Você está na página 1de 11

Escola Básica e Secundária Tomás de Borba

História e Cultura das Artes


2023/2024
A Cerâmica Grega
2023/2024

História da cultura e das artes

Docente: Isaac Ávila


Beatriz Ávila, Luana Pinho, Matilde Rocha

O que é a Arte? - Capítulo I


A arte em geral, é a expressão em várias formas e maneiras de dar forma às emoções e
sensibilidades do artista, de maneira que possa ser usufruído pelo público ou públicos. O
conceito ou conceitos de Arte, ao longo da história foram se transformando e evoluindo de
maneiras diferentes consoante a sociedade e o seu contexto. Não há um conceito absoluto
sobre Arte, continua uma discussão em aberto.

Arte grega
De certa forma, a arte grega pode parecer um pouco peculiar aos olhos de outras
culturas, no entanto, a Arte pode ser uma forma de comunicação entre povos.
Um dos problemas do estudo da arte grega é a existência de três fontes de informação
que podem contradizer-se umas às outras: as obras de arte, que transmitem as informações
sem distorções; as cópias romanas dos originais gregos principalmente as esculturas que
contêm informações sobre as obras originais, que poderiam já ter sido perdidas. Por outro lado,
é impossível determinar o grau de fidelidade das cópias, e muitas destas apresentam várias
versões dos mesmos originais. Em alguns casos, as réplicas são tão boas que nos fazem duvidar
se são realmente cópias ou não; Fontes Literárias criadas primeiramente pelo povo grego que
dedicava longos textos aos seus próprios artistas. São testemunhos escritos que permitiram
identificar os artistas e os monumentos famosos no seu próprio tempo, embora grande parte
seja dedicada a obras desaparecidas.
Muita da Arte da Grécia Antiga acabou por influenciar a filosofia ocidental na medida
em que os filósofos, artistas e escritores debateram as mesmas questões fundamentais. A
maior parte destes filósofos aceitaram a existência de deuses com anatomia humanística. Estes
filósofos interessaram-se pela natureza destes mesmos deuses e pelas relações entre o mundo
mitológico e o humano: «(…) as ações humanas são controladas pelo destino ou existe livre-
arbítrio?» «em caso afirmativo, qual é a natureza da virtude?».

Caraterísticas gerais
É a arte uma requintada manifestação cultural, que não pode ser omitida, sem incorrer
em grave lacuna, num ensaio desta natureza. Mas a conveniência de a estudar diacrónica, e
não sincronicamente, como até aqui temos feito, nos levou a colocá-la em apêndice,
precisamente para chamar a atenção para tal mudança de perspetiva.
Nas artes plásticas gregas se evidenciam especialmente as qualidades do povo que as
criou: racionalismo, clareza, sentido da harmonia e da proporção.
Nelas se refletem as caraterísticas peculiares de cada época: o esforço pelo inteligível,
na fase arcaica; o sentido da superação da matéria, na clássica; o poder de observação, gosto
pelo concreto, pelo individual, pelo singular, na helenística. Além disso, a consideração do
fenómeno musical põe em evidência a importância da harmonia e do ritmo na paideia helénica;
por outro lado a história da sua evolução ilustra bem a aversão desse povo pelo tecnicismo,
pelo profissionalismo, e, mais do que qualquer outra, realça a escassez da nossa documentação
num setor tão relevante da cultura grega.
São esses diversos aspetos que vão ser estudados.

A pintura
São poucos os registos que temos da pintura
grega, devido á destruição ou até mesmo
desaparecimento de grande parte dos exemplares. No
entanto, recentemente têm se vindo a encontrar
pinturas do estilo Arcaico. A época com mais falta de
informação sobre as pinturas, é a época clássica. Isso
acontece devido ao facto de a pintura não ser admirada
nesse tempo, apenas devido a autores gregos e latinos
podemos obter alguma informação no que toca a
técnicas e nomes de obras e pintores.

Segundo Plínio, foi Apolodoro quem tornou as


figuras da pintura mais realistas, Plutarco faz entender
que os seus avanços tenham sido apenas o sombreado e
a perspetiva, e o uso de cores mistas em vez de puras.
Zêuxis e Parrásios desenvolveram as técnicas. Zêuxis
alcançou os princípios da luz e da sombra, enquanto
que Parrásios se destacou pela sua subtileza no traço.

No entanto, quem mais se destaca é Apeles,


este pintou a famosa Afrodite de Cós e Alexandre o Grande.

Fig. 2 - HYDRIA PELO PINTOR DE MIDIAS. Rapto das


Leucipides. Hércules no Janlim das Hespérides.

Londres, Beitish Museum. C. 410 a.C.

Introdução à cerâmica - Capítulo II


A cerâmica era um dos principais produtos exportados para todo o mundo. Espalhou-se,
assim, para as regiões perto do mar mediterrâneo e também para locais mais afastados, como a
Pérsia, a Mesopotâmia, a Gália e a Germânia. Devido ao impacto que a pintura da cerâmica
teve na economia da Grécia tornou-se numa tradição grega. Isto repercutiu na medida em que
se espalharam as oficinas de cerâmica pela Grécia, fazendo assim com que cada região tivesse a
sua própria essência no que toca a esta arte, ou seja, promoveu o surgimento de diferentes
estilos. De todas as diferentes maneiras de produzir a cerâmica pintada, destaca-se a produção
ática e coríntia, onde se distinguem as oficinas atenienses.
A forma da peça depende da função a que está destinada, pois para além de
decorativas, as peças de cerâmica eram utilizadas no dia-a-dia para armazenar alimentos ou
água. Podiam ser utilizadas para cozinhar e para beber e comer delas, para além de serem
usadas em cerimónias religiosas e rituais fúnebres.
O estudo da cerâmica pode dizer-nos muito acerca da civilização e da cultura grega, já
que estas peças são consideradas documentos iconográficos. Em relação ao estudo da pintura
grega, já que praticamente toda ela foi destruída ou simplesmente desapareceu, a cerâmica
diz-nos muito sobre esse tema.

Fig. 3 – Formas Principais de Vasos Gregos


As Diferentes épocas –
Capítulo III

Estilo Geométrico
Entre os primeiros grupos a chegar à Grécia, encontravam-se os Dórios, do Peloponeso;
os Jónicos da Ática, da Eubeia das Ciclades e da costa central da Ásia Menor; e os Eólios que se
fixaram definitivamente no Nordeste Egeu. Estes apresentavam fortes diferenças culturais,
devido ao afastamento geográfico. À medida que os gregos se expandiam pelo Mediterrâneo,
foram colonizando as terras até ao Mar Negro. Assim, colonizaram a Sicília e parte do Sul da
Itália- Magna Grécia, e no Norte de África.
A Cerâmica adquiriu um caráter artístico por conta dos oleiros que desenvolveram
novos tipos de vasos. Cada um tinha uma forma adequada à função a que se destinava. Devido
às diferentes formas de vasos alguns pintores especializavam-se apenas na decoração de alguns
tipos deles.
A feitura e decoração dos vasos eram processos complicados, muitas vezes o mesmo
vaso podia ser feito por diferentes artesãos. No início eram utilizadas apenas figuras simples de
serem executadas, mas por volta de 800 a.C. os gregos começaram a desenvolver um maior
reportório de modelos de vasos. Com isto, também desenvolveram novos padrões, estes
revestem o vaso de Dipylon. Nesta ânfora funerária é possível observar decorações de animais
e de pessoas que visam a contar uma história.
Exemplos de figuras ornamentais comuns nas cerâmicas:

 Guilhoché;
 Acanto;
 Palmeta;
 Padrão de meandros;
 Roseta;
 Óvulos.

Fig.4 - Kratêr-de-volutas ático, de figuras negras, assinado


pelo pintor Clítias e pelo oleiro Ergotimo.

Por ordem descendente: a caçada ao javali da Calidónia;


jogos fúnebres em honra de Patróclo; deuses a caminho
dos esponsais de Tétis e Peleu; perseguição de Aquiles a
Troilo; animais; luta dos Pigmeus e dos grous

Florença, Museu Arqueológico. C. 570 a.C.

Estilo Arcaico
O estilo arcaico deu-se num período de prosperidade política e económica (final do séc.
VIII a início do séc. V a.C.). O desenvolvimento das técnicas de criação foi, sem dúvida, suscitado
pelos contactos comerciais com colónias do mediterrâneo e do mar Negro. O primeiro ciclo de
evolução denomina-se de Fase Orientalizante (até 650 a.C.).
Como subentendido no nome, a Fase Orientalizante é marcada por influências orientais:

 Figuras híbridas;
 Animais mitológicos;
 Representações da natureza;
 Técnica de aplicar ranhuras em detalhes/elementos expressivos.

Este período também teve uma segunda


fase designada de Fase arcaica (480 a.C.), esta
era caracterizada por muitas particularidades:

 Figuras pintadas a negro;


 Silhuetas estilizadas;
 Temas mitológicos;
 Técnica de incisão a estilete;
 Tratamento naturalista e expressivo
das figuras.

Fig. 5 - Há apenas dois frisos, com animais representados em escala ligeiramente maior do que a
habitual para o espaço disponível: panteras e esfinges (registro superior) e bodes, lesões e
esfinges (registro inferior). Rosetas pontilhadas preenchem os espaços. Animais reais e fantásticos
- Graecia Antiqua (greciantiga.org)

Pintura de Vasos – A Arte do Simpósio


O novo estilo arcaico vem a substituir as influências orientais, devido ao facto de as
oficinas de Atenas e outras em geral começaram a produzir cerâmicas de maior qualidade.
Estas representavam cenas da mitologia. Outros eram utilizadas para fins mais práticos.
Para uso quotidiano eram utilizados vasos simples sem muitas decorações. Os vasos
decorados destinavam-se a cerimónias como por exemplo o Simpósio (Symposium) – Festim
em que participavam homens e cortesãs. As esposas e cidadãs comuns não eram possibilitadas
de participar.
A meio do séc. VI a.C., muitos vasos de qualidades superiores eram feitos por artistas
importantes que assinavam as suas obras, estas assinaturas eram razão de ostentação e em
muitos casos o estilo apresentado nos vasos era único o suficiente para ser possível identificar o
artista que o pintou.
A diferença entre os vasos com características Arcaicas ou orientais, consiste nas
técnicas utilizadas. Os pintores de vasos arcaicos personalizavam-nos com as seguintes
particularidades:
 Silhuetas negras;
 Barro avermelhado;
 Detalhes riscados com uma agulha (técnica da incisão);
 O branco e a púrpura eram aplicados sobre o negro.

Tudo isto transmite um efeito de duas dimensões. Esse tipo de decoração vai iniciar uma
vigorosa indústria de exportação.

Estilo Orientalizante
Entre cerca de 725 e 650 a.C., a Grécia recebeu um novo estilo de cerâmica e escultura,
que reflete fortes influências orientais e mais tarde egípcias. Este denomina-se de período
orientalizante. A arte e a cultura refletem assim um leque de ideias orientais- criaturas híbridas,
mais especificamente, grifos e esfinges. Este período também pode ser caracterizado como o
período da experimentação, na medida em que os escultores aplicavam complexas técnicas
consoante o seu progresso.

Recipientes em miniatura
O estilo geométrico foi substituído pelo orientalizante na maior parte das cidades-
estado gregas, incluindo Atenas. Entre todos os centros de produção, o mais importante deles
era na cidade de Corinto. Esta cidade foi a que liderou a colonização no ocidente, para além de
chegar a controlar as exportações.
Entre as novas técnicas aprendidas estava a feitura de um fino engobe negro brilhante,
este podia ser utilizado para formar silhuetas ou para contornar figuras. Esta técnica consistia
na insistente incisão no engobe, que servia para acrescentar pormenores e vivacidade à peça.
A especialidade das oficinas que aplicavam esta técnica era as miniaturas dos vasos,
como por exemplo aryballos e frascos de perfume. Os arqueólogos descobriram este tipo de
recipientes por todo o mundo grego, seja em santuários, para servir de oferenda aos deuses,
como em túmulos a servir de objetos funerários. Desenhos de animais, quer reais, quer
imaginários são representados nos vasos de cerâmica coríntia e de outras cerâmicas. Estes
podem chegar a ocupar a totalidade da superfície dos vasos.

Período Clássico
A era Clássica aconteceu durante o ponto mais alto da técnica, da formalidade e da
estética da arte Grega (480 a 323 a.C.). Deu-se devido á tentativa de aperfeiçoamento das
técnicas e da estética das peças de cerâmica. Isto inclui a pintura e a escultura que também
sofreram evoluções técnicas, como por exemplo na evolução na técnica da perspetiva e no
balance entre o claro-escuro.
Algumas características das produções de cerâmica durante os anos de 480 a 323 a.C.:

 Estilo de figuras vermelhas sobre o fundo negro;


 Tratamento naturalista e expressivo das figuras;
 O valor plástico das figuras e dos cenários é acentuado.
No início do séc. X a.C., houve uma época de crise - muitas cidades Jónicas revoltaram-
se contra os persas, que mais tarde invadiram a Grécia continental liderados por Dario I. Na
batalha de maratona (490 a.C.), cerca de 10 000 atenienses pelo batalhão de Plateias, lutou
contra uma força de 90 000 Persas. Dez anos depois, um exército superior sobre o comando do
filho de Dário I – Xerxes I, regressou. Depois de derrotarem a força espartana na batalha de
Termópilas, invadiram Atenas, queimando e pilhando templos.

A pintura no período clássico final


As fontes literárias falam de alguns nomes de pintores famosos estes do período clássico. As
fontes também apresentam imensos pormenores que permitem acompanhar a evolução das
pinturas clássicas.
A idade clássica pode ser considerada o período de ouro
da pintura grega, ascendente também os escultores
Polignoto de Tasso e o seu colaborador Mícon de Atenas.
Polignoto foi o responsável por várias inovações a nível da
pintura e da escultura: representação de emoção e
caracter; uso de padrões de composição; foi o primeiro a
figurar mulheres em tecidos com transparência; destruiu
as figuras pela paisagem e níveis distintos.
O último ponto influenciou um pintor de vasos-pintor de
Níobe.

Período Helenístico
Fig. 6 – Pintor dos Nióbidas. Calyx-cratera em figuras
vermelhas, de Orvietto. Ca. 460-450 a.n.e. Museu do
Depois de fundar cerca de 70 cidades, Alexandre, o Grande morreu em 323 a.C. As suas
Louvre, Paris
conquistas impactaram extremamente
a cultura do mundo Grego e alargaram os territórios do mesmo- criou uma nova ordem política
e romperam barreiras culturais.
Como Alexandre morreu sem nenhum sucessor do trono, a Grécia enfrentou anos
conturbados devido às lutas entre familiares e generais, que tinham como objetivo revindicar o
trono. Por volta de 275 a.C. o território que Alexandre O Grande deixou já se encontrava
repartido em 3 reinos que controlavam o Mediterrâneo, até que os Romanos se apoderaram.

Pintura helenística
No séc. IV a.C. a pintura moral atingiu a sua idade de ouro. Plínio menciona vários
artistas que se destacavam na época, no entanto, nenhuma das pinturas encontrada intacta
seja da autoria desses. Outras pinturas foram conservadas em túmulos Macedónios. Apesar de
tudo, muitos foram e ainda são encontrados no Norte da Grécia (antiga região da Macedónia).
São um pequeno registo, mas ainda assim importante, tanto pelas capacidades técnicas tanto
pelas capacidades artísticas dos pintores. Estes contêm algumas das únicas pinturas gregas
relativamente completas.
As cópias romanas ajudam-nos a entender mais sobre o assunto, já que nos dão
informações adicionais sobre a sua provável aparência. Segundo Plínio, no final do séc. IV a.C.,
Filóxeno de Erétria pintou a vitória de Alexandre contra Dário III em Issos.

Época de Alexandre, o Grande


Em 336 a.C. Filipe II da Macedónia faleceu, sendo
assim Alexandre (o grande) tornou-se rei. Esta é
uma das figuras mais românticas da história
mundial, era conhecido pelas suas habilidades
militares, pelo seu encanto e pelo seu poder.
Quando sucedeu, iniciou o sei período de
conquistas, começou pelo Egito, depois conquistou
os Persas, a Mesopotâmia e ao território que hoje
corresponde ao Afeganistão.
Fig. 7 - Hércules contra duas amazonas. Vaso
de figuras negras "à maneira de Lisípides",
530-525 a.C.
Um dos quadros de mais destaque desta época, é o quadro que representa a batalha entre
Alexandre e os Persas (100 a.C.).

A pintura capta o sentido dramático do mito, na medida em que Perséfone lança o corpo na
direção do carro, que continua a avançar, os dois corpos cruzam-se em sinal de conflito. O quadro
apresenta pinceladas rápidas que permitem ao artista fazer esvoaçar cabelos e criar texturas. O uso do
modelado contribuiu para arredondar as formas dos corpos das figuras, como se pode ver pelos braços
e pelos ombros. As cores foram dadas em aguadas brilhantes, e as texturas foram acrescentadas em
mancha (técnica que consiste no contraste entre luz e sombra). Esta técnica era conhecida como
skiagraphia, que já era utilizada antes do inicio do século V por Apolodoro.

As cópias romanas, tal como noutras pinturas, dão-nos informação sobre a aparência provável
das partes danificadas. De acordo com Plínio, Filóxeno de Erétria pintou a vitória de Alexandre sobre
Dario III, em Issos. Esta foi pintada num requintado e enorme mosaico que se encontra no pavimento de
uma habitação em Pompeia (cerca de 100 a.C.).

Fig. 8 - Alexandre, o Grande na batalha contra os Persas


Ao observarmos a pintura, podemos ver Dario III em fuga com os persas, enquanto
Alexandre se encontra do outro lado da obra, na parte mais deteriorada.

Estima-se que seja uma cópia de extrema fidelidade de uma pintura Helenística do final do
século IV a.C..

Fig. 9 - A Batalha de Issos ou Batalha de Alexandre Contra os Persas. Ca. 1000 a.C.
Cópia em mosaico, de Pompeia, de uma pintura helenística de ca 315 a.C.
Museu Nacional de Arqueologia, Nápoles

Você também pode gostar