Você está na página 1de 6

Universidade Nilton Lins Curso

Arquitetura e Urbanismo
Disciplina: Técnicas Retrospectivas e Patrimônio Cultural
Prof. Edgard Noronha
Aluno(a): Larissa Agnes Barbosa Nina – 20002204
Turma: LAQ 071

QUESTIONÁRIO 01

Questões para discussão sobre o livro “Alegoria do Patrimônio” de Françoise Choay (Introdução e
Capítulo I).

1.0 Analisar a citação de Choay contida no livro “Alegoria do Patrimônio”, especialmente a parte em
negrito.

“De sua parte, os arquitetos invocam o direito dos artistas à criação. Eles desejam, como seus
predecessores, marcar o espaço urbano: não querem ser relegados para fora dos muros, ou
condenados, nas cidades históricas, ao pastiche. Lembram que, ao longo dos tempos, os estilos
também coexistiram, justapostos e articulados, numa mesma cidade ou num mesmo edifício. A
história da arquitetura, da época romana ao gótico flamejante ou ao barroco, pode ser lida numa
parte dos grandes edifícios religiosos europeus: catedrais de Chartres, de Nevers, de AÍx-en-
Provence, de Valência, de Toledo. A sedução de uma cidade como Paris deriva da diversidade
estilística de suas arquiteturas e de seus espaços. Arquiteturas e espaços não devem ser fixados por
uma ideia de conservação intransigente, mas sim manter sua dinâmica: este é o caso da pirâmide
do Louvre.
Os proprietários, por sua vez, reivindicam o direito de dispor livremente de seus bens para deles
tirar o prazer ou o proveito que bem entendam. O argumento se choca, na França, com uma
legislação que privilegia o interesse público. Ele continua, porém a prevalecer nos Estados Unidos,
onde a limitação do uso do patrimônio histórico privado é considerada um atentado contra
liberdade dos cidadãos.
As vozes discordantes desses opositores são tão poderosas quanto sua determinação. Cada dia traz
uma nova mostra disso. Contudo, as ameaças permanentes que pesam sobre o patrimônio não
impedem um amplo consenso em favor de sua conservação de sua proteção, que são oficialmente
defendidas em nome dos valores científicos, estéticos, memoriais, sociais e urbanos,
representados por esse patrimônio nas sociedades industriais avançadas. Um antropólogo
americano pode afirmar que, pela mediação do turismo de arte, o patrimônio representado pelas
edificações constituirá o elo federativo da sociedade mundial.” (CHOAY, 2001, p. 16-17).

a) Em pelo menos uma lauda discorra sobre os três aspectos do conflito que Choay revela no
contexto contemporâneo em relação à proteção do Patrimônio Histórico. Discuta o confronto entre
os que condenam e os que exigem a preservação do acervo arquitetônico e urbano usando como
referência o centro histórico da cidade de Manaus.
b) Se coloque no lugar daqueles que defendem e daqueles que criticam a conservação sistemática
dos centros históricos. Você concorda com alguma destas posições? Qual? Por quê? Se não, o que
você pensa desta questão?

2.0 A autora francesa revela em seu texto que o conceito de “monumento” passou, desde a sua
formulação, por uma série de transformações, re-interpretações:
a) Quais foram as mudanças mais significativas e em que épocas ocorreram?
b) Qual seria o sentido de “monumento” para os dias de hoje?
c) Quais foram os danos causados para o sentido original de “monumento” após o surgimento da
palavra escrita (particularmente depois o advento da imprensa) e pela fotografia?
3.0 A autora também confronta no texto a ideia original de “monumento” com o princípio moderno
de “monumento histórico”. Qual seria a diferença entre os dois conceitos?

4.0 Qual é a atitude assumida na idade média em relação ao acervo romano preexistente? Discuta
porque, segundo Choay, os homens agiam desta forma frente ao patrimônio histórico clássico.

5.0 Discorra quando, como e porque nasce, para a autora, o conceito moderno de “monumento
histórico”?

6.0 Quais são os agentes principais dos dois discursos mais significativos que teriam surgido no
Quattrocento, e que se refeririam à proteção do patrimônio histórico greco-romano?

a) Quais as características marcantes e as diferenças entre estas duas formas de valorização do


passado clássico? Explique.

7.0 Observe as palavras de Françoise Choay, principalmente as partes em negrito:

“De fato, jamais se deixou de utilizar os monumentos antigos como pedreiras para alimentar a
política de construções novas dos papas. Os acordos e os contratos feitos com os empreiteiros
foram encontrados nos arquivos pontificais: sabe-se o nome dos dois empreiteiros que, sob
Martinho V, em 1425, foram encarregados de buscar nos monumentos antigos as belas pedras
necessárias para a restauração do piso de São João de Latrão. Sob Nicolau V, o Fórum, o Circus
Maximus e o Aventino produziram 2.500 carroças de mármore e de pedras talhadas por ano, sem
contar o travertino e o tufo extraídos do Coliseu. Sabe-se, aliás, que se pagavam trinta mil ducados
anuais a um certo Beltramo de Varese, que tinha seus próprios fornos de cal.
(...) Como explicar a ambivalência desses príncipes e papas que, sejam eles venezianos,
florentinos ou de Siena, da mesma forma, ao longo do tempo, protegem com uma mão e
danificam com a outra os edifícios antigos da Cidade?
(...) Mesmo a atitude dos que protestavam, letrados ou artistas, nem sempre é coerente. Rafael
não se contenta em chorar com lirismo sobre ‘[o] cadáver desta nobre cidade, outrora rainha do
mundo, hoje pilhada e despedaçada tão miseravelmente’. Ele denuncia com uma singular audácia:
‘Toda essa Roma nova que vemos atualmente em sua grandiosidade e beleza, com seus palácios e
suas igrejas, foi toda construída, tal como é, com cal feita de mármore antigo. Eu não poderia
pensar sem um profundo pesar que desde a minha chegada a Roma – há menos de doze anos -
destruíram tantos monumentos belos, como a Pietà, a arcada na entrada dos banhos de
Diocleciano, o templo de Ceres na Via Sacra, uma parte do Fórum, incendiada há poucos dias, cujos
mármores foram transformados em cal (...). É uma vergonha que estes tempos tenham tolerado
tais coisas (...). Aníbal e os outros inimigos de Roma não haveriam de agir de forma tão cruel’.
Contudo, o próprio Rafael beneficia-se de um breve (uma autorização) do mesmo Leão X, que lhe
confia, ‘como arquiteto de São Pedro, a inspeção geral de todas as escavações e de todas as
descobertas de pedras e de mármore que se farão a partir de agora em ama e numa circunferência
de dez milhas, a fim de que [ele possa] comprar tudo o que [lhe] for necessário para a construção do
novo templo’.
Com efeito, esses homens ofuscados pela luz da Antiguidade e das antiguidades não podiam, da
noite para o dia, libertar-se de uma mentalidade ancestral, esquecer comportamentos já há
muito arraigados e que continuavam sendo os da maioria de seus contemporâneos, tanto
letrados quanto iletrados. O distanciamento em relação aos edifícios do passado requer uma
longa aprendizagem, com uma duração que o saber não pode abreviar e que é necessária para
que a familiaridade seja substituída pelo respeito.” (CHOAY, 2001, p. 56-58).
a) Qual é a grande incoerência que a autora francesa aponta na atitude assumida pelos humanistas
do Renascimento em relação à proteção dos monumentos clássicos? Explique.
b) Você concorda com a explicação de Choay, revelada no último parágrafo desta citação?
c) Será que a noção de “monumento histórico” e a ideia moderna de preservação realmente
nascem no Quattrocento, como afirma Choay? O que você pensa disto? Explique.

RESPOSTAS
QUESTÃO 01
A) Os arquitetos compõem o time responsável por elaborar a criação dos edifícios
presentes nas cidades, afinal de contas, a malha da cidade é como é a tela em branco
para a elaboração de suas ideias. Os arquitetos tendem a buscar um livre arbítrio de
suas criações, sem tantas amarras que os impeçam de desenvolver uma ideia. Além
disso, cada arquiteto tende a possuir uma identidade própria aplicada em seus projetos
e em suas marcas, por isso que a ideia de replicar obras alheias se torna algo fora de
questão. Em vista disso, como já muito empregado nos dias atuais, existem diversos
estilos arquitetônicos desenvolvidos por diversas épocas e em diversos momentos que
compõe toda a gama da arquitetura que se conhece. E não é incomum haver o
emprego de vários estilos em um mesmo lugar ou em um mesmo edifício, pois a
diversidade que hoje existe permite que isso se torne possível, mas sempre
respeitando o senso para não se perder a linha e errar a mão. Com isso, as edificações
elaboradas por eles devem fazer parte do patrimônio da cidade, pois representa uma
parte indispensável da história, da cultura e da arquitetura de uma época.
Cada casa ou edifício construído possui um dono, um morador, um responsável pelo
lugar. Entretanto, isso acaba por conflitar com os interesses públicos da cidade, pois
caso ele queira de alguma forma intervir com o edifício em questão acaba esbarrado
com os moradores que não permitem tal ação. E isso leva a questão de estabelecer
quem realmente tem o direto sob o edifício em questão. De um lado temos o morador
que ali reside por anos a finco, que vive e viveu todas a situações e momentos de uma
vida cotidiana familiar, que mobiliou, cuidou, zelou e proporcionou uma identidade a
esta edificação, defender que ele é quem pode ou não permitir qualquer coisa referente
a sua própria casa. E do outro lado, temos os órgãos públicos que regem nosso país,
chegarem nestes moradores com o intuito diverso de intervir ou desapropriar o morador
por determinado motivo e querer exigir colaboração como sendo o dono da mesma.
Quando se fala que uma casa, um monumento ou um edifício é uma local de
preservação, muito se fala que ele sendo habitado ele deve urgentemente ser
esvaziado para se tomar as medidas cabíveis. Entretanto, é preciso levar-se em
consideração que há seres humanos habitando o local, que é necessário ter cuidado
ao intervir na vida de seus habitantes. Além disso, acredito que dependendo do caso,
ainda é possível tomar as medidas cabíveis e ainda permitir a permanência dos
moradores no local. Todavia, a questão envolvendo o patrimônio de uma cidade deve
ser um assunto levado a seriedade que o tema merece.
Aplicando um exemplo aqui, podemos citar o Centro Histórico de Manaus, onde é
possível encontra uma gama fascinante e empolgante de monumentos históricos
conservados em nossa cidade. Manaus possui um acervo inestimável de bens culturais
de diversas naturezas que são parte indispensável de nossa evolução e história.
Todavia, há também muitas negligencias acerca do preservar, pois falta atitudes e
mediadas para realmente zelar por eles. E isto é um problema recorrente da
preservação do patrimônio histórico e urbano das cidades, pois não há muitos
interessados no assunto ao ponto de realmente se envolverem com atitudes para
mudarem o cenário atual. Manaus é uma cidade que atrai muitos turistas, querendo
conhecer nossas terras, nossos rios, nossos monumentos, mas é preciso entender que
tudo isso pode ser perdido caso não haja as medidas cabíveis de preservação destes
patrimônios. Órgãos públicos e privados precisam estabelecer o consenso de englobar
tudo que for de interesse da preservação, sem interesses particulares, mas sim
interesses conjuntos pelo bem maior desta cidade.
B) Sou a favor da conservação sistemática dos centros históricos porque acredito que
devemos cuidar, preservar e guardar toda a gama de patrimônio que ainda possuímos.
É triste a realidade de ver e saber que toda a história, desde o começo até os dias
atuais, foi composta por diversos monumentos, objetos, culturas, costumes,
ensinamentos e tantas outras coisas, mas que por negligência, falta de interesse ou
egoísmo foram perdidas ou seriamente danificadas ao ponto de serem quase pedidas.
Tudo o que passamos, vivemos e construimos são a prova de nossa existência e de
nossas histórias, salvaguardar isto deveria e deve ser algo indispensável as pessoas e
aos dirigentes. É um assunto que deve ter total atenção e seriedade de todos porque é
de interesse público e engloba o todo.
QUESTÃO 02
A) Em 1969, Furetière atribuí ao termo um valor arqueológico, ou seja, passa a ser
entendido como sendo restos de algum testemunho da grandeza das épocas
passadas. Uns anos depois, o termo passou a adquirir um tom mais estético ao
significado, como sendo levado em consideração os pontos que exaltem sua
gloriosidade e beleza. Além disso, os revolucionários de 1979 não paravam de criar
edifícios no papel e torna-los realidade, com a finalidade de estabelecer a nova
identidade da França. E o ponto aqui é, com o passar do tempo, a palavra
"monumento" foi perdendo toda a afetividade que cabia em seu significado original para
se tornar o que é conhecido nos dias atuais.
B) Gradativamente o termo "monumento" perdeu a função memorial a que ele cabia no
seu significado original. Nos dias atuais, monumentos são edificações construídas que
visam a estética empregada, de forma que a construção por si só se destaque sem a
necessidade de um pano de fundo. Nos dias atuais, os monumentos são desprovidos
da afetividade que o seu significado original estabelecia. Nos dias atuais, a questão da
memória monumental não é mais limitada a somente uma memória, mas sim memórias
escritas em livros e distribuídas. A emoção de lembrar de algo está fadada a ser lida
em algum livro sobre tal coisa.
C) A impressa trouxe ao significado original da palavra monumento uma ameaça real
de substituir a "memória" cognitiva por livros que narram todas as memórias de outrora,
o que acaba por ceifar a procura do real conhecimento em troca de consultas
facilitadas as informações procuradas. Quer dizer, o ato de confiar nas próprias
memórias e nos conhecimentos aprendidos é trocado pelas narrações pressentes nos
livros que conhecemos.
Após a apologia de Perrault, Victor Hugo trouxe uma nova forma de propagar e
resguarda a memória: a memória das técnicas de gravação de imagem e do som que
acabam por aperfeiçoar a forma de preservar toda a concepção de memória e recriar
tudo o que já foi perdido no processo. Com as vantagens da tecnologia, se torna
possível registrar tudo e armazenar na memória das câmeras e assim preservar
determinados bens a que se deseja. A fotografia possui duas faces: uma de poder
apresentar uma história e a outra de poder reviver uma história. Todavia, isso ocasiona
a preferência pelas fotografias do que pelo real monumento ou pela real história que ali
existe. O problema disso é justamente a preferência pelo imaterial, porque uma
fotografia realmente pode trazer sentimentos e emoções de uma memória, mas ainda
assim, permanece sendo algo abstrato com somente a lembrança do monumento mas
sem o monumento na realidade.
QUESTÃO 03
Monumento é uma criação que foi pensada inicialmente, de forma imediata, ao qual
representa apenas uma pequena parte, ja o termo de monumento histórico foi
elaborado e desejado, e a acaba por representar os edifícios existentes selecionados
em sua grande maioria. O monumento permite lembrar o passado enquanto que o
monumento histórico atua diferente com a relação do tempo. Ou seja, o monumento
histórico pode ser integrado de forma a ser um objeto de um contexto geral da história
ou de uam história em particular. Mais que isso, em outros casos, pode ser encarado
como uma obra de arte que remete o desejo artístico e a sensibilidade das pessoas.
QUESTÃO 04
Por razões práticas de economia adotadas e tempos de crise, a igreja e seus papas
assumiram a responsabilidade por preservar os monumentos e praticar uma política de
reutilização. Em vista disso, se iniciou uma movimentação por reutilizar locais de uso
diverso, como residências, a fim de transforma-la em uma igreja, adapta-la em sua
totalidade as necessidades de uma igreja, com emprego dos mais belos materiais que
a Roma despunha, isso incluía também fragmentos retirados de outros monumentos
onde passaram a ser parte integrante de onde foram inseridos. E o ponto todo é
exatamente este, o ato de preservar o acervo de Roma estava voltado apenas as
igrejas, onde elas eram reformadas ou criadas a partir de outro local. Em vista disso, a
ideia total de preservação por parte do clero ficou embaçada e de difícil compreensão,
pois os interesses envolvidos na questão passaram a ser indissociáveis.
QUESTÃO 05

QUESTÃO 06

A)

QUESTÃO 07
A) A atitude de preservar com uma mão e danificar com a outra. A autora aponta que
há uma enorme contradição entre as pessoas por aparentemente querer e lutar pela
preservação, mas na realidade não agir de acordo com o a ideia. O discurso é todo
preservação e o dever de cuidar do patrimônio que existe, salvaguardar os
Monumentos e toda a sua composição, mas na realidade as atitudes por trás são o
completo oposto e acarretam essa ironia de pregar um discurso falso pelos interesses
próprios. As igrejas, como citado, eram reconstruídas com base nos materiais que
eram retirados de monumentos diversos, com o intuito de ser integrado a nova
construção. Isso se configura como descaracterização de um patrimônio, porque esses
monumentos são patrimônios, com a finalidade de se criar um novo, só que o preço por
isso não condiz com os objetivos da preservação. A situação abordada se assemelha a
preservação seletiva, aquela voltada somente para os interesses próprios e não para
todo o conjunto.
B) Concordo parcialmente. A autora diz que tais homens são ofuscados pela
antiguidade com ensinamentos e pensamentos a muito enraizados e que é difícil mudar
este pensamento da noite para o dia. Isso é verdade, estar cercado por uma
determinada metodologia, onde você é ensinado a só pensar e agir daquela
determinada forma porque só ela é a correta é uma grave alienação. Mas, penso que
todo ser humano é dotado de opinião própria e personalidade. Não anulo a alienação
mas reforço que cada pessoa deve pensar por si própria e agir de acordo com seus
próprios princípios e ideais. Concordar ou discordar com determinada ideia deve ser
algo que todo o indivíduo tenha a liberdade e a coragem de fazer.
C)

Você também pode gostar