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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS CÂMPUS


ANÁPOLIS

TRABALHO DE PONTES, VIADUTOS E PASSARELAS

PONTE DO SABER - BRASIL

Mariane Dias Silva

ORIENTADOR:

Prof. Valéria Mouro, Dra.

PUBLICAÇÃO:

ANÁPOLIS

2021
Mariane Dias Silva

PONTE DO SABER - BRASIL

Trabalho de Pontes, Viadutos e Passarelas do Curso de


Engenharia Civil da Mobilidade do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus Anápolis,
como requisito parcial para conclusão de curso.

Orientador (a): Prof. Valéria Mouro, Dra.

ANÁPOLIS, 2021
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar e descrever o método estrutural da Ponte do Saber, ponte
concluída em 2012 e que fez parte de um dos melhoramentos da cidade do Rio Janeiro para a recepção
dos Jogos Olímpicos no Rio em 2016. Por ser uma ponte estaiadas ela possui um vão livre e um método
de execução diferente do usual na engenharia civil, por isso o seu estudo é interessante no sentido de
soluções tecnológicas recentemente empregadas.

Palavras - chave: Estaiada; vão livre; Rio de Janeiro; execução; estrutural.


ABSTRACT

This paper aims to present and describe the structural method of Ponte do Saber, a bridge completed in
2012 and which was part of one of the improvements in the city of Rio de Janeiro for the hosting of the
Olympic Games in Rio in 2016. Because it is a cable-stayed bridge it has a free span and an execution
method different from the usual in civil engineering, so its study is interesting in the sense of recently
employed technological solutions.

Keywords: Cable-stayed; go free; Rio de Janeiro; execution; structural.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Inauguração da Ponte do Saber ................................................................................. 7


Figura 2 – Ponte do Saber iluminada.......................................................................................... 8
Figura 3 - Biguá .......................................................................................................................... 9
Figura 4 – Traçado geométrico da Ponte do Saber..................................................................... 9
Figura 5 – Ponte do Saber em construção ................................................................................ 10
Figura 6 – Pontos de monitoramento........................................................................................ 11
Figura 7 – Fundação do Pilone ................................................................................................. 11
Figura 8 – Fundação de Retaguarda ......................................................................................... 12
Figura 9 – Estrutura de ligação entre os blocos ........................................................................ 13
Figura 10 – Seção Transversal do Pilone ................................................................................. 13
Figura 11 – Ponta do Pilone com a ancoragem dos estais ........................................................ 14
Figura 12 – Seção transversal do Tabuleiro ............................................................................. 14
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 7
2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 7
2.1. Ponte do Saber ................................................................................................................ 7
2.1.1. Arquitetura ....................................................................................................... 8
2.2. Método Estrutural e construtivo ................................................................................... 10
2.2.1. Fundação do pilone ........................................................................................ 11
2.2.2. Fundação de retaguarda ................................................................................ 12
2.2.3. Estroncas e escoras ........................................................................................ 12
2.2.4. Pilone .............................................................................................................. 13
2.2.5. Tabuleiro ........................................................................................................ 14
2.2.6. Sistema de estais ............................................................................................. 15
3. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 16
7

1. INTRODUÇÃO

Os projetos de pontes estaiadas tem crescido nas últimas décadas, em 2012 a


Rússia terminou a obra da ponte estaiada com o maior vão livre do mundo (1104m), o
estudo dessas pontes é interessante pois o Brasil importa a tecnologia de construção
dessas obras de outros lugares do mundo, uma vez que esse tipo de ponte se populariza
aqui é necessário também o desenvolvimento de pesquisas com esse tema no país.
(GOMES e JUDICE, 2013).

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Ponte do Saber

No dia 17 de fevereiro de 2012, a primeira ponte estaiada do Rio de Janeiro foi


inaugurada pelo ex-governador Sérgio Cabral e pelo atual prefeito Eduardo Paes
(FIGURA 1). A ponte possui 773 metros de extensão e em 2012 tinha a previsão de
receber todos os dias 25mil veículos e desafogar o trânsito da região da ilha do Fundão
(BORGES, 2012).

Figura 1 – Inauguração da Ponte do Saber

Fonte: Marino Azevedo (2012).

A obra foi realizada pela construtora Queiroz Galvão e o investimento total da


obra ficou por volta de R$ 320 milhões, incluindo a limpeza e dragagem dos canais, foi
8

financiada pelo estado e pela Petrobras. (BORGES, 2012). Esta obra fez parte do
Programa de Recuperação Ambiental do Canal do Fundão, um dos melhoramentos da cidade
do Rio de Janeiro feita para os Jogos Olímpicos de 2016, na ponte o orçamento foi de R$ 69
milhões (G1, 2012).

2.1.1. Arquitetura

A ponte do saber, (FIGURA 2) é uma ponte estaiada, são denominadas pontes


estaiadas aquelas que são sustentadas de maneira parcial ou total por elementos flexíveis
sendo estes cabos de aço fixados em uma altura elevada. A ponte do saber é composta
por duas pistas com 4,5 metros de largura, e possui 180 metros de vão livre, sustentados
exclusivamente por cabos de aço, sendo 15 cabos frontais, e 6 cabos na porção de trás da
ponte, eles são ligados a um pilone central que tem ao todo uma altura de 96 metros
(COPPE – UFRJ, 2012).

Figura 2 – Ponte do Saber iluminada

Fonte: Domingos Peixoto (2012).

O visual da nova ponte é moderno, o formato é inspirado em um pássaro biguá,


e no movimento que ele faz ao emergir da água (FIGURA 3).
9

Figura 3 – Biguá

Fonte: Dario Sanches (2008).

Como a ponte é estaiada, e não precisa de pilares para cruzar o canal, faz com
que a obra seja de rápida execução, além disso a obra não causa consequência na
navegação do canal por ser livre de pilares (COPPE – UFRJ, 2012).
Originalmente, a Ponte do Saber seria construída toda com concreto branco,
entretanto devido ao alto custo o projeto, isso foi alterado para uma composição de apenas
concreto claro que ainda refletia a luz como era a ideia original (SANTOS, 2012).
A Ponte do Saber, também foi um projeto de interligação para suprir à demanda
de tráfego na Cidade Universitária e possibilitou uma entrada à Via Expressa Presidente
João Goulart (Linha Vermelha) (FIGURA 4), no Rio de Janeiro (GOMES, 2013).

Figura 4 – Traçado Geométrico da Ponte do Saber

Fonte: Gomes (2013).


10

2.2. Método Estrutural e construtivo

A construção da ponte exigia três requisitos: Baixo impacto ambiental no local


e não interferência no fluxo no Canal do fundão (por isso a escolha de uma ponte estaiada
de vão livre); que atendesse o fluxo de tráfego da cidade universitária; uma arquitetura
condizente com a localização da ponte na cidade, uma vez que ela está situada em um dos
principais pontos de acesso da cidade (GOMES, 2013).
A construção de pontes estaiadas exige diferentes etapas construtivas para que
as forças previstas nos estais e no tabuleiro estejam de acordo na execução, na execução
do tabuleiro, ele é construído por segmentos curtos para que fique devidamente de acordo
com as elevações e com a geometria pré-projetada, além disso as elevações sofrem
carregamentos durante a execução que não sofrerão depois que a obra fica pronta além
de sofrer influencia pela temperatura do local (GOMES e JUDICE, 2014).
Na construção da Ponte do Saber o tabuleiro e a torre foram construídos
simultaneamente facilitando o alinhamento dos dois (FIGURA 5).

Figura 5 – Ponte do Saber em construção

Fonte: Gomes e Judice (2014).

O estaiamento da Ponte do Saber foi formulado pela empresa VGarambone


Projetos e Consultoria Ltda, em seu método estrutural são definidos pontos, (FIGURA 5)
que precisam de um monitoramento frequente na execução (GOMES e JUDICE, 2014).
11

Figura 6 – Pontos de monitoramento

Fonte: Gomes e Judice (2014).

Os estaiamentos da Ponte do Saber foram espaçados de 10 em 10 metros ao


longo do tabuleiro (GOMES, 2013).

2.2.1. Fundação do pilone

O pilone do projeto, tem que ser capaz de suportar toda a força transferida pelos
estais, uma vez que não existem pilares de sustentação por baixo, para isso, foram
adotadas estacas a percussão de aço do tipo ASTM A242 (que possui alta resistência a
corrosão, a escolha foi feita devido a alta acidez do solo devido a contaminação) com um
diâmetro de 965mm capazes de suportar 4000kN, e que foram concretadas nos primeiros
5 metros de profundidade. Ao todo 70 estacas com um espaçamento de 2,40m entre elas
foram implementadas no bloco de concreto de 15x24 metros com uma altura de 4,80
metros (FIGURA 6) (GOMES, 2013).

Figura 7– Fundação do Pilone

Fonte: VGarambone (2012).


12

2.2.2. Fundação de retaguarda

Segundo Gomes (2013), a fundação de retaguarda deve ser capaz de suportar


tração e alto esforço horizontal devido aos estais na retaguarda que transmitem os esforços
para a fundação. Na Ponte do Saber foram utilizados tirantes ancorados em rochas
(FIGURA 7).
Figura 8 – Fundação de Retaguarda

Fonte: VGarambone (2012).

Os tirantes possuem um diâmetro de 41 cm em solo e 35 em rocha, eles suportam


individualmente uma tração de 1200KN. Foram projetados 27 tirantes por bloco, sendo 2
blocos no total, com dimensões de 10,60x3,40 m e altura de 3,0 m, além disso, acima dos
blocos, existe um sistema que transmite os esforços dos estais para as fundações
(GOMES, 2013).

2.2.3. Estroncas e escoras

Conforme dito anteriormente, a fundação de retaguarda deve ser capaz de


suportar esforço horizontal, entretanto o sistema adotado na Ponte do Saber resiste apenas
aos esforços verticais dos estais por isso a adoção de estroncas e escoras (FIGURA 8)
13

para complementar o sistema foi adotado, assim as forças horizontais podem ser
resistidas. As escoras foram utilizadas ligando os dois blocos e assim resistindo aos
esforços horizontais na direção transversal, já as estroncas foram utilizadas ligando os
blocos de retaguarda e o bloco do pilone resistindo assim aos esforços horizontais no
sentido longitudinal (GOMES, 2013).

Figura 9 – Estrutura de ligação entre os blocos

Fonte: VGarambone (2012).

2.2.4. Pilone

Segundo Gomes (2013), no pilone foi adotado uma altura de 94 metros para
atender aos aspectos arquitetônicos, nessa altura era possível distribuir os estais de forma
eficiente e funcional. Ele é constituído todo em concreto com uma resistência a
compressão de 50Mpa, sua seção transversal possui 20x9 metros na base e 1,96x2,48m
no topo. (FIGURA 9).

Figura 10 – Seção transversal do Pilone

Fonte: VGarambone (2012).


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Além disso, segundo Gomes (2013), também foi previsto no pilone acessos para
a manutenção dos estais e espaços para as ancoragens. Esses pontos foram previamente
posicionados (FIGURA 10).

Figura 11 – Ponta do Pilone com a ancoragem dos estais

Fonte: VGarambone (2012).

2.2.5. Tabuleiro

O tabuleiro foi projetado em formato de seção tipo caixão (FIGURA 11) devido
a necessidade de distribuição dos estais, e com concreto com resistência à compressão a
50Mpa, possui duas faixas cada uma com 4,50 metros de largura e está fixada entre a face
do pilone e o apoio externo. A seção do tabuleiro possui no total 11,30m de largura e 2,10
de altura além disso existe uma viga longitudinal interna usada para enrijecer a estrutura
com uma altura de 124,5cm, outro ponto notável no tabuleiro é a existência de duas lajes,
uma inferior e uma superior, com o objetivo de deixar a estrutura mais robusta e resistir
melhor aos esforços (GOMES, 2013).

Figura 12 – Seção transversal do Tabuleiro

Fonte: VGarambone (2012).


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2.2.6. Sistema de Estais

O sistema de estais da ponte utilizou cabos de cordoalhas múltiplas que são feitas
de sete fios galvanizados e depois são cobertos por uma cera de petróleo, esses cabos
possuem um diâmetro de 15,7mm, eles estão espaçados de 10 em 10 metros ao longo do
tabuleiro e de 4 em 4 ao longo do pilone, já o sistema de ancoragens é formado por duas
ancoragens, uma fixa e outra livre e regulável, isso permite um alívio das tenções
conforme a aplicação de força (GOMES, 2013).

3. CONCLUSÕES

O principal objetivo desse trabalho foi descrever o método estrutural e construtivo


da Ponte do Saber, de acordo com Gomes (2013), a tecnologia de projetos das pontes
estaiadas brasileiras e toda importada da Europa não sendo diferente com a Ponte do
Saber inaugurada no Rio de Janeiro em 2012. Um aspecto relevante da obra é ela ter uma
arquitetura que desfavorece a estrutura para elevar a estética, devido a sua localização em
um dos cartões postais da cidade.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, Waleska. Inaugurada a Primeira Ponte estaiada do Rio. O globo, 17 de


fevereiro de 2012. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/inaugurada-primeira-
ponte-estaiada-do-rio-3996902>. Acesso em: 30 de julho de 2021.

CIDADE UNIVERSITÁRIA GANHA PONTE DO SABER. COPPE – UFRJ. Rio de


Janeiro, 15 de fevereiro de 2012. Disponível em: <https://www.coppe.ufrj.br/pt-
br/planeta-coppe-noticias/noticias/cidade-universitaria-ganha-ponte-do-saber>. Acesso
em: 30 de julho de 2021.

GOMES, R. R. S. Aspectos Técnicos e Construtivos do Projeto de uma Ponte


Estaiada. UFRJ – Escola Politécnica, Programa de Projetos de Estruturas. Rio de Janeiro,
2013. Disponível em: < http://repositorio.poli.ufrj.br/dissertacoes/dissertpoli799.pdf >.
Acesso em: 31 de julho de 2021.

GOMES, R. R. S.; JUDICE. F. M. de S. Aspectos Técnicos e Construtivos do Projeto


de uma Ponte Estaiada. VII Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas. Rio de Janeiro,
21, 22, 23 e 24 de maio de 2014. Disponível em: <
http://www.abpe.org.br/trabalhos/trab_77.pdf. Acesso em: 31 de julho de 2021.

PONTE ESTAIADA DA CIDADE UNIVERSITÁRIA É INAUGURADA. G1


globo.com. Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2012. Disponível em: <
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/02/ponte-estaiada-da-cidade-
universitaria-e-inaugurada-no-rj.html>. Acesso em: 30 de julho de 2021.

SANTOS, Altair. Com Pilone Único, Ponte do Saber tem estrutura inovadora. Massa
Cinzenta. 11 de junho de 2012. Disponível em: <
https://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/com-pilone-unico-ponte-do-saber-
tem-estrutura-inovadora/>. Acesso em: 30 de julho de 2021.

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