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korina.arq@gmail.com
RESUMO
Este estudo, diz respeito à estação de trem de Presidente Prudente, fazendo parte do Projeto
de Pesquisa sobre as Estações de Trem da Estrada de Ferro Sorocabana, o interesse pela
temática surgiu do fato de muito se falar sobre a colonização da cidade, porém, pouco se
aprofunda nas suas origens, anterior à chegada dos coronéis, entre o final do séc. XIX e
começo do séc. XX, estimulando a vinda de muitas pessoas, bens e serviços, assim como a
venda e aquisição de terras em toda a região. Neste sentido, conforme consta no Arquivo,
Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, a construção da estação do
Município de Presidente Prudente surge para dar suporte à ferrovia neste trecho, contendo
serviços de manutenção da mesma e ao serviço de carga e descarga de mercadorias,
passageiros e animais. Desta forma, em 1919, com o incentivo do Governo Federal, um edifício
sede foi construído na Praça da Bandeira, na Rua Júlio Tiezzi, ao fim da Avenida Washington
Luiz e início do Viaduto Comendador Tannel Abud. Alguns anos mais tarde, o primeiro edifício-
sede foi demolido para dar lugar a uma nova estação, mais moderna em relação ao edifício já
existente e que oferecesse assistência à crescente demanda de transporte de cargas e
pessoas na cidade e região, sendo erigida com novas características arquitetônicas, conhecida
como estilo Art Decô., que hoje encontra-se com outro uso, podendo sofrer degradações, tal
pesquisa visa fomentar as discussões sobre a sua representatividade para a configuração
urbana e cultural do município, assim como a preservação da edificação para que gerações
futuras também possam ter contato com a história local. Objetiva-se pesquisar a relevância da
linha férrea e da estação ferroviária para a formação do município e o valor que foi construído
historicamente para a memória cultural da cidade de Presidente Prudente e apresentar os
estudos sobre a primeira edificação construída, verificando sua importância para a época e
buscan do parâmetros para compreender os condicionantes de sua demolição e substituição
por outra edificação, assim como o da atual, destacando o que ela mantém de original, o que
sofreu intervenções e adaptações e ao fim do estudo, direcionar as possibilidades de
preservação e de conservação do mesmo, para tanto, pesquisar as teorias e conceitos sobre a
preservação do patrimônio histórico cultural, visando compreender quais são os
direcionamentos futuros. Sendo uma pesquisa qualitativa do tipo revisão bibliográfica,
estudando os autores e teóricos da temática, contando com pesquisa em órgãos e instituições
que abrigam as informações técnicas, históricas e documentais da cidade, visitas ao local e
estudos iconográficos. Assim, espera-se com a sequência do estudo, promover a
documentação necessária para se iniciar o processo de tombamento da atual edificação e com
ela a preservação de boa parte da memória coletiva.
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De 02 a 05 de Novembro em Belo Horizonte/MG
historia e progresso deste país segundo a lei Federal que se refere à Definição de
Patrimônio Cultural artigo 215 e 216 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL DE 1988.
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histórico e cultural intrínseco à cultura daquela população ou região, cada qual se tornando
referência simbólica para quem o vivencia, constituindo a imagem e a memória da cidade. O
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (assim conceituado pelo IPHAN), originado através
dos eventos humanos é composto de bens de natureza material e imaterial, que
correspondem respectivamente às obras, edificações e sua ambiência, conjuntos urbanos,
sítios arqueológicos e paisagísticos (bens imóveis) e, ainda, os bens móveis como
documentos, esculturas e quadros; e correspondentes aos saberes de determinado povo,
dos modos de se fazer ou criar, de suas formas de expressão, celebrações e lugares que
são transformados por alguma prática social constante.
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possibilidade de refazê-la assim como na época em que foi concebida originalmente,
visando a busca pela “inteireza” da edificação a fim de transmitir seu sentido completo,
aplicando um “modelo ideal” para seu trabalho, mesmo que muitas de suas obras de
restauração resultarem em edifícios completamente diferentes do original (SANTOS, 2005).
Camillo Boito (1836-1914) desenvolve sua teoria com base nos dois principais
estudiosos sobre o assunto até a época, Viollet Le Duc e Ruskin, ora distanciando, ora
aproximando-se de algum destes. Boito prega a diferença entre a conservação e a
restauração, explicitando que os conservadores são tidos como “homens necessários e
beneméritos” ao passo que os restauradores são quase sempre “supérfluos e
perigosos”.Sua teoria sugere que se deve agir no sentido de tentar conservar o edifício
como ação preventiva, reservando o edifício ao mínimo possível das intervenções da
restauração, já que a prática está sujeita a arbitrariedades e consequentemente a enganos
(ARAÚJO, 2005). Acredita ainda que, no caso das intervenções feitas nos casos
necessários, não se deve tentar exprimir um caráter antigo tal qual como a obra era na
época de sua concepção, mas transparecer a real época em que a intervenção se deu.
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A principal marca da obra de Brandi é o rigor crítico-cultural que situa o ato
derestauro como responsável pelas futuras interpretações estilísticas e históricas da obra-
de-arte. Se for executada sem critérios, a restauração pode causar danos à obra que irão
perpetuar-se por várias gerações.
Segundo Ronaldo Macedo (2006), foi enviado uma planta baixa de São Paulo
pelo Engº Sebastião Ferraz, responsável pelo trecho, para se construir a estação no
local de um telégrafo instalado em um vagão de trem, que já servia como embarque e
desembarque.
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FIGURA 01- Esplanada da estação ferroviária em 1938
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Fonte - Acervo Museu Municipal de Presidente Prudente
O termo Art Deco, apesar de ter sido assinalado por Maria Lucia Bressan
Pinheiro a partir da década de 1960, é mais apropriado e abrangente para categorizar
uma determinada tendência que se difundiu no país entre a década de 1930 e meados
dos anos 1950, expressada em pinturas, esculturas, prédios, móveis, rádios e objetos.
Na arquitetura, recebeu investidas do cubismo, do futurismo, do expressionismo e de
outros movimentos das artes plásticas, absorvendo influências com outros
movimentos como o ecletismo.
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Na época da construção da nova estação, foi encomendado uma planta baixa
de São Paulo, já influenciada pelo estilo. O edifício ganhou novos materiais, dois
pavimentos e formato arredondado na fachada envidraçada.
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Fonte – Levantamento do local de autoria própria
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Fonte – Levantamento do local de autoria própria
O edifício é monolítico com uma torre onde era usada o antigo relógio, com
aproximadamente 4m de pé direito o salão principal e os demais com 3m, pintado
internamente e externamente de tinta branca e azul e o piso com lajotas cerâmicas
quebradas na cor marrom claro.
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As esquadrias são metálicas, as janelas são do tipo basculante na cor azul e
as portas mais novas são de vidro, enquanto as antigas são de madeira. A circulação
interna é na maior parte horizontal, possuindo uma escadaria no saguão que leva às
salas da fiscalização e administração, portanto as pessoas não a utilizam, pois é
setorizado pelo atendimento ao público somente o térreo, com salas de reuniões e
cozinha.
FIGURA 07– Cobertura do antigo pátio da estação. No edifício original era feito com
madeiramento e telhas de barro, porém com as intempéries precisou ser substituído.
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Fonte – Levantamento do local de autoria própria
FIGURA 09 – Situação do piso do antigo pátio. A camada de cimento foi sobreposta ao antigo
piso, de lajota de cerâmica em cacos.
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Fonte – Levantamento do local de autoria própria
CONCLUSÃO
Para Celso Antônio Bandeira de Mello (2009) apud Holanda (2010), o tombamento
é uma intervenção administrativa destinada a proteger o patrimônio histórico e artístico
nacional, além de restringir certos usos, pois o proprietário pode fazer uso do local, mas não
deve alterá-lo, além de ficar estabelecido no dever de mantê-lo em boa conservação.
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população no chamado “progresso”, além de refletir o “planejamento” dos atores políticos,
que justificam ser a cidade muito recente para acumular as produções das várias gerações
anteriores, procurando sustentar-se em nome desse progresso, em que não há espaço para
a identidade histórica cultural da cidade.
Ainda segundo Hélio Hirao (2012), conjuntos com grandes valores estéticos e
artísticos, incluindo o Art Deco, Protomodernismo e Modernismo são dependentes do
interesse público local para serem preservados.
REFERÊNCIAS
LIMA, Evelyn Furquim Werneck. (2005) Preservação do patrimônio: uma análise das
práticas adotadas no centro do Rio de Janeiro. In: Revista Eletrônica do IPHAN. Nov.
2005.
ARAÚJO, Denise Puertas de.O pensamento de Camillo Boito. Resenhas Online, São Paulo, ano
04, n. 043.01, Vitruvius, jul. 2005 . Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/04.043/3154>. Acesso em: 18 out. 2014.
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<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/07.074/3087>. Acesso em: 18 out.
2014.
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