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Arte grega
De certa forma, a arte grega pode parecer um pouco peculiar aos olhos de outras
culturas, no entanto, a Arte pode ser uma forma de comunicação entre povos.
Um dos problemas do estudo da arte grega é a existência de três fontes de informação
que podem contradizer-se umas às outras: as obras de arte, que transmitem as informações
sem distorções; as cópias romanas dos originais gregos principalmente as esculturas que
contêm informações sobre as obras originais, que poderiam já ter sido perdidas. Por outro lado,
é impossível determinar o grau de fidelidade das cópias, e muitas destas apresentam várias
versões dos mesmos originais. Em alguns casos, as réplicas são tão boas que nos fazem duvidar
se são realmente cópias ou não; Fontes Literárias criadas primeiramente pelo povo grego que
dedicava longos textos aos seus próprios artistas. São testemunhos escritos que permitiram
identificar os artistas e os monumentos famosos no seu próprio tempo, embora grande parte
seja dedicada a obras desaparecidas.
Muita da Arte da Grécia Antiga acabou por influenciar a filosofia ocidental na medida
em que os filósofos, artistas e escritores debateram as mesmas questões fundamentais. A
maior parte destes filósofos aceitaram a existência de deuses com anatomia humanística. Estes
filósofos interessaram-se pela natureza destes mesmos deuses e pelas relações entre o mundo
mitológico e o humano: «(…) as ações humanas são controladas pelo destino ou existe livre-
arbítrio?» «em caso afirmativo, qual é a natureza da virtude?».
Caraterísticas gerais
É a arte uma requintada manifestação cultural, que não pode ser omitida, sem incorrer
em grave lacuna, num ensaio desta natureza. Mas a conveniência de a estudar diacrónica, e
não sincronicamente, como até aqui temos feito, nos levou a colocá-la em apêndice,
precisamente para chamar a atenção para tal mudança de perspetiva.
Nas artes plásticas gregas se evidenciam especialmente as qualidades do povo que as
criou: racionalismo, clareza, sentido da harmonia e da proporção.
Nelas se refletem as caraterísticas peculiares de cada época: o esforço pelo inteligível,
na fase arcaica; o sentido da superação da matéria, na clássica; o poder de observação, gosto
pelo concreto, pelo individual, pelo singular, na helenística. Além disso, a consideração do
fenómeno musical põe em evidência a importância da harmonia e do ritmo na paideia helénica;
por outro lado a história da sua evolução ilustra bem a aversão desse povo pelo tecnicismo,
pelo profissionalismo, e, mais do que qualquer outra, realça a escassez da nossa documentação
num setor tão relevante da cultura grega.
São esses diversos aspetos que vão ser estudados.
A pintura
São poucos os registos que temos da pintura
grega, devido á destruição ou até mesmo
desaparecimento de grande parte dos exemplares. No
entanto, recentemente têm se vindo a encontrar
pinturas do estilo Arcaico. A época com mais falta de
informação sobre as pinturas, é a época clássica. Isso
acontece devido ao facto de a pintura não ser admirada
nesse tempo, apenas devido a autores gregos e latinos
podemos obter alguma informação no que toca a
técnicas e nomes de obras e pintores.
Estilo Geométrico
Entre os primeiros grupos a chegar à Grécia, encontravam-se os Dórios, do Peloponeso;
os Jónicos da Ática, da Eubeia das Ciclades e da costa central da Ásia Menor; e os Eólios que se
fixaram definitivamente no Nordeste Egeu. Estes apresentavam fortes diferenças culturais,
devido ao afastamento geográfico. À medida que os gregos se expandiam pelo Mediterrâneo,
foram colonizando as terras até ao Mar Negro. Assim, colonizaram a Sicília e parte do Sul da
Itália- Magna Grécia, e no Norte de África.
A Cerâmica adquiriu um caráter artístico por conta dos oleiros que desenvolveram
novos tipos de vasos. Cada um tinha uma forma adequada à função a que se destinava. Devido
às diferentes formas de vasos alguns pintores especializavam-se apenas na decoração de alguns
tipos deles.
A feitura e decoração dos vasos eram processos complicados, muitas vezes o mesmo
vaso podia ser feito por diferentes artesãos. No início eram utilizadas apenas figuras simples de
serem executadas, mas por volta de 800 a.C. os gregos começaram a desenvolver um maior
reportório de modelos de vasos. Com isto, também desenvolveram novos padrões, estes
revestem o vaso de Dipylon. Nesta ânfora funerária é possível observar decorações de animais
e de pessoas que visam a contar uma história.
Exemplos de figuras ornamentais comuns nas cerâmicas:
Guilhoché;
Acanto;
Palmeta;
Padrão de meandros;
Roseta;
Óvulos.
Estilo Arcaico
O estilo arcaico deu-se num período de prosperidade política e económica (final do séc.
VIII a início do séc. V a.C.). O desenvolvimento das técnicas de criação foi, sem dúvida, suscitado
pelos contactos comerciais com colónias do mediterrâneo e do mar Negro. O primeiro ciclo de
evolução denomina-se de Fase Orientalizante (até 650 a.C.).
Como subentendido no nome, a Fase Orientalizante é marcada por influências orientais:
Figuras híbridas;
Animais mitológicos;
Representações da natureza;
Técnica de aplicar ranhuras em detalhes/elementos expressivos.
Fig. 5 - Há apenas dois frisos, com animais representados em escala ligeiramente maior do que a
habitual para o espaço disponível: panteras e esfinges (registro superior) e bodes, lesões e
esfinges (registro inferior). Rosetas pontilhadas preenchem os espaços. Animais reais e fantásticos
- Graecia Antiqua (greciantiga.org)
Tudo isto transmite um efeito de duas dimensões. Esse tipo de decoração vai iniciar uma
vigorosa indústria de exportação.
Estilo Orientalizante
Entre cerca de 725 e 650 a.C., a Grécia recebeu um novo estilo de cerâmica e escultura,
que reflete fortes influências orientais e mais tarde egípcias. Este denomina-se de período
orientalizante. A arte e a cultura refletem assim um leque de ideias orientais- criaturas híbridas,
mais especificamente, grifos e esfinges. Este período também pode ser caracterizado como o
período da experimentação, na medida em que os escultores aplicavam complexas técnicas
consoante o seu progresso.
Recipientes em miniatura
O estilo geométrico foi substituído pelo orientalizante na maior parte das cidades-
estado gregas, incluindo Atenas. Entre todos os centros de produção, o mais importante deles
era na cidade de Corinto. Esta cidade foi a que liderou a colonização no ocidente, para além de
chegar a controlar as exportações.
Entre as novas técnicas aprendidas estava a feitura de um fino engobe negro brilhante,
este podia ser utilizado para formar silhuetas ou para contornar figuras. Esta técnica consistia
na insistente incisão no engobe, que servia para acrescentar pormenores e vivacidade à peça.
A especialidade das oficinas que aplicavam esta técnica era as miniaturas dos vasos,
como por exemplo aryballos e frascos de perfume. Os arqueólogos descobriram este tipo de
recipientes por todo o mundo grego, seja em santuários, para servir de oferenda aos deuses,
como em túmulos a servir de objetos funerários. Desenhos de animais, quer reais, quer
imaginários são representados nos vasos de cerâmica coríntia e de outras cerâmicas. Estes
podem chegar a ocupar a totalidade da superfície dos vasos.
Período Clássico
A era Clássica aconteceu durante o ponto mais alto da técnica, da formalidade e da
estética da arte Grega (480 a 323 a.C.). Deu-se devido á tentativa de aperfeiçoamento das
técnicas e da estética das peças de cerâmica. Isto inclui a pintura e a escultura que também
sofreram evoluções técnicas, como por exemplo na evolução na técnica da perspetiva e no
balance entre o claro-escuro.
Algumas características das produções de cerâmica durante os anos de 480 a 323 a.C.:
Período Helenístico
Fig. 6 – Pintor dos Nióbidas. Calyx-cratera em figuras
vermelhas, de Orvietto. Ca. 460-450 a.n.e. Museu do
Depois de fundar cerca de 70 cidades, Alexandre, o Grande morreu em 323 a.C. As suas
Louvre, Paris
conquistas impactaram extremamente
a cultura do mundo Grego e alargaram os territórios do mesmo- criou uma nova ordem política
e romperam barreiras culturais.
Como Alexandre morreu sem nenhum sucessor do trono, a Grécia enfrentou anos
conturbados devido às lutas entre familiares e generais, que tinham como objetivo revindicar o
trono. Por volta de 275 a.C. o território que Alexandre O Grande deixou já se encontrava
repartido em 3 reinos que controlavam o Mediterrâneo, até que os Romanos se apoderaram.
Pintura helenística
No séc. IV a.C. a pintura moral atingiu a sua idade de ouro. Plínio menciona vários
artistas que se destacavam na época, no entanto, nenhuma das pinturas encontrada intacta
seja da autoria desses. Outras pinturas foram conservadas em túmulos Macedónios. Apesar de
tudo, muitos foram e ainda são encontrados no Norte da Grécia (antiga região da Macedónia).
São um pequeno registo, mas ainda assim importante, tanto pelas capacidades técnicas tanto
pelas capacidades artísticas dos pintores. Estes contêm algumas das únicas pinturas gregas
relativamente completas.
As cópias romanas ajudam-nos a entender mais sobre o assunto, já que nos dão
informações adicionais sobre a sua provável aparência. Segundo Plínio, no final do séc. IV a.C.,
Filóxeno de Erétria pintou a vitória de Alexandre contra Dário III em Issos.
A pintura capta o sentido dramático do mito, na medida em que Perséfone lança o corpo na
direção do carro, que continua a avançar, os dois corpos cruzam-se em sinal de conflito. O quadro
apresenta pinceladas rápidas que permitem ao artista fazer esvoaçar cabelos e criar texturas. O uso do
modelado contribuiu para arredondar as formas dos corpos das figuras, como se pode ver pelos braços
e pelos ombros. As cores foram dadas em aguadas brilhantes, e as texturas foram acrescentadas em
mancha (técnica que consiste no contraste entre luz e sombra). Esta técnica era conhecida como
skiagraphia, que já era utilizada antes do inicio do século V por Apolodoro.
As cópias romanas, tal como noutras pinturas, dão-nos informação sobre a aparência provável
das partes danificadas. De acordo com Plínio, Filóxeno de Erétria pintou a vitória de Alexandre sobre
Dario III, em Issos. Esta foi pintada num requintado e enorme mosaico que se encontra no pavimento de
uma habitação em Pompeia (cerca de 100 a.C.).
Estima-se que seja uma cópia de extrema fidelidade de uma pintura Helenística do final do
século IV a.C..
Fig. 9 - A Batalha de Issos ou Batalha de Alexandre Contra os Persas. Ca. 1000 a.C.
Cópia em mosaico, de Pompeia, de uma pintura helenística de ca 315 a.C.
Museu Nacional de Arqueologia, Nápoles