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Fundamentos

Históricos do
Direito
Profa. Me. Aline Sousa
Doutoranda e Mestre em Direito,
menção em Jurídico-Filosóficas,
pela Universidade de Coimbra
(Portugal). Advogada (OAB-MA
16.951). Professora Universitária.
INTRODUÇÃO AO CURSO
DE DIREITO
Enriquecimento pessoal e profissional

Justiça Cidadania Conhecer os nossos


direitos e deveres
Carreiras Jurídicas
Carreiras Jurídicas
Carreiras Jurídicas
• “Cabe ao advogado a tarefa de orientar e aconselhar seus clientes, bem
como de defender os respectivos direitos e interesses, promovendo, assim, a
observância da ordem jurídica e a atuação do direito.” (GRINOVER, Ada
Advogado(a) Pellegrini).

• A denominação de advogado é privativa dos inscritos na Ordem dos


Advogados do Brasil, no quadro respectivo. (Lei n.° 4.215 de 1963, art. 67).
Advogado(a)
Magistrado(a)

• A Magistratura é o conjunto das


pessoas investidas nos órgãos judiciários
para o exercício da jurisdição, ou seja, o
conjunto dos juízes do país.

• A carreira da Magistratura é dividida


em classes, composta por Magistrados,
que de forma permanente ou temporária
ocupam cargos e atuam com
competências estabelecidas por lei.
• São Magistrados os Ministros dos
Tribunais Superiores, os
Desembargadores e Juízes dos Tribunais
locais.
Magistrado(a)
• Para o cargo de Magistrado, o ingresso
ordinário ocorre por meio de concurso público,
que é composto por provas e títulos e
promovido pelo Poder Judiciário. Para se
candidatar ao cargo, o candidato deve ter
diploma de nível superior em Direito, que seja
reconhecido pelo Ministério da Educação.

• Além disso, o candidato deve possuir três


anos de atividade jurídica, que corresponde ao
período mínimo de exercício de atividade
prática privativa de bacharel em direito. Esse
requisito foi instituído pela Emenda
Constitucional nº 45/2004.
Magistrado(a)
Delegado(a) de
Polícia
• Os Delegados são os dirigentes das
Polícias. Logo, coordenam e comandam as
atividades de polícia judiciária (formalização
dos atos procedimentais). Além disso, as
atividades de investigação criminal
(apuração das infrações penais). No âmbito
interno, eles atuam nas mais diversas
frentes. Como, por exemplo, ações
territoriais, especializadas (homicídios,
narcóticos, patrimônio, etc.), inteligência
policial entre outros.
Promotor(a) de Justiça

• A Promotoria é a parte
responsável por lei para oferecer
acusação (denúncia) contra um
indivíduo suspeito de contrariar a
lei em um julgamento criminal, ou
defender, em juízo ou
extrajudicialmente, os interesses
coletivos da sociedade, individuais
indisponíveis ou de incapazes.
Atuam como parte ou como fiscal
da aplicação da lei. Os promotores
ou advogados do Estado são
funcionários públicos.
• O promotor de justiça desempenha essa
função em várias áreas de interesse coletivo,
como:
• Direito Criminal
• Direito Civil
• Infância e Juventude
Promotor(a) • Educação
• Direito Eleitoral
de Justiça • Cidadania
• Consumidor e Contribuinte
• Meio Ambiente e Patrimônio Cultural
• Saúde
• Execução Penal
• Idoso e Pessoa com Deficiência
• Violência Doméstica
Promotor(a) de Justiça
Defensor(a)
Público(a)

• “O defensor público, atua na defesa


dos interesses públicos, com
atendimento jurídico aos cidadãos que
não têm condições de arcar com os
custos de um advogado particular.
Sendo assim, o profissional é
responsável pela elaboração de defesas,
participação em audiências e as
burocracias organizacionais.”
Defensor(a) Público(a)
• Como representante das instituições públicas,
as funções do(a) Procurador(a) variam com
cada instituição e com o nível de abrangência
do órgão.

Procuradorias • O Procurador dos Estados, acompanha e atua


em processos, além de atuar na consultoria
jurídica e representação judicial de órgãos do
Estado.

• O Procurador Federal é responsável por atuar


como representante judicial e extrajudicial das
autarquias e fundações públicas federais.
FUNDAMENTOS
HISTÓRICOS DO DIREITO
Qual a importância do estudo sobre os
Fundamentos Históricos do Direito?

Conhecer a origem do Direito?

Apontar as diferentes concepções de Direito e Justiça ao longo do tempo?

Entender o passado?

Aprender conceitos e institutos basilares para o estudo do Direito?


Diferentes perspectivas sobre o estudo da
História (Historiografia).
• Wolkmer (2003): “[...], a História pode ser visualizada como a sucessão temporal dos atos humanos
dinamicamente relacionados com a natureza e a sociedade. A História expressa a complexa
manifestação da experiência humana interagida no bojo de fatos, acontecimentos e instituições. O
caráter mutável, imperfeito e relativo da experiência humana permite proceder múltiplas
interpretações dessa historicidade.

• Daí a formulação, ora de uma História oficial, descritiva e personalizada do passado, e que serve
para justificar a totalidade do presente, ora da elaboração de uma História subjacente,
diferenciada e problematizante que serve para modificar a realidade vigente.

• A postura contrastante entre História tradicional e História “alternativa” é perfeitamente sentida


por historiadores como Peter Burke, identificados com a “nova História”.”
Diferentes perspectivas sobre o estudo da
História (Historiografia).
❖ A historiografia tradicional:
Diferentes perspectivas sobre o estudo da
História (Historiografia).
❖ A historiografia tradicional:

✓ A história é contada de forma descritiva, neutra e linear com o intuito de justificar


o passado;

✓Investigação teórico-empírica, formalista e dogmática;

✓Perspectiva verticalizada, ou seja, concentra-se nas obras dos grandes homens,


estadistas, generais e outras autoridades;

✓ Foco nas fontes em fontes e documentos oficiais.


Diferentes perspectivas sobre o estudo da
História (Historiografia).
❖ A nova historiografia/historiografia alternativa (1960-1970):
Diferentes perspectivas sobre o estudo da
História (Historiografia).
❖ A nova historiografia/historiografia alternativa (1960-1970):

✓Compreensão do movimento histórico a partir da dialética das relações sociais;

✓Metodologia dialética e crítico-reflexiva de investigação;

✓Perspectiva horizontal, permitindo a sua realização a partir das mentalidades e das experiências
das pessoas em geral, incluindo os povos marginalizados;

✓Valorização de outras fontes de investigação, como os depoimentos de pessoas e suas


vivências.
Diferentes perspectivas sobre o estudo da
História (Historiografia).
Exemplos de três influências epistemológicas para a nova “historiografia”
(Wolkmer, 2003).
• Renovação dos Estudos Marxistas pelo fim da década de 60 em virtude do fim da guerra-fria. (E.
Hobsbawm, C. Hill e E.P. Thompson);

• Escola de Frankfurt (Alemanha) e a importância na tomada de consciência da condição de


marginalização para a emancipação/esclarecimento (Adorno, M. Horkheimer, H. Marcuse e J.
Habermas...);

• Escola dos “Annales” (França) e a “história das mentalidades”, investigada através de uma
abordagem interdisciplinar das ciências humanas, em busca de unidade real da vida, com
relevância para o presente e para o futuro.
Palmer (2019): “História do Direito é a disciplina jurídica autônoma
que se destina a estudar as diferentes dimensões culturais
assumidas pelo fenômeno jurídico através dos tempos,
investigando, para tanto, o significado da gênese e do ocaso das
instituições jurídicas fundamentais entre os seus inúmeros
Qual a artífices.
importância Assim, o grande desafio do profissional versado na matéria talvez
do estudo seja explicar as múltiplas conexões estabelecidas sob o império da
legalidade, temporalmente buscando o seu lastro na ascensão e
sobre os decadência das civilizações no decurso dos séculos.
Fundamentos
Históricos do Destarte, creio que o desconhecimento da percepção jurídica
Direito? historicamente desenvolvida entre os diversos povos e nações do
globo acarretaria uma verdadeira lacuna no processo metodológico
de avaliação científica que se pretende imprimir ao objeto da
pesquisa.”
• Palmer (2019): “[...] Em síntese, cuida a referida
disciplina de avaliar as muitas transformações
ocorridas no seio das sociedades segundo o
O objeto viés do Direito. Para tanto, utiliza-se,
comparativamente, do estudo do
de estudo desenvolvimento das mais diferentes instituições
jurídicas e sua consequente projeção nas
da História legislações modernas. Assim, busca-se
determinar, nos limites da ciência, a correta
do Direito extensão da influência das fórmulas jurídicas de
outrora, quando colocadas face a face com as
soluções normativas ou proposições legais
adotadas hodiernamente.”
1. Direito não-europeu
(direito comparado)
1.1 DIREITO HEBRAICO
• O Direito hebraico (Mischpat Ibri) é o conjunto de regras e preceitos
religiosos que se alicerça no dogma monoteísta arvorado pelos
antigos israelitas, povo de origem semita que outrora habitou a terra
bíblica de Canaã;
• Trata-se de um Direito profundamente vinculado ao sagrado, pois
credencia sua primeira fonte de inspiração a uma revelação divina.

• As tribos seminômades, em tempos imemoriais, erigiram um sistema


de crenças pautado no culto ao Deus Único, a quem se referiam por
meio de um misterioso tetragrama escrito sem vogais e cujo equivalente
seria “Y-H-W-H”. O objetivo central era evitar que O NOME (Ha Shem)
fosse pronunciado de modo despropositado, o que levaria alguém a
incorrer num ato de irreverência.

• De forma semelhante, atualmente, alguns países de alinhamento


islâmico possuem uma ordem jurídica religiosa vigente, baseadas na
Sharia (a lei islâmica). (PALMA, 2019).
1.1 DIREITO HEBRAICO
• O Tanak (Antigo Testamento) é o eixo motriz que inicialmente condicionou o desenvolvimento
filosófico-doutrinário da cultura hebraica.

Gênesis 1:26-28: “Então disse Deus: "Façamos o


homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de
toda a terra e sobre todos os pequenos animais que
se movem rente ao chão".
1.1 DIREITO HEBRAICO
❖ A ideia de Justiça:

• Na cultura judaica, somente Deus, em sua grandeza infinita, representa a plenitude da ideia de
“justiça” (tsedaká), o que significa dizer que somente. Ele é, na perfeita acepção do termo, justo.
Destarte, a própria noção de “justiça absoluta” está muito além da capacidade de
compreensão humana.

❖Constitucionalismo:

Karl Loewenstein identificou no povo hebreu uma das primeiras manifestações do


constitucionalismo na antiguidade, por meio das condutas dos profetas, que eram encarregados por
verificar se os atos do poder público eram compatíveis com o texto sagrado.
1.1 DIREITO HEBRAICO
❖ De todas as leis, o direito hebraico nos deixou de
herança os “dez mandamos”, como instrumento
normativo ainda hoje utilizado como uma espécie de
fonte material de normas de cunho jurídico.
Por exemplo: não matarás; não roubarás; não darás
falso testemunho. (Art. 121; 157; 342 – CPB)

❖Outros como normas de cunho moral:

Por exemplo: não terás outros deuses diante de mim,


não pronunciarás em falso nome de Iahweh teu Deus.

❖E normas que já foram jurídicas, mas que atualmente


só possuem relevância moral, como a proibição do
adultério, por exemplo.
1.1 DIREITO HEBRAICO
❖ Leis penais e delitos contra a divindade:

Basicamente, são três os delitos contra a Divindade:


• O mais grave deles, segundo a ordem exposta no Decálogo, consistia no abandono da fé
monoteísta e na auto entrega ao paganismo. A crença e a adoração do Deus único eram a
verdadeira razão de ser da nação (Dt 5:7) .

• O segundo, nesse mesmo contexto, tem que ver com a prática da idolatria, o culto a outros deuses.
Tal atitude devia ser drasticamente execrada pela comunidade (Dt 5:8).

• O terceiro diz respeito à reverência que se deve prestar ao Nome de Deus (Ha Shem), evitando-se
pronunciá-lo de maneira torpe ou despropositada. Por isso, os judeus não inferem vogais ao
acrônimo que o representa
1.1 DIREITO HEBRAICO
❖Leis de caráter civilista entre os hebreus:

• Sabe-se que os negócios jurídicos entre os particulares eram uma constante desde o segundo
milênio antes de Cristo. Prova disso são os incontáveis contratos encontrados na Mesopotâmia e
nos seus arredores. Assim, é possível falar de uma espécie de “Direito Civil israelita”, ainda que
não houvesse entre o povo judeu o objetivo de estabelecer categorias de leis aos moldes
romanos.
• Não raro o penhor era utilizado como garantia do débito existente. Apenas não era permitido que o
credor se estribasse nesse expediente para oprimir o próximo.
• Portanto, alguns bens imprescindíveis à sobrevivência, especialmente aqueles utilizados na
agricultura, foram considerados impenhoráveis, e a inviolabilidade do domicílio, plenamente
assegurada. As dívidas não poderiam, assim, ser cobradas no ambiente do lar. A família, acima de
tudo, não podia ser humilhada em tal recinto.
1.1 DIREITO HEBRAICO
❖ Leis humanísticas na Torah:
• Torah busca, com muito zelo, arrefecer as mazelas
sofridas pelos menos favorecidos. São basicamente
quatro as categorias de pessoas amparadas por lei: as
viúvas, os órfãos, os estrangeiros e os pobres:

• ELE FAZ JUSTIÇA AO ÓRFÃO E À VIÚVA, E AMA O ESTRANGEIRO,


DANDO-LHE ALIMENTO E VESTES. AMAI O ESTRANGEIRO, POIS
FOSTES ESTRANGEIROS NA TERRA DO EGITO (DT 10:18-19).
• O ESTRANGEIRO NÃO AFLIGIRÁS, NEM OPRIMIRÁS, POIS
ESTRANGEIROS FOSTES NA TERRA DO EGITO. A NENHUMA VIÚVA
NEM ÓRFÃO AFLIGIREIS. SE DE ALGUMA MANEIRA OS AFLIGIRDES, E
ELES CLAMAREM A MIM, EU CERTAMENTE OUVIREI O SEU CLAMOR
(EX 22:21-23).
• QUANDO FIZERES A COLHEITA DA TUA TERRA, NÃO A SEGARÁS
TOTALMENTE, NEM COLHERÁS AS ESPIGAS CAÍDAS DA TUA MESSE.
SEMELHANTEMENTE NÃO RABISCARÁS A TUA VINHA, NEM
COLHERÁS OS BAGOS CAÍDOS DA TUA VINHA. DEIXÁ-LOS-ÁS PARA O
POBRE E PARA O ESTRANGEIRO. EU SOU O SENHOR VOSSO DEUS
(LV 19:9-10).
1.2 DIREITO HINDU
• o Direito hindu é o Direito tradicional da Índia,
sendo aplicado pelos e aos adeptos do
Hinduísmo, especificamente em determinadas
situações como, por exemplo, o Direito de
Família e coexiste com o Direito do Estado, o
Direito indiano.

• Cumpre salientar que Direito hindu e Direito


indiano não são sinônimos: o primeiro é o
Direito que somente se aplica às comunidades
hindus e o Direito indiano é o Direito do
estado da Índia, ou seja, o qual é aplicado a
todos os habitantes não importando qual seja a
sua Religião.
1.2 DIREITO HINDU
❖ O direito hindu é o direito da comunidade religiosa brâmane, também chamada
• .com que tivessem aversão à mistura de
hinduísta. O temor ariano de desaparecer fez
raças. Essa posição levou a uma série de regras sociais entre os hindus:

a) delitos sexuais são severamente punidos;


b) a mulher perde a liberdade que tinha antes da invasão;
c) criação das castas etc.

• A religião hindu impõe a seus fiéis certa concepção do mundo e das relações sociais,
baseada essencialmente na existência das castas. Dessa forma,
as regras de comportamento aparecem sob a forma de princípios religiosos
que substituem as normas jurídicas.

• Foco em deveres e não em Direitos.


1.2 DIREITO HINDU

• (...) Por volta de 1500 a.C., um povo de origem ariana cujo berço eram as estepes da Rússia,
vindo por meio do Irã (terra dos arianos), na época chamado de Pérsia, chegou à índia e
encontrou vários povos, em diferentes níveis de evolução. Passou então a dominá-los pelo
direito e principalmente pela religião.

• Datam dessa época quatro grandes livros, atestando os costumes e as


crenças dos arianos. São os famosos Vedas, que significam o Saber.

• O Primeiro Veda institui as castas. Foi principal


mente a necessidade de consolidar o poder que levou os arianos a instituir
o regime de castas, o mais rígido da humanidade, que divide as pessoas em
classes sociais específicas, não havendo de modo algum mobilidade social.
1.2 DIREITO HINDU

• Quem nasce em determinada casta nela morrerá, tendo de exercer as funções


que estão a ela predeterminadas. Os escritos indianos classificam os indivíduos em quatro níveis
sociais (MACIEL, 2019).
1.2 DIREITO HINDU
• O Código de Manu, por sua vez, encontra-se organizado numa coleção de doze livros que
tratam das mais diferentes matérias. • .

• As penas previstas em seu bojo são cruéis e degradantes, o que não é de todo raro no contexto
da Antiguidade Oriental ou Clássica.

• Vejamos a seguir alguns exemplos dos tormentos impostos aos condenados:

QUE O REI LHE FAÇA DERRAMAR ÓLEO FERVENDO NA BOCA E NA ORELHA SE


ELE TIVER A IMPRUDÊNCIA DE DAR CONSELHOS AOS BRÂMANES RELATIVAMENTE AO
SEU DEVER (ART. 269)

UM HOMEM DE BAIXA CLASSE QUE RESOLVE TOMAR O LUGAR AO LADO DE UM


DE CLASSE MAIS ELEVADA, DEVE SER MARCADO ABAIXO DO QUADRIL E BANIDO OU,
ENTÃO, DEVE ORDENAR O REI QUE LHE FAÇAM UM TALHO SOBRE AS NÁDEGAS (ART.
278).
1.2 DIREITO HINDU
❖ Sobre as mulheres:
• .
• As mulheres eram condicionadas pela sociedade hindu a se casarem muito cedo, muitas
vezes ainda na infância. Essa prática ocorre ainda hoje, principalmente no interior do País, não
obstante a interdição legal (Child Marriage Restraint Act, 1929).

• No passado, a Lei de Manu só amparava a mulher em situações extraordinárias. Na maioria


das vezes, ela se sujeitava totalmente aos desmandos emanados de qualquer figura
masculina dentre os membros de sua parentela:

QUANDO UM MARIDO TEM NEGÓCIO EM PAÍS ESTRANGEIRO, QUE ELE SÓ SE AUSENTE, DEPOIS DE
TER ASSEGURADO À SUA MULHER MEIOS DE SUBSISTÊNCIA; PORQUE UMA MULHER, AINDA QUE
VIRTUOSA, ATORMENTADA PELA MISÉRIA, PODE COMETER UMA FALTA (ART. 491).

COM EFEITO, UM MARIDO PRESERVA SUA LINHAGEM, SEUS COSTUMES, SUA FAMÍLIA, A SI PRÓPRIO
E SEU DEVER, PRESERVANDO SUA ESPOSA (ART. 424)
1.2 DIREITO CHINÊS

• A China também foi o país onde dinastias duradouras


• . se alternaram no poder. Controlar suas
imensidões significava deter o domínio sobre disputadas rotas de comércio.

• No entanto, a tarefa de conhecer o Direito desse país num passado longínquo tem sido um
verdadeiro desafio. As fontes de que se dispõe ainda são muito escassas. Não por acaso,
advertiu Marcel Granet, conceituado estudioso dessa nação, que ainda não é possível
elaborar uma espécie de manual histórico da China Antiga.

• Na China, o direito tinha uma posição subsidiária em relação à ética confuciana, que via nas
leis um sinal de corrupção moral, porque elas obrigavam o homem a comportamentos que
este deveria ter por convicção interna
1.2 DIREITO CHINÊS
• Todavia, os especialistas são sempre unânimes em apontar os séculos VI e VII de nossa era
como o momento em que se podem datar as fontes legais mais remotas que se têm na atualidade;
• .
• Werner Menski, tomando por base os estudos realizados anteriormente por Derek Bodde e Clarence Morris,
ensina que o chamado Livro das Punições (hsing shu) constitui-se no material legal mais antigo de que
se dispõe, pois as outras legislações que estiveram em vigor em 501 e 513 d.C. acabaram por se perder.

• A codificação em tela, pois, foi escrita no ano de 536 d.C., por ordem de Tzu-chu’an, primeiro-
ministro do Estado de Cheng. Daniel Chow, por sua vez, não duvida de que outros Códigos legais
foram produzidos pelas dinastias Qin (221-206 a.C.) e Han (206 a.C.-20 d.C.), portanto, em
períodos mui distantes no tempo e bem anteriores àqueles sugeridos por Menski, mas ressalta
que o Código da Dinastia Tang (618-907 d.C.), que remonta ao século VII d.C., pode ser reputado
como o mais antigo deles.

• Interessante notar, segundo ensinou Klabin, que os chineses, progressivamente, adotaram a


“concepção do direito sem caráter divino”. Quanto ao seu Direito Penal, este previa penas
bastante desumanas, tais como a empalação, as marcas a ferro em brasa, os açoites e até
mesmo a castração.
DIREITO JAPONÊS

• Até o século XVIII o Direito Japonês foi marcado por uma


larga influência chinesa, especialmente pela filosofia de
Confúcio.
• O tom conciliatório que marca a personalidade das gentes
do Extremo Oriente é devido a esse legado.

✓ Base da Ética Empresarial do Japão e de outros Tigres


Asiáticos (Coréia e Singapura)
✓ Educação como via para melhorar a sociedade;
✓ Construção do caráter;
✓ Liderança e construção de um Estado Ideal...

“Se nem consegues te relacionares corretamente com os


vivos, por que te preocupas com o culto aos espíritos”
DIREITO JAPONÊS
• Noel Williams compreende que, anterior à influência de
Confúcio, havia um direito nipônico. O “direito nativo”.

• As fontes imediatas são dois livros antigos sobre a


história do Japão – o Koiji (680 a.C.) e o Nihonshoki
(720 a.C.). Ambas as obras utilizam caracteres
chineses.

• Tais textos, assim como o Engishik (907-949 d.C.) e o


Kunitsutsumi (séc. VIII em diante), estão envoltos num
universo de lendas, fábulas e contos. Entretanto,
apesar dos elementos mitológicos frequentemente
presentes, é possível extrair de seu conteúdo sagrado
certas informações de caráter jurídico.
DIREITO JAPONÊS
• Segundo Margdant Guillermo, a primeira manifestação escrita
de Direito janponês remonta ao ano de 603 da Era Comum,
tendo sido produzida durante o reinado da imperatriz Suiko
(592-628).

• A codificação foi feita pelo célebre príncipe Shotoku (574-


622), a quem foram credenciados títulos honoríficos como
Príncipe da Moral Santa ou Preceptor do Direito.

• Essas leis ficaram conhecidas como “As Dezessete


Máximas”, ou Jushichi Kempo.
DIREITO JAPONÊS
A obra de Shotoku, segundo Guillermo, é como “um
código de ética profissional para altos funcionários
e sugere a existência, já, de todo um corpo
organizado de administradores imperiais”.

Interessante notar no estudo em questão que Shotoku


previa em sua legislação “penas reeducativas para os
delitos leves”.

Contudo, aqueles que cometiam os chamados


“delitos graves” estavam reservadas punições
extremamente rigorosas, a fim de que tal severidade
contribuísse para “educar os demais”.
DIREITO JAPONÊS

No ano de 646 buscou o Japão se espelhar no modelo estatal chinês. Tal reforma recebeu o nome de
Taika.

Entre 701 e 702, elaborou-se no País uma legislação mais “detalhada” – o Taiho –, que esteve em vigor
até 1190.

O Taiho fundamentava-se no ordenamento jurídico pronunciado pela dinastia chinesa Tang e estava
dividido, notadamente, em duas seções: o Ryo (11 artigos) e o Ritsu (seis artigos).
• O Ryo continha mormente regras jurídicas civis e administrativas;
• O Ritsu trazia em seu cômputo toda a matéria criminal.
• Posteriormente, as duas seções foram uniformizadas pela imperatriz Genshö (724-748), que as definiu com dez
artigos cada.
DIREITO JAPONÊS
Era Meiji (1868-1912)
Proximidade com o Ocidente.
DIREITO JAPONÊS

O Japão adotou codificações em voga noutros


países europeus, como a França e a Alemanha,
iniciativa esta que acabou por filiar o Japão ao
Sistema Romano-Germânico de Direito.

À época, o Código Civil alemão fazia muito sucesso,


inspirando a composição de inúmeros códices legais
mundo afora. Esse diploma legal serviu de base
para a construção do Direito privado japonês.

Na atualidade, como bem asseverou Taku Okabe, o


Direito japonês muito se assemelha ao Direito
mexicano.
DIREITO JAPONÊS
“O estreitamento de laços com os orientais deveria ocorrer em função da
própria dinâmica das relações internacionais, afinal de contas o insurgente
e belicoso Japão dos anos quarenta, que havia estarrecido os aliados com
suas patrióticas investidas kamikazes, simplesmente não mais existia. Em
seu lugar ascendeu, vigorosamente, uma nação consciente e orgulhosa de
seu rico passado envolto por tradições milenares, mas que por outro lado não
apresentava qualquer descompasso com o célere ritmo imprimido pela
modernidade. Tanto é verdade que a própria Constituição de 1946 o
assinalava com muita ênfase. Ora, o texto da Carta Magna, em seu
discutido artigo nono, não somente consagra a renúncia formal do
Estado a qualquer forma de beligerância, mas também expressa o
impedimento jurídico ao País de militarizar-se. Assim, as dolorosas
chagas trazidas pelas guerras não impediram que o Japão, finalmente,
alçasse voo rumo ao ideal de desenvolvimento perquirido com tanto
relevo desde a Era Meiji (PALMA, 2011).
DIREITO JAPONÊS

• “Superadas as diferenças e animosidades


alimentadas durante a Segunda Grande
Guerra, o Japão muito se aproximou dos
Estados Unidos da América. A restauração da
diplomacia entre os dois países fez com que o
sistema jurídico japonês se amoldasse à
praticidade inerente ao espírito norte-
americano. É bem verdade que a fonte
primária do Direito nipônico continua sendo a
lei. Mas as regras de Direito no Japão, como
bem dispôs J. O. Haley, são “meras palavras
no papel até serem interpretadas e aplicadas
no contexto dos casos atuais e das situações
da vida real” (PALMA, 2011).
A CIVILIZAÇÃO
GREGA: ESTADO,
DIREITO E JUSTIÇA
A CIVILIZAÇÃO GREGA

“A Grécia foi o berço da democracia direta,


mormente Atenas, onde o povo, reunido no Agora,
para o exercício direto e imediato do poder
político, transformava a praça pública “no grande
recinto da nação”. A democracia antiga era a
democracia de uma cidade, de um povo que
desconhecia a vida civil, que se devotava por
inteiro à coisa pública, que deliberava com ardor
sobre as questões do Estado, que fazia de sua
assembleia um poder concentrado no exercício da
plena soberania
legislativa, executiva e judicial.” (BONAVIDES,
2009).
A CIVILIZAÇÃO GREGA
▪ Contudo, a democracia era privilégio de ínfima minoria social de homens livres apoiados
sobre esmagadora maioria de homens escravos.
A CIVILIZAÇÃO GREGA
▪ A democracia enquanto pressuposto do Estado de Direito atual:

Art. 1º, parágrafo único, da CRFB “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”

Os membros da Administração Pública estão restritos ao


Princípio da Estrita Legalidade, que tem um significado inicial
de praticarem apenas atos que são permitidos em Lei.

Exceção: o Princípio da Discricionariedade (juízo de


conveniência e oportunidade).

✓ Art. 36 inc. I da Lei 8112/1990 (remoção ex officio de


membro da administração pública).
✓ A licença ambiental;
✓ A autorização administrativa...
A CIVILIZAÇÃO GREGA
▪ Súmula Vinculante nº 13:

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente


em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante
ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, Imagine que no município que os membros dos
compreendido o ajuste mediante designações Poderes Executivo e Legislativo utilizam de
recíprocas, viola a Constituição Federal artifícios que possibilitem o nepotismo. Será que
enquanto sociedade civil organizada podemos
propor um Projeto de Lei?
A CIVILIZAÇÃO GREGA

Na atualidade o exercício da democracia direta é realizada no Brasil por meio do Plesbicito,


Referendo e Projetos de Lei de Iniciativa Popular (Lei 9.709/1998) – art. 13.

Exemplos do exercício desse direito temos:

- Referendo sobre o desarmamento de 2005.


- - Plebiscito de 1992 sobre a forma de governo e sistema de governo.
- - Lei nº 8.930/1994: o caso Daniella Perez (incluiu o homicídio qualificado na lei de crimes
hediondos).
- - Lei nº 9.840/1999: combate à compra de votos.
- - Lei Complementar nº 135/2010: a Lei da Ficha Limpa.
SITUAÇÃO PROBLEMA
Imagine que você é contratado por um grupo
de pessoas que apresentaram um projeto de
lei de iniciativa popular que tem por objeto
recrudescimento das normas aplicadas ao
nepotismo.

Alegam os seus potenciais clientes que o


referido projeto de lei não foi aceito por ter
sido indicado pela Mesa da Câmara de
Deputados por vício de forma.

Na qualidade de advogado desse coletivo,


qual seria seu posicionamento?
O MUNDO GREGO ANTIGO

Situado na Europa oriental, a Grécia é


banhada pelos mares Jônio, Egeu e
Mediterrâneo. De acordo com a
doutrina, a primeira civilização que se
destacou nessa região foi a micênica,
embora exista indícios concretos da
existência de outros povos em período
anterior. Essa civilização espalhou-se
até Creta, até o seu fim, que ocorreu
com a invasão dos dórios, por volta de
1200 a.C. (MACIEL, 2019)
O MUNDO GREGO ANTIGO

Para os gregos, a fonte do direito é o nomos,


que pode ser traduzido como lei. Nessa
conjuntura, cabia aos nomos limitar o poder
das autoridades, visto que a liberdade política
equivale em não ter que violar o nomos. Como
consequência, os gregos fizeram poucas leis
no sentido moderno do termo, visto que nomos
significa tanto lei como costume.(MACIEL,
2019).

❖ Indicação do próprio constitucionalismo


antigo, no sentido de limitar o poder do
governante através do nomos, sob a experiência
constitutiva da participação cidadã direta.
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
Os historiadores costumam repartir a Filosofia Grega em quatro períodos:

• a) Período pré-socrático:

Principal nome:

❖ Tales de Mileto (séc. VII a séc. VI a.C);

• Percussor da tese de um “princípio originário e


sustentador único para todas as coisas”.
• “A nutrição de todas as coisas é húmida”
• “Tudo vem da água e acaba na água”.
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
b) Período socrático:

La Mort de Socrate - Jacques-Louis David, 1787


A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
▪ Pensamento voltado para as implicações ético-sociais, busca pela verdade e para o agir
correto;
▪ A maiêutica (parturição de ideias) para o alcance da virtude (conhecimento);
▪ “O homem é a sua alma”, personalidade intelectual e moral, e a educação é o caminho para o
seu enriquecimento.
▪ “Conhece-te a ti mesmo” e “só sei que nada sei”.
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA

❖ Sócrates e a ética coletiva:

✓ A sua ética é atrelada ao porvir (post


mortem). A morte não interrompe o fluxo
das almas, que preexistem ao corpo, mas é
um rito de passagem para o aprendizado
dos valores.

✓ É também para agir de acordo com a ordem


(nomos). Sócrates está plenamente cônscio
de que a nomos é fruto do artifício humano,
e não da natureza. E mesmo assim ensina a
obediência irrestrita.

Preocupação com a ordem social e com a


coletividade.
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
c) Platão:

• Platão nasceu em Atenas, em 428/427 a.C. O seu nome é


Aristócles. Platão é um apelido que derivou, segundo alguns,
do seu vigor físico, ou da extensão de sua testa.

• Seus antepassados eram nobres, com ligações entre o rei


Codros por parte de pai e Sólon por parte de mãe.

• Platão foi inicialmente discípulo de Crátilo, seguidor de


Heráclito, e posteriormente passou a ser discípulo de
Sócrates.

• Ele ingressou na vida política quando dois de seus parentes O que há é que a prudência (phrónesis) socrática
assumiram ao poder (Cármides e Crítias), mas se desgostou converte-se em vida teórica (bios theoréticos).
com a democracia Ateniense em virtude da morte de
Sócrates, e passou anos exilado, viajando por vários locais,
como o Egito, Itália, Mégara...

• Fundador da academia ateniense.


A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
c) Platão:
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
“Bittar (2018)”: A ciência só é possível do que é certo, eterno e imutável. Somente as ideias
são, para Platão, certas, eternas e imutáveis, tendo-se em vista que tudo o mais que se
conhece é incerto, perecível e mutável. Do que se disse anteriormente, somente a alma
logística é capaz de ciência, e esta ciência (epistéme) à qual se refere Platão, deriva da
contemplação das ideias perfeitas e imutáveis pelo filósofo.

Demiurgo
Justiça Divina

Justiça humana
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
d) Aristóteles:
Aristóteles, nasceu na cidade de Estagira, na
Macedônia, em 384 a.C. Jovem foi para Atenas, onde
acabou sendo aluno de Platão. Aristóteles estudou na
Academia e posteriormente tornou-se professor. Foi
tutor de Alexandre (que viria se tornar “Alexandre o
Grande”, em 343/342 a.C

• Busca pela “eudaimonia” (felicidade).

Vida
Vida ética
política
Em
individual comunidade
(Bem)
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
d) Aristóteles: Justiça
Virtudes
(ação)
A FILOSOFIA GREGA ANTIGA
d) Aristóteles:
CIDADES GREGAS
1) Atenas

A legislação mais antiga conhecida de Atenas são as


leis de Drácon, de 621 a.C., no qual prevê o fim à
solidariedade familiar bem como tornou obrigatório o
recurso aos tribunais para lide entre clãs.

Tais leis, ficaram conhecida pela sua severidade (o


exemplo das Leis de Drácon é utilizada até os dias
atuais para assentar sobre leis severas – leis
draconianas), criando, também, importantes normas
penais. (MACIEL, 2019)

Entre 594 e 593 a.C. as Leis de Drácon foram


alteradoras, o que promoveu uma intensa reforma
institucional, social e econômica, que também
influenciaram o desenvolvimento dos atenienses.
CIDADES GREGAS
1) Atenas

“Tentando evitar e combater a corrupção e outros problemas sociais, ficou definido que, quem
denunciasse as irregularidades, haveria ganhos financeiros de parte do valor da condenação do réu.
Neste ponto, houve um aumento significativo de denúncias, inclusive àquelas sem fundamento.
Aqueles que utilizam das denúncias sem fundamento com o fim de obter as vantagens
econômicas decorrentes da condenação do réu ficara conhecido como sicofantas. Além do mais,
para combater essa prática, foi determinado uma regra de que se o denunciado – réu –não obtivesse
um número mínimo de votos no tribunal, o denunciante seria condenado a pagar uma multa.”
(MACIEL, 2019)

Brasil: Artigos 339(Denunciação caluniosa) e 340 (Comunicação falsa de crime ou decontravenção).


CIDADES GREGAS
2) Esparta

A cidade-estado de Esparta progrediu às margens do Rio


Orontes, nas terras Lacônica. A sua história começou a
ser contada após a invasão dos dórios, povo de origem
germânica, por volta de 1200 a.C. A história dos
espartanos é uma das mais belicosas e militaristas
civilizações que o mundo já conheceu. (PALMA, 2019);

[...] o treinamento militar dos espartanos começava aos


sete anos de idade, para que em sua juventude fosse um
brilhante e perigoso guerreiro. [...] permitia que os pais
repelissem filho snascidos com deficiência, ou até
mesmo, lançar o bebê em penhasco caso
consignasse que seria um impedimento à carreira
militar. (PALMA, 2019)
CIDADES GREGAS
2) Esparta:

No âmbito do sistema político, [...] Esparta tinha dois


reis, com origem em famílias pertencentes à
aristocracia, a dos Ágidas e a dos Euripôntidas.
Estes não detinham poderes ilimitados, pois
encontravam-se limitados à vontade da Assembleia
do Povo, denominada de Apella, em que era
composto pela aristocracia, ou do Conselho de
Anciões, denominado de Gerúsia, no qual era
composto por vinte e oito gerontes com idade igual
ou superior a sessenta anos e por dois reis.
Outrossim, os dois reis tinham caraterísticas de
serem Chefes Militares. (PALMA, 2019)
CIDADES GREGAS

2) Esparta:

“No âmbito do direito, as leis espartanas tinham um


caráter preponderantemente consuetudinário, ao
contrário do que ocorria com Atenas. Neste
sentido, assentou Justiniano, quando observava esse
traço ao afirmar que os espartanos, ao contrário dos
atenienses e romanos, preferiam “confiar à memória
aquilo que observavam como lei”. Por esse motivo,
o estudo do direito espartano é dever as genérico.
(PALMA, 2019, p. 185)”
O Direito Romano
Lupa Capitolina

▪ Fundação de Roma:

• (ALVES, 2018) “As origens de Roma e a lenda – As


origens de Roma são lendárias. Mesmo os sete reis
(Rômulo; Numa Pompílio; Tulo Hostílio; Anco Márcio;
Tarquínio, o Prisco; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o
Soberbo) não foram personagens históricas. Mas
em toda lenda há sempre um fundo de verdade...
• Parte dos historiadores acredita que fundação de
Roma se deu com a dominação dos etruscos, mas a
opinião dominante, porém, é a de que Roma não foi
fundada pelos etruscos, mas, sim, pelas próprias
populações do Lácio. Isso se procura demonstrar
com o fato de que as mais antigas instituições
romanas têm denominações de origem latina, como,
por exemplo, rex, tribus, magister, curia Roma,
portanto, já existiria quando os etruscos a
subjugaram.”
https://www.youtube.com/watch?v=ls7YeoWpyWo
O Direito Romano
▪ A sistematização oferecida pelo Direito Romano perpetua a sua influência até os dias de hoje,
mesmo com a queda do Império Romano do Ocidente do séc. IV e da queda do Império Romano do
oriente no séc. XV.
▪ José Carlos Moreira Alves (2018) sistematiza a periodização histórica em: história externa (das
Instituições Políticas) e a história Interna (dos institutos do Direito Privado).
História Externa HISTÓRIA INTERNA
1º – Período real (vai das origens de Roma à queda da 1ª – A do direito antigo ou pré-clássico (das origens de
Roma à Lei Aebutia, de data incerta, compreendida
realeza em 510 a.C.);
aproximadamente entre 149 e 126 a.C.).
2º – Período Republicano (de 510 a 27 a.C., quando o
Senado investe Otaviano – o futuro Augusto – no poder 2ª – A do direito clássico (daí ao término do reinado de
supremo com a denominação de princeps); Diocleciano, em 305 d.C.)
3ª - A do direito pós-clássico ou romano-helênico (dessa
3º – Período do Principado (de 27 a.C. a 285 d.C., com o
data à morte de Justiniano, em 565 d.C. – dá-se, porém, a
início do dominato por Diocleciano);
designação de direito justinianeu ao vigente na época em que
reinou Justiniano, de 527 a 565 d.C.).
4º – Período do dominato (de 285 a 565 d.C., data em que
morre Justiniano).
Organização Política Romana na realeza

(ALVES, 2018) “A constituição política de Roma, na


realeza, se resume em três termos: o rei, o Senado e os
Rei
comícios. Sobre eles, no entanto, não temos dados
incontroversos. Por isso, a exposição que se segue acerca de
suas atribuições e poderes é baseada em conjecturas mais ou
menos plausíveis.”
Senado

Comícios
Organização Política Romana na realeza

Rei
(ALVES, 2018) “O rei era o magistrado único, vitalício e
irresponsável. Sua sucessão não se fazia pelo princípio da
hereditariedade ou da eleição, mas, segundo parece, o sucessor,
quando não indicado pelo antecessor, era escolhido pelo interrex
(senador que, por designação do Senado, governava, na vacância do
cargo real, pelo prazo de cinco dias, passando o poder, nas mesmas
condições, a outro senador, e assim por diante até que fosse escolhido o
rei).

O rei, como chefe do Estado, tinha o comando supremo do exército,


o poder de polícia, as funções de juiz e de sacerdote, e amplos
poderes administrativos (dispunha do tesouro e das terras públicas).
Demais, declarava guerra e celebrava tratados de paz.”
Organização Política Romana na realeza
Rei
Eram seus auxiliares:

a) nas funções políticas:


1º – o tribunus celerum (comandante da cavalaria);
2º – o tribunus militum (comandante da infantaria); e
3º – o praefectus urbis (encarregado da custódia da cidade, durante a ausência do
rei);

b) nas funções judiciárias:

1º – os duouiri perduellionis (juízes nos casos de crime de traição ao Estado); e


2º – os quaestores parricidii (juízes nas hipóteses de assassínio voluntário de um
pater, isto é, do chefe de uma família); e
c) nas funções religiosas:
– os membros do colégio dos pontífices, dos áugures (sacerdotes) e dos feciais
(noviço).
Organização Política Romana na realeza
Senado
(ALVES, 2018) “O Senado é o conselho do rei, sendo os seus membros – cuja escolha possivelmente se
fazia, pelo rei, entre os chefes das diferentes gentes (vide nº 10) – denominados senatores ou
patres, cujo número, a princípio, era de 100, e, posteriormente, ascendeu a 300.

O Senado, que era convocado pelo rei, estava em posição de subordinação diante dele.

Quanto à sua competência:

a) com relação ao rei, era consultiva (este, nos casos mais importantes, devia consultá-lo, embora não
estivesse obrigado a seguir o conselho); e

b) com referência aos comícios, era confirmatória (toda deliberação deles, para ter validade, devia ser
confirmada pelo Senado: obter a patrum auctoritas).
Organização Política Romana na realeza
Comícios
(ALVES, 2018) “Os comícios por cúrias eram uma
assembleia convocada pelo rei, pelo interrex ou
pelo tribunus celerum. Reuniam-se, geralmente, no
comitium, ao pé do Capitólio. Não se sabe ao
certo como a vontade do povo era apurada
nesses comícios. Conjecturam alguns autores
que os patrícios votavam individualmente nas
cúrias, apurando-se, em seguida, a maioria em
cada cúria, e dependendo o resultado definitivo do
maior número de cúrias em favor da proposta em
votação, ou contra ela. É possível, também, como
pretendem outros, que, à semelhança do que
ocorria na Grécia antiga, o povo se manifestasse por
aclamação.”
Período Antigo (Pré-clássico) – do ponto
de vista do Direito.
As fontes do Direito:

▪ (ALVES, 2018). “Todos os povos primitivos começam a reger-se pelo


costume – complexo de usos praticados pelos antepassados e transmitidos às
gerações pela tradição –, pois é ele espontâneo, independente, portanto, da
existência de órgãos que o elaborem. Roma não fugiu a essa regra: o mos
maiorum (costume) foi fonte de direito, na realeza.”

▪ “A tradição dá notícia, também, da existência, nessa época, de leis régias,


atribuindo-as, em sua maior parte, a Rômulo, Numa Pompílio e Tulo Hostílio....e
compiladas, nos fins da realeza ou no início da república, por Sexto
Papírio; daí ter sido essa compilação denominada ius ciuile papirianum.

▪ “Tinha como principais características o formalismo, rigidez e solenidade,


que eram concretizados nas pessoas dos pontífices [...].Neste período “o Estado
tinha funções limitadas a questões essenciais para sua sobrevivência: guerra,
punição aos delitos graves e, naturalmente, a observância das regras religiosas.”
(MARKY, 1991)
Período Antigo (Pré-clássico) – do ponto
de vista do Direito.
A jurisprudência Romana:

(ALVES, 2018). “Iurisprudentia (jurisprudência) significa


ciência do direito (prudentia = ciência; iuris = do direito).

Nos tempos primitivos, a jurisprudência romana era


monopolizada pelos pontífices. Esse monopólio – em
decorrência do rigoroso formalismo que caracteriza o
direito arcaico – consistia em deterem os pontífices o
conhecimento, não só dos dias em que era permitido
comparecer a juízo (dias fastos, em contraposição aos
nefastos, em que era isso proibido), mas também das
fórmulas com que se celebravam os contratos ou com
que se intentavam as ações judiciais..”
A República

▪ A queda da realeza e o início da república:

Segundo a tradição, a realeza terminou de modo abrupto:


uma revolução baniu Tarquínio, o Soberbo, de Roma, em 510
a.C. Ao rei sucedem dois magistrados eleitos anualmente, e
que se denominam, a princípio, iudices (juízes), em tempo de
paz, e praetores (os que vão à frente), quando em guerra.
Excetuadas as funções religiosas que passaram para o rex
Magistratura
sacrorum e para o pontifex maximus, esses magistrados detêm
o imperium real.

Trata-se de um período de centralização do poder político e pela


criação de institutos jurídicos que promovem a autonomia do
Senado
cidadão, enquanto individuo, diferente do período Arcaico, em que
a preocupação era com o núcleo familiar. (ALVES, 2016).
Comícios
A República Magistratura
▪ Características e classificação da magistratura:

As características fundamentais das magistraturas republicanas são:


a temporariedade, a colegialidade, a gratuidade e a
irresponsabilidade do magistrado.

▪ Os magistrados, em regra, são eleitos anualmente. Os censores,


porém, o eram de cinco em cinco anos.
▪ As magistraturas são, em geral, colegiadas, isto é, constituídas de
mais de um membro, podendo qualquer deles paralisar ato do
outro pela intercessio (veto).
▪ O magistrado não percebe proventos pelo desempenho da
magistratura.
▪ Demais, são eles invioláveis durante o exercício do cargo, mas, no
término de seu mandato, podem ser chamados a prestar contas
perante o povo.
A República
▪ Características e classificação da magistratura:
Magistratura
Os poderes dos magistrados se resumem na potestas e no imperium.

▪ A potestas, [...] é a competência de o magistrado expressar com sua própria vontade a do Estado, gerando para
este direitos e obrigações.

▪ Já o imperium é a personificação, no magistrado, da supremacia do Estado, supremacia que exige a


obediência de todo cidadão ou súdito, mas que está limitada pelos direitos essenciais do cidadão ou pelas
garantias individuais concedidas por lex publica.

O imperium compreende o poder de levantar tropas e comandá-las, o direito de apresentar propostas aos comícios,
a faculdade de deter e punir os cidadãos culpados e a administração da justiça nos assuntos privados.

Observação: Todos os magistrados têm a potestas, mas nem todos o imperium. Daí as magistraturas se
classificarem em magistraturas cum imperio e sine imperio. Eram magistraturas cum imperio: o consulado, a
pretura, a ditadura, o tribunato militar consulari potestate. Sine imperio, as demais.
A República
Senado
(ALVES, 2016) “Na república, o Senado se torna o verdadeiro centro
do governo, pois os magistrados tinham interesse em consultá-lo
e em seguir o seu conselho, antes de tomarem deliberações mais
importantes, uma vez que, sendo o Senado órgão permanente,
ficavam eles resguardados de possíveis incriminações quando
retornassem à qualidade de simples cidadãos.”

[....] ele ingerência na formação das leis, quer declarando nulas


aquelas cuja votação não obedecera às formalidades legais, quer
exercendo controle sobre a atuação dos comícios pela patrum
auctoritas, isto é, pela confirmação das leis por ele, depois de ter
verificado se elas iriam, ou não, contra os costumes e, em caso
afirmativo, se a revogação do costume seria justificada.
A República

Os comícios

(ALVES, 2016) “Na república, encontramos quatro espécies de


comícios: por cúrias, por centúrias, por tribos e os concilia
plebis (comícios da plebe).

Esses comícios continuaram a existir na república com funções


estereotipadas, mas com outra composição.
A República

As fontes do Direito:

Costumes, lei e editos dos magistrados.

A) O costume - a fonte preponderante do direito


privado, graças à atividade dos jurisconsultos,
que disciplinaram as novas relações sociais pela
adaptação das normas primitivas que a tradição
transmitira de geração a geração, mas cuja origem
se perdera nas brumas de um passado remoto.

Os juristas republicanos não formularam doutrina


sobre o costume como fonte de direito, o que
somente foi realizado pelos jurisconsultos do
principado.
A República
As fontes do Direito: B) Leis
Lex rogata Lex data

A proposta de um magistrado aprovada Lei emanada de um magistrado em


pelos comícios, ou a de um tribuno da decorrência de poderes que, para tanto,
plebe votada pelos concilia plebis, lhe concederam os comícios.
desde quando os plebiscitos se
equipararam às leis.

(ALVES, 2018) “Na lex rogata, distinguem-se quatro partes: 1ª) o index (onde se consignava o nome gentílico do
proponente e a indicação sumária do seu objeto); 2ª) a praescriptio (em que constavam as indicações do nome
e títulos do magistrado proponente, do dia e local em que se votou a lei, e da tribo ou centúria que votou em
primeiro lugar); 3ª) a rogatio (parte principal da lex rogata, pois nela estava declarado o seu conteúdo); e 4ª) a
sanctio (sanção, pena para o caso de infringência da lei);

Na república, encontramos leges rogatae de grande importância para o direito privado, como a Lei Aebutia
(meado do século II a.C.), que introduziu o processo formulário. Entretanto, a mais importante lei na república é
uma lex data. a Lei das XII Tábuas, o primeiro monumento legislativo dos romanos.
A República
A Lei das XII Tábuas:

▪ A Lei das XII Tábuas resultou da luta entre a plebe e o


patriciado. Um dos objetivos dos plebeus era o de acabar com a
incerteza do direito por meio da elaboração de um código, o que viria
refrear o arbítrio dos magistrados patrícios contra a plebe.

▪ Em 462 a.C., o tribuno da plebe Terentílio Arsa propôs que se criassem


os quinqueuiri – magistratura formada por cinco membros – com o
encargo de elaborarem um código para a plebe. Mas os patrícios
perceberam que, com isso, haveria a completa separação entre a
plebe – que já tinha dirigentes (os tribunos) e assembleia própria (os
concilia plebis) – e o patriciado, formando-se um Estado dentro do
outro.

▪ Daí terem eles concordado não com tal proposta, mas com a
criação da magistratura constituída de dez membros (os decemuiri
legibus scribundis), a qual elaboraria um código aplicável a todos os
romanos, quer patrícios, quer plebeus.
A República

A Lei das XII Tábuas:

Observação: (ALVES, 2018) Embora os autores antigos deem a


entender que a Lei das XII Tábuas abarcava todo o direito público
e privado (Tito Lívio, III, 34, 3, a ela se refere como fons omnis publici
priuatique iuris – “fonte de todo o direito público e privado”), isso
não procede.

Com efeito, exceto as normas relativas a direito penal, são


escassos os dispositivos que tratam do direito público, não
havendo quaisquer regras sobre os institutos fundamentais do direito
constitucional e do direito administrativo. Quanto ao direito privado,
é ele tratado com mais largueza, embora, ainda aí, as lacunas sejam
consideráveis. Apenas com referência ao processo, é que se
encontram dispositivos mais numerosos e que obedecem a uma
sistemática.
O Principado
▪ O principado apresenta dupla faceta: em Otaviano Augusto – 27 a.C - 14
Roma, é ele monarquia mitigada, pois o
príncipe é apenas o primeiro cidadão, que
respeita as instituições políticas da república; nas
províncias imperiais, é verdadeira monarquia
absoluta, porque o princeps tem, aí, poderes
discricionários. Mas o principado, como regime
de transição da república à monarquia absoluta,
encaminha-se, paulatinamente, para o
absolutismo.

▪ As fontes de direito – São as seguintes as fontes


de direito nesse período: costume, leis comiciais,
edito dos magistrados, senatus consultos,
constituições imperiais e respostas dos
jurisconsultos.
O Principado

▪ Senatusconsultos

“(ALVES, 2018) [...] Embora o Senado tivesse, na república, influência, por intermédio dos magistrados, na
formação do direito, as suas deliberações (senatusconsultos) não eram fonte de direito. Quando muito – e
isso apenas nos fins da república –, o Senado se arrogou a faculdade de, sem ratificação dos comícios, dispensar
alguns cidadãos da observância de certas leis (legem aliquem soluere).

▪ No início do principado, porém, os senatusconsultos passam a ser fonte de direito, não só em virtude
do exaurimento do poder legislativo dos comícios, como também pela circunstância de que, não
estando ainda os tempos devidamente amadurecidos para que o princeps, abertamente, usurpasse
o poder legislativo, propunha ele as medidas que lhe pareciam necessárias, e o Senado sobre elas
deliberava. Com o tempo, e graças à autoridade do príncipe, a proposta passa a ter mais valor do que a
deliberação do Senado, uma vez que este se manifesta sempre pela aprovação. Daí, em vez de falar-se em
senatusconsultum, dizer-se oratio (proposta do príncipe).
O Principado
E) Constituições imperiais Otaviano Augusto – 27 a.C - 14

Ao príncipe jamais foi atribuída


expressamente a faculdade de legislar, mas em
decorrência dos poderes que absorveu das
magistraturas republicanas e da auctoritas que lhe
era reconhecida, ele, desde o início do principado,
interferiu na criação do direito, com as
constitutiones (constituições imperiais), que
não indicavam um ato formal do princeps para
criar direito, mas qualquer ato dele emanado,
e que eram fonte de direito quando continham
novo preceito jurídico.
O Principado
• As constituições imperiais se apresentam, principalmente, sob um dos quatro seguintes
tipos:

• 1º) edicta (editos) – normas gerais que, em virtude do ius edicendi do príncipe, dele emanavam, e
se assemelhavam, na forma, às oriundas dos magistrados republicanos;

• 2º) mandata (mandatos) – instruções que o príncipe transmitia aos funcionários imperiais,
principalmente aos governadores e funcionários das províncias (a partir do século V d.C.,
desapareceram totalmente);

• 3º) rescripta (rescritos) – respostas que, sobre questões jurídicas, o imperador dava a particulares,
ou a magistrados e a juízes; no primeiro caso, diziam-se subscriptiones, porque eram escritas abaixo
da pergunta, para que a resposta desta não se separasse; no segundo, epistulae, pois eram redigidas
em carta; e

• 4º) decreta (decretos) – eram sentenças prolatadas pelo príncipe em litígios a eles submetidos em
primeira instância ou em grau de recurso.
O Principado
• F) “Responsa prudentium” (respostas dos jurisconsultos)

• Os responsa prudentium (respostas dos jurisconsultos) abrangem não só os pareceres dados sobre
casos concretos (como na época de Augusto), mas também as opiniões em geral dos jurisconsultos
com ius respondendi, manifestadas sobre casos concretos ou em obras doutrinárias. Os responsa
prudentium eram, então, fonte de direito – portanto, vinculavam o juiz – se constituíssem opinio
communis (opinião comum). Se houvesse divergência de opiniões, o juiz julgava segundo a que lhe
parecesse melhor.

A Jurisprudência:
▪ Os juristas clássicos escreveram, além de monografias, várias obras que seguiam, principalmente, um dos
seguintes tipos: institutiones, regulae, enchiridia e definitiones (livros destinados ao ensino); sententiae e
opiniones (obras também elementares, mas que visavam mais à prática do que ao ensino); responsa
(livros de consultas e respostas sobre casos concretos); quaestiones e disputationes (repositórios de
controvérsia jurídica); libri ad, libri ex e notae ad (comentários ou notas de um jurista à obra de um
seu antecessor, cujo nome – ou denominação de seu trabalho – se seguia a essas expressões
latinas); libri ad edictum (obras que obedeciam ao plano do Edictum Perpetuum, e se ocupavam do
ius honorarium); e digesta (espécie de enciclopédias sobreo ius ciuile e o ius honorarium).
O Principado
• F) “Responsa prudentium” (respostas dos jurisconsultos)

• Os responsa prudentium (respostas dos jurisconsultos) abrangem não só os pareceres dados sobre
casos concretos (como na época de Augusto), mas também as opiniões em geral dos jurisconsultos
com ius respondendi, manifestadas sobre casos concretos ou em obras doutrinárias. Os responsa
prudentium eram, então, fonte de direito – portanto, vinculavam o juiz – se constituíssem opinio
communis (opinião comum). Se houvesse divergência de opiniões, o juiz julgava segundo a que lhe
parecesse melhor.
• Direito enquanto prática argumentativa.

A Jurisprudência:
▪ Os juristas clássicos escreveram, além de monografias, várias obras que seguiam, principalmente, um dos
seguintes tipos: institutiones, regulae, enchiridia e definitiones (livros destinados ao ensino); sententiae e
opiniones (obras também elementares, mas que visavam mais à prática do que ao ensino); responsa
(livros de consultas e respostas sobre casos concretos); quaestiones e disputationes (repositórios de
controvérsia jurídica); libri ad, libri ex e notae ad (comentários ou notas de um jurista à obra de um
seu antecessor, cujo nome – ou denominação de seu trabalho – se seguia a essas expressões
latinas); libri ad edictum (obras que obedeciam ao plano do Edictum Perpetuum, e se ocupavam do
ius honorarium); e digesta (espécie de enciclopédias sobreo ius ciuile e o ius honorarium).
Período Pós-clássico (Dominato)
• Como já acentuamos, o principado foi regime de transição entre
a república e a monarquia absoluta. Se, em Roma, o princeps era
somente o primeiro cidadão, nas províncias era ele o monarca.
Gradativamente, porém, os imperadores romanos vão firmando seu
poder absoluto até em Roma.
• No dominato (monarquia absoluta), há apenas uma fonte
atuante de criação organizada do direito: a constituição imperial
(então denominada lex). A seu lado, persiste o costume como fonte
espontânea de direito, mas limitado a preencher as lacunas das
constituições imperiais, sendo pequena sua importância para o direito
privado.
• E, como no início do dominato é muito acentuada a decadência da
jurisprudência – não há grandes juristas, mas, sim, práticos,
conhecem-se essas normas não do estudo da própria fonte, mas,
indiretamente, por intermédio da obra dos jurisconsultos clássicos.
A República
O Corpus Iuris Ciuilis

• (ALVES, 2018) “Nos fins de 530, Justiniano (482-565) encarrega Triboniano de


organizar comissão destinada a compilar os iura. Para o término desse projeto
grandioso, previu Justiniano prazo mínimo de dez anos. No entanto, a comissão
de membros (professores de direito e advogados), sob a presidência de
Triboniano, depois de compulsar quase dois mil livros, concluiu o trabalho
em apenas três anos. Era o Digesto, também denominado Pandectas.

• A obra legislativa de Justiniano, por conseguinte, consta de quatro partes:


Institutas (manual escolar), Digesto (compilação dos iura) , Código (compilação
das leges) e Novelas (reunião das constituições promulgadas, posteriormente,
por Justiniano). A esse conjunto, o romanista francês Dionísio Godofredo, em
1538, na edição que dele fez, denominou Corpus Iuris Ciuilis (Corpo do Direito
Civil), designação essa que é hoje universalmente adotada”.

• Base do Direito Civil de tradição romano-germânica.


Questões pré-aula
A importância do estudo do direito romano não precisa ser explicada, pois é de conhecimento mesmo do leigo
que o nosso direito e o de todos os povos do Ocidente derivam do direito romano. Portanto, ao estudá-lo, vamos
às origens do nosso próprio direito vigente.

Análise as orações abaixo:

I - A boa-fé era dividida, no direito romano, em fides-sacra, fides-facto e fides-ética.


II - O direito romano torna-se, o caminho que nos garante um ponto de partida seguro, daí ser reconhecido como
um “admirável instrumento de educação jurídica".
III - O direito romano é o complexo de normas vigentes em Roma, desde a sua fundação (lendária, no século VIII
a.C.) até a codificação de Justiniano (século VI d.C.).

Estão corretas:
Escolha uma:
a. As alternativas II e III.
b. Apenas a alternativa I
c. Todas as alternativas.
d. As alternativas I e III.
e. Nenhuma das alternativas.
Questões pré-aula

Acerca do direito romano, análise as seguintes orações:

I - A sanção pode ser de dois tipos: de nulidade ou de penalidade.


II - Para os juristas romanos da época clássica, o ius gentium era um direito universal, baseado na razão natural
III - O direito romano, no sentido objetivo, pode ser classificado do ponto de vista histórico e sistemático.

Estão incorretas:

Escolha uma:
a. Nenhuma das alternativas, todas estão corretas.
b. Apenas a alternativa III.
c. As alternativas II e III.
d. Todas as alternativas.
e. As alternativas I e III.
Questões pré-aula
Acerca da utilização do instituto da Boa-Fé no Direito Romano analise as orações:

I - A bona fides rompeu com a dinâmica formalista do direito romana, atendendo à dinamicidade que as
relações comerciais necessitavam.
II - Segundo Cícero, “O fundamento da justiça é a boa-fé, ou seja, a fidelidade e a sinceridade das
palavras e acordos”.
III - A bonas fides não deve ser visualizada como uma expressão “para além do direito”, que geralmente
indica situações que não seriam discutidas pela ciência jurídica, porque inicialmente não fariam parte do
todo jurídico, mas tendo em vista a existência de algumas situações fáticas que passaram a ser discutidas
pelas ciências jurídicas.

Assinale a alternativa correta:


Escolha uma:
a. As alternativas II e III.
b. Apenas a alternativa I.
c. Nenhuma das alternativas.
d. Todas as alternativas.
e. As alternativas I e II.
Atividade proposta
• O Código Civil brasileiro em seu Art. 2, indica que a personalidade civil tem início com o
nascimento, mas ao mesmo tempo põe em proteção os direitos do nascituro. A doutrina
divide-se em três teorias que aprofundaremos quando estudarmos Direito Civil – Das
Pessoas e Bens, quais sejam: a) Teoria Natalista; B) Teoria da Personalidade Condicional;
e, c) Teoria Concepcionista.
• O Direito Romano também desenvolveu no tema e considerava o nascituro como “pessoa
nascida” para garantir-lhe direitos (Digesto Justiniano 1.5.7).

• Imaginemos a seguinte situação: um pai de uma criança que está para nascer morrer
drasticamente em um acidente de trânsito. Decerto este fato impactará diretamente na vida
desse nascituro, que ao nascer se verá na condição de órfão. Assiste a este nascituro
algum direito? Será que a criança, ao nascer, ou ainda, durante a vida intrauterina teria
direto a alguma indenização? Poderia ser contemplado com o prêmio do seguro DPVAT?
Qual a herança que o Direito brasileiro recebeu do Direito Romano?
DIREITO FEUDAL
E CANÔNICO
IDADE MÉDIA https://super.abril.com.br/historia/grandes-
invencoes-da-idade-media/

• Convencionou-se designar de “Idade Média” o período


compreendido pelo declínio do Império Romano do
Ocidente (476) e a queda de Constantinopla (1453).
(ALVES, 2015).

• Além dessa classificação de praxe, pode-se estabelecer outra,


que se divide em “Alta Idade Média” (séculos V a X) e
“Baixa Idade Média” (séculos XI a XV). (ALVES, 2015).

• A “Idade das Trevas, como é chamada, se estende de 600 a


1000 d.C., aproximadamente. [...] (Bertrand Russel, 2001.)
FEUDALISMO
• A palavra “feudo” deriva do latim feodum e está etimologicamente associada à ideia de propriedade.
(ALVES, 2015).

• PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

a) Descentralização política: cada feudo com o


seu próprio senhor feudal;

b) Agricultura de subsistência;

c) Sociedade estamental: sociedade altamente


hierarquizada com base no princípio da
consanguinidade;

d) Teocentrismo: hegemonia cultural da Igreja


Católica. Visão na qual “Deus estava no centro
do universo, acima de todos e de tudo”.
FEUDALISMO E O DIREITO FEUDAL
• A essência do regime feudal constitui-se na firme relação
estabelecida entre um senhor pertencente à nobreza e um
servo [...]. O servo recebia do suserano o beneficium , ou
seja, a posse do feudo para fins específicos, por exemplo, o
de cultivar o solo de onde retirará a produção necessária para
cumprir todas aquelas obrigações inerentes à sua condição.
(ALVES, 2015).

• O vassalo também se comprometia com a segurança do


feudo e de sua população, ficando à disposição do seu
senhor para fins militares. Ora, estando o servo sob os
auspícios e proteção direta de um nobre, incumbia-lhe o
dever de defender este último das eventuais ameaças que o
afligissem (auxilium). (ALVES, 2015).

• Todavia, [...] o feudalismo não alcançou harmônica


institucionalização em todos os recantos da Europa. Alguns
reinos nem sequer chegaram a conhecer tal forma de
organização social. (ALVES, 2015).
O DIREITO FEUDAL
• Cada feudo possuía suas próprias regras de convivência.
Elas eram direcionadas pelos costumes do nobre, determinadas
por sua ascendência germânica, celta ou latina.

• Essas leis não eram necessariamente escritas, apesar do fato


de José Reinaldo Lima Lopes citar, oportunamente, importantes
compilações do período, tais como os Usos e costumes de
Barcelona, a Carta de Pisa (1142) e o Libri Feodorum de Milão
(1095-1130).

• [...] As mais importantes fontes para o conhecimento dos direitos


no feudalismo eram os famosos “contratos de homenagem”.
[...]. O juramento firmado é quase sempre acompanhado do
testemunho e da bênção de um sacerdote amigo do nobre.
Destarte, na solenidade em questão, o vassalo se colocava de
joelhos diante do suserano e lhe jurava fidelidade
eterna...(ALVES, 2015).
DIREITO FEUDAL E O JULGAMENTO
• A aplicação da justiça era realizada ordinariamente pelos senhores, baseando-se especialmente
em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda, algumas legislações romano-
germânicas, as capitulares, o direito canônico.
O DIREITO CANÔNICO

• O direito canônico é o direito da Igreja crista, remontando


as origens do Cristianismo. É, porém, com a liberdade de
culto outorgada por Constantino em 313 que o Papa e os
bispos passam a gozar do poder de julgar os adeptos do
Cristianismo, quando, voluntariamente, se submetessem a
autoridade religiosa, assim como dos julgamentos sobre
questões meramente religiosas, que, no século V, passam a
ser, estes últimos, de competência privativa da Igreja.
• Com a descentralização do poder politico na Idade Media,
fruto da queda do Império Romano, a Igreja permanece
como única estrutura politico-administrativa organizada
capaz de preservar a memoria politica e jurídica do Império do
Ocidente.
• Aos poucos, a Igreja passa a ter poder de interferir
progressivamente na condução da sociedade.
O DIREITO CANÔNICO
• O Edito de Milão de Constantino, também conhecido como “Pax Constaniana”, pode ser reconhecido
como um documento importantíssimo à época no reconhecimento da liberdade de religião nas
fronteiras do Império. (MERGULHÃO, 2018).

❖Observe um trecho deste documento:

“Decretamos, portanto, que, não obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os
que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-la sem estorvo ou empecilho, e que
ninguém absolutamente os impeça ou moleste [...]. Observai, outrossim, que também todos os demais
terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura
estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua
consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus
adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de
seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos os que compraram esses locais os
restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... as igrejas recebidas como donativo e
os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém,
podiam requerer compensação.]....”
O DIREITO CANÔNICO
❖ As fontes desse direito estão dispostas nos:

• Decretos dos concílios (reuniões de bispos ou de bispos e


nobres);
• Nas constituições ou estatutos aprovados nos sínodos
(assembleias eclesiásticas) regionais;
• Nos decretos e constituições pontifícias.

Estas ultimas, no decorrer do processo de concentração do


poder no papado, fruto de uma analogia entre o papa e o
imperador, passam a ser mais numerosas e a gozar de maior
importância. Diante da quantidade da produção normativa das
autoridades religiosas, tornou-se imperioso uma organização dos
textos canônicos, realizada no reino visigótico, sem a orientação
central da Igreja.
O DIREITO CANÔNICO
• É com Graciano, monge e professor de teologia em Bolonha, que no século XII
realiza-se o Decretum Gratiani (Decreto de Graciano), compilação dos textos
canônicos que reúne em torno de 4.000 textos de relevância para o direito,
organizados e, alguns, brevemente comentados.

▪ Ao Decreto de Graciano sucederam-se as Decretales extra Decretum Gratiani


(Decretais que excedem o Decreto de Graciano), elaboradas por Raimundo
Penhaforte, compostas de cinco livros:

▪ O Liber Sextum, criado por Bonifácio VIII, Em 1298;

• As Clementinas de Clemente V (1314);

• As Extravagantes de Joao XXII (1324);

• E já ao final do século XV as Extravagantes comuns.

O conjunto dos textos canônicos denomina-se Corpus Iuris Canonici.


O DIREITO CANÔNICO E DIREITO SECULAR

• O direito canônico, em relação ao direito romano, teve


menor importância para o direito comum, apesar de sua
pretensa superioridade em relação ao direito secular, segundo
as teorias eclesiásticas.

• O desequilíbrio entre o direito canônico e os seculares


perdurou por toda a Idade Media, refletindo a instabilidade na
disputa de poder entre a Igreja e os poderes seculares.

• A partir do século XIII desenvolve-se, então, a concepção de


que a superioridade do direito canônico prevalecia em
matérias eminentemente religiosas, mas quando houvesse
conflito entre ambas as tradições jurídicas caberia ao
ordenamento da Igreja a solução.
O DIREITO CANÔNICO E A BOA-FÉ
• O desenvolvimento do princípio da boa-fé também foi acolhido
pelo Direito Canônico:

• A Boa-Fé em seu período canônico foi impregnada das ideias de


humanidade, piedade, caridade e bondade.

• “A caridade se mescla à Boa-Fé quando esse princípio é clamado


como justificativa para que o credor restrinja a sua pretensão à
prestação” (ALVES, 2015).

❖Relação com a presença e ausência de pecado:

• “A contribuição dos canonistas foi a eticização da Boa-Fé subjetiva,


tendo-a como existente quando houvesse ausência de pecado
(absentia peccati), o que implicava para a ocorrência da má-fé que
não bastava a scientia rei alienae, mas havia a necessidade ainda
da ‘consciência, que molesta, da coisa alheia’ (conscientia remordens
rei alieni)”. (COSTA, 2015).
A FILOSOFIA DO DIREITO CANÔNICO
❖Santo Agostinho:

“Agostinho (354-430 d.C.) nasceu no norte da África, onde


atualmente se situa a Argélia. De origem pobre, cresceu sob
a cultura romana, [...] Nessa ocasião, tomou contato com a
obra de Cícero e, logo em seguida, de Platão e dos
neoplatônicos. A marca do platonismo é muito forte no
pensamento agostiniano.

Converte-se ao cristianismo aos 28 anos de idade. A partir de


então, Agostinho se dedicará à defesa da teologia cristã e
à construção de um diálogo com a filosofia. Torna-se
bispo de Hipona e divide suas tarefas entre aquelas próprias
do ofício religioso e as intelectuais.” (MASCARO, 2016).
A FILOSOFIA DO DIREITO CANÔNICO

❖Santo Agostinho:

▪ A Justiça (neoplatônica) e o Direito Natural Divino:

“Na sua principal obra, A cidade de Deus, Agostinho estabelece uma


distinção entre a cidade humana, eivada dos vícios, instabilidades
e injustiças próprios dos homens, que são pecadores a partir do
pecado original de Adão e Eva, e a cidade de Deus, que se
estabelece na vida pós-morte, junto aos santos e salvos, e cujos
laivos chegam à Terra por intermédio daqueles que Deus ungiu. Por
conta dessa distinção, na Terra, sua ordem, seus arranjos sociais,
sua lei e seus julgamentos são injustos, na medida da falibilidade e
do pecado dos homens. Em Deus reside a justiça. A chave para o
justo passa a ser, então, a fé, a justiça não dos atos, mas do
íntimo do crente.” (MASCARO, 2016)
A FILOSOFIA DO DIREITO CANÔNICO
❖Santo Agostinho:

• Nas Confissões, no seu Livro III, são célebres as explicações de Agostinho a respeito dessa nova
justiça, distinta da clássica, pois pautada pela fé:

“Ignorava a verdadeira justiça interior que não julga pelo costume mas pela lei retíssima de Deus
Onipotente. Segundo ela formam-se os costumes das nações e dos tempos, consoante as nações e os
tempos, permanecendo ela sempre a mesma em toda a parte, sem se distinguir na essência ou
nas modalidades, em qualquer lugar. À face desta lei foram justos Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Davi
e todos os que Deus louvou por sua própria boca. (AGOSTINHO apud MASCARO, 2016).

“Porventura a justiça é desigual e mutável? Não. Os tempos a que ela preside é que não correm a par,
pois são tempos. [...] Não reparava que a justiça, a que os homens retos e santos se sujeitaram,
formava nos seus preceitos um todo muito mais belo e sublime. Não varia na sua parte essencial, nem
distribui e determina, para as diversas épocas, tudo simultaneamente, mas o que é próprio de cada uma
delas.” (AGOSTINHO apud MASCARO, 2016).
A FILOSOFIA DO DIREITO CANÔNICO
❖São Tomás de Aquino:

Tomás de Aquino, nasceu na Sicília, em 1225. Seus


estudos iniciais ficaram por conta de monges beneditinos,
tendo ingressado como seminarista na Ordem dos
Dominicanos, em 1244. [...]. Em seguida, passou um tempo
em Colônia, na Alemanha, entre 1248 e 1252, voltando em
seguida a Paris, onde retomou sua pesquisa acadêmica,
visando a alcançar o título.

"Suma Teológica (talvez a sua obra magna, que não foi


concluída, mas representa uma brilhante parte da Teologia
Cristã Escolástica). Aquino também foi um dos
responsáveis pela reintrodução da filosofia aristotélica
no mundo europeu, que durante anos ficou esquecida por
conta da proibição católica aos escritos do filósofo grego
pagão. (PORFÍRIO, 2022)
A FILOSOFIA DO DIREITO CANÔNICO
❖São Tomás de Aquino:

➢ O trabalho de São Tomás de Aquino alia, à exegese atenta das obras de Aristóteles, uma ligação
direta à teologia ortodoxa.

➢ Método: Tomás é um expoente da escolástica. Tal escola de filosofia e teologia, no mundo medieval,
representou um método particular de leitura, compreensão e exposição dos textos sagrados e das
obras que gozavam de reputação e autoridade. Tomás de Aquino se vale dessa grande tradição
passada como meio de argumentação.

➢ Fé aliada à razão: se para Santo Agostinho a fé era o único caminho para ação justa, São Tomás de
Aquino já retoma a importância de agir conforme a razão. Além do mais, a ideia de pecado original em
São Tomás de Aquino não é vista como fatal, mas como uma doença sanável.
A FILOSOFIA DO DIREITO CANÔNICO
❖São Tomás de Aquino e as Leis:
Lei Eterna a razão divina, transcendente, que
governa o mundo
• No quadro da Suma teológica, São Tomás de Aquino
dedica aos assuntos da filosofia do direito duas Lei Divina A regra de Deus anunciada
grandes partes: o tratado das leis (I Seção da II aos homens por meio da revelação
Parte, Questões 90 a 108) e o tratado da justiça (II
Seção da II Parte, Questões 57 a 80).
Lei Natural Se comunica com os homens a partir
• Na primeira, dá-se a discussão sobre as específicas da própria existência natural destes.
leis, aqui entendidas não apenas no sentido jurídico, Obra de Deus, mas inteligível ao
mas, essencialmente, moral e teológico – lei eterna, homem.
lei divina, lei natural e lei positiva.
Lei positiva O homem imbuído de fé e razão,
• Na segunda parte, então tratando especificamente
pode elaborar leis racionais, para o
do direito – que é o objeto da justiça –, Tomás de
encontro da paz e da virtude.
Aquino chega à questão do direito natural. Ao tratar
das leis, abrem-se os três grandes painéis: lei
divina, natural e humana.
ESCOLÁSTICA
• A ideia de sistema, surgiu com os escolásticos, que no século XII passam a entender qualquer decisão
ou norma como fazendo parte de um todo denominado sistema jurídico.

• A compreensão do todo possibilita melhor analise da parte, fato que permite identificar as lacunas,
contradições e antinomias que existiam no direito da época, dando impulso a hermenêutica
jurídica.
ESCOLÁSTICA
❖ Principais Escolas:

GLOSADORES COMENTADORES HUMANISTAS

Fidelidade ao Corpus Juris Interpretação do direito como Não compõem uma escola do
Civilis, de forma analítica. um sistema. pensamento jurídico, mas sim
um conjunto de ideias com
influência do humanismo.

Fidelidade às partes, sem Preocupação com os Críticas às demais escolas.


preocupação com o todo. princípios fundantes do Direito
Glosa: comentário no texto Reflexões sobre a justiça.
que segue a ordem dos
dispositivos.
RENASCIMENTO (SÉC. XV-XVI).
❖ “Chama-se renascentista a esse
movimento por conta da inspiração
buscada junto aos clássicos, que,
parecendo terem sido mortos pelos
medievais, renasciam então pelas mãos
dos novos pensadores. Em termos
filosóficos, o Renascimento representou
um deslocamento do eixo dos
fundamentos teóricos, de Deus para o
homem. Por tal razão, costuma-se
denominar tal movimento também por
Humanismo. [...]. O Renascimento
apontará para caminho distinto: o poder
pertence aos homens, ao seu engenho,
astúcia e capacidade”. (MASCARO,
2016).
RENASCIMENTO (SÉC. XV-XVI).
O PLURALISMO JURÍDICO MEDIEVAL E O
RENASCIMENTO
▪ A Baixa Idade Media, assim como a Alta Idade Media, conviveu
com o pluralismo jurídico. Na Alta Idade Media os costumes
dos povos bárbaros, a legislação bárbaro-romana e os
decretos conciliares conviviam sem que houvesse poder
capaz de unificar o direito, ou mesmo intenção de faze-lo.

▪ [...] Alimentada pelo renascimento cultural do século XII, que


resultara, dentre outras obras da Idade Media, na criação das
universidades, igualmente influenciada pela rearticulação do
comercio, pela redescoberta do direito romano, através do
Corpus Iuris Civilis, pela reestruturação urbana, a nova
expressão da cultura jurídica originar-se-á na doutrina
jurídica que a própria Idade Media institui, proporcionando
uma crescente unificação do direito europeu.... (MACIEL,
2019)
RENASCIMENTO CULTURAL
▪ “[...] Assim, os elementos fundamentais de unidade do direito
europeu foram lançados e semeados durante a Baixa Idade Media
para serem substituídos gradualmente pelas concepções jurídicas
que se inaugurarão no século XVI.

▪ O jus commune (direito comum) surgiu, então, não de conteúdos


normativos idênticos em toda a Europa, mas de características
comuns dos usos do direito no período baixo medieval e nos
três séculos subsequentes do período moderno.” (MACIEL,
2019).
No que diz respeito ao Direito Canônico analise as alternativas abaixo:

I - Assim como o Direito Romano, enquanto construção histórica o Direito Canônico está enraizado no sistema
jurídico contemporâneo. De perseguidos pelo Império Romano desde os seus primórdios, passando pelo
espraiamento de sua doutrina em Roma e nas demais cidades que pertenciam ao Império Romano, e mais à
frente com a adesão à doutrina cristã por Helena, mãe do imperador Constantino (311 d.C.), que proibiu a
perseguição aos cristãos, culmina no Governo de Teodósio, que em 385 d.C. elevou o cristianismo à religião
oficial do Império.
II - A boa-fé em seu período canônico impregnou-se das ideias de humanidade, piedade, caridade e bondade.
Um dos elementos probantes dessas concepções é a celebre frase de São Cipriano: “aequitas est iustitia
dulcore misericordia temperata”.
III - Direito Canônico, trouxe como mote principal a ideia de pecado, sendo a boa-fé a ausência de pecado, e a
má-fé a existência do pecado.

Qual a alternativa correta:


Escolha uma:
a. As alternativas I e II.
b. Todas as alternativas.
c. Apenas a alternativa II.
d. As alternativas II e III.
e. Nenhuma das alternativas.
Tomando como referência o Direito Canônico, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou
(F) Falsas.
( ) A Igreja Católica é tida como herdeira da cultura romana.
( ) As fontes do Direito Canônico provinham dos decretos dos concílios, nas constituições ou
estatutos aprovados nos sínodos regionais, nos decretos e constituições pontifícias.
( ) Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino com suas obras A Cidade de Deus e Suma
Teológica, respectivamente foram dois dos grandes expoentes da época.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
Escolha uma:
a. F - V - V
b. F - F - F
c. V - F - F
d. V - V - V
e. V - F - V
Acerca do Direito Canônico, análise as questões abaixo:

I - "Decreto", organizado por Graciano constitui verdadeiro marco histórico para o Direito ocidental,
pois procura condensar um milênio de tradições religiosas marcado por uma rica e vasta produção
jurídico-normativa.
II - O Direito canônico possui diversas ramificações como o Direito matrimonial, o Direito
processual, o Direito patrimonial,
III - O direito canônico não influenciou na construção do ordenamento jurídico moderno.

Estão corretas:

Escolha uma:
a. As alternativas I e II
b. Apenas a alternativa II.
c. Nenhuma das Alternativias.
d. Todas as Alternativas.
e. Apenas a alternativa III.
Tomando como referência a Boa-Fé na construção do Direito Romano, julgue as afirmativas a
seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas.
( ) Fides-sacra estaria relacionada ao culto da deusa Fides, considerada protetora da fé e da
palavra.
( ) Fides-facto buscou um afastamento das inserções ideológicas provindas da religiosidade.
( ) Fides-ética estaria relacionado a condição moral da pessoa.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
Escolha uma:
a. F - V - F
b. V - F - F
c. V - F - V
d. F - F - F
e. V - V - V
Tomando como referência o Direito Canônico, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou
( ) Falsas.
( ) A Igreja Católica é tida como herdeira da cultura romana.
( ) As fontes do Direito Canônico provinham dos decretos dos concílios, nas constituições ou
estatutos aprovados nos sínodos regionais, nos decretos e constituições pontifícias.
( ) Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino com suas obras A Cidade de Deus e Suma
Teológica, respectivamente foram dois dos grandes expoentes da época.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
Escolha uma:
a. F - V - V
b. F - F - F
c. V - F - F
d. V - V - V
e. V - F - V
Código Eclesiástico e Matrimônio
• Cân. 1055 — § 1. O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si o
consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à
procriação e educação da prole, entre os baptizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade
de sacramento.
• Cân. 1141 — O matrimónio rato e consumado não pode ser dissolvido por
nenhum poder humano nem por nenhuma causa além da morte.
• Cân. 1142 — O matrimónio não consumado entre baptizados ou entre uma parte
baptizada e outra não baptizada pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa
causa, a pedido de ambas as partes ou só de uma, mesmo contra a vontade da outra.
• (...)
ATIVIDADE: MÉTODO ESCOLÁSTICO.

• Leia do art. 5º, caput, inc. I da CFRB:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei,


sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em


direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição.
FORMAÇÃO DOS
ESTADOS NACIONAIS
O Absolutismo (séc. XVI-XIX)
❖ Luis XVI: “O Estado sou Eu”.
• Crescimento comercial e da burguesia. Sociedade estamental.
• Necessidade de unificação monetária.

Derivado Executivo
do Poder
Divino

Rei Legislativo

Judicial
O Absolutismo (séc. XVI-XIX)

REI FORMAÇÃO DOS


ESTADOS NACIONAIS

Determinação e Garantir a segurança FOCO NA


Criação de Impostos
imposição de leis. do reino (comando
MOEDA UNÍCA IDIOMA ÚNICO ATIVIDADE
Definição da Justiça do exército)
MERCANTIL
O Absolutismo (séc. XVI-XIX)
❑ Classes beneficiadas pelo monarca:

Nobreza Burguesia

Isenção de Favorecimento
impostos do comércio

Altos cargos Moeda única

Postos de Direito de
comando nas explorar as
forças armadas colônias.
Principais teóricos do Absolutismo.

❖ Jean Bodin (1530-1596) foi um filósofo, teórico político e jurista francês,


que se destacou na filosofia moderna.

❖ Ele idealizou o sistema absolutista e estimulou o desenvolvimento do


conceito moderno de soberania (força de coesão social) em sua obra
“A República”, na qual defende o conceito de um soberano perpétuo
e absoluto inserido no sistema da Monarquia.

❖ [...] Esse soberano (rei ou príncipe) representaria a imagem de Deus.


Em resumo, na teoria que ficou conhecida como o “Direito Divino dos
Reis”, Jean Bodin acreditava que a soberania absoluta deveria se
concentrar numa só figura.

❖ Na mesma linha de pensamento estava Jacques Bossuet (1627-1704),


[...]. Da mesma forma que Bodin, para Bousset, os reis eram
considerados os enviados para exercer o poder de Deus na Terra.
Principais teóricos do Absolutismo.
❖ Nicolau Maquiavel (1469-1527):

“Nascido em Florença, ao tempo do apogeu comercial das cidades


italianas, ocupou cargos públicos e se dedicou às reflexões sobre a
política. Seu livro O príncipe, dedicado a Lourenço de Médici, é
composto de conselhos aos governantes.

Rompendo com a visão tradicional medieval de que o poder e o


governo eram dádivas divinas, Maquiavel insiste na ação do
político como fonte diretriz do governo. Para Maquiavel, é
verdade que o destino – fortuna – influencia a vida social, mas isso
não nega o espaço da ação política. Não é um desígnio divino, mas
sim a virtù do agente político – suas qualidades, capacidades e
empreendimentos – que determina o encaminhamento da
sociedade.” (MASCARO, 2016).
Principais teóricos do Absolutismo

❖ Thomas Hobbes (1588-1679) possui como principal


destaque, entre seus escritos, a obra intitulada Leviatã, ou
Matéria, forma e poder de uma comunidade eclesiástica e
civil, que foi publicada em 1651. Outras referências
importantes são o De cive e o Elementos de direito natural e
político. Hobbes é reconhecido, entre os pensadores do
jusnaturalismo racional, como o teórico do poder
soberano[...]. (BITTAR, 2018).

❖ A metáfora do Leviatã indica que o Estado deve deter de


poder central, através do regime monárquico, para proteger
as criaturas menores e mais frágeis da maldade humana.

❖ O homem, no estado de natureza, “é o lobo do homem”.


Inglaterra: normas limitadoras do Poder do
Estado.

• Na Inglaterra, o regime político consolidado parlamentarismo monárquico:

➢ A Magna Carta (1215);

➢ Petição de Direitos (1628);

➢ Habeas Corpus Act (1679);

➢ Bill of rights (1689).


ILUMINISMO (séc. XVIII - )

• “O Iluminismo é composto por pensadores que,


muitas vezes, debatiam entre si sobre pontos
fundamentais, mas apresenta como identidade a
busca de se fundar na razão. Seu inimigo, o
Absolutismo, extraía o poder do soberano de Deus,
portanto, de um procedimento formal teológico. O
Iluminismo, creditando tal visão às trevas da fé,
insistirá nas luzes da razão, e daí a origem de
seu nome”. (MASCARO, 2016).
• A razão, para os iluministas, não era apenas uma
possibilidade de interpretação do mundo, com tanta
dignidade quanto a fé. Pelo contrário, sendo
universal e imutável, a razão se sobrepunha a
todas as idiossincrasias das crenças e dos
costumes. [...] A razão é uma e idêntica para todo
o indivíduo pensante, para toda a nação, toda a
época, toda a cultura. (MASCARO, 2016).
ILUMINISMO (séc. XVIII - )
O Iluminismo e o conhecimento
❖Racionalismo:

• A capacidade de conhecer racionalmente a verdade é


tida como inata e universal.

Método dedutivo e teórico.

Principal representante: René Descarte (1596-1650);

Filosofia do Direito: civil law (tradição romano-


germânica).
O Iluminismo e o conhecimento
❖Empirismo:

• Pautado na percepção e na experiência;

• O método é obtido pela experiência: indutivo e


tentativa e erro.

Representantes: David Hume (1711-1776); John Locke


(1632-1704).
Isaac Newton (1642-1726): Lei da Inércia, Lei da
Superposição de Forças e Lei da Ação e Reação.

Filosofia do Direito: common law (tradição anglo-


saxônica).
Surgimento dos Direitos Fundamentais de Primeira Geração (
Primeira Dimensão).
Liberalismo Econômico.
A Filosofia do Direito e as Teorias
contratualistas

• Teorias que pretendem justificar a


legitimidade do Estado de Direito para
ordenação da vida em comum, através de
um pacto (contrato) feito entre indivíduos.

• Suposta saída de um “estado de natureza”


(estado primitivo) para o Estado de Direito.

• Três principais filósofos: Thomas Hobbes;


John Locke; Jean Jacques Rousseau.
O Contratualismo de Thomas Hobbes
❖ Thomas Hobbes (1588-1679) possui como principal destaque,
entre seus escritos, a obra intitulada Leviatã, ou Matéria, forma e ❖ Thomas Hobbes (1588-1679)
poder de uma comunidade eclesiástica e civil, que foi publicada em
1651. Outras referências importantes são o De cive e o Elementos
de direito natural e político. Hobbes é reconhecido, entre os
pensadores do jusnaturalismo racional, como o teórico do
poder soberano[...]. (BITTAR, 2018).

❖ O Estado de Natureza em Hobbes é tido como um espaço de


liberdade irrestrita, sem controle racional. O Homem é tido como
egoísta e vive em estado de guerra permanente de todos
contra todos.

❖ Como a vida solitária gera preocupações, fragilidades e medo,


porque não é possível sempre se defender sozinho de todos,
então, por causa desse medo, os homens se associam, para que
seja mais difícil a sua destruição por outrem. (MASCARO, 2016).
“Com isso se torna manifesto que, durante o tempo em que os homens vivem sem poder
comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a
que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens.
Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo
durante o qual a vontade de travar Batalha é suficientemente conhecida. Portanto tudo aquilo que
é válido para um tempo de guerra, e que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é
válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que
lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção. Numa tal situação não há
lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente não há cultivo da terra, nem
navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não há construções
confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força;
não há conhecimento da face da terra, nem cômputo do tempo, nem letras; não há sociedade; e
o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do
homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta” (Hobbes, O leviatã, 1999, p. 109).”
O Contratualismo de Thomas Hobbes

❖ O homem possui um direito natural a autopreservação (MASCARO,


2016);

❖ Contrato social: pacto de abdicação de parte das liberdades para


a vida civil pacífica.

❖ A Ditadura de um é preferível do que a ditadura de todos contra


todos. Leviatã como o Estado forte capaz de assegurar a ordem.
O Contratualismo de John Locke
❖ John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês, um dos
principais representante do empirismo e do
liberalismo. A sua obra mais famosa é o Ensaio sobre
o entendimento humano (Essay concerning human
understanding, 1690). É uma obra dedicada à pesquisa
das fontes de nossas ideias e pensamento, na qual
Locke faz uma crítica severa ao inatismo.

➢ O Estado de Natureza em Locke é um estado de


relativa paz. Os homens não necessariamente nem
bons nem maus. Há liberdade e igualdade.

➢ Mas há desordem. Necessidade de impor limites para


garantir a segurança e os direitos naturais dos homens.
O Contratualismo de John Locke
• “O maior inconveniente do estado de natureza é a falta de um juiz imparcial para julgar as
controvérsias que nascem – e não podem deixar de nascer – entre os indivíduos que participam de
uma sociedade”. (NORBERTO BOBBIO, 1997, p. 145)

• São direitos de todos os seres humanos para Locke: a vida, a liberdade, a igualdade e a
propriedade privada.

• “O fim maior e principal para os homens unirem-se em sociedades políticas e submeterem-se a um


governo é, portanto, a conservação de sua propriedade”.

• “Assim sendo, a passagem do estado de natureza para a sociedade civil em Locke não representa
uma transformação da liberdade em submissão, como o era no pensamento de Hobbes. Não há um
salto qualitativo na forma de organização dos homens: o contrato social em Locke mantém a
liberdade natural, apenas a sustenta em outro grau, agora político e não mais individual.”.
(MASCARO, 2016).
O Contratualismo de John Locke

❖ Direito de Resistência contra o Estado:

"Aquele que exceda com sua autoridade o poder que lhe foi dado pela lei e faça uso da força que
possui sob seu comando para fazer, com respeito aos súditos, o que a lei não permite, deixa, por
isso, de ser magistrado e, como delibera sem autoridade, justifica a oposição que se lhe faça,
assim como nos opomos a qualquer pessoa que viole com a força o direito alheio”. (LOCKE
apud BITTAR, 2018).

A sociedade é, então, apenas o artifício para manterem-se os direitos naturais, e não pode corrompê-
los, desvirtuá-los ou suprimi-los. (BITTAR, 2018).
O contratualismo de Jean Jacques Rousseau
❖ Jacques Rousseau (1712-1778), o filósofo de Genebra, cujo
pensamento é gestado como fruto da própria efervescência de
seu tempo. A desmistificação e o racionalismo são
claramente preocupações do filósofo do século XVIII....
(BITTAR, 2018).

❖ “[...] foi também Os mais importantes revolucionários franceses,


como Robespierre, estimavam-no e fizeram de suas ideias lemas
para as fases avançadas da Revoluçãoobjeto de grande polêmica
e admiração.. Ao mesmo tempo, a burguesia, a igreja e o
pensamento conservador o têm como um dos seus grandes
incômodos.

➢ Principais obras: Discurso sobre a origem e os fundamentos da


desigualdade entre os homens (1753) e O contrato social (1762).

❖ Viés romântico e bucólico, sob o postulado do bom-selvagem.


O contratualismo de Jean Jacques Rousseau
❖ A constatação de Rousseau de que o homem, ganhando em inteligência e em sociabilidade,
não necessariamente melhora – a civilização, pelo contrário, dissimula e torna o homem
egoísta, leva-o a pensar nas causas da vida em civilização e do seu perecimento. Não busca
a volta a um idílico estado natural. Antes, seu projeto é o de entender a natureza humana para
saber se ainda há solução para consertar a própria civilização, dado o grau de degeneração a
que ela e os homens chegaram. (MASCARO, 2016).

❖ O estado de natureza em Rousseau: O homem em natureza não se vale dos engenhos, não
necessitando de ferramentas ou técnicas, nem da palavra, nem da residência, nem da guerra,
nem do vínculo com os seus semelhantes. Trata-se de uma diferença substancial em relação à
vida em sociedade, porque não apresenta vícios nem necessidades artificiais criadas em
civilização.

“O que dá origem ao estado de desigualdade entre os homens, se, de início, a calma das
paixões e o uso dos recursos da natureza são-lhes suficientes? É justamente o surgimento da
propriedade privada que marca a destruição da condição de felicidade natural, passando a impor
aos homens os sofrimentos sociai”.
O contratualismo de Jean Jacques Rousseau
• O contrato social é então uma forma de: “associação que defenda e proteja com toda a força
comum a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só
obedeça, contudo, a si mesmo e permaneça tão livre quanto antes.”

• “O contrato social permitirá que todos os homens constituam um corpo no qual sua força individual
passa a ser a força dessa coletividade. Ao mesmo tempo, ainda que fundada uma coletividade, a
liberdade individual está mantida, porque sua vontade está dentro desse todo, e ninguém há de
arrogar um poder extraído desse todo em favor do seu interesse pessoal. Assim sendo, somente o
bem comum é a diretriz da coletividade que se institui, e ela é o bem do indivíduo que se associou”.

• O contrato social é expressão de uma atuação democrática e participativa, ou seja, é expressão


da vontade geral dos cidadãos. Exceção: estados médios (aristocracia) e grandes
(monarquia).

• A Vontade geral é uma vontade soberana orientada para o bem comum, [...] . Via de regra, há
muita diferença entre a vontade de todos e a vontade geral; esta se refere somente ao
interesse comum, enquanto a outra diz respeito ao interesse privado, nada mais sendo que
uma soma das vontades particulares.
O contratualismo de Jean Jacques Rousseau
❖A vontade geral é fixada em conjunto pelos membros do Estado, por meio de leis. Rousseau
aponta para o caráter de universalidade necessário às leis, a fim de que se orientem em busca da
vontade geral. Devem ser as leis impessoais, gerais e universais. Ao mesmo tempo, não bastam
seus atributos meramente formais. É necessário que as leis, para serem instrumentos diretivos da
vontade geral, atentem para determinados objetivos. Rousseau exprime tais objetivos na fórmula
da busca da liberdade e da igualdade. (MASCARO, 2016).

• A respeito da igualdade: não se deve entender por essa palavra que os graus de poder e riqueza
sejam absolutamente os mesmos, mas sim que, quanto ao poder, ela esteja acima de qualquer
violência e nunca se exerça senão em virtude da classe e das leis, e, quanto à riqueza, que
nenhum cidadão seja assaz pobre para ser obrigado a vender-se.

• A respeito da liberdade: não é considerado livre aquele que porventura não seguisse lei nenhuma
e que, portanto, seguiria só seus próprios instintos. Para ele, mesmo com o contrato social, não
cessa a liberdade individual, apenas ela é transformada de grau. Livre, na verdade, é aquele que
segue a lei por ele mesmo determinada.
SEPARAÇÃO DOS PODERES

Aristóteles: “ser cidadão é ter poder legislativo, executivo e


judiciário”.

John Locke: Poder Legislativo, Poder Executivo (administração


interna) e Poder Federativo (administração externa).
Supremacia do Parlamento e proteção aos direitos inalienáveis.

Montesquieu (1689): tipos de governos: republicano;


monárquico e o despótico.
A Separação dos Poderes em Montesquieu:
• Para Montesquieu, o Estado é subdividido em três poderes: o Poder Legislativo; o Poder
Executivo das coisas, que se traduz no poder Executivo propriamente dito; e o Poder Executivo
dependente do direito civil, que é o poder de julgar.

• Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem ter suas atribuições divididas, para
que cada poder limite e impeça o abuso uns dos outros. São independentes e harmônicos:
Tomando como referência a formação dos estados nacionais, julgue as afirmativas a seguir em (V)
Verdadeiras ou (F) Falsas.

( ) A formação do Direito Moderno é marcado pelo surgimento dos Estados Nacionais absolutistas.

( ) A secularização das relações impôs a defesa do Estado laico.

( ) Houve o reconhecimento dos direitos civis e das liberdades individuais.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

Escolha uma:

a. V – F – F.
b. V – V – F.
c. V – V – V.
d. V – F – V.
e. F – V – F.
Tomando como referência a obra O Espírito das Leis, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F)
Falsas.

( ) Montesquieu inventou a separação de poderes, bem como sua expressão.

( ) Pode-se afirmar que Locke, autor de Tratados sobre o Governo Civil serviu de inspiração a Montesquieu.

( ) A teoria da Separação dos Poderes foi uma resposta à teoria pura da soberania de Bodin e de Hobbes.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

Escolha uma:

a. F - F - F
b. F – V – V
c. V – V – V
d. V – V – F
e. F – V – F
Tomando como referência a obra de Rousseau, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas.

( ) A teoria contratualista defende que a sociedade decorre de um pacto (um contrato social).

( ) Na teoria contratualista o homem é livre e, por opção, escolhe viver em sociedade

( ) Rousseau utiliza-se do mesmo esquema teórico de Hobbes e Locke, para a formulação da sua tese do contrato
social.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.


Escolha uma:
a. V - V - V
b. F - F - F
c. F - V - F
d. V - F - F
e. V - V - F
DIREITO
MODERNO
A INGLATERRA E O COMMON LAW
❖Efervescência do pensamento liberal:

▪ Publicação da obra “A Riqueza das Nações”


de 1776 de Adam Smith.

▪ Fundadores da Escola Liberal: Adam


Smith, David Ricardo, Tomas Malthus, Jean
Baptiste Say.

▪ Surgimento dos “direitos


fundamentais de primeira geração” e
a consequente limitação dos poderes
do Estado.
COMMON LAW NA INGLATERRA
• O Direito inglês não foi influenciado pela retomada do Direito Romano na Europa Continental no
período do Renascimento e nem pelas codificações que surgiram a partir do séc. XIX.

• Houve uma continuidade do direito comum inglês, que permitiu que os julgadores ingleses
pudessem seguir a tradição precedentes. É possível mesmo no séc. XXI invocar precedentes dos
séculos XIII e XIV.

• “O common law e um direito jurisprudencial, elaborado pelos juízes reais e mantido graças a
autoridade reconhecida aos precedentes judiciários. Com exceção do período de sua formação, a lei
não desempenha qualquer papel na evolução desse sistema jurídico.” (MACIEL, 2019).

❖ Força vinculante dos precedentes, segurança jurídica, liberdade e igualdade (isonomia).


O Iluminismo e as Revoluções Liberais
❖ Iluminismo (XVII-XVIII)

➢ Questionamento dos privilégios da nobreza;


➢Promoção dos valores burgueses: ideias de liberdade,
igualdade e fraternidade;
➢Limitação dos Poderes do Estado e ascensão da burguesia
no poder.

❖ Revolução Francesa e Queda da Bastilha (1789);


❖ Independência dos Estados Unidos e Revolução do Chá
(1776);
❖ Inconfidência Mineira (1789);
❖Conjuração Baiana (1797-1798).
O Período das Codificações
❖ Formação dos Estados Nacionais e Construção de um
Sistema Jurídico Unificado:

➢As codificações já existiam no período medieval (Corpus


Juris Civilis e o Corpus Iuris Canonici);
➢Contudo, a consagração dos ideais burgueses, fruto do
Poder Legislativo, marcam os códigos do séc. XVIII na
Europa.
➢Escola da Exegese.
▪ Exemplos: o Código Civil Francês de 1804 e o Código Civil
Alemão 1896. Influenciaram os códigos de vários outros
países (Itália, Espanha, Bélgica, Egito, Argentina, Chile,
México Peru, Venezuela...).
▪ Brasil: Código Criminal do Império Brasileiro (1830) e o
Código Comercial do Império (1850).
O Constitucionalismo
Existência de uma
Amplo Constituição no
Estado

Constitucionalismo Garantia de
Direitos
Fundamentais
Estrito

▪ Contudo, o Constitucionalismo
A limitação do
Moderno tem como expoentes: a Poder Estatal
Inglaterra, a França e os Estados
Unidos.
O Constitucionalismo Inglês
❖ Magna Carta (1215);
Limitação do Poder e rol de direitos mínimos para todos os
seres humanos.
Declaração solene do Rei João Sem-Terra e ratificada por
seis sucessores.
“Lei da terra”.

❖Petition of Rights (1628);


Limitação dos poderes do rei Charles.
Princípio do “no taxation without representation” (nenhuma
taxação poderia ser aumentada sem a decisão do
Parlamento).
Possibilidade de questionamento da legitimidade da prisão
mediante Habeas Corpus.
O Constitucionalismo Inglês
❖ Habeas Corpus Act (1679);
Disciplina Legal para o seu efetivo manuseio pelo cidadão.

❖Bill of Rights (1689);


Limitação dos poderes do Monarca;
Disciplina os Direitos do Parlamento (incluindo a imunidade
parlamentar);
O Parlamento se tornou competente para estabelecer tributos;
Garantia da propriedade privada;
Direito de petição do súditos ao Rei;
Determina como livre as eleições dos membros do Parlamento;
Disciplina o Habeas Corpus;
Estabelece a Separação dos Poderes...
O Constitucionalismo dos Estados Unidos da
América
❖Declaration of Rights (1776)

Primeira declaração moderna de Direitos;


➢Princípio do “no taxation without
representation”.
➢Princípio da legalidade.
➢O princípio do devido processo legal.
➢ O princípio do juiz natural e imparcial.
➢Direitos à vida, à liberdade e à propriedade.
O Constitucionalismo dos Estados Unidos da
América
❖ A Constituição Americana (1787)

A primeira Constituição escrita;

Introduz-se a noção de supremacia da constituição


(dever de observância do Poder Legislativo, Executivo
e Judiciário);

Rigidez (procedimento rígido para a modificação);

Controle Difuso de Constitucionalidade (Judicial


Review);

Sistema Presidencialista.
O Constitucionalismo Francês
➢Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789).

▪ Garantia dos Direitos Fundamentais de Liberdade;


▪ Críticas ao Absolutismo.
O Constitucionalismo Francês

❖ A Constituição Francesa (1791);

▪ Documento essencialmente político, pois a Supremacia era do Parlamento, e


não da Constituição.

➢ Emmanuel Joseph Sieyes e a obra “O que é Terceiro Estado”?


▪ Defende a titularidade (inalienável) do Poder Constituinte para o “Terceiro
Estado” (povo).
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.
Com relação aos motivos indicados na pelos Estados Confederados para a Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América, assinale a alternativa falsa.
Escolha uma:

a. Dissolveu Câmaras de Representantes repetidamente porque se opunham com máscula firmeza às invasões
dos direitos do povo.
b. Tentou tornar o militar independente do poder civil e a ele superior.
c. Manteve Câmaras de Representantes repetidamente porque se opunham a metrópole.
d. Manutenção, em tempo de paz, exércitos permanentes sem o consentimento do parlamento na colônia.
e. Saqueou os nossos mares, devastou as nossas costas, incendiou as nossas cidades e destruiu a vida do nosso
povo.
Palma, R. F. História do Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 2018, pág. 350. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553610259/. Acesso em: 14 Jul 2021.

Acerca da Declaração dos Direitos do Homem todas as alternativas a seguir estão CORRETAS, exceto:
Escolha uma:

a. A lei proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e
ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
b. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as
formas por esta prescritas.
c. A sociedade não tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
d. É livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão
pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos
termos previstos na lei.
e. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do
Homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Tomando como referência a Idade Moderna, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou
(F) Falsas.

( ) Há o surgimento do movimento constitucionalista.

( ) Os Estados Nacionais formado tinha como umas das suas características a secularização.

( ) Houve o reconhecimento dos direitos individuais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

Escolha uma:

a. F - F - F
b. V - F - V
c. V - V - F
d. F - V - F
e. V - V - V
Tomando como referência a Idade Moderna, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F)
Falsas.

( ) A Idade Moderna é definida pelo período compreendido entre 1453 e 1789.

( ) Houve o desenvolvimento de correntes filosóficas racionalistas que catalisaram as capacidades


humanas.

( ) A idade moderna não representou ruptura com o sistema teocrático.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

Escolha uma:
a. F - V - V
b. V - V - V
c. V - V - F
d. F - F - F
e. V - F - F
Tomando como referência ao Absolutismo, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras
ou (F) Falsas.

( ) A monarquia absolutista cuidou de fazer a união da centralização do poder jurídico e


político na mão do monarca.

( ) As monarquias Absolutistas tem por fundamento a teoria do direito divino do monarca


governar.

( ) Nas monarquias absolutistas havia a divisão dos poderes.

Acerca do Absolutismo assinale a alternativa correta:

Escolha uma:
a. F - V - F
b. V - V - F
c. V - V - V
d. F - F - F
e. V - F - V
Tomando como referência o processo de codificação do Brasil, julgue as afirmativas a seguir em (V)
Verdadeiras ou (F) Falsas.

( ) O Código Civil de 1916 foi o primeiro Código brasileiro.

( ) Até o advento do Código Civil de 1916 houve seis tentativas sem êxito de construção de um
Código Civil Brasileiro: Teixeira de Freitas (1859), José de Alencar (1861-1863), Nabuco Araújo
(1872), Felício dos Santos (1881), Visconde de Ouro Preto (1889), e Projeto de Antônio Coelho
Rodrigues (1890).

( ) O Código Comercial do Império de 1850 adotou a sistematização da teoria dos atos dos
comércios.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

Escolha uma:
a. F - V - F
b. F - F - F
c. V - F - F
d. V - F - V
e. V - V - V
NORMA JURÍDICA E O
ORDENAMENTO JURÍDICO
A Norma
A Norma Jurídica
A Norma Jurídica
▪ “Na Ciência Política, estudam-se normas políticas. Na Filosofia, estudam-se normas
éticas e normas lógicas. Na Sociologia, estudam-se normas sociais. Na Antropologia,
estudam-se normas culturais. Nas Ciências Naturais, estudam-se leis naturais e normas
técnicas. Portanto, a norma jurídica é apenas espécie de um gênero: norma. Mais ainda,
a norma jurídica convive dinamicamente com as demais normas sociais e, por vezes,
assume o seu conteúdo, quando a norma religiosa se torna conteúdo da norma jurídica,
quando a norma moral se torna conteúdo da norma jurídica, quando a norma econômica
se torna conteúdo da norma jurídica, quando a norma política se torna conteúdo da
norma jurídica, e assim por diante, considerando as várias esferas normativas
coexistentes.”

▪ As normas jurídicas, então, não são algo dado, mas algo construído de modo complexo
no mundo social, em profunda reciprocidade com outras normas sociais, e pressupõem
relações dialéticas na história entre múltiplos fatores”. (BITTAR, 2019).
A Norma Jurídica
• Como estabelecer que determinada norma (moral, religiosa, cultural,
econômica, etc.) possui relevância jurídica?
Art. 138, 139 e 140 do CP
A Norma Jurídica
• As normas sociais podem:
I. Conviver e coincidir com as normas jurídicas;
II. Podem existir sem que existam normas jurídicas;
III. Podem ser contrárias a estas.

Exemplo:

Art. 186. (CPC) Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer
calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo
da defesa.

Art. 65 (Lei 9.503/1997) CTB - É obrigatório o uso do cinto de segurança para condutor e passageiros
em todas as vias do território nacional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.
A Norma Jurídica
Exemplos de normas jurídicas que pretendem
modificar padrões sociais:

Art. 65 (Lei 9.503/1997) CTB - É obrigatório o


uso do cinto de segurança para condutor e
passageiros em todas as vias do território
nacional, salvo em situações regulamentadas
pelo CONTRAN.
A Norma Jurídica
• Todas normas jurídicas preveem sanções? É uma característica essencial da
norma da previsão de sanção?

Exemplo:

Art. 6º. (CF) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 225. (CF). Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações
A Norma Jurídica
• Características das normas jurídicas:

• Criadas pelo Poder Público, com caráter geral e abstrato.

“As normas jurídicas também preveem hipóteses de acontecimentos que ainda não ocorreram,
com o objetivo de regulamentar comportamentos futuros”... Mas que não deixam de ser
“resultados” de acontecimentos passados.

Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale: Fato, Valor e Norma.

Art. 155 (CP) - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: (HIPÓTESE)

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (CONSEQUÊNCIA)


A Norma Jurídica
❖As normas jurídicas ou sociais estão inseridas em determinado contexto histórico-
cultural, representando os anseios de determinado povo em determinado período
histórico.

Exemplos:

▪ Art. 226 (CF). § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem
e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento;
▪ Art. 1.520 (CC). Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a
idade núbil ( art. 1517 ), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de
gravidez. (REVOGADO);
▪ Art. 1.520 (CF). Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade
núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código . (Redação dada pela Lei nº 13.811, de
2019);
▪ Adultério (art. 240) deixou de ser crime em 2005.
A Norma Jurídica
As fontes das normas:

• A fonte das normas jurídicas é o ordenamento


jurídico, que tem a sua base no texto
constitucional:
Podem estabelecer sanções formais.

• Fonte das normas religiosas é o livro religioso da


respectiva religião;
• Fonte das normas sociais é o próprio costume
constituído através do convívio.

Podem estabelecer sanções informais.


A Norma Jurídica
Diferenças entre as normas morais e as normas jurídicas:

Normas Unilateralidade
morais Incoercibilidade
(sociais) Possibilidade de sanção difusa.

Normas Bilateralidade atributiva (reciprocidade)


Jurídicas Coercibilidade (geral e abstrata)
Podem se direcionar a funções específicas. Art. 84 CF.
Classificação das Normas Jurídicas
Quanto à imperatividade: Absoluta: quando ordenam ou Relativa: permitem uma certa
proíbem determinado ato. liberdade de ação. (realização de
contratos).
Quanto à hierarquia: Normas constitucionais, leis
complementares, ordinárias,
medidas provisórias,
regulamentos, entre outras.
Quanto ao alcance: Validade em todo território Ou em determinado estado ou
nacional. município, a depender da
competência legislativa
estabelecida pelo art. 24 da CF e
seguintes.
Quanto à sua aplicabilidade Autoaplicáveis. Ex: liberdade de Não-autoaplicáveis. (eficácia
ir e vir. (eficácia plena). limitada). Normas que dependem
de uma legislação posterior que
regulamente. Ex: art. 37 inc. VII
CF/88.
Classificação das Normas Jurídicas
Quanto ao conteúdo: Substantivas ou material: que Processuais ou adjetivas:
estabelecem as relações estabelecem normas
jurídicas entre indivíduos ou que processuais
criam direitos.

Quanto ao órgão legiferante: Poder legislativo, executivo e


judiciário.
Promulgação das normas pelo Estado
Conceitos fundamentais

• Quando a sua criação seguiu todos os passos do processo


legislativo, desde a sua propositura, observadas as suas
competências, até a sua sanção, e posterior publicação.

• Atenção!!! As normas, geralmente, não começam a sua


Validade vigência, ou exigibilidade, com a publicação. Deve-se
observar um período de vacância. (Vacatio Legis).

• Art. 1o (LINDB). Salvo disposição contrária, a lei começa a


vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de
oficialmente publicada.
Conceitos fundamentais

• É o tempo em que a lei existe, é válida e produz efeitos.

• “Por via de regra, portanto, a norma está pronta para seu


Vigência uso e aplicação, assim que vigente, sabendo-se que no
Direito Penal, ela pode ser invocada mesmo antes do
início da vigência, mas em caráter excepcional, na
situação de inovatio legis in bonam partem, como
decorrência do princípio pro reo.” (BITTAR, 2019).
Conceitos fundamentais

• É a qualidade da lei em produzir


efeitos jurídicos, ainda que tenha sido
revogada. Ex: o Código Civil de 1916
Vigor está revogado, mas ele ainda tem
vigor porque pode produzir efeitos.
Conceitos fundamentais

• A anuência do Chefe do Executivo (presidente, governador ou


prefeito) a determinado Projeto de Lei.

• Caso não aprove, há o veto. Este é examinado posteriormente pelo


Poder Legislativo, que pode decidir ou não pela sua manutenção.
Sanção Caso decida pela não manutenção, passa-se a promulgação da norma.
A lei se torna válida após a sua publicação.

• Nem toda lei precisa ser sancionada. As emendas constitucionais são


aprovadas pelo Congresso Nacional, não dependendo de sanção do
presidente.
Conceitos fundamentais

• É o fim da vigência de uma norma.


• “A revogação da lei pode ser expressa ou tácita.

• Ocorre a primeira hipótese quando a lei nova determina

Revogação especificamente a revogação da lei anterior.


• A revogação tácita se opera sob duas formas: a) quando a lei
nova dispõe de maneira diferente sobre assunto contido em lei
anterior, estabelecendo-se assim um conflito entre as duas
ordenações. Este critério de revogação decorre do axioma lex
posterior derogat priorem (a lei posterior revoga a anterior); b)
quando a lei nova disciplina inteiramente os assuntos
abordados em lei anterior. É princípio de hermenêutica, porém,
que a lei geral não revoga a de caráter especial.” (NADER,
2014).
Conceitos fundamentais

• “Quando uma lei revogadora


Represtinação perde a sua vigência, a lei anterior, por ela revogada, não
recupera a sua validade. Esse fenômeno de retorno à
vigência, tecnicamente designado por repristinação, é
condenado do ponto de vista teórico e por nosso
sistema.” (NADER, 2019).
Conceitos fundamentais

❖ As normas de direito transindividual: relacionadas à direito difusos, coletivos ou individuais


homogêneos, que abrande uma massa de pessoas não-individualizadas.
Conceitos fundamentais
❖ Art. 5º inc. XXXVI (CF)“- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada”.

▪ Direito adqurído: “é espécie de direito subjetivo definitivamente incorporado ao patrimônio


jurídico do titular (sujeito de direito), já consumado ou não, porém exigível na via jurisdicional, se
não cumprido voluntariamente pelo obrigado (sujeito de dever).

Diz-se que o titular do direito adquirido está, em princípio, protegido de futuras mudanças legislativas
que regulem o ato pelo qual fez surgir seu direito, precisamente porque tal direito já se encontra
incorporado ao seu patrimônio jurídico, ainda que não fora exercitado, gozado — plano/mundo do
ser, ontológico.

O titular do direito adquirido extrairá os efeitos jurídicos elencados pela norma que lhe
conferiu o direito mesmo que surja nova lei contrária à primeira. Continuará a gozar dos
efeitos jurídicos da primeira norma mesmo depois da revogação da norma.”.
Conceitos fundamentais
❖ Art. 5º inc. XXXVI (CF)“- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada”.

▪ Ato jurídico perfeito: é aquele em que já se consumou de acordo com a lei vigente à época. O
direito já foi exercido, todos os atos já foram praticados, não podendo ser modificados por Lei
posterior.

▪ Coisa julgada: entende-se o estado de imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a
recursos. Para a LINDB, chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não
caiba recurso.

➢ Coisa julgada material: a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença de mérito.
Impossibilidade de reforma em qualquer processo.

➢ Coisa julgada formal: é a impossibilidade de modificação da sentença no mesmo processo,


como consequência da preclusão dos recursos.
Um sujeito aposentado aos 49 anos, durante a vigência de uma lei
previdenciária que não previa idade mínima para aposentadoria, se
vê aterrorizado diante da informação de que todos aqueles com
idade inferior a 70 anos de idade deverão retornar ao trabalho,
cessando-se as aposentadorias vigentes.

Diante dessa perspectiva, procura o seu escritório em busca de um


parecer jurídico que resguarde o seu direito. Qual a sua orientação
no presente caso?
Muito embora diversos autores apontem a superação da tradicional dicotomia entre
direito público e direito privado, ainda hoje essa classificação é utilizada, sobretudo
com fins didáticos.
Dentre as áreas jurídicas abaixo, qual delas pertence ao direito privado?
Escolha uma:

a. direito empresarial
b. direito tributário
c. direito penal
d. direito constitucional
e. direito administrativo
O conjunto de normas jurídicas vigentes compõe o sistema jurídico de determinado Estado.
No Brasil, quando consideramos todos os entes da federação, união, estados e municípios,
são milhares de normas que devem ser observadas pelos cidadãos.
Considerando os seus conhecimentos sobre a vigência das leis, marque a alternativa
correta:
Escolha uma:

a. Uma lei pode ser válida sem ainda estar vigente


b. Uma lei válida sempre produz todos os seus efeitos legais
c. Uma lei válida é sinônimo de uma lei vigente
d. Uma nova lei aprovada encerra a vigência de uma anterior que cuide do mesmo assunto
e. Toda lei sancionada e promulgada entra em vigência imediata
O ministro da Educação, Rossieli Soares, comemorou a sanção da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pelo
presidente Michel Temer que manteve a emenda que garante correção dos recursos orçamentários do setor. O
ministro falou da decisão hoje (14) à noite, na abertura, em Olinda (PE), do 7º Fórum Nacional Extraordinário da
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
Com relação à sanção presidencial, analise o excerto a seguir, completando suas lacunas.

O projeto de lei recebido pelo Presidente da República poderá ser __________ ou __________ no prazo de 15
dias. Caso o presidente não se manifeste nesse período, este será tido como sancionado ______________.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.


Escolha uma:

a. vetado / dispensado / automaticamente


b. aceito / validado / internamente
c. negociado / aceito / expressamente
d. sancionado / vetado / tacitamente
e. sancionado / descartado / complementarmente
Uma lei A foi revogada expressamente por uma lei B. Anos depois, a lei B foi revogada por uma
lei C. Em dúvida, o estudante de direito questionou o professor sobre a possibilidade da lei A
voltar a ter efeitos em virtude do fenômeno da repristinação.
Diante dessa situação, marque a alternativa correta:
Escolha uma:
a.
A repristinação não é regulamentada no sistema jurídico nacional
b.
A repristinação nunca poderá ocorrer
c.
A repristinação não existe no direito brasileiro
d.
A repristinação tácita não é aceita no ordenamento jurídico brasileiro
e.
A repristinação ocorre somente se for benéfica aos destinatários
Uma lei de 2010 tratava da insalubridade no trabalho de certa categoria profissional. Em 2015, a
lei de 2010 foi revogada por uma nova lei, que dizia que não haveria insalubridade no referido
trabalho. Inconformado, o sindicato da categoria profissional recorreu ao judiciário, que declarou
a inconstitucionalidade em abstrato da lei de 2015.

Observando o caso em comento, assinale a alternativa que traz qual será o efeito resultante da
declaração de inconstitucionalidade

Escolha uma:
a. Repristinatório
b. Sancionatório
c. Proibitório
d. Revogatório
e. Reparatório
1. DIREITO, JUSTIÇA CIÊNCIA E SOCIEDADE
• Como explicar que os institutos da prescrição e da coisa julgada são meios
para a realização da justiça?
1.1 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
A prescrição é a perda do direito de ação pelo Consiste na perda de um direito pelo decurso
decurso do tempo. Com ela, o direito não do tempo.
desaparece, mas fica sem meios de obter a
proteção judicial, em decorrência da inércia de
Além de produzirem efeitos diferentes quanto
seu titular, que não movimentou o seu ao direito, distinguem-se também, prescrição e
interesse em tempo hábil. decadência, quanto a outras particularidades:
enquanto há fatos que interrompem o prazo
• Prescrição extintiva; prescricional, o prazo de decadência não se
• Prescrição aquisitiva: obtenção de um interrompe; a prescrição, como a decadência,
direito pelo decurso do tempo (Por exemplo: pode ser declarada ex officio pelo juiz e a
1.238 CC). qualquer momento.
1.2 DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO

Jusnaturalismo Juspositivismo – Pós-positivismo


– até o sec. XVIII sec. XIX – XX.
1.3 O POSITIVISMO
▪ O Positivismo Jurídico é fruto de uma mentalidade, dominada
pelo paradigma positivista formulado a partir do séc. XIX.

▪ Auguste Comte (1789-1857) é considerado o “pai” da


Sociologia (chamda de Física Social) e fundador do
positivismo.

▪ Pretensão de compreender a Sociedade a partir do método


das ciências naturais.

▪ Influência de Saint Simon: i) marcha progressiva da história


para a “evolução”; ii) as leis sociais , assim como as leis da
natureza, obedecem às leis da Física.; ii) o conhecimento
científico é que aperfeiçoa o ser humano.

▪ Curso de Filosofia Positivista (1830).


Exemplo: Como resolver o problema da
criminalidade?
• Metodologia Positivista:

• Cesare Lombroso (1835 - 1906): o estudo do “ homem delinquente” sob características morfológicas.
1.4 POSITIVISMO JURÍDICO
• “O positivismo jurídico, fiel aos princípios do positivismo filosófico, rejeita todos os
elementos abstratos na concepção do Direito, a começar pela ideia do Direito Natural, por
julgá-la metafísica e anticientífica. Em seu afã de focalizar apenas os dados fornecidos
pela experiência, o positivismo despreza os juízos de valor, para se apegar apenas
aos fenômenos observáveis. Para essa corrente de pensamento o objeto da Ciência do
Direito tem por missão estudar as normas que compõem a ordem jurídica vigente. A sua
preocupação é com o Direito existente. Nessa tarefa o investigador deverá utilizar
apenas os juízos de constatação ou de realidade, não considerando os juízos de valor.
Em relação à justiça, a atitude positivista é de um ceticismo absoluto. Por considerá-la um
ideal irracional, acessível apenas pelas vias da emoção, o positivismo se omite em
relação aos valores.” (NADER, 2014).
• Para o positivismo jurídico só existe uma ordem jurídica: a comandada pelo Estado e que
é soberana. Eis, na opinião de Eisenmann, um dos críticos atuais do Direito Natural, a
proposição que melhor caracteriza o positivismo jurídico: “Não há mais Direito que o
Direito Positivo.”
1.4 POSITIVISMO JURÍDICO: MANIFESTAÇÕES

Exemplos:

• Escola da Exegese (França – séc.


XIX);
• Escola Histórica (Alemanha – séc. XIX)
• Jurisprudência dos Conceitos
(Pandectistas – séc. XIX);
• Jurisprudência Sociológica – (séc. XX)
• Hans Kelsen e o Positivismo
Normativista (séc. XX)...
1.4 POSITIVISMO JURÍDICO: CRÍTICAS

Exemplos:

• Reduz a complexidade das relações humanas;

• Foco no “ser” do direito (numa perspectiva


formalista), independente do seu conteúdo;

• Suscetibilidade para regimes totalitários.

Exemplo: O regime Nazista e as leis de


Nuremberg (1935).
1.5 DIREITO NATURAL
• “O motivo fundamental que canaliza o pensamento ao Direito Natural é a permanente aspiração de
justiça que acompanha o homem. Este, em todos os tempos e lugares, não se satisfaz apenas com a
ordem jurídica institucionalizada. [...].

• A corrente jusnaturalista não se tem apresentado, no curso da história, com uniformidade de


pensamento. Há diversos matizes, que implicam a existência de correntes distintas, mas que guardam
entre si um denominador comum de pensamento: a convicção de que, além do Direito escrito, há
uma outra ordem, superior àquela e que é a expressão do Direito justo. É a ideia do Direito
perfeito e por isso deve servir de modelo para o legislador. É o Direito ideal, mas ideal não no
sentido utópico, mas um ideal alcançável. A divergência maior na conceituação do Direito Natural está
centralizada na origem e fundamentação desse Direito. Para o estoicismo helênico, localizava-se na
natureza cósmica. No pensamento teológico medieval, o Direito Natural seria a expressão da
vontade divina. Para outros, se fundamenta apenas na razão. O pensamento predominante na
atualidade é o de que o Direito Natural se fundamenta na natureza humana.” (NADER, 2014).

• “Fala-se, nesse contexto, de direitos tidos como naturais, pertencentes a todos os seres humanos,
como do direito à vida, à liberdade, e o direito ao pensamento. (BOBBIO, 2006).
1.5.1 A IDEIA DE DIREITO NATURAL NO DISCURSO
DOS DIREITOS HUMANOS
• Será que é possível pensar em “direitos naturais”,
pertencentes a todos os homens, de forma inata e universal,
considerando a pluralidade de visões de mundo coexistentes
em uma mesma comunidade de pessoas, ou em
comunidades distintas?

DUDH (1948) “Artigo 1: Todos os seres humanos nascem livres


e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade.”

• Situações-problemas:
• A França e a proibição do uso do niqab em espaços públicos;
• “Infanticídio” de crianças indígenas e o direito a
autodeterminação dos povos.
1.5.2 DIFERENÇAS ENTRE DIREITO NATURAL E
POSITIVO
❖ Compreensão clássica

DIREITO POSITIVO DIREITO NATURAL

PRINCÍPIO DA TERRITORIDADE UNIVERSAL

COERCÍVEL NÃO-COERCÍVEL

RELATIVO A DETERMINADO ESTADO PRESENTE EM TODAS AS CULTURAS


(ORDENAMENTO JURÍDICO)

CONSTRUÍDO PELO ESTADO INATO

CONTIGENTE (MUTÁVEL) INVARIÁVEL


Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça -
Matutina

Enquanto os naturalistas compreendem o direito como decorrência natural da legislação pátria, os positivistas
defendem que o direito se positivou independentemente da vontade humana e das leis, tendo como
pressupostos os valores do ser humano e a busca da justiça.

Alternativas

Certo
Errado
1.6 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
“O direito subjetivo corresponde às possibilidades
Do ponto de vista objetivo, o Direito ou poderes de agir, que a ordem jurídica garante
é norma de organização social. É o a alguém. Equivale à antiga colocação romana,
chamado Jus norma agendi. hoje superada, do Jus facultas agendi. O direito
(NADER, 2014). subjetivo é um direito personalizado, em que a
norma, perdendo o seu caráter teórico, projeta-se
na relação jurídica concreta, para permitir uma
conduta ou estabelecer consequências jurídicas.
[...]” (NADER, 2014).
1.6 FATOS SOCIAIS E FATOS JURÍDICOS
FATOS SOCIAIS FATOS JURÍDICOS
➢ De maneira genérica, são fatos que ocorrem na sociedade, ➢ Os fatos jurídicos são aqueles que possuem
mas que não tem relevância para o direito. relevância para o direito e que estão
regulamentados pelas leis positivadas pelo
Mas... Estado.

“Fatos sociais são criações históricas do povo, que refletem “Ele (o legislador) deve fazer das leis uma
os seus costumes, tradições, sentimentos e cultura. [...]. cópia dos costumes sociais, com os devidos
Costumes diferentes implicam fatos sociais diferentes. Cada acertos e complementações. O volksgeist deve
povo tem a sua história e seus fatos sociais. O Direito, como informar às leis, mas o Direito contemporâneo
fenômeno de adaptação social, não pode formar-se alheio a não é simples repetidor de fórmulas sugeridas
esses fatos. As normas jurídicas devem achar-se conforme as pela vida social. Se de um lado o Direito recebe
manifestações do povo. Os fatos sociais, porém, não são as grande influxo dos fatos sociais, provoca,
matrizes do Direito. Exercem importante influência, mas o igualmente, importantes modificações na
condicionamento não é absoluto.” (NADER, 2014). sociedade.” (NADER 2014).
1.6.2 FATOS JURÍDICOS: SUBCATEGORIAS
I. Fatos jurídicos gerados pela natureza (fato jurídico stricto sensu)
Exemplos: a morte de um indivíduo, enchentes e outros acidentes cobertos
por seguros.
ACONTECIMENTOS NATURAIS ORDINÁRIOS ACONTECIMENTOS NATURAIS EXTRAORDINÁRIOS

Os primeiros são fenômenos previsíveis, normais, São fatos que não se apresentam com regularidade,
regulares, como o nascimento, a morte, o aluvião, o são contingentes, escapam à previsão e ao
decurso do tempo. controle. Configuram esta espécie: o caso fortuito,
a força maior, o factum principis.
1.6.2 FATOS JURÍDICOS: SUBCATEGORIAS
II: Fatos jurídicos gerados pela ação humana (lato sensu)

Características:
✓voluntariedade e consciência.
✓Podem ser realizados por uma (usucapião e reconhecimento, paternidade,
doação) ou mais pessoas (matrimonio, compra e venda, arrendamento).
✓Podem ser lícitos ou ilícitos.

III: Ato-fato jurídico ausentes a voluntariedade e a consciência.


▪ Doação feita por um sujeito incapaz. Art. 3º inc. I e 104 e 166 inc. I do CC.
▪ Coação (Art. 151 do CC) 171 inc. II do CC.
1.7 SISTEMAS JURÍDICOS
COMMON LAW CIVIL LAW
É o sistema geralmente adotado pelos países de É o sistema adotado por países de tradição romano-
língua inglesa, ou influência anglo-saxônica. germânica. (América Latina, Europa Continental e
Especialmente o Reino Unido e os Estados Unidos Rússia).
da América.
A base do direito está nas leis criadas pelo Estado e
O Direito é criado caso a caso, pelas decisões dos nas sistematizações, incluindo princípios e regras.
tribunais, sedimentando o sistema de precedentes,
que estabelecem a diretrizes referentes para os As codificações devem ser aplicadas a todos e
outros casos, a serem seguidas pelos tribunais. seguidas pelos tribunais.

“Case-law”. A prevalência do processo legislativo se revela no


momento em que uma lei norma é promulgada, vez
• Critérios de equidade, justiça e bom senso no que exige uma mudança de interpretação.
caso concreto.
“Fornece menor margem discricionária”.
1.7.1 AVALIAÇÃO CRÍTICA
1. Qual dos sistemas promove maior segurança jurídica?

2. Qual dos sistemas se utiliza mais da hermenêutica?

Art. 113 (CC). Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração.
1.8 A CIÊNCIA JURÍDICA E A FILOSOFIA DO
DIREITO
A CIÊNCIA JURÍDICA A FILOSOFIA DO DIREITO

É o estudo racional do ordenamento jurídico, É o pensamento reflexivo e crítico sobre o Direito,


independente do seu desenvolvimento por meio do sobre a sua existência, sobre os seus objetivos,
processo legislativo ou de precedentes judiciais. sobre a sua função social....

É o conhecimento sistematizado e organizado do Questionamentos sobre o que é a justiça, sobre a


ordenamento jurídico e do direito de modo geral. relação entre o direito e a moral, o direito e a
política....
Pode incluir a investigação das suas origens
culturais e históricas. ➢ Raciocínio zetético/zetética.

Grande referência: Hans Kelsen e a “Teoria Pura


do Direito”.

➢ Raciocínio dogmático/dogmática.
GARCIA MEDINA; PASSOS MARTINS (2020): 1º “No primeiro nível, a Inteligência Artificial é
empregada como ferramenta auxiliar, assistindo a atividade decisória desempenhada pelo ser
humano, que permanece com a responsabilidade pela decisão tomada. Isso pode ocorrer por
meio da automação das tarefas acessórias ou burocráticas, como a consulta e constrição
automatizada de bens via convênios (BACENJUD, RENAJUD, INFOJUD), triagem de processos
por assunto, identificação de casos repetitivos, de precedentes vinculantes aplicáveis ao
caso etc. Também pode produzir assistência e aconselhamento para a tomada de decisão
humana, realizando pesquisas legislativa, jurisprudencial e doutrinária, alertando sobre
eventuais equívocos e sugerindo modelos de fundamentação ou até mesmo elaborando
minutas de decisão, que, não obstante, serão conferidas pelo julgador humano...
2º Em um segundo nível, a Inteligência Artificial é empregada para a automação da
gestão procedimental. Imagina-se, aqui, um modelo de operação no qual o sistema
inteligente impulsione autonomamente a marcha procedimental, efetivando atos
ordinatórios e até mesmo despachos mais singelos sem a necessidade de
conferência humana. A atuação do julgador humano estaria concentrada em
pronunciamentos de conteúdo decisório relevante (sentenças e decisões
interlocutórias), como a apreciação de tutela provisória, decisão de saneamento e
organização do processo e o julgamento do processo.

3º No terceiro nível, a Inteligência Artificial seria aplicada na automação da tomada de


decisão judicial. Aqui, a tecnologia atua diretamente na atividade-fim de prestação
jurisdicional, assumindo o trabalho tradicionalmente atribuído a juízes, decidindo questões
processuais e o mérito das demandas, sem interferência ou supervisão humana.
SEMINÁRIO DE TEORIA GERAL DO ESTADO (4.1 e 4.2)

DATA DE APRESENTAÇÃO (após o intervalo): 31/10

1 -Estado, seus elementos, sua finalidade e suas funções. Personalidade jurídica do Estado. (RAFAEL)
2- Origem do Estado. A evolução do Estado ao longo do tempo: o Estado na Grécia, em Roma e o Estado Medieval. (CRISTIANE)

DATA DE APRESENTAÇÃO: 07/11

3 - Estado Moderno, passando pelo Estado Liberal e pelo Estado Social.


4- O Estado Democrático de Direito: surgimento, características e funções. (RYAN)
5 -Nascimento e Extinção dos Estados. (TIAGO)
6 - Classificações e tipos de Estado: Estados perfeitos e imperfeitos. Simples e compostos (conceito geral).
7- Tipos de Estados compostos: por união pessoal, por união real, por união incorporada e por confederação. (RHAISSA)
8 - Estado Unitário e Estado Federal. Federalismo nos EUA e no Brasil.

Informações:

Tempo médio de apresentação: 20 minutos por equipe.


O uso de powerpoint é opcional.

Materiais para aprofundamento:

https://drive.google.com/drive/folders/1v9_79-EiIS-xRHsBY62K8VHjKkCQAqay?usp=sharing
As grandes famílias do direito ou sistemas jurídicos constituem uma importante fonte de pesquisa
para o direito comparado, pois permitem ao jurista conhecer a realidade jurídica de diferentes
países.
A common law é o sistema jurídico típico dos países de língua ________________. Ele se baseia
em um sistema de ______________ que tem sua origem nos ___________________.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
Escolha uma:

a.) grega / regras / tribunais


b.) inglesa / precedentes / tribunais
c.) inglesa / leis / parlamentos
d.) romana / leis / poderes legislativos
e.) latina / regras / juízes
Muito embora existam milhares de leis a regular dezenas de situações do dia a dia, nem todos elas
possuem relevância para o direito, ainda que tais ações sejam realizadas livre e conscientemente.
Considerando o enunciado acima, assinale a única alternativa que contém fato ou ato relevante ao
direito
Escolha uma:
a. Uma criança chora
b. A chuva cai na montanha
c. Uma pessoa se exercita
d. Um animal se alimenta na selva
e. Duas pessoas casam
Podemos dizer que a justiça, antes de um conceito a ser definido, é um ideal a ser alcançado. Em um país
com tantas desigualdades, é corrente o clamor para que justiça seja feita. Todavia, saber o que é justiça, já é
por si só um dos maiores desafios ao operador do direito.
Considerando o enunciado acima, marque a alternativa correta:

Escolha uma:

a.) Para que uma decisão seja justa, o juiz não pode levar em consideração os sujeitos de uma ação
b.) Justiça se faz quando os desiguais são tratados de forma desigual, na exata medida da desigualdade
c.) A justiça demanda que todos sejam tratados da mesma forma sempre, independentemente da sua classe,
raça ou religião
d.) A justiça social é um instrumento que objetiva a construção de um Estado socialista a partir da
redistribuição das riquezas privadas
e.) A justiça consiste na aplicação literal ou gramatical das leis
A HERMENÊUTICA
• A palavra hermenêutica provém do grego,
Hermeneúein, interpretar, e deriva de Hermes, deus
da mitologia grega, filho de Zeus e de Maia,
considerado o intérprete da vontade divina.
Habitando a Terra, era um deus próximo à
Humanidade, o melhor amigo dos homens.
(NADER, 2014).

• “Segundo o dicionário, a hermenêutica é uma


ciência, técnica, ou filosofia, que tem por objeto o
estudo ou a interpretação de textos, sejam eles
filosóficos, religiosos ou jurídicos. Ao lermos um
texto, o objetivo deve ser entender o seu
significado, do contrário, teremos somente um
apanhado de palavras sem sentido.
QUANDO A INTERPRETAÇÃO SE FAZ NECESSÁRIA?
“E a interpretação do mundo é sempre um fenômeno lingüístico, na medida em que interpretar
significa atribuir sentido. Como a linguagem é o único lugar que o sentido habita, compreender a
realidade exige a compreensão da própria linguagem com que a constituímos e dos seus modos
de operação. Essa percepção faz com que a hermenêutica seja necessariamente reflexiva, pois
ela dirige a si mesma o seu olhar: a hermenêutica é um modo de compreender o compreender e,
nessa medida, trata-se de um conhecimento que se utiliza de espelhos e não de lunetas.”
(COSTA, 2008)
In claris cessat interpretatio?
A HERMENÊUTICA JURÍDICA
“A hermenêutica jurídica, como o próprio nome já diz, é a ciência ou a técnica que cuida da
interpretação dos textos jurídicos. Como sinônimo da palavra hermenêutica, também será muito
citada a palavra exegese, ambas significando o ato de interpretar, conhecer o sentido de determinado
texto.” (NADER, 2014).

“Interpretar o Direito representa revelar o seu sentido e alcance. Temos assim:

a) Revelar o seu sentido: a lei que concede férias anuais ao trabalhador tem o significado, a
finalidade de proteger e de beneficiar a sua saúde física e mental;

b) Fixar o alcance das normas jurídicas: significa delimitar o seu campo de incidência. Dentro do
exemplo citado, temos que apenas os trabalhadores assalariados, isto é, que participam em uma
relação de emprego, fazem jus às normas trabalhistas.” (NADER, 2014).

❖ Tem finalidade teórica e prática.


A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS

❖ Robert Alexy (2011): “Aqui, regras e princípios serão reunidos sob o conceito de norma. Tanto
regras quanto princípios são normas, porque ambos dizem o que deve ser. Ambos podem ser
formulados por meio das expressões deônticas básicas do dever, da permissão e de proibição.
Princípios são, tanto quanto as regras, razões para juízos concretos de dever-ser, ainda que de
espécie muito diferente. A distinção entre regras e princípios é, portanto, uma distinção entre duas
espécies de normas.”

✓ Mas a diferença é essencialmente de espécie e não em grau de generalidade.


A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
PRINCÍPIOS

❖ Concepção de Robert Alexy (2001): “Princípios jurídicos são elementos basilares no ordenamento, e
trazem conceitos amplos, que devem guiar o intérprete na aplicação da lei, quanto o legislador, na
elaboração das leis. Os princípios possuem como característica a sua generalidade, servindo como
parâmetro para a otimização do sistema jurídico.” (ALEXY, 2001).

❖ O ponto decisivo na distinção entre regras e princípios é que princípios são normas que ordenam
que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas
existentes. Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização que são caracterizados
por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua
satisfação não depende somente das possibilidades fálicas, mas também das possibilidades
jurídicas. O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e regras colidente.”
(ALEXY, 2011).

❖ Semelhança e diferença da perspectiva de Ronald Dworkin.


A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
PRINCÍPIOS

❖ Podem estar presentes no âmbito constitucional e infraconstitucional. O legislador ordinário deve


observá-los na elaboração de normas.

Direito à vida, liberdade,


propriedade, saúde,
alimentação, educação,...

Princípio da insignificância,
princípio da boa-fé
objetiva...
A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
EXEMPLOS DE COLISÕES ENTRE PRINCÍPIOS (DIREITOS FUNDAMENTAIS)
A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
EXEMPLOS DE COLISÕES ENTRE PRINCÍPIOS (DIREITOS FUNDAMENTAIS)
A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
O QUE FAZER EM UMA COALISÃO ENTRE PRINCÍPIOS?

Sopesamento

Robert Alexy (2001): “Quando realizamos a


interpretação de princípios, devemos colocar em
uma balança a fim de saber quais seriam
preponderantes em uma situação fática. Diz que uns
seriam aplicáveis em detrimento de outros não
significa desqualifica-los ou invalidá-los, mas tão
somente a sua limitação naquele caso concreto,
restando, contudo, íntegros em sua missão
principiológica do sistema.”
A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
O PROCEDIMENTO DE
REALIZAÇÃO DA
PONDERAÇÃO EM ROBERT
ALEXY

▪ Aplicação do princípio da
proporcionalidade:
A HERMENÊUTICA JURÍDICA: A DIVISÃO
FUNDAMENTAL ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS
REGRAS

❖ Concepção de Robert Alexy (2001): “As regras, por seu turno, implicam em comandos direitos e
objetivos. São dotadas de caráter impositivo, e muitas vezes trazem sanções em caso de
descumprimento.

❖ As regras são normas que ordenam algo determinado. Elas são mandamentos definitivos. Sua forma
de aplicação é a subsunção” (ALEXY, Robert, Dever ideal e otimização. In: TOLEDO, Claudia (org.), O
pensamento de Robert Alexy como sistema. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2017, p. 7).

❖ Processo de subsunção do fato à lei: dizer qual lei se aplica ao caso concreto. A premissa maior
(hipótese normativa) subsume a premissa menor (caso) e aplica-se a consequência (sanção).

➢ Em um conflito entre regras, há uma antinomia aparente. Critérios para a resolução: a) cronológico;
b) especialidade; c) hierárquico. Se não forem suficientes, ai teremos uma antinomia de segundo-
grau.
Fonte:

https://sl
ideplayer.
com.br/sl
ide/3146
401/
TÉCNICAS INTERPRETATIVAS
A INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
❖ De acordo com essa técnica, devemos nos ater ao significado literal, ou significado de dicionário,
das palavras que compõe uma norma jurídica. Essa técnica está na essência da intepretação jurídica,
pois devemos saber o que significa cada uma das palavras que compõem uma norma, e nos
atentar ao seu significado conjunto em uma dada lei. (FERRAZ, 2007)

❖ É muito importante, mas insuficiente para a realização da interpretação jurídica. Motivos:

- Falta de clareza da norma jurídica;


- As contradições aparentes;
- A sua incompletude;

Outros motivos:
A incapacidade de lidar com os problemas novos;
A subjetividade inevitável do processo interpretativo.
TÉCNICAS INTERPRETATIVAS
A INTERPRATAÇÃO LÓGICA OU SISTÊMICA (LÓGICA-SISTEMÁTICA).
❖ As normas jurídicas não devem nunca ser interpretadas isoladamente. Quando falamos em
interpretação jurídica de uma determinada norma, devemos pensá-las, e analisá-las, enquanto parte de
um complexo de regras e princípios ao qual chamamos ordenamento jurídico. (FERRAZ, 2007).

Imagine uma situação hipotética de violação ao direito de propriedade. Segundo o Código Civil, em seu
artigo 1.210,

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.

▪ Tempo previsto “faça logo”?, “atos indispensáveis para a retomada da posse?” Cabe atentar contra a
vida de alguém? Tortura?. A interpretação gramatical não é suficiente, por isso, há a necessidade de
uma análise sistêmica.
TÉCNICAS INTERPRETATIVAS
A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA (E EVOLUTIVA)
❖ A interpretação histórica, em conjunto com a hermenêutica evolutiva, é aquela em que o operador do
direito busca conhecer a lei desde o seu nascedouro no processo legislativo, as motivações que
levaram a sua promulgação, o contexto histórico em que foi criada, os debates em torno de sua
trajetória no órgão legislativo. (FERRAZ, 2007).

▪ Típico da Escola Histórica do Direito (Séc. XIX).

❖ Mas, como isso não seria suficiente para garantir uma boa interpretação atual da lei, também é preciso
contextualizá-la de acordo com o tempo presente, tendo em vista que, ao passo em que a sociedade
evolui, também devem evoluir as leis, através de sua exegese. (FERRAZ, 2007)

▪ Típica do Movimento do Direito livre (séc. XX). “Constitucionalismo vivo”.


TÉCNICAS INTERPRETATIVAS
A INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA
❖ “[...] foca seus esforços em desvendar quais são os objetivos pretendidos por aquela lei, também
através de uma análise de documentos históricos, como as motivações constantes do projeto de
lei, ou o contexto histórico. Nesse sentido, Maria Helena Diniz afirma que “ao se interpretar uma
norma, deve-se procurar compreendê-la em atenção aos seus fins sociais e aos valores que pretende
garantir”. Busca-se, portanto, qual a finalidade objetivada pela norma. (DINIZ, 2001)”

▪ Típica da Jurisprudência dos Interesses (séc. XX).

▪ Há doutrinadores, por outro lado, que entendem que, uma vez promulgada determinada lei, a sua
análise finalística estaria liberta de sua origem, fazendo com que a hermenêutica teleológica
buscasse os fins pretendidos pela norma, adaptados ao tempo em que ela estivesse vigente, a
partir da análise do fim que estaria implícito nela própria, e não em sua origem. (NADER, 2014)
TÉCNICAS INTERPRETATIVAS
A INTERPRETAÇÃO AXIOLÓGICA
▪ “[...] é aquela que se ocupa da pesquisa dos princípios que nortearam o desenvolvimento de
determinada norma, que serviram como sua base para que fosse positivada. Dessa forma, também
se está buscando a origem da norma e suas finalidades dentro do ordenamento jurídico, de acordo
com os princípios fundamentais dos sistema.

Exemplos:

▪ Jurisprudência da Valoração (séc. XX).


A HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
▪ A hermenêutica constitucional, por sua vez, trata de um ramo mais restrito da hermenêutica jurídica,
pois diz respeito a como deve ser interpretado o texto constitucional. Como sabemos, a Constituição,
também conhecida como Carta Magna, é o texto normativo mais importante do nosso
ordenamento jurídico. Isto posto, é preciso levar em conta todos os elementos interpretativos que
foram já elencados, mas também considerar que a Constituição é um texto político, que em sua
elaboração abarcou os anseios de um projeto de Estado e sociedade. A nossa Constituição atual,
de 1988, fruto do processo de redemocratização do Estado brasileiro, é conhecida como a Constituição
Cidadã, posto que elencou uma dezena de direitos fundamentais e sociais.

▪ É notória a sua prodigalidade na atribuição de direitos como moradia, saúde, educação para todos,
baseados no princípio maior da dignidade humana. Desta forma, toda e qualquer interpretação
constitucional que se faça deve passar pelo crivo deste princípio. Assim, a interpretação de qualquer
artigo constitucional deve sempre ser realizada sob a lente da primazia da dignidade humana,
com os princípios a ela adjacentes (vida, saúde, liberdade, etc.).

▪ Atenção! Os princípios constitucionais estão na base de nosso ordenamento jurídico, devendo


orientar a elaboração de leis em todos os níveis, pois representam as aspirações sociais e de
Estado buscadas pelo constituinte.
TIPOS DE INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
ESPECIFICADORA Nos mostra uma situação em que a
intepretação literal da letra da lei é suficiente
para sua aplicação ao caso concreto

RESTRITIVA Ocorre quando a interpretação literal de uma


lei poderia levá-la a um sentido muito amplo,
devendo ser restringida para beneficiar os
interesses tutelados, a partir de uma
perspectiva teleológica ou axiológica

EXTENSIVA A terceira resulta de um texto de lei que não


contempla de forma suficiente a situação
que objetiva tutelar, fazendo com que o
intérprete deva aumentar o seu alcance a
partir de uma exegese finalística
(teleológica).
ATIVIDADE PARA DIVERSÃO PÓS-AULA

• PESQUISAR DECISÕES JUDICIAIS QUE SE UTILIZEM DE UM DOS


CRITÉRIOS INTERPRETATIVOS.

• PESQUISAR DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL QUE FAÇAM


USO DA PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS (OU DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO
DA PROPORCIONALIDADE).
A palavra hermenêutica provém do grego, Hermeneúein, interpretar, e deriva de Hermes, deus da
mitologia grega, filho de Zeus e de Maia, considerado o intérprete da vontade divina. Habitando a Terra,
era um deus próximo à Humanidade, o melhor amigo dos homens”
A hermenêutica jurídica, é a ciência ou a técnica que cuida da ______________ das normas
_____________, com o objetivo de revelar o seu _____________.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.

Escolha uma:
a. criação / jurídicas / segredo
b. qualificação / comparadas / objetivo
c. qualificação / jurídicas / alcance
d. interpretação / jurídicas / sentido
e. interpretação / naturais / mistério
A palavra hermenêutica provém do grego, Hermeneúein, interpretar, e deriva de Hermes, deus da
mitologia grega, filho de Zeus e de Maia, considerado o intérprete da vontade divina. Habitando a Terra,
era um deus próximo à Humanidade, o melhor amigo dos homens”
A hermenêutica jurídica, é a ciência ou a técnica que cuida da ______________ das normas
_____________, com o objetivo de revelar o seu _____________.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.

Escolha uma:
a. criação / jurídicas / segredo
b. qualificação / comparadas / objetivo
c. qualificação / jurídicas / alcance
d. interpretação / jurídicas / sentido
e. interpretação / naturais / mistério
A Constituição da República de 1988 é um marco para o sistema democrático brasileiro, tendo consagrado
inúmeros direitos e garantias fundamentais aos cidadãos. Contudo, mais de três décadas após a
promulgação da Carta Maior, ainda são diversos os direitos que não foram assegurados a todos os
brasileiros.
Considerando os seus conhecimentos sobre o sistema jurídico brasileiro, marque a alternativa correta
Escolha uma:
a. As leis nacionais são criadas de forma independente ao texto constitucional, que serve tão somente
como parâmetro para orientação.
b. A aplicabilidade de todos os princípios constitucionais fundamentais é imediata e inafastável, nunca
sendo possível a ponderação entre eles no caso concreto
c. A interpretação conforme a constituição exige validade e obrigatoriedade apenas as normas elaboradas
pelo constituinte originário
d. Os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição podem ser suprimidos de acordo com a
hermenêutica adota pelo Supremo Tribunal Federal
e. A Constituição é a norma jurídica fundamental, e orienta a interpretação de todo o sistema jurídico pátrio
4.3 SEPARAÇÃO
DOS PODERES E
A DEMOCRACIA
SEPARAÇÃO DOS PODERES
• “Entre os debates acerca do voto através de urna eletrônica e da instituição do voto
impresso, um senador argumentou que a limitação do voto presencial era
incompatível com os dias atuais, desejando propor a instituição do voto pela internet,
através de computadores, tablets ou aparelhos celulares.”

• “Além disso, ele também deseja que todas as emendas constitucionais sejam
submetidas a referendo pela população, através do voto on-line.”

Maria Luiza é chamada para ajudá-lo na elaboração desse projeto, bem como orientá-lo
sobre os limites e a legalidade dessa proposição.

➢Art. 1º. Parágrafo único (CF). Art. 60 da CF. Caráter contramajoritário da Constituição.
SEPARAÇÃO DOS PODERES
• Art. 1º, parágrafo único da Constituição Federal: “a República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

• Art. 2º, o texto da Carta Magna declara que “são Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988, [s. p.]).

❖ Princípio da Separação dos Poderes


SEPARAÇÃO DOS PODERES
• Art. 1º, parágrafo único da Constituição Federal: “a República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

• Art. 2º, o texto da Carta Magna declara que “são Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988, [s. p.]).

❖ Princípio da Separação dos Poderes


SEPARAÇÃO DOS PODERES
❖ A Teoria da Separação dos Poderes e a necessidade de superar o Estado Absolutista:

Aristóteles: Poder Deliberativo, Poder das Magistraturas, Poder de Jurisdição.

John Locke: Poder Legislativo (Parlamento), Poder Executivo (interno) e Poder


Federativo (externo) - Rei.

Montesquieu: o Poder Legislativo; o Poder Executivo das coisas, que


se traduz no poder Executivo propriamente dito; e o Poder Executivo
dependente do direito civil, que é o poder de julgar. -> Estado Francês.
SEPARAÇÃO DOS PODERES
❖ A Teoria foi ampliada a partir da criação dos Estados
Unidos da América:

• “Ao contrário da Inglaterra, onde se verificou a ascensão da


soberania do Parlamento, os Estados Unidos aumentaram os
poderes do Judiciário evitando, dessa forma, a ditadura do
legislativo. Dispõe a Constituição que o Poder Legislativo é
atribuído ao Congresso, o qual é composto pelo Senado e pela
Câmara de Representantes (Artigo I, Seção I), o Poder
Executivo será exercido pelo Presidente dos Estados Unidos e
pelo seu vice (Artigo II, Seção I), o Poder Judiciário se compõe
de uma Suprema Corte e de tribunais inferiores que forem
sendo estabelecidos por determinação do Congresso (Artigo
III, Seção I)” (AZEVEDO, 2013).

• “Nos dias de hoje, a tripartição de Poderes garante também


proteção aos direitos fundamentais e aos direitos das
minorias” (HAMILTON; MADISON; JAY, 1984).
SEPARAÇÃO DOS
PODERES
❖ A Separação dos Poderes no Brasil:
• “O Estado brasileiro também adota a
tripartição de Poderes, conforme previsão do
texto constitucional. Entretanto, podemos
notar uma contradição entre o parágrafo
único do art. 1º e o §2º da Constituição.
Segundo a Carta Magna, o poder emana
do povo, que o exerce diretamente ou por
seus representantes eleitos. Todavia, o
Poder Judiciário não é um Poder eleito nem
um poder exercido de forma direta. Essa
contradição aparente na redação não faz,
contanto, que o Poder Judiciário não seja
considerado independente e emanado do
povo, muito embora não seja um Poder que
se exerça por representação.”
SEPARAÇÃO DOS PODERES
HÁ O COMPROMETIMENTO DA SEPARAÇÃO DOS
PODERES?

Art. 84 (CF). Compete privativamente ao Presidente da República:

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do


Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do
banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
Art. 102 (CF). Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-


Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios
Ministros e o Procurador-Geral da República;
SEPARAÇÃO DOS PODERES
❖ A teoria dos freios e contrapesos:

• A teoria da separação de Poderes é complementada pela teoria dos freios e contrapesos (checks and
balances), a qual afirma que os Poderes constituídos são independentes e harmônicos, exercendo
controle uns sobre os outros. Os mecanismos de controle são observados a partir da análise das
atribuições de cada um deles (HAMILTON; MADISON; JAY, 1984).

❖Por exemplo: o Legislativo aprova as contas do Executivo. O Executivo indica membros da Suprema
Corte. O Judiciário controla a legalidade de atos administrativos e a constitucionalidade das lei. São
diversas as situações em que um ou mais dos Poderes exerce controle sobre os demais, efetivando a
chamada teoria dos freios e contrapesos (checks and balances), para evitar que se cometam abusos.
SEPARAÇÃO DOS PODERES
SEPARAÇÃO DOS PODERES
• “Observamos que as funções típicas de cada um dos Poderes são alargadas por muitas outras
funções atípicas. E é justamente nelas que o sistema de freios e contrapesos se realiza.

• É função do Legislativo, por exemplo, aprovar o orçamento da União, bem como as contas
prestadas pelo Presidente da República. Ao Executivo e ao Legislativo, compete o processo de
escolha dos membros do Supremo Tribunal Federal.

• O julgamento do processo de impeachment do Presidente da República é realizado pelo Senado


Federal com a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal; a fixação dos subsídios dos
membros do Poder Judiciário depende da aprovação do Poder Legislativo; entre outras
situações.”
A DEMOCRACIA
• No Estado democrático, o poder deriva e é exercido pelo povo, que
o exerce, usualmente, de forma indireta, por meio de
representantes eleitos. Em sentido literal, significa governo do
povo, e tem sua origem nas palavras gregas demos (povo) e kratos
(governo ou poder) (MOISÉS, 2013).
• No Brasil, vivemos em uma democracia. Os representantes são
eleitos pelo povo, através de processo eleitoral livre, amplo e
irrestrito. As eleições são periódicas, impedindo a perpetuação no
poder. A reeleição nos cargos executivos é limitada, com o mesmo
objetivo. As pessoas são livres para expressarem suas opiniões,
para se manifestarem.
A DEMOCRACIA
DEMOCRACIA FORMAL DEMOCRACIA MATERIAL

Em sentido formal ou estrito, democracia é um sistema Em sentido substancial, sobre ser um sistema de
de organização política em que a direção geral dos governo temporário e eletivo, democracia é um
interesses coletivos compete à maioria do povo, ambiente, uma ordem constitucional, que se
segundo convenções e normas jurídicas que baseia no reconhecimento e na garantia dos
assegurem a participação efetiva dos cidadãos na direitos fundamentais da pessoa humana. [...] O
formação do governo. É o que se traduz na fórmula fim do Estado não consiste simplesmente em
clássica: todo poder emana do povo e em seu nome realizar a democracia. O Estado tem um fim
será exercido. Neste conceito, são pressupostos os imediato, que é o de manter a ordem sócio-ético-
princípios da temporariedade e eletividade das altas jurídica; e também um fim mediato, que é o de
funções legislativas e executivas. (MALUF, 2019). estabelecer, para todos, indistintamente,
condições propícias tendentes à realização dos
imperativos naturais da pessoa
humana.(MALUF, 2019).
A DEMOCRACIA
❖Reunindo-se ambos os conceitos — formal e substancial —, temos que a democracia consiste
em um sistema de organização política no qual:

• 1º) todo poder emana do povo, sendo exercido em seu nome e no seu interesse;
• 2º) as funções de mando são temporárias e eletivas;
• 3º) a ordem pública baseia-se em uma Constituição escrita, respeitado o princípio da tripartição do
poder de Estado;
• 4º) é admitido o sistema de pluralidade de partidos políticos, com a garantia de livre crítica;
• 5º) os direitos fundamentais do homem são reconhecidos e declarados em ato constitucional,
proporcionando o Estado os meios e as garantias tendentes a torná-los efetivos;
• 6º) o princípio da igualdade se realiza no plano jurídico, tendo em mira conciliar as desigualdades
humanas, especialmente as de ordem econômica;
• 7º) é assegurada a supremacia da lei como expressão da soberania popular;
• 8º) os atos dos governantes são submetidos permanentemente aos princípios da responsabilidade e
do consenso geral como condição de validade. (MALUF, 2019).
DEMOCRACIA DIRETA E INDIRETA
PLEBISCITO E REFERENDO (ART. 14 DA CF)
PLEBISCITO REFERENDO

O plebiscito é um chamado prévio feito Já no referendo, os cidadãos são


aos eleitores, para que votem sobre chamados às urnas para dizer se aceitam
determinado tema. Os legisladores ficam ou rejeitam determinado projeto de lei que
obrigados a legislar conforme a já foi debatido e votado pelos legisladores.
determinação do eleitorado. Caso a população opte pela rejeição, a
proposta de lei deverá ser arquivada.
❖ O plebiscito, em 1993, sobre a forma e
o sistema de governo (sendo ❖ O referendo, em 2005, sobre a
vencedores o regime republicano e o proibição da comercialização das
sistema presidencialista) armas de fogos e munições.
O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO EM BELO
HORIZONTE
▪ Nos 25 anos de existência do Orçamento Participativo (OP) em Belo
Horizonte, o programa vem desempenhando um papel fundamental
na democratização das políticas públicas e na ampliação da
participação popular, buscando a co-responsabilidade na gestão da
cidade.

▪ De 1994 até dezembro de 2020 foram realizados investimentos de


mais de R$ 430 milhões nas obras em vilas, com recursos aprovados
no OP. Em geral, são obras de urbanização, tratamento de áreas de
risco, moradia, lazer e saneamento.

▪ Desde a implantação do OP, os moradores destas áreas mais


carentes já conquistaram a aprovação de 469 empreendimentos nas
assembleias públicas, sendo que 400 deles foram concluídos e
69 encontram-se em andamento. (PREFEITURA DE BELO
HORIZONTE, 2021).
DEMOCRACIA E O SULFRÁGIO

• O sufrágio é o meio pelo qual se manifesta a vontade do povo na formação do governo democrático. É
o processo legal de escolha das pessoas que irão representar o povo no exercício das funções
eletivas. [...]
• Por sufrágio universal, no exato sentido do termo, dever-se-ia entender a participação ativa da
totalidade dos habitantes do país nas eleições. Entretanto, a vontade geral não é mais do que um
artifício doutrinário e legal. [...] O Estado moderno afastou de cogitação o sufrágio universal absoluto
por inconveniente e prejudicial ao aperfeiçoamento do sistema democrático. [...].
• Assim, a expressão sufrágio universal corresponde a uma universalidade de competências. É a
extensão do direito de voto à universalidade dos cidadãos habilitados para o seu exercício nos
termos das leis de cada país.

• No sistema constitucional brasileiro, por exemplo, estão excluídos dessa universalidade os


estrangeiros, enquanto não naturalizados, os menores de 16 anos e os conscritos (recrutados) durante
o período do serviço militar obrigatório.
O PODER LEGISLATIVO E O CONGRESSO NACIONAL
❑ Art. 44 (CF). O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

• Art. 45 (CF). A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional,
em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por
lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições,
para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

• Art. 46 (CF). O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
princípio majoritário.

§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente,
por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Site da Câmara dos Deputados e Democracia
Participativa
"O Estado democrático, como tipo específico de Estado moderno, caracteriza-se por associar a
supremacia da vontade popular, à garantia da liberdade e à igualdade de direitos. A regulação jurídica
do poder e do governo é feita pela Constituição, com o objetivo de promover, realizar e proteger
esses valores. Constitucionalismo e democracia são princípios complementares, um garantindo o
outro: não há democracia sem Constituição, não há Constituição sem democracia".
Considerando o excerto acima e o seu conhecimento sobre o tema, assinale a alternativa correta:

Escolha uma:

a. Estados monárquicos não são democráticos


b. Todo Estado moderno é democrático
c. A democracia existe somente no sistema presidencialista
d. A caraterização de uma democracia vai muito além do simples direito ao sufrágio
e. Todo Estado presidencialista é democrático
"No presidencialismo, o Executivo é um poder autônomo. Forma típica das repúblicas, sua
característica básica é a independência dos poderes, com exercício harmônico das funções do
Estado e o seu controle por meio de limitações recíprocas".
Considerando o excerto acima, assinale a alternativa que apresenta o sistema que realiza o
controle recíproco dos poderes estatais:

Escolha uma:
a. Sistema de limitações estatais
b. Sistema de freios e contrapesos
c. Sistema de balanceamento e controle
d. Sistema de controle intrapoderes
e. Sistema moderador
"A República americana não era o governo não monárquico nem o governo misto da tradição romana e
inglesa, nem a democracia direta, mas o governo pautado pela democracia liberal representativa, com
separação de Poderes e sistema de controles mútuos (freios e contrapesos), sob regime
presidencialista".
Considerando o seu conhecimento sobre o tema, assinale a alternativa que apresenta os Poderes que
constituem o Estado brasileiro.
Escolha uma:
a. Poder Presidencial, Poder Judiciário, Poder Legislativo
b. Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Moderador
c. Poder Moderador, Poder Judiciário, Poder Legislativo
d. Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário
e. Poder Moderador, Poder Executivo, Poder Judiciário
O movimento político inglês, que deu origem ao parlamentarismo, instituiu o regime representativo
e a separação de poderes (§ 186) do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário). As vantagens
desse sistema foram divulgadas na França por Montesquieu e Voltaire, que, com os
Enciclopedistas, contribuíram para que, no século XVIII, caísse o Ancien Régime, 13 com a
Revolução de 1789, que proclamou a Igualdade Civil e os Direitos do Homem (Déclaration des
Droits de l’Homme et du Citoyen, de 1789)."
Segundo a teoria da separação de poderes de ____________________, devem coexistir os
Poderes ______________ e _______________, sendo o _____________ apenas uma função
estatal.

Escolha uma:

a. Montesquieu - Legislativo - Judiciário - Executivo


b. Montesquieu - Judiciário - Executivo - Legislativo
c. Voltaire - Legislativo - Executivo - Judiciário
d. Montesquieu - Legislativo - Executivo - Judiciário
e. Voltaire - Legislativo - Judiciário - Executivo
"Inspirado pelo modelo inglês de limitação dos poderes, centrado na supremacia do Parlamento e na
fórmula King in the Parliament, sua tese é a de que só o poder contém o poder, do que deduz que as
funções básicas de governo – legislar, declarar a guerra e a paz, garantir a segurança, julgar,
executar leis internas etc. – não deveriam estar concentradas nas mesmas mãos, mas divididas e
equilibradas harmoniosamente entre diferentes órgãos que, sem usurpar funções uns dos outros,
pudessem, reciprocamente, se limitar".
Considerando o excerto acima e os seus conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa correta:
Escolha uma:

a.) A instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito tem como objetivo o controle de um Poder
sobre os demais
b.) O sistema de freios e contrapesos não se aplica ao contexto brasileiro
c.) O processo de impeachment não é um exemplo de ação do mecanismo de freios e contrapesos
d.) A indicação e nomeação para o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal é um exemplo de
funcionamento do sistema de freios e contrapesos
e.) Os poderes não podem exercer controle uns sobre os outros
"A “Magna Carta” instituiu o governo submetido à lei e à vontade dos súditos. Do exercício do poder
dependia a legitimidade do governo. Se com observância das leis e dos costumes, legítimo; se contra
a lei ou sem a audiência do Parlamento, ilegítimo. Iniciou-se assim o governo responsável, controlado
pela lei e pelo Parlamento".
A Magna Carta é considerada por muitos a precursora do ______________________, tendo colocado
limites a um regime __________________, trazendo uma repartição de ________________ entre o

Rei e o Parlamento. Complete as lacunas:

Escolha uma:
a. jusnaturalismo - real - privilégios
b. estadismo - monárquico - tarefas
c. modernismo - despótico - competências
d. iluminismo - autoritário - impostos
e. constitucionalismo - absolutista - poderes
Limitações ao poder de julgar

Você é juiz de Direito e deve julgar uma ação na qual o


Ministério Público questiona a utilização de recursos
públicos para a construção de um estádio de futebol,
demandando que eles sejam direcionados para a
construção de hospitais na mesma região, tendo em vista
que há carência de leitos e locais de atendimento médico e
ambulatório.
1.O que é ativismo judicial?

2.O ativismo judicial é um problema ou uma solução?

3.Cite um exemplo de ativismo judicial e uma análise crítica


sobre o exemplo.

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