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Lisboa, 2021
AGRADECIMENTOS
“ O sucesso, nem sempre tem a haver com quão bem feito um trabalho pode ser
desempenhado, mas pela forma como nos importamos e conectamos às pessoas ao
nosso redor”.
Fazendo uma introspeção, posso chegar a conclusão que só tenho motivos para
agradecer, pois, independentemente das circunstâncias, todas as coisas têm cooperado
para o bem.
Agradeço primeiro à Deus, pela capacitação, por ser o meu Pilar e me munir de
forças para enfrentar obstáculos e prosseguir com os olhos focados na meta.
Agradeço à minha mãe Leonor Menezes da Silva, as minhas irmãs Sarine e Lessánia, por
estarem sempre ao meu lado, sou abençoada por vos ter.
Agradeço também ao meu Pai, Sá da Silva, pois embora não quisesse ter a filha
distante do país, ainda assim, acredito que deve estar orgulhoso, por mais uma conquista.
Agradeço à minha Rosinha (minha tia e mãe), por nunca medir esforços pelos seus. Por
ter apostado em mim! A vitória é nossa.
Ao meu avô, Manuel Marcos de Menezes, que também é um pai muito amável e
presente.
À toda a família (Avôs, tios, primos e amigos), o meu muito obrigado.
Aos meus orientadores, professores de referência, Álvaro Dias e Carlos Paz, que
muito admiro e respeito, agradeço por acompanharem-me nesta caminhada. Agradeço
pela disponibilidade e apoio no desenvolvimento deste estudo, que Deus possa abençoar
de forma abundante as suas vidas e as suas famílias.
Aos Representantes da AIPEX (Dr. Cândido Cornélio Filho, Dr. Eusébio Sapalo e
ao Dr. Tchisseke Maiato), pela disponibilidade durante as entrevistas.
Muito obrigada.
II
RESUMO
III
Quanto ao método quantitativo, foi realizado um inquérito online, no Google Docs,
onde foi possível colher dados estatísticos para fundamentar a parte prática do estudo.
Após toda a investigação, foi-nos possível concluir que Angola é de facto um país
que atrai o olhar de potenciais investidores estrangeiros, precisamente na área do
Turismo. Angola possui 18 províncias/cidades e muitas delas (em termos de prioridade),
servem de aposta do governo para atração do investimento estrangeiro.
Possuímos uma fauna e flora bastante atrativa, belas paisagens, um território vasto
e pode ser melhor explorado.
Contudo, reconhece-se que Angola também possui algumas fragilidades, em
termos de burocracia (documentos), corrupção, volatilidade procura de mercado,
infraestrutura e serviços públicos debilitados, custo de inputs elevados… Ou seja, possui
fatores que podem ser melhorados.
O lado positivo, é que o governo Angolano, está empenhado em implementar
políticas que alavanquem o setor turístico nacional, que certamente contribuirá e muito
para o crescimento económico do país. Projetos como o Plano Nacional de
Desenvolvimento 2018-2022, é um dos que ainda está em curso e reúne várias
estratégias que ainda serão implementadas com este objectivo.
IV
ABSTRACT
The choice of title and theme arose from the need to better understand how
Foreign Direct Investment can be used to boost the economy not only of the receiving
country, but also of the issuer, i.e. the investing country.
It is recognized that no matter how developed a country may be, none is self-
sufficient. To a lesser or greater extent, one will always need the other, fundamentally if
the one that needs it most (despite the crisis), still has what to offer.
It is also essential to highlight that the focus of the study was on the Angolan
tourism sector.
Thus, knowing the motivations, opportunities, risks and barriers that countries face
when faced with the possibility of investing in the Angolan tourism sector is interesting and
central to understanding the behaviour both of Angola (in terms of agreements, strategies
and policies adopted) and of potential investor countries.
For the preparation of this paper, the mixed methodology was used, which
combines the strengths of qualitative and quantitative methods.
As for the qualitative method, a questionnaire was prepared which served as the
basis for an interview, the interviewees of which were representatives of the Angolan
Ministry of Tourism, Culture and the Environment and representatives of AIPEX (Angola's
Investment and Export Promotion Agency). This was a rich interview, as it enabled us to
gather fundamental data for the development of this study.
V
It was also possible to obtain data through reports made available by the Ministry
of Tourism, AIPEX and global institutions such as UNO, World Bank, WORLD TOURIS,
and different bibliographic researches.
As for the quantitative method, an online survey was carried out, on Google Docs,
where it was possible to collect statistical data to substantiate the practical part of the
study.
After all the research, it was possible to conclude that Angola is in fact a country
that attracts the eye of potential foreign investors, precisely in the area of Tourism. Angola
has 18 provinces/cities and many of them (in terms of priority) are used by the government
to attract foreign investment.
We have a very attractive fauna and flora, beautiful landscapes, a vast territory that
could be better explored.
VI
ÍNDICE DOS CONTEÚDOS
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... II
RESUMO ............................................................................................................................ III
ABSTRACT ......................................................................................................................... V
ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................................ IX
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................ IX
ÍNDICE DE GRÁFICOS ...................................................................................................... X
ABREVIATURAS ............................................................................................................... XI
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
Capítulo 1: Revisão da Literatura ........................................................................................ 2
1.1- Internacionalização de Empresas ................................................................................. 2
1.2- Estratégias da Internacionalização ............................................................................... 5
1.3- Investimento Direto Estrangeiro.................................................................................... 8
1.4- Investimento Direto Estrangeiro nos países subdesenvolvidos .................................. 11
1.5- Crise Financeira.......................................................................................................... 13
Capítulo 2: O Turismo em Angola ...................................................................................... 15
Capítulo 3: Metodologia ..................................................................................................... 17
3.1- Objetivos da Investigação: Gerais e Específicos ........................................................ 17
3.2- Questão de Investigação ........................................................................................... 18
3.3 - Hipóteses................................................................................................................... 18
3.4- Ambiente da pesquisa ................................................................................................ 21
3.4.1- Delineamento da pesquisa e processo de Investigação .......................................... 22
3.4.2- Recolha de dados Primários .................................................................................... 24
3.4.3 Recolha de dados secundários: ................................................................................ 24
3.5 - Variáveis .................................................................................................................... 25
3. 6- Apresentação dos Resultados (Recolha de dados) ................................................... 26
3.6.1 - Caracterização Socioprofissional dos Participantes ............................................... 26
3.6.2- Apresentação dos conteúdos da entrevista. ............................................................ 27
3.7- Apresentação dos conteúdos do Inquérito feito no Google DOCS. ............................ 43
Capítulo 4: Discussão dos Resultados Obtidos ................................................................. 54
Conclusão .......................................................................................................................... 61
Conclusões Finais da Autora ............................................................................................. 65
VII
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 67
Anexos ............................................................................................................................... 70
VIII
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
IX
Figura 10 – Plano de Desenvolvimento Nacional (2018-2022)…………………………….38
ÍNDICE DE GRÁFICOS
X
ABREVIATURAS
XI
INTRODUÇÃO
Por sua vez, Da Silva (2016), defende que existem duas principais componentes da
internacionalização: o comércio internacional, (envolvendo as exportações e as
importações) e o IDE (investimento direto estrangeiro), (Oberhofer e Pfaffermayr, (2012);
mas existem ainda, outras formas de internacionalização, como o outsourcing, as joint
1
ventures internacionais, licenciamento e/ou cooperação internacional (Kalinic e Forza,
2012).
Assim sendo, este trabalho procura abordar como é que a atração de investimento
direto estrangeiro (como uma estratégia de internacionalização), pode ser uma estratégia
governamental a ser usada, para reduzir os efeitos da crise e ainda dar abertura para
novas parcerias, visando o crescimento económico do país.
Por sua vez, Neide (2019), defende que, ao longo do tempo, tem sido notório, que
muitas empresas têm optado por deslocar os seus serviços, para outros países,
procurando suprimir as dificuldades encontradas no mercado doméstico. Deste modo,
aproveitam os progressos providenciados pela globalização, porque ao derrubar as
fronteiras, elas passam a beneficiar também de avanços significativos, numa esfera
económica e isso, gera como consequência o avolumar da competitividade global.
Neste trabalho, serão evidenciadas as motivações, oportunidades, barreiras e
riscos associados ao investimento direto estrangeiro no setor turístico angolano, para que
estando focados, numa única direção (turismo), possamos ter um melhor direcionamento
e compreensão sobre o estudo.
Por vivermos num mundo cada vez mais globalizado e face ao aumento da
concorrência no mundo empresarial, a expansão internacional tem servido de resposta
para muitas empresas, diante de crises que ameaçam a sua sobrevivência (Martins,
2013).
2
Deste modo, a internacionalização pode ser definida como um processo através do
qual a organização começa a desenvolver operações para além da delimitação geográfica
e do seu mercado de origem. Este procedimento, também pode estar relacionado a uma
estratégia de produtos, mercados e a uma integração vertical para outros países, que
resulta numa replicação total ou parcial da sua cadeia operacional (Martins 2013).
Esta, pode também ser conhecida como uma evolução gradual com etapas bem
definidas, através da qual, as organizações adquirem recursos e aprendem a operar nos
mercados estrangeiros (Andersson,2004).
Porém, existem várias motivações que levam uma organização a partir para parta
para o estrangeiro (Martins 2013). Elas podem buscar uma possibilidade de aumento da
competitividade de uma organização a longo prazo, através da exploração das
competências centrais em novos mercados, da realização de economias de localização
(mercados favoráveis para o desenvolvimento das atividades) e do aumento das
economias de escala (volume vendas e diminuição dos custos e de experiência (Serra et.
al 2010).
Santos (2016), por sua vez, vai mencionar que, a internacionalização é motivada
pela necessidade de fazer com que uma empresa cresça além da sua fronteira, de formas
que possa beneficiar-se das economias de escala, aumentar o seu poder de mercado e
melhorar a sua capacidade competitiva. (Ferreira, Reis e Serra (2011).
3
está ligada à teoria dos custos de transação (Teece, 1986), pois, esta última, numa
perspetiva mais abrangente, defende que quando o custo de aquisição (e, portanto, de
transação) de um produto, serviço ou matéria-prima for superior ao da sua produção
interna, então esse produto, serviço, ou matéria-prima, deve ser produzido internamente.
4
grupos industriais fortes.
Teoria da Vantagem Porter (1990) Condições de Fatores;
Competitiva condições de procura; indústrias
relacionadas e de suporte;
estratégia; estrutura e rivalidade
empresarial.
Teoria da Produção Dunning (1980) Condições de atratividade do
Internacional país hospedeiro
Teoria da Internacionalização Coase (1937) Imperfeições do Mercado
Williamson (1975)
Buckley (1982-1988)
Buckley & Casson (1976-
1985)
Hennart (1977-1982-
1991)
Teoria Eclética (Paradigma OLI) Dunning (1995-1998- Imperfeições de Mercado,
2000) Custos de Transação e
Vantagens de localização
Fonte: Botelho (2015, p, 54)
Para que haja uma melhor compreensão em relação ao tema em causa, torna-se
fundamental estudar os motivos que fazem com que as empresas decidam
internacionalizar os seus negócios e quais as são estratégias que elas adotam.
5
marketing de vendas, join ventures, alianças, redes industriais para a internacionalização,
visando o aumento da eficácia das empresas e o seu crescimento.
Da Silva (2016), por sua vez, defende que o comércio internacional (dado através
das exportações e das importações) e o IDE (investimento direto estrangeiro), são as
duas principais componentes da internacionalização (Oberhofer e Pfaffermayr, (2012);
embora, tal como citado a cima, existam outras formas de internacionalização, como , as
joint ventures internacionais, o outsourcing e o licenciamento e/ou cooperação
internacional (Kalinic e Forza, 2012).
Por outro lado, autores como Dal-Soto, Alves & Bulé (2014), defendem que a
internacionalização pode assumir dois formatos:
6
- Modelos de (Inter)ligações (internacionalizações alcançadas através do aproveitamento
de oportunidades internacionais através do networking).
Kaynak (2014), cita que, estas três categorias refletem diferenças importantes no
entendimento do processo de internacionalização de uma empresa. Estas diferenças
podem ser ilustradas olhando para as seguintes categorias:
Uma visão de mundo subjetiva implica que a teoria pressupõe que o mundo dos
negócios é uma construção social, ou seja, criada pelas ações e interação dos seres
humanos. Nenhuma lei geral de comportamento pode ser encontrada porque cada
situação é única.
7
Uma abordagem dinâmica também pode implicar que não é o tempo, como tal, que
interessa, mas sim os processos dinâmicos, por exemplo, a interação entre um exportador
e um importador que aumenta gradualmente a internacionalização da empresa.
Segundo Neide (2019), ao longo do tempo, tem sido notório, que muitas empresas
têm optado por deslocar os seus serviços, para outros países, procurando suprimir as
dificuldades encontradas no mercado doméstico. Deste modo, aproveitam os progressos
providenciados pela globalização, porque ao derrubar as fronteiras, elas passam a
beneficiar também de avanços significativos, numa esfera económica e isso, gera como
consequência o avolumar da competitividade global.
Assim, entende-se que a competitividade das empresas passa também a ser
medida com base no seu nível de exportações, no seu fluxo de investimento (IDE), bem
como, na sua na sua rede de parceiros nacionais e internacionais (Amaral, Raboch, &
Tomio, 2009).
8
Cita Pereira (2012), vai definir o IDE (investimento direto estrangeiro), como uma
forma de investimento, que é efetuado, para adquirir um interesse duradouro em
empresas que operam fora da economia do investidor (FMI, 1993; OCDE, 2001). A
entidade estrangeira ou grupo de entidades associadas que fazem o investimento são
designados “investidores diretos”. A empresa incorporada, filial ou subsidiária, é referida
como uma “empresa de investimento direto”. O FMI define ainda um limiar de dez por
cento de participação acionista para qualificar um investidor como investidor estrangeiro
direto (FMI, 1993).
Segundo Castilho (2014), os anos 50, foi marcado, por ser uma época, em que a
economia mundial foi dominada pelas empresas norte-americanas, que lideravam em
termos de investimento direto. As empresas japonesas e europeias faziam os possíveis
para alcança-las e usavam a exportação como arma principal.
Entretanto, de acordo os autores, as mudanças no mercado internacional,
começaram a ser sentidas entre os anos 60 e 70 com o aumento da quota de mercado da
quota de mercado das empresas americanas. Porém, só nos anos 80, houve a grande
alteração no que diz respeito ao IDE e, os Estados Unidos da América, passou de
principal emissor de IDE para principal recetor (Hagedoom & Schakenraad (1991)).
Castilho (2014), ainda cita que, com base em estudos analisados, é possível
afirmar que o IDE e o comércio internacional, são aspetos importantes na
internacionalização de uma economia. Faini (2005) realça a importância do IDE e do
comércio internacional durante o boom no processo de internacionalização nos anos 80.
Pournarakis & Varsakelis (2004) por sua vez, apresentam o IDE como fator de integração
na economia e o peso das exportações no PIB e do comércio internacional (exportação +
importação) no PIB como medidas do grau de internacionalização de uma economia.
9
Ideia esta, reforçada por Fernández, García, & Tortosa-Ausina (2007), que ao
classificarem os indicadores da integração económica internacional aponta o grau de
abertura comercial como uma medida de integração económica.
Por sua vez, ainda quanto a teoria do investimento direto estrangeiro, Botelho
(2015), cita que as empresas procuram oportunidades em países estrangeiros para
efetuar o seu investimento, tendo como estratégia a exploração de vantagens
competitivas intrínsecas e a ausência de competências das empresas concorrentes.
Esta teoria considera que as imperfeições do mercado e a diferenciação da empresa são
fatores catalisadores para o investimento direto estrangeiro.
10
- O primeiro caracteriza-se por envolver a transferência para outro país de um conjunto de
ativos e produtos intermediários que inclui capital financeiro, tecnologia, know-how
(conhecimento do saber fazer), técnicas de gestão, liderança e acesso a mercados
externos, com o controlo do uso dos recursos por parte do investidor.
Botelho (2015), concluirá que, as empresas optam pelo IDE quando os benefícios
líquidos, decorrentes da internalização de atividades no mercado doméstico e no
estrangeiro, são superiores aos que seriam proporcionados pelas relações comerciais
externas. Isto sucede porquanto a empresa consegue impor a definição e aceitação das
obrigações contratuais, a fixação dos preços e a exploração dos mercados.
11
de país para país e que as políticas comerciais têm um papel importante no impacto do
IDE sobre o crescimento económico.
Costa (2003), defende a ideia apresentada por Duning (1981, 1988), onde este
acredita que só há lugar para IDE, quando a empresa usufrui de três componentes
chaves:
Segundo Duning (1981, 1988) e citado por Costa (2003), as duas primeiras
vantagens, explicam o motivo pelo qual as empresas produzem fora do seu território. O
terceiro determinante explica a utilização dessas vantagens pela própria empresa, em vez
da sua cedência à empresas estrangeiras. Ou seja, quanto maior forem as vantagens
específicas de uma empresa (líquidas de qualquer desvantagem resultante do facto de
operar num mercado estrangeiro), maior será o incentivo para explorá-las, i.e de
internalizar as suas atividades, direcionando as atividades para os países que apresentam
maiores vantagens de localização (Costa, 2003ª).
12
desenvolvidas a buscar estratégias de terceirização e/ou investimentos estrangeiros
diretos em países com baixos custos trabalhistas (Dunning, 1989).
Kaynak (2014), cita que outros não viram outra alternativa senão localizar-se nos
países em desenvolvimento ou nas economias em transição da Europa Central e Oriental.
Como observa Dunning (1989), essas empresas se tornaram mais livres em sua
escolha de localização, uma vez que sua dependência de dotações de fatores naturais e
imóveis foi reduzida. Essas mudanças distintas nos negócios mundiais são causadas por
uma combinação de fatores externos e medidas políticas específicas de cada país que
favorecem a liberalização econômica e o investimento estrangeiro direto.
Conforme citado por Carvalho (2013), segundo Minsky (1977), um dos critérios que
permite avaliar a fragilidade ou a robustez de uma dada estrutura financeira é o modo
como nessa estrutura ponderam os financiamentos com cobertura de risco (hedge), os
financiamentos especulativos e os financiamentos Ponzi.
De acordo a teoria apresentada por Minsky (1977) e citada por Carvalho (2013),
existem três tipos de unidades económicas, segundo o grau de prudência do
endividamento:
-Em primeiro lugar, temos as unidades hedge, onde o endividamento é tal que as
entradas monetárias, provenientes dos rendimentos esperados, são superiores, em cada
período, às saídas destinadas ao pagamento de responsabilidades. Neste caso, seja qual
for a taxa de atualização considerada, o valor do investimento líquido é positivo.
- Em segundo lugar, temos as unidades especulativas, onde os fluxos monetários de
saída são superiores às entradas esperadas, em alguns curtos períodos de tempo,
embora as unidades se possam refinanciar no mercado. O valor líquido do investimento
pode, neste caso, tornar-se negativo, se a taxa de juros subir muito.
13
- Finalmente, as unidades Ponzi são aquelas onde apenas os fluxos financeiros
destinados ao pagamento dos juros da dívida excedem as entradas esperadas, pelo que
o valor líquido do investimento é então negativo.
Neste sentido, Minsky (1977, p.149) conclui que “se, em geral, a finança
especulativa torna a estrutura financeira frágil, então o financiamento contínuo ou
especulativo do investimento é uma parcela particularmente sensível da estrutura
financeira frágil”.
Por outro lado, para Kindleberger (2002), as crises financeiras estão intimamente
associadas aos períodos cíclicos da economia. Uma crise financeira ocorre quando se
observa uma mudança súbita no panorama económico. Novas oportunidades de lucros
emergem, ao mesmo tempo que o risco em torno dessas operações também se eleva. O
desequilíbrio entre essas duas forças - de ganhos e de perdas – faz instaurar as crises
financeiras.
Com efeito, para Kindleberger (2002), a definição de crise financeira deve considerar
as atitudes dos agentes económicos, por fazerem emergir os momentos de euforia,
bolhas e irracionalidades.
Quelhas (2013), por sua vez, defende que “o conceito de crise financeira, é por
excelência, um conceito inacabado, onde ponderam múltiplos elementos constitutivos,
nomeadamente de natureza bancária, monetária e cambial, que obstam à delimitação das
sua fronteiras”.
Quelhas (2013), ainda afirma que não há um consenso entre os economistas, porque
há várias teorias acerca do desenvolvimento das crises financeiras. As crises continuam a
14
ocorrer por todo o mundo, parecendo desencadear-se com certa regularidade, sendo
inerentes ao próprio funcionamento da economia capitalista.
Angola é um país, com uma área total de cerca 1 246 700 km2, com 1 600 km de
costa, com imponentes planaltos, praias, fauna e flora abundantes, cultura diversa, , povo
, vastos rios, e oferece grandes oportunidades de negócios no sector turístico.
O relatório publicado pelo PND- Angola/Portugais (2018), refere que a dimensão
territorial e litoral, a diversidade climática e paisagística, bem como a biodiversidade que o
País apresenta, ainda são desconhecidas pelo Turismo internacional.
Entretanto, o turismo angolano, tem como estratégia definir prioridades, regiões e
polos de desenvolvimento turístico, de modos que esteja focado no desenvolvimento
integrado e faseado de seis eixos estratégicos, nomeadamente:
Mercados emissores, enriquecimento da oferta, acessibilidades, promoção e distribuição,
serviços e competências, qualidade urbana e ambiental.
15
O Turismo, desde modo, apresenta-se como um sector promissor, que pode
contribuir para a redução da pobreza, aumentar as receitas internas e consequentemente
o crescimento económico do País.
O sector é determinante na inclusão e desenvolvimento social, vela pela identidade
nacional e pela imagem do país, reforça a cidadania e ajuda a conter o êxodo rural.
Todo esse processo permitiu o surgimento de um novo perfil de turistas, com maior
sensibilidade para as culturas locais, para o ambiente, e que procuram por experiências
únicas e de autorrealização, saúde e bem-estar, fruto também, da alteração do estilo de
vida das pessoas.
Angola, respeitando, os objetivos do milénio, tem estado a apostar na
sustentabilidade do turismo, que contempla a preservação da natureza, da fauna, da flora,
a manutenção da identidade cultural e outros recursos naturais.
O País tem uma forte reserva de património cultural, histórico e natural, povo
acolhedor, fauna e flora diversificada, localização privilegiada, extensão territorial e litoral,
16
que são uma mais-valia para impulsionar o desenvolvimento do turismo a médio e a longo
prazo. Daí, a necessidade da qualificação da oferta turística com o aumento da qualidade
e diversidade, tornando-o mais competitivo.
O relatório ainda revela que, Angola tem capacidade para ser um novo destino
turístico no século XXI, mas para tal, tem que continuar a apostar fortemente na
superação do défice de ofertas a vários níveis (mão de obra, quadro legal, inventariação e
caracterização dos ativos turísticos, meios de trabalho eficientes e criar uma visão
integrada do Turismo), uma vez que tem potencial para o seu desenvolvimento.
Capítulo 3: Metodologia
17
-Saber quais são as políticas/estratégias governamentais implementadas por Angola para
atrair o Investimento Direto estrangeiro na área do Turismo, neste contexto de crise que
enfrenta.
A presente Dissertação tem por base uma questão de partida. Assim, delimitamos o
caminho a ser traçado na investigação, de forma a alcançar o objeto primário da mesma.
3.3- Hipóteses
De acordo com Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, 2010, pag 5), existem quatro
motivos essenciais para a realização de IDE: a procura de recursos, procura de
mercadorias, procura de eficiência e a procura de ativos estratégicos, que se traduzem
em diferentes vantagens de propriedade, localização e internacionalização.
Os vários motivos existentes não são mutuamente exclusivos e cada vez mais as
empresas combinam um ou mais motivos tradicionais para justificarem as suas incursões
diretas nos mercados internacionais (Mehmed e Osmani, 2004).
18
H1: Existe uma relação positiva entre a motivação de investir na área do turismo angolano
e a atração de IDE.
Segundo Shenkar & Luo (2007), uma empresa multinacional (EMN) pode tanto afetar
a importação do país recetor (no caso de usar o país emissor como fornecedor de bens
intermédios para a produção no país recetor, logo afeta a exportação do país emissor),
como pode afetar a exportação do país recetor (ao produzir bens intermédios e exportar
para o país emissor ou para outros países, neste caso afeta a importação do país emissor
ou dos países para os quais os bens intermédios são enviados).
Por sua vez, ainda quanto a teoria do investimento direto estrangeiro, Botelho (2015),
cita que as empresas procuram oportunidades em países estrangeiros para efetuar o seu
investimento, tendo como estratégia, a ausência de competências das empresas
concorrentes e a exploração de vantagens competitivas intrínsecas.
H2: Existe uma relação positiva entre as oportunidades que Angola oferece e a atração de
IDE.
19
• As imperfeições na concorrência causadas pelas políticas dos governos na atração do
investimento.
H3: Existe uma relação negativa entre as barreiras que as empresas turísticas enfrentam
e a atração de IDE.
Conforme cita (Pereira 2012), uma das principais prioridades das empresas que atuam
internacionalmente, é a gestão do risco (Miller, 1992). Quando o destino destes
investimentos internacionais são países em desenvolvimento e emergentes, verifica-se
que estes, apesar de um dado progresso a nível da estabilidade política e da qualidade
das instituições económicas (Wyk e Lal, 2008), são normalmente associados a um
elevado nível de risco o qual inibe um maior influxo de investimento direto estrangeiro
(IDE) (Asiedu, 2002).
Tabela Hipóteses
20
H2 Segundo Shenkar & Luo (2007), Botelho +
(2015)
H3 Botelho (2015) -
H4 (Pereira 2012) -
Segundo Gil e Andrade (2002), o lugar onde o pesquisador busca realizar as suas
pesquisas designa-se ambiente de pesquisa. São percebidos nesse contexto, o lugar e a
forma de abordagem. Neste caso, estabelecemos duas formas distintas de abordar esse
tema, pesquisa de campo e bibliográfica.
No que toca a pesquisa de campo, Andrade (2002), considera que deve-se buscar
por uma realidade específica, geralmente envolvendo várias observações relacionadas à
entrevistas, filmagens, pré e pós testes.
Por outro lado, também tivemos uma pesquisa de campo, por meio de entrevistas
feitas aos profissionais ligados diretamente a área que está a ser analisada no nosso
estudo. Estas entrevistas, ajudaram-nos a compilar também, a parte prática do nosso
estudo.
21
3.4-1. Delineamento da pesquisa e processo de Investigação
O processo de investigação deste projeto envolve três fases diferentes, mas que
acabam por se complementar:
3. Tratamento e análise de dados: parte em que se deu o devido tratamento aos dados
obtidos durante todo o processo investigativo deste trabalho.
Quanto ao método quantitativo, obtivemos vários dados estatísticos por parte das
instituições angolanas, que nos permitiu construir um estudo, com variáveis conhecidas e
teorias existentes quanto à natureza da problemática aqui apresentada. Assim, foi
possível aprofundar os conhecimentos sobre a atual realidade do turismo angolano (em
termos estatísticos) e quais as medidas que estão a ser adotadas pelo governo de modos
a promover o investimento neste sector.
22
Na perspetiva de Silva (1998), a abordagem qualitativa permite uma infinidade de
sentidos simbólicos e coloca o próprio homem como investigado e investigador. Neste
caso, o pesquisado não é um mero objeto; o campo e o processo se transformam. Deste
modo, umas das primeiras motivações para o desenvolvimento de uma pesquisa está em
responder a uma inquietação do próprio pesquisador.
A entrevista pode ser presencial, telefónica ou via internet, pode ser individual ou
em pequenos grupos (Coutinho 2014; Fortin, 2009).
- O que Angola tem feito para atrair o IDE na área do turismo nacional?
23
3.4.2- Recolha de dados Primários
AIPEX:
24
2. Saber quais são os países e consequentemente empresas estrangeiras, com maior
impacto a nível de investimento em Angola;
Ministério do Turismo:
3.5 - Variáveis
Variável Dependente
Variáveis Independentes
25
Após a definição das hipóteses apresentadas anteriormente, as variáveis
independentes definidas para este estudo são as seguintes:
26
Caracterização das entidades entrevistadas
Categoria Número
-Director (Gabinete de
Estudos, Planeamento e 1
Estatística - Ministério
Turismo )
-Departamento de Promoção 2
e captação de investimento
(AIPEX)
-Departamento de 1
acompanhamento de
investimento e negócios
internacionais (AIPEX)
Anos de experiência em
Angola 1
5-7 anos
7-10 anos 1
> 10 anos 2
Elaboração: Própria
27
4- Quais são as províncias/cidades consideradas mais atrativas para se investir?
Estas questões foram seleccionadas, porque elas servem de ponte para o que se
pretende analisar neste projecto.
Quanto a terceira questão, saber quais são as políticas governamentais que estão
a ser implementadas para fomentar o investimento direto estrangeiro no que concerne ao
turismo nacional, é de suma importância, porque leva-nos a conhecer precisamente, quais
são as estratégias que o governo angolano tem adotado, primeiro para melhorar o
28
ambiente interno relativamente aos olhares de investidores nacionais e
consequentemente, conseguir atrair o olhar de possíveis investidores estrangeiros para a
sector turístico angolano.
E por último, ter a noção da apreciação feita pelos investidores estrangeiros face a
possibilidade de investir no sector turístico em Angola e obter estas informações da parte
das entidades entrevistadas é de salutar, pois a resposta serviu como um termómetro na
elaboração deste projeto. Permitiu-nos saber quais são os pontos positivos e os que
precisam ser melhorados para continuar a manter tais investimentos e abrir portas para
outros.
De acordo com Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, 2010, pag 5), existem quatro
tipos de motivos essenciais para a realização de IDE: procura de mercadorias, a procura
de recursos, a procura de ativos estratégicos e a procura de eficiência, que se traduzem
em diferentes vantagens de localização, propriedade, e internacionalização.
29
Os vários motivos existentes não são mutuamente exclusivos e cada vez mais as
empresas combinam um ou mais motivos tradicionais para justificarem as suas incursões
diretas nos mercados internacionais (Mehmed e Osmani, 2004).
Face às pesquisas feitas e as entrevistas realizadas, foi possível saber que os motivos
que levam os investidores a investir no território angolano são:
Para que a lei fosse implementada, foram adotados procedimentos que permitiram a
redução do tempo e do custo para o registo das propostas de investimento e a
simplificação da tramitação processual. Entre as medidas destacam - se as seguintes:
30
Angola está determinada em atrair investimentos e melhorar o ambiente de
negócio
• Estratégia de longo prazo (ELP 2025) prevê importantes projectos de inves-
timentos em infraestruturas que se constituem em importantes oportu-
nidades de negócios;
• Acordos bilaterais de promoção e protecção de investimentos com vários
países, com destaque para Alemanha, Espanha, Grã-Bretanha, Itália,
Portugal, Rússia, Suíça, África do Sul e Guiné Bissau;
• Captação de investimento privado através de programas de incentivo ao
investimento e diversificação, bem como o PRODESI que estabelece os
parâmetros inerentes a um processo sustentado de desenvolvimento;
31
Projetos Registados por Setor de Atividade (em USD)
- Mais de 70% do que se consome é importado, apesar das terras aráveis, significando
garantia efetiva de sucesso para quem localmente produzir.
32
-Belezas Naturais em todas as províncias, com destaque para Malange, Namibe, Huila,
Bengo, Luanda entre outras, com grande atratividade turística.
33
- Centros logísticos para armazenamento de produtos e transportes;
Nível de Importância
34
Corrupção 33 Pontos 6 Pontos 1 Ponto
Esta tabela, foi baseada em uma das questões do inquérito online, cujo a questão
era saber quais são os principais riscos que os investidores nacionais e estrangeiros
enfrentam face a possibilidade de investir em Angola, bem como permitiu avaliar também
em termos de pontos.
35
Fonte: Relatório AIPEX (Maio 2021)
36
Fonte: Relatório AIPEX (Maio 2021)
37
No âmbito do Plano Diretor do Turismo, o Governo angolano lançou quatro Polos
de Desenvolvimento Turístico – três em 2011 e um em 2016, resultantes das
especificidades e envolventes paisagísticas e turísticas de cada um.
38
Questão 5: Qual é a apreciação feita pelos investidores
estrangeiros face a possibilidade de investir no sector turístico em
Angola?
Pontos Fracos
• Infraestrutura inadequada,
39
• A falta de qualificação da força de trabalho e a alta taxa de desemprego (32,7% em
2020 - Ministério da Economia, Finanças e Recuperação da França) que sustenta a alta
taxa de pobreza,
Fonte: UNCTAD-( United Nations Conference on Trade and Development) - Últimos dados disponíveis.
40
Nota: * A Greenfield Investments é uma forma de Investimento Estrangeiro Direto, onde
uma empresa-mãe inicia um novo empreendimento em um país estrangeiro, construindo
novas instalações operacionais do zero.
41
44 Sérvia e 75.7 108 Paquistão 61.0 171 Sudão 44.8
Montenegro
45 República Eslovaca 75.6 109 Malawi 60.9 172 Iraque 44.7
46 Bélgica 75.0 110 Costa do Marfim 60.7 173 Afeganistão 44.1
47 Arménia 74.5 111 Dominica 60.5 174 Guiné-Bissau 43.2
48 Moldávia 74.4 112 Djibuti 60.5 175 Libéria 43.2
49 Bielorrússia 74.3 113 Antígua e 60.3 176 República Árabe Síria 42.0
Barbuda
50 Montenegro 73.8 114 Egito, 60.1 177 Angola 41.3
Representante
Árabe.
51 Croácia 73.6 115 República 60.0 178 Guiné Equatorial 41.1
Dominicana
52 Hungria 73.4 116 Uganda 60.0 179 Haiti 40.7
53 Marrocos 73.4 117 Cisjordânia e 60.0 180 Congo, Rep. 39.5
Gaza
54 Chipre 73.4 118 Gana 60.0 181 Timor-Leste 39.4
55 Roménia 73.3 119 Bahamas 59.9 182 Rio Chade 36.9
56 Quénia 73.2 120 Papua-Nova 59.8 183 Congo, Dem. O 36.2
Guiné Representante.
57 Kosovo 73.2 121 Eswatini 59.5 184 República Centro- 35.6
Africana
58 Itália 72.9 122 Lesoto 59.4 185 Sudão do Sul 34.6
59 Chile 72.6 123 Senegal 59.3 186 Líbia 32.7
60 México 72.4 124 Brasil 59.1 187 Iémen, Rep. 31.8
61 Bulgária 72.0 125 Paraguai 59.1 188 Venezuela, RB 30.2
62 Arábia Saudita 71.6 126 Argentina 59.0 189 Eritreia 21.6
63 Índia 71.0 127 Irão, 58.5 190 Somália 20.0
Representante
Islâmico.
64 Ucrânia 70.2
Sub-Saharan AfricaTTCI2019Scores
ENABLING ENVIRONMENT T&T POLICY & ENABLING CONDITIONS INFRASTRUCTURE NATURAL & CULT. RESOURCES
Global Business Safety Health Human ICT Prioriti Int’l. Price Environ. Air Ground Tourist Natural Cultural
Rank Environ- & & Resources Readiness - Openness Compt’ness. Sustain- Transport & Port Service Resources Res. &
ment Security Hygiene & Labor zation ability Infra- Infra- Infra- Business
Market of structure structur structur Travel
T&T e e
South Africa 61 4.6 3.9 3.7 4.4 4.6 4.5 2.5 5.6 3.7 3.3 3.5 4.3 4.5 3.2
Namibia 81 4.8 5.0 3.5 4.4 4.2 4.8 2.8 5.7 4.3 2.9 3.4 4.6 3.5 1.2
Botswana 92 4.9 5.3 3.3 4.3 4.1 4.8 2.3 6.0 4.3 2.1 2.8 3.6 3.4 1.2
Zambia 113 4.4 5.3 2.6 3.8 3.2 3.9 2.9 5.1 4.4 1.8 2.4 2.5 3.6 1.3
Zimbabwe 114 3.3 5.4 3.0 3.6 3.2 4.2 3.0 5.3 4.1 1.8 2.3 3.0 3.6 1.3
Eswatini 118 4.4 5.5 3.1 3.8 2.3 4.6 2.7 6.1 3.7 2.2 3.1 3.0 2.2 1.0
Lesotho 124 4.1 5.4 3.0 3.6 3.2 5.1 2.6 6.1 4.8 1.3 1.8 2.8 2.2 1.0
Angola 134 3.5 5.0 3.2 3.2 2.3 3.2 1.9 5.3 4.1 1.7 2.0 2.7 2.2 1.2
Southern Africa Average 4.2 5.1 3.2 3.9 3.4 4.4 2.6 5.7 4.2 2.1 2.7 3.3 3.2 1.4
42
De acordo o relatório lançado pelo Fórum Económico Mundial (2019), em relação
as pontuações do Turismo na África Subsariana, Angola ocupa a posição 134, com os
seguintes pontos:
a) Questões Demográficas
43
Numa primeira instância, é essencial detalhar que do formulário elaborado,
obtivemos 48 respostas. Onde, 60,4% corresponde a participação masculina e 39,6%,
corresponde a participação feminina.
Dentre todos os inqueridos, 91,7% são angolanos, o que é bom, pois também conhecem a
realidade turística de Angola; 6,3% corresponde ao número de portugueses inquiridos e 2,1%
correspondem à inquiridos de outras nacionalidades.
b) Questões de Contexto
44
A primeira questão, foi saber se todos os inqueridos, fundamentalmente os
estrangeiros conheciam Angola. O lado positivo, é que 93,8% de todos os inqueridos,
assumiram que conhecem o território angolano e apenas 6,3% (ou seja, 3 pessoas),
assumiram que não conhecem o país.
O facto da maioria assumir que conhece o país, ajudou-nos a dar mais crédito as
posteriores respostas, inerentes a realidade do turismo angolano.
Deste modo, de acordo os resultados obtidos, foi-nos possível saber que de todos os
inqueridos, 41% conhecem menos que 5 províncias (cidades) e apenas 18,8%, conhecem de
15 á 18 províncias, o que não é mau, porque angola possui muitas cidades.
45
Fonte: Elaboração própria (Google Docs)
A questão seguinte, foi saber se os inqueridos acreditam que Angola tem potencial
para atrair o IDE na área do turismo.
46
60,4%, acreditam que o turismo nacional carece ainda de reformas internas e apenas,
posteriormente poderá beneficiar dos investimentos diretos estrangeiros.
De forma positiva, 89,6% dos inqueridos, assumiram que Angola oferece grandes
oportunidades e potencialidades e deste modo, sim, se fossem, potenciais investidores,
investiriam no turismo angolano.
Por outro lado, 10,4%, assumem que como possíveis investidores, não vêm tanta
atratividade no que concerne ao investimento do turismo nacional.
47
Quais são as províncias/cidades angolanas, que em termos de prioridade, podem
ser as mais atrativas para o investimento direto estrangeiro na área do turismo? Fique à
vontade para descrever o seu TOP 5 .
Assim sendo, das 48 respostas obtidas, as 5 cidades, mais vezes citadas foram:
Malanje, Benguela, Huila (Lubango), Quando Cubango e Namibe…em que alguns dos
pontos turísticos selecionados foram: as Quedas de Kalandula, Praia Amélia, fortaleza de
São Miguel, Miradouro da Lua, Palácio de ferro, Deserto do Namibe e etc.
Neste ponto, foi fulcral saber, quais seriam de facto, as maiores motivações ou
oportunidades que Angola oferece, para que um investidor estrangeiro decidisse investir
no turismo nacional.
As opções neste caso, tinham que ser classificadas como muito relevantes,
relevantes ou pouco relevantes
48
E assim sendo, as opções declaras da primeira tabela foram:
- Benefícios fiscais para potenciais investidores (Lei do Investimento Privado - Lei 10/28
de 26 de Junho de 2018), em que 13 acharam muito relevante, 18 acharam relevante
e apenas 4 inqueridos acharam pouco relevante.
- Ser um país com forte potencial turístico, 25 inqueridos consideraram este fator
muito relevante, 11 consideraram relevante e ninguém considerou pouco relevante,
sendo um aspeto muito positivo.
49
- População maioritariamente jovem, em que 18 inqueridos acharam este ponto muito
relevante, 9 acharam relevante e 3 pouco relevante.
- Fácil acesso em várias províncias (comboio, autocarro, carro pessoal, barco e avião),
em que 20 inqueridos acharam um fator muito relevante, 6 acharam relevante e 3
pouco relevante.
50
Nessa última questão, procurou-se saber quais são as maiores barreiras/riscos
associados ao processo de investimento direto estrangeiro em Angola.
51
- Riscos de Inflação flutuante, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito
relevante, 9 relevante e apenas 1 inquerido achou que é um fator pouco relevante.
52
- Instabilidade laboral: Qualidade de mão de obra local, em que 18 inqueridos
consideram que é um fator muito relevante, 13 relevante e 5 inqueridos acharam
que é um fator pouco relevante.
53
Capítulo 4: Discussão dos resultados obtidos
Por vivermos num mundo cada vez mais globalizado e face ao aumento da
concorrência no mundo empresarial, a expansão internacional tem servido de resposta
para muitas empresas, diante de crises que ameaçam a sua sobrevivência (Martins,
2013).
Deste modo, tem aumentado o número de empresas que decidem transferir os
seus serviços, e com isso, procurar suprimir as dificuldades encontradas no mercado
doméstico. Aproveitam os progressos providenciados pela globalização, que ao derrubar
as fronteiras, permite avanços significativos na esfera económica. O que
consequentemente, fez avolumar a competitividade global (Neide 2019).
O IDE é um das formas mais comuns de internacionalização das empresas que
influi o grau de internacionalização da economia dos países emissor e recetor, além de
contribuir também, para o impacto no crescimento económico de ambos.
Botelho (2015), vai citar que, o investimento direto estrangeiro (IDE) assume duas
formas distintas (Dunning, 1993b): o propriamente dito investimento direto no estrangeiro
e o investimento indireto no estrangeiro, também denominado investimento de carteira.
54
A internacionalização, pode então ser percebida, como uma evolução gradual com
etapas muito bem definidas, através da qual as empresas procuram adquirir recursos e
aprendem a operar nos mercados estrangeiros (Andersson,2004).
Análise de Campo
Motivações e Oportunidades
De acordo com Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, 2010, pag 5), existem quatro de
motivos essenciais, para a realização de IDE: procura de mercadorias, a procura de
recursos, procura de eficiência e a procura de ativos estratégicos, que se traduzem em
diferentes vantagens de propriedade, internacionalização e localização.
Segundo Shenkar & Luo (2007), uma empresa multinacional (EMN) pode tanto afetar
a importação do país recetor (no caso de usar o país emissor como fornecedor de bens
intermédios para a produção no país recetor, logo afeta a exportação do país emissor),
como pode afetar a exportação do país recetor (ao produzir bens intermédios e exportar
55
para o país emissor ou para outros países, neste caso afeta a importação do país emissor
ou dos países para os quais os bens intermédios são enviados).
Por sua vez, ainda quanto a teoria do investimento direto estrangeiro, Botelho (2015),
cita que as empresas procuram oportunidades em países estrangeiros para efetuar o seu
investimento, tendo como estratégia a exploração de vantagens competitivas intrínsecas e
a ausência de competências das empresas concorrentes.
Neste ponto, foi fulcral saber, quais seriam de facto, as maiores motivações ou
oportunidades que Angola oferece, para que um investidor estrangeiro decidisse investir
no turismo nacional.
As opções neste caso, tinham que ser classificadas como muito relevantes,
relevantes ou pouco relevantes.
Atenção que, quanto maior for o nível de relevância em um dos pontos, maior é o
peso que o mesmo tem sobre a captação do investimento direto estrangeiro para o
turismo nacional.
- Benefícios fiscais para potenciais investidores (Lei do Investimento Privado - Lei 10/28
de 26 de Junho de 2018), em que 13 acharam muito relevante, 18 acharam relevante e
apenas 4 inqueridos acharam pouco relevante.
56
- Ser um país com forte potencial turístico, 25 inqueridos consideraram este fator muito
relevante, 11 consideraram relevante e ninguém considerou pouco relevante, sendo um
aspeto muito positivo.
- Fácil acesso em várias províncias (comboio, autocarro, carro pessoal, barco e avião),
em que 20 inqueridos acharam um fator muito relevante, 6 acharam relevante e 3 pouco
relevante.
57
• As imperfeições nos mercados de fatores, isto é, as relacionadas com as competências
de gestão, com a tecnologia e com a capacidade de obtenção de recursos;
• As imperfeições nos mercados de bens, nomeadamente as relacionadas com a
diferenciação do produto, com as competências de marketing e com a notoriedade das
marcas;
• As imperfeições na concorrência causadas pelas políticas dos governos na atração do
investimento.
• As imperfeições na concorrência das economias de escala (internas e externas);
Conforme cita (Pereira 2012), uma das principais prioridades das empresas que
buscam a internacionalização, é a gestão do risco (Miller, 1992). Quando o destino destes
investimentos internacionais são para países em desenvolvimento e países emergentes,
verifica-se que, apesar do progresso verificado o nível da estabilidade política e da
qualidade das instituições económicas (Wyk e Lal, 2008), são normalmente associados a
um elevado nível de risco o qual inibe uma maior influência do investimento direto
estrangeiro (Asiedu, 2002).
Tal, como no ponto anterior, as opções também são classificadas como muito
relevantes, relevantes e pouco relevantes. Onde, quanto maior for o número de
relevância, maior será o impacto (em termos negativos), na atração de IDE para o sector
turístico nacional.
58
-Burocracia em termos de documentação, em que 33 inqueridos consideram que é um
fator muito relevante, 9 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco
relevante.
59
- Instabilidade laboral: Qualidade de mão de obra local, em que 18 inqueridos consideram
que é um fator muito relevante, 13 relevante e 5 inqueridos acharam que é um fator pouco
relevante.
Face aos resultados obtidos, foi possível chegar a conclusão que os desafios, riscos e
barreiras inerentes aos investimentos no sector turístico nacional, representam os factores
negativos que têm limitado a atração do investimento direto estrageiro para Angola.
Outra questão fundamnetal, foi saber se os inqueridos acreditam que Angola tem
potencial para atrair o IDE na área do turismo. 60,4%, acreditam que o turismo nacional
carece ainda de reformas internas e apenas, posteriormente poderá beneficiar dos
investimentos diretos estrangeiros.
60
Conclusão
Por sua vez, Da Silva (2016), vai dizer que, existem várias estratégias ligadas a
internacionalização de empresas. Porém, o IDE e o comércio internacional (exportações
e importações), são as duas principais componentes da internacionalização (Oberhofer e
Pfaffermayr, (2012); embora, existem ainda, outras formas de internacionalização, como
as joint ventures internacionais, o outsourcing, o licenciamento e/ou cooperação
internacional (Kalinic e Forza, 2012).
Neste estudo, demos ênfase ao IDE (Investimento Direto Estrangeiro), como uma
estratégia de Internacionalização, por considerarmos que é a que Angola mais precisa no
momento.
61
O Turismo, deste modo, apresenta-se como um sector promissor para a redução
da pobreza e crescimento do país, com vista a atingir os objetivos do milénio, atendendo
a sua natureza transversal e a sua incidência em todos os sectores da economia.
Ser um país com estabilidade política e militar em todo território nacional e contar
com um novo quadro de investimento privado, que confere maior celeridade a quem
queira investir em Angola, nomeadamente a JUI- Janela Única do Investimento, que é um
mecanismo de facilitação de processos de investimentos privado, ligados à AIPEX
(Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola), passam a ser
igualmente fatores preponderantes para a captação do investimento direto estrangeiro
para Angola e fundamentalmente, na área do turismo.
62
A Agência Nacional de Promoção e Exportação de Investimentos (APIEX) tem
como objetivo estimular o crescimento econômico, diversificar a economia e ampliar a
participação do setor privado na economia angolana.
63
-Priorização de T&T (4.4); Abertura (2.6); Preços Competitivos (5.7); Sustentabilidade
ambiental (4.2);
Resumindo:
Contudo, nada está perdido, pois com as políticas certas, certamente Angola, os
angolanos os turistas e investidores estrangeiros, poderão tirar melhor proveito do turismo
nacional angolano.
64
Conclusões Finais da Autora
Angola é um país rico, não só em mineiros, cobres, fosfatos, ouro, etc, como em
paisagens únicas, uma fauna e flora admirável, que podem ser melhores exploradas.
Angola tem o que precisa para não depender totalmente do Petróleo. Precisamos
de explorar melhor todos os pontos positivos que a própria geografia e a natureza
oferecem ao país, e assim, desta forma, investir, visando o crescimento económico do
país e o bem-estar social.
Por sua vez, Teixeira e Diz (2005), defendem que os motivos que levam uma
empresa a optar pela internacionalização baseiam-se fundamentalmente, na busca por
um aumento da quota de mercado, acessos a recursos mais baratos ou de maior
65
confiança, evitar a tributação ou contingentação de importação e visam por um maior
retorno do investimento.
Contudo, Angola poderá também pensar em dar mais abertura aos investidores,
não que isso será traduzido em inexistência de regulamentação, mas em reduzir a taxa de
impostos, a burocracia em termos de documentação e as fraudes (corrupção), pois isso
corrói o bom funcionamento da economia de qualquer nação e se visamos melhorias, não
podemos autossabotar-nos, para que mostrando verdadeira ordem e organização,
possamos estar prontos para receber os investidores estrangeiros.
A) Limitações do estudo
Poucos entrevistados: na altura em que comecei a elaborar a minha tese o mundo foi
surpreendido pela pandemia SARSCOV 2 (Covid 19), e deste modo não me foi possível
alcançar todos quanto gostaria que fossem entrevistados e que acredito, que seriam uma
mais valia para o trabalho.
66
Neste caso, para os trabalhos futuros, recomendo a incorporação de mais informação,
que certamente enriquecerá o projeto.
Referências Bibliográficas
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avanços da Fileira da Pedra nos últimos anos (Doctoral dissertation).
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67
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DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO DE EMPRESAS BRASILEIRAS. Revista De
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68
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Edition. ed. Gradiva, Lisboa.Teixeira, S., & Diz, H. (2005). Estratégias de
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Trujillo Dávila, M. A., Rodríguez Ospina, D. F., Guzmán Vásquez, A., & Becerra Plaza, G.
(2006). Perspectivas teóricas sobre a internacionalização das empresas. Editorial
Universidad del Rosario.
69
Anexos
AO
MINISTÉRIO DO TURISMO
E A AIPEX
LUANDA
Ministério do Turismo
70
Qual é a apreciação feita pelos investidores estrangeiros face a possibilidade de
investir no sector turístico em Angola?
AIPEX
Obrigada,
71