tendo
em conta a altura da pessoa e a largura desejada, era difícil distinguir o que era o tecido e o corpo ed tão
finos e suaves que eram os tecidos nas estátuas, e ao ser representado este detalhe nos tecidos estas
tornavam-se mais naturais e simples.

Uma peça indispensável era a túnica ou quiton, era usado por homens e mulheres. Uma peça retangular
de grandes dimensões, em lã, era drapeado e cobria o braço esquerdo, preso com fíbulas no ombro do
braço que ficava tapado ou então nos dois ombros. O comprimento desta peça variava entre a altura
dos joelhos e dos tornozelos tendo em conta a posição social de quem o iria usar. Por exemplo os
trabalhadores usavam quitons mais curtos para facilitar os movimentos. Havia quitons mais luxuosos,
estes eram tingidos ou bordados com desenhos geométricos ou elementos decorativos.

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i) Vestuário feminino

Do vestuário feminino conhece-se o peplo dórico. No século VI a.C. esta peça era confecionada com um
tecido retangular de lã com 180cm de largura e o comprimido era mais ou menos metade da altura da
pessoa. Esta peça tinha variações algumas sem cinto e aberto na lateral outras que faziam um efeito de
saia e blusa, onde se costurava a abertura lateral da cintura e dobrava-se o tecido que depois se prendia
abaixo dos seios.

O quiton era enrolado ao redor do corpo dobrado na parte de cima e formava uma espécie de aba nas
costas o que o fazia parecer uma capa.

ii) Vestuário masculino

O tecido do vestuário feminino era mais estreito que o dos homens e drapeado de maneira diferente,
adaptava-se à forma do corpo. Tinha diversas peças que tinham um ritual acerca do modo como as
mulheres se vestiam, elas enrolavam uma faixa de tecido ao peito, vestiam uma túnica de tecido
transparente e uma sobretónica sem mangas, curta. Como outras peças são conhecidas a túnica podere
dórica com uma finalidade decorativa e funcional, a pala, parecida ao quiton, mas sem mangas as
mulheres usavam também o himaton masculino encima da túnica.

Já dito antes o quiton era usado por ambos os sexos, mas os quitons masculinos eram mais amplos que
os femininos e tinham mangas feitas a partir da largura extra do tecido tinham uma forma básica que foi
mudando ao longo do tempo. No século VII a.C. não havia sobra de tecido e esta peça ia até aos
tornozelos já no século V a.C. era usada uma versão mais curta, à altura dos joelhos, era mais amplo e
macio, muitas vezes feito de linho e não de lã como geralmente era. O himaton, na época arcaica era
uma peça curta, parecido a um manto, feito também de um retângulo de lã colocado sobre os ombros, o
braço direito era coberto, esta peça passou a ser confecionada com uma lã mais leve, tornou-se mais
versátil. Por fim a clâmide, peça curta retangular, que era presa no ombro direito que geralmente era
usada sobre o quiton.

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iii) Tecidos

A lã e o linho eram os tecidos mais comuns, eram tecidos com variedade de texturas. A lã podia e pode
ser transformada então, o feltro da lã começou a ser usado em gorros e chapéus. Servia para
confecionar os himatons e a clâmide. Mas foram os dóricos que mais usaram a lã no seu vestuário, até lá
o couro era mais usado e depois começou a ser usado o linho. O uso do linho teve origem no Egito, este
podia ser tecido de uma forma tão delicada que quase de ficava transparente. Os tecidos eram
frequentemente tingidos, para os mantos, clâmides, bordas das roupas, vestes femininas, etc.

No ano 1000 a.C. a fabricação de tecidos desenvolveu-se e transformou-se em indústria os seus estágios
de produção por ordem eram; tosquia, lavagem, cardação, fiação, tecelagem e tintura.

E foi no período helenístico que se começou a usar a seda, tinha uma textura áspera e irregular o que
chamou á atenção das pessoas.

iv) Calçado

O povo grego andava descalço dentro de casa, mas as pessoas de classes baixas andavam descalços
dentro e for a das suas habitações.

Na rua eram usadas sandálias, tanto por homens como por mulheres, a sandália básica tinha tiras em
forma de leque no dedo maior do pé e subia até ao cimo do tornozelo, podiam ser feitas em couro. As
botas para os soldados, caçadores e para os homens ativos, que trabalhavam, eram até á canela,
amarradas com a ajuda de uma tira cruzada no dedo do pé. As mulheres usavam solas de cortiça presas
aos sapatos para parecerem mais altas, antes de começarem a usar saltos altos.

v) Joias

Ao serem um povo vaidoso os gregos usavam as joias para ostentar a sua riqueza, estas joias eram
brincos, pulseiras, colares, broches e anéis feitos em metal ou pedras semipreciosas. Quando os metais
preciosos começaram a ser valorizados tornaram se mais frequentes no fabrico das joias. No período os
homens usavam joias simples e em pouca quantidade.

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vi) Cuidados com a aparência

Os gregos arcaicos usavam pouca maquilhagem, só no século IV a.C. é que começou a ser usada por
todos, exceto pelas mulheres de classes inferiores. Aplicavam tintas no rosto e o pigmento branco era
usado como base, era feito de chumbo, punham uma mistura de ruge com pigmentos nas maças do
rosto e nos lábios e maquilhavam os olhos com sombra e o Kohl egípcio de fuligem e cinzas. Este tipo de
tendências estava sempre a sair e a entrar na moda.

Eram usados muitos perfumes sendo o mais popular o de fragrância de violeta, as mulheres usavam
outras essências. E eram aplicadas várias fragrâncias em várias partes do corpo, para eliminar odores. O
povo grego limpava os dentes, banhava-se e no fim do banho esfregava o corpo com um estrígil, os
homens cuidavam do físico e iam ao ginásio, lugar que as mulheres não podiam frequentar, mas eram
encorajadas a cuidar do corpo.

O cabelo e a barba eram mais do que fios, tinham significados simbólicos, por exemplo, às mulheres
infiéis o marido podia rapar-lhes o cabelo, a noiva no dia do casamento cortava o cabelo e etc. Os
homens usavam barba e cabelo relativamente comprido e encaracolado, mas os escravos só podiam
usar barba, tinham de rapar o cabelo. Estas “exigências” serviam para identificar as pessoas.

Os penteados masculinos eram exagerados, mas foram tornando-se mais simples, o cabelo comprido
era feminino e apenas idosos e jovens rapazes poderiam ter o cabelo mais comprido.

vii) Chapéus e acessórios para a cabeça

Os adereços para a cabeça masculinos tinham várias formas na Grécia clássica era usado o barrete
frigido e um gorro de feltro de lã, as vezes utilizado sobre o capacete ou elmo. As mulheres usavam
panos enrolados duas vezes á volta da cabeça, o saccus, era um chapéu com uma borla que caia sobre
as costas e a stephanie que era semelhante a uma tiara.

Para fazer viagens tanto homens como mulheres usavam o petáso, era um chapéu de palha cum a borda
virada para cima ou para baixo para tapar do sol, esta caia sobre uma das orelhas. Este chapéu podia ser
preso ao pescoço em ocasiões festivas, com fitas com cores brilhantes.

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5. DAS CIVILIZAÇÕES ANTIGAS À PASSERELLE

Para concluir este trabalho decidi falar de algumas coleções de marcas conhecidas que foram inspiradas
nesta época, de elegância e delicadeza. No trabalho falei mais de escultura no tema das artes gregas
porque para mim foi onde se expressou mais o que era os tecidos, e como estes eram trabalhados e
vestidos.

Assim como falei em todos os períodos que a época grega e caracterizada há muita elegância e o
vestuário para além de evoluir manteve sempre muitas características, como não precisar de grandes
cortes e costuras, os drapeados e os babados evidenciarem-se e muito mais, nestas coleções não vemos
só a inspiração nas roupas da época, mas também foram inspiradas nos penteados, calçados e até a
maquilhagem dos modelos foi inspirada na Grécia Antiga.

As coleções que agora vou falar são; Alta Moda Dolce & Gabbana outono/inverno 2019-2020, Chanel
Cruise 2017/2018 e Dior Cruise 2022.

1. Alta Moda Dolce & Gabbana outono/inverno 2019-2020

Luxuoso e glamouroso! Assim foi o desfile de Alta Moda de Dolce & Gabbana para o outono/inverno
2019-2020. Inspirada na Grécia Antiga e nos seres da mitologia grega, a coleção da grife foi apresentada
no majestoso Templo da Concórdia, na Zona Arqueológica de Agrigento, na ilha italiana da Sicília, no dia
05 de julho.

Looks dourados dos pés a cabeça, espartilhos metalizados, pedras preciosas nos bordados, saias
volumosas e esculturas estampadas nos tecidos foram algumas das apostas dos estilistas da label
Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Tule, jacquard, lurex e paetês se fizeram presentes na passarela,
compondo modelagens medievais numa mistura de texturas. Sapatos leves, chapéus – literais micro-
esculturas fiéis à arte grega clássica -, tiaras e outros acessórios de cabeça contrastaram com colares de
pedrarias, mostrados por um casting de mais de 150 modelos, deixando o público extasiado.

2. Chanel Cruise 2017/2018

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Clássicos são eternos. E, às vezes, justamente, porque não envelhecem nunca, são modernos. Foi nessa
vicissitude da moda que se apoiou o estilista Karl Lagerfeld para criar a coleção Cruise da Chanel,
desfilada na quarta-feira, 3, em Paris. A inspiração veio da Grécia Antiga e o tema, ‘A modernidade da
Antiguidade’, já esclarecia de cara a contradição. O tempinho cinza, com chuva fina, também
contrastava com a cenografia radiante que havia sido montada em uma ala do Grand Palais para o
desfile. Era impossível não entrar no clima. As colunas gregas reproduziam o templo de Poseidon, as
pedras calcárias pareciam de verdade e os fachos de luz posicionados sobre a passarela eram tão
intensos que esquentavam o ambiente.

Então, vieram as modelos. Tweeds que fazem a fama da marca francesa ganharam fios dourados em
jaquetas e conjuntos esculpidos com respeito total à simetria. Braceletes enrolados nos braços, coroas
douradas de flores e gladiadoras com salto em forma de coluna jônica reforçavam a temática. O fato
dessas gladiadoras terem cores fortes e improváveis (como verde e amarelo) davam uma graça
inesperada ao look. “Antígona? Ela se foi! Essa coleção não é sobre um país. A realidade não me
interessa. Eu uso só o que gosto”, afirma Lagerfeld.

Em alguns momentos, sentia-se uma inclinação meio hippie nas criações. Pantalonas e vestidos-coluna
com estampas geométricas ou florais foram pontos altos do show. A maquiagem com olhos bem
marcados estava bonita e adequada, o cabelo meio preso, bem natural, também. Os vestidos leves e
vaporosos, com estampas de folhas de louro, remetiam a dias quentes de verão. Essa linha Cruise de
resort é lançada justamente para oferecer um guarda-roupa de férias. Ela começou a ser apresentada
meses antes do verão europeu, como uma pré-coleção, e acabou ganhando força comercial.

O show aconteceu em dois momentos, às 12h30 e às 18h30, com um público estrelado na fila A. O
diretor de cinema Pedro Almodóvar marcou presença, assim como a atriz Keira Knightley. Nos últimos
anos, Lagerfeld fez desfiles monumentais em países como Cuba, Dubai e Coreia do Sul para apresentar
sua linha Cruise. Dessa vez, anunciou que ficaria em Paris para dar suporte à cidade diante da ameaça
terrorista. “Paris é o centro da moda mundial e nós queremos apoiá-la nesse momento”, disse o
presidente de moda da Chanel, Bruno Pavlovsky. Ele também revelou que a grife está contribuindo com
a reforma do Museu Galliera, que abrigará em 2019 o acervo permanente de Gabrielle Chanel na capital
francesa. Très bien!

3. Dior Cruise 2022

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Chegou a vez da Dior brilhar na semana de moda Resort. Sob o comando de Maria Grazia Chiuri,
diretora de criação da label, a marca apresentou sua coleção em Atenas, na Grécia, nesta quinta-feira.
Em um desfile com cenário digno de turismo pós-pandemia, a coleção Cruise 2022 canalizou o espírito
olímpico da Grécia antiga na passarela construída no histórico Estádio Panatenaico, além de ressaltar
que este ano teremos os Jogos Olímpicos de Tóquio, que começam em julho.

Os looks pensados por Maria Grazia alinham passado e futuro, enquanto combinam os vestidos das
deusas gregas com tênis futuristas. Ao voltar para a Grécia, berço da arte e do classicismo europeu, a
marca celebra o artesanato e a criatividade locais com produções de brilhar os olhos. O destaque, com
certeza, vai para os vestidos. Leves e fluídos, em tons de branco e metalizados, como o dourado, e em
versões longo e midi.

A beleza das modelos assinada por Peter Philips, diretor de criação e imagem da Dior Makeup, trouxe
referências dos penteados usados nas representações das deusas da mitologia grega. Cabelos longos,
“ao natural”, sem o brilho e a estrutura do laque e do gel, em penteados baixos, desconstruídos, como
tranças, rabos e até coques. Na maquiagem, uma pele leve, com um ar saudável, mas sem pesar no
blush, e digna de Afrodite, a deusa grega da beleza, com foco para as sobrancelhas contrastantes e os
lábios avermelhados.

Já escolha do local, assim como cada detalhe do desfile, não foi à toa. Trata-se de uma homenagem a
um arquivo fotográfico famoso da marca, no qual oito modelos posam na frente da Acrópole usando
vestidos da coleção outono / inverno de 1952 de Christian Dior. Para conferir o registo, clique aqui. Vale
lembrar que as peças reveladas hoje pela primeira vez ao público devem chegar às lojas somente em
novembro e ficam até março de 2022.

*Em tempo: Os desfiles das coleções Resort seguem dando o que falar. Maisons como Chanel, Louis
Vuitton, Balmain, Versace e agora a Dior já estrelaram no calendário, que este ano começou em maio,
com muitos looks desejo e tendências que devem bombar nos closets das fashionistas nos próximos
meses.

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