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MECANISMOS DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E LE-

GISLAÇÃO URBANA APLICADA À LOTEAMENTOS


E CONDOMÍNIOS URBANÍSTICOS

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário
MECANISMOS DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E LEGISLAÇÃO URBANA
APLICADA À LOTEAMENTOS E CONDOMÍNIOS URBANÍSTICOS .................... 1
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2
PLANEJAMENTO URBANO ......................................................................................... 4
PLANEJAMENTO URBANO E SUSTENTABILIDADE ........................................... 11
TIPOS DE PLANEJAMENTO URBANO .................................................................... 16
O PARCELAMENTO DO SOLO .................................................................................. 20
PLANOS DIRETORES.................................................................................................. 23
DIRETRIZES INTERNACIONAIS .............................................................................. 29
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 34

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PLANEJAMENTO URBANO

Planejamento Urbano é o estudo ou profissão que lida com o crescimento


e funcionamento de cidades e vilas, incluindo preocupações ambientais, zonea-
mento, áreas urbanas, infraestrutura, etc.
O planejamento urbano é o processo que busca controlar o desenvolvi-
mento das cidades por meio de regulamentações locais e intervenções diretas,
para atender a uma série de objetivos, como mobilidade, qualidade de vida e
sustentabilidade.
O planejamento urbano é um ramo da arquitetura que se concentra na
organização de áreas metropolitanas.
Formada por diversos campos, desde engenharia até ciências sociais,
essa prática foi desenvolvida para corrigir problemas causados pela expansão
das cidades espontaneamente, sem planejamento.
Em sua essência, o planejamento da cidade visa proporcionar uma vida
doméstica e profissional segura, organizada e agradável para os moradores de
cidades novas e estabelecidas.
Hoje, algumas das maiores preocupações do planejamento urbano são a
construção de locais, o zoneamento, o transporte e o aspecto de uma cidade ou
cidade.

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O planejamento urbano também tenta eliminar as áreas degradadas e im-
pedir seu desenvolvimento, além de preservar o ambiente natural da área.
Embora existam muitos profissionais especializados em corrigir proble-
mas em desenvolvimentos existentes ou em projetar novos, o planejamento ur-
bano é geralmente executado por um grupo de indivíduos com habilidades e
origens específicas.
No entanto, os sistemas de ensino em todo o mundo oferecem cursos
especificamente para certificação nesse campo e, normalmente, oferecem aos
alunos uma experiência nos elementos culturais, econômicos, legais e outros
que entram no desenvolvimento das cidades.
Fora desta certificação específica, arquitetos e pessoas em várias divi-
sões de engenharia trabalham neste campo, assim como aqueles com conheci-
mento de negócios, cientistas sociais e ambientalistas. Além disso, pessoas com
graduação em botânica e paisagismo também são altamente valorizadas.
O planejamento urbano garante que os empreendimentos habitacionais
da cidade sejam montados corretamente para maximizar os benefícios para os
moradores e evitar problemas de saúde e segurança.
Como a maioria das disciplinas, o planejamento urbano foi desenvolvido
para resolver um problema. Antes de meados do século 19, as áreas metropoli-
tanas foram criadas como cidades existentes espalhadas. Londres, Paris e Tó-
quio começaram como pequenas cidades e simplesmente continuaram cres-
cendo à medida que mais pessoas se mudavam para elas. Os endereços e ruas
nas seções mais antigas dessas cidades podem ser confusos, até mesmo para
os nativos, porque eles foram estabelecidos com pouca reflexão sobre como a
área pode mudar e crescer no futuro.
Enquanto as pessoas sempre se envolveram em algum tipo de cidade ou
organização da cidade, seja se instalando perto de um corpo de água ou em um
local mais alto para autodefesa, o final do século 19 é quando o planejamento
urbano moderno começou a se desenvolver.
A falta de organização em áreas habitacionais, setores industriais e a co-
locação de hospitais e escolas muitas vezes criava problemas para a segurança
e a saúde dos residentes nas cidades mais antigas.

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Arquitetos e engenheiros, em parceria com o governo local, começaram
a planejar maneiras de resolver esses problemas em áreas urbanas existentes
e a impedi-los de se desenvolver em novas áreas.

Embora encontrar soluções para situações existentes nas cidades seja


muitas vezes mais complicado do que planejar uma nova cidade ou área urbana
do zero, ambas são partes igualmente importantes do campo.
A localização dos edifícios, juntamente com a designação de certas áreas
de uma cidade para fins específicos (isto é, zonas residenciais, áreas comerciais
e setores industriais), é extremamente importante no planejamento urbano.
Por exemplo, a maioria dos pais não quer o parquinho de seus filhos ao
lado de uma estação de tratamento de água, e ter um hospital em um local cen-
tral pode literalmente salvar vidas. Para que a equipe de policiais seja eficaz,
eles precisam conseguir chegar a qualquer lugar da cidade em questão de mi-
nutos. Isso significa que as estações precisam estar localizadas centralmente e
espalhadas por toda a área, e que as estradas devem ser projetadas para tornar
a locomoção em qualquer lugar o mais rápido possível.
Um bom planejamento urbano leva em consideração todos esses fatores
e muitos outros fatores ao escolher os locais para os edifícios, e configura as
zonas apropriadas de acordo.

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Garantir a existência de estradas e rodovias suficientes, assim como o
transporte público de fácil acesso, também é uma prioridade neste campo.

Antecipar o crescimento e as necessidades de tráfego para uma cidade


grande é importante, e os planejadores urbanos geralmente consideram como o
crescimento futuro afetará o fluxo de tráfego. Com essa informação, eles geral-
mente tentam eliminar possíveis pontos problemáticos antes que se tornem um
problema.
Com novas cidades ou expansões, o planejamento para o transporte pú-
blico, seja acima ou abaixo da superfície, também é importante, especialmente
à medida que as principais áreas metropolitanas avançam mais para práticas
mais amigas do ambiente.
O resultado do processo de planejamento pode ser um plano mestre for-
mal para uma cidade inteira ou área metropolitana, um plano de vizinhança, um
plano de projeto ou um conjunto de alternativas de política.
A implementação bem sucedida de um plano geralmente requer empre-
endedorismo e astúcia política por parte dos planejadores e seus patrocinadores,
apesar dos esforços para isolar o planejamento da política.
Embora baseado no governo, o planejamento envolve cada vez mais a
participação do setor privado em “parcerias público-privadas”.
O planejamento urbano surgiu como uma disciplina acadêmica nos anos
1900.
Na Grã-Bretanha, o primeiro programa de planejamento acadêmico co-
meçou na Universidade de Liverpool em 1909 e o primeiro programa norte-ame-
ricano foi estabelecido na Universidade de Harvard em 1924. Ele é ensinado

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principalmente no nível de pós-graduação e seu currículo varia muito de uma
universidade para outra.
Alguns programas mantêm a ênfase tradicional no design físico e no uso
da terra; outros, especialmente aqueles que concedem doutorado, são orienta-
dos para as ciências sociais.
O núcleo teórico da disciplina, sendo um tanto amorfo, é melhor definido
pelas questões abordadas do que por qualquer paradigma dominante ou abor-
dagem prescritiva.
Questões representativas dizem respeito especialmente ao reconheci-
mento de um interesse público e como ele deve ser determinado, o caráter físico
e social da cidade ideal, a possibilidade de alcançar mudanças de acordo com
objetivos conscientemente determinados, até que ponto o consenso sobre obje-
tivos é atingível através da comunicação, o papel dos cidadãos versus funcioná-
rios públicos e investidores privados na formação da cidade e, em um nível me-
todológico, a adequação da análise quantitativa e o “modelo racional” de tomada
de decisão.
A maioria dos programas de graduação em planejamento urbano consiste
principalmente em cursos aplicados sobre tópicos que vão da política ambiental
ao planejamento de transporte, passando pelo desenvolvimento econômico da
comunidade e habitação.
Planejamento Urbano é o estudo do crescimento e funcionamento das
cidades já existentes ou planejadas. O objetivo é melhorar a qualidade de vida
coletiva por meio de ações políticas, ambientais, sociais, entre outras.
Tudo que é planejado acaba apresentando, no final, melhores resultados.
E quando falamos sobre urbanismo, isso não poderia ser diferente.
A expressão planejamento urbano vem da Inglaterra e dos Estados Uni-
dos, mas o exercício de planejar as cidades vem de civilizações bem mais anti-
gas.
Em todos os casos, o objetivo do planejamento urbano era sempre o
mesmo: responder aos problemas enfrentados pelo ajuntamento de muitas pes-
soas em uma mesma área habitacional.
Acontece que tudo se tornou ainda mais complexo após a chegada da
Idade Moderna e a Revolução Industrial.
Nas últimas décadas, vive-se um crescimento populacional acelerado.

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Isso tem acarretado problemas graves que afetam negativamente a qua-
lidade de vida das pessoas que vivem, principalmente, nas grandes cidades.
Essa situação mudou o entendimento sobre o que é planejamento urbano
Novos tópicos, como mobilidade urbana e acessibilidade na arquitetura
vieram somar em tudo isso.
Planejamento Urbano é o estudo do crescimento e funcionamento das
cidades já existentes ou planejadas. O objetivo é melhorar a qualidade de vida
coletiva por meio de ações políticas, ambientais, sociais, entre outras.
Para evitar que as vilas crescessem de forma espontânea, com divisões
de ruas e bairros confusas e sem padronização, buscou-se cada vez mais o pla-
nejamento urbano.
O caso mais conhecido de cidade planejada no Brasil é Brasília.

Ela foi construída nos anos 50, durante o governo de Juscelino Kubitschek
e veio servir como sede da administração pública federal.

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Mas, no país, existem também outros exemplos de projetos de planejamento
urbano, além da arquitetura de Brasília.
Os mais atuais são a região Porto Maravilha, no Rio de Janeiro; o Jardim
das Perdizes e o Parque da Cidade, em São Paulo.

Cidades de desenvolvimento espontâneo costumam apresentar muitos


problemas, que vão desde o saneamento até a segurança.
Com o planejamento urbano é possível idealizar a melhor maneira de en-
frentar as consequências do excesso de urbanismo moderno.
As cidades planejadas são vistas como um sistema integrado, regrado por
um Plano Diretor responsável por ditar o que é necessário para a qualidade de
vida coletiva.
A ausência de uma gestão, de um ordenamento, de um planejamento,
traz à cidade sérios problemas.
Muitas vezes, eles são tão danosos que acabam sendo difíceis de serem
resolvidos. Com o planejamento técnico e político prévio, evita-se esse processo,
guiando a cidade a um desenvolvimento mais correto e sustentável.
Historicamente, os projetistas se limitavam apenas ao desenho urbano e
o ordenamento físico dos municípios.
Na era pós-industrial, os objetivos eram mais emblemáticos, como o de-
senvolvimento de áreas industriais.
Mas, atualmente, eles precisam lidar melhor com a coletividade e todos
os seus sistemas. E há muitos fatores envolvidos nessa tarefa.

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PLANEJAMENTO URBANO E SUSTENTABILIDADE

O planejamento urbano é um ramo da arquitetura e, como tal, a forma e


a função são tão importantes em uma cidade quanto na concepção de um novo
edifício.
Além de garantir a saúde e a segurança dos moradores, o planejamento
urbano também leva em conta o aspecto da cidade, desde projetos de constru-
ção específicos até a incorporação de espaços verdes e paisagísticos à área.
Em muitos lugares, os planejadores consideram como tornar a expansão
sustentável e prática.
Os desenvolvedores podem considerar a qualidade do ar e a poluição
sonora ao planejar estradas, e visam criar empreendimentos habitacionais me-
nores para limitar o impacto que os residentes têm em seu ambiente imediato.
As cidades recentemente planejadas muitas vezes levam a sério a incor-
poração de espaços verdes e o uso de fontes de energia ecologicamente corre-
tas e transporte. Os desenvolvedores podem ter isso em mente ao planejar a
expansão das cidades existentes também.
Grande parte do planejamento urbano é baseada em um conhecimento
combinado de arquitetura, economia, relações humanas e engenharia. Por essa
razão, existem inúmeras teorias sobre o desenvolvimento de favelas e a ocor-

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rência de decadência urbana. As favelas, definidas como superlotadas, atrope-
lam seções de uma cidade ocupada por pessoas na faixa socioeconômica mais
baixa, frequentemente estão na vanguarda do campo.
Planejadores urbanos e outras autoridades municipais freqüentemente
trabalham para eliminar ou melhorar as favelas existentes e para garantir que
novas favelas não se desenvolvam. Isso é um desafio, no entanto, já que muitos
fatores sociais, políticos e econômicos estão envolvidos não apenas no desen-
volvimento de tais áreas, mas em sua existência continuada.
Várias medidas diferentes foram tentadas para eliminar ou melhorar áreas
de moradias precárias.
Um método é limpar toda a seção degradada de uma cidade, demolindo
as habitações existentes e substituindo-as por habitações modernas financiadas
pelo governo ou privadas. Embora isso tenha sido feito em muitas partes do
mundo, alguns países têm problemas com os “direitos de posseiros”, o que sig-
nifica que a polícia não pode forçar os habitantes das favelas a se mudarem para
que possam limpar a área.
Além dessa solução, os planejadores urbanos muitas vezes trabalham
para localizar escolas, hospitais e outros estabelecimentos socialmente benéfi-
cos e produtores de empregos perto das favelas, a fim de melhorar o clima eco-
nômico da região.
Planejamento urbano, projeto e regulação dos usos do espaço que enfo-
cam a forma física, as funções econômicas e os impactos sociais do ambiente
urbano e a localização de diferentes atividades dentro dele.
Como o planejamento urbano se baseia em questões de engenharia, ar-
quitetônicas e sociais e políticas, é variadamente uma profissão técnica, um em-
preendimento envolvendo vontade política e participação pública e uma disci-
plina acadêmica.
O planejamento urbano se preocupa tanto com o desenvolvimento de
áreas abertas (“locais com Campos Verdes”) quanto com a revitalização de par-
tes existentes da cidade, envolvendo assim a definição de objetivos, coleta e
análise de dados, previsão, design, pensamento estratégico e consulta pública.
Cada vez mais, a tecnologia de sistemas de informação geográfica tem
sido usada para mapear o sistema urbano existente e projetar as conseqüências
das mudanças.

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No final do século XX, o termo desenvolvimento sustentável passou a re-
presentar um resultado ideal na soma de todas as metas de planejamento.
As origens modernas do planejamento urbano estão em um movimento
social pela reforma urbana que surgiu na última parte do século XIX como uma
reação contra a desordem da cidade industrial.
Muitos visionários do período procuravam uma cidade ideal, mas consi-
derações práticas de saneamento adequado, movimentação de bens e pessoas
e provisão de amenidades também impulsionavam o desejo de planejamento.
Os planejadores contemporâneos buscam equilibrar as demandas confli-
tantes de equidade social, crescimento econômico, sensibilidade ambiental e
apelo estético.
O crescimento acelerado das cidades e a ausência de planejamento prin-
cipalmente de meados do século passado para os dias de hoje, trouxe inúmeros
efeitos negativos para os moradores das grandes metrópoles. Aliada a uma ocu-
pação desordenada, com precariedade habitacional e informalidade urbana, o
crescimento acelerado das cidades torna o desafio ambiental urbano ainda mais
prioritário.
O que fica evidente é que toda essa expansão desordenada produziu re-
giões com diferentes níveis de desigualdade, gerando também graves proble-
mas de infraestrutura urbana, sobretudo nas regiões mais periféricas das cida-
des.

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Poluição dos corpos d’água e deficiência no abastecimento de água, au-
sência de saneamento e drenagem, acúmulo de resíduos sólidos e poluição do
ar compõem os desafios ambientais locais e tradicionais de áreas urbanas.

Para tentar diminuir estes problemas, é cada vez mais importante a cria-
ção de cidades planejadas que sigam um modelo estratégico detalhado, para
minimizar os problemas comuns de um processo de urbanização desordenado
e assegurar seu funcionamento de modo harmonioso e sustentável.
A arquiteta Nora Libertun elaborou cinco princípios para que a urbaniza-
ção e seus desafios possam ser abordados através de um enfoque sustentável,
evitando a exagerada expansão urbana e desequilíbrio do meio ambiente.

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A eficiência de recursos (maximização do uso de insumos e minimização
da sua extração) é um dos fatores-chave para este sucesso, uma vez que as
cidades consomem 75% dos recursos naturais, produzem 50% dos resíduos glo-
bais e são responsáveis por 60-80% das emissões globais de Gases do Efeito
Estufa (GEE), conforme publicação da ONU Meio Ambiente.
Sabe-se que a aglomeração das cidades oferece benefícios que incenti-
vam a inovação, o desenvolvimento dos negócios e a geração de empregos. Em
outras palavras, o que importa é “como” as cidades são projetadas – sua densi-
dade, forma urbana de uso misto e sua infraestrutura.
O aproveitamento máximo da infraestrutura urbana também é essencial
para se alcançar a maior eficiência dos recursos. A maioria dos recursos da ci-
dade flui através de infraestruturas urbanas. A escolha de infraestruturas que
conciliam a prestação de serviços – como a remoção de resíduos, alimentos,
eletricidade, segurança energética e abastecimento de água, transporte e lazer
– exige uma análise cuidadosa.
Assim, se planejadas com atenção, as políticas para o aumento de efici-
ência dos recursos podem ser rentáveis, estimular o crescimento e reduzir o im-
pacto ambiental das cidades. Mas para estas estratégias de sustentabilidade se-
jam implementadas com eficácia nas cidades, é fundamental que sejam acom-
panhadas de forte governança e processos participativos.

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TIPOS DE PLANEJAMENTO URBANO
Pode-se dizer que existem três tipos de cidades planejadas:
 As comerciais, que têm como ponto forte as transações po-
líticas e econômicas;
 As portuárias, com atividades vinculadas à exportação;
 As históricas, que protegem um grande acervo arquitetônico
e social.
Cidades planejadas ou áreas de ocupação pré-determinadas podem sur-
gir a partir de vários processos urbanos.
Durante o período colonial, a ideia era cobrir as cidades anteriores na
tentativa de criar novos centros econômicos.
Hoje, surgem a todo o momento zonas que são apenas residenciais e
outras apenas comerciais. O que determina essa divisão são os objetivos de
cada governo.
As decisões podem ser provenientes de outros planos, do mesmo nível.
Um exemplo é Brasília, que começou a ser idealizada com o Marquês do Pom-
bal, mas teve seu plano resgatado só no governo de Juscelino.
Em países desenvolvidos, o planejamento urbano é discutido desde a for-
mação escolar.
No Brasil, a população é desinformada sobre as decisões tomadas sobre
planejamento urbano. Os planos adotados em países desenvolvidos até já ser-
viram de referência para o planejamento urbano de cidades brasileiras.
Um exemplo foi o caso do Plano Agache, de 1930, para o Rio de Janeiro.

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Planejamento Urbano é o estudo do crescimento e funcionamento
das cidades já existentes ou planejadas. O objetivo é melhorar a qualidade
de vida coletiva por meio de ações políticas, ambientais, sociais, entre ou-
tras.
Tudo que é planejado acaba apresentando, no final, melhores resul-
tados. E quando falamos sobre urbanismo, isso não poderia ser diferente.

A expressão planejamento urbano vem da Inglaterra e dos Estados


Unidos, mas o exercício de planejar as cidades vem de civilizações bem
mais antigas.

Em todos os casos, o objetivo do planejamento urbano era sempre o


mesmo: responder aos problemas enfrentados pelo ajuntamento de muitas
pessoas em uma mesma área habitacional.

Acontece que tudo se tornou ainda mais complexo após a chegada


da Idade Moderna e a Revolução Industrial.

Nas últimas décadas, vive-se um crescimento populacional acele-


rado.

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Isso tem acarretado problemas graves que afetam negativamente a
qualidade de vida das pessoas que vivem, principalmente, nas grandes ci-
dades. Essa situação mudou o entendimento sobre o que é planejamento
urbano.

Cidades de desenvolvimento espontâneo costumam apresentar mui-


tos problemas, que vão desde o saneamento até a segurança.

Com o planejamento urbano é possível idealizar a melhor maneira de


enfrentar as consequências do excesso de urbanismo moderno.

As cidades planejadas são vistas como um sistema integrado, re-


grado por um Plano Diretor responsável por ditar o que é necessário para a
qualidade de vida coletiva.

A ausência de uma gestão, de um ordenamento, de um planejamento,


traz à cidade sérios problemas.

Muitas vezes, eles são tão danosos que acabam sendo difíceis de
serem resolvidos. Com o planejamento técnico e político prévio, evita -se
esse processo, guiando a cidade a um desenvolvimento mais correto e sus-
tentável.

Historicamente, os projetistas se limitavam apenas ao desenho ur-


bano e o ordenamento físico dos municípios.
Na era pós-industrial, os objetivos eram mais emblemáticos, como o
desenvolvimento de áreas industriais.

Mas, atualmente, eles precisam lidar melhor com a coletividade e to-


dos os seus sistemas. E há muitos fatores envolvidos nessa tarefa.

Por isso, não se pode falar em cidade planejada sem planejamento


urbano!

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Os estudos brasileiros sempre foram “tímidos”, pelo menos até a dé-
cada de 1970. Talvez por isso tantas cidades tenham ficado desordenadas,
disfuncionais e com pouca infraestrutura.

As propostas de Planos Diretores ou de reestruturações mais efica-


zes surgiram apenas depois dos anos 60.

O exemplo mais bem-sucedido é Curitiba, que contou com várias ini-


ciativas isoladas de organização do espaço urbano, o que resultou no seu
excelente sistema de BRT.

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O PARCELAMENTO DO SOLO

Parcelamento do solo urbano é a divisão da terra em unidades juridica-


mente independentes, com vistas à edificação, podendo ser realizado na forma
de loteamento, desmembramento e fracionamento, sempre mediante aprova-
ção municipal.
A atividade de parcelamento do solo urbano é regulada, em todo o terri-
tório nacional, pela Lei Nacional n. 6766/79 também conhecida como Lei Leh-
mann. Os parcelamentos em área rurais são regidos fundamentalmente pela
instrução normativa 17-B do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrá-
ria (INCRA) [1]. Esta dispõe sobre o parcelamento do solo de imóveis rurais
tanto para fins urbanos quanto para fins agrícolas.
Considera-se loteamento de imóveis a subdivisão de área ou gleba em
lotes destinados a edificação de qualquer natureza, com abertura de novas
vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamentos, modificação ou
ampliação das vias existentes.
Já o desmembramento de imóveis se constitui na subdivisão de áreas
ou glebas em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema vi-
ário existente, desde que não implique a abertura de novas vias e logradouros
públicos, nem o prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes.
As conversões de uso de solo rural para urbano dependem de prévia
audiência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, do
órgão metropolitano – para os municípios localizados em regiões metropolita-
nas – e da aprovação da Prefeitura.
São estabelecidas por lei basicamente duas modalidades de parcela-
mento do solo, o loteamento definido como “a subdivisão de gleba em lotes
destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logra-

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douros públicos ou prolongamento, modificação e ampliação das vias existen-
tes” (Lei 6766/79, art. 2°, §1°) e o desmembramento que consiste na “subdivi-
são de gleba em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema
viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e logradou-
ros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existen-
tes” (Lei 6766/79, art. 2°, §2°).
Os condomínios fechados, condomínios verticais [2], também denomina-
dos de condomínios urbanísticos, são regidos pela Lei 4.591/64, Lei de Condo-
mínios. Este pode ser definido como a divisão de uma gleba em unidades autô-
nomas destinadas à edificação, às quais correspondem às frações ideais das
áreas de uso comum dos condôminos, admitida a abertura de vias de domínio
privado e vedada a de logradouros públicos internamente ao seu perímetro [3].
As principais diferenças entre os loteamentos e os condomínios fechado são:
a) no loteamento convencional as vias e logradouros passam a ser de
domínio público, utilizadas por qualquer cidadão e no condomínio/loteamento
fechado as ruas, as áreas livres, jardins, praças são de propriedade dos condô-
minos, que a utilizarão com base em regras estabelecidas em uma convenção.
b) no loteamento convencional, cada lote tem acesso direto à via pública
e no condomínio fechado os lotes têm acesso ao sistema de ruas do próprio
condomínio, que, por sua vez, dará acesso à via pública.
c) no loteamento convencional, a gleba loteada perde a sua individuali-
dade, deixa de existir, para surgirem os vários lotes, como unidades autônomas
destinadas à construção, já no condomínio fechado, a gleba inicial não perde a
sua caracterização, ela continua a existir como um todo, pois o seu aproveita-
mento é feito também como um todo, integrado por lotes de utilização privativa
e área de uso comum. (Parecer do CAOP – Consumidor do MP-PR, disponível
em: http://migre.me/fGjTF, p. 09)
Porém mesmo configurando-se, sob o ponto de vista legal, apenas como
propriedade comum de coisa, essa forma de ocupação do solo apresenta uma
série de impactos no espaço urbano. Entre estes podemos citar a ausência da
obrigatoriedade de doação de áreas públicas e a localização das mesmas (se
dentro ou fora do perímetro com acesso controlado), a descontinuidade do te-
cido urbano com interrupções do sistema viário impossibilitando, por vezes, o
prolongamento ou ligação de vias existentes. O projeto de Lei 3.057 conhecido

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como Lei de Responsabilidade Territorial e que tem por objetivo substituir a
atual lei de parcelamento, cria uma série de regramentos acerca desses aspec-
tos, porém o projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados sem previsão
para sua aprovação. Alguns Municípios regulamentaram essa modalidade de
ocupação do espaço urbano em suas Leis de Parcelamento do Solo Urbano
definindo critérios como: locais em que podem ser implantados, dimensão má-
xima e critérios de contiguidade, critérios de manutenção da infraestrutura e re-
quisitos para assegurar integração do sistema viário, mobilidade e acesso a
bens de uso comum do povo.

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PLANOS DIRETORES

Como dito anteriormente, planejamento urbano é o estudo do cresci-


mento e funcionamento das cidades já exis-tentes ou planejadas. O objetivo é
melhorar a qualidade de vida coletiva por meio de ações políticas, ambientais,
sociais, entre outras.
Para evitar que as vilas crescessem de forma espontânea, com divisões
de ruas e bairros confusas e sem padronização, buscou-se cada vez mais o
planejamento urbano.
Esse é um processo urbano que, de fato, melhora vários aspectos das
cidades, como a qualidade de vida das pessoas. E isso fica ainda melhor asse-
gurado pela existência do chamado Plano Diretor.
O Plano Diretor é criado por planejadores, autorizados pelo Estado, e
guarda regras ori-entadoras para a ação daqueles que constroem e utilizam os
espaços urbanos.
Assim, os Planos Diretores (PDs) são instrumento básico da política de
desenvolvimento de uma cidade. É a legislação que define as diretrizes para a
gestão territorial e a expansão dos municípios. Ao longo das últimas décadas,
as cidades brasileiras passaram por um rápido processo de urbanização, que
não foi acompanhado por um bom processo de planejamento urbano. Cidades
que se desenvolvem à revelia de um bom planejamento tornam-se áreas urba-
nas dispersas, distantes e desconectadas.

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Mas o que realmente está em jogo quando falamos em planejamento ur-
bano e Planos Diretores? De que forma as diretrizes estabelecidas na legisla-
ção impactam o dia a dia nas cidades?
Planejamento urbano, posto dessa forma, é um conceito abstrato. É pos-
sível compreender que o termo designa o ato de planejar, organizar ações e ta-
refas com a utilização de métodos adequados para atingir determinado objetivo
– nesse caso, o desenvolvimento sustentável das cidades. A verdade, contudo,
é que na prática essa noção muitas vezes desaparece em meio a aspectos
mais palpáveis, como segurança e trânsito, tornando-se intangível para a maio-
ria das pessoas.
Regidos pelo Estatuto da Cidade, os Planos Diretores norteiam o desen-
volvimento e o crescimento dos municípios – têm o objetivo de ordenar o de-
senvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana. As ci-
dades são como são em virtude das normas e diretrizes estabelecidas nesses
documentos, mas a abrangência e o impacto dos PDs ultrapassam o ambiente
urbano em si: nossas escolhas cotidianas, o modo como nos deslocamos, os
lugares em que nos sentimos seguros ou não, as opções que fazemos e aque-
las que deixamos de fazer – tudo é moldado pelo planejamento urbano.
Abaixo, analisamos alguns aspectos corriqueiros do “viver nas cidades”
que são influenciados pelas normativas estabelecidas nos PDs.
O planejamento urbano afeta a forma como nos deslocamos. E também
o tempo que gastamos nesses deslocamentos. A concentração de serviços –
como escolas, hospitais, comércio –, oportunidades de trabalho e opções de la-
zer apenas em bairros centrais faz com que um contingente significativo da po-
pulação repita o mesmo padrão de deslocamento todos os dias em faixas de
horário similares. Além de gerar congestionamentos, essa característica pre-
sente em muitas cidades, quando acompanhada de um serviço de transporte
coletivo ineficiente, se torna um incentivo ao uso do carro. Os Planos Diretores
podem evitar esse tipo de distorção ao estabelecer policentralidades e uma dis-
tribuição equilibrada da infraestrutura, ou seja, garantindo que as pessoas pos-
sam morar, trabalhar e acessar os bens e serviços dos quais necessitam em di-
ferentes regiões da cidade. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio de medi-
das que incentivem o uso misto do solo:

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Por meio do zoneamento, o PD deve prever áreas com essa diversidade
de usos na maior parte da cidade, visando à mescla entre trabalho e moradia e
à criação de diferentes centralidades.
O PD também deve prever mecanismos de regulação que promovam o
equilíbrio entre serviços urbanos e a concentração tanto de pessoas quanto de
construções em determinadas áreas, atentando para a adequação desse aden-
samento à capacidade da infraestrutura urbana no entorno.
Tanto o adensamento adequado quanto a criação de policentralidades
são princípios do Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável
(DOTS), uma estratégia de planejamento que articula o uso do solo à mobili-
dade urbana para criar cidades compactas, conectadas e coordenadas. Ao in-
tegrar esses princípios nas diretrizes estabelecidas pelo PD, as cidades têm a
oportunidade de articular as densidades populacionais conforme os eixos de
transporte e zoneamento e, assim, traçar um caminho para o desenvolvimento
urbano sustentável. É o que Teresina, no Piauí, busca fazer no processo de re-
visão de seu PD.
O planejamento urbano afeta o quanto gastamos para nos deslocar na
cidade. Se a cidade cresce sem planejamento, o espraiamento urbano gera o
que chamamos de cidade 3D – distante, dispersa e desconectada. O valor
mais baixo dos terrenos distantes do centro (onde estão concentrados serviços
e oportunidades) acaba afastando a população de renda mais baixa, que não
tem como arcar com as despesas de um imóvel nas áreas centrais. À medida
que as distâncias aumentam, aumentam também os custos de levar a infraes-
trutura urbana para essas áreas mais distantes – o que pode impactar tanto os
gastos com transporte coletivo quanto com combustível e manutenção dos veí-
culos individuais. O Plano Diretor pode endereçar essas questões ao instituir
medidas que estimulem o crescimento urbano compacto, induzindo a expansão
urbana, quando necessária, para as áreas onde há infraestrutura disponível:
O PD deve prever áreas de expansão considerando a infraestrutura que
será necessária para acompanhar esse crescimento – em especial de trans-
porte coletivo, capaz de potencializar o desenvolvimento sustentável.

25
Outra medida é estimular o uso dos vazios urbanos nas áreas onde já
há infraestrutura, serviços urbanos e oferta de empregos, aplicando, por exem-
plo, o PEUC (Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios) e o IPTU
progressivo no tempo.
O planejamento urbano afeta a segurança. A diversidade de usos nos
bairros diz respeito à oferta de possibilidades: comércio, bares e restaurantes,
prédios residenciais, oportunidades de trabalho e demais serviços urbanos. Os
bairros que comportam todas essas atividades e funções simultaneamente tem
mais vitalidade porque atraem um fluxo constante de pessoas. As pessoas não
circulam nesses locais apenas ao chegar e sair de casa ou do trabalho, porque
há uma oferta rica de opções. E é essa movimentação constante que torna al-
guns bairros mais seguros do que outros – quanto mais pessoas ocupando a
rua e os espaços da cidade, maior a segurança. (Leia mais sobre essa relação
aqui.) Ao estipular medidas que promovam o uso misto, o Plano Diretor contri-
bui, também, para a segurança desses locais.
Fachadas ativas – prédios cujo piso térreo é de uso comercial e/ou per-
mite contato visual com a calçada e a rua – aumentam a segurança. São os
“olhos da rua”, de Jane Jacobs. O PD deve estabelecer regras e incentivos
para esse tipo de construção.
Promover o adensamento populacional no entorno de eixos de trans-
porte contribui para a criação de novas centralidades e, assim, para uma distri-
buição mais equilibrada da infraestrutura e dos serviços urbanos.
O PD deve traçar um plano de infraestrutura direcionado a universalizar
a oferta de serviços no perímetro urbano.
No caso de São Paulo, por exemplo, o PD criou incentivos ao uso misto
das propriedades ao não considerar como área construída – e, portanto, não
incidentes sobre a cobrança do IPTU – a parcela da propriedade com usos não
residenciais que ocupam pelo menos 20% do total construído.
O planejamento urbano afeta a equidade. O acesso a um imóvel de-
pende do valor desse imóvel, do terreno e da área onde está localizado. Esse
valor é determinado em função de fatores como a especulação imobiliária. Por-
tanto, a renda das pessoas é a chave que abre ou não oportunidades – acesso
– para aqueles que escolhem morar nas cidades. O Estatuto da Cidade oferece

26
uma série de instrumentos que podem ser previstos no Plano Diretor e utiliza-
dos pelos gestores públicos para fazer cumprir a função social da propriedade.
Ou seja, garantir que a valorização de determinada área seja retornada à popu-
lação em forma de qualidade de vida e mitigação dos efeitos negativos gerados
por grandes empreendimentos imobiliários, que podem levar à gentrificação. O
PD pode – e deve – evitar esse tipo de distorção a fim de garantir a equidade e
a inclusão da população de baixa renda na área urbana:
Uma das formas de fazer isso é por meio da oferta de moradia acessível
em áreas bem localizadas para pessoas e famílias de baixa renda. O Projeto
Junção, em Rio Grande, é um exemplo de empreendimento do Programa Mi-
nha Casa, Minha Vida que está sendo construído conforme esse princípio.
O planejamento urbano afeta nossa percepção da cidade e o uso que
fazemos dela. A presença de espaços públicos seguros e atrativos proporciona
uma vivência ampla e aberta da cidade, à medida em que as pessoas são im-
pelidas a usufruir a rua e espaços de convívio. São áreas diretamente relacio-
nadas à qualidade de vida nas cidades e que, se acessíveis, também fomen-
tam a mobilidade ativa. Em contraste, a construção de shoppings, por exemplo,
afasta as pessoas das ruas, do ambiente externo e, assim, da própria cidade. A
oferta de um ou de outro influencia o modo como nos relacionamos com o am-
biente urbano: na rua, estamos em contato direto com a cidade, aptos a en-
xergá-la e senti-la; no interior de ambientes fechados, vivemos não a cidade,
mas uma construção fechada em si mesma. Dessa forma, o planejamento ur-
bano – que define as áreas de intervenção e investimentos prioritários em uma
cidade – frequentemente determina nossas experiências e o uso que fazemos
do ambiente urbano.
Os PDs devem articular a oferta de espaços públicos seguros, acessí-
veis e atrativos à oferta das demais oportunidades e serviços urbanos já cita-
dos a distâncias caminháveis, a fim de estimular o transporte ativo.
A questão ambiental também está relacionada à oferta de bons espaços
públicos. Estabelecer zonas e corredores verdes na cidade é uma forma de
criar uma rede de espaços públicos de temperatura mais amena e menores ín-
dices de poluição. Isso pode ser feito por meio de diretrizes específicas no PD,
que versem sobre a quantidade e o dimensionamento de áreas verdes, ou com

27
a criação de um Plano Diretor de Arborização Urbana, como é o caso de Porto
Alegre.
O planejamento urbano afeta a capacidade de prevenção a eventos ex-
tremos. As mudanças climáticas são uma realidade. Fenômenos extremos,
como tempestades e furacões, devem se tornar cada vez mais frequentes e in-
tensos. Tanto a prevenção quanto a capacidade e agilidade de resposta de
uma cidade diante dessas ocorrências depende, antes de tudo, do planeja-
mento urbano. A articulação entre o planejamento ambiental e do uso do solo,
a partir da integração de dados climáticos no processo de planejamento, per-
mite prever riscos atuais e futuros contribuindo para evitar ou amenizar os im-
pactos de fenômenos extremos.
O planejamento urbano é a força vital que determina o ritmo, a dinâmica,
o pulsar da cidade. Nossas percepções e muitas das decisões que tomamos
no dia a dia são moldadas por dispositivos e normas de planejamento previstas
em um documento. Se esse documento é construído de forma participativa e
inclui mecanismos que articulam transporte coletivo, distribuição de serviços,
diferentes centralidades e densidade populacional, então teremos uma cidade
direcionada ao desenvolvimento sustentável.
Os Planos Diretores são obrigatórios para cidades com mais de 20 mil
habitantes e devem ser revisados a cada dez anos. Ou seja, para os municí-
pios que desenvolveram seus planos até 2008, o prazo de revisão do docu-
mento se encerra no ano que vem. O processo de revisão é uma oportunidade
para adequar diretrizes e encaminhar a construção de cidades mais eficientes,
mas é importante que não sejam engavetados e vistos uma vez a cada dé-
cada. Os instrumentos previstos no documento exigem aplicação e gestão ativa
do poder público. Ainda, cabe à população monitorar e exigir que as políticas
previstas sejam de fato implementadas. Assim como as próprias cidades, o
Plano Diretor deve ser uma construção coletiva, e cidades melhores dependem
desse trabalho conjunto.

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DIRETRIZES INTERNACIONAIS

1. Princípios:
(a) O planejamento urbano e territorial é mais que uma ferramenta téc-
nica, é um processo de tomada de decisões integrador e participativo que lida
com os interesses competitivos e é vinculado a um ponto de vista comparti-
lhado, uma estratégia geral de desenvolvimento e políticas urbanas nacionais,
regionais e locais;
(b) O planejamento urbano e territorial representa um componente fun-
damental do paradigma renovado de administração urbana, que promove a de-
mocracia local, a participação e a inclusão, a transparência e a responsabili-
dade, com vistas a garantir a urbanização sustentável e a qualidade espacial.

2. Os governos nacionais, em cooperação com outras esferas de go-


verno e parceiros relevantes, devem:
(a) Formular uma estrutura de política nacional urbana e territorial que
promova padrões de urbanização sustentável, incluindo uma qualidade de vida
adequada para moradores atuais e futuros, crescimento econômico e proteção
ambiental, um sistema de cidades e outros assentamentos humanos equili-
brado e direitos e obrigações claros sobre o uso solo para todos os cidadãos,
incluindo a segurança de posse para os mais pobres, como base do planeja-
mento urbano e territorial em todos os níveis. Em troca, o planejamento urbano
e territorial será um veículo de transposição dessas políticas em planos e
ações para dar feedbacks com o intuito de ajustar essas políticas;
(b) Desenvolver uma estrutura legal e institucional facilitadora para o pla-
nejamento urbano e territorial que: (i) Garanta que os instrumentos e ciclos de
planejamento econômico e as políticas nacionais setoriais sejam considerados

29
na preparação dos planos urbanos e territoriais e, reciprocamente, que a fun-
ção econômica crucial das cidades e dos territórios seja bem refletida nos exer-
cícios nacionais de planejamento; (ii) Reconheça as diferentes situações regio-
nais, urbanas e locais assim como a necessidade de territórios espacialmente
coerentes e de desenvolvimento regional equilibrado; (iii) Vincule e coordene
planos urbanos, metropolitano, regionais e nacionais e garanta a coerência en-
tre os níveis setorial e espacial da intervenção, com base no princípio de subsi-
diariedade, com arranjos apropriados para a combinação de abordagens “de
baixo para cima” (bottom-up) e “de cima para baixo” (topdown); (iv) Estabeleça
mecanismos e regras gerais para a coordenação intermunicipal do planeja-
mento e da administração de cidades e territórios; (v) Formally confirms
partnership and public participation as key policy principles, involves the public
(both women and men), civil society organizations and representatives of the
private sector in urban planning activities, ensures that planners play an active
and supportive role in the implementation of these principles and sets up broad
consultative mechanisms and forums to foster policy dialogue on urban deve-
lopment issues; (vi) Contribua para a regulação dos mercados de uso do solo e
de propriedade e para a proteção dos ambientes construído e natural; (vii) Per-
mita o desenvolvimento de novas estruturas regulatórias para facilitar a imple-
mentação e a revisão iterativa e interativa de planos urbanos e territoriais; Dire-
trizes Internacionais para Planejamento Urbano e Territorial 10 (viii) Ofereça
condições equitativas de atuação para todas as partes interessadas, com o ob-
jetivo de promover investimentos, transparência e respeito pelo estado de di-
reito e de mitigar a corrupção;
(c) Definir, implementar e monitorar políticas de descentralização e sub-
sidiariedade e fortalecer a função, as responsabilidades, as capacidades de
planejamento e os recursos das autoridades locais, em linha com as diretrizes
internacionais sobre descentralização e o fortalecimento das autoridades lo-
cais;
(d) Promover estruturas de cooperação intermunicipais e sistemas de
governança multinível articulados e apoiar o estabelecimento de instituições in-
termunicipais e metropolitanas, com estruturas regulatórias e incentivos finan-
ceiros apropriados, para garantir um planejamento e gerenciamento urbanos
na escala adequada e o financiamento de projetos relacionados;

30
(e) Submeter aos seus parlamentos projetos especificando que os pla-
nos devem ser preparados, aprovados e atualizados sob a liderança de autori-
dades locais e alinhados com as políticas desenvolvidas pelas outras esferas
governamentais, conforme apropriado, antes de se tornarem documentos legal-
mente vinculativos;
(f) Fortalecer e empoderar autoridades locais para garantir que regras e
regulações de planejamento sejam implementadas e funcionalmente eficientes;
(g) Colaborar com associações e redes de planejadores urbanos profis-
sionais, institutos de pesquisa e a sociedade civil para desenvolver um obser-
vatório de abordagens, padrões e práticas de planejamento urbano (ou arran-
jos semelhantes) capaz de documentar, avaliar e sintetizar a experiência do
país, desenvolver e compartilhar estudos de caso, disponibilizar as informações
para o público em geral e oferecer assistência para autoridades locais, medi-
ante solicitação.

3. As autoridades locais, em cooperação com outras esferas de governo


e parceiros relevantes, devem:
(a) Proporcionar liderança política para o desenvolvimento de planos ur-
banos e territoriais, garantindo a articulação e a coordenação com planos seto-
riais e outros planos espaciais e com os territórios vizinhos para planejar e ge-
renciar cidades na escala adequada;
(b) Aprovar, revisar e atualizar continuamente (por exemplo, a cada 5 ou
10 anos) planos urbanos e territoriais em suas jurisdições;
(c) Integrar processos de prestação de serviço com o planejamento e
engajar-se em cooperações intermunicipais e multinível para o desenvolvi-
mento e o financiamento de moradias, infraestrutura e serviços;
(d) Associar o planejamento urbano e o gerenciamento da cidade vi-
sando vincular o planejamento de baixo para cima (upstream planning) com a
implementação de cima Diretrizes Internacionais para Planejamento Urbano e
Territorial 11 para baixo (downstream implementation) e garantindo a coerência
entre objetivos e programas de longo prazo e atividades gerenciais e projetos
setoriais de curto prazo;
(e) Supervisionar eficientemente empresas privadas e profissionais con-
tratados para preparação de planejamento urbano e territorial para garantir o

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alinhamento de planos com pontos de vista políticos locais, políticas nacionais
e princípios internacionais;
(f) Garantir a implementação e funcionalidade efetiva das regulações ur-
banas, e agir para evitar desenvolvimentos ilegais, com especial atenção para
áreas de risco e com valor histórico, ambiental ou agrícola;
(g) Garantir a implementação e funcionalidade efetiva das regulações ur-
banas, e agir para evitar desenvolvimentos ilegais, com especial atenção para
áreas de risco e com valor histórico, ambiental ou agrícola;
(h) Compartilhar experiências de planejamento urbano e territorial, parti-
cipar de cooperações de cidade com cidade para promover o diálogo sobre po-
líticas e o desenvolvimento de capacidades e envolver as associações gover-
namentais locais para políticas e planejamento, em níveis nacional e local;
(i) Facilitar o envolvimento eficiente e igualitário das partes interessadas
do ambiente urbano, especificamente comunidades, organizações da socie-
dade civil e o setor privado na preparação e na implementação do planeja-
mento urbano e territorial, estabelecendo mecanismos adequados de participa-
ção, e envolver representantes da sociedade civil, especialmente mulheres e
jovens, na implementação, no monitoramento e na avaliação, para garantir que
suas necessidades sejam contempladas e respondidas ao longo do processo
de planejamento.

4. Organizações da sociedade civil e suas associações devem:


(a) Participar da preparação, implementação e do monitoramento de pla-
nos urbanos e territoriais, ajudar autoridades locais a identificar necessidades e
prioridades e, sempre que possível, exercitar seu direito a ser consultado de
acordo com as estruturas legais e os acordos internacionais vigentes;
(b) Contribuir com a mobilização e a representação da população em
consultas públicas sobre planejamento urbano e territorial, especificamente
grupos vulneráveis de todas as idades e gêneros, visando fomentar o desen-
volvimento urbano igualitário, promovendo relações sociais pacíficas e priori-
zando o desenvolvimento de infraestruturas e serviços nas áreas urbanas me-
nos desenvolvidas;
(c) Abrir espaço, encorajar e permitir que todos os setores da sociedade,
especialmente grupos vulneráveis de todas as idades, participem de fóruns e

32
iniciativas de planejamento comunitário e façam parcerias com autoridades lo-
cais para programas de melhoramento de bairros;
(d) Aumentar o nível de conscientização pública e mobilizar a opinião
pública para Diretrizes Internacionais para Planejamento Urbano e Territorial 12
evitar desenvolvimentos urbanos ilegais e especulativos, especialmente aque-
les que podem colocar em risco o ambiente natural ou deslocar grupos de vul-
neráveis;
(e) Contribuir para garantir a continuidade de objetivos de longo prazo
dos planos urbanos e territoriais, mesmo quando houver mudanças políticas ou
impedimentos no curto prazo.

5. Profissionais de planejamento e suas associações devem:


(a) Facilitar processos de planejamento urbano e territorial, contribuindo
com suas competências durante todos os estágios preparatórios e mobilizando
as partes interessadas envolvidas nas mesmas causas;
(b) Desempenhar um papel ativo na defesa de um desenvolvimento
mais inclusivo e igualitário, assegurado não apenas pela ampla participação
pública no planejamento, mas também pelo conteúdo dos instrumentos de pla-
nejamento, como planos, desenhos urbanos, regulações, legislações e regras;
(c) Promover a aplicação das Diretrizes, aconselhar tomadores de deci-
são a adotá-las e, quando necessário, adaptá-las às situações nacionais, regio-
nais e locais;
(d) Contribuir para o avanço do conhecimento baseado em pesquisas
sobre planejamento urbano e territorial e organizar seminários e fóruns consul-
tivos para aumentar o nível de conscientização pública sobre as recomenda-
ções das Diretrizes;
(e) Colaborar com instituições de ensino e treinamento para avaliar e de-
senvolver o currículo universitário e profissional sobre planejamento urbano e
territorial para introduzir o conteúdo das Diretrizes nesses currículos, com a
adaptação necessária e elaboração futura, e contribuir com programas de de-
senvolvimento de capacidades.

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BIBLIOGRAFIA
MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana.
2.ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
SEGRE, Roberto. Arquitetura brasileira contemporânea. Petrópolis: Vi-
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MASCARÓ J. L. Manual de loteamentos e urbanização, 2ª edição, Porto
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MOTA E. Sistema de manejo integrado de águas pluviais em condomí-
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BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura mo-
derna, Lei do Inquilinato e difusão da casa própria. 4.ed. São Paulo: Estação
Liberdade, 2004.

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