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CONSTRUÇÃO CIVIL
AULA 1

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Prof. André Cansian

CONVERSA INICIAL

A construção civil é tão presente e importante na vida das pessoas que, necessariamente, nosso

estudo se inicia contando um pouco da história das construções e suas evoluções, e apresenta conceitos

e definições que deverão ser perfeitamente compreendidos pelos futuros arquitetos, uma vez que
surgirão durante todo o nosso estudo.

Serão apresentadas as possibilidades das construções, e você terá seu primeiro contato com os

sistemas construtivos mais utilizados no Brasil.

Ao final desta abordagem, você deverá ter o entendimento da importância da construção civil para
a sociedade e o papel do arquiteto nesse contexto. Termos como arquitetura, engenharia, infraestrutura,
edificação, obra, entre outros, deverão ser encarados além das definições dos dicionários. Os métodos

construtivos mostrados neste momento são o início do conteúdo que se aprofundará durante nosso
estudo.

A visão holística necessária ao arquiteto construtor se inicia neste momento.

TEMA 1 – UM POUCO DE HISTÓRIA DA CONTRUÇÃO CIVIL

Vamos contar um pouco da história da humanidade pela análise de suas moradias. Por meio dos
sistemas construtivos empregados, podemos verificar o nível tecnológico de cada povo em períodos
específicos, saber os materiais disponíveis à época em cada região, e muitos outros detalhes em
diversas áreas.

1.1 EVOLUÇÃO

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Desde sempre os homens buscam maneiras de se abrigar, protegendo-se no ambiente em que


habitam, tanto por causa das condições climáticas, ou pela fauna local, utilizando-se dos materiais
naturais brutos disponíveis e da geografia natural. Entre as mais antigas cabanas já descobertas estão as
presentes em sítios arqueológicos no planalto central da Rússia (atual Ucrânia), por volta de 14000 a.C.
A maior casa foi construída de ossadas de mamutes e toras de pinheiro, com revestimento de peles de

animais e uma fogueira central; tinha forma de cúpula e incluía partes de esqueletos de quase 100
mamutes em sua estrutura (Fazio; Moffett; Wodehouse, 2011, p. 30).

Figura 1 – Interior de uma construção arqueológica em Skara Brae (Ucrânia)

Crédito: Leon Wilhelm/Shutterstock.

A evolução humana, contada detalhadamente nos livros de história, mostra que, muito antes de
existir a definição da palavra “arquiteto”, as construções progrediam, formando assentamentos que
viravam comunidades e, posteriormente, cidades.

Figura 2 – Panorama da cidade inca de Machu Picchu (Peru). Em 2007, Machu Picchu foi eleita uma das
Sete Maravilhas do mundo

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Crédito: Don Mammoser/Shutterstock.

1.2 SURGIMENTO DO ARQUITETO

Mesmo sem existir um título ou nomenclatura como hoje, fica óbvio que os construtores foram
figuras importantíssimas em todos as eras e sociedades. Figuras como Imhotep, tido por historiadores
como o primeiro arquiteto da história, por volta de 2630-2611 a.C., que projetou e construiu a
monumental e primeira pirâmide em pedra: a do faraó Djoser, aparecem quando estudamos as grandes

obras históricas de todos os tempos

Figura 3 – Estatueta representativa de Imhotep, considerado o primeiro arquiteto do mundo

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Crédito: WH_Pics/Shutterstock.

A figura do arquiteto como ofício aparece em todos os períodos históricos, lembrando que a
distinção entre o mundo pré-histórico e as eras históricas se baseia no surgimento da linguagem escrita,
desenvolvida por volta de 3500 a.C., mas há registros arqueológicos de profissionalização do arquiteto
em 8.000 a.C. na região do atual Oriente Médio. Os sistemas construtivos e métodos de execução nesses

períodos eram passados de geração em geração entre os construtores, sempre liderados por um
“construtor principal”, daí a palavra arquiteto que, etimologicamente, vem do grego arkhitektôn: arkhi,
“principal” e tektôn, “construção, obra”, ou seja, “principal construtor” ou “mestre de obras”, passando
pelo latim architectus, origem do termo em português.

Figura 4 – A Esfinge perto das Grandes Pirâmides do Egito, perto das ruínas de um templo em Gizé,
construídas por volta de 2.500 a.C.

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Crédito: AlexAnton/Shutterstock.

Podemos afirmar que a história da arquitetura se funde com a história da humanidade (essa será
apresentada em abordagem específica, descrevendo em detalhes cada etapa da evolução das
construções sob o ponto de vista histórico).

Ao iniciarmos nosso estudo sobre Construção Civil, inevitavelmente precisamos entender como

eram as construções no passado, a fim de ter maior compreensão das diferentes culturas, para que você,
futuro arquiteto, perceba que a importância da profissão vai muito além de projetar edificações.

Figura 5 – Cidadela de Aleppo, na Síria, castelo mais antigo do mundo, com sua base construída em
3000 a.C.; parte de sua estrutura foi finalizada ao longo do século XII

Crédito: Dalius Juronis/Shutterstock.

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1.3 O ARQUITETO CONSTRUTOR

Com a evolução das sociedades e organização das cidades, a demanda pelos planejadores e
construtores aumentou e, com isso, surgem as faculdades de arquitetura pela Europa, considerada o
berço da arquitetura mundial.

No século XVIII, a escola Politécnica da Academia de Belas Artes de Paris, na França de Napoleão
Bonaparte, atende à necessidade de edificações oficiais e privadas, tratando como atividades
relativamente independentes os projetos arquitetônicos e a atividade construtiva. Na Inglaterra e na
Alemanha, essa separação entre projeto e execução não ocorreu, visto que até o início do século XIX não
existiam cursos de engenharia civil para os ingleses, e os arquitetos alemães se mantinham à frente das
construções civis. Em Portugal, na metade do século XVII, D. João IV criou a escola Aula de Fortificação e
Arquitetura Militar, também conhecida como Academia e, no final do mesmo século, criou o curso de
Fortificação e Arquitetura em suas colônias, entre as quais estava o Brasil.

1.4 O ARQUITETO NO BRASIL

As primeiras construções não indígenas do Brasil foram executadas após o ano de 1500, por conta
dos jesuítas – eram colégios e igrejas, edificados em Salvador, Olinda e Rio de Janeiro. O aprendizado da
arquitetura no Brasil Colônia, inicialmente, ocorria nos canteiros de obras, de modo oral e informal.
Posteriormente, foram implantadas no país as aulas de arquitetura militar. Esse período é nomeado
como arquitetura colonial.

No ano de 1.808, com a chegada da família imperial ao Brasil, foi criada a Academia de Artes e
Ofícios. O estilo da arquitetura nacional inicia um processo de mudança, com traços simétricos e
geométricos inspirados na arquitetura greco-romana. Esse período é chamado de neoclassicismo, e é
marcado pela chegada do arquiteto francês Grandjean de Montigny à corte portuguesa instalada no
Brasil; a assinatura, por D. João VI, em 12 de agosto de 1816, do decreto de criação da Escola Real de
Ciências, Artes e Ofícios, iniciando o ensino acadêmico e a criação do primeiro curso de arquitetura do
Brasil. Em 1822, com a Independência, a escola recebeu o nome de Academia Imperial de Belas Artes.

Há um aspecto cultural brasileiro importante que retardou o desenvolvimento das profissões

relacionadas à construção civil, principalmente na área de edificações: a cultura escravagista. “O


desapreço brasileiro pelos trabalhos técnicos, ou até por qualquer trabalho material em geral, era

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fortemente influenciado pela existência do escravo: para muita gente trabalho era sinônimo de atividade
servil” (Telles, 2015, p. 19).

No século XIX, as obras geridas pelos “mestres de obra” ou práticos da área não formados,
persistem, porém, com a evolução de novas tecnologias e o crescimento do Brasil, a necessidade de
arquitetos torna-se indubitável, além da necessária capacitação para construções mais complexas, de
modo a aproveitar as propriedades dos materiais disponíveis na época, estudando-os e trazendo novas
possibilidades construtivas.

Figura 6 – Academia Imperial de Belas Artes, Rio de Janeiro

Crédito- Marc Ferrez-CC/PD.

No século XX, na década de 1930, havia condições favoráveis ao desenvolvimento da área em


função do processo de industrialização nacional, com construções se multiplicando em proporções
exponenciais nas principais cidades do Brasil. Surge a consciência da importância de profissionais

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habilitados para encabeçar as evoluções construtivas, além de desempenhar e se responsabilizar pelas


atividades técnicas.

No final de 1933, foi promulgado, por Getúlio Vargas, o Decreto n. 23.569, que regulamentava o
exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor. Nesse período, havia quatro escolas
ativas de arquitetura no país e, com a continuidade do progresso nacional até a década de 1960, as
graduações de Arquitetura e de Urbanismo passaram a ser ofertadas pelas universidades do Brasil de

modo mais efetivo.

A profissão de arquiteto passa a ter atribuições legais com a Lei n. 5.194, de 24 dezembro de 1.966,
que regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo, e o número de
escolas continua aumentando, igualmente, no mundo ocidental, como uma tendência geral do ensino
universitário nas décadas de 1980 e 1990.

No final de 2010, a profissão de arquiteto desvincula-se da Confederação Nacional de Engenharia e


Arquitetura. Ocorre a aprovação e sanção da Lei n. 12.378/2010, que regulamenta o exercício da
Arquitetura e do Urbanismo e cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), efetivado no final de
2011, estabelecendo um novo patamar para o exercício profissional no país.

TEMA 2 – CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

A importância da construção civil no Brasil é notória. Apresentaremos a seguir os motivos de o


setor ser um dos mais importantes indicadores de crescimento econômico e de geração de emprego no
país.

2.1 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Antes de iniciarmos a apresentação dos índices que demonstram o desenvolvimento da construção


civil nas últimas décadas, interrelacionando-o ao desenvolvimento econômico nacional, devemos
entender o conceito da indústria da construção civil.

Conforme demonstra o histórico da construção civil no Brasil, em meados século XX houve um


aumento significativo das obras, demandando que o setor se modificasse sob todos os aspectos.
Características típicas do setor, como o trabalho artesanal e moroso, passam a ser modificadas para que

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se tornem mecanizadas e dinâmicas, para haver a possibilidade de atender ao aumento da demanda,


incrementando a produção por meio de melhorias nos processos.

Implementando modelos de gestão modernos e aprimorados, baseados em informações colhidas

em diversas obras e transformadas em índices, a indústria da construção civil busca a transformação do


setor por meio de:

Diminuição do desperdício;
Aumento da produtividade;
Mecanização de sistemas de produção;
Uso da tecnologia nas soluções com melhor custo-benefício;
Implementação de sistemas de gestão da qualidade;
Capacitação da mão de obra;
Outros.

2.1.1 Construbusiness

Não se pode imaginar de modo simplista o setor construtivo do país. Somente a somatória do
número de obras não reflete a movimentação de pessoas, materiais e dinheiro. O setor movimenta
indústrias e o comércio de materiais de construção, serviços ligados à área, transportes, ou seja, o
entorno da obra é tão importante quanto as execuções em si sob a ótica da economia nacional.

O conjunto das empresas e negócios ligados às obras, de forma direta ou indireta, é chamado de
construbusiness. No Gráfico 1, mostramos a composição, com dados oficiais da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC), da cadeia produtiva da construção civil.

Gráfico 1 – Composição da cadeia produtiva da construção civil por participação % PIB total

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Fonte: elaborado com base em ABRAMAT; FGV Projetos.

2.2 INDICADORES ECONÔMICOS DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO


BRASIL

Com base nos conceitos acima, podemos analisar alguns gráficos que demonstram a
movimentação do setor da indústria da construção civil.

2.2.1 Relação entre Produto Interno Bruto brasileiro e Produto Interno Bruto na
construção civil

No Gráfico 2, podemos observar que, em regra, para que o Produto Interno Bruto (PIB) – que é a
soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo país, em um ano – se eleve, o setor construtivo
deve estar em expansão.

Note que, com raras exceções, o crescimento do PIB do Brasil tem sido alavancado, nos últimos 15
anos, pelo crescimento da indústria da construção civil. Em dados oficiais da CBIC, a cada R$ 1 milhão de
investimento, a construção civil cria 7,64 empregos diretos e 11,4 empregos indiretos. São gerados R$
492 mil e R$ 772 mil sobre o PIB, respectivamente.

Os dados e gráficos seguintes demonstram essa importância.

Gráfico 2 – PIB Brasil versus PIB construção civil (variação%) – 2004 a 2020

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Fonte: IBGE; CBIC, 2020.

2.2.2 Empregos gerados pela construção civil no Brasil

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cadeia produtiva da construção,


nos últimos anos, envolveu, em média, 11 milhões de pessoas, sendo um dos setores que mais gera
empregos no país, atrás do setor de serviços e comércio. Esse dado por si só poderia demonstrar a
relevância do setor no cenário nacional, porém devemos entender a importância da construção civil
como um todo, analisando a área de modo holístico no contexto social.

No Gráfico 3, é mostrada a evolução do pessoal ocupado (independentemente de carteira


assinada), em milhões de pessoas, e taxa de variação em percentual relacionada ao ano anterior.

Gráfico 3 – Evolução do pessoal ocupado na cadeia produtiva da construção, em milhões de pessoas e


taxa de variação (%)

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Fonte: IBGE; CBIC, 2020.

TEMA 3 – OBRAS DE CONTRUÇÃO CIVIL

O termo construção civil vem do latim construere (formado com o agrupamento das palavras com,
que significa “junto”, e struere, “empilhar”) e civilis, “relativo a cidadão”. A construção civil pode ser
conceituada como construção adequada a quem vive na cidade. Vamos, neste tópico, separar as obras e
tipificá-las, aprofundando-nos nas edificações.

Ao final do curso, o arquiteto estará legalmente habilitado, diplomado e registrado em seu conselho

de classe, para projetar e executar quaisquer das obras apresentadas. Veja as disposições da Resolução
CAU/BR n. 21, de 5 de abril de 2012, conforme do art. 2° da Lei n. 12.378, de 31 de dezembro de 2010,
que discriminam as atribuições, atividades e campos de atuação dos arquitetos e urbanistas, que são as
seguintes:

I - supervisão, coordenação, gestão e orientação técnica;

II - coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação;

III - estudo de viabilidade técnica e ambiental;

IV - assistência técnica, assessoria e consultoria;

V - direção de obras e de serviço técnico;

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VI - vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria e arbitragem;

VII - desempenho de cargo e função técnica;

VII - treinamento, ensino, pesquisa e extensão universitária;

VIII - desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, padronização, mensuração e controle de

qualidade;

IX - elaboração de orçamento;

X - produção e divulgação técnica especializada; e

XI - execução, fiscalização e condução de obra, instalação e serviço técnico. (Brasil, 2010)

3.1 TIPOS DE OBRAS

O conceito por si só mostra que todas as obras adequadas aos cidadãos estão relacionadas à
construção civil, ou seja, além de moradias, um universo de construções são projetadas e executadas
para melhorar a vida das pessoas: todas elas compõem a construção civil.

A fim de facilitar o entendimento das terminologias utilizadas na arquitetura, usualmente


separamos as obras em dois tipos: obras de edificações civis e obras de infraestrutura; em ambos
os casos, o arquiteto poderá ser o responsável pelo projeto e execução. É importante entendermos
desde já que os dois tipos estarão necessariamente ligados, ou seja, as obras de infraestrutura são
imprescindíveis para o atendimento das obras de edificações, e as obras de edificações serão, na maioria
das vezes, o sentido da existência da construção da obra de infraestrutura.

Obviamente, não há possibilidade de apresentar detalhadamente todas as etapas de todos os tipos


de obras, mas apresentaremos os conceitos fundamentais das obras de infraestrutura, além de um

aprofundamento maior nas obras de edificações civis, para embasamento do arquiteto no


acompanhamento técnico de uma execução. Conheceremos, inicialmente, os tipos de obras e suas
características.

TEMA 4 – OBRAS DE INFRAESTRUTURA

São as obras que ofertam aos cidadãos serviços básicos em ambientes urbanos, impactando
essencialmente seu no bem-estar e qualidade de vida. Apresentamos aqui alguns exemplos de obras de
infraestrutura que facilitarão a compreensão das características desse tipo de obra:

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Obras de infraestrutura urbana – praças, passeios, drenagem pluvial, redes de abastecimento,


redes de água e esgoto, redes de eletricidade, gás encanado, entre outros.
Obras de infraestrutura de transportes – rodovias, portos, aeroportos, ferrovias, pontes, viadutos,
túneis, entre outros.
Sistemas hidráulicos – redes de abastecimento de água potável, redes de esgoto, estações de
tratamento de água, galerias pluviais, entre outros.
Sistemas elétricos – redes de distribuição de energia, usinas hidrelétricas, usinas eólicas, usinas
nucleares, entre outros.

Figura 7 – Obras de infraestrutura urbana: Praça da Liberdade, Belo Horizonte (Minas Gerais)

Crédito: Hugo Martins Oliveira/Shutterstock.

4.1 IMPORTÂNCIA DAS OBRAS DE INFRAESTRUTURA PARA A ECONOMIA


NACIONAL

Note que, salvo exceções, essas são obras de grande porte e, consequentemente, de grande monta

financeira, tornando-as muito importantes para o desenvolvimento econômico do país, gerando


empregos em várias áreas distintas, principalmente na arquitetura e na engenharia. De forma direta ou

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indireta, arquitetos, engenheiros, gestores e outros profissionais, qualificados ou práticos, passam a


contribuir com a economia, movimentando-a e gerando novos postos de trabalho em outros setores.

Em dados oficiais, nas duas últimas décadas, a indústria da construção civil tem empregado quase
um quarto da população ativa brasileira, e é responsável por aproximadamente 6% do PIB nacional. A
parcela das obras de infraestrutura nesse contexto é fundamental (veja o exemplo da Tabela 1, a seguir),
uma vez que o setor é a base para o desenvolvimento das construções mais impactantes.

A Tabela 1, a seguir, apresenta uma estimativa do total de ocupados na construção civil, por
segmento de atividade no Brasil, entre 2012 e 2019 e 1º trimestre de 2020. Percebemos que, mesmo
oscilando, mantém-se um número expressivo de pessoas em postos de trabalho. Como as obras de
infraestrutura normalmente são estatais, variam conforme o plano de governo e o desenvolvimento da

gestão governamental.

Tabela 1 – Estimativa do total de ocupados na construção civil, por segmento de atividade no Brasil,
entre 2012 e 2019 e 1º trimestre de 2020 (a referência é de pessoas com 14 anos ou mais de idade, na
semana de referência)

Fonte: PNDA Contínua – IBGE, citado por DIEESE, 2020.

4.2 IMPORTÂNCIA DAS OBRAS DE INFRAESTRUTURA PARA DESENVOLVIMENTO

Observamos, no Gráfico 2, que a construção civil como um todo gera boa parte da receita nacional.
Agora, vamos estudar a importância das obras de infraestrutura nessa conjuntura. Conforme Cunha et
al. (2017, p. 15) “Assim, de maneira geral, obras de infraestrutura diferem das obras de construção civil
por seu impacto social, seu custo elevado, seu longo prazo de execução e sua grande interferência no

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meio ambiente”, reforçando as características desse tipo de obra, e complementamos com o fato de que,
em sua maioria, tais obras fazem parte de investimentos públicos, ou seja, são custeadas pelo Estado.

Os investimentos de países em desenvolvimento em infraestrutura devem se manter constantes,


pois, notadamente, este é um aspecto no qual as principais potências mundiais se diferenciam
exponencialmente, entre outros.

TEMA 5 – OBRAS DE EDIFICAÇÕES CIVIS

A partir das perspectivas apresentadas, notamos que, independentemente da época, as pessoas


buscam executar obras de acordo com suas necessidades de moradia, labor, conforto e evolução social.
As obras habitacionais, que nesse momento apresentamos como obras de edificação civil, não se
limitam a casas e prédios, pois também envolvem construções que atendem a necessidades humanas:

Obras residenciais: casas, prédios, condomínios, entre outros;


Obras comerciais: lojas, supermercados, shoppings, entre outros;
Obras industriais: indústrias, barracões, entre outros;
Obras educacionais: escolas, universidades, entre outros;
Obras esportivas: estádios, complexos esportivos, entre outros;
Obras culturais: teatros, cinemas, espaços culturais, entre outros;
Obras hospitalares: hospitais, clínicas, unidades de saúde, entre outros.

5.1 TIPOS DE CONSTRUÇÕES DE EDIFICAÇÕES

Desde os primórdios, o ser humano constrói sua moradia com materiais disponíveis na área que
habita, utilizando-se de ferramentas que ele mesmo desenvolveu em determinado momento. A
evolução trouxe a descoberta de outros materiais e ferramentas e, à medida que a globalização se
espalhava, foi difundido o conhecimento de outros tipos de obras e procedimentos que, ao longo dos
anos foram sendo copiados, aprimorados e adaptados às regiões. Com o avanço da tecnologia, outros
sistemas construtivos foram desenvolvidos. A partir do século XX, a “indústria” passou a ser incorporada
à construção civil. Conforme aumentou o número de obras, houve a necessidade de buscar novos
processos, de modo que a produção fosse o mais mecanizada possível a fim de haver mais agilidade,
menos desperdício de materiais e menor tempo de execução. Salientamos que, quando falamos em
obras, nos referimos às construções e reformas das edificações.

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5.2 TIPOS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Sistema construtivo é o método pelo qual uma construção se desenvolve. A escolha de um sistema
deve ser adequada à situação apresentada, disponibilidade dos insumos e perfeito atendimento das
necessidades do projeto a ser executado. As construções, até este tópico, foram mostradas por função
social ou por uso, porém, as edificações podem também ser classificadas pelo seu sistema construtivo.
Apresentaremos aqui os mais utilizados e, posteriormente, nos aprofundaremos em cada modelo.

5.2.1 Sistema em alvenaria: de vedação e alvenaria estrutural

Alvenaria de vedação: tradicionalmente utilizado nas obras brasileiras, nas quais as estruturas
são compostas em concreto armado e, no fechamento entre os elementos (pilares e vigas) são
utilizados, usualmente, tijolos (blocos cerâmicos). Esse sistema construtivo pode ser considerado a
forma mais comum de construir no Brasil, por isso, a nomenclatura sistema convencional é
amplamente utilizada.

Figura 8 – Construção utilizando sistema construtivo convencional; estrutura em concreto armado:


vigas, pilares e fechamento em blocos cerâmicos

Crédito: smspsy/Shutterstock.

Alvenaria estrutural: sistema em que a alvenaria soma a função de fechamento, ou vedação, às


estruturas das edificações; apoiam as edificações. Nesse modelo, os blocos (tijolos) podem ser de
cerâmica ou de concreto, e são especialmente produzidos para a função estrutural; o concreto
armado compõe as estruturas, conforme mostra a Figura 9.
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Figura 9 – Construção utilizando alvenaria estrutural; note a ausência de pilares nos cantos da edificação

Crédito: Spok83/Shutterstock.

5.2.2 Sistemas pré-moldados: madeira, concreto armado e metálicos

Neste sistema, as estruturas e os fechamentos são previamente moldados, fora dos canteiros, e
“montados” posteriormente no local da obra.

Pré-moldados em concreto armado: as estruturas – estacas, pilares, vigas e lajes – são


geralmente concretadas em formas metálicas, em indústrias, e levadas às obras para montagem.
Os fechamentos (paredes) podem ser feitos igualmente com placas pré-fabricadas, dependendo
do que estiver estabelecido em projeto. No Brasil, esse sistema é muito utilizado em construções
industriais, fabris e em áreas de estocagem de produtos.

Figura 10 – Estruturas pré-moldadas em concreto armado

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Crédito: Roman023_photography/Shutterstock.

Construções em madeira: utilizadas amplamente antes da popularização do concreto armado, e


ainda utilizada em obras específicas, áreas rurais e com menos recursos. Tanto as estruturas
quanto os fechamentos são em madeira serrada, atualmente caibros, tábuas e ripas, tratados e
proveniente de reflorestamentos. Existem ainda as casas pré-fabricadas em madeira, para as quais
se prepara a área onde serão construídas com infraestrutura; a habitação é produzida fora e

“instalada” no local.

Figura 11 – Construção de casa totalmente estruturada em madeira

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Crédito: Aleksandr Ivasenko/Shutterstock.

Estruturas metálicas: perfis metálicos de todos os formatos e tamanhos, parafusados ou


soldados, são utilizados em abundância em vários tipos de obras. Com muitas vantagens sobre o
concreto armado nas estruturas, as soluções metálicas levam desvantagem na área financeira,
especificamente o preço do aço, fator relevante quanto ao aumento de sua utilização no Brasil.

Figura 12 – Barracão industrial construído com estruturas metálicas e fechamentos com telhas metálicas

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Crédito: Stephen Dewhurst/Shutterstock.

5.2.3 Sistemas industriais “a seco”

São os sistemas nos quais se utiliza estruturas metálicas e fechamentos fixados sobre esses perfis.
São chamadas de obras à seco em função da não utilização de argamassas cimentícias para
regularização das paredes posterior a sua execução.

Still frame: sua estrutura é formada por perfis em aço galvanizado com alta resistência, porém
mais leves que o concreto. Placas cimentícias, chapas de madeira e outros materiais existentes
podem ser utilizados para a vedação dessas áreas. Esse sistema vem sendo utilizado em
substituição a estruturas de concreto armado e alvenaria em obras residenciais, comerciais e
industriais.

Figura 13 – Still frame, estruturas, fechamentos e telhado

Crédito: fotobycam//Shutterstock.

Drywall: vedação amplamente utilizada em áreas internas, compostas de perfis em aço


galvanizado revestidos com zinco, em formatos de “u” e de “i”, formando a estrutura, e placas de
gesso acartonado fecham essas estruturas. O isolamento termoacústico é garantido pela
instalação de lã de rocha ou lã de vidro entre as duas placas que formam as paredes.

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Figura 14 – Perfis metálicos internos aguardando chapas de gesso acartonado dos dois lados: drywall

Crédito: Phakkapol Pasuthip//Shutterstock.

Wood frame: sistema construtivo em que as estruturas são formadas por elementos em madeira
maciça, e a vedação fica por conta de placas formadas por lascas de madeira, chamadas de
Oriented Strand Board (OBS) fixadas sobre a estrutura. Esse tipo de construção possui um alto
apelo sustentável, pois se utiliza de material renovável, e seu impacto ambiental é considerado
menor do que o de outros sistemas construtivos.

Figura 15 – Casa construída com o sistema wood frame

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Crédito: karamysh//Shutterstock.

5.2.3 Sistemas construtivo modular

Sistema em que se constrói fora do canteiro de obras (construção offsite), e transportado em partes
(módulos) até o local da edificação para instalação. Podem ser utilizados diversos materiais e
acabamentos.

Container: essas “caixas” de aço feitas para transportar cargas passaram a ser utilizadas como
módulo construtivo, com seu interior totalmente revestido e adaptado a áreas residenciais e
comerciais. Versátil e gerando pouco resíduos, esse sistema passou a ser uma opção interessante
dentro das várias soluções possíveis em um projeto.

Figura 16 – Sistema modular com contêineres: escritórios comerciais

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Crédito: tete_escape//Shutterstock.

FINALIZANDO

O conhecimento sobre o passado é importante porque nos permite compreender o presente e


possibilita efetuarmos projeções sobre o futuro, inclusive na construção civil.

Note que, à medida que estudamos o contexto histórico, conseguimos entender como chegamos ao
atual momento da construção civil brasileira, por exemplo: até hoje há obras executadas sem o
acompanhamento de um responsável técnico. Com certeza você já deve ter visto uma reforma, ou até
mesmo uma construção, sem a presença de um profissional legalmente habilitado à frente. Agora
entendemos de onde vem essa prática que, a despeito de todos os avanços, persiste em muitas
construções.

O desenvolvimento da arquitetura e o consequente avanço da construção civil, advém de um


aumento de demanda que tende a crescer com o passar dos anos, ou seja, a necessidade de
conhecermos os tipos de construção e suas necessidades, além de modelos construtivos, é fundamental
para apoiar o acompanhamento dessa evolução, e mais do que isso: como arquiteto, você terá de optar
entre os sistemas construtivos existentes, misturá-los e, até mesmo modificá-los, buscando as melhores
soluções e custo-benefício.

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Neste primeiro contato com os estudos sobre Construção Civil e seus conceitos, o mais importante
é entender que, quando falamos em construção, os arquitetos, estarão sempre à frente dessas situações
de projetos, execução de obras ou dos serviços nelas envolvidos. O contato preliminar, mesmo que
ainda raso, com os sistemas construtivos, nos mostra que temos uma infinidade de material a ser
estudado, e os conceitos apresentados nesse momento nos guiarão por toda a continuidade do nosso
estudo. Seja bem-vindo à construção civil!

REFERÊNCIAS

BARATTO, R. 200 anos de ensino de arquitetura no Brasil. Archdaily Brasil, 16 ago. 2016.
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/793358/200-anos-de-ensino-de-arquitetura-no-
brasil#:~:text=Jo%C3%A3o%20VI%2C%20em%2012%20de,curso%20de%20arquitetura%20do%20Bra
sil>. Acesso em: 3 set. 2023.

CAU-BR – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. Atividades e atribuições profissionais


do arquiteto e urbanista. Disponível em: <https://www.caubr.gov.br/wp-
content/uploads/2015/07/Atribuicoes_CAUBR_06_2015_WEB.pdf>. Acesso em: 3 set. 2023.

CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Construção civil é a locomotiva do


crescimento, com emprego e renda. 28 jan. 2020. Disponível em: <https://cbic.org.br/construcao-
civil-e-a-locomotiva-do-crescimento-com-emprego-e-renda>. Acesso em: 3 set. 2023.

COCIAN, L. F. E. Introdução à engenharia. Porto Alegre: Bookman, 2017.

CONFEA – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Disponível em:


<https://www.confea.org.br/sistema-profissional/historia>. Acesso em: 3 set. 2023.

CUNHA, A. et al. Construção civil. Porto Alegre: AGAH, 2017.

FAZIO, M. et al. A história da arquitetura mundial. Tradução técnica: Alexandre Salvaterra. Porto
Alegre: AMGH, 2011.

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