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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Gabriel Santana da Silva Andrade


Jessica Rodrigues Martins
Karolina Dias de Souza
Manuela Cordeiro de Queiroz

Relatório de campo

Niterói
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................3
2. PRAÇA MAUÁ.............................................................................................................................3
3. MUSEU DO AMANHÃ................................................................................................................4
4. BOULEVARD OLÍMPICO.........................................................................................................5
5. MURAL DAS ETNIAS................................................................................................................6
6. CAIS DO VALONGO..................................................................................................................7
7. JARDIM SUSPENSO DO VALONGO.......................................................................................7
8. MORRO DA CONCEIÇÃO........................................................................................................8
9. PEDRA DO SAL...........................................................................................................................9
10. LARGO DA PRAINHA..............................................................................................................10
11. BECO DAS SARDINHAS..........................................................................................................10
12. AVENIDA RIO BRANCO..........................................................................................................10
13. LARGO DE SANTA RITA.........................................................................................................11
14. CONCLUSÕES..........................................................................................................................12
15. REFERÊNCIAS..........................................................................................................................12
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1. INTRODUÇÃO

A cidade do Rio de Janeiro é uma das cidades mais antigas do Brasil. Em seus mais de
450 anos de existência, foi o espaço para muitos acontecimentos (bons e ruins) e marcos
importantes para o país. Além da sua relevância dentro do Brasil, o Rio de Janeiro é também
um dos pontos mais conhecidos e procurados por turistas do mundo inteiro, ocupando um
lugar entre as 25 cidades mais bonitas do mundo em um ranking do site Travel and Leisure.
No entanto, não é apenas de belezas que vive a cidade do Rio de Janeiro, mas de muita
história, e esse é o ponto deste relatório. A história do Rio é extremamente rica e, na mesma
medida, controversa. Frequentemente, as menções que se fazem à cidade tendem a excluir, ou,
pior ainda, romantizar, as relações coloniais até o século XIX. E na realidade mais recente,
veremos que as políticas públicas objetivam, ainda, a exclusão da história “não bela” da
cidade.
Dito isso, o objetivo deste relatório é apresentar os pontos da cidade do Rio de Janeiro
visitados durante o trabalho de campo do dia 28/10/2023, sendo esses: a Praça Mauá, o Museu
do Amanhã, o Boulevard Olímpico, o Mural das Etnias, o Cais do Valongo, o Jardim
Suspenso do Valongo, o Morro da Conceição, a Pedra do Sal, o Largo da Prainha, o Beco das
Sardinhas, o Cemitério dos Pretos Novos do Largo de Santa Rita, e, por fim, a Avenida Rio
Branco. Dessa forma, totalizando 12 pontos visitados.
Objetiva-se, ainda, observar as dinâmicas sociopolíticas que se manifestam na cidade e
apresentá-las, relacionando-as aos textos estudados em sala de aula para fazer as críticas
necessárias e indispensáveis para entender como a cidade do Rio de Janeiro se apresenta para
as demais cidades brasileiras e para o mundo. E, em contrapartida, o que de fato o Rio
significa para a população de mais de 6 milhões de habitantes.

2. PRAÇA MAUÁ

O primeiro ponto visitado durante o trabalho de campo foi a Praça Mauá, localizada
no centro da cidade e nas proximidades da Baía de Guanabara. Na praça, é possível ver alguns
pontos relevantes, como o 1º Distrito Naval, o Museu do Amanhã, o Museu de Artes do Rio e
diversos prédios importantes para o espaço. Consequentemente, é na presença dessas
construções que começa a observação, pois os edifícios tornam explícita a longa história do
local. Com diferentes arquiteturas, relacionadas a diferentes épocas, a praça apresenta o novo
e o antigo aos que a visitam.
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No entanto, é importante pensar de que forma essas diferentes épocas estão sendo
apresentadas. Uma das construções mais recentes é o Museu do Amanhã, que, com sua
arquitetura contemporânea, tem a proposta de apresentar um museu digital com ideias de
como será e/ou pode ser o futuro para a humanidade, trazendo temas como mudanças
climáticas e as ciências da terra. Outro prédio importante do local é o Museu de Artes do Rio
(MAR), que possui uma proposta completamente diferente do museu vizinho. O MAR
costuma apresentar exposições mais críticas e com maior presença popular, como a atual
exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade”, que conta a história desse gênero que
ultrapassa a sonoridade e atinge contextos sociais, políticos e culturais.
Em adição, ainda sobre a Praça Mauá, um fato a ser considerado é o uso popular de
seu espaço. A praça é, obviamente, um espaço de convivência. Mas, além disso, é também um
local de feiras e comércios populares. Ao decorrer deste relatório, mostraremos que vários
pontos do centro da cidade são utilizados das formas mais diversas pela população local. Essa
é, com certeza, uma das características imprescindíveis para o entendimento das relações
sociais no Rio de Janeiro.

3. MUSEU DO AMANHÃ

Inaugurado dia 18 de dezembro de 2015, o Museu do Amanhã é uma iniciativa da


prefeitura do Rio de Janeiro em conjunto com a Fundação Roberto Marinho. O objetivo é
oferecer exposições científicas que instiguem a reflexão sobre o futuro, o amanhã. A
arquitetura moderna, inspirada nas bromélias, desperta a curiosidade dos visitantes desde a
fachada. Desse modo, o projeto Museu do Amanhã reflete o futuro que os gestores da cidade
pretendem alcançar, mas a quem esse futuro pertence?
Apesar de possuir uma proposta inicial empolgante, a obra em si não é acolhedora.
Atualmente, o ingresso para o museu é 30 reais (inteira) e 15 reais (meia), gratuidades só são
permitidas para idosos a partir de 60 anos e alunos e professores da rede pública de ensino.
Assim, indivíduos que não têm condições de investir entre 30 e 15 reais ficam excluídos do
acesso às exposições, restando-lhes apenas a contemplação superficial do que o amanhã
representa, uma vez que o futuro carioca retratado pelo museu não abrange essa parcela da
população.
Além disso, a maioria dos elementos do museu são passageiros, projetados para visitas
breves, distante do conforto habitual de sentar e apreciar a paisagem. Em outras palavras, a
estrutura não foi concebida para ser desfrutada ao longo do tempo, especialmente por aqueles
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que têm recursos financeiros limitados. Os privilegiados têm acesso a um restaurante refinado
dentro do museu, a Casa do Saulo, que oferece porções pequenas a preços elevados. No
entanto, a falta de hospitalidade não impede que os visitantes subvertam a função original do
espaço. Exemplificando, embora o espaço não tenha sido projetado para atividades como a
pesca, é comum observar pessoas instalando suas cadeiras e se dedicando à pesca na Baía de
Guanabara. O mesmo cenário se repete com espelho d'água, onde placas proíbem o acesso à
água, mas não impedem que a população aproveite para se banhar em dias de calor intenso.
Fica evidente então, que o museu tem o seu acesso mediado através do pagamento,
contradizendo sua missão de explorar o amanhã carioca e promover o conhecimento de forma
abrangente.

4. BOULEVARD OLÍMPICO

Em 5 de agosto de 2016, o prefeito Eduardo Paes inaugurou a Orla Prefeito Luiz Paulo
Conde, também conhecida como Boulevard Olímpico. A zona portuária, antes ocupada por
um viaduto, foi transformada em um destacado ponto turístico por meio do projeto de
revitalização da prefeitura, às margens das águas da Baía de Guanabara.
Antes de qualquer coisa, é relevante analisar a essência do termo "revitalização". A
palavra implica em conferir uma nova vida a alguém ou a algo. Contudo, surge uma questão:
será que aquela região não possuía vida anteriormente? O próprio conceito apresenta uma
contradição, ao ignorar a existência e a história das pessoas que habitavam o local antes das
intervenções de revitalização. Portanto, a orla não foi projetada para a comunidade existente,
mas sim para atender um público novo. Além disso, a construção do Boulevard Olímpico não
apenas negligenciou a história dos antigos moradores, mas também expulsou os cariocas
devido aos preços elevados, uma vez que, após a revitalização, a área se tornou um ponto
turístico procurado, caracterizando o fenômeno conhecido como gentrificação.
O Boulevard Olímpico apresenta uma diversidade de símbolos e obras, como o VLT
(veículo leve sobre trilhos), pouco utilizado no cotidiano dos trabalhadores, o que limita seu
diálogo com a população, tornando-se funcional apenas para um público específico. Destaca-
se o imponente prédio da polícia, cuja fachada ostenta um grande relógio simbolizando
autoridade e controle do tempo. Também observam-se elementos que negligenciam a cultura
local, como peças de ferro nos bancos impedindo skatistas e marquises nos galpões
prevenindo pichações urbanas. O "Portinho" destaca-se como um mercado multicultural
inspirado no porto de Barcelona; no entanto, seus preços mais caros excluem a população
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menos favorecida. Além disso, é um espaço que apresenta rugosidade, isto é, preserva as
marcas do passado, como o antigo prédio alfandegário, agora Receita Federal, que possui
placas sinalizando suas diversas funções ao longo dos anos.
Em síntese, o Boulevard Olímpico, embora tenha transformado a zona portuária em
um atrativo turístico, levanta questões profundas sobre revitalização. A diversidade de
símbolos e obras, embora atrativa aos olhos, destaca a desconexão com a realidade cotidiana,
revelando uma transformação que, apesar de estética, pode carecer de inclusividade genuína e
diálogo com a comunidade original.

5. MURAL DAS ETNIAS

O Mural das Etnias produzido em 2016 pelo artista Eduardo Kobra, detém de um
grande reconhecimento, não só por ser um dos maiores grafites produzidos no mundo, mas
também por se encontrar na Zona Portuária do Rio de Janeiro, local esse que por obter
diversos pontos turísticos, como o museu do amanhã que é diariamente é frequentado por
turistas.
O objetivo do mural é representar os cinco continentes por meio dos desenhos de
representantes de tribos que se encontram nesses espaços, sendo assim, Huli representa a
Oceania, Mursi representa a África, Kayin representa a Ásia, Supi representa a Europa e
Tapajós representa a América; Esse seu contexto serve de reflexão, pois nota-se que a maioria
das pessoas que frequentam o espaço em que o mural se encontra, notoriamente, não
pertencem a nenhuma das tribos representadas neste mural, assim como, não seguem com
suas culturas.
De acordo com Henri Lefebvre o espaço é uma atividade política e que a luta pelo
controle do espaço é um aspecto crucial do ativismo político, ou seja, a representação dessas
culturas em um local urbano e “moderno” representa não só como os povos presentes no
grafite produziram seu ativismo para serem reconhecidos nesse espaço tão distinto de sua
realidade, mas também como o ativismo provém também do grupo de quem produz o grafite
como arte, visto que por ser considerado como vandalismo ou poluição visual, ainda há um
certo preconceito por essa arte. Ademais, como é de se notar, a Zona Portuária do Rio de
Janeiro é um espaço frequentado, em sua maioria, por pessoas brancas de classe média,
devido ao seu comércio de alto valor e Leferbvre examina, justamente, que as modalidades de
produção, regulação e consumo do espaço, enfatizam a influência das ideologias, do Estado e
dos interesses econômicos na configuração do espaço.
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Ou seja, mesmo que para o artista Eduardo Kobra o Mural das Etnias tenha como uma
das suas mensagens a importância da união dos povos, o local onde o mural se encontra
demonstra como essa união não faz parte da realidade deste território, visto que este tornou-se
um espaço projetado para não ser composto por pessoas que são representadas no mural, mas
sim um espaço que por ser um centro turístico passam a capitalizar as artes marginalizadas e
as utilizam como mercadoria para o uso da elite.

6. CAIS DO VALONGO

O Cais do Valongo, também conhecido como Cais da Imperatriz, foi construído em


1811 pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro para servir como porto de
desembarque de navios negreiros. Descoberto apenas em 2011 durante as obras do Porto
Maravilha, foi oficialmente tombado em 2013, tornando-se patrimônio cultural da cidade do
Rio de Janeiro.
Embora agora seja uma atração turística, o Cais do Valongo permanece pouco
conhecido, assim como sua história. Na região, a ausência de placas informativas oculta os
antecedentes do Cais, silenciando a dolorosa experiência dos escravos negros. A própria
denominação "Cais da Imperatriz" reflete uma influência europeia que apaga a memória do
período escravocrata. É evidente, portanto, a tentativa de omitir a memória negra e de
embranquecer o lugar.
Diante desse panorama, resta a reflexão sobre o desafio contínuo de preservar não
apenas estruturas físicas, mas também a memória completa e inclusiva, desvendando as
camadas profundas de uma história muitas vezes esquecida.

7. JARDIM SUSPENSO DO VALONGO

O Jardim Suspenso do Valongo que se encontra a oeste do Morro da Conceição, foi


projetado, conforme encomendado pelo prefeito da época, Pereira Passos, em 1906, e o
responsável pela sua arquitetura foi Luis Rey; o intuito da obra era de revitalizar o território,
visto que esse é um espaço que se encontra a pouca distância do Cais do Valongo, um antigo
portuário negreiro que hoje tornou-se Patrimônio Histórico da Humanidade, ou seja, era um
espaço que na época era frequentado por escravos ou libertos.
Sobre o termo “revitalização urbana” entende-se algo como “dar nova vida” ou “dar
novo vigor” por exemplo, como já mencionado no tópico 6, assim sendo, com o decorrer da
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produção do Jardim Suspenso, a obra recebeu diversas críticas por estar desconsiderando e
apagando a história da cultura afro-brasileira que esteve bem presente neste território. O
processo ocorrido não só no Jardim Suspenso do Valongo, mas também no Cais do Valongo e
no Morro da Conceição será nomeado por Neil Smith como um processo de gentrificação que
consiste em residências de bairros urbanos, que são frequentemente deterioradas ou
negligenciadas, para áreas atrativas para a elite e a classe média.
Assim sendo, ao ponto que o prefeito solicitou que o Jardim fosse realizado conforme
os molde dos parques franceses, nota-se como procurava-se que o espaço em questão não
obtivesse mais uma representação afro-brasileira, retirando seus direitos a cidade; de acordo
com Henri Lefebvre, as pessoas tem necessidades e essas necessidades, como as culturais e
biológicas, são as que fazem elas serem o que são e para isso as pessoas também necessitam
externalizar suas necessidades por meia da representação simbólica dentro de um território;
por esse motivo será de suma importância a democratização do espaço urbano.
O autor menciona, com uma análise marxista, que este cenário só será possível caso a
classe operária tenha uma participação ativa nas tomadas de decisões que impactam o
desenvolvimento e a organização das cidades e, ao comparar esta reflexão com o caso do
Jardim Suspendo do Valongo, nota-se que a comunidade afro-brasileiras estão lutando pelo
seu direito a cidade, ao ponto que este território deixou de ser apenas um mero local de
passeio e passou fazer parte do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança
Africana, recuperando e preservando o contexto histórico e os tradicionais valores culturais
cultivados neste espaço.

8. MORRO DA CONCEIÇÃO

O Morro da Conceição que se encontra na Zona Portuária do Rio de Janeiro, por já ter
sido também um local destinado ao desembarque do comércio negreiro, possui uma
representação por parte da comunidade afro-brasileira muito presente em seu espaço; nota-se
esse aspecto ao ser nítido a quantidade de pinturas e espaços que remetem a religião afro
brasileiras, assim como é presente a cultivação do samba e pagode; ademais, o Morro da
Conceição por se tornar um ponto turístico devido aos seus espaços de produção cultural,
encontra-se em uma disputa territorial devidos aos discursos e projetos de revitalização.
De acordo com Flávia Carolina, essa disputa ocorre entre a Comunidade Quilombola e
a Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência – VOT, que teve sua escola
fundada no Morro da Conceição no ano de 1897; essa disputa provém do fato de que após o
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“projeto de revitalização” de 1992 ser solicitada pelo prefeito César Maia, a VOT por ser
proprietária de diversos espaços do Morro da Conceição aumentou o valor dos aluguéis dos
móveis presentes no morro, fazendo com que muitos moradores tivessem que sair deste local
e desde então a VOT requer recursos para que esse processo de gentrificação se perpetue.
Ademais, percebe-se que essa disputa não está tão envolvida somente com a questão
territorial, mas também com a dimensão cultural, o que faz com que a Comunidade
Quilombola se sinta perseguida.
“Em muitos lugares em conflito os grupos locais fazem o que? Eles se organizam para
a luta dos seus territórios ou das suas territorialidades, através de concepções que dizem
respeito à sua vida, à sua necessidade de recursos para viver” (Dirce, 2015, p.135), ou seja, de
acordo com Dirce Maria Assi, as culturas subdominantes retornam ao reproduzir suas
intencionalidades em seus territórios através de movimentos e lutas sociais contra uma
exploração ambiental, uma apropriação cultural e demais temas relacionados à centralização
do poder nos territórios em geral; os movimentos são por sua identidade, pois sem resistência
às expressões culturais em seus territórios, não terão a pluralidade cultural, ecológica e
econômica, e sem ela, segundo Dirce Maria, os territórios não podem desenvolver sua
autonomia.

9. PEDRA DO SAL

Seu primeiro nome foi Pedra das Prainhas e é um lugar fundamental para a história do
samba, da capoeira e das raízes negras. Enquanto isso, no século XVIII esse local já era desde
então habitado por pescadores e trabalhadores do porto, o que se manteve com o passar dos
anos bem perto havia uma praia, por isso é considerada como a região da prainha.
Outro ponto destaque desse local era a produção de sal, por isso, claro Pedra do Sal. O
sal era trazido de navios, descarregados na pedra por pessoas escravizadas e distribuídos nos
trapiches de sal existente em volta. Com o tempo, a Pedra do Sal se tornou um ponto
importante de cultura negra na cidade, onde também se ganhou bastante força as religiões de
matriz afro brasileira, como a Umbanda e o Candomblé e foi onde localizaram-se os primeiros
terreiros da cidade.
Ademias, nesse local se instalaram importantes comunidades formadas por pessoas
escravizadas fugidas, quilombos, acolhimento para os libertos ou fugitivos e mais adiante do
tempo sediou ranchos carnavalescos rodas de sambas, que passaram nomes como Tia Ciata,
Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Donga (autor do primeiro samba gravado).
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Os degraus que possuem nela foram feitos por pessoas escravizadas, já no século XX
passou a ser reivindicada como território do Quilombo Pedra do Sal, sendo certificada como
Quilombo Urbano pela fundação Palmares e considerada por muitos como um núcleo
simbólico da pequena África.

10. LARGO DA PRAINHA

Popularmente conhecido como Largo da Prainha, mas obtendo como nome verdadeiro
Largo de São Francisco da Prainha, essa está situado na Zona Central da cidade do Rio de
Janeiro, mais precisamente no Bairro da Saúde. Neste mesmo local existia uma pequena praia
chamada de Prainha, que era composta até a Praça Mauá, isso bem antes da construção do
Porto do Rio de Janeiro, em 1910.Com os aterros feitos sucessivamente na região, a praia
acabou desaparecendo.
Recebeu esse nome por estar localizado perto à Igreja de São Francisco da Prainha,
construída em 1696 ordenada pelo Padre Francisco da Motta. Possui um estilo barroco jesuíta,
por fim a igreja acabou sendo doada para a Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,
atualmente a Ordem Franciscana Secular, no ano de 1704. Hoje em dia é um local repleto de
botecos e restaurantes raízes, perfeitos para se curtir! E ainda se tem os casarões do Rio
Antigo, que logo deram lugares para os bares, boa comida e música ao vivo, atraindo bastante
o público para aquela região!

11. BECO DAS SARDINHAS

O Beco das Sardinhas está localizado na Rua Miguel Couto. É, à primeira vista, um
espaço de lazer e cultura para a população do centro da cidade. Como o nome indica, a rua é
um point para um prato bem conhecido em todo o estado: a sardinha. O beco conta com
diversos restaurantes que oferecem este pescado como aperitivo principal. Com a oferta do
prato por um preço acessível, o Beco das Sardinhas acaba sendo um lugar bastante
frequentado, tanto por moradores da cidade, quanto por visitantes e turistas.
Contudo, além disso, o beco tem uma característica que é possível observar em quase
todo o centro da cidade. A presença das arquiteturas de diferentes épocas é bem explícita no
Beco das Sardinhas. Nisso, edifícios antigos e novos se intercalam ao decorrer da rua e indica
uma coexistência de épocas distintas.
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12. AVENIDA RIO BRANCO

A Avenida Rio Branco é uma das ruas mais antigas do Brasil, mas a via como a
conhecemos hoje é parte de uma série de reformas do início do século XX, tendo sido
inaugurada em 1904. Por ser relativamente antiga, a via é um local de alguns acontecimentos
importantes na história do Rio, envolvendo, principalmente, as políticas de “renovação” e a
hostilidade do Estado contra a população local.
A via, hoje, representa a conexão entre pontos importantes da cidade, por isso, é uma
das avenidas mais movimentadas do centro do Rio. Mas, além disso, se tornou um grande
centro empresarial, com edifícios e escritórios de empresas relevantes para a economia
brasileira, como o Banco Central.
Nesse sentido, para a realização e finalização das reformas, os moradores originais do
que hoje é a Avenida Rio Branco foram expulsos, com o uso da violência, pelo Estado. Junto
a isso, as moradias da população local, que se concentrava naquela área desde a chegada da
corte portuguesa ao Brasil, foram incendiadas e demolidas para a construção da avenida.
Ademais, as justificativas para a expulsão dessas pessoas era de que a população era suja e
poderia transmitir doenças, como a varíola e a febre amarela.

13. LARGO DE SANTA RITA

Fica no centro do Rio de Janeiro, no início dos anos de 1700, a corrida pela exploração
do ouro na região de Minas Gerais fez disparar o número de desembarques de pessoas
escravizadas vindas da África em direção ao Rio de Janeiro, sendo assim dezenas de milhares
de crianças, mulheres e homens.
Que a cada ano eram sequestrados desde a costa da mina na Guiné do Senegal, de
Angola, e de muitas outras partes da África desembarcaram na Praia do Peixe na região da
Praça Quinze, que naquele começo de século iria se transformar no mais brutal porto
escravista que o mundo pode conhecer. Por exemplo, se tivesse comparadores os escravizados
eram comercializados ali mesmo, onde hoje em dia é a Rua Primeiro de Março.
Outra curiosidade é que as vezes, agentes de inspeção de saúde entravam nos barcos
para fiscalizar e impedir o desembarque de algum escravizado muito doente, aqueles que
estava mais doente ainda eram vendidos a preços baixíssimos para os comerciantes pobres
que assim faziam apostas, na questão que se houvesse uma melhora do estado o preço do
escravizado subia na sua revenda. Outro caso, era quem não era negociado e resistia a viagem
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com saúde era levado aos mercados, a frequente morte de quem descia sem saúde dos Navios
Negreiros, virou problema público de saúde importantíssimo no Rio de Janeiro por volta de
1710, com isso a falta de dignidade e erros estavam angustiados o Cleó do Rio sendo os
religiosos que o Rei Dom João Quinto, enviasse dinheiro diretamente de Portugal para
construir um cemitério que fosse especialmente destinado a esses africanos.
Na sua primeira sugestão era para ele ser construído aos pés do Morro do Castelo,
onde hoje encontramos a Biblioteca Nacional na região da Cinelândia, mas outro local foi
decido que era mais próximo do ponto de desembarque que se encontrava localizado em
frente à Igreja de Santa Rita, na freguesia de Santa Rita na atual Marechal Floriano. De
acordo, com alguns historiadores entre 1722 e 1769, o cemitério funcionava naquele espaço
até que o mercado de escravos foi transferido urbanizada da cidade para a região do Valongo.
Largo de Santa Rita, foi o primeiro local do Rio de Janeiro de sepultamentos de pretos
novos e descrever as atividades a procuradoria da Câmara do Vereadores, no século XVIII
apontou que houve cerca de 220 enterramentos apenas no primeiro semestre de 1766, se a
média daquele ano mantivesse ao multiplicar as mortes pelos 52 anos de existência do
cemitério chegaríamos mais ou menos ao total de 20 mil pessoas enterradas. Atualmente no
local, essa memória só fica guardado em dois totens instalados e também no nome da estação
do VLT carioca, que por fim aterros por todas o cemitério.

14. CONCLUSÕES

15. REFERÊNCIAS

Abertura do Boulevard Olímpico. Revista Museu, 2016. Disponível em:


<https://www.revistamuseu.com.br/site/br/o-escriba/939-03-08-2016-abertura-do-boulevard-
olimpico.html>. Acesso em: 17 de novembro de 2023.

BARBOSA, Carolina. LANDIM, Pedro. Por que o Largo da Prainha tem dado o que falar.
Veja Rio, 2022. Disponível em: <https://vejario.abril.com.br/cidade/largo-da-prainha/mobile>.
Acesso em: 16 de novembro de 2023.

Cais do Valongo - Rio de Janeiro (RJ). IPHAN. Disponível em:


<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1605/>. Acesso em: 17 de novembro de 2023.
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COSTA, Flávia Carolina da. Morro Da Conceição: Uma Etnografia Da Sociabilidade E


Do Conflito Numa Metrópole Brasileira. 2010.

LEFEBVRE, Henri. O espaço. In: LEFEBVRE, Henri. Espaço e política. Tradução:


Margarida Maria de Andrade; Sérgio Martins. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
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LEFEBVRE, Henri. O direito à Cidade. In: LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade.


Tradução: Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro, 2001.
Mural das etnias – o maior grafite do mundo no rio de janeiro. Revista Free Walker tours.
Disponível em: https://freewalkertours.com/pt-br/mural-das-etnias/. Acesso em: 1 de
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O "case" Santa Rita (Rio de Janeiro). Hypotheses. Disponível em:


<https://santarita.hypotheses.org/historia>. Acesso em: 16 de novembro de 2023.

Roda de samba da Praia do Sal. Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro.
Disponível em: <https://guiaculturalcentrodorio.com.br/roda-de-samba-da-pedra-do-sal/>.
Acesso em: 16 de novembro de 2023.

SMITH, Neil. Gentrificação, a fronteira e a reestruturação do espaço urbano. GeoUSP:


Espaço e Tempo, São Paulo, n. 21, 2007.

Sobre o Museu. Museu do Amanhã. Disponível em:


<https://museudoamanha.org.br/pt-br/sobre-o-museu#>. Acesso em 17 de novembro de 2023.

SUERTEGARAY, Dirce Maria Antunes. Geografia, ambiente e território. Revista da Casa


da Geografia de Sobral, Sobral, v. 17, n. 3, dez. 2015.

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