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PROGRAMA NOTA FISCAL GAÚCHA: ANÁLISE DESCRITIVA DE


SEU FUNCIONAMENTO1
Fábio Vacaro Culau2
Marie Anne Macador Moron3

RESUMO

Este artigo descreve em minúcia o funcionamento do Programa Nota Fiscal Gaúcha


(NFG). Tratou-se de um estudo de caso, de caráter qualitativo e descritivo que se baseou
em Leis, Resoluções e Decretos relativos ao Programa, nas informações
disponibilizadas no website do Programa e em documentos internos da equipe que
trabalha na coordenação e na gestão do atendimento do Nota Fiscal Gaúcha, junto à
Receita Estadual. A investigação contribuiu com a organização e sistematização do
conhecimento relativo ao NFG e também trouxe sugestões de melhoria. O texto
organiza-se em torno dos três públicos elencados como seus atores: cidadãos, empresas
e entidades sociais.

Palavras-chave: Nota Fiscal Gaúcha. Programas de incentivo a emissão de documentos


fiscais.

Abstract: This article describes in detail the operation of the Nota Fiscal Gaúcha
Program (NFG). This was a case study with qualitative and descriptive character. It was
based on laws, resolutions and decrees relating to the program, on the information
provided in the Program website and on internal documents of the staff working in the
coordination and management of the NFG, at the Receita Estadual. The research
contributed to the organization and systematization of knowledge relating to the NFG
and also brought suggestions for improvement. The text is organized around the three
public listed as his actors: citizens, businesses and social organizations.

1 INTRODUÇÃO

Criado em 2012 pela Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, o


Programa Nota Fiscal Gaúcha já é um programa consolidado dentro do estado.
Contando atualmente com mais 1 milhão e duzentos mil cidadãos cadastrados, a
iniciativa estimula a emissão de documentos fiscais por meio da participação dos
consumidores.

1
Este artigo foi elaborado como requisito para a conclusão do Curso de Especialização em GestãoPública
e Democracia da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
2
Técnico Tributário da Receita Estadual, servidor responsável pela central de atendimento a cidadãos e
empresas do Programa Nota Fiscal Gaúcha. Contato: fabioculau@gmail.com.
3
Professora Adjunta da PUCRS.
2

Em 25 de junho de 2012, foi promulgada a Lei nº 14.020 (RIO GRANDE DO


SUL, 2012a), a qual instituiu o Sistema Estadual de Cidadania Fiscal e, a ele vinculado,
o Programa de Cidadania Fiscal, no âmbito da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do
Sul (SEFAZ/RS). Este último passou a ser denominado Programa Nota Fiscal Gaúcha
(NFG) a partir do Decreto nº 49.479, de 16 de agosto de 2012 (RIO GRANDE DO
SUL, 2012b), que o regulamentou (na verdade, foi só a partir da publicação deste último
que o NFG, de fato, passou a existir).
O Programa tem como objetivo geral, de acordo com a Lei nº 14.020, “fomentar
a cidadania fiscal e aumentar a arrecadação, mediante estímulo à emissão de notas
fiscais e à participação dos cidadãos na definição da destinação de recursos do
Programa”. Mas é no texto do Decreto nº 49.479, de 16 de agosto de 2012 (RIO
GRANDE DO SUL, 2012a, documento não paginado), que podemos visualizar seus
objetivos mais detalhadamente:

I - qualificar e apoiar as ações de consumidores e empresas em seu dever


cidadão da exigência e da emissão de documentos fiscais em suas transações,
do controle da sonegação, do favorecimento à formalização e da concorrência
leal, integrando sistemas de informação adequados, favorecendo a
apropriação social dos direitos do cidadão e dos valores da justiça fiscal;
II - sensibilizar os cidadãos sobre a importância de participar nos processos
decisórios sobre a aplicação dos recursos públicos, fomentando a
transparência e o controle social, de forma a estabelecer uma experiência de
gestão pública colaborativa e compartilhada com a cidadania;
III - apoiar as entidades prestadoras de serviço público, de natureza pública
ou de interesse social, das áreas da vinculadas às Secretarias da Educação, da
Saúde, do Trabalho e do Desenvolvimento Social e do Esporte.

Além disso, na seção “Dúvidas Frequentes – Cidadão” do site do Programa (RIO


GRANDE DO SUL, [2015?]), o NFG é apresentado como um programa de parceria
(cidadão – Estado), de solidariedade (cidadão – entidades sociais) e de cidadania
(cidadão – sociedade). Vejamos:

O Programa Nota Fiscal Gaúcha é um programa de:

1. Parceria (cidadão – Estado), no sentido de combater a


informalidade e a sonegação, estimulando o cidadão (através de
premiações) a pedir Nota Fiscal em todas suas compras. São mais
250.000 estabelecimentos de varejo para fiscalizar e a
atuação do cidadão é essencial no combate à sonegação.
2. Solidariedade (cidadão – Entidade Social), ao permitir que o
cidadão exerça a solidariedade, indicando entidades sociais das
áreas da saúde, da educação e da assistência social que recebem
recursos do Tesouro para seus projetos. Esse dinheiro é distribuído
para, por exemplo, asilos, escolas e hospitais ligados às
comunidades.
3

3. Cidadania (cidadão – Sociedade), pois estimula o cidadão a refletir


sobre a importância do tributo ICMS, sua origem e destino, e a
exercer seus direitos não só de consumidor, mas também de
cidadão, ao exigir a correta aplicação dos recursos públicos.

Percebe-se, portanto, três linhas bem definidas: uma relacionada ao combate à


informalidade no comércio varejista (consubstanciada no ato da solicitação do
documento fiscal com CPF pelo cidadão), outra vinculada à experiência de gestão
pública compartilhada e colaborativa (representada pela indicação de entidades sociais
para receber repasses do Tesouro do Estado) e uma terceira que tem como cerne
propiciar aos cidadãos mais conhecimento sobre o ICMS e, com isso, fomentar a
reflexão sobre a importância do tributo.
Por ser um programa que já conta com mais de 1,2 milhão de cidadãos
cadastrados (em junho de 2015), envolvendo todo o comércio varejista do Estado do
Rio Grande do Sul, bem como quase 2500 entidades sociais (em junho de 2015), o NFG
é, sem dúvida, uma iniciativa governamental de destaque no RS. Tratando-se de uma
iniciativa relativamente nova, ainda não existem muitos trabalhos sobre o tema,
sobretudo quando se pensa em um conhecimento organizado e sistemático de seu
funcionamento. Assim, justifica-se tanto a realização de trabalhos que visem organizar e
sintetizar o conhecimento relacionado ao seu sistema, bem como trabalhos que versem
sobre os seus objetivos e os vínculos com outras iniciativas governamentais.
Neste artigo, descreveremos o funcionamento detalhado do NFG tendo como
eixo organizador os públicos participantes do programa (cidadão, empresa e entidade
social).

2 MÉTODO

A abordagem utilizada no estudo foi a qualitativa, uma vez que procurou-se


aprofundar a compreensão do Programa NFG. No que tange aos seus objetivos, o estudo
se caracteriza como uma pesquisa de caráter eminentemente descritivo, pois pretendeu
“descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade” (TRIVIÑOS, 1987apud
GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35), no caso em tela, o NFG.
Com relação aos procedimentos, tratou-se de um estudo de caso no qual a
pesquisa documental mostrou-se predominante. Com efeito, a reflexão apresentada
neste artigo foi largamente embasada nos documentos que compõem a legislação do
4

Programa Nota Fiscal Gaúcha, nas informações disponíveis na sua página oficial e em
documentos internos da equipe que trabalha com o Programa na Receita Estadual.

3 CIDADÃO

O público “cidadão” caracteriza-se pelas pessoas naturais (pessoas físicas)


cadastradas no Programa Nota Fiscal Gaúcha, as quais participam exigindo a inserção
de seu CPF no documento fiscal nas compras realizadas em estabelecimentos varejistas
do Rio Grande do Sul. Nesta seção, apresentaremos módulos, ferramentas e benefícios
por meio dos quais os cidadãos participam do Programa.

3.1 Os sorteios

Quando o cidadão solicita o “CPF na nota” nas compras em estabelecimentos


varejistas gaúchos, a empresa fica obrigada a transmitir os dados do documento fiscal4 à
SEFAZ. Quando as informações chegam à SEFAZ, o documento é “lançado” no extrato
de compras do cidadão (menu MINHAS NOTAS). Por fim, as compras associadas ao
seu CPF geram bilhetes eletrônicos para concorrer a sorteios.
Antes de passar a uma explicação detalhada dos sorteios, cabe salientar, que, por
conta da situação das finanças públicas do Estado, o governo adotou uma série de
medidas de maior controle sobre o gasto público. Uma delas foi, justamente,
readequação nos valores das premiações mensais do NFG.5
Os sorteios do Programa NFG operam em um ciclo de 4 meses. No mês 1, o
cliente compra no estabelecimento credenciado, incluindo o CPF. No mês 2, a empresa
transmite os dados das operações para a SEFAZ. No mês 3, existe a possibilidade de a

4
O Programa NFG abarca os seguintes tipos de documento fiscal: a) Cupom Fiscal; Nota Fiscal Modelo 2
(Nota Fiscal de Venda a Consumidor – talão em papel); Nota Fiscal Modelo 1 ou 1A, modelo utilizado
majoritariamente nas operações entre Pessoas Jurídicas e, por isso, contendo muito mais campos de
preenchimento do que os documentos de venda a consumidor; Cupom Fiscal emitido por ECF (Emissor
de Cupom Fiscal) antigo, ou seja, que não têm memória fiscal; Nota Fiscal Eletrônica (NF-e),
documento totalmente digital, autorizado e emitido on-line, e que foi criado para substituir a NF Modelo
1/1A; Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e), documento totalmente digital, autorizado e
emitido on-line, e que foi desenvolvido recentemente, visando substituir gradualmente o Cupom Fiscal
e a NF Modelo 2.
5
Os prêmios de R$ 500.000,00, de R$ 100.000,00 e de R$ 1.000,00 deixaram de existir. Contudo, a
quantidade de cidadãos contemplados a cada extração estadual passou de 1.706 para 3.051. Para isso,
foram criados os prêmios de R$ 50,00 (3000), diminui-se o número de prêmios de R$ 200,00 (de 1500
para 50) e o prêmio principal passou a ser fixo, sendo sempre, a cada mês, de R$ 50.000,00.
5

empresa retificar as informações prestadas. No mês 4, (geralmente, do dia 10 para o dia


11) ocorrem a apuração dos pontos e a geração dos bilhetes eletrônicos. Depois disso, o
processo sofre uma auditoria interna, após a qual se dá a homologação dos bilhetes com
a publicação dos dados dos arquivos de bilhetes no Diário Oficial do Estado (DOE).
Geralmente, na última quinta-feira do mês 4, acontece o sorteio.
Para visualizar seus pontos e os bilhetes eletrônicos que concorrem aos sorteios,
o cidadão cadastrado deve acessar sua conta NFG, selecionar o menu SORTEIOS e
clicar no sorteio correspondente. Ali, é possível consultar os pontos de bônus e os
números dos bilhetes. Com relação à validade dos pontos, uma vez tendo gerado
bilhetes, estes deixam de valer.
É interessante notar que os sorteios são realizados por meio de um aplicativo
disponível para download no site da NFG (clicando no menu SORTEIOS, deve-se
escolher um sorteio já realizado), com o objetivo de garantir lisura ao procedimento. O
programa usa funções “pseudoaleatórias”, permitindo sortear os bilhetes com base na
sequência dos números sorteados na loteria federal do dia anterior, quarta-feira (essa é a
“chave” principal, a qual garante a aleatoriedade do sorteio). Uma vez definidos os
números da loteria federal (chave), o processo deixa de ser aleatório, podendo ser
repetido sempre que desejado. Assim, o processo é perfeitamente auditável. A
distribuição dos prêmios é imparcial, de forma a conceder a cada um dos cidadãos as
mesmas chances de ser sorteado (de forma proporcional ao número de bilhetes que
detenha). Na Figura 1, pode-se enxergar a Tela de Semente do Sorteio nº 25, ocorrido
em 26/03/2015.
6

Em decorrência do exposto acima, os sorteios são realizados nas dependências


da DPET/RE (Divisão de Promoção e Educação Tributária/Receita Estadual),
geralmente pela manhã. Não há qualquer formalidade, uma vez que se trata de um
procedimento muito simples e rotineiro, meramente operacional.
Ainda com relação aos sorteios, existe, desde a extração de junho/2014, a
possibilidade de as Administrações Municipais do Estado do Rio Grande do Sul
utilizarem a plataforma NFG para a realização de sorteios próprios (quem arca com os
prêmios é o município). Quanto ao sorteio propriamente dito, a única diferença em
relação à extração estadual é que contam apenas as compras realizadas em
estabelecimentos do município aderente. Se, por exemplo, em determinado mês, um
cidadão faz compras em quatro diferentes municípios aderentes (e se as empresas
enviaram os dados corretamente à SEFAZ), ele participará com essas compras na
extração estadual e também na municipal de cada município onde comprou naquele
7

mês. Para o cidadão, trata-se de uma possibilidade a mais de ganhar prêmios com o
“CPF na nota”.6
No que tange à pontuação, vale esclarecer alguns pontos que às vezes geram
dúvidas nas pessoas. Basicamente, só valem as compras realizadas em
estabelecimentos varejistas gaúchos. Afirmar que só compras pontuam significa dizer
que serviços de qualquer natureza não valem para o Programa. Em regra, sobre os
serviços incide o ISSQN, imposto de competência municipal. Ainda que os Estados
também sejam competentes pela tributação de alguns serviços (Transportes – em nível
intermunicipal, interestadual e internacional – e Telecomunicações), apenas documentos
fiscais de venda de mercadorias são válidos. Ou seja, o escopo do Programa NFG é o
comércio varejista, e não toda cadeia sobre a qual incide o ICMS.
Em conformidade com o expresso acima, portanto, apenas estabelecimentos
varejistas emitem documentos válidos para o NFG. Estabelecimentos cadastrados na
Receita Estadual do Rio Grande do Sul apenas como INDÚSTRIA, COMÉRCIO
ATACADISTA e SERVIÇOS (de transporte e telecomunicações) não fazem parte do
Programa e os documentos fiscais por eles emitidos não geram pontuação para os
cidadãos participantes.
Por fim, o estabelecimento emissor do documento fiscal deve ser domiciliado no
Estado do Rio Grande do Sul e ter Inscrição Estadual junto à Receita Estadual desse
Estado. Em outras palavras, o estabelecimento precisa ser gaúcho. Isso significa, por
exemplo, que se algum cidadão cadastrado no NFG compra algum produto pela Internet
oriundo de outra Unidade da Federação, o documento fiscal que registra essa compra
não valerá para o Programa e, ainda que se trate de uma NF-e, não aparecerá no seu
extrato de compras (MINHAS NOTAS).
Além da regra geral explicada acima, a pontuação de documentos fiscais conta
também com limites, pontuação extra, pontuação bônus e uma relação de operações
específicas acobertadas por NF-e que geram pontos para os consumidores. A legislação
que trata da pontuação dos cidadãos é a Resolução nº 57 (RIO GRANDE DO SUL,
2013e), disponível no site do Programa.

6
É possível consultar os municípios aderentes à extração NFG Municipal no site do Programa, no menu
SORTEIOS, devendo-se selecionar a aba MUNICIPAL. No artigo “Programa Nota Fiscal Gaúcha: um
programa transversal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul”, de nossa autoria, abordamos
detalhadamente as vantagens que o Estado e os municípios têm com a os sorteios municipais.
7
No final deste trabalho, após a seção “Referências”, encontra-se uma tabela contendo toda a legislação
citada ao longo do artigo.
8

Os limites mensais relativos à pontuação visam minorar a vantagem que as


pessoas com mais poder de compra têm em relação àqueles cidadãos mais pobres (5000
pontos no total e 1000 pontos por documento fiscal) e também evitar o impacto de
fraudes (30 documentos fiscais por estabelecimento comercial – pensa-se, sobretudo, na
possibilidade de o operador de caixa incluir seu CPF nas compras em que os cidadãos
não desejaram fazê-lo). Existe, contudo, outra limitação. Trata-se das operações
realizadas mediante NF-e (Nota Fiscal Eletrônica). Uma vez que esse tipo de
documento fiscal é utilizado majoritariamente na transação entre pessoas jurídicas, ele
serve para documentar operações das mais diversas, não apenas aquelas que
caracterizam venda a consumidor final pessoa física. Nesse sentido, foi necessário
especificar quais são as operações válidas para o Programa NFG. Essa relação está
disponível no site da NFG.
Já a pontuação extra atualmente existente abarca as compras em mercados e
lojas que atuam no ramo da alimentação, optantes pelo Simples Nacional (um regime de
tributação diferenciado, simplificado e favorecido, previsto na Lei Complementar nº
123, de 2006 – BRASIL, 2006 –, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno
Porte, em vigor desde 2007). Tais operações geram pontuação em dobro. O objetivo é
estimular a emissão do documento fiscal em estabelecimentos varejistas que geralmente
operam sem nota – é o caso, justamente empresas de porte menor porte do ramo
alimentício. A relação dos Códigos de Atividade Econômica (CAE) dos
estabelecimentos “prioritários” encontra-se no Anexo II da Resolução nº 5
(SECRETARIA DA FAZENDA DO RIO GRANDE DO SUL, 2013).
Por fim, vale mencionar a pontuação bônus. Atualmente, são seis os tipos de
pontuação bônus disponíveis para os cidadãos: a) Bônus de Cadastramento: 100 pontos
ao se cadastrar no Programa; b) Bônus IPVA Verde: 500 pontos para quem cadastra seu
e-mail no site da SEFAZ para receber a carta do IPVA por e-mail, não emitindo a carta
em papel e economizando recursos do Estado; c) Bônus de Pagamento Antecipado do
IPVA: 1000 pontos para cidadão que paga o IPVA do seu veículo antecipadamente, até
o dia 02/01 do ano do IPVA; d) Bônus Indique seu Amigo: 100 pontos para cada
cidadão indicado que se cadastrar no Programa; e) Bônus Time do Coração8: de acordo
com o Clube de futebol escolhido, o cidadão ganha uma quantidade de bilhetes
mensalmente. f) Bônus por Reclamação: mensalmente, cada cidadão tem direito a um

8
Para saber mais sobre a Promoção, basta acessar o site do Programa em
https://nfg.sefaz.rs.gov.br/site/time_coracao_como_funciona.aspx.
9

bilhete de bônus por reclamação digitada no site da NFG (podendo ganhar até, no
máximo, 3 bilhetes bônus por mês).

3.2 O sistema de reclamação

O sistema de reclamação é uma ferramenta que tem por objetivo auxiliar os


cidadãos cadastrados no Programa NFG. Com ele, é possível: a) reclamar quando a
empresa não incluiu o CPF na nota; b) reclamar quando a compra com CPF ainda não
aparece no extrato (MINHAS NOTAS).
Ao acessar o "Reclame Aqui" (dentro do menu MINHAS NOTAS), o cidadão
escolhe o motivo da reclamação, o tipo de documento fiscal (cupom fiscal ou nota
fiscal) e então digita os dados da compra. Após a digitação, o sistema passa a buscar,
diariamente, o documento fiscal na base de dados do Programa. Se a nota não é
encontrada até o dia 25 do mês seguinte ao da sua emissão, a Receita Estadual notifica a
empresa.
Mas o que acontece com a reclamação registrada? Na verdade, cada “motivo”
tem suas peculiaridades. Vamos a elas:
Motivo 1 - Cupom fiscal/Nota fiscal emitido sem CPF por problema da empresa:
o sistema procura a nota digitada e, ainda que o documento tenha sido emitido sem o
CPF, existe a possibilidade de ele ser encontrado (isso acontece se a empresa transmitiu
os dados da venda corretamente à SEFAZ).
Motivo 2 - Cupom fiscal/Nota fiscal com meu CPF não consta em MINHAS
NOTAS: se a empresa já transmitiu os dados de suas vendas à SEFAZ, mas (por algum
problema técnico) o CPF do cidadão não está vinculado (dentro do arquivo) ao
documento digitado, essa associação será feita a partir da sua reclamação e a pessoa
poderá obter os pontos decorrentes dessa compra.
Sempre que quiser, o cidadão pode consultar a situação da reclamação
registrada. Atualmente, são seis os tipos de situação em que um documento reclamado
pode estar. Porém, destacamos aqui apenas as situações que ajudam a explicar melhor o
funcionamento do Programa.
Documento localizado e pontos computados para o próximo sorteio a
realizar: a reclamação fica nessa situação se o documento foi encontrado pelo sistema e
associado ao CPF do reclamante. Assim, a nota passa a aparecer no extrato (MINHAS
10

NOTAS). Quanto aos pontos, eles são computados para o próximo em aberto ou para o
sorteio a ele referente (de acordo com o ciclo explicado na seção SORTEIOS). Existem,
contudo, dois tipos de situação nas quais a apuração de pontos não corresponde ao ciclo
normal:
a) Registros realizados com atraso pelas empresas. Por exemplo, se a empresa
envia arquivos referentes a compras com CPF realizadas em janeiro/2014 (que
deveriam ter sido enviados em fevereiro/2014) somente hoje, essas compras
pontuam no primeiro sorteio em aberto (para o qual ainda não ocorreu
apuração de pontos e geração de bilhetes);
b) Registro de reclamações pelo cidadão de documentos fiscais sem CPF. Por
exemplo, se um cidadão digita uma reclamação hoje de uma compra realizada
em outubro/2013 sem CPF, e se a empresa já transmitiu os dados dessa
operação, essa compra aparece no dia seguinte em seu extrato de compras
(MINHAS NOTAS) e participa no próximo sorteio em aberto (para o qual
ainda não ocorreu apuração de pontos e geração de bilhetes).

Estabelecimento ainda possui prazo para transmitir o documento fiscal.


Consulte semanalmente. Existe um prazo para que as empresas enviem os dados dos
cupons e das notas fiscais à SEFAZ. Elas têm até, no máximo, o dia 19 do mês seguinte
ao da emissão dos documentos fiscais para efetuar essa transmissão. Isso significa que o
cidadão não enxergará o documento fiscal em seu extrato (MINHAS NOTAS)
imediatamente após a compra9. Além disso, a partir do momento em que os dados são
recebidos pela SEFAZ, são necessários mais alguns dias para que as informações sejam
processadas. Por isso, foi estabelecido o dia 25 do mês seguinte ao da emissão do
documento como prazo final para que ele apareça no extrato do cidadão (MINHAS
NOTAS). Se após essa data o documento ainda não estiver aparecendo para você, a
reclamação mudará de situação e a empresa será notificada.
O estabelecimento emitente foi notificado da sua reclamação e está sujeito
às penas previstas na legislação vigente. Se a reclamação se encontra nessa situação,
isso significa que o prazo para o estabelecimento transmitir os dados à SEFAZ já
expirou e a empresa já foi notificada. Ressaltamos que o Programa NFG necessita que

9
As únicas exceções nesse sentido são a NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) e a NFC-e (Nota Fiscal de
Consumidor Eletrônica), as quais podem ser visualizadas, no máximo, no dia seguinte ao da sua
emissão.
11

as empresas colaborem, seja incluindo o CPF de seus clientes no documento fiscal


(quando por eles desejado), seja transmitindo as informações desses documentos fiscais
à SEFAZ. Quando o prazo para transmissão expira, os estabelecimentos são notificados
e intimados a resolver a reclamação. Assim que um estabelecimento regulariza sua
situação (enviando os arquivos corretamente à SEFAZ), as compras reclamadas são
atribuídas aos reclamantes e entram no cálculo de pontos do próximo sorteio em aberto.
Ou seja, ainda que atualmente a compra não esteja aparecendo no extrato de compras do
cidadão (MINHAS NOTAS), ela poderá gerar pontos quando a empresa
transmitir/corrigir os dados, independentemente de quando foi realizada a compra.
NFC-e não localizada. Confira os dados informados. Se a NFC-e (Nota Fiscal
de Consumidor Eletrônica) reclamada não foi encontrada pelo sistema, isso significa
que há algum erro na reclamação digitada pelo cidadão. Como a NFC-e é um
documento fiscal que chega à base da SEFAZ antes mesmo de sua emissão (no
momento em que é autorizada, mais precisamente falando), ela só não aparece no
MINHAS NOTAS se a pessoa não informou seu CPF no ato da compra. Assim, quando
o cidadão digita os dados do documento corretamente, o sistema necessariamente o
encontra, sem exceção.
As situações acima ajudam a entender como funciona o sistema do NFG.
Percebe-se que, além de problemas relativos à transmissão de arquivos pelas empresas,
documentos podem não ser recuperados pelo sistema por conta de uma digitação de
dados incorretos ou, ainda, pela reclamação de documentos que não são válidos para o
Programa NFG por parte do cidadão. Inclusive, a equipe de atendimento aos cidadãos
recebe, eventualmente, mensagens em que pessoas relatam não estar conseguido
reclamar um documento “não fiscal” (comprovante de pagamento com cartão de
crédito/débito, comprovante de pedido, orçamento, etc.). De qualquer forma, é
importante destacar que apenas por meio da formalização das reclamações pelos
cidadãos é possível que a Receita Estadual cobre as empresas com rigor, a fim de que
cumpram suas obrigações.
Por fim, existe um terceiro motivo de reclamação que não abordamos por esta
não se tratar de uma situação atendida pelo Programa NFG. O motivo “Não forneceu
cupom fiscal nem nota fiscal, ou forneceu em desacordo com a compra” extrapola o
NFG e, por isso, ao escolher essa opção, o cidadão é redirecionado para o site da
SEFAZ, onde ele pode registrar uma denúncia de infração tributária (sonegação).
12

3.3 A rejeição de documentos fiscais

Recentemente (início de 2015), foi lançada uma funcionalidade que permite aos
cidadãos rejeitar documentos fiscais de compras que os cidadãos não reconhecem como
sendo suas. O sistema traz tranquilidade para os cidadãos que enxergam compras
lançadas em seu extrato não realizadas por eles e, por outro lado, gera indícios de
irregularidades para a Receita Estadual. A equipe de atendimento aos cidadãos
deparava-se, não raro, com situações nas quais Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) haviam
sido emitidas para pessoas que não realizaram tais operações. Nesses casos, inclusive,
um dos elementos que compunham a resposta da equipe às mensagens de cidadãos
preocupados era o esclarecimento sobre o quanto o advento do Programa trazia um
importante benefício aos cidadãos: a transparência. Se antes de a pessoa se cadastrar no
Programa poderiam estar sendo emitidas muitas NF-es com seu CPF sem ela saber, a
partir do momento em que ela se cadastra, essas operações passam a ser visualizadas
praticamente no exato momento em que ocorrem. A partir do conhecimento do uso
indevido de seu CPF, o cidadão pode contatar a empresa ou, ainda, registrar um Boletim
de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, formalizando a declaração de que tais compras não
foram por ele realizadas.
Quando o cidadão rejeita um documento, ele resolve seu problema, pois se
sentia incomodado ao enxergar em seu extrato uma compra que não reconhecia como
tendo sido por ele efetuada. Porém, por mais que a rejeição de documentos fiscais
funcione para deixar os cidadãos mais tranquilos, o registro do BO ainda é uma opção
viável para aquelas pessoas mais cautelosas, uma vez que o documento é “rejeitado”
apenas no sistema do NFG. Isto é, a NF-e emitida não é alterada (isso constituiria
adulteração do documento fiscal).

3.1.Outras promoções: Desconto do Bom Cidadão e Sorteio de Ingressos

Além do funcionamento básico do Programa, outras campanhas foram lançadas


a fim de elevar o número de cidadãos cadastrados e a popularidade do NFG. Aqui,
abordaremos duas delas: o Desconto do Bom Cidadão (desconto no IPVA) e o sorteio
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de ingressos para partidas de futebol de clubes associados à Federação Gaúcha de


Futebol (FGF).

3.1.1 Desconto do Bom Cidadão

Pelo fato de o NFG ter sido inspirado no similar Nota Fiscal Paulista (NFP),
sempre houve o desejo de oferecer mais benefícios aos cidadãos. Um dos meios pelos
quais os cidadãos participam no estado de São Paulo é pelo desconto no IPVA. De
qualquer forma, no contexto gaúcho restou evidente desde o início que limitações
financeiras impediam a concessão de créditos para os consumidores no mesmo molde
da iniciativa paulista, bem como a possibilidade de utilizar esses créditos para o
pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
Entretanto, o NFG conseguiu implantar durante o ano de 201310, o Desconto do Bom
Cidadão, um desconto no IPVA para cidadãos cadastrados no Programa.
Os critérios de concessão têm sofrido alterações ano a ano. Se para o IPVA 2014
bastava ser cadastrado, para o desconto referente ao exercício 2015 exigiu-se um
número mínimo de notas e houve duas faixas (2% e 5%)11. A edição atual (relativa ao
IPVA 2016) apresenta três faixas de desconto (1%, 3% e 5%), dependendo do número
de notas alcançado ao longo do período de contagem (documentos registrados no
sistema entre 1º/11/2014 e 31/10/2015), sendo que a quantidade para obter o desconto
máximo é de 100 documentos fiscais de aquisição.12
O objetivo desse benefício é claro: estimular a participação dos cidadãos no
Programa, fazendo com que, além de se cadastrar, eles efetivamente tenham o papel de
solicitar o documento fiscal (com CPF), exercendo pressão sobre as empresas.
De fato, o desconto no IPVA parece ter sido o elemento que mais impulsionou o
aumento significativo no número de cadastros. Na Figura 2, os meses com número de
adesões superior a 100 mil (05/2013, com 126.106; 08/2013, com 103.808; e 10/2013,
com 126.365) ou que demonstram um aumento expressivo em relação aos períodos
imediatamente anteriores aparecem sublinhados. É o caso do mês 12/2014, no qual

10
À época, referente ao desconto no IPVA 2014.
11
Além disso, na edição relativa ao IPVA 2015, houve a possibilidade de os cidadãos sem veículo
registrado em seu nome (e daqueles com veículo que optaram pelo sorteio ao invés do desconto)
participarem de um sorteio especial. Foram sorteados 18.000 prêmios de R$ 50,00 e 5 prêmios de R$ 20
mil no dia 15/12/2014. Na edição relativa ao IPVA 2016, não haverá sorteio para não proprietários.
12
As faixas de desconto funcionam assim: de 1 a 40 documentos – 1%; de 41 a 99 documentos – 3%; a
partir de 100 documentos – 5%.
14

houve a adesão de 30.197 pessoas, diante de um quadro que exibia um crescimento


estável (desde 02/2014, o número de novos cadastros só ultrapassou a cifra de 20.000
em dois meses).
15

O mês de 05/2013 exibiu um aumento vertiginoso, nos parece, por conta da


exposição midiática do Programa (tanto paga, quanto gratuita13, sobretudo na TV e no
rádio) ocorrida naquele mês. A Figura 3 (uma apresentação elaborada pela
PROCERGS para a coordenação do Programa) mostra o impacto dessa inserção. Já os
meses de agosto e outubro de 2013 contaram com uma divulgação espontânea nos
meios de comunicação por conta do lançamento do Desconto do Bom Cidadão, como
indicam, por exemplo, as coberturas televisivas veiculadas pelo Grupo RBS14.

13
Comentário de Cláudio Brito sobre o Programa NFG no Bom Dia Rio Grande de 13/05/2013:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/bom-dia-rio-grande/videos/t/edicoes/v/comentarista-fala-sobre-
o-programa-da-nota-fiscal-eletronica-no-rs/2570116/.
14
Edição do programa Bom Dia Rio Grande de 06/08/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/bom-dia-rio-
grande/v/quem-se-cadastrar-no-programa-nota-fiscal-gaucha-podera-ter-um-desconto-maior-no-
ipva/2738555/; Edição do programa RBS Notícias de 08/08/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/rbs-
noticias/v/mais-de-500-mil-contribuintes-estao-inscritos-no-programa-nota-fiscal-gaucha/2745501/;
Edição do programa Jornal do Almoço de 09/08/2013: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-
almoco/videos/t/edicoes/v/programa-nota-fiscal-gaucha-e-ampliado-e-garante-desconto-para-
ipva/2747723/; Edição do programa Jornal do Almoço de 31/08/2013: http://globotv.globo.com/rbs-
rs/jornal-do-almoco/v/campanha-nota-fiscal-gaucha-da-desconto-no-ipva/2794618/; Edição do programa
Bom Dia Rio Grande de 30/10/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/bom-dia-rio-
grande/v/consumidores-tem-ate-esta-quinta-feira-para-se-cadastrarem-na-nota-fiscal-gaucha/2922277/;
Edição do programa RBS Notícias de 31/10/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/rbs-noticias/v/termina-
o-prazo-para-ter-desconto-no-ipva-no-programa-nota-fiscal-gaucha/2927858/; Edição do programa Bom
16

Pode-se perceber que, apesar de não ter atingido a marca de 100 mil cadastros, o
mês de novembro de 2013 também contou com um número acentuado de adesões
(82.879). Um dos motivos, cremos, foi a prorrogação do prazo para os cidadãos se
cadastrarem no Programa e, com isso, ganharem uma ampliação no desconto do
pagamento antecipado do IPVA (o prazo era, inicialmente, até 31/10/2013 e depois
passou para 15/11/2013). Não é por acaso, portanto, que as matérias exibidas em
outubro tenham se concentrado nos dias 30 e 31 e que, no mês de novembro, tenha
havido reportagens no dia 06/11 (um dia após o anúncio da prorrogação do prazo) e no
dia 15/11 (prazo final).

3.1.2 O sorteio de ingressos de futebol

Já a promoção “Sorteio de ingressos” foi o primeiro passo no sentido de oferecer


cada vez mais benefícios para os cidadãos cadastrados no Programa. Atualmente, ele se
encontra suspenso devido às medidas de contenção de gastos adotadas pelo atual
Governo do Estado (RIO GRANDE DO SUL, 2015). Funcionava assim: os pontos
gerados a cada mês pelos cidadãos passavam a acumular, gerando uma “conta corrente”.
Esses pontos podiam ser utilizados na participação de sorteios de ingressos de futebol
em competições organizadas pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF). A ideia da
equipe diretiva, contudo, era que a promoção evoluísse para a troca de pontos por
vantagens, o que poderia vir a incluir não apenas ingressos para jogos de futebol, mas o
que mais fosse possível conseguir mediante parcerias com outros órgãos e instituições
tais como a AGAS (Associação Gaúcha de Supermercados) e a própria SEC (Secretaria
Estadual da Cultura).

Dia Rio Grande de 06/11/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/bom-dia-rio-grande/v/motoristas-


cadastrados-no-programa-nota-fiscal-gaucha-podem-garantir-reducao-no-ipva/2937211/; Edição do
programa Jornal do Almoço de 06/11/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/jornal-do-
almoco/v/motoristas-cadastrados-no-nota-fiscal-gaucha-podem-garantir-reducao-de-5-no-ipva/2937679/;
Edição do programa Bom Dia Rio Grande de 15/11/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/bom-dia-rio-
grande/v/prazo-para-cadastramento-do-programa-nota-fiscal-gaucha-com-desconto-no-ipva-termina-
hoje/2957382/.
17

3.2 A indicação de entidades sociais

Ao se cadastrar, o cidadão deve escolher ao menos uma entidade social


habilitada no Programa em uma das áreas (atualmente15, são três: Assistência Social,
Educação e Saúde) de sua região16. É possível, porém, indicar até quatro entidades (uma
de cada área e mais uma extra – a qual deve pertencer, necessariamente, a um COREDE
diferente). Vale ressaltar que é possível, a qualquer tempo, alterar as entidades
indicadas.
Mas como que o cidadão auxilia de fato as entidades por ele escolhidas?
Basicamente, quanto mais compras com CPF a pessoa realiza, mais a entidade é
beneficiada. Isso porque existe uma correlação entre a pontuação do cidadão e a
pontuação da entidade: cada 5pontos do cidadão equivalem a um ponto para a entidade.
A maneira mais fácil de o cidadão auxiliar a sua entidade é, então, solicitando sempre o
CPF na nota e reclamando (via sistema de reclamação) os documentos que não
aparecem em seu extrato.
Há, ainda, uma segunda maneira de o cidadão ajudar a entidade por meio do
Programa NFG. Trata-se da doação de notas fiscais Modelo 2 sem CPF. Ou seja, se a
pessoa comprou em um estabelecimento e o CPF não foi inserido em uma nota fiscal
“manual” (talão – preenchida à caneta), essa nota pode ser doada para uma entidade
habilitada. Posteriormente, a entidade digitará os dados do documento, os enviará à
SEFAZ e, com isso, receberá a pontuação correspondente a ele.

3.2. Aplicativo para tablets e smartphones

O Programa NFG disponibiliza gratuitamente o aplicativo para equipamentos


móveis. Como ele, o cidadão pode consultar seus documentos fiscais, seus prêmios, os
sorteios, os bilhetes, a sua caixa de mensagens enviadas pelo Programa e, inclusive, o

15
Enfatizamos o “atualmente” porque a Lei Lei nº 14.020 já menciona, no § 1º do Artigo 5º, a Secretaria
do Esporte e do Lazer dentre as que comporiam (ou deveriam compor) o Conselho Gestor do Programa.
Entretanto, até hoje essa Secretaria não foi agregada ao Programa.
16
Para delimitar a área (região) de abrangência das entidades sociais a serem indicadas pelos cidadãos,
utilizou-se como critério a divisão relativa aos COREDEs (Conselhos Regionais de Desenvolvimento
Econômico). Isto é, os cidadãos não estão restritos à indicação de entidades de seu município – até
porque há muitos municípios que não contam com, por exemplo, nenhuma entidade na área da Saúde
nem da Assistência Social (tal é o caso do município de André da Rocha, um dos menores do Estado,
com apenas uma Escola Estadual figurando como entidade passível de indicação).
18

desconto do Bom Cidadão (IPVA) em todos os veículos vinculados ao seu CPF. Além
disso, ele pode consultar o placar do Time do Coração e, se quiser, pode alterar o time.
Por fim, é possível também ativar o leitor de QR CODE para acessar as
informações cadastrais do estabelecimento junto à Receita Estadual. Essa última
funcionalidade ainda não está bem difundida, uma vez que ainda não é tão frequente
encontrar estabelecimentos com o novo modelo de DI/RE (Documento de Identificação
da Receita Estadual).Esse documento deve ser afixado em cada ponto de emissão de
documentos fiscais e no caixa, e tem a função de comprovar a inscrição regular do
estabelecimento no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC/TE). O cartaz deve ser
impresso em cores, conforme modelo mostrado na figura 5, e está disponível no site da
Secretaria da Fazenda.

Ainda que seja possível realizar várias consultas via aplicativo, ainda não é
possível reclamar documentos fiscais, solicitar o resgate de prêmios, alterar o cadastro,
escolher entidades sociais para indicação, ver o cartão do cidadão, consultar os bilhetes
19

bônus e indicar amigos. Entretanto, é importante salientar que o aplicativo está


frequentemente sofrendo melhorias.

4 EMPRESA

O público “empresa” caracteriza-se pelos estabelecimentos varejistas gaúchos,


os quais participam incluindo o CPF dos seus clientes no documento fiscal quando por
eles desejado e também enviando as informações de suas vendas para a SEFAZ/RS.

4. 1Credenciamento e transmissão de arquivos

Atualmente, todos os estabelecimentos gaúchos com ao menos uma atividade de


comércio varejista cadastrada junto à Receita Estadual17estão credenciados no Nota
Fiscal Gaúcha. Porém, desde o início do Programa (16/08/2012) até 28/02/2013, o
credenciamento foi voluntário. Em 1º/03/2013(estendendo-se até 1º/11/2013), iniciou o
credenciamento de ofício dos estabelecimentos, o qual foi regido pelo cronograma
constante da Resolução nº 4 (RIO GRANDE DO SUL, 2013d). Desse modo, em tese18,
a partir de 1º/11/2013, todo o comércio varejista do Rio Grande do Sul passou a estar
credenciado no NFG.

17
A atividade de comércio varejista é indicada pelo Código de Atividade Econômica (CAE). No site da
SEFAZ/RS é possível consultar a tabela de CAEs. Basicamente, existem três: uma baseada codificação
de “Produtos NCM” (um código nacional que identifica a natureza das mercadorias), a qual engloba as
atividades de Produção e Extração Animal e Vegetal, Indústria Extrativa Mineral, Indústria de
Transformação, Indústria de Beneficiamento, Indústria de Montagem, Indústria Acondicionamento e
Recondicionamento, e Comércio Atacadista; a tabela de “Comércio Varejista”, com atividades
relacionadas a venda de mercadorias para consumidor final; e, por fim, a tabela de “Serviços e Outros”,
com atividades de serviços sobre os quais incide ICMS e ainda outras atividades isentas, mas que
também são informadas à RE.
18
Dizemos “em tese” porque há que considerar a existência de cadastros com erro. Assim, há
estabelecimentos com CAE 8 (comércio varejista) que não atuam no varejo e outros que praticam o
varejo, mas não têm CAE 8. Um exemplo clássico dessa última possibilidade é a de padarias. Existem
estabelecimentos que estão cadastrados apenas com CAE 3 (indústria de transformação – afinal,
produzem o pão), não tendo o comércio para consumidor final registrado em seu cadastro junto à RE.
Ainda que um cidadão compre num estabelecimento desses e informe o seu CPF no documento fiscal, a
empresa não poderá transmitir os dados para o Programa (por não estar credenciada) e cidadão não
poderá pontuar com seu consumo (o sistema nem mesmo permitirá registrar a reclamação). Por fim,
existem, ainda, estabelecimentos operando de forma irregular, com Inscrição Estadual (IE) baixada ou
mesmo sem IE.
20

Uma vez credenciado, o estabelecimento passa ter a obrigação de transmitir,


mensalmente, informações sobre as suas vendas para SEFAZ. Para estabelecimentos
obrigados à EFD (Escrituração Fiscal Digital), não há mudança alguma em suas rotinas
de transmissão. Isso porque, ao enviar sua escrituração mensal através do SPED
(Sistema Público de Escrituração Digital), os dados acabam chegando à base do NFG.
Esses estabelecimentos compõem empresas maiores, com faturamento superior a R$ 3,6
milhões. Para o restante do comércio varejista (a maioria dos estabelecimentos),
geralmente optantes do Simples Nacional, a forma de envio dos dados à SEFAZ é
diferente. A não transmissão sujeita a empresa a multas previstas em Lei.
Para os estabelecimentos não obrigados à entrega da EFD, portanto, a
PROCERGS desenvolveu um aplicativo por meio do qual os arquivos são validados e
convertidos para serem posteriormente transmitidos. Trata-se do Nota Fiscal Gaúcha
Desktop (NFG DESKTOP). Após a validação do arquivo importado ou dos dados
digitados no próprio programa, um arquivo com a extensão “.TED” é gerado para ser
transmitido por outro aplicativo (TED – Transmissor Eletrônico de Documentos).
Diferentemente do NFG DESKTOP, o TED já existia antes do Programa NFG e
era (e continua sendo) utilizado para outras transmissões, como, por exemplo, a da GIA
(Guia de Apuração e Informação) – declaração mensal resumida da movimentação das
empresas da categoria Geral (com faturamento igual ou maior a R$ 3,6 milhões ao ano).
Desse modo, ele teve de passar por uma adaptação a fim de permitir a transmissão dos
arquivos NFG. O resultado foi a criação de um remetente e de uma senha específicos do
NFG e que estão disponíveis para todos os estabelecimentos credenciados (inclusive
para as empresas que, usualmente, entregam seus dados através da EFD). Tal política
traz mais segurança ao sistema, garantindo duas possibilidades de transmissão não
totalmente excludentes.19
Um ponto importante a ser destacado é que todos os estabelecimentos
credenciados no Programa (todos, não apenas aqueles que emitiram documentos fiscais
com CPF) devem, mensalmente, enviar arquivos para a SEFAZ. Ressalta-se esse ponto
porque pode haver estabelecimentos que não emitiram nenhum documento fiscal de
venda a consumidor final com CPF no mês. Nesse caso, deve-se, ao menos, enviar uma
declaração à SEFAZ (por meio de arquivo eletrônico gerado através do aplicativo NFG
DESKTOP), a fim de que o período não seja considerado omisso – a omissão pode

19
Usamos o termo “não totalmente excludentes” porque, tendo havido a transmissão mensal por um dos
meios, só é possível proceder à sua retificação pelo mesmo meio utilizado na primeira transmissão.
21

acarretar multa, de acordo com a Lei Estadual 6.537/73 (RIO GRANDE DO SUL,
1973) – como será visto na próxima seção.
Assim, são dois os tipos de declaração: Sem CPF e Sem Movimento. A primeira
serve para quando o estabelecimento não emitiu nenhum documento fiscal com CPF,
mas teve movimento (ou seja, houve vendas, mas ninguém quis o “CPF na nota”).
Declara-se, desse modo, que “nenhum cliente solicitou a inclusão do CPF em nenhuma
espécie de documento fiscal no período abaixo informado”20. A segunda deve ser
preenchida e enviada se o estabelecimento não realizou nenhuma venda para
consumidor final pessoa física, no período (mês). Declara-se, portanto, que “não houve
vendas para pessoa física, consumidor final, no período abaixo informado”.21
Ao preencher qualquer das declarações, gera-se um arquivo “vazio”, informando
para o sistema NFG que não há dados de documentos fiscais para serem enviados; essa
informação “quita” o período e isso diferencia os estabelecimentos “declarantes”
daqueles que simplesmente não realizaram nenhuma transmissão (“omissos”)22. Ambas
as declarações são desconsideradas caso haja posterior transmissão de arquivos com
documentos fiscais.
Com relação aos prazos de transmissão e retificação dos arquivos, eles estão
alinhados com o ciclo explicado na seção nº 3.1 (Cidadão > Sorteios) e de acordo com o
expresso na Resolução nº 3 (RIO GRANDE DO SUL, 2013c). Uma vez transmitido um
arquivo por meio dos aplicativos NFG DESKTOP/TED, deve-se verificar se ele foi
recebido e aceito pelo sistema. Essa verificação se dá por meio do e-CAC, portal de
atendimento on-line do contribuinte, hospedado dentro do site da SEFAZ. O próprio
NFG DESKTOP realiza algumas validações antes da geração do arquivo para
transmissão via TED. Passada essa pré-validação, o arquivo está apto a ser transmitido.
Contudo, existem pós-validações e, com base nelas, o arquivo já transmitido pode ser
ou aceito ou rejeitado. Em caso de rejeição, o contribuinte deve abrir o recibo de
entrega, identificar o erro indicado e proceder às correções necessárias.

20
Texto constante da declaração, dentro do aplicativo NFG DESKTOP.
21
Texto constante da declaração, dentro do aplicativo NFG DESKTOP.
22
Junto com a evolução do sistema de reclamação (explicada na nota de rodapé nº 25), pretende-se
desenvolver uma aplicação que permita à equipe gestora do Programa o cruzamento dos dados das
reclamações efetuadas pelos cidadãos com os dados de estabelecimentos com períodos omissos (tanto
por não entrega como por rejeição de arquivos) e de estabelecimentos “declarantes”. Isso porque, em
tese, se um estabelecimento declara não ter havido venda com CPF ou não ter havido nenhuma venda
para consumidor final pessoa física, ele não terá nenhum documento reclamado por nenhum cliente.
22

4.2 Infrações: alertas, omissões e reclamações NFG

Como indicado acima, no e-CAC da SEFAZ é possível verificar os arquivos


transmitidos e visualizar os recibos de entrega. Porém, esses não são os únicos serviços
relativos ao NFG disponíveis nesse espaço. É possível também consultar as reclamações
realizadas por cidadãos, verificar se há períodos omissos e tomar ciência de alertas
sobre inconsistências. Com isso, vai-se ao encontro de uma diretriz já definida há alguns
anos pela Receita Estadual (RE): a autorregularização. A ideia é informar aos
contribuintes sobre possíveis irregularidades e já prestar orientações para sua
regularização.
No que tange às omissões, a SEFAZ disponibiliza aos contribuintes a situação
atualizada diariamente. Contudo, a RE ainda não autuou nenhum estabelecimento com
períodos omissos – embora já exista já previsão de multas em caso de infrações
relacionadas à transmissão de arquivos NFG. Diferentemente do ocorrido em São Paulo
(Nota Fiscal Paulista), não foi criada uma nova legislação. Optou-se por incluir as
obrigações acessórias relativas ao NFG no rol das demais elencadas no Regulamento do
ICMS e na Instrução Normativa da Receita Estadual (IN 45/98). Nesse sentido, são
aplicáveis as sanções previstas na Lei Estadual nº 6.537/7323. Assim, por exemplo, não
colocar o CPF na nota/cupom fiscal tem multa prevista no valor de 5%das mercadorias.
Já, não transmitir ou transmitir de forma incorreta os arquivos, tem multa prevista no

23
Lei 6537 / 73, Art. 11, inciso II, alínea “e’”
Art. 11 - Pela prática das infrações tributárias formais a seguir enumeradas, são cominadas as seguintes
multas: (...)
II - infrações relativas aos documentos fiscais: (...)
e) emitir documento fiscal que não contenha as indicações, não preencha os requisitos ou não seja o
exigido pela legislação tributária, para a operação ou, ainda, que contenha emendas, rasuras ou
informações incorretas, salvo se da irregularidade decorrer infração tributária material: multa equivalente
a 5% do valor das mercadorias, não inferior a 5 UPF-RS;
Lei 6537 / 73, Art. 11, inciso IV, alínea “e’”
Art. 11 - Pela prática das infrações tributárias formais a seguir enumeradas, são cominadas as seguintes
multas: (...)
IV - infrações relativas a informações devidas por contribuintes: (...)
e) omitir informações em meio eletrônico ou prestar essas informações de maneira incorreta ou em
desacordo com a legislação tributária
1 - quando ocorrer fornecimento de informações em padrão diferente do exigido pela legislação
tributária: multa de 0,5% do valor das respectivas operações ou prestações, não inferior a 60 UPF-RS por
período de apuração a que se referirem as informações;
2 - quando não houver a entrega de arquivos com informações devidas no local, na forma ou no prazo
previstos ou quando ocorrer omissão de informações ou prestação de informações incorretas: multa de
1% do valor das respectivas operações ou prestações, não inferior a 120 UPF-RS por período de apuração
a que se referirem as informações.
23

valor de 1% de todas as operações (não transmitir) e de 0,5% do valor de todas as


operações (transmitir incorretamente).
Pode-se perceber que existe previsão não apenas infrações relativas à
transmissão, mas também para a não inclusão do CPF quando requerido pelo cidadão. É
interessante notar que, junto com o esforço de regular as penalidades relacionadas ao
Programa, tratou-se de, por meio do Decreto nº 50.199, de 4 de abril de 2013 (RIO
GRANDE DO SUL, 2013a), modificar o Regulamento do ICMS no que tange à
emissão do documento fiscal na venda a consumidor final. A partir de sua publicação, a
inserção do CPF passou a ser a regra, ficando o estabelecimento dispensado dessa
obrigação apenas se o consumidor não quiser informá-lo.
Além disso, o Decreto estabelece que, nas hipóteses de venda a consumidor
final, o estabelecimento deve comunicar a possibilidade de o cidadão incluir o CPF no
documento fiscal de duas formas: a) fixar cartaz, em cada ponto de emissão de
documentos fiscais e caixa, conforme Anexo Z7;b)consultar o consumidor, a cada
emissão de documento fiscal, se deseja incluir o CPF no documento fiscal.
Apesar disso, nenhuma multa foi aplicada até hoje. De fato, trata-se de uma
obrigação difícil de fiscalizar, tanto quanto parece ser difícil provar que o
estabelecimento não informou sobre a possibilidade de incluir o CPF ou se recusou a
fazê-lo. Por isso, o caminho mais viável para a aplicação de penalidades é o que leva em
conta as omissões e as reclamações de documentos fiscais registradas por cidadãos
cadastrados.
Com relação às reclamações, as notificações são exibidas no e-CAC apenas
depois de o prazo de transmissão ter se encerrado; mais especificamente, elas são
carregadas no Painel do Contribuinte no dia 26 de cada mês. Contudo, o cidadão pode
reclamar seus documentos fiscais a qualquer momento. Desse modo, a pessoa não
precisa ficar guardando seus documentos, o que auxilia muito no caso de Cupons
Fiscais que perdem a visibilidade rapidamente.
Como já foi explicado na seção nº 3.2 (Cidadão > Sistema de reclamação),
quando uma reclamação é digitada por um cidadão, o sistema busca diariamente o
documento fiscal reclamado. Se os dados informados pelo cidadão estão corretos e se o
estabelecimento transmitiu o arquivo com todos os dados corretos à SEFAZ até o dia 25
do mês seguinte ao da compra, a reclamação nem sequer é visualizada pelo contribuinte
e o caso é resolvido, com o documento fiscal sendo associado ao CPF do reclamante
(mesmo que não tenha havido a inserção do CPF no momento da compra). Entretanto,
24

se, nessa busca diária o documento não é encontrado até o dia 25 do mês seguinte ao de
sua emissão, uma notificação é disponibilizada no e-CAC (Caixa Postal do
Contribuinte), informando que há reclamações de clientes.
Nesse sentido, sempre que houver uma reclamação NFG no e-CAC, o primeiro
procedimento a ser realizado pelo estabelecimento é verificar se o arquivo contendo a
compra reclamada foi enviado. Se o arquivo não foi transmitido, é necessário fazê-lo.
Em caso de Nota Fiscal Modelo 1, Modelo 2 ou Cupom Fiscal emitido por ECF antigo,
basta digitar o documento fiscal diretamente no NFG DESKTOP sem o CPF do cliente
(o sistema associará o documento ao CPF do cidadão reclamante). Porém, se o arquivo
foi enviado, deve-se tentar identificar o documento reclamado dentro do arquivo. Nesse
caso, existe a possibilidade de haver algo errado com o arquivo ou, simplesmente, o
cidadão digitou algum dado errado.
Se após realizar as verificações necessárias, percebe-se que o erro foi do
cidadão, não há nada a ser feito e, pelo menos por enquanto 24, a reclamação continuará
sendo exibida para o estabelecimento (a não ser que o reclamante perceba o erro e
exclua a reclamação digitada). Ou seja, a reclamação deve ser desconsiderada e,
decorrente dela, não haverá qualquer ação da RE.

5 ENTIDADE SOCIAL

O público “entidade social” caracteriza-se pelas entidades sociais habilitadas no


Programa, as quais auxiliam na sua divulgação e são indicadas pelos cidadãos para
receberem repasses do Tesouro do Estado.
Como foi explicado no início do artigo, o Programa Solidariedade foi absorvido
pelo Nota Fiscal Gaúcha. Com isso, as entidades sociais participantes do antigo
Programa passaram a fazer parte do NFG (bastando apenas que elas atualizassem seus
dados cadastrais e aceitassem os novos critérios de participação). A partir do
lançamento do novo Programa, contudo, houve um novo ânimo por parte de entidades

24
Já existe um fluxo inicial desenhado do que viria a ser a evolução do sistema de reclamação. A ideia
seria criar um espaço por meio do qual a empresa poderia dar um retorno em relação à reclamação
registrada pelo cidadão. Na sequência, a pessoa poderia aceitar o retorno da empresa e dar a reclamação
por encerrada (com isso, ela desapareceria da relação apresentada ao estabelecimento). Se não
concordasse com a resposta, o reclamante poderia continuar com o processo, anexando a imagem do
documento fiscal reclamado. Nesse caso, a reclamação seria encaminhada para análise da RE. Contudo,
não existe previsão para a implantação dessa nova fase do sistema.
25

que já haviam participado anteriormente do Solidariedade e de outras que nunca haviam


participado, tendo, portanto, havido um aumento considerável no número de entidades
habilitadas. Isso pode ser observado no quadro e no gráfico abaixo (figura 4), os quais
apresentam a evolução no número de entidades sociais habilitadas desde o início do
NFG (em agosto de 2012 – ou seja, terceiro trimestre de 2012) até final do primeiro
trimestre de 2015.

Antes do NFG, as entidades habilitadas tinham de arrecadar documentos fiscais,


depois digitar os dados de cada trinta notas (trinta notas geravam um lote de
transmissão) num aplicativo fornecido pela SEFAZ e transmiti-las para o órgão. Algo
muito parecido com o procedimento realizado pelas empresas que operam com notas
fiscais Modelo 1, Modelo e ECF antigo (digitação no NFG DESKTOP e posterior
transmissão via TED). Com relação à participação dos cidadãos, eles participavam
doando suas notas às entidades. Isso podia acontecer de duas formas: ou as pessoas
doavam as notas colocando-as em urnas posicionadas pelas entidades em
estabelecimentos comerciais, ou as entregavam para a entidade, sendo que cada trinta
notas (um lote), davam direito a receber uma cautela “física” para concorrer a prêmios.
Nesse sentido, houve uma transição lenta e gradual entre o funcionamento antigo
e o novo. A etapa25 32, correspondente ao terceiro trimestre de 2012, foi o último

25
As etapas são os períodos de apuração da pontuação das entidades habilitadas e sempre correspondem a
trimestres (janeiro a março, abril a junho, julho a setembro e outubro a dezembro). É com base nessa
divisão temporal que são calculados os repasses do Tesouro do Estado.
26

período em que ainda era possível ao cidadão a troca de notas fiscais por cautelas
"físicas". Já na etapa 33 (último trimestre de 2012), passou a ser obrigatório o
cadastramento dos cidadãos para que eles pudessem participar dos sorteios.
Consequentemente, as cautelas em papel foram substituídas por bilhetes eletrônicos
emitidos pelo próprio Programa NFG.
Além disso, a digitação de documentos fiscais (sempre sem CPF) foi permitida
de forma irrestrita (aceitando-se a digitação de Cupons Fiscais e de Notas Fiscais
Modelo 2) até o trimestre 38 (abril a junho de 2014). A partir de 1º/07/2014, como foi
explicado na seção A INDICAÇÃO DE ENTIDADES (relativa ao púbico CIDADÃO),
passou a ser aceita apenas a digitação de notas Fiscais Modelo 2sem CPF (nota
“manual”). Vale ressaltar que essa doação pode ser realizada por qualquer pessoa, sem
necessidade de cadastramento no Programa, uma vez que não há qualquer benefício
direto ao cidadão (a não ser a satisfação de estar contribuindo com uma entidade social).
Posteriormente, os dados desses documentos são digitados e transmitidos pelas
entidades à SEFAZ.
É preciso ser dito que não se tratou de uma transição tranquila. Isso porque as
entidades que participavam mais ativamente já tinham todo um funcionamento em torno
das notas doadas que eram digitadas. Com a mudança proposta, o trabalho agora não
seria mais tão focado no recolhimento e digitação de notas, mas no convencimento das
pessoas. As entidades agora deveriam redirecionar seus esforços para fazer com que os
cidadãos, no momento do seu cadastro, as indicassem. Isso acabou gerando um
movimento interessante. Muitas delas passaram a ter um papel mais ativo, mais
“agressivo”, indo para a rua, ocupando espaços em eventos, nas praças, em frente a
igrejas no final da missa, etc. Tudo isso com o objetivo de angariar cadastramentos e,
por óbvio, a sua indicação.
Esse movimento tem sido bem importante porque tem colaborado fortemente
com a divulgação do Programa. Entretanto, muito desse sucesso (quantidade de
cadastros realizados por entidades) se dá em virtude de boa parte da população gaúcha
não ter qualquer familiaridade com o uso de computadores e de não ter acesso à
Internet. A verdade é que, devido à plataforma do NFG ser totalmente digital, parte
considerável da sociedade gaúcha acaba, de certa forma, tendo sua participação
restringida. Não se pode negar que a inclusão digital ainda é um problema em nosso
Estado.
27

São, pois, sobretudo essas pessoas, excluídas digitalmente, que acabam tendo
seu cadastro realizado pelas entidades. Embora esse cadastro possa ser considerado uma
ajuda a esses cidadãos, às vezes ele gera problemas. Isso porque muitas pessoas não têm
endereço de e-mail. Logo, a entidade acaba informando um endereço de e-mail próprio
quando cadastra as pessoas sem e-mail. Se os dados de cadastro não foram preenchidos
corretamente e se a entidade não tem, por exemplo, o telefone de contato das pessoas
por ela cadastradas, a probabilidade de esses cidadãos (se contemplados em algum
sorteio) deixarem o prêmio expirar (por não saber que têm um prêmio a resgatar) é
considerável.
Por outro lado, deve ser dito que a perda do prêmio ocorre apenas se todos os
dados estiverem errados e se o cidadão nunca contatar a central de atendimento do
Programa, uma vez que a equipe pode resolver facilmente esse tipo de situação se a
pessoa entrar em contato por algum dos meios oferecidos (envio de mensagem através
do site do Programa ou ligação para o teleatendimento – a ligação é gratuita).
Sobre a apuração dos pontos e o cálculo do repasse a ser destinado à cada
entidade, funciona, em linhas gerais, assim: após o final de cada trimestre, apura-se a
pontuação individual provisória da entidade, que é o resultado da soma dos pontos
decorrentes das indicações com os pontos da digitação/transmissão; a pontuação
individual, de acordo com a área de atuação da entidade, é ajustada por índices
socioeconômicos e/ou populacionais, estipulados no regulamento, dando origem à
pontuação individual definitiva, que, por sua vez, serve de base para calcular o valor do
repasse de cada entidade, de acordo com a classificação em faixas, categorias, etc. Os
critérios de pontuação das entidades sociais constam da Resolução nº 2 (RIO GRANDE
DO SUL, 2013b).
Após a efetivação do pagamento do repasse, a entidade tem um prazo para
utilizar o recurso e, depois de utilizado, um prazo para prestar contas dos valores gastos.
As entidades, em conjunto com a coordenação do Programa, devem procurar divulgar as
benfeitorias decorrentes da aplicação dos repasses, demonstrando às comunidades a
correta utilização dos recursos públicos, ressaltando que eles são originados a partir da
exigência por parte dos cidadãos das notas fiscais emitidas.
28

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo procurou mostrar em detalhe o funcionamento do Programa NFG,


tendo como eixo orientador os públicos a ele originalmente vinculados: cidadãos,
empresas e entidades sociais. Optou-se por não tratar em detalhes o papel dos
municípios gaúchos no Programa porque seu vínculo está estreitamente relacionado ao
Programa de Integração Tributária da Receita Estadual (PIT), cuja relação com o NFG
foi explicada em outro artigo de nossa autoria26. Além disso, esse ator (município) nem
sequer tem um espaço próprio dentro da página do Programa.
Além de haver descrito as funcionalidades do NFG, o artigo informou sobre
tendências a serem seguidas futuramente, como é o caso da evolução do sistema de
reclamação. Além disso, amparado por documentos internos da Receita Estadual, o
trabalho teceu considerações relevantes sobre a evolução no número de cidadãos
cadastrados e sobre a evolução no número de entidades sociais habilitadas.
Com relação aos cidadãos, mostrou-se o protagonismo que o Desconto do Bom
Cidadão (IPVA) e a difusão do Programa em canais de televisão teve no aumento
expressivo na quantidade de pessoas cadastradas. Isso parece indicar que muitas pessoas
agem tendo em vista benefícios concretos, mais do que virtuais (sorteios), uma vez que
o desconto se configura como um ganho líquido e certo.
No que tange às entidades sociais, restou evidente que com o novo impulso
representado pelo lançamento do NFG, instituições que haviam participado do antigo
Programa Solidariedade e outras que nunca tiveram qualquer envolvimento com alguma
campanha governamental de estímulo à emissão de documentos fiscais se habilitaram
para receber indicações dos cidadãos e, consequentemente, repasses do Tesouro do
Estado. Se antes a participação delas demandava um trabalho manual muito grande
(espalhar urnas para arrecadação de documentos fiscais nos estabelecimentos varejistas,
recolher os documentos recorrentemente, digitar seus dados e transmitir para a SEFAZ,
bem como organizar a distribuição de cautelas de sorteios aos cidadãos), com o novo
formato, basta difundir seu trabalho junto à comunidade, estimulando o cadastramento
de cidadãos, para, desse modo, arregimentar apoiadores. Destacou-se, nesse sentido,
também o importante papel desempenhado pelas instituições no estímulo ao
cadastramento de cidadãos no NFG.

O artigo “Programa Nota Fiscal Gaúcha: um programa transversal da Receita Estadual do Rio Grande
26

do Sul” ainda não foi publicado.


29

Tendo tido contato com trabalhos que abordavam iniciativas similares ao NFG
promovidas por outras Unidades da Federação, foram identificadas funcionalidades que
poderiam caracterizar melhorias para o modelo gaúcho. Assim, em São Paulo (NFP), o
sistema permite que o consumidor, além de ter acesso à imagemde cada um dos
documentos fiscais registrados em sua conta, ele possa até mesmo imprimir umanova
via do documento fiscal pelo site e utilizá-la para, por exemplo, trocar uma mercadoria
adquirida. Isso vem ao encontro de uma ideia bem interessante, que é a de fortalecer o
NFG mediante a oferta de serviços aos cidadãos. De fato, essa funcionalidade
demonstra uma preocupação em não apenas receber cooperação dos cidadãos, mas
também em facilitar a sua vida.
Bruno Paschoal (2012), referindo-se ao NFP, menciona uma sanção
“reputacional” às empresas que não cumprem suas obrigações: a publicação do número
de reclamações e denúncias registradas por consumidores. Ainda que não tenhamos
conseguido encontrar no site do programa paulista essa informação, cremos que se trata
de uma iniciativa interessante. No mesmo sentido, pensamos que poderia ser inclusive
mais eficaz que uma “lista negra” de empresas, a promoção das empresas cidadãs, que
cumprem suas obrigações e colaboram para uma sociedade melhor, no site do NFG.
Elas poderiam receber a “medalha de empresa cidadã”, o que geraria uma publicidade
positiva.
Pesquisas posteriores poderiam investigar por meio de entrevistas e
questionários a percepção da população acerca do Programa em si e de suas diferentes
funcionalidades, tentando mensurar quais delas são mais conhecidas e aceitas.
30

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 15 abr.
2015.

PASCHOAL, Bruno Vinicius Luchi. Punição, recompensa, persuasão e ajuda:


estratégias regulatórias a partir do caso Nota Fiscal Paulista. 2012. 212 f.
Dissertação (Mestrado). Escola de Direito de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas. São
Paulo, 2012. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10380/Paschoal%2c%20
Bruno%20%20Punicao%2c%20recompensa%2c%20persuasao%20e%20ajuda.pdf?seq
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RIO GRANDE DO SUL. Decreto Nº 49.479, de 16 de agosto de 2012. 2012b.


Disponível em: <https://nfg.sefaz.rs.gov.br/site/legislacao.aspx>. Acesso em: 14 abr.
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RIO GRANDE DO SUL. Decreto Nº 50.199, de 4 de abril de 2013. 2013a.Disponível


em: <http://www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=216378>.
Acesso em 14 abr. 2015.

RIO GRANDE DO SUL. Governador assina decreto para contenção de gastos. 2015.
Disponível em: <http://www.rs.gov.br/conteudo/209152/governador-assina-decreto-
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RIO GRANDE DO SUL. Lei Nº 6.537, de 27 de fevereiro de 1973. Disponível em:


<http://www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=109403>. Acesso
em 17 de abril de 2015.

RIO GRANDE DO SUL. Lei Nº 14.020, de 25 de junho de 2012.2012a. (DOE nº 122,


de 26 de junho de 2012). Disponível em:
<http://www.al.rs.gov.br/filerepository/repLegis/arquivos/14.020.pdf>. Acesso em 14
de abril de 2015.

RIO GRANDE DO SUL. SECRETARIA DA FAZENDA. Resolução Nº 2, de 18 de


janeiro de 2013. 2013b. Disponível em:
<http://www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=214743&inpCodD
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RIO GRANDE DO SUL. SECRETARIA DA FAZENDA. Resolução Nº 3, de 21 de


janeiro de 2013. 2013c. Disponível em:
<https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=250488>. Acesso em: 18 abr. 2015.

RIO GRANDE DO SUL. SECRETARIA DA FAZENDA. Resolução Nº 4, de 21 de


janeiro de 2013. 2013d. Disponível em:
<http://www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=214601&inpCodD
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Resolução Nº 5, de 25 de março de 2013.


2013e. Disponível em:
31

<http://www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=216222&inpCodD
ispositive=&inpDsKeywords>. Acesso em: 15 abr. 2015.
32

APÊNDICE – LEGISLAÇÃO REFERIDA NO TRABALHO

Data Documento Assunto Iniciativa Acesso


27/02/1973 Lei nº 6.537 Dispõe sobre o procedimento Governo http://www.legislacao.
tributário administrativo e dá outras Estadual sefaz.rs.gov.br/Site/D
providências. ocument.aspx?inpKey
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words=
25/06/2012 Lei nº 14.020 Institui o Sistema Estadual de Governo http://www.legislacao.
Cidadania Fiscal e o Programa de Estadual sefaz.rs.gov.br/Site/D
Cidadania Fiscal, bem como ocument.aspx?inpKey
autoriza o Poder Executivo a abrir =206027&inpCodDis
crédito suplementar no Orçamento positive=&inpDsKey
do Estado. words=14020
16/08/2012 Decreto nº Regulamenta o Programa de Governo http://www.legislacao.
49.479 Cidadania Fiscal, instituído pela Lei Estadual sefaz.rs.gov.br/Site/D
nº 14.020, de 25 de junho de 2012. ocument.aspx?inpKey
=208857&inpCodDis
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words=49479
01/11/2012 Resolução nº 1 Disciplina o cadastramento do SEFAZ/RS http://www.legislacao.
cidadão no Programa de Cidadania sefaz.rs.gov.br/Site/D
Fiscal do Estado do Rio Grande do ocument.aspx?inpKey
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18/01/2013 Resolução nº 2 Disciplina os critérios de pontuação SEFAZ/RS http://www.legislacao.
das Entidades Sociais no Programa sefaz.rs.gov.br/Site/D
de Cidadania Fiscal do Estado do ocument.aspx?inpKey
Rio Grande do Sul - Nota Fiscal =214743&inpCodDis
Gaúcha. positive=&inpDsKey
words
21/01/2013 Resolução nº 3 Disciplina a extração, geração, SEFAZ/RS http://www.legislacao.
validação, transmissão e recepção sefaz.rs.gov.br/Site/D
de arquivos digitais referentes aos ocument.aspx?inpKey
documentos fiscais que especifica, =214600&inpCodDis
emitidos pelas empresas positive=&inpDsKey
participantes do Programa Nota words
Fiscal Gaúcha.
21/01/2013 Resolução nº 4 Disciplina o cronograma de SEFAZ/RS http://www.legislacao.
credenciamento de ofício das sefaz.rs.gov.br/Site/D
empresas varejistas no Programa de ocument.aspx?inpKey
Cidadania Fiscal do Estado do Rio =214601&inpCodDis
Grande do Sul. positive=&inpDsKey
words
25/03/2013 Resolução nº 5 Disciplina a pontuação dos cidadãos SEFAZ/RS http://www.legislacao.
no Programa de Cidadania Fiscal do sefaz.rs.gov.br/Site/D
Estado do Rio Grande do Sul - Nota ocument.aspx?inpKey
33

Fiscal Gaúcha. =216222&inpCodDis


positive=&inpDsKey
words=
04/04/2013 Decreto nº Modifica o Regulamento do Governo http://www.legislacao.
50.199 Imposto sobre Operações Relativas Estadual sefaz.rs.gov.br/Site/D
à Circulação de Mercadorias e sobre ocument.aspx?inpKey
Prestações de Serviços de =216378
Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação
(RICMS).

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