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Universidade Federal do Amapá

Docente: Ma. Pâmela Nunes Sá

Discente: Alice Mayra Rodrigues Chagas

Turma: 2020 Matrícula: 2020008467

Disciplina: Hidrologia e Drenagem

Resumo do artigo "O processo de retificação do Rio Tietê e suas implicações na cidade
de São Paulo"

O artigo aborda o processo de retificação do Rio Tietê em São Paulo, que


embora tenha sido iniciado no fim do século XIX para fim de compreensão dos
impactos causados pelas intervenções sofridas pelo rio. O qual passou por diversas
modificações resultantes do processo de urbanização da cidade. O texto traz estudos
pertinentes sobre as consequências e os problemas urbanos e ambientais oriundos da
ocupação indevida do solo e da destruição do meio ambiente em torno do rio.

No início do artigo é feita uma breve contextualização histórica sobre o


crescimento da agricultura cafeeira, sendo assim o maior responsável pela necessidade
de urbanização da cidade de São Paulo. Que culminou na ocupação dos limites do rio e
consequentemente nas alterações do seu percurso pela atividade humana em torno dele

O que se acreditava ser uma grande proposta de melhoria de vida, tornou-se


gradativamente um processo de deterioração, encurtamento e diminuição do fluxo do
rio. Inicialmente o Tietê tinha como principal função econômica somente a extração de
areia, também aconteciam atividades de lazer como o futebol. O rio cruza a bacia
sedimentar de São Paulo. Originalmente, fora da época das chuvas o Tietê tinha
velocidade moderada. E aumentava no verão o volume de águas e a velocidade,
provocando erosão do leito, e até causando enchentes, mudando percurso e formando
ilhas.

Os primeiros registros do processo de retificação do rio datam de 1866, e


revelam o interesse imobiliário como principal fator de intervenção. Assim se iniciaram
os processos de mudanças urbanas envolvendo o rio. Nessa época até mesmo a
atividades esportivas aquáticas eram realizadas às suas margens. Os estudos para a
implementação desses processos utilizam como referência grandes cidades da Europa
alegando fluidez, mobilidade etc. A implantação dos projetos avançou pouco até o final
da década de 1930. Sob a gestão do prefeito Prestes Maia foram executadas as avenidas
Anhangabaú e Itororó.

Em 1950 o estudo denominado relatório Moses liderado pelo engenheiro e


advogado especialista em mobilidade urbana Robert Moses propôs a retificação do Rio
Pinheiros com o intuito de desenvolvimento do subúrbio através da conceção com o
centro através de vias expressas. Os maiores beneficiários dessas alterações eram os
investidores que se aproveitavam da falta de leis de fiscalização ambiental e isenção de
impostos com a terra urbanizável resultante das alterações. Várias propostas de
retificação do rio foram adiadas pela falta de estudos hidrológicos. Mas a insalubridade
da várzea do rio provocava a necessidade de drenagem dela. Somente em 1937 o
Projeto Cintra, desenvolvido por João Florence de Uchôa Cintra foi executado. O
projeto contava com a canalização e aprofundamento de 4 metros no trecho entre
Guarulhos e Osasco, exatamente o percurso que está dentro do município de São Paulo.

A retificação do rio Tietê tinha principalmente objetivos de interesse público.


E a retificação do Rio Pinheiros, a geração de energia elétrica. Ambas tinham como
proposta a solução dos problemas de enchente e insalubridade. De todas as
inconsistências e irregularidades ocorridas na execução as mais estarrecedoras são as
concessões de terras da várzea do Rio Pinheiros, como parte do contrato de pagamento a
empresa executora Light, o contrato previa que a delimitação das terras seria
proporcional a área das cheias. Nesse mesmo ano as cheias do rio atingiram limites
nunca vistos, justamente no período de demarcação e em um período do ano sem fortes
chuvas. Veículos de imprensa acusaram veemente a empresa Light como causadora das
enchentes, alegando que a mesma utilizou as águas de suas represas para manipular a
demarcação das áreas a serem concedidas. As cheias causaram desapropriação de
moradores dos trechos em torno dos rios e sérios impactos ambientais. Além disso, a
regularização indevida do rio também poderia se dar de formas menos agressivas e
ainda sim, serem executadas pela empresa, que não demonstrou nenhum interesse, pois
o aporte financeiro do poder público para as obras era mais interessante para os
mesmos.
O processo de desenvolvimento das atividades automobilísticas aconteceu
praticamente no mesmo período. A várzeas drenadas possibilitaram a implantação de do
sistema viário, bem próximas aos canais. Confinando os rios em um trecho apertado e
condicionando os mesmos á insalubridade e impossibilitando a utilização para fins
recreativos.

As mudanças sofridas pelo rio trouxeram grandes impactos ambientais, além de não
impedir a ocorrência das cheias, também ocasionou o assoreamento do rio, a perda dos
espaços recreativos de lazer, de esportes, de pesca da pupulação, trouxe o problema de
poluição do rio pelos volumes de dejetos. Além dos problemas de saúde relacionados ao
acúmulo de resíduos sólidos nos canais, a deterioração do meio ambiente e um grande
desequilíbrio ambiental. O rio Tietê é um grande exemplo de como o crescimento
desordenado pode afetar toda a população ao redor. E de como em muitos desses casos a
falta de atenção, estudo ambiental e fiscalização do poder público podem ser
responsáveis por grandes malefícios à sociedade. Também revela o poder de influência e
corrupção por parte de empresas privadas responsáveis pela execução desses serviços
que são realizados com o investimento público, recolhido por meio dos impostos pagos
pela própria população. A consequência desses atos de poder público junto à inciativa
privada são anos de reparos ambientais e muito mais gasto de dinheiro público com a
manutenção de obras mal executadas, com estudos inconsistentes e de contenção de
danos ambientais, como é o atual caso do rio Tietê, o que fora um dia um local de lazer,
hoje é um dos maiores exemplos de poluição urbana mundial.
Resumo do artigo "Infiltração e Escoamento Superficial Sob Diferentes Usos e
Ocupação em uma Bacia Hidrográfica"

O artigo "Infiltração e Escoamento Superficial Sob Diferentes Usos e Ocupação


em uma Bacia Hidrográfica" aborda a influência dos diferentes tipos de uso e ocupação
do solo na infiltração e no escoamento superficial dentro de uma bacia hidrográfica. A
pesquisa investiga como as atividades humanas, como urbanização, agricultura e áreas
naturais, afetam o ciclo hidrológico da bacia.

Para que fosse feito o estudo foram utilizadas algumas técnicas de


sensoriamento remoto e modelagem hidrológica para analisar a distribuição espacial e
temporal da infiltração e do escoamento superficial em áreas com diferentes usos do
solo. Os resultados indicam que a urbanização tende a reduzir a infiltração e aumentar o
escoamento superficial devido ao aumento da impermeabilização do solo. Por outro
lado, áreas naturais e agrícolas mostram uma maior capacidade de infiltração e menor
escoamento superficial.

O processo de retificação do Rio Tietê que aconteceu simultaneamente ao do Rio


Pinheiros, que também faz parte do mesmo complexo urbano, desde as primeiras
intenções de projeto não visava somente a “salubridade e melhoria de infraestrutura
como prometia, desde o início as concepções visavam o lucro imobiliário da região. As
constantes cheias, carência de saneamento e outros fatores relacionados foram
apontadas como as justificativas das intervenções realizadas.

A retificação do rio, apontada como a única saída para a solução dos problemas da
população local, não foi a solução que esperavam. O que seria de fácil interpretação,
mesmo antes da alocação de recursos, se os projetos tivessem os estudos necessários e
se os desenvolvedores tivessem sido minimamente razoáveis, em relação á aplicação de
uma técnica tão radical, em um trecho de bacias de tamanha importância
socioeconômica para a população. Como mencionado no artigo havia muitos clubes
aquáticos, campos esportivos, comércio local, pesca e atividades de lazer. Atualmente o
canal continua não atendendo ao fluxo de cheias na região, causando problemas
ambientais ainda maiores, como as cheias que ainda persistem e os entupimentos de
canais devido à extrema população do rio, que culmina com o aumento da insalubridade
em seus arredores.

Um dos grandes problemas gerados com a retificação do rio Tietê foi a corrupção,
claramente presente, desde o contrato com a empresa que executou a obra, a qual fez a
questão da aplicação de um projeto que embora fosse mais agressivo ao meio ambiente,
geraria mais lucro para a mesma. Além disso a empresa Light, executora da obra,
também ganharia terras do Rio Pinheiros como parte do pagamento. Acordando com o
estado que o limite das cheias do rio, demarcariam a área das terras. No mesmo ano,
jornais da época noticiaram a maior cheia fora de época do rio, e o volume de águas
elevado mesmo sem chuvas, a empresa contava com represas nesses mesmos percursos
de elevação anormal do nível de água. O Governo não mencionou nada, mesmo com
todas as evidências. Somado a isso, é importante lembrar no dano financeiro aos cofres
públicos que a manutenção das vias gera para o estado.

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