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GESTÃO URBANA

GESTÃO URBANA
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Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

EVOLUÇÃO DA GESTÃO URBANA ...................................................................... 6


A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO URBANA ............................................................. 7
GERENCIAMENTO URBANO.............................................................................. 13
A GOVERNANÇA URBANA EM GERAL ............................................................. 17
AS DIMENÇÕES URBANAS ................................................................................ 20
COMO REALIZAR UMA BOA GESTÃO URBANA............................................... 22
MINISTÉRIO DAS CIDADES ............................................................................... 24
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 26

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FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e
Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços
educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento,
aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a
divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio
da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas
de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta
de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e
valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A gestão urbana pode ser vista como o processo de planejamento, intervenção,


regulação e mediação que se aplica para o desenvolvimento dos espaços públicos. O
uso racional do espaço urbano deve ser gerido no sentido de conferir possibilidades de
uma existência segura, confortável, saudável e democrática. A participação popular e
cidadã é essencial para se ampliar o alcance das políticas públicas que devem ser
estabelecidas ao administrar as cidades. Mas, para que a sociedade participe de
maneira efetiva, a democracia é fundamental.

A ocupação dos espaços urbanos de forma responsável, é histórica, tendo origem no


século XVIII, na Europa, com a Revolução Industrial. Na época, muitos camponeses
migraram para os centros urbanos, expulsos das terras comunitárias e foram obrigados
a trabalhar nas fábricas. Assim, surgiu a classe trabalhadora ou “proletariado”. Com isso,
o crescimento urbano desenfreado foi inevitável.

Sem organização, as cidades se tornaram um conglomerado de pessoas que não tinham


nenhuma qualidade de vida. Não havia planejamento para implantação de escolas,
hospitais, infraestrutura urbana, moradia, entre outros.

Todos nós precisamos que as instituições públicas funcionem bem e as áreas urbanas
sejam bem estruturadas. Entre os serviços públicos que a sociedade necessita estão
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saneamento básico, coleta de lixo, iluminação, segurança, educação e saúde. Por esta
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razões, é fundamental o compartilhamento do poder de decisão com a sociedade na


definição de políticas públicas eficazes e duradoras.

É inegável o conhecimento para o exercício da gestão pública, pois a responsabilidade


é aquela assumida com os recursos destinados à coletividade e, por isso, muitas vezes
é necessária a padronização de algumas normas, visando a harmonia na gestão de
todos os municípios. No âmbito federal, uma das regras mais elementares é a Lei de
Responsabilidade Fiscal; a elaboração do Plano Plurianual; elaboração de Lei de
Diretrizes Orçamentárias; acompanhamento da execução orçamentária e gestão dos
recursos humanos, dentre outros documentos que visam disciplinar o comportamento
do gestor público, frente aos princípios éticos ligados à gestão.

No nível municipal, o Plano Diretor, de modo estratégico, deve ser direcionado para
organizar, porém, não ‘engessar’ o espaço urbano e público, deixando margem e
apontando caminhos para o desenvolvimento urbano e democrático.

Com o fortalecimento da sociedade civil e as inúmeras pressões em busca do


aprimoramento do serviço público, cabe ao administrador ampliar a participação social
nas decisões, no acompanhamento e controle das políticas públicas, contribuindo para
o fortalecimento da democracia, da cidadania e da transparência.

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EVOLUÇÃO DA GESTÃO URBANA

No Brasil, a Constituição de 1988 ampliou as atribuições dos governos locais, pois


propiciou a descentralização administrativa, favorecendo uma maior participação de
estados e municípios. Este movimento de mudança foi caracterizado pela aproximação
entre o poder público e a sociedade civil organizada, com o objetivo de melhorar a
condição de vida dos mais pobres, bem como oferecer serviços públicos de qualidade
para a população. Essa descentralização, contudo, vem associada a lógicas de políticas
públicas, planejamento e gestão que, obrigatoriamente, colocam a máquina
administrativa diante de certos obstáculos a serem transpostos. Muitas vezes, pela
carência de políticas urbanas e sociais integradas nas cidades, os serviços oferecidos
são qualificados como ruins ou péssimos pelos seus usuários. Independente da sua
classe social, credo, raça, etnia, todos, absolutamente todos, necessitam de uma gestão
urbana eficiente e inovadora para que haja qualidade de vida.

Até hoje, em pleno século 21, a falta de planejamento é um dos grandes problemas da
gestão urbana e da administração pública. Outro agravante que reflete no
desenvolvimento é a falta de preparação dos gestores públicos que, muitas vezes,
governam para determinados grupos de interesse, precarizam a gestão urbana e
desconsideram os interesses da população trabalhadora e dos mais carentes,
provocando ou contribuindo para o abismo da desigualdade social.
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A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO URBANA

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 84,35% da


população vivem em áreas urbanas, resultado de constante e rápida migração de grande
contingente populacional, em curto espaço de tempo, para os centros urbanos. Esse
deslocamento populacional tem origem na transformação das formas de produção de
capital e na adoção de modelo de desenvolvimento econômico que parte de grandes
investimentos nas áreas urbanas, trazendo profundas transformações aos municípios.
Observa-se, a partir desse período, que os problemas urbanos e sociais se agravaram,
principalmente, no que se refere à promoção da segregação e à reprodução das
desigualdades sociais.

Devido à necessidade de ordenar o processo acelerado de urbanização, vivido pelas


cidades, foi criado o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU) nos anos
70, que instituiu o planejamento urbano nas administrações municipais, através dos
Planos Diretores de Desenvolvimento Integrado (PDDI), que tinham como objetivo
principal promover o desenvolvimento e o equilíbrio das cidades de forma integrada.
Os PDDIs, elaborados em ambiente político autoritário e de caráter puramente
tecnocrático, utilizavam como principal instrumento o zoneamento, que através de
parâmetros urbanísticos, desenvolveriam uma cidade racionalmente produzida. Porém,
no processo de elaboração, os PDDIs não reconheciam a realidade das desigualdades
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urbanas e sociais, provocadas pelo processo de urbanização excludente e por interesses
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econômicos.
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Junto ao processo de redemocratização, vivido pelo país, nos anos 80, vários setores
da sociedade organizada, especificamente os movimentos sociais e sindicais,
organizações não-governamentais, entidades de pesquisa e setores técnicos,
mobilizaram-se em torno de discussões de caráter social e urbano, promovendo a
elaboração de agenda reformista pautada na concepção de uma política democrática e
na justiça social.

Embora o debate da questão urbana tenha ocorrido desde 1982, quando foi publicado
o anteprojeto da Lei Federal de Desenvolvimento Urbano, pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Urbano (CNDU), bem como, com o documento “Solo Urbano e Ação
Pastoral” publicado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), somente
com o surgimento do Movimento Nacional pela Reforma Urbana (MNRU) que se
organizou a participação direta da sociedade no processo constituinte, conseguindo
através de emenda popular incluir algumas propostas relativas às questões da gestão
municipal, do planejamento urbano e da política urbana, no texto final da Constituição
Federal, reconhecendo, assim, a necessidade do enfrentamento da problemática
urbana.

Uma das principais questões que estava em jogo na elaboração da Constituição Federal
era a discussão sobre o direito à propriedade. A inclusão do princípio da função social
da cidade e da propriedade urbana foi o foco do debate. Ao se traçar um caminho para
implementar esse novo princípio constitucional, atribuiu-se ao Plano Diretor Municipal o
papel de instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbanos,
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incorporando os princípios da gestão democrática, do ordenamento da cidade e da


garantia do bem-estar de seus habitantes.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve também grande


transformação no cenário políticoadministrativo do país, com o reconhecimento dos
municípios como entes federados, atribuindo-lhes maiores competências no que diz
respeito às políticas de interesse local e autonomia para elaborar sua própria Lei
Orgânica, bem como, lhes foi assegurado maior participação na distribuição da receita
pública. Além dessas atribuições, coube, também, a alguns municípios, com a população
de mais de 20.000 habitantes, a obrigatoriedade e responsabilidade da execução do
ordenamento territorial e do planejamento urbano, através da elaboração de seus Planos
Diretores.

As transformações econômicas ocorridas, no país, através do processo de globalização,


vinculadas às novas demandas adquiridas pelos municípios, com a Constituição de
1988, acarretaram grande impacto na gestão local, aumentando as demandas sociais e
ampliando ainda mais as obrigações e ações dos municípios.

Partindo da proposta da Lei de Desenvolvimento Urbano, elaborada pelo então, CNDU,


que resultou no Projeto de Lei (PL) 775/83, após um processo lento e de difíceis
discussões, que durou mais de 10 anos, foi aprovada, através da Lei nº 10.257 de 10 de
julho de 2001, a lei denominada “Estatuto da Cidade”, que regulamenta os artigos 182 e
183 da Constituição Federal.
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O Estatuto da Cidade reúne normas relativas à ação do poder público em prol do


interesse público, da segurança, do bem estar social e ao direito a cidades sustentáveis
e oferece aos gestores públicos uma série de instrumentos, como meios para atingir
esses objetivos. Possui princípios fundamentais que são a função social da cidade e da
propriedade urbana e a gestão democrática das cidades. Regulamenta os instrumentos
de gestão e de uso e ocupação do solo que poderão ser implementados por meio do
Plano Diretor, conforme previsto na Constituição de 1988. O Guia para Implementação
pelos Municípios e Cidadãos do Estatuto da Cidade, recomenda a importância da
observação das diretrizes gerais da lei, na utilização e aplicação dos instrumentos.

O Poder Público somente estará respeitando o Estatuto da Cidade, quando os


instrumentos previstos forem aplicados com a finalidade de atender às diretrizes gerais
previstas na lei. A aplicação pelos Municípios do Plano Diretor, da operação urbana
consorciada, do direito de preempção, da outorga onerosa do direito de construir, tem
que atender às diretrizes como a de combater a especulação imobiliária, da gestão
democrática da cidade, da implementação do direito a cidades sustentáveis, da
promoção urbanização e regularização fundiária das áreas urbanas ocupadas pela
população de baixa renda (BRASIL, 2001, p.33).

Dessa forma, o Plano Diretor, idealmente, incorporaria todos os setores sociais,


econômicos e políticos num novo modelo de planejamento, que teria como objetivo
construir um compromisso entre cidadãos e governos, definir os aspectos de uso e 10
ocupação do solo urbano, democratizar as oportunidades e os recursos para toda a
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população, de modo a contribuir para reduzir as desigualdades, redistribuir os riscos e


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benefícios decorrentes do processo de urbanização e promover a gestão democrática


das cidade

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Contemplado antiga reivindicação dos movimentos sociais da luta pela reforma


urbana e observando-se os grandes desafios enfrentados pelos entes federados
frente ao processo de urbanização acelerado e ao agravamento das questões sociais
em todo o país, em 2003 foi criado o Ministério das Cidades com a missão de
promover a reforma urbana e combater as desigualdades sociais, transformando as
cidades em espaços mais humanizados e ampliando o acesso da população à
moradia, a urbanização, ao saneamento ambiental e ao transporte e mobilidade
urbana. A idéia foi concentrar programas e ações, em apenas um órgão, acabando
com o recorte setorial, antes disperso, em vários órgãos do governo.

Com a implantação do Ministério das Cidades, os municípios passaram a receber


apoio para o desenvolvimento do planejamento urbano local através de vários tipos
de programas, que abrangem o fortalecimento da gestão municipal e capacitação
técnica dos quadros da administração pública municipal e o financiamento de planos
e projetos setoriais que envolvem o planejamento territorial, saneamento, habitação,
transporte e mobilidade urbana. As Conferências das Cidades e a implantação dos
Conselhos das Cidades a nível nacional, estadual e municipal foram outro grande
avanço na política urbana. Em 2004 foram aprovadas as leis do Marco Regulatório
do Saneamento Ambiental e a lei do Fundo de Habitação de Interesse Social.

Porém, ainda assim, mesmo contando com o apoio institucional do Ministério das
Cidades e com toda a legislação de apoio à implementação dos Planos Diretores,
a crescente necessidade de serviços urbanos, a carência de recursos, a falta de
capacitação do funcionalismo público municipal e a ineficiência na implementação
dos instrumentos de planejamento urbano são, até hoje, problemas encontrados na
gestão urbana, na maioria dos municípios brasileiros.
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GERENCIAMENTO URBANO

Marques et alii (1986, p.18) que a evidencia enquanto "política-administrativa de


condução das intervenções e mediações relativas aos diferentes interesses dos
agentes sociais presentes contexto das contradições metropolitanas...".

Entretanto, segundo a acepção acima, a gestão não deve ser concebida apenas
como: "... um conjunto de atividades prioritárias, definição de metas, alocação de
recursos, etc, para o planejamento e funções operacionais..."(WELLAR, 1976:9)

Esta diferença é aqui estabelecida em função dos pressupostos definidos á


investigação dos processos reais existentes numa dada formação social, não
negligenciando a importância das contradições presentes entre os atores sociais em
questão, nem os aspectos políticos que definem as formas de gestão no espaço.

Para Wilheim (1982, p.137) é preciso estabelecer a diferença entre os significados


dos termos "governar" e "administrar" para se poder definir o conceito de gestão com
mais propriedade, segundo o autor:

...Convém inicialmente diferençar e precisar os termos "governar" e "administrar",


ambas atividades necessárias à gestão urbana, pois enquanto se governa uma
cidade o que se administra é apenas a máquina burocrática de sua Prefeitura. Assim
"governar" é mais do que administrar; significa conter, interpretar anseios da
população, e abrange a proposição de metas socialmente desejáveis,
ecologicamente prudentes e economicamente viáveis; governar significa estabelecer
vetores e estratégias políticas apontando para essas metas e, finalmente, articular e
negociar com diversos agentes sociais cujos interesses são conflitantes, a fim de
conduzir transformações urbanas ao longo dos vetores acima.
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Já "administrar" significa articular os recursos humanos, financeiro e informativos de


que dispõe a Prefeitura, a fim de maximizar a sua eficiência e de produzir a eficácia
necessária para instrumentar a estratégia estabelecida em sua ação de governar.

O conceito de gestão urbana aqui desenvolvido abrange os atos de administrar e


governar, envolve de maneira combinada os dois significados enquanto processos
complementares e interatuantes no espaço.

A maioria das tentativas de conceituação do termo gestão têm em comum, entre os


autores, a dificuldade conceitual de estabelecer a distinção entre este conceito e o
significado do termo gerência. A diferença principal existente entre os dois termos
pode ser evidenciada a partir do campo de atuação e abrangência de ambos os
conceitos. A gestão é um processo cujo nível de atuação se desenvolve no âmbito
dos conflitos e contradições que abrangem a reprodução da base material da
sociedade civil como um todo entendendo-se sociedade civil enquanto palco do
embate da luta política e expressão da ideologia e de seu opostos também, como
cenário da legitimação dos diferentes atores sociais, ou de sua transgressão no modo
de produção capitalista (NASCIMENTO, 1984:3).

A gestão urbana abarca aspectos sociais e relações políticas e econômicas, cujos


conteúdos e elementos influenciadores se constituem e se configuram historicamente
no território e fora dele. A contribuição de inúmeras gestões urbana para a execução
das diretrizes básicas da geopolítica no território, foi a de vincular politicamente o
espaço, enquanto dimensão de reprodução da sociedade e suas relações
contraditórias, ao poder do Estado autoritário e suas instituições; exorcizando
ideologicamente os anseios das lideranças organizadas da população dos processos
decisórios de gestão.

Sem embargo, o termo gerência possui um sentido mais circunscrito ao nível de


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atuação institucional ou organizacional, cujo universo de abrangência não consegue


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ultrapassar os limites territoriais corporificados pela organização e seu mercado; è a


capacidade de produção e concorrência monopólica ou oligopólica que influencia os

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procedimentos de gerência e planejamento organizacional (GALBRAITH, 1983, p.32).


Embora os dois termos possuam conceituação distinta, se relacionam na dinâmica
global do processo histórico das formações sociais, pois as mudanças
organizacionais produzidas pelas novas formas de gerência condicionam as formas
de gestão, que tendem a refletir as exigências de infraestrutura e de condições
básicas, para efetiva reprodução do processo de acumulação capitalista. Logo, a
diferença entre esses conceitos não pressupõe dissociabilidade, mas
complementaridade e singularidade (DELEUZE, 1974, p.06).

O termo gestão significa regular ou administrar o contraditório, ou seja, mediar as


relações sociais e as condições gerais de produção e de reprodução, a partir de
condições específicas às vezes limitadas de recursos e possibilidades.

Enquanto o termo gestão implica em regulação, o termo gerência implica em controle.


Quando tratamos de gerência de estoques não estamos lidando apenas com a
regulação do mesmo, a gerência implica no controle de entrada e saída. Gerir uma
usina nuclear representa manter controles rígidos de processos de segurança e
prevenção, não deve haver falhas. Portanto, os termos gestão e gerência são também
distintos e complementares.

Manuel Castells (1984, p.209-210) considera que o surgimento do planejamento


urbano está, de um certo modo, atrelado às sociedades industriais avançadas e ao
agravamento dos "problemas urbanos, isto é, processos sociais de consumo
coletivo". Mas, tal como os críticos do Planejamento, considera-o como uma
ideologia, voltada para atuar de maneira deliberada e consciente, através de planos,
programas e declarações políticas para promover a ação POLÍTICA e privada, que
tem objetivos preestabelecidos em relação às áreas que são objetos de interesses do
sistema de atores urbanos.

A imagem abaixo ilustra a coleta seletiva de lixo, um dos deveres do Gerenciamento


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Urbano
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( Fonte : https://www.fragmaq.com.br/blog/gerenciamento-de-residuos-solidos-urbanos-o-papel-do-
processo-na-manutencao-do-meio-ambiente/ )

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A GOVERNANÇA URBANA EM GERAL

Ribeiro & Pinto (2007, p. 197-199) nos fornecem uma explicação profundamente
esclarecedora que amplia a nossa concepção sobre o conceito de Governança
Urbana:

...Usando o conceito adotado por (Christian) Lefévre, governança é a capacidade das


áreas metropolitanas para estabelecerem ferramentas, mecanismos, instrumentos e
ordenamentos para que sejam governáveis. Para o autor, governabilidade é o estado
de um território onde é possível executar políticas públicas e ações coletivas capazes
de resolver problemas e contribuir para seu desenvolvimento.

A caracterização dos diversos modelos de governança metropolitana varia entre


autores, conforme os atributos destacados. (Jeroen) Klink parte dos critérios usuais
na teoria econômica para avaliar marcos institucionais - eficiência e eqüidade -, e
agrega o atributo de voz (voice) para comparar experiências. A partir desses três
critérios, distingue dois grandes tipos de estrutura de governança metropolitana: as
que caracterizam pela fragmentação e as consolidadas. As estruturas consolidadas
seriam preferíveis onde se valorizassem mais os quesitos de eficiência e eqüidade:
permitiriam captar economias de escala e minimizar externalidades, além de melhor
distribuírem ônus e benefícios da provisão de serviços públicos por toda a área
metropolitana.

As estruturas fragmentadas, por outro lado, propiciariam voz aos cidadãos, pela maior
transparência e prestação de contas. A construção de uma boa governabilidade
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metropolitana não se resume à mudanças rápidas, que visem a implantar sistemas


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de planejamento e gestão metropolitanas com eficiência e eqüidade. As mudanças

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têm forte conteúdo político e requerem o envolvimento das partes interessadas desde
o início do processo (KLINK, 2003:5-7)

Lefévre distingue duas grandes categorias de governança: a que se produz a partir


da construção institucional e a governança por meio de arranjos que, embora não se
constituam como unidades de governo local, formalizam-se por meio de
procedimentos precisos e instrumentos específicos de cooperação.

Os modelos de governança por construção institucional podem compreender arranjos


supramunicipais, normalmente com definição de um novo escalão de governo
independente das unidades locais.

Os modos de governança não-institucional podem ser divididos em duas categorias.


A primeira lida com estruturas existentes em áreas metropolitanas em que não há
instituição metropolitana, sendo as políticas públicas desenvolvidas por órgãos
monos ou plurissetoriais, mas infra metropolitanos. A cooperação visa a superar
essas limitações...O segundo modo diz respeito a instrumentos específicos
desenvolvidos por diferentes países para a coordenação de políticas e cooperação
entre atores públicos. São acordos formalizados com restrições setoriais e alcance
espacial limitado.

As estruturas de governança porventura existentes em regiões metropolitanas estão


em descompasso com a complexidade crescente das funções a desempenhar, não
apenas no Brasil e em países latino americanos em geral, mas mesmo em países
membros da OCDE. Em extenso relatório sobre o tema da governança metropolitana,
a OCDE considerava lentos os progressos na direção de melhores estruturas de
governança, devido a diferenças de opinião fortemente enraizadas sobre natureza e
extensão das reformas institucionais e financeiras requeridas. E destacava, entre os
obstáculos a vencer, a fragmentação administrativa, que resultava em desconexão
entre os territórios administrativo e funcional, as pressões sobre a capacidade fiscal
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e financeira das autoridades constituintes de regiões metropolitanas e a falta de


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transparência dos processos decisórios e de responsabilização sobre os impactos


das ações resultantes (OCDE, 2001:12).

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AS DIMENÇÕES URBANAS

O "produto" que é a política urbana - produto de contradições urbanas, de relações


entre diversas forças sociais opostas quanto ao modo de ocupação ou de produção
do espaço urbano - não pode ser reduzido à "planificação urbana". Ele se compõe de
três dimensões:

 Uma dimensão "planificadora".


 Uma dimensão "operacional", que é o conjunto das práticas reais pelas quais
o Estado central e os aparelhos estatais locais intervêm financeira e
juridicamente na organização do espaço urbano.
 Uma dimensão propriamente urbanística que condensa, materializa e mede,
por isso mesmo, os efeitos sociais - no espaço - do par planificação
urbana/operações de urbanismo.

A hipótese que formulamos de uma política urbana coerente não remete, portanto,
nem à suposta existência de uma "vontade" (que seria o poder de Estado ou um
indivíduo particular) ou de uma decisão, nem à de um "projeto" - materializado por um
plano e realizado por um conjunto de práticas estatais coercitivas. (LOJKINE, 1981,
p. 180-181)

Em sua crítica a Manuel Castells, Lojkine considera três dimensões da política urbana
atuando de maneira combinada na elaboração do planejamento, e não acredita que
o planejamento urbano seja produto da política, de pessoas ou o resultado de uma
vontade do Estado.

Diferentemente de planejamento, gestão e gerência, o termo Governança, introduzido


no final dos anos 80, passou a ser usado com sucedâneo do termo planejamento
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integrado. A intenção era substituir os instrumentos de ordenamento e de mediação


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dos governos exercidos pelas antigas fundações de desenvolvimento das regiões

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metropolitanas (espaços "mesourbanos"), criadas durante o regime autoritário,


período este em que estas fundações desempenhavam o papel de garantir a
governabilidade em espaços supramunicipais.

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COMO REALIZAR UMA BOA GESTÃO URBANA

Uma gestão urbana responsável deve saber o que está acontecendo com a cidade.
No entanto, ainda não é prática comum o acompanhamento de indicadores urbanos
na gestão municipal de cidades brasileiras. Algumas prefeituras até́ realizam a coleta
de dados, mas não relacionam tais dados com as políticas urbanas implementadas
nas suas cidades. Assim, prefeituras devem monitorar constantemente indicadores,
definindo quais as áreas mais críticas para a realização de políticas e investimentos
urbanos, assim como devem acompanhar tais índices após a conclusão de cada
projeto. Entendemos que qualquer projeto deve ser submetido a uma prova de custo,
verificando-se quantitativamente seu impacto no desenvolvimento urbano. Também
é importante realizar uma auditoria regulatória, eliminando regulamentações cujos
objetivos são desconhecidos ou foram esquecidos.

Apresentamos abaixo uma lista não conclusiva de indicadores urbanos que devem
estar ao alcance próximo de gestores:

 Identificação da disponibilidade de moradia por grupos de renda e o consumo


de moradia por cada grupo.
 Número de habitantes morando em comunidades informais.
 Taxa de vacância em imóveis públicos e privados.
 Número de empregos acessíveis a partir de qualquer lugar por meio de
transporte coletivo ou bicicleta.
 Preços dos terrenos, de moradia e de renda por habitação.
 Oferta de terra e de moradia: quantos hectares de terra são desenvolvidos a
cada ano, quantos edifícios novos recebem licenças para serem construídos.
 Quanto tempo é gasto para obtenção de licença para construir.
 Poluição do ar.
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 Número de acidentes de trânsito e sua classificação por motivo e modo de


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transporte.

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 Tempo médio dos deslocamentos.


 Divisão modal dos deslocamentos.
 Índice de caminhabilidade e acessibilidade das ruas, identificando o fluxo de
pedestres por rua.
 Número médio de transferências por viagem.
 Taxa de crescimento populacional vegetativo e saldo migratório.

( Fonte: https://blogs.iadb.org/brasil/pt-br/10-solucoes-brasileiras-para-uma-gestao-urbana-
inteligente/ )

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MINISTÉRIO DAS CIDADES

O sistema federativo brasileiro baseia-se em uma divisão tripartida, político-


administrativa-territorial, na qual cada escala é autônoma, exercendo poderes
entendidos como exclusivos, mas concorre, partilha e suplanta com os outros entes
uma série de competências, em maior ou menor intensidade. Nesse modelo, persistiu
um recorte ministerial e secretarial – quando nas escalas político-administrativas
estaduais e federais –, organizado por setores, onde pesam diferentes orçamentos,
organizados hierarquicamente segundo sua importância para a figura do Poder
Executivo – presidente, governador e prefeito – e de seus colaboradores mais
próximos.

Na contramão dessa estrutura, historicamente existiu o Ministério da Integração,


responsável por ações de equilíbrio territorial e, portanto, constituindo o organismo
privilegiado no financiamento do Desenvolvimento Regional, concentrando
investimentos nas regiões menos dinâmicas. Porém, sempre atuou com linhas de
financiamento e desenvolvimento de projetos sobre problemas pontuais, em zonas
específicas, tendo, portanto, sua ação prejudicada pela descontinuidade. Assim, até
a criação do Ministério das Cidades, nunca houve um Ministério que integrasse
diferentes ângulos de um mesmo problema, ainda mais nenhum focado naquilo que
seria o hábitat de 84% da população brasileira (IBGE, 2010) no início do século XXI:
as cidades.

O Ministério das Cidades teve sua criação celebrada pelas associações profissionais
ligadas ao setor da habitação, pelas organizações não governamentais ligadas aos
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movimentos populares pró-moradias, pelos pesquisadores e professores


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universitários, assim como muitos outros grupos civis que defendiam a integração das

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políticas setoriais relacionadas a temas como saneamento, transporte/mobilidade,


regularização fundiária/reabilitação de assentamentos irregulares e habitação.

Para Rolnik (2009, p. 5), o primeiro período de concepção e instauração do Ministério


respondeu às demandas populares relacionadas ao direito à moradia e culminou na
criação do Conselho Nacional das Cidades. Segundo a autora, para os atores sociais:

[...] a criação do Ministério das Cidades representava a possibilidade de avançar na


democratização da gestão urbana, fazendo dela um dos pilares institucionais de sua
agenda, ampliando os espaços de democracia participativa, até então
experimentados sobretudo no âmbito local.

Porém, a euforia desse primeiro ciclo capitaneado por figuras políticas e acadêmicas
ligadas aos movimentos sociais foi interrompida com a mudança do ministro, chefes
de gabinetes e secretários em 2005. Essa alteração inaugura dentro do Ministério a
lógica de barganha de cargos políticos – velha conhecida da estrutura política
brasileira dita de coalizão partidária – que marcará os anos subsequentes da estrutura
ministerial.

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REFERÊNCIAS

http://www.solidariedadesp.org.br/opiniao/gestao-urbana-e-administracao-publica/

https://caosplanejado.com/indicadores-para-gestao-urbana-guia-de-gestao-urbana-
2/

https://www.scielo.br/pdf/urbe/v9n2/2175-3369-urbe-2175-3369009002AO01.pdf

https://extensao.cecierj.edu.br/material_didatico/geo10/html/01_02.html

http://tede.bibliotecadigital.puc-
campinas.edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/93/1/Maria%20Ilma%20Silva%20Dias.pdf

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