Você está na página 1de 16

Arte Egípcia

Apesar de que quando falamos do Egito Antigo estarmos nos referindo a um


tempo bem menor do que a Pré-História, ainda assim, trata-se de alguns
milhares de anos de história. E algo que impressiona é como a arte egípcia se
manteve relativamente homogênea durante esse longo período, seguindo as
mesmas regras básicas de representação: rigidez, estilização das figuras, sem
espaço para representação de emoções e movimento. Essa homogeneidade
deve-se ao fato de que a maior parte dessa produção era ligada ao contexto
funerário e a crença na vida após a morte; e a maioria do que chamamos de arte
nesse período possuía funções práticas, que contribuíam para garantir que o
morto pudesse alcançar a vida após a morte e viver confortavelmente nessa
segunda existência. Assim, havia regras a serem respeitadas para que esse
objetivo fosse alcançado, não havendo muito espaço para a criatividade dos
artistas. Também é importante notar que nossas principais fontes de
conhecimento sobre a época, são justamente, as tumbas e suas múmias,
pinturas, objetos, hieróglifos etc., além de escritos, por exemplo, os textos de
Heródoto.
Múmia masculina com amuletos

Pintura encontrada na Tumba de Rekhmire


As principais formas de arte produzidas no Egito Antigo foram a arquitetura, a
escultura, a pintura e a ourivesaria. Na arquitetura temos principalmente templos
e diversas estruturas funerárias, como os mastabas, as pirâmides – que ao
contrário do que se pensa não foram construídas durante todo o período - e
tumbas cavadas em rochas.

Templo de Ramessés II, Abul-Simbel (c. 1264-1244 a.C.)


Mastaba do faraó Seberquerés (c. 2510 a.C.)

Pirâmides de Gizé
Vale dos Reis

No campo da escultura, existem tanto exemplos de obras que decoravam


construções, como altos e baixos relevos, quanto estátuas independentes da
arquitetura. Em ambas, arquitetura e escultura, o material predominante era a
pedra, pois o Egito possuía uma grande quantidade de diversas rochas.
Tumba de Mereruka (6° dinastia)

Grande esfinge de Tanis (2686-2160 a.C.)


Estátua do Rei Quéfren (c. 2560 a.C.)
O escriba sentado (c. 2600-2350 a.C.)

Amuleto de escaravelho alado (664-332 a.C.)


A ourivesaria – o trabalho dos metais preciosos e a criação de joias e objetos –
tem também um papel de destaque na arte do período. Apesar de muitas peças
terem sido perdidas, roubadas ou destruídas para o reaproveitamento do seu
material, há, ainda assim, alguns exemplos que sobreviveram aos nossos dias,
por exemplo, os tesouros da tumba de Tutancâmon, sendo sua suntuosa
máscara funerária, feita em ouro maciço e incrustada de pedras semipreciosas, a
obra mais impressionante.

Máscara funerária de Tutancâmon (c. 1350 a.C.)

Exemplos de pintura podem ser encontrados em paredes, principalmente de


tumbas, mas também de palácios, na forma de afrescos, em papiros, máscaras
funerárias e caixões. E tanto a pintura, quanto a escultura, segue as regras já
mencionadas: rigidez, estilização da figura, sem espaço para representação de
emoções e movimento. Dentre essas regras, também havia a representação dos
personagens mais importantes em tamanho maior e, frequentemente, as
mulheres eram representadas com a pele um pouco mais clara do que a dos
homens. Também pode-se perceber que as figuras com frequência são
mostradas de lado nas pinturas. Isso acontecia para que todas as partes do corpo
ficassem visíveis de seus ângulos mais característicos, pois para os egípcios
antigos, o que não estivesse aparecendo na imagem, não existia. Dentre os
principais temas representados nas tumbas, temos cenas cotidianas, deuses,
rituais e cenas da mitologia, além de cenas agrícolas.

Livro dos Mortos de Hunefer (c. 1275 a.C.)


Pinturas encontradas na Tumba de Nefertari
Pintura encontrada na Tumba de Nebamun

O único momento no qual as representações fugiram às regras de rigidez,


estilização e não-representação de emoções e movimento, foi durante o reino de
Akhenaton (século XIV a.C.), que instaurou novas práticas religiosas monoteístas
em detrimento do politeísmo praticado anteriormente. Nessa época, se
desenvolveu o estilo chamado de Amarna, com seu nome vindo do nome
moderno da cidade onde se encontrava a capital criada pelo faraó - Tell
el-Amarna, em árabe. Nesse estilo, as figuras possuíam crânios alongados,
quadris largos e pernas delgadas (estilo Amarna tardio), com representação de
movimento e emoções.
Duas das filhas de Akhenaton (detalhe) (c. 1370-1350 a.C.)

Estatueta da Rainha Nefertiti (c. 1370-1350 a.C.)


Por fim, é importante mencionar os retratos ditos de El Fayum – El Fayum sendo
o local onde foram encontrados grande partes deles –, que correspondem à fase
final do período, quando o Egito foi dominado por Roma e influenciado por sua
cultura. Nessas pinturas, que eram colocadas sobre as múmias, o mais
interessante é a individualização dos retratados, que passa longe das antigas
regras de representação egípcia de estilização das figuras. Além disso, essas
imagens mostram tanto a cultura egípcia e sua crença na vida após a morte,
quanto a romanização dos habitantes locais, que usam vestimentas, jóias e
penteados romanos.
.

Retratos de Fayum

Texto por Aline Pascholati

Você também pode gostar