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1º, 2º E 3° TRIMESTRES
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CAPÍTULOS
CAP. 1 – Culturas que influenciaram o Neoclassicismo...................................Pág: 03
CAP. 2 – Neoclassicismo...................................................................................Pág: 08
CAP. 3 – Diderot e o Método de Atuação........................................................Pág: 16
CAP. 4 – Romantismo......................................................................................Pág: 22
CAP. 5 – A Música e o Teatro no Romantismo................................................Pág: 27
CAP. 6 – Realismo............................................................................................Pág: 29
CAP. 7 – O “Belo”, Panteão, “Flauta Mágica” .................................................. Pág: 36
CAP. 8 – Teatro Realista na Europa e no Brasil................................................Pág: 36
CAP. 9 – Impressionismo, a Percepção da Cor e seus Artistas...........................Pág: 40
CAP. 10 – Vanguardas Artísticas – Contexto e Futurismo.................................Pág: 55
CAP. 11 – Surrealismo......................................................................................Pág: 59
CAP. 12 – Arte Moderna e Contemporânea......................................................Pág: 61
CAP. 13 – Body Arte.........................................................................................Pág: 62
CAP. 14 – Arte Povera...................................................................................... Pág: 64
CAP. 15 – Grafite.............................................................................................. Pág: 65
CAP. 16 – Hip Hop............................................................................................. Pág: 69
CAP. 17 – Hiperrealismo.................................................................................. Pág: 70
CAP. 18 – Minimalismo....................................................................................Pág: 73
CAP. 19 – Arte Conceitual................................................................................Pág: 74
CAP. 20 – Arte e Mídia.....................................................................................Pág: 78
CAP. 21 – Artes Cênicas e os Grandes Dramaturgos.........................................Pág: 82
CAP. 22 – Gêneros Teatrais.............................................................................Pág: 97
CAP. 23 – A Farsa e o Riso...............................................................................Pág: 104
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CAPÍTULO 1
CULTURAS QUE INFLUENCIARAM O NEOCLASSICISMO
RETOMADO DE VALORES ESTÉTICOS APRESENTADOS NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA GRECO ROMANA.
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2.1. Ordens das Colunatas:
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PANTEÃO
Panteão: (Latim: Pantheon) um templo dedicado a todos os deuses.
Sua planta é circular com um pórtico de grandes colunas coríntias de granito (oito na
primeira fila e dois grupos de quatro na segunda) suportando um frontão.
Um vestíbulo retangular liga o pórtico à rotunda, que está coberta por uma
enorme cúpula de caixotões de concreto “encimada” por uma abertura central (óculo)
descoberta. Quase dois mil anos depois de ter sido construído, esta cúpula é ainda hoje a maior
cúpula de concreto não reforçado do mundo. As alturas até o óculo e o diâmetro da
circunferência interior são idênticos, 43.3 metros.
O Panteão tem 2 mil anos de história. Foi erguido como um templo em honra a todos os
deuses – como o próprio nome diz, em Grego: Pan significa “todos” e Theion significa “deuses”.
1° - Ele foi construído por Marcus Agrippa* entre 27a.C a 25a.C e uma das coisas que
chama a atenção é a escrita em bronze: “M. Agrippa L. F. Cos. Tertium. Fecit” que significa
“Marco Agrippa, filho de Lucio, cônsul pela terceira vez, construiu”. Porém, foi incendiada em
80 d.C.
*Marcus Agrippa: Destacou-se pela capacidade militar e política, pelas construções com que
embelezou a cidade de Roma e pelo mapa do mundo antigo que elaborou com os dados obtidos
em suas viagens.
2° - Já o segundo, foi criado pelo imperador Domiciano* durante seu reinado, entre os
anos de 81 e 96 d.C.; porém, acabou sendo destruído por raios em 110 d.C.
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3° - Ele foi completamente reconstruído entre os anos de 118 e 125 d.C. pelo imperador
Adriano que quis manter a inscrição original.
O imperador bizantino Phocas* deu o monumento ao papa Bonifácio VIII em 608 d.C.,
que foi convertido em Basílica Cristiana passando a ser usado então como uma igreja. Ele foi
dedicado a Santa Maria e aos mártires, sendo normalmente chamado de “Santa Maria
Rotonda”, e a praça em frente passou a ser chamada de “Piazza dellaRotonda”.
*Phocas =Flavius Phocas Augustus, foi imperador bizantino de 602 a 610. Sucedeu ao
imperador Maurício I, e foi derrubado por Heráclio e seu pai, Heráclio, o Velho, depois de ter
sido derrotado na guerra civil.
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Uma característica curiosidade do Panteão é que ele representa um cruzamento de
culturas: enquanto o pórtico é influenciado fortemente pela arquitetura clássica grega, o domo
tem mais traços da arquitetura romana. O “Óculo” possui 9 metros de diâmetro.
Oculus= Óculo.
ELEMENTOS CofferedCeiling =Teto “caixotão”.
Stepped Dome = Cúpula escalonada.
ESTRUTURANTES DO Drum = Tambor.
PANTEÃO Rotunda = Rotunda.
Pórtico = Alpendre.
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CAPÍTULO 2
NEOCLASSICISMO
• Corrente estética de larga influência que se desenvolveu entre meados dos sécs. XVIII e
XIX, na Europa e nas Américas.
• Reação ao Rococó (frivolidade).
• A escultura inspirou-se na tradição greco-romana, adotando princípios de ordem,
clareza, austeridade, equilíbrio, com um fundo moralizante.
• A Burguesia estava fortalecida.
• Academicismo nos temas e técnicas.
• Razão e Lógica.
Características:
• Objetividade: Clareza.
• Bucolismo: Caráter pastoral, rural, simples (revivem situações da vida real).
• Idealização: Da amada e da natureza.
• “Carpe Diem”: Aproveite a Vida (Os romanos eram proibidos de dizerem essa frase,
porque dava a entender que hoje seria bom, porque o amanhã seria trágico).
• Pastoralismo: Simplicidade nas formas, vida pastoril, representada pelo povo.
• Também se refere ao Teatro religioso.
• Uso do pseudônimo.
Arquitetura
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Pintura
David
JACQUES-LOUIS DAVID
TRAJETÓRIA ARTÍSTICA
Em outubro de 1775, David viajou para Roma em companhia de Vien, que, por sua vez,
iria assumir o posto de diretor da sede romana da Academia Francesa.
David fora encorajado a pintar temas clássicos, mas seus trabalhos ainda conservavam
muito do estilo rococó, e não parecia preparado para a avassaladora experiência direta da
Antiguidade; deixara a França decretando, como era de seu feitio, que “o Antigo não irá seduzir-
me”. Mas foi fulminado pela riqueza da escultura antiga, e mergulharia depois em desespero ao
pensar na trivialidade de seus primeiros trabalhos.
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Ao exibir o quadro “O Juramento dos Horácios” (abaixo), em 1784, David afirmou-se
como o pintor mais progressista e influente da França. Seu estilo novo, de inspiração romana,
destacava nesse quadro de grandes proporções a severidade moral; foi, portanto,
especialmente admirado, sobretudo pelos filósofos que condenavam a superficialidade e a
degradação da arte rococó francesa.
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Vivia-se um tempo de crescente inquietação social, coma corte e a aristocracia cada vez
mais impopular. Nessas circunstâncias, os temas do dever, do patriotismo e da luta heroica pela
liberdade, presentes nos quadros de David, provocaram ressonâncias políticas, fazendo com que
o público parisiense decifrasse nessa tela uma mensagem radicada no presente. A Revolução
estava no ar.
Em 1789 eclodiu a Revolução Francesa e tudo mudaria radicalmente. Além de utilizar
sua arte como propaganda política, iniciou uma ativa carreira política, mesmo aliado à causa
revolucionária, David salvou da guilhotina alguns artistas condenados pela ira da insurreição e
não denunciou nem traiu seus conhecidos.
Foi também membro do Comitê de Arte e do Comitê de Instrução Pública. Nesse
momento, a pintura passou a ser reconhecida como patriótica republicana e educadora.
LONGE DA FRANÇA PARA SEMPRE
David planejava uma série de pinturas em grandes dimensões, mas só completou duas
delas: A Coroação de Napoleão e Josefina (abaixo) e A Distribuição das Águias. Foi uma época
gloriosa, mas sem amanhã, pois apesar de seu renome internacional e de inúmeras tentativas,
não conseguiu os cargos que pretendia. Inconformado, abandonou os trabalhos e o mundo
oficial.
Ex: Tílburi.
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Ingres
• Composições mitológicas.
• Nus.
• Burguesia.
• Poder.
• Individualismo.
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“A Grande Odalisca”.
*Arcaísmo: Usado frequentemente como um recurso de estilo para tornar o texto mais solene,
culto, decadente, etc.
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REPENSANDO O TEMA ....................................................................................................................................................................
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IDEALIZAÇÃO DA ARTE
Uma nova atitude crítica floresceu no século XVIII com o advento do Iluminismo.
O iluminismo defendia a Razão, o Progresso, a Liberdade, a procura da felicidade criou uma
estética que tinha por base o estudo e a escolha do útil e do belo na Natureza e obras dos Antigos
– Grécia e Roma.
Era a procura de soluções e técnicas engenhosas, simplicidade estrutural, clareza
e regularidade das formas, harmonia de proporções, equilíbrio e sobriedade decorativa. A arte
procura expressar os ideais da nova sociedade que se proclama liberal, igualitária e fraterna.
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CAPÍTULO 3
DIDEROT E O MÉTODO DE ATUAÇÃO
FRASES:
- “Cuidado com qualquer pessoa que queira trazer a ordem”.
- “A vida selvagem é tão simples, e as nossas sociedades são máquinas tão complicadas!”
- “Mil homens que não temem por suas vidas, são mais formidáveis do que 10 mil que temem
por sua fortuna”.
- “A liberdade é um presente do céu”.
ENCYCLOPÉDYE
D’Alembert deixou o projeto antes do seu
término, sendo os últimos volumes obra de
Diderot. Muitas das mais notáveis figuras
do iluminismo francês contribuíram para a
obra, incluindo Voltaire, Rousseau,
e Montesquieu.
De acordo com Denis Diderot no artigo
“Enciclopédie”, o objetivo da obra era
“mudar a maneira como as pessoas
pensam”. Ele e os outros colaboradores
defendiam a secularização da
aprendizagem, à distância
Esta grande obra, compreendendo 35 dos jesuítas. Diderot queria incorporar todo
volumes, 71 818 artigos, e 2 885 ilustrações, o conhecimento do mundo para a obra, e
foi editada por Jean le Rond esperava que o texto pudesse disseminar
d’Alembert e Denis Diderot. todas as informações para as gerações
públicas e futuras.
O que é Secularização?
O termo “secularização” faz referência ao processo gradual de abandono dos preceitos
culturais que se apoiam na religiosidade. Em outras palavras, está relacionado com o surgimento
de um modo de vida que não mais está estruturado em torno de uma visão firmada em hábitos
ligados à religiosidade. Trata-se da separação dos âmbitos culturais que estão ligados à crença
das demais estruturas da vida social, como a política, os aspectos monetários e os processos
legais no âmbito do Direito.
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Pensamento Filosófico
Diderot acredita na razão como guia, da qual a filosofia deveria se alicerçar para
desvendar a verdade e constituir um sólido conhecimento. Sem espanto, ele elaborou sua
metodologia segundo os moldes e informações das ciências exatas, de acordo com
o materialismo científico.
Ademais, a natureza humana, com seus problemas morais, sua condição espiritual e
material, bem como seu destino, também foram assuntos de interesse para o filósofo. Por
conseguinte, para Diderot, a Ciência seria o motor fundamental para desenvolvimento humano
e para o progresso humano.
Já em termos políticos, o filósofo acreditava que a política tinha como missão de eliminar
as diferenças sociais, o que se chocava com as ideias absolutistas* da época, bem como
questionava a influência da Igreja na sociedade, a qual afirmava que deveria se restringir aos
assuntos eclesiásticos.
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DIDEROT E A ATUAÇÃO
Sabe-se que um ator, ao interpretar, “finge viver diante do público as ações e emoções
de um personagem”. E, quando essa atuação é muito convincente, quem assiste se esquece de
que tudo o que vê sobre o palco é ficção e passa, então, a se emocionar com as ações do
personagem. Isso ocorre porque, durante um breve momento, o espectador acredita na ilusão
construída pelo ator.
Para Diderot, a arte do ator consistia em empregar artifícios que garantissem a
veracidade cênica, ou seja, o ator deveria utilizar todo o seu conhecimento técnico sobre a arte
de interpretar, para fazer o espectador acreditar na “ilusão teatral”. A fim de alcançar tal
objetivo, ele deveria observar o comportamento humano, retirando dessa observação apenas o
essencial, para, depois, amplificá-lo no teatro.
Diderot esclareceu que sobre o palco, se constrói uma realidade específica, atendendo
somente às necessidades de harmonia da cena que se exibe diante do público. Essa harmonia
de elementos cênicos corresponde à idealização dos acontecimentos ou à construção da bela
natureza.
TRABALHO DO ATOR
1. OBSERVAÇÃO
2. ABSTRAÇÃO
3. AMPLIFICAÇÃO
(DIDEROT)
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REPENSANDO O TEMA ....................................................................................................................................................................
Carta sobre os cegos para uso daqueles que vêem.
Nesta obra Diderot interroga um cego de nascença sobre a ideia que lhe desperta a
noção de simetria ou da beleza, procurando certificar-se de que a "beleza" para um cego não é
senão uma palavra quando separada da utilidade. Todas as respostas do cego se mostram
relativas nos únicos sentidos de que ele dispõe. As principais noções de metafísica e moral são
igualmente concebidas por ele depois da sua experiência sensitiva. Assim, não há bem nem mal,
mas pessoas que guiam os cegos e lhes abrem horizontes. Este diálogo entre um cego e um ser
que vê, na primeira parte desta Carta Sobre os Cegos, tem, pois, por objetivo levar o leitor a
inclinar-se para o relativismo. A segunda parte do texto é ainda mais subversiva por Diderot
sustentar aí a hipótese de uma grande desordem universal: o que é aqui normalidade não será
noutro lado uma exceção?
Diderot foi o primeiro a pensar no problema da comunicação e no modo de ver a Arte.
Experiências, como por exemplo, ir ao teatro e tapar os ouvidos para somente observar e tentar
“apalpar o sentido da visão”, eram importantes para o autor, para poder perceber o que um
sentido diz para o outro.
“O que faz com que homens sejam homens, é a imaginação”. Desse modo, surge então a
questão da imaginação que leva à questão da liberdade artística.
Ao considerar a Estética como, os estudos das percepções humanas que leva ao que é belo
ocorrem as seguintes questões:
- O que faz com que os indivíduos julguem, ou percebam como belos, um quadro, uma
música, uma poesia, um gesto, um movimento, um toque das mãos?
- O que é a experiência do sublime? Quando achamos algo sublime, o que é que se passa em
nossas mentes e corações em relação ao belo e ao feio?
Se para Diderot, o sujeito é o resultado do trabalho dos cinco sentidos sobre si mesmo, então
é exatamente a associação desses sentidos, elaborados com o tempo, que determinará a
particularidade da maneira como cada indivíduo percebe o belo e o feio. Quando existem
diferenças, tem sentido remeter-se à lembrança e comparar. É na alteridade, que se conhece e
se reconhece. É fundamental criar parâmetros, para avaliar-se. Mas no momento da criação de
uma obra, o que é necessário?
Para Shopenhauer, o artista tem a intuição imediata da essência, e sua representação é a obra
de arte, é a capacidade de se auto esvaziar, e criar algo genuíno.
Para Kant, a verdadeira obra de arte é sem interesse. Para Diderot, no caso da pintura, é no
esboço que está a arte maior.
Locke repetia o dito aristotélico: “Nada está no intelecto que não está primeiramente nos
sentidos”, o que significa que tudo aquilo que vem através dos sentidos, é elaborado de forma
própria por cada um, o que torna diversa a intelecção das coisas.
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Leitura Comentada da “CARTA SOBRE OS CEGOS”
No início da Carta, Diderot encontrando-se na casa do cego de Puisaux, comenta o cuidado
em manter a casa arrumada por parte dele e de seus familiares, pois existe uma grande
dificuldade em encontrar coisas perdidas, o que os obriga a serem ordeiros.
Diferente de nós, que vemos, o cego, deve estudar pelo tato a disposição entre as partes
de um todo para poder chamar o objeto de belo. Porém, ressalta Diderot, quando o cego afirma
que algo é belo, ele não julga apenas se refere ao julgamento dos que vêem: “A beleza para
um cego, não é senão uma palavra, quando separada da utilidade, e com um órgão a menos,
quanta coisa há, cuja utilidade lhe escapa!”.
Na Carta, Diderot pergunta ao cego de Puilsaux, o que ele entende por um espelho, e ele
responde que “é uma certa máquina que põe as coisas em relevo longe de si mesmas”. Diderot
diz então: “Nosso cego só tem conhecimento dos objetos pelo tato”. De acordo com o autor, o
cego sabe, pelos relatos dos outros homens, que é por meio da vista que se conhecem os
objetos, assim como para ele o único modo é o tato, e conclui: “A vista é uma espécie de tato,
que se estende apenas aos objetos diferentes de nosso rosto, e afastados de nós. O tato nos
dá apenas a ideia do relevo, portanto, um espelho é uma máquina que nos põe em relevo fora
de nós mesmos”.
“Um órgão sobre o qual o ar produz o efeito de minha mão sobre minha bengala.”
Ao falar da memória dos sons, Diderot afirma que os rostos não nos apresentam tanta
diversidade como a que o cego “observa” nas vozes.
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Diderot ao perguntar ao cego de Puilsaux se ficaria contente em ter olhos, ele respondeu
que, preferiria o aperfeiçoamento do órgão que possuía - as mãos e braços - do que ganhar
aquele que lhe faltava. Acredita que o estado dos órgãos e dos sentidos, tem influência sobre
nossa metafísica e sobre nossa moral, afirma também que a moral dos cegos é diferente da
nossa.
Diderot destaca na Carta, as seguintes questões, após um cego congênito ter feito uma
operação de cataratas:
2- Caso veja, ele verá o suficiente para discernir as figuras; estará em condições de dar-lhes ao
vê-las, os mesmos nomes que lhes atribuía anteriormente ao tocá-las; e terá demonstração de
que os referidos nomes lhes convêm?
Segundo Diderot, logo que o cego começa a utilizar os olhos, a imagem que se lhe
apresenta, não passará de um “conglomerado confuso de figuras e ele não terá condições de
distinguir umas das outras”, e conclui que, somente a experiência pode ensinar-lhe a julgar as
distâncias dos objetos, ou seja, é preciso que o olho aprenda a ver.
Prossegue a Carta, dizendo que devemos estar atentos às impressões que os objetos nos
causam, e somente a experiência nos ensina a comparar as sensações, com o que as ocasiona.
Nos corpos, complementa, há qualidades que jamais seriam percebidas sem o toque, pois às
vezes, é o tato que instrui as pessoas a respeito da presença de certas modificações insensíveis
aos olhos, podendo também ocorrer ao contrário, isto é, o da vista instruir o tato.
Seria insano, depois de todo esse estudo, e da convivência com pessoas tão superiores ao
lidar com suas limitações - próprias de qualquer ser humano - alguém se considerar detentor
de qualquer verdade sobre os cegos. Se o sublime é uma percepção que espanta; se se pinta
com o sentimento; se o belo se manifesta na obra do artista, numa luta desesperada de
oferecer o fruto com graça; se é preciso ter alma; então, onde está a certeza?
Merleau Ponty, disse que a única certeza está no movimento, e Platão, que olhar é recolher o
tempo. E o tempo é de cada um, e ele há de sempre vir, para iluminar nosso “olhar”.
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CAPÍTULO 4
ROMANTISMO
• Primeira metade do séc. XIX – Contrapõe-se ao Neoclassicismo.
• Valorização do sentimento, da imaginação, do nacionalismo, e o amor à natureza.
• Composições em diagonal.
• Valorização da cor, do claro e do escuro.
O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra.
Porém, na França, o Romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através
dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.
Este período foi fortemente influenciado pelos ideais do Iluminismo e pela liberdade
conquistada na Revolução Francesa. Esses ideais já estavam fomentando a estética neoclássica.
Iluminismo:
Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional
deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles,
bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas
para as questões que,até então, eram justificadas somente pela fé.
Revolução Francesa:
• O Romantismo foi influenciado pelos ideais da Revolução Francesa.
• Valores de Igualdade e Liberdade.
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Artes Plásticas
Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol
Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta
fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as
emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras
místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com
forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.
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Análise da obra “A Jangada da Medusa” de Géricault.
Simbologias / Análise:
Jangada:
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Mar revolto:
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Pessoas:
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Homem segurando “pano branco”:
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Vela da jangada:
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Céu:
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GOYA........................................................................................
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Análise da obra: “Os fuzilamentos de 03 de maio de 1808” (Goya).
Este espantoso quadro de Goya é uma das imagens mais memoráveis da desumanidade
do homem para o homem. Os exércitos de Napoleão ocuparam a Espanha, mas no dia 2 de maio
de 1808 os cidadãos de Madri levantaram-se contra os franceses.
No dia seguinte o exército francês revidou com uma terrível vingança, executando
centenas de rebeldes e muitas outras pessoas que eram apenas observadores dos inocentes.
Goya só conseguiu registrar esses fatos alguns anos depois, quando o rei Fernando VII foi
reconduzido ao trono espanhol.
O quadro transcende o contexto histórico específico e demonstra duas características
principais da arte de Goya: suas imagens marcantes e diretas, e sua moralidade que questiona,
mas, em última análise, é distanciada.
Do ponto de vista estético e histórico, Goya nos dá o anti-herói: não o guerreiro, mas a
vítima, cuja morte se torna, quase por acaso, um ponto de união para os que lutam contra a
opressão.
O estilo de Goya possui poucos contornos nítidos, espalhando a tinta de maneira livre e
fluída, cheia de ambiguidades e sutilezas. Este quadro de Goya intitula-se O 3 de Maio de 1808
em Madri: Os Fuzilamentos na Montanha do Príncipe Pio, embora também seja conhecido por
Os Fuzilamentos da Moncloa.
É pintado de forma totalmente antirretórica: num charco de sangue, três cadáveres no
chão, enquanto um frade e alguns camponeses esperam receber a descarga; aproxima-se deles
uma outra fila de condenados que vão morrer. É noite; contra o céu escuro recorta-se o perfil
da capital e, em primeiro plano, rodeado de luzes e sombras projetadas de encontro ao muro
por uma lanterna, tem lugar a execução brutal e sem piedade.
A atenção concentra-se na figura do condenado de camisa branca e com os braços em
cruz que desafia os soldados sem rosto, curvados e fixos no ponto de mira, enquanto o frade
reza e os restantes fazem gestos de desespero, numa atmosfera ainda mais gélida, devido ao
sangue que se espalha pelo chão e que chega aos pés dos algozes.
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CAPÍTULO 5
Música no Romantismo
Na música ocorre a valorização da liberdade de expressão, das emoções e a utilização
de todos os recursos da orquestra. Os assuntos de cunho popular, folclórico e nacionalista
ganham importância nas músicas.
Podemos destacar como músicos deste período: Ludwig van Beethoven (suas últimas
obras são consideradas românticas), Franz Schubert, Carl Maria Von Weber, Felix Mendelssohn,
Frédéric Chopin, Robert Schumann, Hector Berlioz, Franz Liszt e Richard Wagner.
OBS: O compositor Mozart fez parte do período Clássico, porém sua obra “Flauta Mágica”
apresenta a filosofia Iluminista e os conceitos da Revolução Francesa o que tornam essa obra
“atemporal”.
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TEATRO NO ROMANTISMO
ATIVIDADE:
REALISMO
A Segunda Revolução Industrial proporcionou um ambiente oportuno para o surgimento
do Realismo, pois houve uma tendência para romper-se com o passado. O Realismo – 1850/1900
– está profundamente ligado ao ambiente social do final do séc. XIX. Relaciona-se tanto à sua
face otimista, a crença no avanço à ciência e do progresso. Os autores desse período
procuraram observar e analisar a realidade e as mazelas sociais, reproduzindo-as fielmente.
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Quais elementos percebemos nas obras abaixo que se contrapõe ao Romantismo?
R:_____________________________________________________
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Pintura
Segundo Bertolt Brecht, o realismo não é o que as coisas reais parecem, mas o que elas
realmente são.
As sobrevivências acadêmicas existentes nos românticos são combatidas pelos
Realistas, na segunda metade do século XIX. O Realismo é a representação das coisas objetivas
e visíveis. Porém ser realista não é ser exato como a fotografia, mas verdadeiro, fixando os
elementos característicos e expressivos das coisas e dos seres.
O belo está na natureza e encontra-se na realidade, sob as mais diversas formas.
O belo, como verdadeiro, é algo relativo ao tempo em que se vive e ao indivíduo apto a
concebê-lo. A expressão de beleza está em relação direta com o poder de percepção adquirido
pelo artista.
Os Realistas pintavam as cenas da vida cotidiana e flagrantes populares, impregnando-
se das ideias socialistas da época. Representavam aquilo que estava diante dos olhos.
Pintavam diferente dos Românticos e dos Neoclássicos: Pintavam como se tivessem
documentando verdadeiras fotografias da realidade, mesmo porque, o Realista era bastante
sintético; e nessa síntese pode se dizer que, eliminava o que lhe parecia supérfluo e inexpressivo.
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Jean-François Millet......................................................................
Pintor e um dos fundadores da Escola de Barbizon na França rural. É conhecido como
precursor do realismo, pelas suas representações de trabalhadores rurais.Junto com Courbet,
Millet foi um dos principais representantes do realismo europeu surgido em meados do século
XIX. Sua obra foi uma resposta à estética romântica, de gostos um tanto orientais e exóticos, e
deu forma à realidade circundante, sobretudo a das classes trabalhadoras.
Suas obras sobre camponeses foram consideradas sentimentais para alguns,
exageradamente piegas para outros, mas a verdade é que as obras de Millet em nenhum
momento suscitaram indiferença. Na tepidez de seus ocres e marrons, no lirismo de sua luz, na
magnificência e dignidade de suas figuras humanas, o pintor manifestava a integração do
homem com a natureza.
Alguns temas eram tratados talvez com um pouco mais de sentimentalismo do que
outros. No entanto, são nos pequenos gestos que se pode descobrir a capacidade de observação
deste grande pintor.
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Jean Désiré Gustave Courbet.........................................................
Vem de uma família abastada, dona de propriedades rurais. Gustave Courbet, pintor
francês pioneiro do estilo realista francês.
Desde os primeiros anos de vida ele já demonstrava interesses pelas artes. Outra área
que sempre lhe despertou afeição foi a política, principalmente por conta da influência de seu
avô, que tinha forte apelo aos sentimentos republicanos.
A partir de 1840 começou a frequentar os cafés de Paris, que vivia uma plena
efervescência política. Grupos de pintores se reuniam nesses locais com o objetivo de refutar a
temática dos românticos, que insistiam em pintar cenas religiosas e mitológicas.
Eles criticavam muitas das características predominantes nos autores da época e em
suas obras, a exemplo da subjetividade e do individualismo. Os opositores, por sua vez,
preferiam seguir uma temática fidedigna à natureza.
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Realismo e atuação política
Courbet viajou para a Inglaterra e Países Baixos e ao regressar, em 1848, novamente
fixou residência em Paris. Nessa época, ficou muito próximo de alguns intelectuais como
Baudelaire, Champfleury, Murger e Proudhon, todos ligados ao movimento revolucionário
iniciado naquele ano. Esses artistas compactuavam com a ideia de que a arte poderia ser
encarada como uma força social.
Em um cenário onde a burguesia estava em franca ascensão, eles se declaravam
completamente contra os ideais burgueses. Em contrapartida, se aliaram ao povo francês, que
clamava por mudanças sociais profundas no país, que passava por um período de extrema
pobreza.
O realismo surgiu como uma proposta contrária aos temas heroicos do romantismo. Em
substituição, tratava de temas simples, quase sempre relacionados ao cotidiano dos
trabalhadores franceses. Um dos melhores exemplos é a obra “Quebradores de nozes”, de
Courbet, onde trabalhadores aparecem executando seu ofício.
ARQUITETURA
Os novos ideais estéticos manifestaram-se em todas as artes. Os arquitetos e
engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela
industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos.
Materiais utilizados: Vidro, Ferro, Aço, Cimento e o Concreto Armado.
Construções: Fábricas, Escolas, Estações Ferroviárias, Hospitais, tudo o que atende à nova
realidade da vida.
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A ESCULTURA de AUGUSTO RODIN
Auguste Rodin (1840-1917) foi um escultor francês. "O Pensador", "O Beijo", "A Porta
do Inferno", são algumas de suas famosas esculturas. Foi um dos artistas mais influentes do
século XX.
Filho de um modesto funcionário do departamento de Polícia recebeu apoio da família
para suas inclinações artísticas. Com 14 anos ingressou na Escola Imperial especializada em artes
e matemática onde aprendeu a desenhar e modelar, sob a orientação de Lecoq de Boisbaudran
e de Louis Pierre Gustave Fort.
Tentou três vezes entrar na Escola de Belas Artes, mas não teve sucesso. Em 1862,
passou a trabalhar com Carrier-Belleuse. Sua escultura "O Homem do Nariz Quebrado" (abaixo),
foi recusada para o Salão de 1864. Nessa época, passou a viver com a jovem costureira Rose
Beuret, com quem teve um filho.
34
Em 1880 recebeu a encomenda de uma porta monumental, em bronze, para o Museu
de Artes Decorativas de Paris, cujo tema escolhido por Rodin foi a “Divina Comédia de Dante”*,
“A Porta do Inferno” (abaixo) – 1880/1917, traz 180 figuras de vários tamanhos e o artista
trabalhou nelas até os seus últimos dias.
*Divina Comédia: É um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito
por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
Material para próxima aula: 1 Cartolina Branca por grupo. Material para desenho e pintura.
35
CAPÍTULO 7
TRABALHO: Tema: “A Idealização do BELO no transcorrer da história”. O trabalho será iniciado
em sala de aula. Assessoramento com o Professor. Em grupos de até 3 estudantes. (Cada grupo
deverá escolher um período da história da humanidade e fazer uma representação do que seria
o belo para a época). ENTREGAR DIA: ________________________
Vídeos:
1. “O Panteão” – Gênios da Arquitetura.
2. Apreciação Estético/Auditiva do Trecho da ópera “Flauta Mágica” (Mozart).
Filosofia Iluminista presente nessa obra.
3. Como foi construída a Torre Eiffel.
CAPÍTULO 8
O TEATRO REALISTA NA EUROPA E BRASIL
CONCEITUAÇÃO:
No teatro realista, assim como na literatura, o herói do romantismo é trocado por uma
pessoa comum, do cotidiano. A temática é quase sempre engajada, abordando os problemas
sociais da época. A linguagem rebuscada usada no romantismo é trocada por uma linguagem
semelhante à que o povo utiliza, estas são algumas das principais características encontradas
nas peças teatrais realistas.
Quanto aos autores, grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas (1824-
1895), o autor da famosa obra “A Dama das Camélias”. Fora da França, podemos destacar o
norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), que escreveu “Casa de Bonecas”, tratando da situação
social da mulher. Outras peças que podem ser destacadas por sua importância para o teatro do
realismo são “Ralé e Os Pequenos Burgueses” do russo Gorki (1868-1936) e “Os Tecelões” do
alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946).
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Armand e Marguerite se conheceram em um
teatro de Paris. Os dois começaram a
conversar em uma ceia na casa de Gautier em
“A Dama das que Prudence os convidou para ceiar. No
Camélias”. meio da ceia Marguerite começou a tossir e
expelir sangue, e foi para o seu quarto.
Armand a acompanhou e nessa oportunidade
declarou seu amor a ela.
O drama realista ganhou importância especialmente com as peças de Henrik Ibsen, que
retratou acontecimentos sociais da época em suas peças teatrais. Já no teatro inglês, George
Bernard Shaw abordou em suas peças os problemas sociais de maneira engraçada e engenhosa.
Sua primeira obra foi “Casa de Viúvos”, em 1892.
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COMO ACONTECEU O REALISMO NO BRASIL?
O REALISMO NO BRASIL
No Brasil, o teatro realista retrata a realidade do povo brasileiro, colocando ênfase nos
problemas sociais identificados na época. Em vez dos personagens românticos, as peças trazem
como personagens os trabalhadores e as pessoas mais simples.
Quanto aos autores, temos Machado de Assis, que escreveu “Quase Ministro”; José de
Alencar, que escreveu “O Demônio Familiar”* e Joaquim Manuel de Macedo que mereceu
destaque com a peça “Luxo e Vaidade”. Além destes, houve outros com menor destaque, como
Artur de Azevedo, Quintino Bocaiúva e França Júnior.
JOSÉ DE ALENCAR
A peça “O Demônio Familiar” expõe alguns dos termos em que se dava o debate em torno do
tema da escravidão em meados do século XIX no Brasil.
Quando da estreia da peça, a sociedade brasileira vivia um período de discussão em torno da
escravidão. A propaganda abolicionista crescia, conquistando adeptos entre as classes
médias, principalmente os estudantes. Nesse debate, as propostas para o fim da escravidão
eram muitas: algumas propunham o fim imediato, enquanto outras defendiam sua
eliminação gradativa.
No teatro, o Realismo foi uma tentativa de retratar a vida de modo objetivo, pois veio
como uma reação aos melodramas e às comédias sentimentais antes apresentados, e acabou
por assumir diversas formas, desde o leve realismo com a comédia de costumes, até a pesada
tragédia apresentada pelo naturalismo.
O contexto histórico do país revela diversos problemas de cunho social, político e
econômico, potencializados com a Proclamação da República, o fim da escravidão, a imigração
europeia e ainda, com as diversas revoltas sociais que se espalharam pelo Brasil.
38
PINTURA REALISTA NO BRASIL
Assim como muitos outros artistas brasileiros, José Ferraz de Almeida Júnior mais
conhecido por todos como Almeida Júnior teve grande reconhecimento internacional devido as
suas obras artísticas, das quais representava fielmente estilos como realismo e naturalismo.
Nascido na cidade de Itu no ano de 1850, Almeida Júnior nasceu no dia 8 de maio, que hoje é
comemorado do Dia do Artista Plástico no Brasil.
No ano de 1869 o pintor deu início aos seus estudos na Academia Imperial de
Belas Artes. Após terminar seus estudos no Rio de Janeiro, Almeida Júnior voltou para Itu onde
atuou como retratista e deu aulas de desenho.
Resumindo sua carreira a partir de 1876, Almeida Júnior foi convidado pelo imperador
D. Pedro II para aperfeiçoar seus estudos e conhecimentos na Europa, mais precisamente
em Roma e mais tarde foi para França. A partir desse período o pintor e desenhista teve sua
carreira rumo ao auge, sendo reconhecido mundialmente por seus quadros e pinturas.
Foi trágico o final da vida do artista Almeida Junior, que aos 49 anos de idade
foi assassinado por um parente próximo no dia 13 de novembro de 1899. Próximo à virada do
século havia uma histeria total em torno do fim do mundo. Almeida Junior descia de uma
carruagem na cidade de Piracicaba, quando o parente e amigo de dentro da casa surgiu para
uma vingança, para lavar a honra ou simplesmente para saciar a sede de sangue de um coração
traído, pois o primo havia descoberto as cartas de amor da própria esposa que eram
endereçadas ao amigo que o traia, Almeida Junior sucumbiu após uma facada na altura do
pescoço que o matou em poucos minutos.
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CAPÍTULO 9
Impressionismo
Contexto histórico
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Características do impressionismo nas artes plásticas:
A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e os seus colegas
adotaram a designação de Impressionistas.
Em “Impressão, nascer do sol”, Monet interessa-se pela luz e os seus efeitos na
natureza. Pinta as coisas como as vê, e não como as imagina ou pressente, e privilegia a rapidez
e espontaneidade do traço, em detrimento da precisão do contorno. As cores complementares
– tonalidades de azul e laranja são privilegiadas por Monet. Para os impressionistas, as
cores influenciam mutuamente, e tons complementares dispostos lado a lado têm um
maior realce. As pinceladas não apresentam contornos definidos, as formas são mais sugeridas
do que representadas. Em “Impressão, nascer do sol”, as pinceladas são rápidas, pois a luz muda
depressa e a referência visual pode se perder. Os impressionistas, como Monet, evitam pintar
de memória. Apesar da névoa encontramos representados, elementos do porto, como
guindastes e navios. Os reflexos mostram o movimento das águas, que estão crispadas. A
composição de “Impressão, nascer do sol”, plana e bidimensional, é influenciada pela arte
japonesa. A obra encontra-se no Museu Marmottan-Monet em Paris, depois de ter sido roubada
em 1985 e recuperada em 1990.
41
A LUZ:
A diferença está na abordagem estética: os impressionistas parecem apreender o
instante em que a ação acontece ao criar novas maneiras de captar a luz e as cores.
Ainda no fim do séc. XIX, a academia ainda promovia os ideais da Renascença, opinando
que o tema na arte deveria ser nobre ou instrutivo e que o valor de uma obra de arte deveria
ser julgado com sua “parecença” (semelhante) descritiva com os objetos naturais.
Exemplo de obra Acadêmica: A arte acadêmica tem como características básicas o rigor
do estilo, o uso de temas históricos ou mitológicos e um tom moralista. Não é uma escola ou um
movimento específico.
O que é a LUZ?
Entre os vários fenômenos relacionados com a luz,
podemos dizer que a refração e a reflexão difusa da
luz são os grandes responsáveis pela nossa percepção
visual dos objetos.
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Sabemos que a luz branca proveniente do Sol ou de uma lâmpada é uma onda
eletromagnética composta por diversas outras ondas eletromagnéticas, que se diferenciam por
seu comprimento de onda, mas que se assemelham pela sua velocidade de propagação no
vácuo. Assim, cada cor é uma onda eletromagnética.
Isaac Newton (1642 – 1727) fez uma experiência na qual
fazia um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro.
Ao atravessar esse prisma, essa luz era refratada, ou seja,
sofria desvios e era decomposta, de forma que se podiam
observar sete cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul,
anil e violeta. A esse conjunto de cores separadas, dá-se o
nome de espectro da luz visível, pois, ao atravessar um
prisma invertido, as cores juntam-se novamente, resultando
na luz branca visível.
O espectro eletromagnético abaixo apresenta que a
faixa da luz visível é bem pequena, portanto, a maior parte
das radiações não são visíveis ao olho humano.
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ARTISTAS IMPRESSIONISTAS
Claude Monet..............................................................................................
É o principal e mais dedicado representante do movimento Impressionista. Sempre
preferiu a pintura ao ar livre, não importando as condições climáticas, com a finalidade de
capturar todos os efeitos da natureza. No início de sua carreira foi incompreendido,
especialmente por sua família, resultando em dificuldades financeiras por anos. Somente por
volta dos 40 anos de idade começou a vender seus quadros, morreu como um artista rico e
consagrado.
Monet nasceu em Paris em 14 de novembro de 1840 e aos cinco anos mudou-se para
Havre. Começou a pintar desde muito jovem o que lhe rendeu algum dinheiro vendendo
caricaturas, com o dinheiro comprava materiais de pintura. Contrário ao desejo da família,
Monet recusou-se a frequentar a Escola de Belas Artes preferindo estudar no Atelier de Suisse,
uma escola de pintura com perfil mais livre que não adotava ensino formal, ou seja, estilo
“acadêmico”.
Monet continuava seus estudos impressionistas e na década de 1890 pintou uma série
da Catedral de Rouen em diferentes horários e pontos de vista, desde o amanhecer até o
anoitecer.
Catedral de Rouen
Rouen, a cidade onde Santa Joana d'Arc foi martirizada pelos ingleses, possui uma das
catedrais góticas mais belas da França.
“A torre vai se adelgaçando, e dir-se-ia que a sua ponta vai se transformando em céu. A tal
ponto que não se sabe bem se a ponta é mais ar do que terra, mais luz do que pedra.
Demonstra uma vontade de subir, reflete uma elevação de alma”.
44
Nesse templo religioso, a glória de Deus é cantada por uma flecha que, simbolicamente,
atinge um píncaro mais alto que todos os edifícios. Símbolo da Igreja e da sociedade temporal
católica. A Igreja paira acima de tudo. Ela e a Cristandade cantam a glória de Deus.
O jardim de sua residência em Giverny também foi inspiração para uma série de obras
chamada Ninfeias.
“Ninfeias”. “A ponte”.
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Um dos pilares da pintura impressionista era retratar o que a mente concebe da
paisagem em detrimento ao que olho humano vê. Nesse sentido Monet desenvolveu técnicas
que o ajudariam a representar essa realidade. Usando pinceladas firmes e fragmentadas, por
exemplo, Monet retratava a ondulação e os reflexos da água com genialidade.
No fim de sua vida Claude Monet sofreu com catarata o que afetou seu entusiasmo para
continuar seus estudos. Monet morreu em 1926 e encontra-se enterrado no cemitério da igreja
de Giverny.
Imagem da ponte japonesa que foi retratada em tantas das obras-primas de Monet e casa de
Monet – Giverny.
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EDGAR DEGAS ......................................................................................
DEGAS, nome real Edgar-Germain-Hilaire de Gás, nasceu em 19 de julho de 1838. A
família vivia no padrão burguês de conforto e Degas nunca passou por necessidade financeira,
exceto por um breve período após a morte de seu pai. Bonito, rico, elegante e culto, afetava
quase arrogância na compostura um tanto empertigada.
Foi pintor de poucas paisagens e cenas ao ar livre. Os ambientes de seus quadros são
interiores e a luz é artificial. Sua grande preocupação era flagrar um instante da vida das pessoas,
apreender um momento do movimento de um corpo ou da expressão de um rosto, a leveza dos
movimentos, a delicadeza das cores em pastel e a sutileza do desenho.
“Mas é bom avisar que, quanto ao tema das bailarinas, que o senso comum entende
indissociável do artista, não foi bem assim. Na realidade, Degas não era um apaixonado por
bailarinas, mas pelo movimento, fosse observado em um espetáculo de balé, uma corrida de
cavalos ou uma empregada doméstica passando roupas. O artista fazia até sutilíssimas
anotações da mobilidade das expressões faciais, o que tornou excelente retratista”.
O artista parece frisar que a realidade é muito maior, que não cabe inteira na
representação possível dela. Ele observa novos ângulos escolhidos para fixar esses instantes.
Podem estar em plano aéreo, vendo a cena de cima para baixo, como a plateia dos camarotes
de um teatro. Ou podem mergulhar no poço da orquestra para, de baixo para cima, focar o palco
como detalhe e os músicos como assunto principal.
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“Bailarinas azuis”. “Carriage at the Races”.
Esses enquadramentos não seriam possíveis se, na época em que foram realizados, a
fotografia (inventada em 1839) já não estivesse estabelecendo um novo modo de comentar o
mundo. Quanto ao fascínio pelo movimento, cabe lembrar que o artista vivia em uma das
maiores metrópoles de um mundo que, graças às máquinas da Revolução Industrial, ganhava
um ritmo de vida acelerado. A velocidade passava a dominar a vida urbana e Degas foi dos
primeiros a fazer dela um tema artístico.
Édouard Manet (1832-1883) foi um pintor francês do século XIX, (1832-1883) nasceu em
Paris, França, no dia 23 de janeiro de 1832. Filho de um funcionário do Ministério da Justiça
detestava a ideia de seguir a carreira do pai, pois se desinteressava por tudo que não fosse
desenho. Foi reprovado duas vezes no exame de admissão para a Escola Naval.
48
Prefere os jogos de luz e de sombra, restituindo
ao nu a sua crueza e a sua verdade, muito
diferente dos nus adocicados da época.
O trabalhado das texturas é apenas sugerido, as
formas, simplificadas. Os temas deixaram de ser
impessoais ou alegóricos, passando a traduzir a
vida da época.
A esta sua liberação das associações literárias
tradicionais, cômicas ou moralistas, com a
pintura, deve o fato de ser considerado um dos
fundadores da arte moderna.
Em 1863, Édouard Manet provoca celeuma com a obra “Almoço na Relva”, a tela levada
ao “Salão dos Recusados” causa um dos maiores escândalos na história da arte moderna.
Pessoas verdadeiras pousaram para o pintor e uma senhorita, bastante conhecida, estava nua,
e isso era demais para a moral da época, que só aceitava figuras nuas em alegorias ou temas
mitológicos. A obra abriu caminho, anos depois, para os rebeldes impressionistas. Em 1865, a
tela “Olímpia” (1863) provoca mais um escândalo no Salão.
49
Não podemos deixar de perceber que o francês Édouard Manet, foi um nome
fundamental do período, fazendo a ponte do realismo e do naturalismo para um novo tipo de
pintura que levará ao impressionismo. Ele retratava a realidade urbana sem muito da carga
ideológica do realismo. Influenciou os impressionistas, assim como foi por eles influenciado.
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PIERRE-AUGUSTE RENOIR................................................................
Desde o princípio sua obra foi influenciada pelo sensualismo e pela elegância do rococó,
embora não faltasse um pouco da delicadeza de seu ofício anterior como decorador de
porcelana.
Seu principal objetivo, como ele próprio afirmava, era conseguir realizar uma obra agradável
aos olhos.
Renoir nunca deixou de dar importância à forma - de fato, teve um período de rebeldia diante
das obras de seus amigos, no qual se voltou para uma pintura mais figurativa. Mais tarde
retomaria a plenitude da cor e recuperaria sua pincelada enérgica e ligeira.
51
SUA PRIMEIRA OBRA DE DESTAQUE
.....................................................
*O reumatismo é o nome popular dado a um grupo de mais de 100 doenças que atinge os
músculos, ossos e articulações e também às doenças reumáticas que afetam o coração, os rins
e o sangue, sendo as principais: artrite, artrose, bursite, febre reumática, dentre outros. O
reumatismo não acontece apenas em idosos, mas também em crianças, no entanto a chance de
desenvolver qualquer tipo de reumatismo aumenta conforme a idade. Assim, é mais comum
que pessoas mais velhas apresentem qualquer tipo de reumatismo.
52
O JULGAMENTO DE PÁRIS – A última obra de Renoir.
53
PÁRIS
Para começar, nesta história Páris não é réu, mas sim juiz. E juiz da beleza feminina.
Páris, filho de Príamo, rei de Tróia, renegado pelo pai, cresceu entre pastores, e adulto
regressou a Tróia, sendo a sua identidade revelada.
Os deuses encontravam-se reunidos para celebrar as núpcias de Tétis e Peleu. Éris (a
Discórdia) lançou para o meio deles uma bola de ouro, dizendo que deveria ser entregue à mais
bela das três deusas: Atena, Hera e Afrodite. No Olimpo ninguém queria a responsabilidade da
escolha e Zeus ordenou a Hermes que conduzisse as três deusas junto de Páris, e este julgaria a
questão.
Na presença de Páris cada uma das deusas expôs os seus argumentos para ter direito à
bola de ouro. Cada uma prometeu-lhe dons especiais se decidisse a seu favor: Hera entregava-
lhe o domínio de toda a Ásia; Atena prometeu-lhe a sabedoria e a vitória em todos os combates;
Afrodite limitou-se a oferecer-lhe o amor de Helena de Esparta, lendária beleza por quem Páris,
estaria apaixonado. Páris decidiu que Afrodite era a mais bela.
Esta é uma lenda para os homens que preferem o amor ao poder, ao triunfo sobre os
outros, e até a sabedoria.
OS PERSONAGENS
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“Rosa e Azul”. “Mulher com sombrinha”. “Ao piano”.
CAPÍTULO 10
VANGUARDAS ARTÍSTICAS
*1ª Guerra Mundial: Principais causas (motivos) que provocaram a Primeira Guerra Mundial: A
partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou muitos
desentendimentos entre as nações europeias.
55
*Revolução Russa: Tinha como objetivo tirar do poder o Czar Nicolau II e tentar estabelecer uma
república popular, de cunho liberal, que trouxesse uma nova perspectiva da vida ao povo Russo.
Esses conflitos derrubaram o império russo e levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir
Lênin. Recém-industrializada e sofrendo com a 1ª Guerra Mundial, a Rússia tinha uma grande
massa de operários e camponeses trabalhando muito e ganhando pouco.
*Belle Époque: Bela época em francês foi um período de cultura cosmopolita na história da
Europa que começou no final do século XIX e durou até a eclosão da Primeira Guerra Mundial
em 1914. A expressão também designa o clima intelectual e artístico do período em questão.
*Crise financeira na Europa: Após a 1º guerra a Europa estava arrasada, 10 milhões de mortos,
cidades em ruínas, países sumiram e novos surgiram,impérios ruíram e os EUA enriqueceram
pois em troca de ajuda financeira a Europa teve que comprar todos os seus produtos. A
Alemanha derrotada foi humilhada tendo que ceder parte de seu território e quase todas as
riquezas e pagando pesadas indenizações, o que abriu caminho para os regimes totalitários.
Após a 1ª Guerra Mundial deixaram de existir na Europa, a Sérvia, Montenegro, Império Austro-
Húngaro, a Rússia passou a ser URSS e perdeu parte de seu território. O Reino Unido da Grã-
Bretanha e Irlanda passou a ser somente Reino Unido. E após a guerra tínhamos novos países
na Europa: Irlanda, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, Tchecoslováquia, Áustria,
Hungria, Iugoslávia, Turquia, Prússia Oriental.
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As Vanguardas Europeias representam um conjunto de movimentos artístico-culturais
que ocorreram em diversos locais da Europa a partir do início do século XX.
As vanguardas artísticas europeias que se destacaram foram: Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo,
Futurismo, Expressionismo. O conceito de vanguarda artística é muito complexo e, como várias
escolas artísticas diferentes foram consideradas de vanguarda, é difícil definir o que é o
vanguardismo. A palavra vanguarda deriva da palavra “avant-garde”, que em francês significa
guarda avançada que é a parte frontal de um exército, ou seja, o pelotão que faz todo o
mapeamento em um front de guerra. Então ser de VANGUARDA, é estar à frente com propostas
inovadoras nas linguagens da arte.
FUTURISMO
O Futurismo ocorreu na Europa no início do séc. XX, em um contexto de tensão política
entre as grandes potências, que antecedeu a Primeira Guerra Mundial e de uma evolução tecno
científica. Ficou conhecido pelo seu radicalismo ao propor a “destruição do passado”. Assim
como os outros movimentos de vanguarda, o futurismo surgiu em uma época de grande
desenvolvimento tecnológico nas áreas de comunicação e transporte, o que permitiu a
diminuição das distâncias e, portanto, favoreceu a velocidade nas comunicações. Desse modo,
esses dois fatores: “tecnologia” e “velocidade”, foram influências essenciais no futurismo, mais
do que em outros movimentos de vanguarda.
Características do Futurismo
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Luigi Russolo, 1885-1947, Portogruaro,
Itália
58
Tullio Crali, 1910-2000, Igalo, Montenegro
CAPÍTULO 11
SURREALISMO
• Aparece em 1924.
• O movimento forma-se durante o primeiro conflito mundial. Leva às suas mais extremas
consequências a dissociação da lógica da realidade e procuram a sua inspiração na
dimensão psíquica mais profunda, ou seja, o inconsciente.
• São destaques nesse movimento os artistas, Salvador Dalí, Joan Miró e Max Ernst.
• O surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris, inserido no
contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas
Grandes Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente ligados ao dadaísmo
ganhando dimensão mundial.
• Sonhos, fantasias, devaneios, inconsciência, ausência de lógica, formaram as bases das
criações do movimento surrealista. André Breton foi seu principal porta-voz e lançou,
naquele mesmo ano, o primeiro e principal manifesto - o Manifesto Surrealista.
Vladimir Kush
Como parte do seu processo artístico, os artistas desse movimento também exploravam
o imaginário dos sonhos como um atributo inquietante e bizarro da vida diária, chegando pedir
que pessoas comuns descrevessem suas experiências oníricas como uma forma de montarem
arquivos para suas produções. Assim os surrealistas concebiam o inconsciente como um meio
de imaginação, as formas e imagens não poderiam prover da razão, mas de impulsos e
sentimentos irracionais e surreais.
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SALVADOR DALÍ
60
Questões:
CAPÍTULO 12
MODERNO E CONTEMPORÂNEO
61
aperfeiçoados pelas modernas tecnologias trouxeram uma abundância de informações
que levaram a questionamentos de antigos paradigmas e categorias até então
relativamente estáveis, com a identidade social, nacional, de gênero ou étnica.
CAPÍTULO 13
BODY ARTE ou ARTE DO CORPO
Assim como as vertentes da Arte Ambiental entendem o espaço físico
como o lugar da obra, a “Body Art” encontra no corpo do artista o lugar para a
sua realização. Compreendida também como uma vertente da arte
contemporânea, usa o corpo como meio de expressão ou como a matéria para
a realização das obras.
Em geral a “Body Art”, está associada ao “Happening” e à “Performance”,
como como a diversas técnicas de registro das manifestações artísticas que tem
o corpo como lugar, como a fotografia ou o vídeo.
A “Body Art”, usa o corpo como suporte para intervenções que, em geral,
estão associados à dor, à violência e ao esforço físico, substituindo assim, uma
visão sensual e erótica do corpo.
É isso, justamente, o que caracteriza o Pós Modernismo, que começou a
explorar linguagens, quer de forma individual ou combinada. O termo afirma que
as novas posturas artísticas articulam, a seu modo:
Arte + Mundo + Natureza + Realidade Urbana + Tecnologia.
62
Como vertente da Arte Contemporânea, a “Body Art”, explora questões
que foram tornando cada vez mais presentes entre as sociedades, tais como
identidade, gênero, sexualidade, doença, morte e violência. Manifesta-se sob
forma de experiências que vão da exposição e exibição corporal direta até
mesmo experiências sadomasoquistas que muitas vezes, implicam situações
ameaçadoras da segurança tanto dos artistas quanto do público.
63
Principais Características:
CAPÍTULO 14
ARTE POVERA
Arte povera (pronuncia-se arte póvera; em português "arte pobre") foi uma
expressão criada pelo crítico e curador italiano Germano Celant, para referir-se
ao movimento artístico que se desenvolveu originalmente na segunda metade
da década de 1960 na Itália. O movimento povera se destacou na pintura,
escultura, instalação e performance. Sua ideia era, de fato, propor uma nova
reflexão estética sobre o produto artístico e trazer à tona sua efemeridade
através da utilização de materiais simples e naturais.
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Principais características da Arte
Povera:
CAPÍTULO 15
GRAFFITI e HIP HOP
NOVAS TENDÊNCIAS
Desde o início da década de 1970, murais, paredes e superfícies do metrô
novaiorquino foram cobertos por desenhos em grandes formatos, de autoria nem
sempre identificada, dando origem a um gênero que logo se afirmaria entre as
categorias artísticas reconhecidas pelo público e pelo mercado.
GRAFFITI
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O termo “Graffiti”, foi
empregado desde que, em
1975, a exposição realizada em
Nova York – “Artists Space”,
reconheceu o estatuto artístico
de parte dessa produção. A
palavra vem do italiano “grafito”
e significa: arranhado,
rabiscado; tendo sido
incorporado ao inglês em sua
forma plural.
66
67
68
CAPÍTULO 16
HIP HOP
O hip-hop surgiu na década de 70 como um movimento cultural entre os
latino-americanos, os jamaicanos e os afro-americanos da cidade de Nova York
mais precisamente no sul do Bronx. O disc-jockey Afrika Bambaataa é
considerado como o pioneiro e criador deste movimento social altamente
influente.
• Essas manifestações nasceram em bairros periféricos.
• Bairros predominantemente habitados por pessoas excluídas do sistema.
• Realidade difícil desses habitantes.
• Na cultura Hip Hop existe a fusão entre 4 elementos:
1. Música RAP: Com a aceitação da música rap nos meios sociais mais recentes
(nos últimos vinte anos), a palavra rhyme and poetry (rima e poesia); porém, é
fruto da indignação de jovens norte-americanos desfavorecidos
economicamente, onde usam a música, artes plásticas, dança, grafite etc. para
expressar suas ideias. Música que mescla o rap com batidas eletrônicas. O RAP
surgiu na Jamaica na década de 1960. Este gênero musical foi levado pelos
jamaicanos para os Estados Unidos, mais especificamente para os bairros
pobres de Nova Iorque, no começo da década de 1970.
3. Break Dance: O mais puro estilo de dança hip hop, o break dance surgiu no
início da década de 1970 como elaborações do modo de James Brown dançar
na TV. O Break leva este nome em alusão aos movimentos de quebrar (to Break)
realizados pelos dançarinos que protestavam contra a guerra do Vietnã, também
devido à dança ser realizada nos espaços “quebradas” das músicas e
principalmente por Break significar ruptura, tal qual essa dança que rompe
culturalmente com o sistema.
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CAPÍTULO 17
Hiperrealismo
Buscava retomar a figuração de modo impessoal e detalhado, fazendo frente ao
hermetismo da arte contemporânea. O termo refere-se às manifestações da pintura e da
escultura que, originadas no início dos anos 1970 nos Estados Unidos, difundiram-se depois na
Europa.
O extremo realismo das imagens demanda no registro da ordem e das formas existentes no
mundo exterior, em lugar de qualquer expressão de emoção diante do mundo .
70
Ron Mueck - 1958, Melbourne, Austrália
71
Paul Shanghai – China
O artista chinês Paul Shanghai passa horas aperfeiçoando suas obras nas quais ele recria
o movimento e a transparência de materiais líquidos em suas telas.
Em alguns trabalhos, o artista consegue moldar todas as formas e curvas de um desenho com
aspecto líquido, fazendo flores, pessoas e objetos com traços d’água.
Shanghai é conhecido também por telas muito realistas, feitas a lápis, com retratos de pessoas,
artistas famosos e de ícones da cultura mundial.
72
CAPÍTULO 18
MINIMALISMO
Manifesta-se no cenário da época com características próprias. Rapidamente, o objeto
minimalista, despojado de qualquer composição ou intervenção realizada por meio da
habilidade manual do artista, levantou outras questões no meio da arte e deu origem à
ANTIFORMA: a obra de arte realizada com “qualquer material”, pedaços de materiais disformes,
matéria indiferenciada, ou até mesmo “nenhum material”, com a exceção de ações e ideias, o
que resultou na Arte Conceitual.
O termo minimalismo está associado a tendências manifestadas em dança, na música, na
literatura, na arquitetura e nas artes visuais, desde o princípio da década de 1950.
A Minimal Art, como ficou mais conhecida essa tendência na pintura e na escultura,
inicia-se no começo da década de 1960, entre artistas atuantes em Nova York e Los Angeles, e
seu vocabulário era construído de ideias como despojamento, simplicidade e neutralidade,
manejado com o auxílio de materiais industriais – Vidro, aço, acrílico, etc.
A obra minimalista não alude a nada além de sua presença literal no espaço. A cor, quando
usada, não é referencial, ou seja, não pretende buscar apoio no mundo real. Normalmente
dispostos em paredes, cantos de salas, ou diretamente sobre o chão, ela revela o espaço da
galeria como um espaço real, tornando o observador consciente de seus próprios movimentos
por meio do espaço.
73
O observador é um elemento em movimento, participante das relações mutáveis do tempo-
espaço. As obras provocam esse sentido de mobilidade do espectador, que deve se submeter às
novas regras de fruição da obra de arte.
CAPÍTULO 19
ARTE CONCEITUAL
Surgido na Europa e nos Estados Unidos entre o fim da década de 1960 e meados dos
anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra.
O termo foi usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961, no qual o artista
defende que os conceitos são a matéria da arte e, por isso, ela estaria vinculada à linguagem: o
mais importante são as ideias, ficando a execução em segundo plano.
Na Arte Conceitual, o projeto (a ideia, o conceito) a ser realizado não precisa ser
construído pelas mãos do artista. Muitas vezes, para a realização dos projetos conceituais, é
necessário recrutar pessoas que tenham habilidades específicas ou locais que tenham condições
de abrigar os projetos.
ANTECEDENTES:
As ideias dos artistas conceituais tiveram início com algumas manifestações ocorridas
sem diversos lugares do mundo. No Japão, entre 1955-1956, o Grupo Gutai deu início a uma
série de atividades performáticas, quem incluíam, entre outras, caminhar ao longo de uma linha
branca e coletar água nas depressões de tiras de plástico penduradas entre árvores. Em 1958, o
artista Yves Klein organizou, na galeria parisiense Iris Clert, uma exposição intitulada “O VAZIO”.
No espaço expositivo, os visitantes passavam através de uma cortina tingida de azul intencional
Klein, pendurada na porta da galeria, e entravam em uma sala completamente vazia.
O INUSITADO ESTRANHO
Na Itália, após diversas manifestações artísticas, Piero Manzoni realizou uma de suas
obras mais polêmicas: “Merda d’artista”, colocando em questões os limites entre o artista, a
arte e seu próprio corpo como produtos consumíveis.
74
A obra consiste de 90 latas de fezes do
artista, vendidas a um preço estabelecido
pelo equivalente a seu peso em ouro.
Profundas modificações no mundo da arte
faziam com que nada mais parecesse
estranho ou inapropriado, e o que se exigia
do espectador era que estivesse aberto à
reflexão e à dúvida que apropria o
“Merda d’artista” Piero Manzoni (1961). conhecimento.
ARTE?
CONCEITO?
“Uma lata dentro de uma lata. O que está dentro dessa lata menor? Parece que ninguém
realmente sabe desde que Bazile não abriu a lata interna. Pode muito bem ser que o
excremento de Manzoni de 1961 esteja contido no "pacote interno". Talvez essa questão seja
resolvida em algumas obras de arte futuras. Enquanto isso, a FDA tem uma visão fraca da
embalagem que na verdade não contém o que o rótulo diz. Mas, mesmo que a lata interna
contenha 30 gramas de matéria fecal, ainda pode ser considerada um pacote enganoso, uma
vez que as próprias latas foram originalmente vendidas com base em seu peso”.
75
DISCUTINDO A PROPOSTA DO ARTISTA ACIMA:
1. Qual a sua opinião sobre a obra de Piero Manzoni?
2. O que ele propôs pode ser entendido como Arte? Sim? Não? Porque?
Nós já estudamos sobre Marcel Duchamp dentro do Dadaísmo, porém retomaremos um pouco mais a fundo a sua
produção artística, devido a outro movimento estético criado por ele conhecido por Ready Made, dentro da Arte
Conceitual.
Em 1913 criou o Ready Made (Manifestação artística que rompe com o tradicional e
pega objetos práticos para transforma-los em obras de arte). Maior exemplo é a obra Fonte,
criada em 1917, a partir de um urinol. Porém, sua primeira obra Ready-Made, "Roda de bicicleta
sobre um banquinho", foi criada em 1913.
Em 1916, surgiu o dadaísmo e Duchamp passou a fazer parte do grupo de artistas
dadaístas de Nova Iorque.
Embora seja considerado um artista dadaísta, trabalhou com vários conceitos artísticos
do impressionismo, cubismo e expressionismo.
READY MADE
O Ready Made nomeia a principal estratégia de fazer artístico do artista Marcel
Duchamp. Essa estratégia refere-se ao uso de objetos industrializados no âmbito da arte,
desprezando noções comuns à arte histórica como estilo ou manufatura do objeto de arte, e
referindo sua produção primariamente à ideia.
O Ready Made é uma manifestação ainda mais radical da intenção de Marcel Duchamp
de romper com a artesania da operação artística, uma vez que se trata de apropriar-se de algo
que já está feito: escolhe produtos industriais, realizados com finalidade prática e não artística
(urinol de louça, pá, roda de bicicleta), e os eleva à categoria de obra de arte.
Ao longo de seu trabalho, Duchamp termina por qualificar a produção de Ready Mades.
A expressão se refere primariamente aos objetos que não sofreram transformação formal. Na
qualidade de objetos, assim, de algum modo transformados, temos os Ready Madres ajudados,
retificados, corrigidos e recíprocos, segundo o modo pelo qual sua forma sofre interferência por
parte do artista.
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Como em outros casos, está implícito o típico propósito dadaísta de chocar o espectador
(o artista, o crítico, o amador de arte), choque que caracteriza a atitude das vanguardas (que
necessitam desse choque para reformular o conceito de arte) e persiste frequentemente na arte
contemporânea. Mas o Ready Made também evidencia sua constituição em uma neutralidade
estética, a partir da qual a operação de sentido é proposta: o Ready Made inicia numa
"indiferença visual".
Uma arte calcada no conceito, que se desenvolve a partir do encontro (rendez-vous), ou
seja, do achado fortuito, que dota o objeto de sentido de modo desinteressado, e que, assim,
fará com que a obra exista para qualquer sujeito do mesmo modo; em relação à “aesthesis”, a
sensação, o Ready Made se oferece como fato estético no qual podemos incluir e elaborar
nossas experiências, mas que independe da categoria gosto.
Questão:
Conceitue as obras (abaixo) - Caderno:
1.
2. 3.
77
CAPÍTULO 20
ARTE E MÍDIA
78
Arte em Novos Meios, Arte Digital e Arte Eletrônica. Por um lado, as Histórias da
Artemídia lidam com a interrelação contemporânea entre arte, tecnologia e
ciência. Por outro, o campo visa revelar as relações históricas e aspectos da
sobrevida na Arte com Novos Meios por meio de uma abordagem histórica
comparada. Esta linha de pesquisa envolve questões da história dos meios e da
percepção, dos chamados arquétipos, bem como questões da iconografia e da
história das ideias.
A Arte com Novos Meios é uma denominação abrangente que envolve
formas artísticas que são produzidas, modificadas e transmitidas por meio de
tecnologias digitais ou, em um sentido mais amplo, fazem uso de tecnologias
‘novas’ e emergentes que têm sua origem em um contexto científico, industrial
ou militar. A maioria dos autores que tentam ‘delinear’ o objeto estético da Arte
com Novos Meios enfatizam aspectos de interatividade, processualidade,
multimídia e tempo real. O foco da Arte com Novos Meios reside nas implicações
culturais, políticas e sociais bem como nas possibilidades estéticas de forma
mais ou menos relacionadas à ‘especificidade do meio’, dos meios digitais.
Consequentemente, pesquisadores reconhecem a função dos meios técnicos na
Arte com Novos Meios não apenas como um ‘mensageiro’ do significado, mas
como um meio que fundamentalmente molda o próprio significado da obra de
arte.
Ainda, o campo da Arte com Novos Meios é influenciado por ‘novas’
tecnologias que ultrapassam uma compreensão tradicional dos meios artísticos.
Isto se torna evidente em tecnologias que tem sua origem no campo da
biotecnologia e ciências da vida que são empregadas em práticas artísticas
como Arte Biológica, Arte Genética e Arte Transgênica. Portanto, o termo Arte
com Novos Meios não denota um ‘gênero’ estável de produção artística. De outro
modo, trata-se de um campo que enfatiza ‘novas’ tecnologias (de modo a
estabelecer uma diferença explícita com os meios e gêneros tradicionais da
arte). A lista de gêneros que são geralmente compreendidos pela denominação
Arte com Novos Meios ilustra seu escopo abrangente e inclui, entre outros:
• Arte Virtual: Capacidade de produzir realidades, embora nem sempre
palpáveis, uma característica da arte em todos os tempos, realidades que
se instalam a partir da interação entre os sujeitos e os objetos de arte:
realidades virtuais. As possibilidades trazidas pela informática à arte
renovam condições à própria arte de ludibriar conceitos e teorias
engessadoras, críticos e instituições repressoras que insistem em se
manter presas a visões tradicionalistas.
• Software Art: Software arte faz referência a trabalhos de arte nos quais
a criação do software, ou os conceitos que partem do software têm um
papel importante; por exemplo: softwares que foram criados por artistas
com a intenção de produzir uma "obra de arte". Mesmo que os
videogames também tenham sido considerados software arte, o termo é
geralmente utilizado para trabalhos únicos realizados e que geralmente
não são interativos e não se enquadram nas definições mais usuais de
"jogo".
• Internet Art: Uma de suas principais característica estéticas envolvem a
interatividade, por meio da qual o interagente, atuador ou usuário é capaz,
em alguns casos, de modificar o conteúdo do que está sendo acessado,
em tempo real, de modo a transformar o evento em função de sua
participação. A criação de um trabalho de arte para a internet, parte do
79
princípio de estabelecer-se relações com a sensibilidade do internauta,
tornando a navegação, uma experiência insólita, cômica, hermética,
repetitiva, labiríntica, estética etc. Assim, a leitura de típicos trabalhos de
Internet art que se utilizam de elementos do universo computacional
(botões padrão, barras de navegação, mensagens típicas de softwares
etc.) dependerão da existência das informações deste universo no
repertório visual e cotidiano do visitante.
• Game Art: Cria "jogos novos, inovadores e interessantes", bem como os
jogos de exposição que podem ser considerados " formas da arte”.
• Glitch Art: É a exploração estética do erro da máquina analógica ou
digital, através da introdução de erros nos dados e códigos de artefatos
digitais ou da manipulação física de objetos eletrônicos.
• Arte Telemática: Essa estética evidencia, mais uma vez, a importância
do processo em detrimento do produto, introduzindo a interação em
tempo real com a atualização de sistemas multimidiáticos de base
numérica e conexão a interlocutores remotos, singularidades das redes
telemáticas.
• Arte Biológica / Arte Genética: BioArt é uma prática de arte onde os
seres humanos trabalham com tecidos vivos, bactérias, organismos vivos
e processos de vida. Usando processos científicos como a biotecnologia
(incluindo tecnologias como engenharia genética, cultura de tecidos e
clonagem), as obras são produzidas em laboratórios, galerias ou estúdios
de artistas. O escopo do BioArt é considerado por alguns artistas como
estritamente limitados a “formas vivas”, é uma das tendências mais
recentes desenvolvidas pela arte contemporânea. Tem a peculiaridade de
assumir a biotecnologia como um meio. O cultivo de tecidos vivos, a
genética, as transformações morfológicas, as construções biomecânicas
são algumas das técnicas utilizadas pelos artistas da biografia, colocando
questões éticas e sociais para o desenvolvimento da biotecnologia.
• Arte Interativa: Arte interativa é a forma de arte que envolve, de algum
modo, a participação do espectador. Alguns conseguem isso fazendo o
espectador andar pela obra, como grandes esculturas ou instalações, ou
mesmo fazendo o espectador literalmente vestir a obra como uma peça
de roupa.
• Computer Animation: É o processo usado para a geração de imagens
animadas. O termo CGI: Imagens Geradas por Computador, abrange
ambas as cenas estáticas e imagens dinâmicas, enquanto o computador
animação única refere-se às imagens em movimento. A animação por
computador é essencialmente um sucessor digital para os “Stop Motion”
técnicas usando modelos 3D e animação tradicional técnicas usando
“Frame-by-Frame” animação de ilustrações 2D.
• Computação Gráfica: A Computação Gráfica reúne um conjunto de
técnicas que permitem a geração de imagens a partir de modelos
computacionais de objetos reais, objetos imaginários ou de dados
quaisquer coletados por equipamentos na natureza.
• Hackativismo: É normalmente entendido como escrever código fonte, ou
até mesmo manipular bits, para promover ideologia política, promovendo
expressão política, liberdade de expressão, direitos humanos, ou
informação ética.
80
• Mídias Táticas: Mídia tática pode ser definida como a apropriação dos
meios de comunicação a fim de se opor ou criticar um alvo que
frequentemente ocupa determinada posição de poder.
Arte e ativismo
O quanto nós podemos misturar essas duas coisas?
Essa questão, posta por artistas e ativistas desde o caldo primordial da
contracultura, adquire uma importância cada vez maior em nossos dias. Ela
ganha tanto mais força, quanto mais se acirra a revolta contra a apropriação
privada do espaço público realizada pela propaganda e o marketing e contra
esse fluxo unilateral da comunicação que nos impõe uma versão mercantilizada
da vida. A questão sobre a mistura arte-ativismo ganha tanto mais importância,
quanto não se aceita essa subordinação da máquina comunicacional ao
consumismo e se está considerando agir. O resultado foram movimentos como
o “CULTURE JAMMING”, “ADBUSTER” e “SUBVERTISING” e outras
“semióticas de guerrilha”. Pode-se dizer que, numa “sociedade do espetáculo”,
a luta política fica constrangida a ter que incorporar um uso tático da arte e, vice-
versa, a arte.
Mídia e ativismo
Parece que se tornou impossível não misturar essas duas coisas!
Em especial, na era das mídias eletrônicas e sociais, quando as condições
de produção e difusão audiovisual se colocam “ao alcance da mão”. Quando
passa a valer, como nunca, a máxima do ativismo tático: “não odeie a mídia, seja
a mídia!”
Define-se mídia tática como um modo de reapropriação do espaço público
comunicacional, baseado nas invenções de uso tático, na ação política, das
ferramentas simplificadas e acessíveis de produção e difusão social de conteúdo
midiático. Embora frequentemente se utilize a expressão para designar um certo
estilo de uso tático das mídias e um certo tipo de ativismo político, quase sempre
de caráter opositor e contestador, está tomando um sentido ampliado,
designando todo tipo de intervenção no campo midiático que reverta, de alguma
forma, “o fluxo de mão-única de comunicação e poder” e instaure a possibilidade
de ocupação do “espaço público publicitário” por outras narrativas.
81
CAPÍTULO 21
DRAMATURGOS
William Shakespeare
82
clássicos, novelas, contos e crônicas, que foram fundamentais para sua
formação de dramaturgo.
Shakespeare passou a ser o copista oficial de uma companhia, onde
representava e adaptava peças de autores anônimos. Logo estava escrevendo
o maior número das peças apresentadas no Teatro Globo, ocupado pela
companhia de Burbage, da qual fazia parte.
A obra de Shakespeare abrange aproximadamente 40 peças, entre
comédias românticas, tragédias e dramas históricos, divididos em quatro fases
que acompanham a evolução do autor.
Em suas obras, Shakespeare teve o dom de captar com igual maestria as
paixões mais turbulentas e os sentimentos mais puros, a mais rica alegria e o
mais penoso desespero. Foi magistral o traço dos personagens que povoaram
seu mundo.
83
apaixonado desperta certa desconfiança sobre os limites do real e do imaginado.
Afinal, Romeu e Julieta viveram para fora da cabeça de Shakespeare?
De fato, a primeira versão impressa desta obra cita que o enredo daquela
história já havia sido encenado em diversas peças de teatro. Um italiano
chamado Giralomo della Corte, que viveu na mesma época de Shakespeare,
dizia que a cidade de Verona vivenciou esse caso amoroso no ano de 1303.
Teria o italiano se inspirado pela obra do escritor inglês ou Shakespeare
explorou oportunamente um fato histórico que chegou a seus ouvidos? Difícil
dizer.
No entanto, outras obras mais
antigas que a do próprio Shakespeare
também instiga outras questões a esse
mistério. No século II, o escritor grego
Xenofonte Epehesio escreveu a obra
“Anthia e Abrocomas”, que possui
diversas semelhanças com a história
dos amantes italianos. Uma outra
versão diz que o escritor italiano Luigi
da Porto se inspirou em uma obra
chamada “Novellino” e produziu um
romance ambientado pelos amantes
Romeo e Guilietta.
Essa mesma hipótese recai sobre uma obra do escritor italiano Matteo
Bandello, que produziu uma versão da história em 1554. Tempos depois, essa
história teria sido traduzida para o francês e uma versão em inglês transformou-
a no poema “Romeus and Juliet”. No ano de 1567, uma versão em prosa do
poema teria gerado o livro “The palaceo fpleasure”, de Willian Paynter.
Entre tantas versões do que parece ser uma mesma obra, muitos
historiadores chegaram à conclusão de que Shakespeare teria compilado uma
peça teatral de origem completamente desconhecida. Entre tantas versões e
possibilidades, ninguém sabe afirmar se Romeu e Julieta remontam histórias de
um tempo remoto ou se vieram a viver na Península Itálica. O único elemento
realmente comprovado de toda essa história é o sobre as famílias Montecchi e
Capelletti.
Na mais famosa obra do escritor Dante Alighieri, “A Divina Comédia”, as
duas famílias são citadas enquanto exemplo das disputas políticas e comerciais
desenvolvidas na Itália. No entanto, ainda há gente que discorde disso. Para o
historiador Olin Moore, o nome destas duas famílias seria um outro desígnio para
dois importantes partidos políticos rivais italianos: os gibelinos e guelfos.
Por mais que essa polêmica nunca tenha uma resposta definitiva,
podemos notar como as pessoas se sentem
impelidas a querer comprovar algo que se apresenta
como ficção. O amor trágico e desmedido de Romeu
e Julieta parece instaurar um arquétipo de um amor
ideal, muitas vezes, distante das experiências
afetivas cotidianamente experimentadas. Talvez por
isso, tantos acreditam (ou pelo menos torcem) para
que um amor sem medidas como do casal
shakespeariano acontecesse.
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OUTRAS OBRAS
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Bertolt Brecht
Vida e obra:
- Começou a escrever ainda jovem, publicou
seu primeiro texto em um jornal em 1914.
- Cursando Medicina, trabalhou em um hospital
em Munique durante a Primeira Guerra
Mundial.
- A paixão pelo teatro impulsionou a vida de
Brecht. Em 1918 escreveu as peças “Tambores
da Noite” e “Baal”, que foram encenadas em
Munique.
- Em 1919 Bertolt Brecht ingressou no Partido Independente Socialista.
- O período seguinte foi bastante produtivo, escreveu as peças:
Bertolt Brecht tinha fortes influências marxistas, o que fez de seu teatro uma
forma de conscientização do povo para questões da sua própria realidade.
• Na peça “Mãe Coragem e Seus Filhos”, apresenta as
questões da guerra e do capitalismo através de uma
mulher que, para sobreviver como ambulante
precisava que a guerra continuasse.
• Em 1933, com a perseguição nazista, Brecht exilou-
se na Suíça, depois em Paris e na Dinamarca.
• Nessa época escreveu “Terror e Miséria do Terceiro
Reich” (1935) e “A Vida de Galileu” (1937), onde tem
seu trabalho amadurecido, conseguindo fundir a análise sociológica com
a psicologia do ser humano.
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Augusto Boal
Vida e obra:
- Formado em Química pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro e embarcou para
Nova York, com o objetivo de estudar teatro
na Universidade de Columbia. Na volta,
assumiu a direção do Teatro de Arena, em
São Paulo, em parceria com José Renato.
- Logo depois do Golpe de Estado, Boal foi
para o Rio de Janeiro, onde dirigiu o
show Opinião, iniciativa de artistas e
autores ligados ao CPC da UNE, que havia
sido colocado na ilegalidade.
- De volta a São Paulo, montou, ao lado de
Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, uma
peça inspirada na história do Quilombo de Palmares, Arena Conta Zumbi (1965).
Naquele momento, criou o Sistema Coringa, que permite aos atores se revezar
entre diversos papeis.
- Exilado, viveu na Argentina, em Portugal e na França. Foi durante o exílio que
ele desenvolveu as bases conceituais do Teatro do Oprimido, método teatral
ligado ao teatro de resistência, a Bertolt Brecht e aos movimentos de vanguarda
surgidos na Rússia e na Alemanha nos anos 1930.
- O objetivo do Teatro do Oprimido é suscitar a tomada de consciência e a
mobilização política. Ele voltou ao Brasil em 1984, depois da anistia. Em 1986,
fundou o Centro de Teatro do Oprimido.
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Teatro do Oprimido
A poética do Teatro do Oprimido está organizada em diferentes
formas/técnicas de ações dramáticas, acrescentando que para Boal o teatro é
ação.
O “Teatro-Jornal” foi uma forma de ação teatral desenvolvida por Boal no
Teatro de Arena, em São Paulo - Esta técnica pretende que se transforme
quaisquer notícias de jornal, ou qualquer outro material sem propósito dramático,
em cenas ou ações teatrais. Segue as possibilidades de trabalho com o Teatro-
jornal:
• “Leitura simples” - destaca-se a notícia que se pretende trabalhar, e faz
uma leitura da mesma, de forma objetiva desvinculando-a da ideologia do
jornal em que ela se encontra.
• “Leitura cruzada” – Busca-se duas fontes da mesma notícia e faz-se a
leitura de ambas ao mesmo tempo, de forma que surjam novos olhares.
• “Leitura complementar” – Acrescenta-se dados/fatos que foram omitidos
na notícia, para direcionar o pensamento do leitor.
Nelson Rodrigues
90
Dias Gomes
Vida e obra:
Aos 15 anos, escreve sua
primeira peça, Comédia dos Moralistas.
Durante a Segunda Guerra Mundial,
mais especificamente em 1941, Dias
Gomes escreve o drama:
• ”Amanhã Será Outro Dia”,
abordando as questões centrais
do nazismo, como a Gestapo,
a invasão da França e o exílio
dos perseguidos políticos.
Em 1942, o Estado Novo, regime
ditatorial implantado por Getúlio
Vargas, censura a exibição de sua peça
“Pé de Cabra” pelo teor marxista da
trama, obrigando o autor a alternar sua atividade de dramaturgo com a de autor
de radionovelas, a qual deixou de exercer com a instauração da Ditadura
Militar em 1964.
Entre suas peças mais famosas que são readaptadas, estão:
• ”O Pagador de Promessas” ;
• ”Bem-Amado”.
Como autor de telenovelas, atividade que o consagra definitivamente,
estreia em 1969 com a novela “A Ponte dos Suspiros”, da Rede Globo, valendo-
se da influência da esposa Janete Clair. Dias Gomes também sofre com a
censura, que impede a novela Roque Santeiro de ir ao ar no dia da estreia, em
1975, devido ao conteúdo que abordava, entre outras, a questão da reforma
agrária. A obra só seria veiculada dez anos depois, sob a direção de Daniel Filho
e com o trio Lima Duarte, Regina Duarte e José Wilker nos papéis principais.
Apesar das restrições, Dias Gomes atinge o sucesso com a maioria de
suas novelas. Além das já citadas, incluem-se Bandeira 2 (1971-1972), O
Espigão (1974) e Saramandaia (1976), e as séries Carga Pesada e Decadência.
Nos últimos anos de vida, passa a se dedicar a textos mais curtos, alegando que
“Uma novela é o caminho mais curto para um enfarte”.
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Oscar Wilde
Vida e obra:
Cresceu rodeado de
intelectuais. Criado no
protestantismo, converteu-se ao
catolicismo.
Estudou no Trinity College,
em Dublin e ganhou uma bolsa de
estudos para estudar em Oxford.
Foi morar em Londres, onde
teve uma vida movimentada, regada
aos prazeres da bebida, escrevendo
poemas e textos para o teatro.
Visava transformar o
tradicionalismo da "Época Vitoriana", levando um tom de vanguarda às artes.
Escrevendo para o teatro, chegou a ter, ao mesmo tempo, três peças em cartaz
nos teatros ingleses.
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Molière
Vida e obra:
• - O Avarento (1668)
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De acordo com a peça, os personagens se equiparam a identidades
contemporâneas. Personagens: Harpagon, Élise, Valère, Cléante, Mariane,
Anselme.
Ambientação:
O Avarento é uma peça escrita pelo francês Molière, em 1668. Grande
conhecedor da aristocracia francesa da época, por onde transitava com sua
companhia, o dramaturgo pincelava retratos cáusticos muito precisos dos
"nobres", utilizando a comédia como instrumento principal. Fazendo do riso sua
arma, Molière atraía plateias e ainda conquistava amizade com os nobres
retratados que, vistos através da comicidade, não se davam conta da crítica
contida nas entrelinhas.
Resumo:
Harpagon é um homem rico, mas terrivelmente avarento, que vive em constante
pavor de que roubem uma arca de ouro que enterrou no jardim. Ele tem um
criado, Valère, apaixonado por sua filha, Élise. Valère tem certeza de que é
descendente de uma boa família, mas perdeu-se de seus parentes no passado
e tem pouca esperança de que o patrão permita seu casamento com a moça.
Enquanto não prova que tem sangue nobre, Valère tenta conquistar a afeição do
patrão bajulando-o o tempo todo.
O filho de Harpagon, Cléante, também está apaixonado. Quer se casar
com Mariane, uma garota pobre e órfã, mas também tem pouca esperança de
que o pai permita o enlace. Como Mariane não tem dinheiro, Cléantenem contou
ao pai sobre o relacionamento. E o que ele não imagina é que o próprio
Harpagon, viúvo há muitos anos, também está interessado na moça.
Um dia, Harpagon informa a Élise que decidiu casá-la com Anselme, um
ricaço de cinquenta anos, que propôs desposá-la mesmo sem dote. Élise odeia
a ideia, mas Harpagon não quer perder proposta tão vantajosa. Desesperada,
Élise pede a ajuda de seu amado Valère. Ele jura que evitará o casamento e diz
que, em último caso, fugirão juntos.
Enquanto isso, Cléante está tão determinado a se casar com Mariane que
decide pedir dinheiro emprestado a um agiota, como forma de se livrar do jugo
financeiro do pai. Ele sabe que o agiota é um explorador que cobra vinte e cinco
por cento ao mês, mas marca uma entrevista. Lá chegando, uma grande
surpresa: o agiota é o próprio Harpagon. Pai e filho brigam feio e o negócio não
se consuma.
Harpagon dá uma festa em homenagem à Mariane, gastando o mínimo
possível em comida e bebida. Mariane, que já achava Harpagon repulsivo, passa
a detestá-lo ainda mais quando descobre que ele é pai de seu amado Cléante.
Depois da festa, Cléante não resiste e confessa a Harpagon que ama Mariane.
O velho passa a desejar ainda mais ardentemente que a garota seja sua. Cléante
jura que fará tudo para impedir tal união e Harpagon o deserda. Nesse momento,
um criado entra alertando que alguém roubou o dinheiro enterrado no jardim.
Harpagon fica desesperado, suspeitando de todos, até de si mesmo.
Um criado invejoso diz a Harpagon que o ladrão é Valère. Harpagon,
mesmo sem provas, chama a polícia para prender o rapaz. Anselme chega a
tempo de ouvir Valère brigar com Harpagon, confessar seu amor por Élise e jurar
que se casará com ela de qualquer maneira. Anselme, comovido, retira sua
proposta de casamento, pois não quer forçar Élise a um enlace indesejado.
Harpagon fica furioso por perder o genro rico.
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Chega um magistrado para prender Valère, mas o rapaz diz que não pode ser
levado para a cadeia porque é, na verdade, um nobre, filho do napolitano Don
Thomas d’Alburci. Valére conta que sofreu um naufrágio que o separou de seus
parentes, os outros d’Alburci. Julga que estejam todos mortos. Mariane,
emocionada, descobre assim que é irmã de Valère. Ela também sobrevivera ao
naufrágio. E a alegria não fica por aí. Anselme revela que é pai dos dois, Don
Thomas d’Alburci em pessoa. Ele também conseguira chegar à terra firma e,
achando que os filhos tinham morrido, adotara em Paris o novo nome de
Anselme.
As surpreendentes revelações não fazem diferença para Harpagon. Ele
continua insistindo para que Valère devolva seu dinheiro. Cléante aparece para
dizer que, na verdade, tinha sido ele o ladrão e que só devolveria o ouro se o pai
permitisse seu casamento com Mariane. Anselmo é o primeiro a dar seu
consentimento e ainda concorda em pagar pelos dois casamentos.
Harpagon não vê outra saída senão concordar.
Mariane e seu irmão Valére vão com Anselme para reencontrar a mãe
que não vêem há anos. Junto com eles, seguem seus amados Cléante e Élise.
Harpagon fica sozinho, agarrado à sua arca de ouro, o único e verdadeiro amor
de sua vida.
Vida e obra:
Em 1950, Maria Clara Machado
estudou teatro em Paris. Permaneceu por
um ano na capital francesa. Ao voltar para
o Brasil, Maria Clara Machado, juntou-se
a outros jovens amigos, que fundaram o
grupo de Teatro Amador “O Tablado”.
MESTRE DA IMPROVISAÇÃO
De 1964 a 2000, Clara ministrou
aulas n’O Tablado. Desde turmas para
adolescentes até aulas exclusivas para a
terceira idade. Durante todos estes anos,
formou inúmeros atores, professores e
artistas de teatro.
O TABLADO
O Tablado forma atores de teatro desde 1964. Com aulas ministradas no
palco – um diferencial importante para quem estuda artes cênicas –, O Tablado
tem como diretriz a aprendizagem e a prática das técnicas de improvisação,
através de método desenvolvido pelo francês *Charles Dullin e adaptado, no
Brasil, por sua discípula Maria Clara Machado.
• Dullin pregada e praticada respeito pelo texto, uma decoração em estágio
simplificado, favorecendo uma poética em vez de uma perspectiva espetacular
na mise-en-scène , colocando o ator no centro do empreendimento teatral.
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A DRAMATURGA
Maria Clara Machado era atriz, professora e diretora. No entanto, seu
reconhecimento nacional e internacional provém do exercício da escrita. Por
todo Brasil e Europa, seus textos são reconhecidos: “Pluft, o Fantasminha”, que
tinha medo de gente, e a bruxinha Angela, que era boa.
“Pluft, o Fantasminha” é um clássico da dramaturgia infantil e o texto mais
importante de seu repertório, que ganhou sua primeira montagem em 1955. A
peça obteve enorme repercussão e aceitação, tendo sido encenada em várias
cidades do Brasil e no exterior, traduzida em diversas línguas, como espanhol,
alemão e francês.
Maria Clara Machado e O Tablado ganharam inúmeros prêmios e
homenagens com todas as montagens de Pluft ao longo destes anos. Cada nova
encenação do texto do fantasminha, que tem tanto medo de gente e de mar
também, encanta e comove uma nova geração de crianças. Da mesma forma
que o fantasma se surpreende com a menina que derrama o mar todo pelos
olhos, crianças e adultos se surpreendem com os medos e descobertas de Pluft.
96
CAPÍTULO 22
GÊNEROS TEATRAIS
Teatro do Absurdo
Principais características
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Teatro Engajado
Teatro Pobre
O pobre em seu
teatro significa eliminar
tudo que é
desnecessário,
deixando um ator ou
atriz vulnerável e sem
qualquer artifício.
Na Polônia,
seus espetáculos
eram representados
num espaço pequeno,
com as paredes
pintadas de preto, com
atores apenas com
vestimentas simples,
muitas das vezes toda
em preto.
Seu processo de ensaio desenvolvia exercícios que levavam ao pleno
controle de seus corpos para desenvolver um espetáculo que não deveria ter
nada supérfluo, também sem luzes e efeitos de som, contrariando o cenário
tradicional, sem uma área delimitada para a representação.
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A relação com os espectadores pretendia-se direta, no terreno da pura
percepção e da comunhão. Se desafia assim a noção de que o teatro seria uma
síntese de todas as artes, a literatura, a escultura, pintura, iluminação, etc.
No teatro pobre, o ator deve compor uma máscara orgânica, através dos
seus músculos faciais; depois, a personagem usará a mesma expressão, através
da peça inteira.
Enquanto todo o corpo se move de acordo com as circunstâncias, a
máscara permanece estática, numa expressão de desespero, sofrimento e
indiferença.
O ator multiplica-se numa espécie de ser híbrido, representando seu papel
polifonicamente.
As diferentes partes do seu corpo dão livre curso aos diferentes reflexos,
que são muitas vezes contraditórios, enquanto a língua nega não apenas a voz,
mas também os gestos e a mímica.
Todos os atores usam gestos, atitudes e ritmos extraídos da pantomima.
Cada uma tem a sua silhueta própria, irrevogavelmente fixada. O resultado é
uma despersonalização das personagens. Quando os traços individuais são
removidos, os atores transformam-se em estereótipos das espécies.
Os mecanismos de expressão verbal foram consideravelmente
aumentados, porque todos os meios de expressão vocal são usados, desde o
confuso balbucio de uma criança muito pequena até a mais sofisticada
declamação retórica. Ruídos inarticulados, rosnar de animais, suaves canções
folclóricas, cantos litúrgicos, dialetos, declamação de poesia: tudo está aqui.
Os sons são intercalados de uma forma complexa, que devolve à memória
todas as espécies de linguagem.
99
Essa tendência à
pobreza é muito marcada na
encenação contemporânea,
por razões mais estéticas que
econômicas.
O espetáculo se
organiza inteiramente em torno
de alguns signos básicos,
graças ao gestual que faz muito
rapidamente, auxiliado por
algumas convenções, o quadro
da atuação e da caracterização
da personagem.
A representação tem a
eliminar tudo o que não é estritamente necessário; ela não mais apela senão ao
poder sugestivo do texto e a presença inalienável do corpo.
Teatro de Rua
100
*Agitprop é uma ideia do marxismo-
leninismo que diz respeito à disseminação das
ideias e princípios do comunismo entre
trabalhadores, camponeses, estudantes,
intelectuais e formadores de opinião na
sociedade em geral.
Teatro Performático
O teatro performático,
aquele que rechaça o
textocentrismo, propõe uma
relação igualitária entre as
distintas linguagens da cena,
uma interrelação artística forte,
singulariza mais o teatro de
apresentação que a
representação de uma história,
o ator e os recursos atorais do
que a personagem incrementa
a teatralidade. Ao contrário faz
chocar o real contra o realismo
como estética e desta maneira
expande os limites do teatro, o
faz cruzar as fronteiras
tradicionalmente estabelecidas.
101
Teatro Mímico Performático
102
Teatro Mímico Midiático
Juarez Machado
Nasceu em
Joinville, 16 de março de
1941. É um artista
plástico brasileiro que se
destaca na pintura, mas é
também escultor,
desenhista, caricaturista,
mímico, designer,
cenógrafo, escritor,
fotógrafo e ator.
103
CAPÍTULO 23
A FARSA E O RISO
Farsa
104
No período do Renascimento a farsa era
classificada como um gênero menor, cujas
tendências eram imitar ações, interesses ou estados
de espíritos pouco elevados. Representava cenas
da vida profana, com ações agressivas e festivas,
reproduzindo o ambiente popular e burguês da
época. Seu foco de atenção na maioria das vezes
era a luta de opostos: pais e filhos, amor e criados,
marido e mulher, entre outros.
Sua estrutura era basicamente de três formas:
• Representação de uma intriga baseada em um tema simples e
desenvolvimento inexistente, num único episódio;
• Estrutura mais elaborada, com uma justaposição de episódios, mas sem
uma conexão lógica entre si;
• Estrutura de um nível de maior complexidade, apresentando mecanismos
de coesão e configurando uma intriga com começo, meio e fim.
105
A Farsa no Teatro, Cinema e Televisão
106
Por que a farsa foi tão popular no passado e hoje é escassa nas
produções do cinema?
Se pensarmos no contexto em
que a farsa surgiu, a Idade Média, a
sociedade era muito mais repressora
do que é hoje. A farsa era um recurso
necessário como forma de burlar a
moralidade tão severa da época. O
humor que criticava através da
caricatura libertava o povo pelo riso. A
crítica não podia ser direta, porque a
própria intenção de criticar não era
clara para os seus criadores. A farsa
era então uma artimanha necessária,
ainda que não racional, pois era uma
forma de sobrevivência, uma forma de
suportar a tirania que estava presente
na família, na Igreja, na política, enfim,
na sociedade de maneira geral.
Hoje em dia a crítica nem sempre precisa ser disfarçada, pois a sociedade
é mais permeável e permissiva, porque ela aceita, absorve mais os conflitos e
as contradições. Por isto, atualmente, a crítica pode aparecer de forma mais livre
e direta. Os conhecimentos desenvolvidos e acumulados, ao longo da história
do pensamento, e as lutas a favor da liberdade e da democracia conquistaram o
direito ao julgamento crítico.
Daí porque é tão comum vermos filmes de denúncia, que expressam
diretamente aquilo que aflige a sociedade.
A farsa perdeu um pouco do seu sentido original. A catarse que ela
propiciava não é mais demandada. Além disso, existem outros aspectos a serem
considerados.
Hoje, o tipo de comédia farsesca perdeu o seu lugar. Outro tipo de filme
mais comercial, mais palatável, mais sentimental, a comédia romântica, é a
107
modalidade cômica que mais se destaca entre as produções humorísticas
realizadas atualmente. As formas de expressão que são digeridas mais
facilmente dominam as produções. Isto não é gratuito, mas, sim, a fórmula que
a indústria cinematográfica encontrou para conquistar e manter um público
cativo.
Autos
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Autos são peças teatrais de assunto religioso ou profano; sério ou cômico,
e tinham a finalidade de divertir, de moralizar ou de difundir a fé cristã.
OBRA
O Auto da Barca do Inferno ou Auto da Moralidade é uma obra de
dramaturgia que foi escrita em 1517 pelo escritor humanista português Gil
Vicente.
Essa peça é uma das mais emblemáticas do dramaturgo, considerado o
“pai do teatro português”.
Foi encenada em 1531 e faz parte da Trilogia das Barcas, ao lado do Auto
da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória. São textos curtos de
temática cômica e geralmente formados por um único ato.
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O Auto da Barca do Inferno é um grande clássico da literatura portuguesa.
Ele possui diversas sátiras envolvendo a moralidade. Pelo destino das almas de
alguns personagens, a obra satiriza o juízo final do catolicismo, além da
sociedade portuguesa do século XVI.
A alegoria do juízo final é um recurso utilizado pelo dramaturgo através de
seus personagens (diabo e anjo). Além disso, cada personagem possui uma
simbologia associada à falsidade, ambição, corrupção, avareza, mentira,
hipocrisia, etc.
Personagens e seus
Pecados:
Diabo: Capitão da barca do
Inferno.
Anjo: Capitão da barca do
Céu.
Fidalgo: Tirano e
representante da nobreza.
Teve uma vida voltada para o
luxo e vai para o inferno.
Onzeneiro: Homem
ganancioso, agiota e usurário.
Por ter sido um grande
avarento na vida ele vai para o
inferno.
Joane, o parvo: Personagem
inocente que teve uma vida
simples. Portanto, ele vai para
o céu.
Sapateiro: Homem
trabalhador, mas que roubou
e enganou seus clientes.
Assim, ele vai para o inferno.
Frade: Representante da
Igreja, que vai para o inferno.
Isso porque ele tinha uma
amante, Florença, e não
seguiu os princípios do
catolicismo.
Brígida Vaz: Alcoviteira condenada por bruxaria e prostituição que vai para o
inferno.
Judeu: Personagem que foi recusado pelo Diabo e pelo Anjo por não ser adepto
ao Cristianismo. Por fim, ele vai para o inferno.
Corregedor e Procurador: Representantes da lei. Ambos vão para o inferno, pois
foram acusados de serem manipuladores e utilizarem das leis e da justiça para
o bem e interesses pessoais.
Cavaleiros: Grupo de quatro homens que lutaram para disseminar o cristianismo
em vida e, portanto, são absolvidos dos pecados que cometeram e vão para o
céu.
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