Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ecologia e paisagem
na enseada do cabrito
ecossistema urbano:
ecologia e paisagem
na enseada do cabrito
Banca avaliadora:
Marcos Rodrigues
Marta Raquel
Liana Viveiros
Salvador
2017
“we are called to be architects of the future, not its victims.
[The challenge is] to make the world work for 100%
of humanity in the shortest possible time,with spontaneous
cooperation and without ecological damage or disadvantage
of anyone”
Buckminster Fuller
Agradecimentos
Este trabalho não teria sido possível sem o apoio incondicional da minha família
que ao longo dessa trajetória sempre me ofereceu condições para que pudesse desenvolver
minhas atividades da melhor forma possível. Agradeço também a Professora Naia
Alban por ter aceitado me orientar e ter embarcado de imediato nessa experimentação.
Ao coorientador Miguel Accioly por ter aceitado construir a ponte entre Arquitetura e
Biologia, ajudando a estreitar os laços entre duas disciplinas ainda distantes, mas que
devem estar cada vez mais próximas para propor soluções inventivas para as cidades
contemporâneas. À banca avaliadora: Marcos Rodrigues, Marta Raquel e Liana Viveiros
por terem aceitado o convite e compartilhado seu tempo e experiência na avaliação
desse trabalho. Aos professores e tutores canadenses, a quem sou muito grato por me
apresentarem novas perspectivas para as cidades. Aos amigos da Faculdade de Arquitetura
que trilharam comigo essa caminhada cheia de maquetes, desenhos, visitas em campo e
noites viradas. Agradeço especialmente àqueles que me ajudaram nesse trabalho: Maíra
Áspera, Sara Bezerra, Vinícius Lyra, Vilca Araújo, Rafael Pereira, Henrique Chagas, Lara
Espinheira, Victor Varjão e Isis Machado.
Agradeço também aos moradores da Enseada do Cabrito que me mostraram as
ruas, becos, fontes de água, abriram suas casas e compartilharam suas histórias comigo.
Agradeço , por fim, à cidade de Salvador que me recebeu à sua maneira singular e me
ensina todos os dias a ver e viver a cidade com um novo olhar.
Sumário
Objetivo 18
Projetos de referência 30
Enseada do Cabrito 48
A história de um lugar 53
Parâmetros urbanos 66
Mangue 68
Pesca e mariscagem 76
Proposta 86
Referências 138
O objetivo desse trabalho é apresentar uma proposta de Objetivos específicos:
requalificação ecológica e paisagística para a Enseada do Cabrito
visando melhorar a condição urbana e biológica a fim de proporcionar • Propor um plano de reconstrução para os ecossistemas da Enseada
o local ideal para o pleno desenvolvimento das atividades de pesca do Cabrito;
e mariscagem, ofícios tradicionais da população local. A proposta
• Propiciar um ambiente ecologicamente equilibrado para as atividades
de trabalho se dá a partir do entendimento de que é fundamental a
de pesca e mariscagem;
reestruturação da fauna e flora e preservação dos recursos naturais
da Enseada para a melhoria da qualidade de vida da comunidade. • Potencializar a pesca e mariscagem;
Nesse sentido, o trabalho foi desenvolvido a partir da compreensão • Requalificar a infraestrutura nas margens da Enseada;
da relação que os moradores estabelerecam ao longo do tempo com o • Entender os processos de construção da paisagem ao longo do tempo;
mar, o manguezal, a tradição pesqueira e a paisagem local. • Investigar as relações entre homem e natureza no ambiente urbano;
• Possibilitar a transdisciplinariedade entre a arquitetura, urbanismo,
biologia, engenharia ambiental, ciências sociais e temas afins.
18 19
paisagens degradadas
paisagens produtoras
Como produzir cidades?
Como uma cidade, com todos os As cidades contemporâneas crescem em descompasso com
nossa capacidade de pensar, desenhar e realizar mudanças em seu
demanda insaciável por alimentos – a paisagem e a maneira como nós nos relacionamos com as cidades.
Durante muito tempo a relação entre o ambiente construído
22 23
falta de planejamento dos órgãos públicos e da escassez de chuvas
nos reservatórios. Na Itália montanhas de lixo ficaram acumuladas “Precisamos encarar a fragilidade do
planeta e de seus recursos como uma
durante semanas nas ruas de Nápoles em função de problemas no
recolhimento e da falta de espaço para descarte nos lixões. Em 2015
diversas cidades no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ficaram
sem abastecimento de alguns alimentos, consequência da paralisação
dos caminhoneiros pelos altos preços do combustível, pedágios e
oportunidade para investigar novas
transportes.
O cenário enfrentado pelas grandes metrópoles pode ser
possibilidades arquitetônicas, e não
uma nova possibilidade para atualizarmos a maneira de pensar a
cidade. Novas abordagens no campo do urbanismo devem entender
como uma forma de legitimação técnica
a cidade e o homem como algo em constante transformação,
propondo soluções interdisciplinares, reversíveis e transitórias que para promover soluções convencionais”
acompanhem as alterações do meio físico e social ao longo do tempo.
Como a vida nas cidades pode ser melhorada a partir da conciliação Mohsen Mostafavi, Por que um urbanismo ecológico? Por que agora?
entre desenvolvimento urbano e preservação ecológica? É possível
uma metrópole, dentro do seu território, gerenciar o que ela própria
produz e descarta? Como reduzir os impactos ambientais do passado
e transformar áreas ecologicamente degradadas em paisagens
produtivas?
24 25
produzir paisagens
PAISAGISMO: UM BREVE HISTÓRICO
A linha do tempo a baixo mostra um breve resumo sobre projetos icônicos no âmbito
do paisagismo na Europa, América do Sul e do Norte. As propostas, ao longo do tempo,
compreendem a paisagem não mais como imutável e estática, mas sim um objeto em
constante alteração e sujeito às modificações antrópicas, buscando novas maneiras de Cantinho do Céu. Boldarini
conciliar o homem a natureza. Arquitetura e Urbanismo.
São Paulo
1970
2000
1993
1857
2008
2009
1982
2001
1969
1999
Publicação do livro Design Concurso para o Parque La Concurso para o projeto do
Villette. Paris. Fresh Kills Park. Field High Line, Field Operations.
with Nature de Ian L. Downsview Park, Canadá.
Operations. Staten Island, Nova Iorque.
McHard.
Bernard Tschumi vence o Nova Iorque.
Novas premissas sobre o que é
concurso para tranformar uma Inspirado no proposta
Livro pioneiro sobre a um parque urbano.
antiga área de abatedouro e Projeto de remediação Promenade Plantee em Paris,
coexistência sustentável Conceitos: programa passivo e
mercado de carnes de Paris em ecológica e reconversão da o projeto é um parque linear
entre o homem e natureza. desenvolvimento gradual do
um parque urbano. A proposta área de Fresh Kills, o maior de aproximadamente 2.3
Novos conceitos são inseridos ecossistema junto ao programa
se diferencia das outras por aterro sanitário do mundo, em quilômetros que se desenvolver
na gramática do design,
entender o parque como um um parque na região de Staten em uma antiga estrutura
arquitetura e urbanismo.
local hibrido entre natureza Island, Nova Iorque. ferroviária abandonada na
ecidade, natural e artificial. malha urbana de Nova Iorque.
A proposta de transformação
da ferrovia em parque surgiu
a partir de mobilizações dos
moradores.
28 29
Projetos de referência
• 129 hectares
• Crescimento ao longo do tempo
• Peças chaves: fases, contexto e ecologia
• Programa passivo com alguns reusos adaptativos
“Árvores em vez de edifícios servirão como catalisadores da urbanização. Antiga área militar desativada no subúrbio de Toronto
Foto: PMA Landscape Architects
Clusters vegetais, em vez de novos complexos de edifícios irão fornecer
identidade ao local. Um território urbano constituído por elementos
paisagísticos. Tree City procura fazer mais construindo menos,
produzindo densidades com permeabilidade natural, desenvolvimento
de propriedade com enriquecimento perene.”
30 31
Fresh Kills Park - Field Operations
Staten Island, Nova Iorque, EUA (2001)
• 890 acres
• Maior aterro do mundo
• Ecologia é a chave: o terreno é uma antiga lagoa glacial,
anteriormente coberto por um pântano salino
• Programa ecológico + programa atrativo: remediação do solo
integrado com programas educacionais e recreativos
Antigo aterro Fresh Kills em processo de remediação para transformação da área em parque
Foto: Mariel Villere, 1997
32 33
ENSEADA DO CABRITO
3
4
1
1 Salvador 7
2 Simões Filho
3 Ilha de Maré
4 Ilha dos Frades
5 Salina das Margaridas
6 Itaparica
7 Vera Cruz
Limite de Salvador
1 Reserva Jaguaribe
2 Parque de Pituaçu
3 Parque da Cidade
4 Parque São Bartomoleu
Imagem: Google earth
5
7
4
1
1 Ribeira
2 Massaranduba
3 Lobato
4 Alto do Cabrito
5 Pirajá
6 São João do Cabrito
7 Plataforma
Imagem: Google earth
Enseada do Cabrito: uma breve introdução
A Enseada do Cabrito é delimitada pelos bairros do Lobato e “Conforme Valdeci Teixeira Barbosa, coordenadora geral do Grêmio
São João do Cabrito. A história do bairro do Lobato está diretamente Comunitário Cultural e Carnavalesco Afoxé Filhos de Ogum de Ronda, a
ligado à construção da Avenida Afrânio Peixoto e ao descobrimento área que corresponde hoje ao bairro de São João do Cabrito, foi o primeiro
de petróleo em 1939. A expansão do bairro foi mais intensa a partir local a ter casas sob palafitas. “Toda essa área aqui era mangue, tivemos
dos anos 70, quando uma forte chuva desabrigou diversas famílias de muito trabalho para entulhar isso tudo, morávamos em cima do mangue
bairros vizinhos e o Governo do Estado construiu casas no Lobato para sob palafitas, pegávamos barro na Suburbana e carregávamos na cabeça
os desabrigados. O bairro exerce uma função predominantemente para aterrar”.
habitacional, contando com alguns comércio próximos à Avenida
Suburbana e equipamentos como escolas, postos de saúde, igrejas e “Segundo Valdeci Barbosa havia no bairro muitos minadouros e hoje não
centro comunitário. Atualmente o bairro tem aproximadamente 25.000 há mais nada; o “Rio de Maria Zambetão”, que atravessava a Avenida
habitantes, o que corresponde a pouco mais de 1% da população de Suburbana e onde lavava-se roupa e o feijão do acarajé, hoje em dia
Salvador e 25,23% dos chefes de família estão na faixa de renda mensal cai direto em uma rede de esgoto e não existe quase nada. Para Valdeci
de 1 a 2 salários mínimos. Barbosa, a referência do bairro é a ponte do trem e as festas que mobilizam
São João do Cabrito, ao norte da Enseada, é marcado pela a comunidade são a Mudança de São João do Cabrito e a Festa dos
tradição pesqueira dos moradores e pela ocupação espontânea das Pescadores, na qual o sagrado e profano se misturam com procissão, missa
terras litorâneas. De topografia acidentada, as cumeadas de mata e pagoda”.
atlântica que contornam o bairro chegam a 85 metros acima do nível do
mar. Embora grande parte da cobertura vegetal já tenha sido removida O Caminho das Águas em Salvador: bacias hidrográficas, bairros e fontes. 2010
por conta das pressões imobiliárias e o crescimento desordenado, nas
partes mais íngremes ainda restam manchas de vegetação nativa. O
trecho entre o mar e a cumeada é composto por uma massa marrom e
homogênea de casas de um até cinco pavimentos, construídas de bloco
cerâmico sem reboco, as lajes planas servem como terraços e permitem
a expansão vertical dos imóveis ao longo do tempo. As ruas estreitas,
becos e vielas malmente são pavimentadas e quase não há árvores. A
densidade de casas impede que estas tenham quintas, reduzindo ainda
mais a quantidade de áreas verdes. A vida social, contudo é agitada. Os
pontos de encontro e socialização acontecem nos pequenos comércios
que ficam no pavimento térreo, em frente as portas de casa, nas áreas
onde os pescadores atracam seus barcos e nas dezenas de campos de
futebol improvisados pelas crianças. Quanto mais nos distanciamos
da Avenida Afrânio Peixoto e nos aproximamos do mar, a vida parece
mais lenta e pacata.
48 49
Av. Afrânio Peixoto
Travessia Plataforma-Ribeira
Lobato
Ribeira
50 51
1823 Rendição dos últimos portugueses A história de um lugar: dos tupinambás às
na região do Cabrito
palafitas
1952 Inauguração da ponte São João Concordando com Serpa (apud FORMIGLI et al., 1998), Santos (2005,
p. 70-71; 79) considera que a escolha “dos Tupinambás pelo litoral
brasileiro, e especificamente pelo Subúrbio, aconteceu em virtude
da natureza privilegiada do Subúrbio, local de superabundância de
Início da ocupação Novos Alagados 1970 alimentos marítimos, como frutos do mar, marisco, caranguejo, água
doce [...]”.
52 53
e Plataforma que a ferrovia cruza o mar, sob a ponte São João. O trecho
da ponte é de aproximadamente 450 metros e sinaliza a entrada da
Enseada do Cabrito, marcando seu limite no conjunto da Enseada dos
Anos 30: A chegada das fábricas Tanheiros. A inserção de uma infraestrutura urbana na escala de uma
ferrovia alterou as relações de fluxos e mobilidade na Enseada. Com
a construção da ponte e sua reforma em 1950, a reduzida altura entre
a ponte e a maré impediu que barcos de grande porte circulassem na
As transformações no cenário de águas calmas e transparentes, Enseada, sendo esta, a partir de então, acessada apenas por pequenas
local de veraneio das famílias abastadas, tem início com a abertura dos canoas e barcos da populacão pesqueira que reside na região.
portos brasileiros pela família imperial, a qual permitiu que indústrias É nesse contexto de expansão econômica e de atração social
se instalassem na colônia. que a Enseada do Cabrito começa a sofrer com a ação antrópica.
Em Salvador o local escolhido para se tornar a primeira A instalação das fábricas na região da Península poluiu a Enseada
área industrial da cidade foi a Península de Itapagipe. As condições com derramamento de grandes quantidades de metais pesados como
geográficas da região, com grandes áreas planas e de fácil acesso, mercúrio, cádmio, cromo e manganês. Por suas caracteristicas naturais
tanto por terra quanto por mar, foram decisivas para a instalação das com águas calmas de pouca mobilidade e solo lodoso, grande parte
fábricas na região costeira. A inserção de uma arquitetura industrial desses metais estão depositados no fundo da Baía causando impactos
alterou a paisagem dos bairros itapagipanos, modificando a escala de todos os níveis nos ecossistemas da região. As áreas lodosas entre
das construções, ampliando ruas e trazendo um novo contingente de maré alta e maré baixa são regiões extremamente férteis, permeadas por
moradores a procura de melhores condições de vida. A predominância manguezais e uma rica fauna e flora. Grande parte dessa fauna interage
das antigas casas de um ou dois pavimentos vai sendo rompida ao passo com os sedimentos químicos da Enseada, assimilando esses poluentes
que as chaminés surgem na paisagem. As habitações proletariadas, bioacumualativos na sua alimentação e compromentendo toda a cadeia
no formato de vilas operárias, alteram o contingente populacional alimentar.
da região que se torna um local de grandes oportunidades para a A manutenção dos barcos artesanais e dos navios cargueiros
populacão que migrava do campo para a cidade. também contribuiram para a poluição das águas da Enseada através do
Para escoar a produção das indústrias, foi necessário a lançamento de hidrocarbonetos e águas oleosas, águas cinzas, químicos
construção de uma ferrovia que data de 1850. O trem do Subúrbio usados na pintura e manutenção dos cascos e da lavagem dos porões
liga a região da Calçada até Paripe, perfazendo um percurso de dos navios. Para ter uma idéia do volume de poluentes, em 1994 a
13,5 quilômetros abrangendo grande parte dos bairros do Subúrbio quantidade de cromo sedimentado na Enseada do Cabrito estava acima
Ponte São João em 1860.
Ao fundo o Morro do Outeiros com Ferroviário. A construção da ferrovia tem grande impacto na paisagem do valor tolerável de acordo com os valores estabelecidos pelo decreto
poucas ocupações à época da Enseada do Cabrito, pois é justamente entre os bairros do Lobato 55.871 de 1965, como podemos observar no gráfico da página 57. Os
Fonte: Raul Barreto. História aplicada
ao turismo valores de manganês e chumbo assentados na crosta da baía também
estavam próximos ao limite considerado seguro.
As consequências da poluição por metais pesados não se
limitam à base sedimentar e a água da Enseada.
Um estudo publicado em 2016 sob o título Atlas sócio
ambiental da Baía de Todos os Santos mostra que os mariscos e peixes
da Enseada do Cabrito também estão contaminados. Grande parte da
população que vive na região tem como ofício a pesca e mariscagem,
sendo essas atividades fonte de renda parcial ou total para muitas
famílias. A alimentação dessa populacão está historicamente conectada
aos alimentos de origem marinha, sendo as águas da Baía de Todos
os Santos as grandes provedoras dos peixes e mariscos consumidos
por essas comunidades. Com o aumento da poluição e a assimilação
dos poluentes bioacumulativos por peixes e mariscos, as famílias que
consomem diariamente esse pescado ingerem altas quantidades de
54 55
metais pesados, acarretando uma série de prejuízos à saúde.
Além dos poluentes provenientes das indústrias ao longo
das décadas, a grande quantidade de ligações clandestinas de esgoto
doméstico nas redes de drenagem urbana que deságuam na Enseada
compromentem a qualidade da água e dos alimentos retirados do
mar. Atualmente os produtos farmacêuticos proveninente de hospitais
próximos a Enseada ou descartados de maneira inapropriada tem
aumentado na região.
Nos anos 1970 o pólo industrial de Camaçari é construído,
alterando o fluxo de investimentos do grande capital industrial da
Península de Itapagipe para a região metropolitana de Salvador. A
construção da Avenida Paralela e o desenvolvimento da cidade em
direção ao litoral norte criaram um novo status de habitação em
Salvador, fazendo com que a classe média abandonasse a Península
e se deslocasse em direção ao litoral atlântico, contrinbuindo para a
decadência da Enseada do Cabrito. As fábricas fecharam a portas e um
contingente de trabalhadores perderam seus postos, encontrando na
informalidade a geração de renda para sustento da família. O quadro de Despejo de esgoto doméstico através
de ligações clandestinas na rede de
pobreza da região, já muito acentuado, aumentou consideravelmente drenagem que deságua na Enseada.
com as demissões em massa que deixaram centenas de pessoas em Acervo pessoal. 2017
condição de desemprego. O fluxo migratório do campo para a capital
já havia alterado em pouco tempo as condições de habitação na região,
aumentando a densidade populacional de Salvador, exponencialmente.
A demanda por moradia e a falta de condições para a compra de Níveis de poluição por metais pesados na biota da Enseada
habitações regulares levou centenas de pessoas a construírem suas O Atlas socioambiental da Baía de Todos os Santos (2016) publicou um estudo de 1994
casas sob as águas na margem da Enseada. que analisa a quantidade de metais pesados nos moluscos na região da Enseada do
Cabrito. Os gráficos abaixo mostram a quantidade de metais na biota e em sedimentos
no infra e meo litoral.
154
1,0
2,0 18,7
0,1
0 0 0 0 0 0 0
Não existem valores de tolerância pra
manganês em alimentos
56 57
de borda com o propósito de conectar São João do Cabrito à Ribeira.
A construção de uma via que contornasse a orla também faria o papel
de delimitador na contenção de novas ocupações sob a maré. As obras
Anos 70: Novos Alagados foram iniciadas em 1996 e a contenção ainda não foi finalizada.
Apesar das melhorias nas condições de saneamento, coleta
de lixo, habitação e espaços públicos, a situação ainda é extremamente
precária. Grande parte da contenção executada em sacos de cimento
As palafitas da ocupação Novos Alagados surgem nos anos cedeu e atualmente está sendo executada em gabião. As áreas aterradas
1970 e tem sua expansão durante o ano de 1972. Em 1976 a ocupação diminuiram a região de coroa, onde nasce o manguezal, reduzindo
já tinha aproximadamente 150 famílias. consideravelmente esse bioma.
58 59
Novos Alagados (...) funciona como bacia de acumulação das áreas Etapas do processo de intervenção
adjacentes e é cortada pelo Rio do Cobre e riachos afluentes destes. A área em Novos Alagados
compreende uma extensão de aproximadamente 3 km às margens da
Enseada do Cabrito e dos únicos manguezais restantes na área urbanizada
do município – o do Estuário do Rio do Cobre, e tem por vizinhos os
bairros de Plataforma e Lobato e o Parque São Bartolomeu, reserva
ambiental do município e sítio consagrado ao culto afrobrasileiro. Novos
Alagados situa-se às margens da Enseada do Cabrito e do manguezal
ainda preservado do Estuário do Rio do Cobre, na Região do Subúrbio 1996
Enseada poluída e ocupada por palafitas
Ferroviário de Salvador, entre a Enseada dos Tainheiros e Plataforma.
O bairro constitui uma expansão da mais antiga e tradicional invasão
sobre águas em Salvador – Alagados, cuja origem data da década de
50, surgido na década de 70 como mais um impulso desse movimento
de criação de espaços, inclusive através da “conquista do mar” pela
população da cidade
60 61
Religião, cultura e ecologia
62 63
na pedra de Omolú locais sagrados para a realização de oferendas e
rituais. É também no Parque São Bartolomeu que está a nascente do
Rio do Cobre, que se desenvolve ao longo da bacia de mesmo nome e
encontra as águas salgadas da Baía de Todos os Santos na Enseada do
Cabrito. É na região próxima às margens do Rio do Cobre, na altura
da Enseada, que o bioma de mangue se densenvolveu ao longo do
tempo, sendo estuário para centenas de animais que buscam refúgio,
alimentos e um local seguro para a procriação da fauna e flora.
“A importância da água diz respeito ao abastecimento de cerca de Lagoas de água doce no Parque São
110.000 pessoas do Subúrbio Ferroviário, pela instalação da represa do Bartolomeu, ao fundo a Enseada
do Cabrito. Ao longo do tempo as
Rio do Cobre, a qual representa a mais importante reserva de água doce ocupações vizinhas foram invadindo a
do Subúrbio” perímetral do parque.
Foto: Naia Alban, 2010
64 65
SISTEMA DE ÁREAS DE VALOR AMBIENTAL E CULTURAL
66 67
As espécies vegetais que se desenvolvem no mangue são
altamente resilientes e autoregeneradoras, adaptando-se as mudanças
das condições químicas da água e do solo. O solo onde se desenvolvem
O mangue os manguezais é lodoso, com baixa presença de oxigênio e grande
quantidade de matéria orgânica. Por essa razão é o ambiente propício
para a alimentação, proteção e reprodução de inúmeros animais. Além
das características biológicas, o mangue está historicamente associado
Manguezal é uma zona úmida, definida como “ecossistema costeiro, de como fonte de renda para diversas comunidades tradicionais que tiram
transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões seu sustento e alimento desse ecossistema.
tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés” Para garantir a preservação e desenvolvimento dos manguezais,
já muito agredidos pela ação antrópica, foi criada a Lei Federal nº
(SCHAEFFER-NOVELLI, Y. Manguezal ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo:
Caribbean Ecological Research, 1995, p. 7)
12.651-2012 (Código Florestal), determinando o ecossistema como área
de preservação permanente. Na contramão da preservação, no Subúrbio
Ferroviário de Salvador as poucas áreas que ainda restam de manguezal
são consideradas perigosas, pois é nelas que acontecem o desmanche
Segundo o mapeamento realizado pelo MMA em 2009, os manguezais
e descarte de veículos roubados, desova de corpos e o descarte de lixo.
abrangem cerca de 1.225.444 hectares em quase todo o litoral brasileiro,
O desconhecimento sobre esse bioma criou no imaginário popular a
desde o Oiapoque, no Amapá, até a Laguna em Santa Catarina,
imagem do mangue como um local sujo, fétido e perigoso.
constituindo zonas de elevada produtividade biológica, uma vez que
Na Baía de Todos os Santos o bioma se desenvolve na região de
acolhem representantes de todos os elos da cadeia alimentar. Estão
São Franscico do Conde, Salinas das Margaridas, Maragogipe e Jaguaripe.
morfologicamente associados a costas de baixa energia ou a áreas
As formações de manguezais na capital e região metropolitana ocorrem
estuarinas, lagunares, baías e enseadas que fornecem a proteção
em Simões Filhos e em pontos ao longo do Parque São Bartolomeu,
necessária ao seu estabelecimento
na foz do Rio do Cobre na Enseada do Cabrito e em trechos do Rio
(DIEGUES, A. C. Povos e Águas - Inventário de áreas úmidas brasileiras. 2 ed. São Passavaca.
Paulo. Nupaub/USP, 2002. p 15-18.).
68 69
Formações vegetais na baía de Todos os Santos Formações vegetais na Enseada do Cabrito
Mata atlântica
Mangue
2005 2016
Atividade de recuperação do
manguezalna Baía de Guanabara
Foto: ONG Ondzul
72 73
Vovó do mangue - Projeto CO2
Maragogipe e São Franscico do Conde, Bahia
74 75
Pesca e mariscagem
76 77
Responsáveis pela pesca, a relação do homem é com as águas na orla, ao nível da areia, onde ficam estacionadas. A organização da
profundas da Baía de Todos os Santos. A atividade de pesca acontece de comunidade pesqueira acontece através das colônias de pescadores de
maneira mais fluida e menos pontual se comparado à mariscagem. O Salvador, sendo a Colônia Z2 a de Itapagipe, com sede em Plataforma/
ambiente de trabalho do pescador é perigoso e sofre mudanças rápidas. São João do Cabrito.
A vazão das marés, ventos, velocidade das correntes marítimas e o fluxo A infraestrutura voltada à pesca é precária e conta com apenas
dos peixes de um local para o outro são conhecimentos extremamente um píer atracadouro associado a um espaço para refrigeração do
complexos e que fazem parte do saber tradicional dos pescadores. É pescado. A demanda por espaços destinados ao beneficiamento, estoque
o saber passado de pai para filho, a experiência acumulada ao longo e comercialização de peixes e mariscos é grande, visto que a população
de anos e a necessidade de renda e alimentação que fazem com que que depende da pesca como fonte de renda é significante . Em um dia
a atividade pesqueira continue existindo. As rotas de pesca vão desde de visita ao local foram contabilizadas mais de 100 embarcações, entre
o Porto da Barra até a região de Ilha de Maré, criando uma série de barcos e canoas. É precária também a condição de estacionamento
percursos que duram dias. Nas primeiras horas da manhã é comum dos barcos. Apenas um píer faz a ligação entre o nível da rua e a areia,
encontrar na orla da Enseada do Cabrito pescadores descarregando o dificultando o acesso dos pescadores que carregam equipamentos
resultado de dias em alto mar: peixes de todos os tamanhos, arraias, pesados e grandes quantidades de pescado. Além do píer o acesso aos
polvo e lagostas . barcos é feito através de escadas improvisadas pela própria comunidade
A pesca envolve uma conjunto de atividades que vão além do a partir de entulhos da construção civil e restos da contenção que cedeu
ato da retirada do peixe da água. A produção e manutenção dos barcos há alguns anos.
e utensílios usados para a atividade também são de responsabilidade
dos pescadores, os quais se reunem em pequenos grupos durante essas
atividades. Na pista de borda que contorna a Enseada do Cabrito os
pontos de socialização também são os espaços de trabalho. Os pontos
escolhidos para manutenção das linhas e redes são as poucas regiões
sombreadas pelas escassas árvores da orla. Os encontros acontecem
sob a sombra das amendoeiras em um espaço improvisado com restos
de materiais de construção que são tranformados em bancos e mesas.
As redes de pesca são amarradas nas árvores e esticadas para que sejam
feitos os consertos. A manutenção das embarcações também é feita
80 81
A organização, motivação e a maneira como a pesca é exercida
não é singular no litoral brasileiro. A multiplicidade de técnicas e
práticas podem ser categorizada em três modelos de produção: a
pesca de subsistência, a pesca realizada dentro dos moldes de pequena
produção mercantil (pesca artesanal) e a pesca empresarial capitalista.
Segundo Mourão em sua tese Pescadores do litoral sul do Estado de
São Paulo (1971) a pesca de subsistência é realizada por reduzidos
agrupamentos humanos, a pesca é somente uma das atividades do
grupo, aliada à caça e à pequena lavoura, também de subsistência.
E, sobretudo, a uma economia de troca onde só existe a produção
de valores de uso. Em geral, não há mediaçãoo da moeda nas trocas
existentes e o eventual excedente é reduzido.
A pesca realizada dentro dos moldes de pequena produção
mercantil – pesca artesanal – é a praticada pela comunidade pesqueira
da Enseada do Cabrito.
82 83
PROPOSTA
Ecossitema Urbano que atividades de lazer, educação e profissionalização possam acontecer
nesse espaço.
No âmbito da mobilidade urbana intervenções como a
A proposta para a Enseada do Cabrito parte do princípio de consolidação de uma ciclofaixa e calçamento em piso intertravado
que crescimento urbano e preservação ecológica são indissociáveis são feitos no orla, além da requalificação de becos que estão entre a
para o desenvolvimento sustentável dos centros urbanos. A Enseada Avenida dos Ferroviários e a pista de borda. Em outra escala é proposta
do Cabrito possui características topográficas, paisagísticas e culturais a substituição do trem do Subúrbio por um VLT, a construção de uma
singulares que tornam esse sítio ímpar na cidade de Salvador. O mar, ponte que unifique a orla e a ampliação das rotas marítimas.
os rios, a vegetação litorânea e a tradição pesqueira da comunidade Os espaços de lazer existentes são mantidos e requalificados
contrastam com a poluição, desmatamento e precariedade de a fim de potencializar áreas já apropriadas pela população ao longo do
infraestutura urbana na região. Essa disparidade de cenários motivou tempo. Campos de futebol, pequenas praças e parquinhos passam por
o desenvolvimento do projeto a partir de estratégias que remediem o modificação de piso, vegetação e mobiliário urbano.
ecossistema e a infraestutura do local ao longo do tempo, possibilitando A proposta, portanto, se caracteriza como uma requalificação
o pleno desenvolvimento de atividades tradicionais como a pesca e ambiental, urbana e paisagística que visa melhorar as condições da
mariscagem praticados pela população local. biota e dessa maneira oferecer alternativas de lazer, mobilidade e
A ideia de remediação ecológica da Enseada do Cabrito opera sustentabilidade para a comunidade local.
em diversas escalas, propondo alterações que vão desde a plantação
de pequenas mudas de árvores até a escala urbana, com a formação
de grandes maciços verdes. É essencial compreender que as alterações
propostas neste projeto acontecem a longo prazo e assimilam o tempo
do homem e da natureza, muitas vezes distintos e conflitantes.
A condução do projeto parte de três elementos principais:
O projeto Enseada têm início a partir da compreensão da
água como elemento fundamental do ecossistema e da paisagem local. 1. Hidrografia
O tratamento dos corpos hídricos que chegam até a Enseada e da
própria água do mar é o passo inicial para o desenvolvimento das áreas 2. Ecologia
verdes e da requalificação urbana/ambiental da região. Paralelamente,
3. Usos e ocupações
um plano de preservação, reabilitação e expansão das áreas de mata
atlântica e manguezal é proposto a fim de potencializar as áreas verdes
existentes e criar novas espacialidades/paisagens nas áreas altamente
degradadas. A melhora nas condições da biota, a longo prazo, refletirá
no aumento da qualidade de vida dos moradores que estão próximos da
orla marítima, em especial aqueles que vivem da pesca e mariscagem.
O programa de usos para o projeto da orla incluiequipamentos
urbanos de caráter econômico, social e de lazer. A fim de oferecer
melhores condições de trabalho para a população pesqueira, propõe-
se a construção de um mercado do peixe onde os pescadores e
marisqueiras possam estocar, tratar e comercializar produtos de
origem marinha. Associado ao mercado é proposta uma ampliação da
colônia Z2, para
86 87
PLANO DE AÇÃO
USOS E OCUPAÇÕES • Espaços de apoio para pesca e mariscagem: tratamento, • Manutenção das contenções • Criação de rotas e trilhas dentro do mangue até o
estocagem e venda do pescado Parque São Bartolomeu.
• Produção e manutenção de barcos e utensílios • Mobilidade: • Implantação de currais de pesca para produção
• Implantação de sistema de coleta de lixo eficiente - Conectar a orla da Enseada de mariscos/peixes
erradicando descarte em locais inapropriados - Conectar Plataforma ao Lobato via pedonal • Programa de incentivo a esportes aquáticos
• Relocação das habitações em áreas de risco - Estação de VLT no Lobato e em Plataforma • Área para aulas, depósito e manutenção de
área de preservação ambiental e habitações - Pavimentação de ruas e calçadas equipamentos
precárias - Consolidação de ciclovia • Consolidação e ampliação das áreas de lazer
- Atracadouro e acesso para barcos
88 89
Recursos hídricos
90
RECURSOS HÍDRICOS
Afluentes
Foz do Rio do Cobre
Pontos de tratamento de esgoto doméstico
clandestino
Área de reestruturação do sistema sanitário
0 25 50 100 500
Manguezal
94
PLANO DE REPLANTIO DO MANGUE
0 25 50 100 500
ETAPAS DE PLANTIO E CRESCIMENTO DO MANGUE
• Início do replantio
FASE II
Fase II aroeira algodoeiro samambaia avencão
Área etapa II : 22.300 m² do mangue do mangue
FASE III
Fase III
Área etapa III : 33.300 m²
15
10
5 10 25
Beija flor
Amazilia
versicolor.
Anteos menippe
Martim-pescador
Espécies existentes
Papagaio do mangue Chloroceryle americana
Espécies futuras Pé-de-galinha Amazona amazonica
Macoma Colhereiro
Sururu Plataleinae
Mytella charruana
Ostra do mangue Guará
Crossostrea brasiliana Eudocimus ruber
Papa-fumo Aratu
Anomalocardia vermelho
Garça branca Periquito Jandáia
brasiliana Goniopsis
Ouriço do mar grande Eupsittula aurea
cruentata
Echinoidea Leske Ardea alba
Siri bóia Caranguejo uçá
Callinectes danae Lambreta Ucides cordatus
Chama maré
Phacoides Carcará
Camarão sete barbas Uca Leach Guaiamu
pectinatus Caracara plancus
Xiphopenaeus kroyeri Cardisoma guanhumi
Coroa Mangue
Mar
100 101
Recuperação do manguezal através do plantio de mudas das espécies nativas Conformação da paisagem com o crescimento da área de mangue
102 103
Mata atlântica
104
Mirante em área de cumeada em processo de reflorestamento.
Ao fundo o mangue já consolidado.
PLANO DE REPLANTIO DA MATA ATLÂNTICA
Detalhe 1
Detalhe 1
0 25 50 100 500
ETAPAS DE RECUPERAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA
670.400 m² de mata atlântica 728,800 m² de mata atlântica 703,600 m² de mata atlântica 728,800 m² de mata atlântica
• Início da plantação de espécies pioneiras, secundárias e Crescimento: 25,200 m² • Crescimento: 25,200 m² • Consolidação do ecossistema e das espécies clímax
clímax. Crescimento total: 50,400 m² • Crescimento das espécies pioneiras e manutenção das espécies
• Cobertura da camada de terra na área de preservação secundárias e clímax.
ambiental e paisagística. • Expansão da cobertura das áreas descampadas
• Relocação das habitações em áreas destinadas a ligação Relocação gradual das habitações em áreas de conexão
dos maciços verdes.
Início da fase II
Espécies nativas
Moconia Ocotea Pera Protium Schefflera Simarouba Stryphnodendron Tapirira Artocarpus Bactris Cecropia Flaboyant Henriettea Himatanthus Inga Jacaranda
prasina glomerata glabrata heptaphyllum morototoni amara pulcherrimum guianensis heterophyllus ferruginea pachystachya succosa bracteatus thibaudiana obovota
110 111
DETALHE 1 : Proposta de replantio da mata atlântica no Morro do Outeiros
Ponto 1
Cruzamento de três miciços verdes em área altamente adensada.
Ponto 2
Cruzamento da avenida Afrânio Peixoto entre dois maciços verdes.
Ligação entre as áreas verdes feita por redes entre as copas.
Ponto 3
Encontro das áreas verdes com o Parque São Bartolomeu.
Área altamante adensada.
112 113
MASTER PLAN: A ORLA DA ENSEADA
Pontos de ônibus
Rotas de ônibus
VLT
Ciclofaixa
Mangue: plantio fase I
Mangue: plantio fase II
Mangue: plantio fase 1II
Estação VLT
Mercado do peixe
Praças
Ampliação da colônia Z2
Escola de esportes aquáticos
Decks
Mobilidade
116
MOBILIDADE
Terminal VLT
Atracadouros
Ponte
Ciclofaixa e requalificação da pista de borda
Rotas marítimas
VLT
Ribeira/Plataforma
Ribeira/Cabrito
Tanheiros/Cabrito
0 25 50 100 500
TRATAMENTO DE RUAS
Situação atual da Rua da Paz de São João. Inexistência de vegetação, pavimentação irregular, ausência de sistema de drenagem Situação atual da Rua Nova Esperança de Plataforma. Inexistência de vegetação, pavimentação irregular
Imagem: Google earth Imagem: Google earth
Conformação pós intervenção: implantação de canteiros em áreas residuais, nova pavimentação e iluminação. Conformação pós intervenção: implantação de canteiros em área residuais, nova pavimentação e iluminação.
120 121
Espaços de pesca e mariscagem
122
PESCA E MARISCAGEM
Pontos de mariscagem
Ponto de manutenção das embarcações
Ponto de desembarque e tratamento do pescado
Rotas de pesca
Mercado do peixe
Ampliação da colônia de pescadores Z2
0 25 50 100 500
imagem
mercado
Marisqueiras trabalhando na orla da Enseada Praça do mercado do peixe: espaço voltado para a ampliação da economia pesqueira
126 127
Espaços de lazer
128
ESPAÇOS DE LAZER
0 25 50 100 500
Campo de futebol na margem da orla Competição de vela na Enseada do Cabrito. Ao fundo o conjunto verde do manguezal
132 133
Maquete da área de estudo com proposta em desenvolvimento
Referências bibliograficas:
CZERNIAK, Julia. Case: Downsview Park Toronto. London: Pestel (2002) CARDOSO, Maria de Fátima. Fomento de desenvolvimento social em
áreas urbanas: o caso do programa Ribeira Azul em Salvador. (dissertação
SANTOS, Elisabete; GOMES DE PINHO, José Antônio; SANTOS mestrado). Universidade Católica do Salvador. Superintendência de
MORAES, Luiz Roberto; FISCHER, Tânia. O Caminho das Águas em pesquisa e pós-graduação. 2009.
Salvador: Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes. Salvador: CIAGS/
UFBA; SEMA, 2010 MOURÃO, Fernando Augusto Albuquerque. Formas de organização da
produção pesqueira no Brasil: alguns aspéctos metodológicos. Publicado
ECOD. Do campo à cidade: soluções para o desperdício de alimentos. originalmente em Pescadores, camponeses e trabalhadores do mar. Ática.
Salvador: ECOD, (2013) 1983
WHITE, Mason; PRZYBYLSKI, Maya. On Farming: Bracket. Nova ATLAS SOCIOAMBIENTAL DO RECÔNCAVO BAIANO: ESTADODA
Iorque/Barcelona: Actar (2010) BAHIA, 2014. Organizadoras: Tânia Mascarenhas Tavares, Dária Maria
Cardoso Nascimento. Salvador. UFBA,2014. Disponível em < http://
CORNER, James. Recovering Landscape: Essays in Contemporary atlassocioambiental.net> Acesso em: 25/03/2017
Landscape Theory. Nova Iorque: Princeton Architectural Press (1999)
FIELD OPERATIONS. Fresh Kills Park : draft master plan. Nova Iorque,
McHARG, Ian L.. Design With Nature. Nova Iorque: John Wiley and 2006. Disponível em < www.nyc.gov/freshkillspark>
Sons (1995)
Salvador, cultura todo dia. Vivendo Cultura: subúrbio. Disponível em:
WERTHMANN, Christian. Operações táticas na cidade informal. São <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-area.php?cod_
Paulo: Sehab (2009) area=6> Acesso em : 27/03/2017.
CORDEIRO, Milei Rodrigues Alves. Estudo da influência da Salvador, cultura todo dia. Vivendo Cultura: Alto do Cabrito. <http://www.
urbanização na condição hídrica da Bacia do Rio do Cobre (Dissertação culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=6&cod_
de mestrado). Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. 2009. polo=50> Acesso em : 27/03/2017.
ÁLVARES, Maria Lúcia Politano. Qualidade bacteriológica da água Fresh Kills Park. Landfill to Park timeline. Disponível em <http://timeline.
distribuida e consumida antes e após o programa Bahia Azul: fatores freshkillspark.org> Acesso em: 27/03/2017
determinantes na cidade do Salvador (Dissertação de mestrado).
Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. 2005 Projeto CO2 manguezal. Disponível em < http://saofranciscodoconde.
ba.gov.br/equipe-da-band-esteve-no-municipio-para-acompanhar-
projeto-co2-manguezal/>. Acesso em 25/03/2017
138 139
Fresh Kills Landfill. Disponível em < http://www.wikiwand.com/en/
Fresh_Kills_Landfill>. Acesso em: 27/03/2017.
140