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RESUMO
Abstract: This article describes in detail the operation of the Nota Fiscal Gaúcha
Program (NFG). This was a case study with qualitative and descriptive character. It was
based on laws, resolutions and decrees relating to the program, on the information
provided in the Program website and on internal documents of the staff working in the
coordination and management of the NFG, at the Receita Estadual. The research
contributed to the organization and systematization of knowledge relating to the NFG
and also brought suggestions for improvement. The text is organized around the three
public listed as his actors: citizens, businesses and social organizations.
1 INTRODUÇÃO
1
Este artigo foi elaborado como requisito para a conclusão do Curso de Especialização em GestãoPública
e Democracia da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
2
Técnico Tributário da Receita Estadual, servidor responsável pela central de atendimento a cidadãos e
empresas do Programa Nota Fiscal Gaúcha. Contato: fabioculau@gmail.com.
3
Professora Adjunta da PUCRS.
2
2 MÉTODO
Programa Nota Fiscal Gaúcha, nas informações disponíveis na sua página oficial e em
documentos internos da equipe que trabalha com o Programa na Receita Estadual.
3 CIDADÃO
3.1 Os sorteios
4
O Programa NFG abarca os seguintes tipos de documento fiscal: a) Cupom Fiscal; Nota Fiscal Modelo 2
(Nota Fiscal de Venda a Consumidor – talão em papel); Nota Fiscal Modelo 1 ou 1A, modelo utilizado
majoritariamente nas operações entre Pessoas Jurídicas e, por isso, contendo muito mais campos de
preenchimento do que os documentos de venda a consumidor; Cupom Fiscal emitido por ECF (Emissor
de Cupom Fiscal) antigo, ou seja, que não têm memória fiscal; Nota Fiscal Eletrônica (NF-e),
documento totalmente digital, autorizado e emitido on-line, e que foi criado para substituir a NF Modelo
1/1A; Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e), documento totalmente digital, autorizado e
emitido on-line, e que foi desenvolvido recentemente, visando substituir gradualmente o Cupom Fiscal
e a NF Modelo 2.
5
Os prêmios de R$ 500.000,00, de R$ 100.000,00 e de R$ 1.000,00 deixaram de existir. Contudo, a
quantidade de cidadãos contemplados a cada extração estadual passou de 1.706 para 3.051. Para isso,
foram criados os prêmios de R$ 50,00 (3000), diminui-se o número de prêmios de R$ 200,00 (de 1500
para 50) e o prêmio principal passou a ser fixo, sendo sempre, a cada mês, de R$ 50.000,00.
5
mês. Para o cidadão, trata-se de uma possibilidade a mais de ganhar prêmios com o
“CPF na nota”.6
No que tange à pontuação, vale esclarecer alguns pontos que às vezes geram
dúvidas nas pessoas. Basicamente, só valem as compras realizadas em
estabelecimentos varejistas gaúchos. Afirmar que só compras pontuam significa dizer
que serviços de qualquer natureza não valem para o Programa. Em regra, sobre os
serviços incide o ISSQN, imposto de competência municipal. Ainda que os Estados
também sejam competentes pela tributação de alguns serviços (Transportes – em nível
intermunicipal, interestadual e internacional – e Telecomunicações), apenas documentos
fiscais de venda de mercadorias são válidos. Ou seja, o escopo do Programa NFG é o
comércio varejista, e não toda cadeia sobre a qual incide o ICMS.
Em conformidade com o expresso acima, portanto, apenas estabelecimentos
varejistas emitem documentos válidos para o NFG. Estabelecimentos cadastrados na
Receita Estadual do Rio Grande do Sul apenas como INDÚSTRIA, COMÉRCIO
ATACADISTA e SERVIÇOS (de transporte e telecomunicações) não fazem parte do
Programa e os documentos fiscais por eles emitidos não geram pontuação para os
cidadãos participantes.
Por fim, o estabelecimento emissor do documento fiscal deve ser domiciliado no
Estado do Rio Grande do Sul e ter Inscrição Estadual junto à Receita Estadual desse
Estado. Em outras palavras, o estabelecimento precisa ser gaúcho. Isso significa, por
exemplo, que se algum cidadão cadastrado no NFG compra algum produto pela Internet
oriundo de outra Unidade da Federação, o documento fiscal que registra essa compra
não valerá para o Programa e, ainda que se trate de uma NF-e, não aparecerá no seu
extrato de compras (MINHAS NOTAS).
Além da regra geral explicada acima, a pontuação de documentos fiscais conta
também com limites, pontuação extra, pontuação bônus e uma relação de operações
específicas acobertadas por NF-e que geram pontos para os consumidores. A legislação
que trata da pontuação dos cidadãos é a Resolução nº 57 (RIO GRANDE DO SUL,
2013e), disponível no site do Programa.
6
É possível consultar os municípios aderentes à extração NFG Municipal no site do Programa, no menu
SORTEIOS, devendo-se selecionar a aba MUNICIPAL. No artigo “Programa Nota Fiscal Gaúcha: um
programa transversal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul”, de nossa autoria, abordamos
detalhadamente as vantagens que o Estado e os municípios têm com a os sorteios municipais.
7
No final deste trabalho, após a seção “Referências”, encontra-se uma tabela contendo toda a legislação
citada ao longo do artigo.
8
8
Para saber mais sobre a Promoção, basta acessar o site do Programa em
https://nfg.sefaz.rs.gov.br/site/time_coracao_como_funciona.aspx.
9
bilhete de bônus por reclamação digitada no site da NFG (podendo ganhar até, no
máximo, 3 bilhetes bônus por mês).
NOTAS). Quanto aos pontos, eles são computados para o próximo em aberto ou para o
sorteio a ele referente (de acordo com o ciclo explicado na seção SORTEIOS). Existem,
contudo, dois tipos de situação nas quais a apuração de pontos não corresponde ao ciclo
normal:
a) Registros realizados com atraso pelas empresas. Por exemplo, se a empresa
envia arquivos referentes a compras com CPF realizadas em janeiro/2014 (que
deveriam ter sido enviados em fevereiro/2014) somente hoje, essas compras
pontuam no primeiro sorteio em aberto (para o qual ainda não ocorreu
apuração de pontos e geração de bilhetes);
b) Registro de reclamações pelo cidadão de documentos fiscais sem CPF. Por
exemplo, se um cidadão digita uma reclamação hoje de uma compra realizada
em outubro/2013 sem CPF, e se a empresa já transmitiu os dados dessa
operação, essa compra aparece no dia seguinte em seu extrato de compras
(MINHAS NOTAS) e participa no próximo sorteio em aberto (para o qual
ainda não ocorreu apuração de pontos e geração de bilhetes).
9
As únicas exceções nesse sentido são a NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) e a NFC-e (Nota Fiscal de
Consumidor Eletrônica), as quais podem ser visualizadas, no máximo, no dia seguinte ao da sua
emissão.
11
Recentemente (início de 2015), foi lançada uma funcionalidade que permite aos
cidadãos rejeitar documentos fiscais de compras que os cidadãos não reconhecem como
sendo suas. O sistema traz tranquilidade para os cidadãos que enxergam compras
lançadas em seu extrato não realizadas por eles e, por outro lado, gera indícios de
irregularidades para a Receita Estadual. A equipe de atendimento aos cidadãos
deparava-se, não raro, com situações nas quais Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) haviam
sido emitidas para pessoas que não realizaram tais operações. Nesses casos, inclusive,
um dos elementos que compunham a resposta da equipe às mensagens de cidadãos
preocupados era o esclarecimento sobre o quanto o advento do Programa trazia um
importante benefício aos cidadãos: a transparência. Se antes de a pessoa se cadastrar no
Programa poderiam estar sendo emitidas muitas NF-es com seu CPF sem ela saber, a
partir do momento em que ela se cadastra, essas operações passam a ser visualizadas
praticamente no exato momento em que ocorrem. A partir do conhecimento do uso
indevido de seu CPF, o cidadão pode contatar a empresa ou, ainda, registrar um Boletim
de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, formalizando a declaração de que tais compras não
foram por ele realizadas.
Quando o cidadão rejeita um documento, ele resolve seu problema, pois se
sentia incomodado ao enxergar em seu extrato uma compra que não reconhecia como
tendo sido por ele efetuada. Porém, por mais que a rejeição de documentos fiscais
funcione para deixar os cidadãos mais tranquilos, o registro do BO ainda é uma opção
viável para aquelas pessoas mais cautelosas, uma vez que o documento é “rejeitado”
apenas no sistema do NFG. Isto é, a NF-e emitida não é alterada (isso constituiria
adulteração do documento fiscal).
Pelo fato de o NFG ter sido inspirado no similar Nota Fiscal Paulista (NFP),
sempre houve o desejo de oferecer mais benefícios aos cidadãos. Um dos meios pelos
quais os cidadãos participam no estado de São Paulo é pelo desconto no IPVA. De
qualquer forma, no contexto gaúcho restou evidente desde o início que limitações
financeiras impediam a concessão de créditos para os consumidores no mesmo molde
da iniciativa paulista, bem como a possibilidade de utilizar esses créditos para o
pagamento do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).
Entretanto, o NFG conseguiu implantar durante o ano de 201310, o Desconto do Bom
Cidadão, um desconto no IPVA para cidadãos cadastrados no Programa.
Os critérios de concessão têm sofrido alterações ano a ano. Se para o IPVA 2014
bastava ser cadastrado, para o desconto referente ao exercício 2015 exigiu-se um
número mínimo de notas e houve duas faixas (2% e 5%)11. A edição atual (relativa ao
IPVA 2016) apresenta três faixas de desconto (1%, 3% e 5%), dependendo do número
de notas alcançado ao longo do período de contagem (documentos registrados no
sistema entre 1º/11/2014 e 31/10/2015), sendo que a quantidade para obter o desconto
máximo é de 100 documentos fiscais de aquisição.12
O objetivo desse benefício é claro: estimular a participação dos cidadãos no
Programa, fazendo com que, além de se cadastrar, eles efetivamente tenham o papel de
solicitar o documento fiscal (com CPF), exercendo pressão sobre as empresas.
De fato, o desconto no IPVA parece ter sido o elemento que mais impulsionou o
aumento significativo no número de cadastros. Na Figura 2, os meses com número de
adesões superior a 100 mil (05/2013, com 126.106; 08/2013, com 103.808; e 10/2013,
com 126.365) ou que demonstram um aumento expressivo em relação aos períodos
imediatamente anteriores aparecem sublinhados. É o caso do mês 12/2014, no qual
10
À época, referente ao desconto no IPVA 2014.
11
Além disso, na edição relativa ao IPVA 2015, houve a possibilidade de os cidadãos sem veículo
registrado em seu nome (e daqueles com veículo que optaram pelo sorteio ao invés do desconto)
participarem de um sorteio especial. Foram sorteados 18.000 prêmios de R$ 50,00 e 5 prêmios de R$ 20
mil no dia 15/12/2014. Na edição relativa ao IPVA 2016, não haverá sorteio para não proprietários.
12
As faixas de desconto funcionam assim: de 1 a 40 documentos – 1%; de 41 a 99 documentos – 3%; a
partir de 100 documentos – 5%.
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Comentário de Cláudio Brito sobre o Programa NFG no Bom Dia Rio Grande de 13/05/2013:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/bom-dia-rio-grande/videos/t/edicoes/v/comentarista-fala-sobre-
o-programa-da-nota-fiscal-eletronica-no-rs/2570116/.
14
Edição do programa Bom Dia Rio Grande de 06/08/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/bom-dia-rio-
grande/v/quem-se-cadastrar-no-programa-nota-fiscal-gaucha-podera-ter-um-desconto-maior-no-
ipva/2738555/; Edição do programa RBS Notícias de 08/08/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/rbs-
noticias/v/mais-de-500-mil-contribuintes-estao-inscritos-no-programa-nota-fiscal-gaucha/2745501/;
Edição do programa Jornal do Almoço de 09/08/2013: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-
almoco/videos/t/edicoes/v/programa-nota-fiscal-gaucha-e-ampliado-e-garante-desconto-para-
ipva/2747723/; Edição do programa Jornal do Almoço de 31/08/2013: http://globotv.globo.com/rbs-
rs/jornal-do-almoco/v/campanha-nota-fiscal-gaucha-da-desconto-no-ipva/2794618/; Edição do programa
Bom Dia Rio Grande de 30/10/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/bom-dia-rio-
grande/v/consumidores-tem-ate-esta-quinta-feira-para-se-cadastrarem-na-nota-fiscal-gaucha/2922277/;
Edição do programa RBS Notícias de 31/10/2013: http://globotv.globo.com/rbs-rs/rbs-noticias/v/termina-
o-prazo-para-ter-desconto-no-ipva-no-programa-nota-fiscal-gaucha/2927858/; Edição do programa Bom
16
Pode-se perceber que, apesar de não ter atingido a marca de 100 mil cadastros, o
mês de novembro de 2013 também contou com um número acentuado de adesões
(82.879). Um dos motivos, cremos, foi a prorrogação do prazo para os cidadãos se
cadastrarem no Programa e, com isso, ganharem uma ampliação no desconto do
pagamento antecipado do IPVA (o prazo era, inicialmente, até 31/10/2013 e depois
passou para 15/11/2013). Não é por acaso, portanto, que as matérias exibidas em
outubro tenham se concentrado nos dias 30 e 31 e que, no mês de novembro, tenha
havido reportagens no dia 06/11 (um dia após o anúncio da prorrogação do prazo) e no
dia 15/11 (prazo final).
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Enfatizamos o “atualmente” porque a Lei Lei nº 14.020 já menciona, no § 1º do Artigo 5º, a Secretaria
do Esporte e do Lazer dentre as que comporiam (ou deveriam compor) o Conselho Gestor do Programa.
Entretanto, até hoje essa Secretaria não foi agregada ao Programa.
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Para delimitar a área (região) de abrangência das entidades sociais a serem indicadas pelos cidadãos,
utilizou-se como critério a divisão relativa aos COREDEs (Conselhos Regionais de Desenvolvimento
Econômico). Isto é, os cidadãos não estão restritos à indicação de entidades de seu município – até
porque há muitos municípios que não contam com, por exemplo, nenhuma entidade na área da Saúde
nem da Assistência Social (tal é o caso do município de André da Rocha, um dos menores do Estado,
com apenas uma Escola Estadual figurando como entidade passível de indicação).
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desconto do Bom Cidadão (IPVA) em todos os veículos vinculados ao seu CPF. Além
disso, ele pode consultar o placar do Time do Coração e, se quiser, pode alterar o time.
Por fim, é possível também ativar o leitor de QR CODE para acessar as
informações cadastrais do estabelecimento junto à Receita Estadual. Essa última
funcionalidade ainda não está bem difundida, uma vez que ainda não é tão frequente
encontrar estabelecimentos com o novo modelo de DI/RE (Documento de Identificação
da Receita Estadual).Esse documento deve ser afixado em cada ponto de emissão de
documentos fiscais e no caixa, e tem a função de comprovar a inscrição regular do
estabelecimento no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC/TE). O cartaz deve ser
impresso em cores, conforme modelo mostrado na figura 5, e está disponível no site da
Secretaria da Fazenda.
Ainda que seja possível realizar várias consultas via aplicativo, ainda não é
possível reclamar documentos fiscais, solicitar o resgate de prêmios, alterar o cadastro,
escolher entidades sociais para indicação, ver o cartão do cidadão, consultar os bilhetes
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4 EMPRESA
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A atividade de comércio varejista é indicada pelo Código de Atividade Econômica (CAE). No site da
SEFAZ/RS é possível consultar a tabela de CAEs. Basicamente, existem três: uma baseada codificação
de “Produtos NCM” (um código nacional que identifica a natureza das mercadorias), a qual engloba as
atividades de Produção e Extração Animal e Vegetal, Indústria Extrativa Mineral, Indústria de
Transformação, Indústria de Beneficiamento, Indústria de Montagem, Indústria Acondicionamento e
Recondicionamento, e Comércio Atacadista; a tabela de “Comércio Varejista”, com atividades
relacionadas a venda de mercadorias para consumidor final; e, por fim, a tabela de “Serviços e Outros”,
com atividades de serviços sobre os quais incide ICMS e ainda outras atividades isentas, mas que
também são informadas à RE.
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Dizemos “em tese” porque há que considerar a existência de cadastros com erro. Assim, há
estabelecimentos com CAE 8 (comércio varejista) que não atuam no varejo e outros que praticam o
varejo, mas não têm CAE 8. Um exemplo clássico dessa última possibilidade é a de padarias. Existem
estabelecimentos que estão cadastrados apenas com CAE 3 (indústria de transformação – afinal,
produzem o pão), não tendo o comércio para consumidor final registrado em seu cadastro junto à RE.
Ainda que um cidadão compre num estabelecimento desses e informe o seu CPF no documento fiscal, a
empresa não poderá transmitir os dados para o Programa (por não estar credenciada) e cidadão não
poderá pontuar com seu consumo (o sistema nem mesmo permitirá registrar a reclamação). Por fim,
existem, ainda, estabelecimentos operando de forma irregular, com Inscrição Estadual (IE) baixada ou
mesmo sem IE.
20
19
Usamos o termo “não totalmente excludentes” porque, tendo havido a transmissão mensal por um dos
meios, só é possível proceder à sua retificação pelo mesmo meio utilizado na primeira transmissão.
21
acarretar multa, de acordo com a Lei Estadual 6.537/73 (RIO GRANDE DO SUL,
1973) – como será visto na próxima seção.
Assim, são dois os tipos de declaração: Sem CPF e Sem Movimento. A primeira
serve para quando o estabelecimento não emitiu nenhum documento fiscal com CPF,
mas teve movimento (ou seja, houve vendas, mas ninguém quis o “CPF na nota”).
Declara-se, desse modo, que “nenhum cliente solicitou a inclusão do CPF em nenhuma
espécie de documento fiscal no período abaixo informado”20. A segunda deve ser
preenchida e enviada se o estabelecimento não realizou nenhuma venda para
consumidor final pessoa física, no período (mês). Declara-se, portanto, que “não houve
vendas para pessoa física, consumidor final, no período abaixo informado”.21
Ao preencher qualquer das declarações, gera-se um arquivo “vazio”, informando
para o sistema NFG que não há dados de documentos fiscais para serem enviados; essa
informação “quita” o período e isso diferencia os estabelecimentos “declarantes”
daqueles que simplesmente não realizaram nenhuma transmissão (“omissos”)22. Ambas
as declarações são desconsideradas caso haja posterior transmissão de arquivos com
documentos fiscais.
Com relação aos prazos de transmissão e retificação dos arquivos, eles estão
alinhados com o ciclo explicado na seção nº 3.1 (Cidadão > Sorteios) e de acordo com o
expresso na Resolução nº 3 (RIO GRANDE DO SUL, 2013c). Uma vez transmitido um
arquivo por meio dos aplicativos NFG DESKTOP/TED, deve-se verificar se ele foi
recebido e aceito pelo sistema. Essa verificação se dá por meio do e-CAC, portal de
atendimento on-line do contribuinte, hospedado dentro do site da SEFAZ. O próprio
NFG DESKTOP realiza algumas validações antes da geração do arquivo para
transmissão via TED. Passada essa pré-validação, o arquivo está apto a ser transmitido.
Contudo, existem pós-validações e, com base nelas, o arquivo já transmitido pode ser
ou aceito ou rejeitado. Em caso de rejeição, o contribuinte deve abrir o recibo de
entrega, identificar o erro indicado e proceder às correções necessárias.
20
Texto constante da declaração, dentro do aplicativo NFG DESKTOP.
21
Texto constante da declaração, dentro do aplicativo NFG DESKTOP.
22
Junto com a evolução do sistema de reclamação (explicada na nota de rodapé nº 25), pretende-se
desenvolver uma aplicação que permita à equipe gestora do Programa o cruzamento dos dados das
reclamações efetuadas pelos cidadãos com os dados de estabelecimentos com períodos omissos (tanto
por não entrega como por rejeição de arquivos) e de estabelecimentos “declarantes”. Isso porque, em
tese, se um estabelecimento declara não ter havido venda com CPF ou não ter havido nenhuma venda
para consumidor final pessoa física, ele não terá nenhum documento reclamado por nenhum cliente.
22
23
Lei 6537 / 73, Art. 11, inciso II, alínea “e’”
Art. 11 - Pela prática das infrações tributárias formais a seguir enumeradas, são cominadas as seguintes
multas: (...)
II - infrações relativas aos documentos fiscais: (...)
e) emitir documento fiscal que não contenha as indicações, não preencha os requisitos ou não seja o
exigido pela legislação tributária, para a operação ou, ainda, que contenha emendas, rasuras ou
informações incorretas, salvo se da irregularidade decorrer infração tributária material: multa equivalente
a 5% do valor das mercadorias, não inferior a 5 UPF-RS;
Lei 6537 / 73, Art. 11, inciso IV, alínea “e’”
Art. 11 - Pela prática das infrações tributárias formais a seguir enumeradas, são cominadas as seguintes
multas: (...)
IV - infrações relativas a informações devidas por contribuintes: (...)
e) omitir informações em meio eletrônico ou prestar essas informações de maneira incorreta ou em
desacordo com a legislação tributária
1 - quando ocorrer fornecimento de informações em padrão diferente do exigido pela legislação
tributária: multa de 0,5% do valor das respectivas operações ou prestações, não inferior a 60 UPF-RS por
período de apuração a que se referirem as informações;
2 - quando não houver a entrega de arquivos com informações devidas no local, na forma ou no prazo
previstos ou quando ocorrer omissão de informações ou prestação de informações incorretas: multa de
1% do valor das respectivas operações ou prestações, não inferior a 120 UPF-RS por período de apuração
a que se referirem as informações.
23
se, nessa busca diária o documento não é encontrado até o dia 25 do mês seguinte ao de
sua emissão, uma notificação é disponibilizada no e-CAC (Caixa Postal do
Contribuinte), informando que há reclamações de clientes.
Nesse sentido, sempre que houver uma reclamação NFG no e-CAC, o primeiro
procedimento a ser realizado pelo estabelecimento é verificar se o arquivo contendo a
compra reclamada foi enviado. Se o arquivo não foi transmitido, é necessário fazê-lo.
Em caso de Nota Fiscal Modelo 1, Modelo 2 ou Cupom Fiscal emitido por ECF antigo,
basta digitar o documento fiscal diretamente no NFG DESKTOP sem o CPF do cliente
(o sistema associará o documento ao CPF do cidadão reclamante). Porém, se o arquivo
foi enviado, deve-se tentar identificar o documento reclamado dentro do arquivo. Nesse
caso, existe a possibilidade de haver algo errado com o arquivo ou, simplesmente, o
cidadão digitou algum dado errado.
Se após realizar as verificações necessárias, percebe-se que o erro foi do
cidadão, não há nada a ser feito e, pelo menos por enquanto 24, a reclamação continuará
sendo exibida para o estabelecimento (a não ser que o reclamante perceba o erro e
exclua a reclamação digitada). Ou seja, a reclamação deve ser desconsiderada e,
decorrente dela, não haverá qualquer ação da RE.
5 ENTIDADE SOCIAL
24
Já existe um fluxo inicial desenhado do que viria a ser a evolução do sistema de reclamação. A ideia
seria criar um espaço por meio do qual a empresa poderia dar um retorno em relação à reclamação
registrada pelo cidadão. Na sequência, a pessoa poderia aceitar o retorno da empresa e dar a reclamação
por encerrada (com isso, ela desapareceria da relação apresentada ao estabelecimento). Se não
concordasse com a resposta, o reclamante poderia continuar com o processo, anexando a imagem do
documento fiscal reclamado. Nesse caso, a reclamação seria encaminhada para análise da RE. Contudo,
não existe previsão para a implantação dessa nova fase do sistema.
25
25
As etapas são os períodos de apuração da pontuação das entidades habilitadas e sempre correspondem a
trimestres (janeiro a março, abril a junho, julho a setembro e outubro a dezembro). É com base nessa
divisão temporal que são calculados os repasses do Tesouro do Estado.
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período em que ainda era possível ao cidadão a troca de notas fiscais por cautelas
"físicas". Já na etapa 33 (último trimestre de 2012), passou a ser obrigatório o
cadastramento dos cidadãos para que eles pudessem participar dos sorteios.
Consequentemente, as cautelas em papel foram substituídas por bilhetes eletrônicos
emitidos pelo próprio Programa NFG.
Além disso, a digitação de documentos fiscais (sempre sem CPF) foi permitida
de forma irrestrita (aceitando-se a digitação de Cupons Fiscais e de Notas Fiscais
Modelo 2) até o trimestre 38 (abril a junho de 2014). A partir de 1º/07/2014, como foi
explicado na seção A INDICAÇÃO DE ENTIDADES (relativa ao púbico CIDADÃO),
passou a ser aceita apenas a digitação de notas Fiscais Modelo 2sem CPF (nota
“manual”). Vale ressaltar que essa doação pode ser realizada por qualquer pessoa, sem
necessidade de cadastramento no Programa, uma vez que não há qualquer benefício
direto ao cidadão (a não ser a satisfação de estar contribuindo com uma entidade social).
Posteriormente, os dados desses documentos são digitados e transmitidos pelas
entidades à SEFAZ.
É preciso ser dito que não se tratou de uma transição tranquila. Isso porque as
entidades que participavam mais ativamente já tinham todo um funcionamento em torno
das notas doadas que eram digitadas. Com a mudança proposta, o trabalho agora não
seria mais tão focado no recolhimento e digitação de notas, mas no convencimento das
pessoas. As entidades agora deveriam redirecionar seus esforços para fazer com que os
cidadãos, no momento do seu cadastro, as indicassem. Isso acabou gerando um
movimento interessante. Muitas delas passaram a ter um papel mais ativo, mais
“agressivo”, indo para a rua, ocupando espaços em eventos, nas praças, em frente a
igrejas no final da missa, etc. Tudo isso com o objetivo de angariar cadastramentos e,
por óbvio, a sua indicação.
Esse movimento tem sido bem importante porque tem colaborado fortemente
com a divulgação do Programa. Entretanto, muito desse sucesso (quantidade de
cadastros realizados por entidades) se dá em virtude de boa parte da população gaúcha
não ter qualquer familiaridade com o uso de computadores e de não ter acesso à
Internet. A verdade é que, devido à plataforma do NFG ser totalmente digital, parte
considerável da sociedade gaúcha acaba, de certa forma, tendo sua participação
restringida. Não se pode negar que a inclusão digital ainda é um problema em nosso
Estado.
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São, pois, sobretudo essas pessoas, excluídas digitalmente, que acabam tendo
seu cadastro realizado pelas entidades. Embora esse cadastro possa ser considerado uma
ajuda a esses cidadãos, às vezes ele gera problemas. Isso porque muitas pessoas não têm
endereço de e-mail. Logo, a entidade acaba informando um endereço de e-mail próprio
quando cadastra as pessoas sem e-mail. Se os dados de cadastro não foram preenchidos
corretamente e se a entidade não tem, por exemplo, o telefone de contato das pessoas
por ela cadastradas, a probabilidade de esses cidadãos (se contemplados em algum
sorteio) deixarem o prêmio expirar (por não saber que têm um prêmio a resgatar) é
considerável.
Por outro lado, deve ser dito que a perda do prêmio ocorre apenas se todos os
dados estiverem errados e se o cidadão nunca contatar a central de atendimento do
Programa, uma vez que a equipe pode resolver facilmente esse tipo de situação se a
pessoa entrar em contato por algum dos meios oferecidos (envio de mensagem através
do site do Programa ou ligação para o teleatendimento – a ligação é gratuita).
Sobre a apuração dos pontos e o cálculo do repasse a ser destinado à cada
entidade, funciona, em linhas gerais, assim: após o final de cada trimestre, apura-se a
pontuação individual provisória da entidade, que é o resultado da soma dos pontos
decorrentes das indicações com os pontos da digitação/transmissão; a pontuação
individual, de acordo com a área de atuação da entidade, é ajustada por índices
socioeconômicos e/ou populacionais, estipulados no regulamento, dando origem à
pontuação individual definitiva, que, por sua vez, serve de base para calcular o valor do
repasse de cada entidade, de acordo com a classificação em faixas, categorias, etc. Os
critérios de pontuação das entidades sociais constam da Resolução nº 2 (RIO GRANDE
DO SUL, 2013b).
Após a efetivação do pagamento do repasse, a entidade tem um prazo para
utilizar o recurso e, depois de utilizado, um prazo para prestar contas dos valores gastos.
As entidades, em conjunto com a coordenação do Programa, devem procurar divulgar as
benfeitorias decorrentes da aplicação dos repasses, demonstrando às comunidades a
correta utilização dos recursos públicos, ressaltando que eles são originados a partir da
exigência por parte dos cidadãos das notas fiscais emitidas.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo “Programa Nota Fiscal Gaúcha: um programa transversal da Receita Estadual do Rio Grande
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Tendo tido contato com trabalhos que abordavam iniciativas similares ao NFG
promovidas por outras Unidades da Federação, foram identificadas funcionalidades que
poderiam caracterizar melhorias para o modelo gaúcho. Assim, em São Paulo (NFP), o
sistema permite que o consumidor, além de ter acesso à imagemde cada um dos
documentos fiscais registrados em sua conta, ele possa até mesmo imprimir umanova
via do documento fiscal pelo site e utilizá-la para, por exemplo, trocar uma mercadoria
adquirida. Isso vem ao encontro de uma ideia bem interessante, que é a de fortalecer o
NFG mediante a oferta de serviços aos cidadãos. De fato, essa funcionalidade
demonstra uma preocupação em não apenas receber cooperação dos cidadãos, mas
também em facilitar a sua vida.
Bruno Paschoal (2012), referindo-se ao NFP, menciona uma sanção
“reputacional” às empresas que não cumprem suas obrigações: a publicação do número
de reclamações e denúncias registradas por consumidores. Ainda que não tenhamos
conseguido encontrar no site do programa paulista essa informação, cremos que se trata
de uma iniciativa interessante. No mesmo sentido, pensamos que poderia ser inclusive
mais eficaz que uma “lista negra” de empresas, a promoção das empresas cidadãs, que
cumprem suas obrigações e colaboram para uma sociedade melhor, no site do NFG.
Elas poderiam receber a “medalha de empresa cidadã”, o que geraria uma publicidade
positiva.
Pesquisas posteriores poderiam investigar por meio de entrevistas e
questionários a percepção da população acerca do Programa em si e de suas diferentes
funcionalidades, tentando mensurar quais delas são mais conhecidas e aceitas.
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REFERÊNCIAS
RIO GRANDE DO SUL. Governador assina decreto para contenção de gastos. 2015.
Disponível em: <http://www.rs.gov.br/conteudo/209152/governador-assina-decreto-
para-contencao-de-gastos-publicos/termosbusca=*>. Acesso em: 18 abr. 2015.
<http://www.legislacao.sefaz.rs.gov.br/Site/Document.aspx?inpKey=216222&inpCodD
ispositive=&inpDsKeywords>. Acesso em: 15 abr. 2015.
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