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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO
CENTRO DE EXCELÊNCIA
___________________________________________
CENTRO DE PESQUISA EM POLITICAS
PÚBLICAS E GOVERNAÇÃO LOCAL

RELATÓRIO DE MESTRADO DA DISCIPLINA DE GOVERNAÇÃO


DEMOCRÁTICA
TEMA:

POLÍTICAS E PROGRAMAS ORÇAMENTAIS PARA


O SECTOR SOCIAL

AUTOR: Joaquim Abílio

Benguela/2023
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE DIREITO
CENTRO DE EXCELÊNCIA
___________________________________________
CENTRO DE PESQUISA EM POLITICAS
PÚBLICAS E GOVERNAÇÃO LOCAL

RELATÓRIO DE MESTRADO DA DISCIPLINA DE GOVERNAÇÃO


DEMOCRÁTICA
TEMA:

POLÍTICAS E PROGRAMAS ORÇAMENTAIS PARA


O SECTOR SOCIAL

Autor: Joaquim Abílio

O Docente: Dr. Giovani da Silva Corralo

Benguela/2023

2
ÍNDICE

RESUMO................................................................................................................................5
INTRODUÇÃO......................................................................................................................6
2. POLÍTICAS E PROGRAMAS ORÇAMENTAIS PARA O SECTOR SOCIAL..............7
2.1. Política da População...................................................................................................7
2.2. Política da Educação e Ensino......................................................................................7
2.3 Política do Desenvolvimento de Recursos Humanos....................................................7
2.4 Política da Saúde...........................................................................................................8
2.5 Política de Assistência e Protecção Social....................................................................8
2.6 Política de Habitação.....................................................................................................8
2.7 Política de Cultura.........................................................................................................8
2.8 Políticas e Programas Orçamentais para o Sector Económico......................................9
2.8.1 Política de Sustentabilidade das Finanças..................................................................9
2. 8.2 Política de Ambiente de Negócios, Competitividade e Produtividade.....................9
2.8.3 Política de Fomento da Produção, Substituição de Importações e Diversificação das
Exportações.........................................................................................................................9
2.8.4 Política de Sustentabilidade Ambiental......................................................................9
2.8.5 Política de Emprego e Condições de Trabalho........................................................10
2.9 Políticas e Programas Orçamentais para o Sector de Infra-Estruturas........................10
2.9.1 Política de Transporte e Logística............................................................................10
2.9.2 Política de Energia Eléctrica....................................................................................10
2.9.3 Política de Água e Saneamento................................................................................10
2.9.4 Política de Comunicações........................................................................................10
3. ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO DE 2022............................................................11
3.1 Previsão das Despesas.................................................................................................12
3.2 Sector social................................................................................................................13
4. CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA....................................................................................14
4.1 Nova Constituição Económica de Angola...................................................................14
4.2 Endereço da Constituição Económica na Constituição da República de Angola.......14
5. FUNÇÕES ECONÔMICAS DO ESTADO ANGOLANO..............................................15

3
5.1 O estado coordenador da economia.............................................................................15
6. INTERVENÇÃO DO ESTADO ECONOMIA................................................................16
6.1 Orçamento geral do Estado.........................................................................................16
6.2 Confiscos.....................................................................................................................17
6.3 Privatizações................................................................................................................18
6.4 Aspectos gerais............................................................................................................19
6.5 Nacionalizações...........................................................................................................19
7. O ESTADO REGULADOR DA ECONOMIA................................................................20
7.1 Reprivatizações...........................................................................................................20
CONCLUSÃO......................................................................................................................22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................23

4
RESUMO

O presente relatório, tem por objectivo abordar as políticas e programas orçamentais para o
sector social. O tema em estudo é um dos principais repositórios de políticas públicas para
Angola. O principal eixo do orçamento geral do Estado angolano, refere o sector social,
como aquele que pode reflectem directamente ma melhorando o desempenho das pessoas
condições de vida, tirando uma fatia de 1/3 o orçamento. Políticas públicas nas áreas de
Saúde, Educação e Assistência Social adoptada pelo executivo angolano, pode ser
considerado um exemplo para a promoção do desenvolvimento local. No entanto desafios
permanecem no contexto da descentralização financeira do estado e autonomia total dos
municípios como forma para induzir o desenvolvimento económico local e maior
envolvimento dos atores locais na agenda de desenvolvimento nacional.

5
INTRODUÇÃO

Sabe-se que os governos costumam participar de muitas formas na economia dos países. A
condução da política monetária, a administração das empresas estatais, a regulamentação
dos mercados privados e, sobretudo, a sua actividade orçamentária funcionam como meios
dessa participação e influenciam o curso da economia. Ao tomar parte na condução das
actividades económicas, o governo executa as funções económicas que o Estado precisa
exercer.

Nesse sentido, a partir dos estudos propostos por Richard Musgrave, e para os efeitos deste
curso, as funções económicas ou, como ficaram conhecidas, as funções do orçamento se
dividem em três tipos: alocativa, distributiva e estabilizadora.

Na última década, Angola deu passos importantes para a consolidação do sistema de


Protecção Social através da criação de um Plano Nacional de Desenvolvimento, criando
condições para um crescimento económico inclusivo.

Angola está a conquistar avanços significativos no desenvolvimento dos sectores


económico e social. Nos últimos anos, o governo angolano tem demonstrado um maior
interesse em melhorar os indicadores socioeconómicos do país e, para que isso aconteça,
tem adoptado medidas de reforço do sistema nacional de protecção e assistência social. A
adopção do Plano Nacional de Desenvolvimento (2013-2017), tornou prioritária a
implementação de programas de rendimento mínimo e outras formas de protecção social.

Neste sentido, o país está a realizar diversos esforços, a começar por consolidar o quadro
legal de protecção social de Angola. Nesse contexto, a Lei de Bases da Protecção Social
pode ser considerada, o marco temporal através do qual Angola busca a consolidação do
sistema de protecção social integrado e universal, o qual visa sobretudo, o bem-estar social
da população.

6
2. POLÍTICAS E PROGRAMAS ORÇAMENTAIS PARA O SECTOR
SOCIAL

A Lei de Bases estabelece a protecção social em três níveis: básica, obrigatória e


complementar. Define também as instituições gestoras, prestações adequadas, bem como
outras disposições relevantes. O sistema de protecção social do país está estruturado da
seguinte maneira:

2.1. Política da População


i) Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza.
ii) Programa de Protecção e Promoção dos Direitos da Criança.
iii) Programa de Promoção do Género e Empoderamento da Mulher.
iv) Programa de Valorização da Família e Reforço das Competências Familiares.
v) Programa de Desenvolvimento Integral da Juventude.
2.2. Política da Educação e Ensino
 Programa de Formação e Gestão do Pessoal Docente.
 Programa de Desenvolvimento da Educação Pré-Escolar.
 Programa de Melhoria da Qualidade e Desenvolvimento do Ensino Primário.
 Programa de Desenvolvimento do Ensino Secundário Geral.
 Programa de Melhoria e Desenvolvimento do Ensino Técnico-Profissional.
 Programa de Intensificação da Alfabetização e da Educação de Jovens e Adultos.
 Programa de Melhoria da Qualidade do Ensino Superior e Desenvolvimento da
Investigação Científica e Tecnológica.
 Programa de Acção Social, Saúde e Desporto Escolar.

2.3 Política do Desenvolvimento de Recursos Humanos

i) Plano Nacional de Formação de Quadros.


ii) Programa de Reforço do Sistema Nacional de Formação Profissional.

iii) Programa de Estabelecimento do Sistema Nacional de Qualificações.

7
2.4 Política da Saúde
i) Programa de Melhoria da Assistência Médica e Medicamentosa.
ii) Programa de Melhoria da Saúde Materno-Infantil e Nutrição.
iii) Programa de Combate às Grandes Endemias pela Abordagem dos Determinantes da
Saúde.
iv) Programa de Reforço do Sistema de Informação Sanitária e Desenvolvimento da
Investigação em Saúde.

2.5 Política de Assistência e Protecção Social


i) Programa de Apoio à Vítima de Violência.
ii) Programa de Melhoria do Bem-Estar dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.

iii) Programa de Modernização do Sistema de Protecção Social Obrigatória.

2.6 Política de Habitação


i) O Executivo vai continuar a promover o loteamento e infra-estruturação de reservas
fundiárias, bem como a mobilização dos diversos actores para a sua participação no
programa da habitação social, através da auto-construção dirigida.

ii) Ainda no âmbito desta política, o Executivo perspectiva dotar de infra-estruturas todas as
centralidades/urbanizações com casas já concluídas e não habitadas, assim como
desenvolver, através de Parcerias Público-Privadas (PPP), novas centralidades/
urbanizações de modo a aumentar a oferta de habitações.

2.7 Política de Cultura


i) Programa de Valorização e Dinamização do Património Histórico e Cultural.
ii) Programa de Fomento da Arte e das Indústrias Culturais e Criativas.
iii) Política de Desporto.
iv) Programa de Generalização da Prática Desportiva e Melhoria do Desporto de
Rendimento.

8
2.8 Políticas e Programas Orçamentais para o Sector Económico
2.8.1 Política de Sustentabilidade das Finanças
i) Programa de Melhoria da Gestão das Finanças Públicas.

2. 8.2 Política de Ambiente de Negócios, Competitividade e Produtividade


i) Programa de Melhoria do Ambiente de Negócios e Concorrência.
ii) Programa de Melhoria da Competitividade e Produtividade.
iii) Programa de Melhoria do Sistema Nacional da Qualidade.
iv) Programa de Promoção da Inovação e Transferência de Tecnologia.

2.8.3 Política de Fomento da Produção, Substituição de Importações e Diversificação


das Exportações

i) Programa de Apoio à Produção, Substituição das Importações e Diversificação das


Exportações.

ii) Programa de Fomento da Produção Agrícola.


iii) Programa de Fomento da Produção Pecuária.
iv) Programa de Fomento da Exploração e Gestão Sustentável de Recursos Florestais.
v) Programa de Melhoria da Segurança Alimentar e Nutricional.
vi) Programa de Exploração Sustentável dos Recursos Aquáticos Vivos e do Sal.
vii) Programa de Desenvolvimento da Aquicultura Sustentável.
viii) Programa de Desenvolvimento e Modernização das Actividades
Geológico-Mineiras.
ix) Programa de Desenvolvimento e Consolidação da Fileira do Petróleo e Gás.
x) Programa de Fomento da Produção da Indústria Transformadora.
xi) Programa de Desenvolvimento de Indústrias da Defesa.

xii) Programa de Desenvolvimento Hoteleiro e Turístico.

2.8.4 Política de Sustentabilidade Ambiental


i) Programa de Alterações Climáticas.
ii) Programa de Biodiversidade e Áreas de Conservação.

9
iii) Programa de Ordenamento do Espaço Marinho e Saúde do Ecossistema. iv)
Programa de Prevenção de Riscos e Protecção Ambiental.

2.8.5 Política de Emprego e Condições de Trabalho


i) Programa de Reconversão da Economia Informal.
ii) Programa de Promoção da Empregabilidade.
iii) Programa de Melhoria da Organização e das Condições de Trabalho.

2.9 Políticas e Programas Orçamentais para o Sector de Infra-Estruturas

2.9.1 Política de Transporte e Logística


i) Programa de Modernização e Desenvolvimento da Actividade de Transportes.
ii) Programa de Desenvolvimento e Melhoria das Infra-Estruturas de Transportes.
iii) Programa de Expansão do Transporte Público.
iv) Programa de Desenvolvimento da Logística e da Distribuição.
v) Programa de Rede Nacional de Plataformas Logísticas.
vi) Programa de Desenvolvimento e Operacionalização da Rede de Armazenagem,
Distribuição e Comercialização de Bens Alimentares.

2.9.2 Política de Energia Eléctrica


i) Programa de Expansão do Acesso à Energia Eléctrica nas Áreas Urbanas, Sedes de
Município e Áreas Rurais.
ii) Programa de Consolidação e Optimização do Sector Eléctrico.

2.9.3 Política de Água e Saneamento


i) Programa de Expansão do Abastecimento de Água nas Áreas Urbanas, Sedes de
Município e Áreas Rurais.
ii) Programa de Desenvolvimento e Consolidação do Sector da Água.
iii)Programa de Saneamento Básico.
2.9.4 Política de Comunicações
i) Programa de Desenvolvimento de Infra-Estruturas de Telecomunicações e
Tecnologias de Informação.

10
3. ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO DE 2022

Para Rosenthal (1998), o orçamento é uma boa maneira de se aferir como os Legislativos
estaduais se relacionam com o Executivo. É através do orçamento do Estado que os
recursos são alocados nas diferentes funções, programas e interesses. Dessa maneira, é o
principal documento de políticas públicas que o Legislativo e o governador promulgarão.
Enquanto o governador e o Legislativo podem optar entre a apresentação ou não de
inúmeras políticas na agenda estadual, este não é o caso do orçamento que,
constitucionalmente deve ser apresentado anualmente.

O orçamento é um instrumento fundamental de governo, no qual os governantes elegem


prioridades de políticas públicas, decidindo como gastar os recursos extraídos da sociedade,
direccionando-os para os diferentes grupos sociais, conforme seu peso e força política
(Abrucio e Loureiro, 2005). Apesar de se revestir de uma aura técnica, o Orçamento tem
um importante carácter político, tendo em vista que reflecte os resultados de uma disputa
sobre quem receberá o quê. Os recursos são finitos e as destinações diversas: educação,
transporte, saúde, segurança pública, meio ambiente, desenvolvimento, dentre outros.

O Orçamento Geral do Estado (OGE) é o principal instrumento de programação anual, da


política económica e financeira do Estado. O OGE é elaborado e aprovado nos termos do
artigo 104.º da Constituição da República de Angola e da Lei n.º 15/10, de 14 de Julho, Lei
do Orçamento Geral do Estado. Obedecendo a legislação em vigor, o OGE respeita os
princípios da unidade e da universalidade orçamental.

O OGE elenca a previsão de receitas que o Executivo espera arrecadar ao longo do ano
corrente da sua vigência, com base nessa previsão define limites de despesas a serem
realizadas no mesmo período. O OGE constitui, assim, um instrumento chave de gestão
das Finanças Públicas, de alocação de recursos de acordo com as prioridades estabelecidas,
e de concretização das políticas de desenvolvimentos económico e social do Executivo,
expressa no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022.

O montante total da proposta de Orçamento Geral do Estado para 2022 foi calculado em
cerca de 18,7 biliões de kwanzas, apontando para um aumento de 26,8% quando

11
comparado com o Orçamento Geral do Estado para 2021 que foi avaliado em cerca de 14,8
biliões de kwanzas.

No âmbito das projecções fiscais o OGE para 2022 apresentará um total de receitas de
cerca de 11.637 mil milhões de kwanzas o que corresponderá a 21,3% do PIB, e cerca de
11.635 mil milhões de kwanzas de total de despesas, equivalente a 21,3% do PIB.

O OGE para 2022 aponta para o um saldo fiscal global superavitário de 1,5 mil milhões de
kwanzas correspondentes a 0,003% do PIB.

3.1 Previsão das Despesas

Desde 2018 que a grande prioridade do OGE, continua a ser o pagamento da dívida
pública. A mesma representa cerca de 50% da actual proposta do OGE e 52% do OGE de
2021.

Quando comparado, dá a impressão que o peso da dívida pública de um ano para o outro,
reduziu em praticamente 2 p.p. Mas acontece que, se efectuarmos a análise do montante da
dívida para o ano de 2022 com a despesa global de 2021, vamos notar que o peso com as
operações da dívida é de 63%, o que representa um aumento de 1,5 biliões de kwanzas.

A figura abaixo apresenta as prioridades da proposta de OGE para 2022

Figura 1 – Prioridades Orçamentais

12
Fonte: elaboração própria

A segunda maior fatia da despesa global, vai para os serviços de soberania. Mas de
acordo como foi desenvolvido no relatório de fundamentação, a segunda maior fatia é
dirigida ao sector social, isto porque o Governo dentro dos serviços de soberania, extrair
os serviços públicos gerais dando a impressão que, depois dos serviços da dívida, o sector
social aparece como a segunda prioridade com cerca de 19% da despesa global.

As despesas do Orçamento Geral do Estado são sempre analisadas em duas (2)


perspectiva:

• Global
• Fiscal

A despesa na perspectiva global- representa a despesa do ano que o Orçamento diz


respeito, mais a despesa referente as dívidas contraídas nos anos anteriores. Já na
perspectiva fiscal, a despesa apresentada diz respeito ao ano de referência do Orçamento.

Tabela 1- Representação das Receitas e Despesas do OGE para 2022

Descrição Valores Percentagem do PIB


Receitas fiscais 11.637,4 21,3%
Despesas fiscais 11.635,9 21,3%
Saldo Orçamental 1,5 0,0%
Fonte: elaboração própria

Valores expressos em mil milhões de kwanzas

Relativamente a distribuição funcional da despesa, a nossa análise apresentará maior enfase


ao sector social.

3.2 Sector social

De acordo com o Relatório de Fundamentação, o sector social deverá absorver 38,1% da


despesa fiscal, que corresponde a 19,2% da despesa total e um aumento de 28,2% face ao
OGE de 2021.

13
4. CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA

Do ponto de vista formal a Constituição económica é a parte económica da Constituição do


Estado, em que estão contidos os dispositivos essenciais ao ordenamento da actividade
económica desenvolvida pelos actores económicos (indivíduos, pessoas colectivas,
incluindo o Estado). É neste conjunto de dispositivos que se encontram escalpelizados os
direitos, deveres, liberdades e responsabilidades destes mesmos actores no exercício da
actividade económica.

Seguindo Sousa Franco e Oliveira Martins, a Constituição económica é conformadora das


restantes normas da ordem jurídica da economia1.

4.1 Nova Constituição Económica de Angola

A Nova Constituição Económica de Angola, resultante da aprovação da Constituição da


República de 5 de Fevereiro de 2010, reafirmou a consagração de uma economia de
mercado na base dos princípios e valores da sã concorrência, da moralidade e da ética,
previstos e assegurados por lei. Para alcançar tal desiderato, cabe ao Estado o papel
regulador do desenvolvimento económico nacional. A organização e a regulação das
actividades económicas assentam na garantia dos direitos da liberdade económica em geral,
na valorização do trabalho, da defesa do consumidor e do ambiente, constituindo limites ao
poder económico, seja ele público ou privado. A Nova Constituição Económica de Angola
enumera outros princípios fundamentais sob os quais se alicerça a organização económica,
financeira e fiscal, tais sendo dentre outros: - Livre iniciativa e económica e empresarial, a
exercer nos termos da lei - Respeito e protecção à propriedade e iniciativas privadas -
Função social da propriedade - Redução das assimetrias regionais e desigualdades sociais -
Concentração social.

4.2 Endereço da Constituição Económica na Constituição da República de Angola

Na actual Constituição da República de Angola a Constituição Económica tem endereço


certo. Dela fazem parte o direito à livre iniciativa económica prevista no artigo 38º da CRA
inscrito no Capítulo II sobre direitos, liberdades e garantias fundamentais; a propriedade

1
Constituição Económica Português, Coimbra; Almedina, 1993, p.16

14
intelectual prevista no artigo 42º do CRA, também inscrito no Capítulo II; o direito do
trabalho e os direitos do consumidor previstos respectivamente nos artigos 76º e 78º da
CRA e ambos inscritos no Capítulo III sobre direitos e deveres económicos, sociais e
culturais.

O título III relativo a organização económica, financeira e fiscal, dedica 16 artigos com
disposições referentes a organização económica (do artigo 89º ao artigo 104º).

Também é de considerar nesta sede o título IV da organização do poder do Estado, os


dispositivos constitucionais sobre competências para a definição da política económica
pelos órgãos de soberania, como o que resulta do artigo 120º referente as competências do
titular do Poder Executivo2, em especial no que diz respeito as alíneas b), c) e d); artigo
162º alíneas b), d) referentes as competências de controlo e fiscalização da Assembleia
Nacional no exercício do Poder Legislativo.

5. FUNÇÕES ECONÔMICAS DO ESTADO ANGOLANO

5.1 O estado coordenador da economia

A al. a) do artigo 89º diz “ papel do Estado de regulador da economia e coordenador do


desenvolvimento económico nacional harmonioso, nos termos da constituição e da lei.”

A partir do artigo supracitado, podemos inferir que o Estado Angolano exerce a sua função
coordenadora da economia (intervenção indirecta), garantindo a liberdade económica em
relação aos agentes económicos (privados e estatais) de forma autónoma e gestionária
(Ferreira, 2001, p. 295 à 330; Franco, 1983, p. 295 e seguintes).

O Estado, através dos princípios jurídicos gerais, ordena a actividade económica aplicando
o direito.

6. INTERVENÇÃO DO ESTADO ECONOMIA


2
O Conselho de Ministros enquanto órgão auxiliar do Presidente da República, compete pronunciar-se nos
termos do n.º4 do artigo 134º do CRA, sobre instrumentos de planeamento nacional de medidas gerais de
execução do programa de governação do Presidente da República.

15
É entendimento pacífico, a luz da doutrina, que a constituição económica consagra os
princípios programáticos que presidem as formas e o regime de intervenção do Estado na
economia numa perspectiva relativa ou absoluta; por isso, a constituição económica “
disciplina juridicamente os regimes económicos (relações concretas entre o poder e a
economia), admitindo margens de variação discricionária, em função da livre decisão dos
órgãos do Estado” (Franco; Martins, 1993, p. 217).

O número 1 do artigo 89º da constituição reserva ao Estado Angolano um papel


coordenador e regulador de desenvolvimento económico. Todavia, o nº 2 do supracitado
artigo remete para a lei própria (ver entre outras leis relacionadas com o assunto-a lei nº
10/19, de Maio-lei de Bases das Privatizações) as formas e o regime de intervenção.

Intervenções do Estado na economia – “ é todo o comportamento do Estado (ou outras


entidades públicas equiparáveis) cuja função e finalidade consiste na modificação concreta
do comportamento de outros agentes ou sujeitos ou das condições concretas da actividade
económica. ” (Franco, 1999, p. 83).

6.1 Orçamento geral do Estado

O orçamento geral do Estado – é o “ documento apresentado sob a forma de lei, que


comporta uma descrição detalhada de todas as despesas do Estado, propostas pelo
executivo e autorizadas pelo Parlamento (Assembleia Nacional), e antecipadamente,
previstas para um horizonte temporal de um ano. ” (Pereira, Paulo Trigo; Afonso, António;
Arcanjo, Manuela; Santos, José Carlos Gomes, 2007, p. 318).

O orçamento geral do Estado por força do princípio da separação de funções e


interdependência dos órgãos de soberania deve elencar normas de autorização que
vinculem o Estado e outras entidades públicas nos seus actos traduzidos na previsão e
autorização de receitas e despesas, revestindo-se de força jurídica e geradores de direitos e
obrigações. (Duverger, 1998, p. 245 à 246).

Orçamento geral do estado como plano financeiro anual ou plurianual consolidado do


Estado devendo reflectir os objectivos, metas e acções plasmadas no plano nacional ( nº1
do artigo 104º);

16
Orçamento geral do Estado unitário, estimando receitas por obter e fixando os limites de
despesas autorizadas em cada ano fiscal para todos os serviços, institutos públicos, fundos
autónomos e segurança social, autarquias locais, de modo que a sua elaboração obedeça o
princípio de financiamento de todas as despesas previstas; sendo as regras da sua
preparação, elaboração, apresentação, adaptação execução, fiscalização e controlo
plasmadas em lei própria, obedecendo aos princípios de transparência, boa governação,
sendo o mesmo (orçamento geral do Estado) fiscalizado pela Assembleia Nacional e pelo
tribunal de contas nos moldes a definir em lei própria (números 1,2,3 e 4 do artigo 104º).

Por último, importa sublinhar:

 A decisão do Estado em reprivatizar determinado bem de produção justifica a


configuração da exigência de eficiência do sector público como manifestação da
persecução do interesse público. ( Otero, 1999, p. 36);
 A reprivatização do sector público empresarial total ou parcial nunca conduz a uma
eliminação parcial ou total do Sector Público da prosperidade dos meios de
produção.
 O governo, ciente do seu papel de prossecução dos interesses públicos; não
intervém, directamente, na económica; remetendo tal tarefa, a outras formas de
intervenção (criação de empresas privadas, mistas, instrumento jurídicos, etc.), na
base do princípio de subsidiariedade.

A palavra “ estatização” é utilizada, neste caso e em regra, em sentido pejorativo, como


caricatura da nacionalização, como desvio ao seu verdadeiro sentido” (Almeida, 1979, p.
67) criando, por vezes, entendimentos que, na verdade, não significam a mesma coisa.

6.2 Confiscos

Alguns autores (Guerra, 1994, p. 53) advogam que não é pacífico aflorar os confiscos em
sede do direito da economia; porquanto, até a doutrina do direito da economia de diversos
países, (por exemplo Portugal e França) apenas trata das nacionalizações, remetendo os
confiscos para o objecto de estudo do Direito Penal Economico. (Costa, 2003).

17
6.3 Privatizações

O termo privatização é múltiplo. (Bilbao, p. 29). Contudo, lato Sensu – Privatização - “ é


sempre tornar privado algo que antes não era, designado o termo privatização, o conteúdo
de uma política ou orientação decisória que tende a reduzir a actuação dos poderes
públicos, remetendo para o sector privado, ou para os seus agentes certas áreas ou zonas até
então objecto de intervenção pública”. (Otero, 1988, p. 166).

Ao socorrermo-nos do Direito Comparado (Direito Português) – As privatizações têm


como génese, duas fontes básicas distintas:

 “Regime de privatização - ou melhor, da reprivatização - dos bens de produção


objectivo de nacionalização revolucionaria, anteriormente salvaguardados e
hoje disciplinado pelo artigo 296º, nº 1, da constituição Portuguesa.”

 “Regime de privatização de todos os restantes bens de produção incluindo aqui


as pequenas e médias empresas indirectamente nacionalizadas situadas fora dos
sectores básicos da economia e a que se refere o artigo 296º, nº 2, disciplinado
pela referência feita pelo artigo 165º, nº 1 aliena I), da Constituição Portuguesa”
(Otero, 1988, p. 166).

Também, há que sobrelevar os princípios atinentes aos Direitos e Deveres Económicos,


Sociais e Culturais (artigos 76º à 88º), porquanto os direitos “ têm a ver com o estatuto
económico das pessoas, seja na qualidade genérica de titulares de um direito a trabalhar,
seja no papel de trabalhadores, de consumidores, de empresários ou de proprietários;” por
isso, não há uma fronteiras nítida entre os direitos, liberdades e garantias com os direitos
e deveres económicos e sociais, já que a dicotomia entre “ direitos económicos, sociais e
culturais assenta, em grande medida, na aldeia da natureza negativa e aplicabilidade directa
dos primeiros em contraposição a natureza positiva e a inexequibilidade directa dos
segundos. De resto há uma concatenação intrínseca e conjugada entre os princípios
fundamentais ( artigos 1º, 2º 6º , 14º e outros), o principio da democracia económica, social
e cultural ( 14º,77º , 79º, 82º, 83º, 85º, 87º, 89º, 90º, e outros), em consonância com os
comandos jurídico – constitucionais direccionados para a condução da politica
económica a executar pelos distintos órgãos e regiões do Estado, tais como:

18
 Órgãos de soberania;
 Instituições públicas e privadas;
 Província, Município e Comunas.

6.4 Aspectos gerais

As nacionalizações, a nível do mundo, constituíram um fenómeno que apareceu de forma


constante e cíclica no seculo XX, (Almeida, 1979, p. 47) fruto da industrialização,
concentração e crescimento da economia internacional, aliada ao surgimento de
constituições de constituições modernas, (Por exemplo: Constituição Mexicana de 31 de
Janeiro de 1917; Constituição de Weimar (Alemanha) em 1919; Portugal (1974/76)
revoluções politicas e guerras, (Programa de nacionalizações da URSS; Colectivização da
terra e a reforma agraria que ocorreu na China Popular em 1949; Nacionalização do Cana
de Suez no Egipto em 1956; Nacionalização da industria petrolífera do Irão em 1957)
dando origem, inevitavelmente, o nascimento do sector público económico.

6.5 Nacionalizações

A nacionalização, juridicamente, é entendida como a “ transferência da propriedade privada


para o sector público,” (Almeida, 1979, p. 66) ou “ a subsequente gestão pública dos
patrimónios transferidos.” (Almeida, 1979, p. 67).

As nacionalizações, amiúde, têm suscitado alguma confusão na sua compreensão em


relação ao terno ao termo “ estatização”.

Sistema financeiro como garante da formação, captação, capitalização e segurança das


poupanças bem assim da mobilização, aplicação dos recursos financeiros necessários ao
desenvolvimento económico e social, ficando a organização, funcionamento e fiscalização
das instituições financeiras reguladas em lei própria ( nºs 1 e 2 do artigo 99º);

Planeamento como modo de regulação, fomento e coordenação do desenvolvimento


nacional, sem ferir o disposto no artigo 14º da constituição (números 1 e 2 do artigo 91º);

Garantias da existência sectores económicos (público, privado e cooperativo).

19
7. O ESTADO REGULADOR DA ECONOMIA

O estado Angolano desempenha um papel regulador (alínea a) do artigo 89º da CRA) no


domínio económico. Os bens públicos têm merecido, por parte do Estado, uma protecção
especial tendo em conta o processo frequente da passagem de importantes unidades
produtivas do sector público para o sector privado, surgindo, assim, o fenómeno da
regulação que encerra uma definição difícil e complexa, conforme afirmaram, sabiamente,
alguns tratadistas da matéria do seguinte modo: O desenvolvimento da regulação como
fenómeno institucional é uma indústria académica não significa que a regulação seja
susceptível de uma definição fácil.

A privatização, nem sempre é pacífica, tao pouco simples: visto que obedece um quadro
complexo, acrescido a diversos actos (jurídico-formais) que devem ser enquadrados e
imbricados devidamente. A respeito do tema, em análise, o ilustre Doutor Luís Morais,
ensina: “ Esses processos compreendem um sucesso complexo de actos políticos (com
relevância jurídica), de actos jurídicos formais e múltiplas etapas temporalmente, embora
encadeadas. ” (Morais, 19995, p. 4).

7.1 Reprivatizações

Ao abordarmos o fenómeno das revitalizações, vêm à colocação as seguintes perguntas:

a) Será que as reprivatizações constituem o presságio da eliminação total e/ou parcial


do sector público?
b) Qual é o papel do governo no processo das reprivatizações, normalmente, no âmbito
da revitalização e iniciativa económica?

A reprivatização pressupõe o acto de “ devolver” para a área privada algo que


anteriormente ai já esteve integrado.” (Otero, 1999, p. 23). Por isso, a reprivatização
caracteriza-se pelos seguintes traços essenciais:

c) Transferência da propriedade do bem para o sector privado;


d) O novo proprietário, do bem adquirido, deve estar no sector privado, típico ou
normal;

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e) O bem a transferir ou transferido para o sector privado, típico ou normal já
pertencer, anteriormente, ao sector privado típico ou normal; esta constitui a
condição sine-qua-non da existência da reprivatização; (Otero, 1999, p. 24).

Os adquirentes dos bens a bens “ reprivatizar”, nem sempre integram o sector privado
típico ou normal; surgindo, deste modo, o cenário de reprivatizações imperfeitas. (Otero,
1999, p. 20).

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CONCLUSÃO

O Estudo das políticas públicas constitui um vector fundamental para promover o


desenvolvimento local. São as políticas públicas que orientam a acção governamental a
nível sectorial e a nível local. Em Angola, as políticas públicas são elaboradas para resolver
problemas identificados por vários agentes públicos e cidadãos anónimos, na perspectiva do
contributo à harmonização social, a atender os efeitos da guerra desarticulou a economia,
reduziu a pouco ou quase nada as actividades produtivas, especialmente a agricultura,
provocou a migração interna e aumentou o desemprego.

As políticas são orientadas pata a estabilidade, o crescimento e o emprego constituem o


eixo principal das políticas públicas, dos planos e programas de acção do Governo
angolano A complexidade dos problemas que a sociedade enfrenta e os desafios
decorrentes das mudanças conjunturais e estruturais, leva a um debate quanto a eficácia na
implementação das Políticas públicas. Este confronto implica análise dos caminhos actuais
e a sua efectividade em diferentes esferas da vida nacional com destaque para o papel da
ciência na dinamização de soluções tendentes a melhoria contínua do desempenho das
políticas pública e da acção governamental.

O Executivo de Angola tem adoptado políticas e programas consistentes com a visão de


que a estabilidade macroeconómica, os planos de educação e formação de quadros e da
mão-de-obra nacional, as medidas activas de emprego adaptadas à conjuntura, as acções de
fomento e dinamização dos sectores da vida económica e social do país

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