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2023

Marlene Tatiana
Diogo Manuel

2º Ano
Turma: B
Turno: Manhã

UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO

UMA VISÃO SOBRE O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO À


LUZ DO ORDENAMENTO JURÍDICO ANGOLANO
DIREITO FINANCEIRO & FINANÇAS PÚBLICAS

DOCENTES

MARCIO DANIEL/DANIEL QUINITO

LUANDA/2023
ÍNDICE

RESUMO ................................................................................................................................. 3
ABSTRACT ............................................................................................................................. 3
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4
II. CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................................ 5
III. CONSAGRAÇÃO LEGAL ............................................................................................ 7
IV. A PROBLEMÁTICA DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO EM ANGOLA ........ 7
V. NOTAS FINAIS .................................................................................................................. 9
VI. ANEXO .......................................................................................................................... 10
RESUMO

O presente trabalho versa sobre o Orçamento participativo, a sua


implementação em Angola e a problemática do mesmo. Sob uma visão analítica, urge
a necessidade de entender em termos práticos, a sua aplicação e nível de abrangência.
Neste trabalho vamos explorar o sugimento e algumas particularidades do Orçamento
Participativo em Angola aquando da sua consagração legal e execução em todo o
território. Desde o seu surgimento à sua aplicação, têm surgido questões que carecem
da atenção especial do governo justamente para cumprir com o seu objetivo, estamos a
falar especificamente do desconhecimento da existência deste Orçamento e a
necessidade de educar a população sobre o mesmo.

ABSTRACT

The present work deals with the participatory budget, its implementation in
Angola and its problems. From an analytical point of view, there is an urgent need to
understand, in practical terms, its application and level of coverage. In this work we will
explore the origin and some particularities of the Participatory Budget in Angola when it
was legally enshrined and implemented throughout the territory. Since its appearance
until its application, issues have arisen that require special attention from the government
precisely to fulfill its objective, we are talking specifically about the lack of knowledge
of the existence of this Budget and the need to educate the population about it.

3
I. INTRODUÇÃO

O Orçamento Participativo é um mecanismo governamental de democracia


participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos
públicos, geralmente o orçamento de investimentos de prefeituras municipais para
assuntos locais, através de processos de participação da comunidade. Os resultados
costumam ser obras de infraestrutura, saneamento, serviços para todas as regiões da
cidade.

No orçamento participativo, o poder de decisão passa da alta burocracia e de


pessoas influentes para toda a sociedade. Isso reforça a vontade popular para a execução
das políticas públicas. Outro benefício do orçamento participativo é a prestação de
contasdo Estado aos cidadãos.

Do Brasil para o mundo, este mecanismo no Estado Angolano está a ser


conduzido pelo Ministério da Administração do Território em colaboração com
Administrações Municipais, as comunidades locais e organizações da sociedade civil,
com vista a:

a) Envolver o munícipe na definição das despesas municipais;

b) Promover uma gestão participada, democrática e compartilhada dos recursos


públicos;

c) Estimular o exercício efetivo da cidadania;

d) Instituir mecanismos de acompanhamento e controle dos gastos públicos;

e) Estimular a participação do cidadão de forma inclusiva, propiciando que a


administração pública atue de forma integrada para a satisfação dos interesses da
população.

4
II. CONTEXTO HISTÓRICO

O primeiro processo de orçamento participativo completo foi implementado em


1989, na cidade de Porto Alegre (Brasil-Rio Grande do Sul) num movimentado centro
industrial, financeiro e de serviços. O sucesso inicial do deste orçamento em Porto
Alegrelogo o tornou atrativo para outros municípios. Em 2001, mais de 100 cidades no
Brasil já haviam implementado, enquanto em 2015 milhares de variações foram
implementadas nas Américas, África, Ásia e Europa.1

No processo de Orçamento Participativo, o governo, a partir de reuniões,


consultaa população sobre as suas demandas prioritárias e construção do Orçamento
municipal. A ideia deste orçamento está estribada na preocupação de incluir a
população na construção daquilo que é o documento em que constam as suas
necessidades.
Em Angola, O Ministério da Administração do Território lançou oficialmente
oOrçamento Participativo, um mecanismo que visa permitir que os cidadãos participem
diretamente na gestão das finanças públicas ao nível local através do Orçamento do
Munícipe com uma verba anual fixada em 25.000.000,00 Kwanzas. Através do
Orçamento do Munícipe, os munícipes poderão livremente definir as suas prioridades
e projetos locais, e através do Orçamento Participativo da Administração Municipal, os
munícipes poderão participar na definição das prioridades dos governos ou das
administrações locais.2

Assim como afirmou a Representante Residente Adjunta do Programa das Nações


Unidas para o Desenvolvimento, Soahangy Mamisoa Rangers, este mecanismo visa
“promover a governação participativa, pois ele permite a participação directa dos
cidadãos na gestão das finanças públicas”.3 Dar aos munícipes a possibilidade de
planificarem as suas finanças de acordo com as prioridades locais promoveria uma gestão

1
Cfr. MARCELO, Teurio in Jornal Expansão, ORÇAMENTO PARTICIPATIVO:
IMPLEMENTAÇÃO EM ANGOLA (8de Março 2022 às 01:11). Acessado a 6 de Fevereiro de 2023,
disponível em: https://expansao.co.ao/opiniao/interior/orcamento-participativo-implementacao-em-
angola-107161.html
2
Ibid.
3
Ibid.

5
participativa, democrática e partilhada dos recursos públicos.

Segundo Márcio Daniel, secretário de Estado para as Autarquias Locais, os


projetos, tidos como prioritários e escolhidos pelos cidadãos, abrangem o sector social,
com maior ênfase para a Saúde, Educação, Energia e águas, saneamento, Assistência
social e ambiente. Pela primeira vez, segundo o mesmo, os problemas que afligem os
munícipes vão ser resolvidos de acordo com as prioridades localmente identificadas, e
não como era feito anteriormente, com decisões tomadas pelas autoridades
administrativas dos municípios. O mesmo afirma ainda que o relatório final do Fórum
Municipal de Recolha de Contribuições para a Elaboração do Orçamento das
Administrações Municipais vai permitir que cada orçamento tenha resultados concretos
nas execuções políticas e financeiras.4

Por outro lado, Stephen Goldsmith, professor de Harvard afirma que “O


orçamento participativo e programas semelhantes em todo o país e no mundo têm a
capacidade de estimular a democracia e gerar eleitorados mais engajados. Nesse
sentido, o orçamento participativo não é apenas um mecanismo para racionar dólares,
mas tambémpara educar e capacitar os eleitores”.5 Ou seja, o Orçamento participativo
é uma das formas de manifestação da participação popular nas finanças públicas.

Em sua essência, o orçamento participativo é uma troca de conhecimentos e


valores: os governados aprendem sobre o que é governar, e os que estão no cargo podem
ver em primeira mão os tipos de escolhas que seus constituintes fariam quando
recebessem a autoridade. É um treinamento inicial para os líderes de amanhã e um
grandeexemplo do tipo de coisas que nossa democracia pode fazer quando ousamos
inovar.6

4
Cfr. DA CUNHA, Mazarino in Jornal de Angola, OGE CONTEMPLA PROJECTOS
ESCOLHIDOS PELOS CIDADÃOS (28 de Maio de 2022 às 10h15). Acessado a 6 de
Fevereiro de 2023, disponível em: https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/oge-contempla-
projectos-escolhidos-pelos-cidadaos/

5
Cfr. GOLDSMITH, Stephen in GOVERNING THE FUTURE OF STATES AND LOCALITIES,
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO:UMA FERRAMENTA PODEROSA DE EDUCAÇÃO CÍVICA (14
de Junho de 2014). Acessado a 6 de Fevereiro de 2023, disponível em: https://www.governing.com/archive/col-
participatory-budgeting-new-york-city-civic-education- voter-engagement.html
6
Ibidem.

6
III. CONSAGRAÇÃO LEGAL

Com vista a materializar este plano, o Governo angolano institucionalizou,


através dos decretos presidenciais 234/19 e 235/19 de 22 de Julho, o Orçamento
participativo.

IV. A PROBLEMÁTICA DO ORÇAMENTO


PARTICIPATIVO EM ANGOLA

“Mil e 212 projetos foram executados em 2022, em 14 municípios do país, no


âmbito do orçamento participativo nas comunidades, informou o ministro da
Administração do Território (MAT), Dionísio da Fonseca. O ministro revelou, também,
que em 2021 foramexecutados outros 792 projetos em 53 municípios do país. Dionísio
da Fonseca lembrou que todos os municípios do país recebem uma verba anual de 25
milhões de kwanzas, queé administrada diretamente pelos comités técnicos de gestão
do orçamento do munícipe que são formados por cidadãos das comunidades escolhidos
ou eleitos para a gestão destesrecursos.”7

Apesar do levantamento do orçamento participativo em Angola, muito se questiona


sobre a aplicação do mesmo. Sabe-se, pois, que o mesmo existe e tem sido aplicado no
território Angolano, mas, a questão que se coloca aqui é: Qual tem sido o alcance da
participação da população na execução do OP?

Pois bem, apesar de alguns dados provarem a efetivação do OP, por outro lado,
evidencia-se uma elevada massa populacional desprovida do conhecimento de tal
mecanismo de participação popular. De acordo com um Estudo feito (via internet) pela
autora deste trabalho, provou-se que, de 90 pessoas distribuídas em vários municípios,
apenas 18 têm conhecimento da existência de OP em Angola.8

Desta estatística exemplar, verifica-se então que 72 pessoas de idades compreendidas

7
Cfr. REDAÇÃO in Portal de Angola, MAIS DE MIL PROJECTOS EXECUTADOS NO ÂMBITO DO
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO (27 de Janeiro de 2023). Acessado a 7 de Fevereiro de 2023, disponível em:
https://www.portaldeangola.com/2023/01/27/mais-de-mil-projectos-executados-no-ambito-do-orcamento
participativo/#respond
8
Cfr. Anexo.

7
entre 14 a 58 anos, nunca ouviram falar sobre o assunto em questão, pessoas estas
que, estão susceptíveis a ter acesso a mesma informação uma vez que têm acesso as
cadeias televisivas, a internet e que acompanham as dinâmicas municipais.

Um dos fatores chaves do sucesso de um OP é justamente a ampla divulgação sobre


o mesmo, utilizando diferentes maneiras possíveis. Falhando este fator, não se pode
falarda participação plena da população no âmbito das Finanças públicas por meio do
OP. Tratando-se de um problema real, urge a necessidade de cobrir estas falhas, para
tal, apela-se a mobilização massiva da população à participação na elaboração do
documentoque vislumbra as suas necessidades, por diversos meios, dentre os quais:

• Realização de campanhas mobilizadoras;


• Divulgação em cadeias televisivas e redes sociais;
• Palestras sobre a participação do cidadão na gestão das finanças públicas;
• Outros.

8
V. NOTAS FINAIS

Do Brasil para o mundo, o OP tem sido adoptado por várias regioes do mundo,
Angola materializou o mesmo e o institucionalizou em 2019. A expressão da vontade
soberana tem sido executada, com a disponibilização anual de 25.0000.000,00 kwanzas,
os munícipes têm executado os seus projetos e prosseguido as suas demandas
prioritárias.

Em jeito de conclusão, entende-se que, o OP é o mecanismo que expressa a


vontade popular na participação da gestão das finanças públicas, para que seja
efetivado, o conhecimento da sua existência deve ser extensivo a todos, uma vez que,
o mesmo tem como referente a população e a manifestação das suas necessidades
(prioritárias). Em Angola o OP tem sido implementado em vários municípios das suas
18 províncias, mas a preocupação que fica assente, é a da divulgação da sua existência
para os seus destinatários (munícipes). Sabe-se pois que uma elevada massa
populacional desconhece tal mecanismo, sendo OP um mecanismo inclusivo, urge a
necessidade de sanar este obstaculo. O gverno depõe de diversas fontes para educar e
conscientizar a população sobre a exisencia e aplicação deste orçamento. Portanto, cabe
ao mesmo, recorrer a estes efeitos para prosseguir com a execução plena, inclusiva e
efetiva do Orçamento Participativo.

9
VI. ANEXO

Fig. 1

Fig. 2

10
Fig. 3

11

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