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A cidade que

queremos!
| FICHA TÉCNICA |

Texto: Carmen Bateira


Fátima Tardin
Gilce de Andrade Lima
Isis Volpi de Oliveira
Márcia Ribeiro
Marcos Asevedo
Simone Aparecida Polli
Sonia Moura Xavier Cunha
Valéria Barbalho
Virgínia Murad

Ilustração: Webber Gabriel Zopellari

Projeto gráfico e diagramação: Maíra Alves

Publicação do Núcleo Estadual RJ da Campanha Plano


Diretor Participativo – Cidade de Todos – Março de 2006

2
Apresentação
Em 2005 o Ministério das determina o Estatuto da Cida- Em atividades de capacitação, o
Cidades e o Conselho Nacio- de, Lei 1.0257 de 2001. núcleo tem estimulado a troca
nal das Cidades instituíram a de experiências entre os muni-
campanha “Plano Diretor Esta cartilha foi produzida cípios e a criação de comitês
Participativo: Cidade de Todos”. pelo núcleo estadual do Rio de regionalizados capazes de acom-
Janeiro para chegar a cada um dos panhar mais de perto os proces-
Em todo o país se constituí- 92 municípios do estado. O nú- sos de preparação, elaboração e
ram núcleos estaduais, formados cleo está em funcionamento des- implementação dos planos dire-
por entidades as mais diversas do de abril de 2005 e tem como tores nos 60 municípios com
poder público e da sociedade objetivo principal sensibilizar a obrigatoriedade no estado.
civil para multiplicar a campa- sociedade através da articulação
nha e sensibilizar cada um dos dos vários segmentos sociais – ór- O interesse despertado pela
1.700 municípios que tinham gãos públicos, universidades, cartilha em outros estados esti-
a obrigação de elaborar ou re- ONGs, movimentos sociais, em- mulou esta nova edição na 2a
visar seus planos diretores até presários – para participarem do etapa da Campanha.
outubro de 2006, conforme movimento "Cidade de Todos".

3
Municípios que estão obrigados a elaborar ou
revisar seus Planos Diretores até outubro de 2006

Geoprocessamento: Marcel Cláudio Sant’Ana

4
Sempre que houver
dificuldade de compreensão de algum
termo técnico ou conceito mencionado,
consulte a seção “Explicando Melhor” nas
páginas 21 a 25.

5
TODO MUNICÍPIO, INDEPENDENTE DO SEU TAMANHO, DEVE PLANEJAR SEU
DESENVOLVIMENTO, ELABORANDO UM PLANO DIRETOR.

O que é o Plano Diretor?


O Plano Diretor é uma saúde, escolas e equipamentos
exigência da Constituição Fe- de lazer, para que TODOS
deral, reafirmada pelo Estatu- possam morar, trabalhar e viver
to da Cidade. É uma LEI com dignidade.
MUNICIPAL aprovada pela
Câmara de Vereadores e o O Plano Diretor é parte do
principal instrumento da polí- processo de planejamento mu-
tica urbana, que deve orientar nicipal, e deve ser o norteador
as políticas e programas para o dos Planos Plurianuais (PPA) de
desenvolvimento e o funciona- investimentos dos governos lo- O Plano Diretor não é um
mento da Cidade. cais, da Lei de Diretrizes Or- instrumento apenas técnico: a par-
çamentárias (LDO) e da Lei ticipação da população é funda-
O Plano Diretor deve ga- Orçamentária. mental para que os seus objetivos
rantir habitação de qualidade, sejam atingidos. A elaboração do
saneamento ambiental, trans- Além disso, o Plano Dire-
Plano Diretor deve ser um pro-
porte e mobilidade, trânsito se- tor deve abranger todo o terri-
cesso informativo, participativo e
guro, hospitais e postos de tório municipal.
formador de cidadãos!
6
As ETAPAS do Plano Diretor Participativo
1. Sensibilizar e mobilizar a socie- 5. Definir os princípios e
dade para a participação; as diretrizes do desenvolvimen-
to municipal;
2. Formar uma Comissão Coor-
6. Elaborar a proposta
denadora do processo de elaboração
de projeto de lei;
do Plano Diretor, com participação do
poder público e da sociedade civil; 7. Discutir e aprovar a
lei do Plano Diretor na Câ-
3. Definir estratégias e formas mara Municipal;
de capacitação e participação da 8. Ajustar o orçamento
sociedade (seminários, ofi- municipal às prioridades de-
cinas, grupos de trabalho, finidas pelo Plano Diretor;
reuniões, audiências pú- 9. Acompanhar a exe-
blicas, conferências);
cução das políticas e pro-
4. Identificar os pro- gramas do Plano Diretor e
blemas e potencialidades avaliar seus resultados;
a partir das leituras téc- 10. Revisar o Plano Di-
nica e comunitária da retor no prazo máximo previs-
cidade; to (dez anos).
7
Você conhece sua cidade?
O que você acha da cidade Como sua cidade está cres- As crianças, os idosos e
em que vive? O que gostaria de cendo? Em que direção? Ocupan- as pessoas com deficiência têm
mudar nela? do áreas providas de infra-estru- facilidade para circular na cida-
tura (água, esgoto, luz e calça- de com segurança e conforto?
Onde você mora, traba- mento) e bem localizadas ou áre-
lha, estuda e se diverte? Você con- as distantes e outras áreas impró- As áreas de preservação
segue chegar nesses lugares com prias para ocupação (encostas de ambiental de seu município es-
facilidade? morros, mangues, fundos de vale, tão bem conser-
vadas? Como
Que tipo de transporte você áreas de risco de inundação)? estão os rios,
usa? Bicicleta, carro, ôni- Como sua as matas, o
bus, trem... cidade se relacio- ar...
Sua cidade é bem na com as outras
cidades próximas? Existe al-
servida de equipamentos e ser- guma atividade
viços de saneamento básico, E a área ru- que prejudique
educação, saúde, esporte, lazer, ral do município, o bem estar dos
cultura? Em todos os bairros? como é? moradores?

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UMA CIDADE COM BOAS CASAS, SANEAMENTO BÁSICO, TRANSPORTES, ESCOLAS,
HOSPITAIS PÚBLICOS E ÁREAS DE LAZER É DESEJO E DIREITO DE TODOS!

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Entenda como a cidade é produzida
As cidades não oferecem quem tem maior poder de de-
as mesmas oportunidades a cisão, seja porque tem mais in-
todos os seus habitantes. formações, seja porque tem
mais poder econômico. Com
A maneira como as cida- isso, grande parte da popula-
des são produzidas é fruto da ção não tem suas necessidades
disputa entre vários interes- atendidas, aumentando a de-
ses que, muitas vezes, são sigualdade social e a exclusão
conflitantes. urbana.
Nessa disputa, vence É por isso que, enquanto
muitas pessoas vivem em bairros
servidos de toda a infra-estru-
tura (cidade formal), outras
vivem em situação precária,
em áreas de risco e favelas
(cidade informal).

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Como mudar essa situação?

O Estatuto da Cida- As diretrizes reforçam


de, aprovado em 2001, que o Plano Diretor é um
pode ajudar na luta pela processo de CONSTRU-
construção da CIDADE ÇÃO COLETIVA, para
QUE QUEREMOS! garantir a participação po-
pular, a prioridade do in-
Mas qual é essa CI- teresse público sobre o inte-
DADE? O Estatuto da resse privado, e protejer, em
Cidade estabelece as DIRE- especial, a população mais pobre e
TRIZES que devem orientar vulnerável, respeitando o meio am-
o desenvolvimento da cidade biente e o patrimônio histórico e
e que, portanto, devem ser in- cultural local.
cluídas no Plano Diretor.

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Cidade de Todos
Como já vimos, os investi- espaços e instrumentos de parti-
mentos públicos sempre atende- cipação, tais como Conferên-
ram aos interesses de poucos, cias das Cidades, Planos
embora sejam custeados por im- Diretores, fóruns da
postos que são pagos por todos. Agenda 21, orçamento
participativo, conselhos
Essa é uma situação injusta,
municipais (escolares,
que somente terá fim se houver
de saúde, de habitação,
uma inversão de prioridades, fa-
de urbanismo, de traba-
zendo com que os investimentos
passem a atender às necessidades lho e renda, etc.), referendos,
de TODA a população, garantin- plebiscitos, audiências públicas.
do o DIREITO À CIDADE. Somente a PARTICIPA-
Para que isso seja possível, é ÇÃO POPULAR pode garantir
fundamental que as políticas e a inversão de prioridades e o con-
os investimentos sejam discuti- trole social sobre os investimen-
dos e decididos de forma de- tos públicos, que tornarão rea-
mocrática, utilizando diferentes lidade a CIDADE DE TODOS.

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A Função Social da
Propriedade e da Cidade
Enquan- edificações têm
to parte da que servir ao in-
população teresse coleti-
mora em vo, ou seja,
condições têm que
precárias, CUMPRIR
há inúme- SUA FUN-
ros imóveis ÇÃO SOCI-
vazios ou AL.
pouco utiliza-
dos em áreas providas O Plano Diretor
de água, esgoto, luz e calçamen- deve definir quais são os
to. ISSO NÃO É JUSTO! critérios a serem atendidos
pelos terrenos e
O Estatuto da Cidade de- edificações, para que estes
termina que os terrenos e cumpram sua função so-
cial.
13
O Estatuto e seus Instrumentos
O Estatuto da Cidade também combater a especulação imobiliária
fornece instrumentos que podem e aumentar a oferta de áreas para ha- permitem induzir ou inibir a ocu-
ser utilizados para CONCRETI- bitação popular ou equipamentos e pação e construção em determina-
ZAR a “Cidade que Queremos”. serviços indispensáveis à qualidade das áreas, considerando a existên-
de vida urbana: cia ou não de condições que com-
É o Plano Diretor que diz
como aplicar as regras do Estatuto: Parcelamento, edificação e portem a verticalização e o
quais os instrumentos serão utili- utilização compulsórios adensamento. São eles:
zados, como e onde. IPTU progressivo no tempo Outorga onerosa do direi-
A aplicação de tais instrumen- Desapropriação com paga- to de construir (solo criado)
tos é complexa e, por isso, temos que mento em títulos da dívida pública Operações urbanas consor-
nos informar melhor a respeito de Direito de preempção ciadas
cada um, para avaliar qual será mais Há instrumentos que geram Transferência do direito de
adequado a cada situação. recursos para a Prefeitura inves- construir
Alguns instrumentos buscam tir nas áreas carentes e, também,

O PLANO DIRETOR DEVE, OBRIGATORIAMENTE, REGULAMENTAR ESSES INSTRUMENTOS


E DELIMITAR AS ÁREAS NAS QUAIS DEVERÃO SER APLICADOS!

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Outros instrumentos servem ções de vida aos seus moradores. Usucapião Es-
para preservar o ambiente natural e Esses instrumentos também po- pecial de Imóvel Urbano
o patrimônio cultural das cidades: dem ser utilizados para induzir ou Concessão de Uso
Estudo de Impacto de Vi- Especial para Fins de
zinhança Moradia
AEIA – Áreas de Espe- Zonas (ou Áreas) de Especial
cial Interesse Ambiental Interesse Social – ZEIS (ou AEIS)
AEIC – Áreas de Es-
pecial Interesse Cultural
Outros, ainda, visam facilitar Atenção:
a urbanização e a regularização há vários outros
instrumentos previstos
fundiária em favelas, loteamentos determinar que áreas providas de no Estatuto da Cidade
irregulares e clandestinos e em imó- infra-estrutura sejam destinadas que precisamos
veis urbanos ocupados, como forma para a implantação de programas conhecer!
de proporcionar melhores condi- de moradia popular:

ESSES INSTRUMENTOS NÃO PRECISAM, OBRIGATORIAMENTE, ESTAR PREVISTOS NO PLANO


DIRETOR, E ALGUNS, INCLUSIVE, SÃO DE APLICAÇÃO AUTOMÁTICA. MAS, COMO SÃO
IMPORTANTES PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO, É RECOMENDÁVEL QUE TAMBÉM SEJAM
DISCUTIDOS E INCLUÍDOS NO PLANO DIRETOR.

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O papel de cada um nesta história...
O Plano Diretor deve ser discutido com toda
a sociedade antes de sua transformação em lei.
A participação de todos os cidadãos é fun-
damental em todas as etapas de elaboração,
implementação, monitoramento e fiscalização do
Plano Diretor.
É importante conhecer e discutir democrati-
camente as posições de cada segmento social, bus-
cando que, ao final, prevaleçam aquelas propos-
tas que representam os interesses da maioria
da população e a concretização do compromisso
com a construção de cidades mais justas!
Prefeitura, Câmara de Vereadores, Poder
Judiciário, Ministério Público e cidadãos,
cada um tem o seu papel para a melhoria da
realidade municipal.
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f. Monitorar e avaliar de forma permanente a
POPULAÇÃO: aplicação das políticas, programas e instrumentos
a. Buscar do Plano Diretor, verificando se está sendo feita
conhecer a rea- de acordo com aquilo que foi aprovado.
lidade e os planos CÂMARA DE VEREADORES:
que estão sendo
desenvolvidos pelo a. Apoiar e fiscalizar a prefeitura durante o
poder público; processo de elaboração do Plano Diretor;
b. Divulgar o Estatuto da Cidade e sensibilizar b. Realizar audiências públicas na Câmara,
seus parentes, amigos e conhecidos para a impor- amplamente divulgadas, para a discussão especí-
tância de discutir a cidade; fica do Projeto de Lei do
Plano Diretor;
c. Apresentar projetos de iniciativa popular,
bem como, sugestões para o desenvolvimento c. Sistematizar e
municipal; simplificar a legislação
municipal para facili-
d. Participar do processo de elaboração do tar a sua compreen-
Plano Diretor em todas as suas etapas; são, adequando-a às
e. Ocupar os espaços de participação previs- diretrizes do Estatu-
tos no Plano Diretor; to da Cidade;

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d. Compatibilizar a Lei de Diretrizes Orçamen- população em todas as etapas de elaboração do
tárias (LDO) e o Orçamento Municipal com as Plano Diretor;
prioridades do Plano Diretor, assegurando uma me-
lhor aplicação dos recursos públicos. b. Fiscalizar o cumprimento do Estatuto da
Cidade e do Plano Diretor.
JUDICIÁRIO:
PREFEITURA:
a. Punir os Prefeitos que não garantirem a
participação popular na elaboração do a. Coordenar a elaboração do Plano Diretor
Plano Diretor ou desrespeita- Participativo, garantindo a participação da população;
rem o prazo estabelecido para b. Criar canais permanentes de discussão e par-
a sua revisão/elaboração; ticipação da sociedade (conselhos, conferências,
b. Tornar sem efeito o fóruns, comissões, etc);
Plano Diretor elaborado c. Respeitar e viabilizar (pela aplicação adequa-
em desacordo com o Es- da dos recursos) as diretri-
tatuto da Cidade. zes e ações estabelecidas
pelo Plano Diretor;
MINISTÉRIO PÚBLICO: d. Disponibilizar
a. Fiscalizar o cumprimento dos dispositivos as informações sobre a
legais que tornam obrigatória a participação da cidade, em linguagem

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acessível, dando a oportunidade para que to- b. Realizar junto com a população ações de
dos possam opinar e acompanhar a monitoramento da implementação do Plano
implementação dos planos e projetos governa- Diretor;
mentais; c. Conduzir processos amplos de discussão
e. Dispor de equipe técnica capacitada e uma como a Conferência das Cidades.
base cartográfica atualizada, subsídios indispen-
NÚCLEO DA CAMPANHA DO
sáveis para a elaboração do Plano Diretor.
PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO:
CONSELHO MUNICIPAL: Sensibilizar e mobilizar o Poder Público e a
sociedade sobre a importância do Plano Diretor
segundo as determinações do Estatuto da Cidade.

a. Integrar a Comissão Coordenadora do Pla-


no Diretor;

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E quando o município já tem um
plano diretor...
A população conhece o O Plano foi feito com participação da população?
Plano existente?
O Plano foi aplicado? Caso tenha sido, cumpriu
O Plano reflete a os seus objetivos? Senão, por quê?
realidade do município?
Em que partes? É possível adaptá-lo às novas condicionantes
do Estatuto da Cidade?

VOCÊ TAMBÉM PODE


CONTRIBUIR: PROCURE A SUA
ASSOCIAÇÃO DE BAIRRO OU
PROFISSIONAL E PARTICIPE! JUNTE-SE A
NÓS NA CAMPANHA POR UMA
“CIDADE DE TODOS”!

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Explicando Melhor
Acessibilidade – Condição para Audiência Pública – Debate que terreno ou imóvel ocupado é públi-
utilização, com segurança e autono- deve acontecer quando uma decisão co. Está regulamentado pela Medida
mia, total ou assistida, dos espaços, importante sobre um projeto vai ser Provisória 2.220/2001. O morador
mobiliários e equipamentos urbanos, tomada, visando a sua aprovação pela precisa pedir a concessão de uso do
das edificações, dos serviços de trans- população. É obrigatório antes da imóvel ao órgão público que é o dono
porte e dos dispositivos, sistemas e aprovação de leis como o Plano Di- oficial. Se, depois de um ano, o ór-
meios de comunicação e informação, retor e os Planos Regionais. gão não houver regularizado a posse
por pessoa com deficiência ou com Base Cartográfica – É um do terreno para os moradores, eles po-
mobilidade reduzida. mapeamento preciso do espaço geo- dem lutar por ela na Justiça comum.
AEIA – As Áreas de Especial In- gráfico, representado de acordo com Desapropriação com pagamen-
teresse Ambiental são destinadas a os princípios da cartografia. Através to em títulos da dívida pública –
preservar terras com cobertura vege- dele, pode-se obter a localização de Se o dono pagar o IPTU Progressivo
tal, próximas a rios, nascentes e re- feições naturais ou construídas, como durante cinco anos e não der um uso
presas, que não devem ser ocupadas. rios, lagos e estradas, além de infor- para seu terreno ou imóvel, a prefei-
AEIC – As Áreas de Especial mações numéricas, como compri- tura poderá desapropriá-lo, pagando
Interesse Cultural são destinadas à mentos, áreas e etc. com títulos da dívida pública, parce-
preservação do patrimônio históri- Concessão de Uso Especial para lado em 10 anos.
co, arquitetônico e artístico da ci- fins de Moradia – A regularização Direito à Cidade – Entendido
dade. da posse ganha este nome quando o como o direito de TODOS a uma

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| A CIDADE QUE QUEREMOS |

vida digna, com garantia de acesso à pública registrada em cartório de re- nação, paisagem urbana e patrimônio
terra urbana, à moradia, ao sanea- gistro de imóveis. natural e cultural.
mento ambiental, à infra-estrutura Diretrizes – São as orientações ge- Função Social da Cidade – É o
urbana, ao transporte e aos serviços rais para a política urbana definidas no princípio que determina que os bene-
públicos, ao trabalho e ao lazer. Estatuto da Cidade (artigo 2o) com o fícios gerados pelo desenvolvimento
Direito à Moradia – Este direito objetivo de garantir o pleno desenvol- urbano sejam distribuídos de forma
define que a moradia é um direito de vimento das funções sociais da proprie- mais justa, tendo como objetivo com-
TODOS e não se restringe apenas à dade e da cidade. O Plano Diretor deve bater a desigualdade econômica e so-
habitação edificada, mas à disponibili- atender a essas diretrizes, definindo as cial, promover a justiça social e garan-
dade de infra-estrutura e o acesso aos condições para que a propriedade ur- tir qualidade de vida para todos.
serviços urbanos e à cidade. bana cumpra a sua função social. Função Social da Propriedade –
Direito de Preempção – Con- Estudo de Impacto de Vizi- A Constituição Federal de 1988 ins-
cede ao poder público a preferência nhança – É o estudo que avalia se a creve o direito à propriedade como um
para a compra de imóveis em deter- implantação de um empreendimento dos direitos e garantias fundamentais.
minadas áreas definidas no Plano ou uma atividade em determinado No entanto, condiciona essa garantia
Diretor. local é adequada, avaliando seus efeitos ao cumprimento de uma função social.
Direito de Superfície – É o di- positivos e negativos. O estudo deve A função social age sobre a proprieda-
reito que o proprietário pode conce- observar, no mínimo, as seguintes ques- de qualificando-a, dando-lhe uma
der a um interessado de utilizar o solo, tões: adensamento populacional, equi- nova natureza intimamente vincula-
subsolo ou espaço aéreo do terreno, pamentos urbanos e comunitários, uso da ao Direito Público, que extrapola
por tempo determinado ou e ocupação do solo, valorização imobi- os direitos individuais. Não se conce-
indeterminado, mediante escritura liária, geração de tráfego e demanda por be, então, a propriedade sem que esta
transporte público, ventilação e ilumi- atenda à sua função social.

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| EXPLICANDO MELHOR |

Gestão Democrática da Cidade dos para viabilizar as diretrizes do Esta- que define as metas e prioridades da
– É a participação efetiva de quem tuto da Cidade, relacionados no seu administração para o ano seguinte.
vive e constrói a cidade na formula- artigo 4o. Entre esses, podemos citar os Seus objetivos fundamentais são:
ção, execução e acompanhamento planos, o zoneamento, o orçamento e orientar a elaboração do orçamento
de planos, programas e projetos de de- diversos outros institutos tributários, fi- anual (Lei Orçamentária Anual);
senvolvimento urbano, através de nanceiros, jurídicos e políticos. O pró- dispor sobre alterações na legislação
conferências, conselhos, debates e prio Plano Diretor recebe essa classifica- tributária (IPTU e forma de presta-
audiências públicas e projetos de lei ção: é considerado o INSTRUMEN- ção pública de contas) e autorizar
de iniciativa popular, entre outras TO BÁSICO da política de desenvol- criação de cargos e a contratação de
possibilidades de participação. vimento e expansão urbana. Outros ins- pessoal.
Imposto Predial Territorial Ur- trumentos, para que possam ser aplica- Lei Orçamentária Anual – É o
bano (IPTU) progressivo no tempo dos, dependem de sua regulamentação orçamento propriamente dito. Com-
– Os proprietários de imóveis vazios no Plano Diretor e, às vezes, de leis com- preende o orçamento fiscal, o orça-
ou subutilizados que não atenderem plementares. Esse conjunto de instrumen- mento de investimentos e o orçamen-
às notificações da Prefeitura para tos permite ao Poder Público Munici- to da seguridade social. Evidencia a
parcelamento, edificação ou utiliza- pal não apenas normatizar e fiscalizar o política econômico-financeira e o pro-
ção compulsórios terão o valor do uso e a ocupação do solo, mas grama de trabalho do governo, ou seja,
IPTU aumentado a cada ano, che- INTERVIR nos processos que determi- trata basicamente de quanto o muni-
gando ao valor máximo de 15% do nam a valorização da propriedade urba- cípio vai arrecadar e quanto e onde
valor venal do imóvel e, depois de na, como forma de realizar a função so- vai gastar.
cinco anos, perdem a propriedade. cial da cidade e da propriedade.
Leitura Comunitária – É um
Instrumentos – Recebem essa de- Lei de Diretrizes Orçamentári- retrato do município construído a
nominação os meios e recursos utiliza- as (LDO) – Lei aprovada anualmente partir do olhar dos seus moradores.

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| A CIDADE QUE QUEREMOS |

Leitura Técnica – É a caracteriza- Outorga Onerosa do Direito de após ser notificado pela prefeitura, fica
ção da realidade do município, feita Construir (Solo Criado) – Permite ao obrigado a parcelar, construir ou
pelos técnicos da prefeitura ou proprietário do imóvel, em determina- reformar seu imóvel, dando-lhe
consultores. Deve incluir dados das regiões da cidade, construir acima utilização adequada.
socioeconômicos, sobre a infra-estru- do coeficiente básico definido pelo Pla- Planejamento Municipal – É
tura, o uso do solo, etc. no Diretor, mediante o pagamento de uma atividade desenvolvida pelo po-
Metodologia – Conjunto de uma contrapartida. O Plano Diretor der público com o objetivo de proje-
técnicas e processos utilizados para deverá definir também os limites tar e programar o desenvolvimento
atingir objetivos específicos. máximos de construção considerando a do município. Nela deve estar ga-
proporcionalidade entre a infra-estrutura rantida a participação da população.
Mobilidade – É o direito de cir- existente e o aumento de densidade es-
cular na cidade, de ir e vir com qua- O Plano Diretor é parte essencial des-
perado em cada área. Os recursos arre- se planejamento.
lidade, priorizando os modos de cadados somente podem ser destinados
transporte coletivo e os não-motori- a programas de habitação de interesse Plano Plurianual (PPA) – Cons-
zados, de forma segura, socialmente social e de proteção do patrimônio titui um projeto de desenvolvimento
inclusiva e sustentável. ambiental, histórico e cultural. do município. Deve expressar clara-
Operações Urbanas Consorcia- mente os objetivos, as diretrizes e as
Parcelamento, Edificação e Uti- metas de todo o ciclo de um gover-
das – Conjunto de intervenções coor- lização Compulsórios – É o instru-
denadas pelo poder público com o no, ou seja, é o programa real de
mento legal, previsto no Estatuto da governo (que obviamente deve refle-
objetivo de promover, em determi- Cidade, para inibir a especulação
nadas áreas, transformações urbanís- tir as promessas e propostas de
imobiliária. O proprietário de imóvel campanha).
ticas e estruturais. Deve contar com vazio localizado em áreas centrais e ou-
a participação da sociedade e ser apro- tras áreas dotadas de infra-estrutura, Plebiscito – São consultas públi-
vada mediante lei específica. cas utilizadas para questões polêmicas.
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| EXPLICANDO MELHOR |

A população decide através de votação de imóvel público ou privado, trans- te não possua outro imóvel e a ocu-
e o resultado vale como decisão final. ferir o direito de construir de um pação não tenha sido contestada judi-
Políticas Públicas – É um conjun- imóvel para outro, quando o imóvel cialmente por cinco anos consecuti-
to de ações organizadas e planejadas, for necessário para fins de: implanta- vos, no mínimo.
realizadas pelos que estão a serviço do ção de equipamentos urbanos e co- ZEIS (ou AEIS) – As Zonas ou
povo (poder público), com recursos do munitários; preservação de interesse Áreas de Especial Interesse Social são
próprio povo (recursos públicos), e histórico, ambiental, paisagístico, so- destinadas a abrigar moradia popu-
destinadas a atender às necessidades cial ou cultural; regularização lar, com boa infra-estrutura. Podem
e demandas da população devendo, fundiária; urbanização de áreas ocu- abranger tanto áreas já utilizadas para
portanto, estar submetidas ao controle padas por população de baixa renda; moradia (favelas, loteamentos irregu-
social (gestão democrática). e habitação de interesse social. lares, imóveis ocupados), viabilizando
Referendo – São consultas públi- Usucapião Especial de Imóvel a execução de obras de infra-estrutura
cas utilizadas para questões polêmicas. Urbano – Garante o direito à mora- e de melhorias habitacionais e a re-
O resultado da votação serve só para dia aos segmentos sociais que vivem gularização dos terrenos e imóveis,
orientar a decisão dos governantes. em favelas, cortiços, prédios ocupa- como áreas, terrenos e prédios vazios
dos e loteamentos irregulares, poden- ou subutilizados, destinando-os para
Segmentos Sociais – São os di- do ser aplicado de forma individual a implantação de programas de mo-
versos grupos sociais, agrupados se- ou coletiva. É o direito de concessão radia popular.
gundo interesses comuns, tais como: do título de propriedade de um imó-
empresários, poder público, movi- vel urbano ao ocupante do mesmo,
mentos populares, trabalhadores etc. desde que o imóvel tenha até 250 m²,
Transferência do Direito de esteja ocupado para fins de moradia
Construir – Permite ao proprietário própria ou de sua família, o ocupan-

25
Referências Bibliográficas:
Bonduki, Nabil (org). Cartilha de Formação: São Paulo, Plano
Diretor Estratégico. São Paulo, CEF, 2a edição (revisada), 2003.
CREA-MG. Para Entender o Plano Diretor. Belo Horizonte, 2005.
CREA-MG, SENGE-MG, IAB-MG, AMM. Estatuto da Ci-
dade, o jogo tem novas regras. Belo Horizonte, 2002.
DESER. Cartilha Gestão Pública Municipal. Curitiba, 2004.
Grazia, Grazia de. Conhecendo o Estatuto da Cidade. FASE,
FNRU, CEF, Rio de Janeiro, 2004.
Prefeitura de Volta Redonda. A cidade em Discussão. Volta Re-
donda, 1994
Rolnik, R. (coord.). Vamos mudar nossas cidades? SIM! – Instituto
Pólis e PUC Campinas. Editora Instituto Pólis. São Paulo, 2002.
Lei Federal no 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da
Cidade. Brasília, 2001.
Oliveira, Isabel Cristina Eiras de. Estatuto da Cidade: para com-
preender... IBAM, DUME. Rio de Janeiro, 2001.

26
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
Constituição Federal promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
.............................................................................................
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
DA POLÍTICA URBANA progressivo no tempo;
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada III - desapropriação com pagamento mediante títulos da
pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
bem-estar de seus habitantes. valor real da indenização e os juros legais.
§ 1o O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de
obrigatório para cidades com mais de vinte mil até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco
habitantes, é o instrumento básico da política de anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
desenvolvimento e de expansão urbana. sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
§ 2o A propriedade urbana cumpre sua função social quando ou rural.
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor. § 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos
ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente
§ 3o As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com do estado civil.
prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 2o Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor
§ 4o É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei mais de uma vez.
específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano § 3o Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

27
| ANEXO |

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno


Estatuto da Cidade desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade
LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001 urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
I - garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido
como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento
Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos
estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes
providências. e futuras gerações;
II - gestão democrática por meio da participação da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA população e de associações representativas dos vários
segmentos da comunidade na formulação, execução e
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
acompanhamento de planos, programas e projetos de
seguinte Lei:
desenvolvimento urbano;
III - cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os
CAPÍTULO I demais setores da sociedade no processo de urbanização,
em atendimento ao interesse social;
DIRETRIZES GERAIS
IV - planejamento do desenvolvimento das cidades, da
Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. distribuição espacial da população e das atividades
182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto econômicas do Município e do território sob sua área de
nesta Lei. influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública ambiente;
e interesse social que regulam o uso da propriedade V - oferta de equipamentos urbanos e comunitários,
urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem- transporte e serviços públicos adequados aos interesses e
estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. necessidades da população e às características locais;

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| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; dos bens pelos diferentes segmentos sociais;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos XI - recuperação dos investimentos do Poder Público de
ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que XII - proteção, preservação e recuperação do meio ambiente
possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem natural e construído, do patrimônio cultural, histórico,
a previsão da infra-estrutura correspondente; artístico, paisagístico e arqueológico;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte XIII - audiência do Poder Público municipal e da população
na sua subutilização ou não utilização; interessada nos processos de implantação de
empreendimentos ou atividades com efeitos
f ) a deterioração das áreas urbanizadas;
potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural
g) a poluição e a degradação ambiental;
ou construído, o conforto ou a segurança da população;
VII - integração e complementaridade entre as atividades XIV - regularização fundiária e urbanização de áreas
urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento ocupadas por população de baixa renda mediante o
socioeconômico do Município e do território sob sua estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso
área de influência; e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação
VIII - adoção de padrões de produção e consumo de bens e socioeconômica da população e as normas ambientais;
serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites XV - simplificação da legislação de parcelamento, uso e
da sustentabilidade ambiental, social e econômica do ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a
Município e do território sob sua área de influência; permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos
IX - justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do lotes e unidades habitacionais;
processo de urbanização; XVI - isonomia de condições para os agentes públicos e privados
X - adequação dos instrumentos de política econômica, na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao
tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos processo de urbanização, atendido o interesse social.

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| ANEXO |

Art. 3o Compete à União, entre outras atribuições de interesse II - planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações
da política urbana: urbanas e microrregiões;
I - legislar sobre normas gerais de direito urbanístico; III - planejamento municipal, em especial:
II - legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os a) plano diretor;
Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do
política urbana, tendo em vista o equilíbrio do solo;
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional; c) zoneamento ambiental;
III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com d) plano plurianual;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
de construção de moradias e a melhoria das condições f ) gestão orçamentária participativa;
habitacionais e de saneamento básico;
g) planos, programas e projetos setoriais;
IV - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
IV - institutos tributários e financeiros:
V - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
do território e de desenvolvimento econômico e social.
- IPTU;
CAPÍTULO II b) contribuição de melhoria;
DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA URBANA c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
V - institutos jurídicos e políticos:
Seção I a) desapropriação;
Dos instrumentos em geral
b) servidão administrativa;
Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros c) limitações administrativas;
instrumentos: d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
I - planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do e) instituição de unidades de conservação;
território e de desenvolvimento econômico e social; f ) instituição de zonas especiais de interesse social;

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| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

g) concessão de direito real de uso; § 3o Os instrumentos previstos neste artigo que demandam
h) concessão de uso especial para fins de moradia; dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; devem ser objeto de controle social, garantida a participação
j) usucapião especial de imóvel urbano; de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.
l) direito de superfície; Seção II
m) direito de preempção; Do parcelamento, edificação ou utilização compulsórios
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração
Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano
de uso;
diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a
o) transferência do direito de construir; utilização compulsórios do solo urbano não edificado,
p) operações urbanas consorciadas; subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os
q) regularização fundiária; prazos para implementação da referida obrigação.
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades
§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel:
e grupos sociais menos favorecidos;
I - cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido
s) referendo popular e plebiscito;
no plano diretor ou em legislação dele decorrente;
VI - estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo
II - (VETADO)
prévio de impacto de vizinhança (EIV).
§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal
§ 1o Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se
para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação
pela legislação que lhes é própria, observado o disposto
ser averbada no cartório de registro de imóveis.
nesta Lei.
§ 3o A notificação far-se-á:
§ 2o Nos casos de programas e projetos habitacionais de
interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades I - por funcionário do órgão competente do Poder Público
da Administração Pública com atuação específica nessa municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este
área, a concessão de direito real de uso de imóveis públicos ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência
poderá ser contratada coletivamente. geral ou administração;

31
| ANEXO |

II - por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa § 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na
de notificação na forma prevista pelo inciso I. lei específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não
§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a: excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior,
respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado
o projeto no órgão municipal competente; § 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança
as obras do empreendimento. pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida
obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8.
§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional,
a lei municipal específica a que se refere o caput poderá § 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à
prever a conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto tributação progressiva de que trata este artigo.
aprovado compreenda o empreendimento como um todo.
Seção IV
Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa Da desapropriação com pagamento em títulos
mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações
de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo
desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos. sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de
parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá
Seção III proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em
Do IPTU progressivo no tempo títulos da dívida pública.
Art. 7o Em caso de descumprimento das condições e dos prazos § 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo
previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez
cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas,
Município procederá à aplicação do imposto sobre a assegurados o valor real da indenização e os juros legais
propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo de seis por cento ao ano.
no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de
§ 2o O valor real da indenização:
cinco anos consecutivos.

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| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

I - refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
montante incorporado em função de obras realizadas pelo moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
notificação de que trata o § 2o do art. 5o desta Lei;
§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher,
II - não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes ou a ambos, independentemente do estado civil.
e juros compensatórios.
§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao
§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder
mesmo possuidor mais de uma vez.
liberatório para pagamento de tributos.
§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua,
§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do
de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já
imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir
resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
da sua incorporação ao patrimônio público.
Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta
§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda
diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem
ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados
devido procedimento licitatório. por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas
§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos coletivamente, desde que os possuidores não sejam
do § 5o as mesmas obrigações de parcelamento, edificação proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
ou utilização previstas no art. 5o desta Lei. § 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido
por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor,
Seção V
contanto que ambas sejam contínuas.
Da usucapião especial de imóvel urbano
§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será
Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana
declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de
de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
título para registro no cartório de registro de imóveis.

33
| ANEXO |

§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a personalidade jurídica, desde que explicitamente
cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno autorizada pelos representados.
que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre § 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a
os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas. intervenção do Ministério Público.
§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo § 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência
passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro
por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de imóveis.
de execução de urbanização posterior à constituição do
Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser
condomínio.
invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a
§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio reconhecer como título para registro no cartório de registro de
especial serão tomadas por maioria de votos dos imóveis.
condôminos presentes, obrigando também os demais, Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel
discordantes ou ausentes. urbano, o rito processual a ser observado é o sumário.
Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana,
ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou Seção VI
possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao Da concessão de uso especial para fins de moradia
imóvel usucapiendo. Art. 15. (VETADO)
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de Art. 16. (VETADO)
usucapião especial urbana:
Art. 17. (VETADO)
I - o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário
ou superveniente; Art. 18. (VETADO)
II - os possuidores, em estado de composse; Art. 19. (VETADO)
III - como substituto processual, a associação de moradores Art. 20. (VETADO)
da comunidade, regularmente constituída, com

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| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

Seção VII Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de


Do direito de superfície superfície, o superficiário e o proprietário, respectivamente,
terão direito de preferência, em igualdade de condições à oferta
Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o
de terceiros.
direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado
ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no Art. 23. Extingue-se o direito de superfície:
cartório de registro de imóveis. I - pelo advento do termo;
§ 1o O direito de superfície abrange o direito de utilizar o II - pelo descumprimento das obrigações contratuais assumidas
solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na pelo superficiário.
forma estabelecida no contrato respectivo, atendida a Art. 24. Extinto o direito de superfície, o proprietário
legislação urbanística. recuperará o pleno domínio do terreno, bem como das acessões
e benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de
§ 2o A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário
ou onerosa. no respectivo contrato.
§ 3o O superficiário responderá integralmente pelos encargos § 1o Antes do termo final do contrato, extinguir-se-á o direito
e tributos que incidirem sobre a propriedade de superfície se o superficiário der ao terreno destinação
superficiária, arcando, ainda, proporcionalmente à sua diversa daquela para a qual for concedida.
parcela de ocupação efetiva, com os encargos e tributos
sobre a área objeto da concessão do direito de § 2o A extinção do direito de superfície será averbada no cartório
superfície, salvo disposição em contrário do contrato de registro de imóveis.
respectivo.
Seção VIII
§ 4o O direito de superfície pode ser transferido a terceiros, Do direito de preempção
obedecidos os termos do contrato respectivo.
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público
§ 5o Por morte do superficiário, os seus direitos transmitem- municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto
se a seus herdeiros. de alienação onerosa entre particulares.

35
| ANEXO |

§ 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as direito de preempção em uma ou mais das finalidades
áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará enumeradas por este artigo.
prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar
partir de um ano após o decurso do prazo inicial de o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de trinta
vigência. dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.
§ 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo § 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta
de vigência fixado na forma do § 1o, independentemente de compra assinada por terceiro interessado na aquisição
do número de alienações referentes ao mesmo imóvel. do imóvel, da qual constarão preço, condições de
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o pagamento e prazo de validade.
Poder Público necessitar de áreas para:
§ 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo
I - regularização fundiária; menos um jornal local ou regional de grande circulação,
II - execução de programas e projetos habitacionais de edital de aviso da notificação recebida nos termos do
interesse social; caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições
III - constituição de reserva fundiária; da proposta apresentada.
IV - ordenamento e direcionamento da expansão urbana; § 3 o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem
V - implantação de equipamentos urbanos e comunitários; manifestação, fica o proprietário autorizado a realizar a
VI - criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; alienação para terceiros, nas condições da proposta
VII - criação de unidades de conservação ou proteção de apresentada.
outras áreas de interesse ambiental;
§ 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado
VIII - proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou a apresentar ao Município, no prazo de trinta dias, cópia
paisagístico; do instrumento público de alienação do imóvel.
IX - (VETADO)
§ 5o A alienação processada em condições diversas da proposta
Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 apresentada é nula de pleno direito.
desta Lei deverá enquadrar cada área em que incidirá o

36
| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

§ 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições a
adquirir o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU serem observadas para a outorga onerosa do direito de construir
ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este e de alteração de uso, determinando:
for inferior àquele. I - a fórmula de cálculo para a cobrança;
Seção IX II - os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga;
Da outorga onerosa do direito de construir III - a contrapartida do beneficiário.
Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa
Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito
do direito de construir e de alteração de uso serão aplicados com
de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de
as finalidades previstas nos incisos I a IX do art. 26 desta Lei.
aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser
prestada pelo beneficiário. Seção X
o
§ 1 Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é Das operações urbanas consorciadas
a relação entre a área edificável e a área do terreno. Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor,
o
§ 2 O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento poderá delimitar área para aplicação de operações consorciadas.
básico único para toda a zona urbana ou diferenciado § 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de
para áreas específicas dentro da zona urbana. intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público
§ 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem municipal, com a participação dos proprietários, moradores,
atingidos pelos coeficientes de aproveitamento, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo
considerando a proporcionalidade entre a infra- de alcançar em uma área transformações urbanísticas
estrutura existente e o aumento de densidade esperado estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.
em cada área. § 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas,
Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá entre outras medidas:
ser permitida alteração de uso do solo, mediante contrapartida I - a modificação de índices e características de parcelamento,
a ser prestada pelo beneficiário. uso e ocupação do solo e subsolo, bem como alterações

37
| ANEXO |

das normas edilícias, considerado o impacto ambiental Poder Público municipal expedidas em desacordo com o
delas decorrente; plano de operação urbana consorciada.
II - a regularização de construções, reformas ou ampliações Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada
executadas em desacordo com a legislação vigente. poderá prever a emissão pelo Município de quantidade
Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana determinada de certificados de potencial adicional de construção,
consorciada constará o plano de operação urbana consorciada, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no
contendo, no mínimo: pagamento das obras necessárias à própria operação.
I - definição da área a ser atingida; § 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão
II - programa básico de ocupação da área; livremente negociados, mas conversíveis em direito de
III - programa de atendimento econômico e social para a construir unicamente na área objeto da operação.
população diretamente afetada pela operação;
§ 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certificado
IV - finalidades da operação; de potencial adicional será utilizado no pagamento da
V - estudo prévio de impacto de vizinhança; área de construção que supere os padrões estabelecidos
VI - contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite
permanentes e investidores privados em função da fixado pela lei específica que aprovar a operação urbana
utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § consorciada.
2o do art. 32 desta Lei;
VII - forma de controle da operação, obrigatoriamente Seção XI
compartilhado com representação da sociedade civil. Da transferência do direito de construir
§ 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá
forma do inciso VI deste artigo serão aplicados autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou público,
exclusivamente na própria operação urbana consorciada. a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública,
o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação
§ 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for
caput, são nulas as licenças e autorizações a cargo do considerado necessário para fins de:

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| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

I - implantação de equipamentos urbanos e comunitários; II - equipamentos urbanos e comunitários;


II - preservação, quando o imóvel for considerado de interesse III - uso e ocupação do solo;
histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; IV - valorização imobiliária;
III - servir a programas de regularização fundiária, V - geração de tráfego e demanda por transporte público;
urbanização de áreas ocupadas por população de baixa VI - ventilação e iluminação;
renda e habitação de interesse social. VII - paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
§ 1o A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos
que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele, integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta,
para os fins previstos nos incisos I a III do caput. no órgão competente do Poder Público municipal, por
§ 2o A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições qualquer interessado.
relativas à aplicação da transferência do direito de construir. Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a
aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA),
Seção XII
requeridas nos termos da legislação ambiental.
Do estudo de impacto de vizinhança
Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e CAPÍTULO III
atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão DO PLANO DIRETOR
de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV)
para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social
ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal. quando atende às exigências fundamentais de ordenação da
cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento
Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os
das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à
efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade
justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas,
quanto à qualidade de vida da população residente na área e
respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.
suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das
seguintes questões: Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instru-
mento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.
I - adensamento populacional;

39
| ANEXO |

§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de III - onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os
planejamento municipal, devendo o plano plurianual, instrumentos previstos no § 4 o do art. 182 da
as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual Constituição Federal;
incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. IV - integrantes de áreas de especial interesse turístico;
§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município V - inseridas na área de influência de empreendimentos ou
como um todo. atividades com significativo impacto ambiental de âmbito
regional ou nacional.
§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo
menos, a cada dez anos. § 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades
enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos e
§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização financeiros para a elaboração do plano diretor estarão
de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo inseridos entre as medidas de compensação adotadas.
municipais garantirão:
§ 2 o No caso de cidades com mais de quinhentos mil
I - a promoção de audiências públicas e debates com a
habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte
participação da população e de associações representativas
urbano integrado, compatível com o plano diretor ou
dos vários segmentos da comunidade;
nele inserido.
II - a publicidade quanto aos documentos e informações
Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:
produzidos;
III - o acesso de qualquer interessado aos documentos e I - a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado
informações produzidos. o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios,
considerando a existência de infra-estrutura e de demanda
§ 5o (VETADO) para utilização, na forma do art. 5o desta Lei;
Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades: II - disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35
I - com mais de vinte mil habitantes; desta Lei;
II - integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; III - sistema de acompanhamento e controle.

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| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

CAPÍTULO IV controle direto de suas atividades e o pleno exercício da


DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA CIDADE cidadania.
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão CAPÍTULO V
ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I - órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional,
estadual e municipal; Art. 46. O Poder Público municipal poderá facultar ao
proprietário de área atingida pela obrigação de que trata o
II - debates, audiências e consultas públicas;
caput do art. 5 o desta Lei, a requerimento deste, o
III - conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos
estabelecimento de consórcio imobiliário como forma de
níveis nacional, estadual e municipal;
viabilização financeira do aproveitamento do imóvel.
IV - iniciativa popular de projeto de lei e de planos,
programas e projetos de desenvolvimento urbano; § 1o Considera-se consórcio imobiliário a forma de viabilização
V - (VETADO) de planos de urbanização ou edificação por meio da qual
o proprietário transfere ao Poder Público municipal seu
Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária
imóvel e, após a realização das obras, recebe, como
participativa de que trata a alínea f do inciso III do art. 4o
pagamento, unidades imobiliárias devidamente
desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e
urbanizadas ou edificadas.
consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual,
da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como § 2o O valor das unidades imobiliárias a serem entregues ao
condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara proprietário será correspondente ao valor do imóvel antes
Municipal. da execução das obras, observado o disposto no § 2o do
Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e art. 8 desta Lei.
aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa Art. 47. Os tributos sobre imóveis urbanos, assim como as
participação da população e de associações representativas dos tarifas relativas a serviços públicos urbanos, serão diferenciados
vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o em função do interesse social.

41
| ANEXO |

Art. 48. Nos casos de programas e projetos habitacionais de Art. 51. Para os efeitos desta Lei, aplicam-se ao Distrito Federal
interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da e ao Governador do Distrito Federal as disposições relativas,
Administração Pública com atuação específica nessa área, os respectivamente, a Município e a Prefeito.
contratos de concessão de direito real de uso de imóveis públicos: Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos
I - terão, para todos os fins de direito, caráter de escritura envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito
pública, não se aplicando o disposto no inciso II do incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei
art. 134 do Código Civil; no 8.429, de 2 de junho de 1992, quando:
II - constituirão título de aceitação obrigatória em garantia I - (VETADO)
de contratos de financiamentos habitacionais. II - deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado
Art. 49. Os Estados e Municípios terão o prazo de noventa aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio
dias, a partir da entrada em vigor desta Lei, para fixar prazos, público, conforme o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei;
por lei, para a expedição de diretrizes de empreendimentos III - utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção
urbanísticos, aprovação de projetos de parcelamento e de edificação, em desacordo com o disposto no art. 26 desta Lei;
realização de vistorias e expedição de termo de verificação e IV - aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do
conclusão de obras. direito de construir e de alteração de uso em desacordo
Parágrafo único. Não sendo cumprida a determinação do caput, com o previsto no art. 31 desta Lei;
fica estabelecido o prazo de sessenta dias para a realização V - aplicar os recursos auferidos com operações
de cada um dos referidos atos administrativos, que valerá consorciadas em desacordo com o previsto no § 1o do
até que os Estados e Municípios disponham em lei de art. 33 desta Lei;
forma diversa. VI - impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos
Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obrigação nos incisos I a III do § 4o do art. 40 desta Lei;
prevista nos incisos I e II do art. 41 desta Lei que não tenham VII - deixar de tomar as providências necessárias para
plano diretor aprovado na data de entrada em vigor desta Lei, garantir a observância do disposto no § 3o do art. 40 e
deverão aprová-lo no prazo de cinco anos. no art. 50 desta Lei;

42
| ESTATUTO DA CIDADE * LEI 10.257/2001 |

Art. 1o ................................................................. 39) da constituição do direito de superfície de imóvel


III - à ordem urbanística; urbano; (NR)
Art. 54. O art. 4o da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigorar Art. 57. O art. 167, inciso II, da Lei no 6.015, de 1973, passa
com a seguinte redação: a vigorar acrescido dos seguintes itens 18, 19 e 20:
Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta 18) da notificação para parcelamento, edificação ou
Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao meio utilização compulsórios de imóvel urbano;
ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística ou aos 19) da extinção da concessão de uso especial para fins de
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, moradia;
turístico e paisagístico 20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano. (NR)
Art. 55. O art. 167, inciso I, item 28, da Lei no 6.015, de Art. 58. Esta Lei entra em vigor após decorridos noventa dias
31 de dezembro de 1973, alterado pela Lei no 6.216, de 30 de sua publicação.
de junho de 1975, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 167. .............................................................
28) das sentenças declaratórias de usucapião,
independente da regularidade do parcelamento do solo
ou da edificação;
Art. 56. O art. 167, inciso I, da Lei no 6.015, de 1973, passa
a vigorar acrescido dos seguintes itens 37, 38 e 39:
37) dos termos administrativos ou das sentenças
declaratórias da concessão de uso especial para fins de
moradia, independente da regularidade do parcelamento
do solo ou da edificação;
38) (VETADO)

43
| ANEXO |

§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao


Medida Provisória no 2.220, mesmo concessionário mais de uma vez.
DE 4 DE SETEMBRO DE 2001
§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua,
de pleno direito, na posse de seu antecessor, desde que já
resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
Dispõe sobre a concessão de uso especial de que trata o § 1o
do art. 183 da Constituição, cria o Conselho Nacional de Art. 2o Nos imóveis de que trata o art. 1o, com mais de duzentos
Desenvolvimento Urbano – CNDU e dá outras providências. e cinqüenta metros quadrados, que, até 30 de junho de 2001,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição estavam ocupados por população de baixa renda para sua
que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
Medida Provisória, com força de lei: onde não for possível identificar os terrenos ocupados por
possuidor, a concessão de uso especial para fins de moradia
CAPÍTULO I será conferida de forma coletiva, desde que os possuidores
não sejam proprietários ou concessionários, a qualquer título,
DA CONCESSÃO DE USO ESPECIAL
de outro imóvel urbano ou rural.
Art. 1o Aquele que, até 30 de junho de 2001, possuiu como
§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido
seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até
por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor,
duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel público
contanto que ambas sejam contínuas.
situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de
sua família, tem o direito à concessão de uso especial para fins § 2o Na concessão de uso especial de que trata este artigo, será
de moradia em relação ao bem objeto da posse, desde que não atribuída igual fração ideal de terreno a cada possuidor,
seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro independentemente da dimensão do terreno que cada
imóvel urbano ou rural. um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os
ocupantes, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 1o A concessão de uso especial para fins de moradia será
conferida de forma gratuita ao homem ou à mulher, ou § 3o A fração ideal atribuída a cada possuidor não poderá ser
a ambos, independentemente do estado civil. superior a duzentos e cinqüenta metros quadrados.

44
| MEDIDA PROVISÓRIA 2.220/2001 |

Art. 3o Será garantida a opção de exercer os direitos de que § 2o Na hipótese de bem imóvel da União ou dos Estados, o
tratam os arts. 1o e 2o também aos ocupantes, regularmente interessado deverá instruir o requerimento de concessão
inscritos, de imóveis públicos, com até duzentos e cinqüenta de uso especial para fins de moradia com certidão
metros quadrados, da União, dos Estados, do Distrito Federal expedida pelo Poder Público municipal, que ateste a
e dos Municípios, que estejam situados em área urbana, na localização do imóvel em área urbana e a sua destinação
forma do regulamento. para moradia do ocupante ou de sua família.
Art. 4o No caso de a ocupação acarretar risco à vida ou à saúde § 3o Em caso de ação judicial, a concessão de uso especial para
dos ocupantes, o Poder Público garantirá ao possuidor o exercício fins de moradia será declarada pelo juiz, mediante
do direito de que tratam os arts. 1o e 2o em outro local. sentença.
Art. 5o É facultado ao Poder Público assegurar o exercício do
§ 4o O título conferido por via administrativa ou por sentença
direito de que tratam os arts. 1o e 2o em outro local na hipótese
judicial servirá para efeito de registro no cartório de
de ocupação de imóvel:
registro de imóveis.
I - de uso comum do povo;
Art. 7o O direito de concessão de uso especial para fins de
II - destinado a projeto de urbanização;
moradia é transferível por ato inter vivos ou causa mortis.
III - de interesse da defesa nacional, da preservação
ambiental e da proteção dos ecossistemas naturais; Art. 8o O direito à concessão de uso especial para fins de
moradia extingue-se no caso de:
IV - reservado à construção de represas e obras congêneres; ou
V - situado em via de comunicação. I - o concessionário dar ao imóvel destinação diversa da
moradia para si ou para sua família; ou
Art. 6o O título de concessão de uso especial para fins de
moradia será obtido pela via administrativa perante o órgão II - o concessionário adquirir a propriedade ou a concessão
competente da Administração Pública ou, em caso de recusa de uso de outro imóvel urbano ou rural.
ou omissão deste, pela via judicial. Parágrafo único. A extinção de que trata este artigo será
o
§ 1 A Administração Pública terá o prazo máximo de doze meses averbada no cartório de registro de imóveis, por meio de
para decidir o pedido, contado da data de seu protocolo. declaração do Poder Público concedente.

45
| ANEXO |

Art. 9 o É facultado ao Poder Público competente dar I - propor diretrizes, instrumentos, normas e prioridades
autorização de uso àquele que, até 30 de junho de 2001, da política nacional de desenvolvimento urbano;
possuiu como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem II - acompanhar e avaliar a implementação da política
oposição, até duzentos e cinqüenta metros quadrados de imóvel nacional de desenvolvimento urbano, em especial as
público situado em área urbana, utilizando-o para fins políticas de habitação, de saneamento básico e de
comerciais. transportes urbanos, e recomendar as providências
§ 1o A autorização de uso de que trata este artigo será conferida necessárias ao cumprimento de seus objetivos;
de forma gratuita. III - propor a edição de normas gerais de direito urbanístico
e manifestar-se sobre propostas de alteração da legislação
§ 2o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido pertinente ao desenvolvimento urbano;
por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor,
IV - emitir orientações e recomendações sobre a aplicação
contanto que ambas sejam contínuas.
da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, e dos demais
§ 3o Aplica-se à autorização de uso prevista no caput deste atos normativos relacionados ao desenvolvimento urbano;
artigo, no que couber, o disposto nos arts. 4o e 5o desta V - promover a cooperação entre os governos da União,
Medida Provisória. dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e a
sociedade civil na formulação e execução da política
CAPÍTULO II nacional de desenvolvimento urbano; e
DO CONSELHO NACIONAL DE VI - elaborar o regimento interno.
DESENVOLVIMENTO URBANO Art. 11. O CNDU é composto por seu Presidente, pelo
Art. 10. Fica criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Plenário e por uma Secretaria-Executiva, cujas atribuições serão
Urbano – CNDU, órgão deliberativo e consultivo, integrante definidas em decreto.
da estrutura da Presidência da República, com as seguintes Parágrafo único. O CNDU poderá instituir comitês técnicos
competências: de assessoramento, na forma do regimento interno.

46
| MEDIDA PROVISÓRIA 2.220/2001 |

Art. 12. O Presidente da República disporá sobre a estrutura ...........................................................


do CNDU, a composição do seu Plenário e a designação dos 40) do contrato de concessão de direito real de uso de
membros e suplentes do Conselho e dos seus comitês técnicos. imóvel público.” (NR)
Art. 13. A participação no CNDU e nos comitês técnicos Art. 16. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua
não será remunerada. publicação.
Art. 14. As funções de membro do CNDU e dos comitês Brasília, 4 de setembro de 200;
técnicos serão consideradas prestação de relevante interesse 180 da Independência e 113o da República.
o

público e a ausência ao trabalho delas decorrente será abonada


FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
e computada como jornada efetiva de trabalho, para todos os
efeitos legais.

CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 15. O inciso I do art. 167 da Lei no 6.015, de 31 de
dezembro de 1973, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“I - ...........................................................
...........................................................
28) das sentenças declaratórias de usucapião;
...........................................................
37) dos termos administrativos ou das sentenças
declaratórias da concessão de uso especial para fins de
moradia;

47
Realização:

Ministério
das Cidades

www.cidades.gov.br/planodiretorparticipativo/

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