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Instituto Superior de Gestão

Captação de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para


Angola: A Internacionalização em contexto de Crise

Motivações, Oportunidades, Desafios e Riscos associados ao Investimento


Direto Estrangeiro no Turismo Angolano

Leossária de Fátima de Menezes da Silva

Dissertação apresentada no Instituto Superior de Gestão para obtenção do


Grau de Mestre em Estratégia de Investimento e Internacionalização.

Orientador: Professor Doutor Álvaro Dias


Coorientador: Professor Doutor Carlos Paz

Lisboa, 2021
AGRADECIMENTOS

“ O sucesso, nem sempre tem a haver com quão bem feito um trabalho pode ser
desempenhado, mas pela forma como nos importamos e conectamos às pessoas ao
nosso redor”.

Fazendo uma introspeção, posso chegar a conclusão que só tenho motivos para
agradecer, pois, independentemente das circunstâncias, todas as coisas têm cooperado
para o bem.
Agradeço primeiro à Deus, pela capacitação, por ser o meu Pilar e me munir de
forças para enfrentar obstáculos e prosseguir com os olhos focados na meta.
Agradeço à minha mãe Leonor Menezes da Silva, as minhas irmãs Sarine e Lessánia, por
estarem sempre ao meu lado, sou abençoada por vos ter.
Agradeço também ao meu Pai, Sá da Silva, pois embora não quisesse ter a filha
distante do país, ainda assim, acredito que deve estar orgulhoso, por mais uma conquista.
Agradeço à minha Rosinha (minha tia e mãe), por nunca medir esforços pelos seus. Por
ter apostado em mim! A vitória é nossa.
Ao meu avô, Manuel Marcos de Menezes, que também é um pai muito amável e
presente.
À toda a família (Avôs, tios, primos e amigos), o meu muito obrigado.

Aos meus orientadores, professores de referência, Álvaro Dias e Carlos Paz, que
muito admiro e respeito, agradeço por acompanharem-me nesta caminhada. Agradeço
pela disponibilidade e apoio no desenvolvimento deste estudo, que Deus possa abençoar
de forma abundante as suas vidas e as suas famílias.

Aos primos Mário Kelson Silva e Ludmila Silva.

Ao Dr. Flávio António (Ministério do Turismo), pela disponibilidade e apoio durante


o processo.

Aos Representantes da AIPEX (Dr. Cândido Cornélio Filho, Dr. Eusébio Sapalo e
ao Dr. Tchisseke Maiato), pela disponibilidade durante as entrevistas.

Muito obrigada.

II
RESUMO

A Captação de Investimento Direto Estrangeiro para Angola: Internacionalização


em tempos de Crise, é o título deste estudo. E esta tese tem como foco, as Motivações,
Oportunidades, Barreiras e Riscos, associados ao investimento direto estrangeiro no
sector turístico angolano.
A escolha do título e do tema, surgiu da necessidade de compreender melhor como
é que o Investimento Direto Estrangeiro, pode ser usado para dinamizar a economia não
só do país recetor, como do emissor, ou seja, do país investidor.
Reconhece-se que por mais desenvolvido que um país seja, nenhum é por si só,
autossuficiente. Em menor ou maior grau, um precisará sempre do outro,
fundamentalmente se o que mais precisa (embora a crise), ainda assim, tenha o que
oferecer.
Este tema, é de grande importância para mim, como estudante do curso de
Estratégia de Investimento e Internacionalização, porque permite ter um olhar mais clínico
para as questões ligadas à internacionalização de empresas.
É essencial realçar também, que o foco do estudo esteve em volta do sector
turístico angolano.
Deste modo, saber quais são as motivações, oportunidades, riscos e barreiras que
os países se deparam diante da possibilidade de investir no sector turístico angolano é
interessante e fulcral para compreender o comportamento tanto de Angola (em termos de
acordos, estratégias e políticas adotadas), tanto dos possíveis países investidores.
Para a elaboração deste trabalho, foi usada a metodologia mista, que combina os
pontos fortes dos métodos qualitativos e quantitativos.
Quanto ao método qualitativo, foi elaborado um questionário, que serviu de base
para uma entrevista, cujo os entrevistados foram representantes do Ministério do Turismo,
Cultura e Ambiente de Angola e representantes da AIPEX (Agência de Investimento e
Promoção das Exportações de Angola). Entrevista rica, pois foi-nos possível colher dados
fundamentais para o desenvolvimento deste estudo.
Foi possível também, obter dados através de relatórios tanto disponibilizados pelo
Ministério do Turismo, como pela AIPEX e por instituições mundiais como ONU, Banco
Mundial, WORLD TOURIS, e diferentes pesquisas bibliográficas.

III
Quanto ao método quantitativo, foi realizado um inquérito online, no Google Docs,
onde foi possível colher dados estatísticos para fundamentar a parte prática do estudo.
Após toda a investigação, foi-nos possível concluir que Angola é de facto um país
que atrai o olhar de potenciais investidores estrangeiros, precisamente na área do
Turismo. Angola possui 18 províncias/cidades e muitas delas (em termos de prioridade),
servem de aposta do governo para atração do investimento estrangeiro.
Possuímos uma fauna e flora bastante atrativa, belas paisagens, um território vasto
e pode ser melhor explorado.
Contudo, reconhece-se que Angola também possui algumas fragilidades, em
termos de burocracia (documentos), corrupção, volatilidade procura de mercado,
infraestrutura e serviços públicos debilitados, custo de inputs elevados… Ou seja, possui
fatores que podem ser melhorados.
O lado positivo, é que o governo Angolano, está empenhado em implementar
políticas que alavanquem o setor turístico nacional, que certamente contribuirá e muito
para o crescimento económico do país. Projetos como o Plano Nacional de
Desenvolvimento 2018-2022, é um dos que ainda está em curso e reúne várias
estratégias que ainda serão implementadas com este objectivo.

Palavras-chave: Internacionalização, IDE, Crise, Turismo, Motivações, Oportunidades,


Barreiras, Riscos.

IV
ABSTRACT

Attracting Foreign Direct Investment to Angola: Internationalisation in Times of


Crisis is the title of this study. And this thesis focuses on the Motivations, Opportunities,
Barriers and Risks associated with foreign direct investment in the Angolan tourism sector.

The choice of title and theme arose from the need to better understand how
Foreign Direct Investment can be used to boost the economy not only of the receiving
country, but also of the issuer, i.e. the investing country.

It is recognized that no matter how developed a country may be, none is self-
sufficient. To a lesser or greater extent, one will always need the other, fundamentally if
the one that needs it most (despite the crisis), still has what to offer.

This subject is of great importance to me, as a student on the Investment and


Internationalisation Strategy course, because it allows me to have a more clinical look at
issues related to the internationalisation of companies.

It is also essential to highlight that the focus of the study was on the Angolan
tourism sector.

Thus, knowing the motivations, opportunities, risks and barriers that countries face
when faced with the possibility of investing in the Angolan tourism sector is interesting and
central to understanding the behaviour both of Angola (in terms of agreements, strategies
and policies adopted) and of potential investor countries.

For the preparation of this paper, the mixed methodology was used, which
combines the strengths of qualitative and quantitative methods.

As for the qualitative method, a questionnaire was prepared which served as the
basis for an interview, the interviewees of which were representatives of the Angolan
Ministry of Tourism, Culture and the Environment and representatives of AIPEX (Angola's
Investment and Export Promotion Agency). This was a rich interview, as it enabled us to
gather fundamental data for the development of this study.

V
It was also possible to obtain data through reports made available by the Ministry
of Tourism, AIPEX and global institutions such as UNO, World Bank, WORLD TOURIS,
and different bibliographic researches.

As for the quantitative method, an online survey was carried out, on Google Docs,
where it was possible to collect statistical data to substantiate the practical part of the
study.

After all the research, it was possible to conclude that Angola is in fact a country
that attracts the eye of potential foreign investors, precisely in the area of Tourism. Angola
has 18 provinces/cities and many of them (in terms of priority) are used by the government
to attract foreign investment.

We have a very attractive fauna and flora, beautiful landscapes, a vast territory that
could be better explored.

However, it is recognized that Angola also has some weaknesses, in terms of


bureaucracy (documents), corruption, volatile market demand, weak infrastructure and
public services, high input costs... In other words, it has factors that can be improved.

On the positive side, the Angolan government is committed to implementing


policies that leverage the national tourism sector, which will certainly contribute a lot to the
country's economic growth. Projects such as the National Development Plan 2018-2022, is
one that is still in progress and brings together various strategies that will still be
implemented with this objective.

Keywords: Internationalization, FDI, Crisis, Tourism, Motivations, Opportunities, Barriers,


Risks.

VI
ÍNDICE DOS CONTEÚDOS

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... II
RESUMO ............................................................................................................................ III
ABSTRACT ......................................................................................................................... V
ÍNDICE DE TABELAS........................................................................................................ IX
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................ IX
ÍNDICE DE GRÁFICOS ...................................................................................................... X
ABREVIATURAS ............................................................................................................... XI
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
Capítulo 1: Revisão da Literatura ........................................................................................ 2
1.1- Internacionalização de Empresas ................................................................................. 2
1.2- Estratégias da Internacionalização ............................................................................... 5
1.3- Investimento Direto Estrangeiro.................................................................................... 8
1.4- Investimento Direto Estrangeiro nos países subdesenvolvidos .................................. 11
1.5- Crise Financeira.......................................................................................................... 13
Capítulo 2: O Turismo em Angola ...................................................................................... 15
Capítulo 3: Metodologia ..................................................................................................... 17
3.1- Objetivos da Investigação: Gerais e Específicos ........................................................ 17
3.2- Questão de Investigação ........................................................................................... 18
3.3 - Hipóteses................................................................................................................... 18
3.4- Ambiente da pesquisa ................................................................................................ 21
3.4.1- Delineamento da pesquisa e processo de Investigação .......................................... 22
3.4.2- Recolha de dados Primários .................................................................................... 24
3.4.3 Recolha de dados secundários: ................................................................................ 24
3.5 - Variáveis .................................................................................................................... 25
3. 6- Apresentação dos Resultados (Recolha de dados) ................................................... 26
3.6.1 - Caracterização Socioprofissional dos Participantes ............................................... 26
3.6.2- Apresentação dos conteúdos da entrevista. ............................................................ 27
3.7- Apresentação dos conteúdos do Inquérito feito no Google DOCS. ............................ 43
Capítulo 4: Discussão dos Resultados Obtidos ................................................................. 54
Conclusão .......................................................................................................................... 61
Conclusões Finais da Autora ............................................................................................. 65

VII
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 67
Anexos ............................................................................................................................... 70

VIII
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 -. Evolução do quadro teórico da Internacionalização………………………………4


Tabela 2- Hipóteses …………………………………………………………………………..…21
Tabela 3 - Caraterização das Entidades Entrevistadas………………………………………27
Tabela 4 – Principais Riscos Identificados ……………………………………………………35
Tabela 5 – Últimos dados disponíveis da UNCTAD……………………………………………..41
Tabela 6 – Ranking da Facilidade de fazer negócios……………………………………………41
Tabela 7 - Ranking do Turismo da África Subsariana (2019)………………………………...…43

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Imagem: Turismo em Angola……………………………………………………….15

Figura 2 – Relatório Angola-Portugais (2018)……………………………………………………31

Figura 3 – Relatório Lei do Investimento Privado…………………………………………….….31

Figura 4 – Relatório Angola-Portugais (2018): Como investir em Angola……………...………32

Figura 5 – Projetos registados por sector de actividade …………………………………………32

Figura 6 - Relatório Ministério do Turismo (Desafios Estratégicos)……………………………34

Figura 7 – Relatório Ministério do Turismo ( Constrangimentos Basilares do Turismo


Angolano) …………………………………………………………………………………………35

Figura 8- Países com maior impacto a nível de investimento em Angola (1)……….……..36

Figura 9- Países com maior impacto a nível de investimento em Angola (2,3)……………37

IX
Figura 10 – Plano de Desenvolvimento Nacional (2018-2022)…………………………….38

Figura 11 – Aonde Investir em Angola (Relatório AIPEX)…………………………………..38

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gênero dos Inquiridos………………………………………………………………44


Gráfico 2 – Nacionalidade dos Inquiridos…………………………………………………………44
Gráfico 3 – Conhece Angola?.............................................................................................45
Gráfico 4 – Quantas Províncias/Cidades de Angola conhece? …………………………...……45
Gráfico 5 – Classificação do atual sistema turístico angolano?... ………………………………46
Gráfico 6 – Angola tem potencial para atrair o IDE?...................................................................47
Gráfico 7– Estaria disposto a investir em Angola?.....................................................................47
Gráfico – Motivações/Oportunidades para investir em Angola (1)…...…………………………49
Gráfico – Motivações/Oportunidades para investir em Angola (2) ………...……………………50
Gráfico 10 – Motivações/Oportunidades para investir em Angola (3)…………………………..50
Gráfico 11 – Barreiras e Riscos para Investir em Angola (1)…………………………………….51
Gráfico – Barreiras e Riscos para Investir em Angola (2)…………..……………………………52
Gráfico – Barreiras e Riscos para Investir em Angola (3)……………...………………………...53

X
ABREVIATURAS

AIPEX Agência de Investimento e Promoção das Exportações de


Angola

FMI Fundo Monetário Internacional

BNA Banco Nacional de Angola

IDE Investimento Direto Estrangeiro

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento


Económico

PIB Produto Interno Bruto

UNCTAD United Nations Conference on Trade and Development

FDI Foreign Direct Investment

XI
INTRODUÇÃO

A presente dissertação tem como título: Captação de Investimento Direto


Estrangeiro para Angola: A Internacionalização em Contexto de Crise. E esta tese
tem como foco, as Motivações, Oportunidades, Barreiras e Riscos, associados ao
investimento direto estrangeiro no sector turístico angolano.
O tema foi escolhido, porque como angolana, sei que Angola, é um país que acolhe
várias empresas estrangeiras (dentre elas: portuguesas, brasileiras, chinesas entre muitas
outras) e atualmente, o país enfrenta uma crise económico-financeira que tem retraído o
investimento externo precisamente numa altura em que Angola mais precisa da captação
de IDE.
Por outro lado, considero o fato da internacionalização ser encarada como uma
espada de dois gumes, pois os benefícios serão sempre para ambos os lados (tanto para
quem decide exportar uma empresa, tanto para quem decide acolher/receber tal empresa
em seu território).

Martins (2013), cita que, a internacionalização é um processo através do qual, a


organização começa a desenvolver operações para além da delimitação geográfica e do
seu mercado de origem (Hitt et al. 1999). Este procedimento pode ainda estar ligado a
uma estratégia de produtos, mercados e a uma integração vertical para outros países,
que resulta numa replicação total ou parcial da sua cadeia operacional (Freire, 1997).
Assim sendo, podemos dizer que a internacionalização, pode ser definida, como
uma evolução gradual com etapas bem definidas, através da qual, as organizações
procuram adquirir recursos e aprendem a operar nos mercados estrangeiros
(Andersson,2004). É fundamental realçar também, que as organizações decidem partir
para o estrangeiro tendo várias motivações (Martins 2013).

Por sua vez, Da Silva (2016), defende que existem duas principais componentes da
internacionalização: o comércio internacional, (envolvendo as exportações e as
importações) e o IDE (investimento direto estrangeiro), (Oberhofer e Pfaffermayr, (2012);
mas existem ainda, outras formas de internacionalização, como o outsourcing, as joint

1
ventures internacionais, licenciamento e/ou cooperação internacional (Kalinic e Forza,
2012).

Assim sendo, este trabalho procura abordar como é que a atração de investimento
direto estrangeiro (como uma estratégia de internacionalização), pode ser uma estratégia
governamental a ser usada, para reduzir os efeitos da crise e ainda dar abertura para
novas parcerias, visando o crescimento económico do país.
Por sua vez, Neide (2019), defende que, ao longo do tempo, tem sido notório, que
muitas empresas têm optado por deslocar os seus serviços, para outros países,
procurando suprimir as dificuldades encontradas no mercado doméstico. Deste modo,
aproveitam os progressos providenciados pela globalização, porque ao derrubar as
fronteiras, elas passam a beneficiar também de avanços significativos, numa esfera
económica e isso, gera como consequência o avolumar da competitividade global.
Neste trabalho, serão evidenciadas as motivações, oportunidades, barreiras e
riscos associados ao investimento direto estrangeiro no setor turístico angolano, para que
estando focados, numa única direção (turismo), possamos ter um melhor direcionamento
e compreensão sobre o estudo.

Capítulo 1: Revisão da Literatura

Este capítulo, procura explicar as perspectivas teóricas sobre a Internacionalização


das Empresas, Estratégias da Internacionalização, Crise Financeira e Sobre o
Investimento Direto Estrangeiro, na vertente de vários autores.

1.1- Internacionalização de Empresas

Por vivermos num mundo cada vez mais globalizado e face ao aumento da
concorrência no mundo empresarial, a expansão internacional tem servido de resposta
para muitas empresas, diante de crises que ameaçam a sua sobrevivência (Martins,
2013).

2
Deste modo, a internacionalização pode ser definida como um processo através do
qual a organização começa a desenvolver operações para além da delimitação geográfica
e do seu mercado de origem. Este procedimento, também pode estar relacionado a uma
estratégia de produtos, mercados e a uma integração vertical para outros países, que
resulta numa replicação total ou parcial da sua cadeia operacional (Martins 2013).

Esta, pode também ser conhecida como uma evolução gradual com etapas bem
definidas, através da qual, as organizações adquirem recursos e aprendem a operar nos
mercados estrangeiros (Andersson,2004).
Porém, existem várias motivações que levam uma organização a partir para parta
para o estrangeiro (Martins 2013). Elas podem buscar uma possibilidade de aumento da
competitividade de uma organização a longo prazo, através da exploração das
competências centrais em novos mercados, da realização de economias de localização
(mercados favoráveis para o desenvolvimento das atividades) e do aumento das
economias de escala (volume vendas e diminuição dos custos e de experiência (Serra et.
al 2010).

Santos (2016), por sua vez, vai mencionar que, a internacionalização é motivada
pela necessidade de fazer com que uma empresa cresça além da sua fronteira, de formas
que possa beneficiar-se das economias de escala, aumentar o seu poder de mercado e
melhorar a sua capacidade competitiva. (Ferreira, Reis e Serra (2011).

Segundo o mesmo autor, os motivos que levam uma empresa a internacionalizar-


se baseiam-se fundamentalmente na busca de um acesso à recursos mais baratos ou de
maior confiança, um maior retorno de investimento, procuram evitar a tributação ou
contingentação de importação e visam o aumento da quota de mercado.

Por outro lado, em contraste, Botelho (2015), defende que, a teoria da


internacionalização pressupõe a existência de um mercado imperfeito e advoga que
quando um produto é necessário como input (fator produtivo), para uma empresa, e o
preço é menor com a cooperação do fornecedor, do que comprado no mercado nacional,
então é possível à empresa internacionalizar o fornecedor (Rugman,1981). Esta teoria

3
está ligada à teoria dos custos de transação (Teece, 1986), pois, esta última, numa
perspetiva mais abrangente, defende que quando o custo de aquisição (e, portanto, de
transação) de um produto, serviço ou matéria-prima for superior ao da sua produção
interna, então esse produto, serviço, ou matéria-prima, deve ser produzido internamente.

Hoje, conforme cita Botelho (2015), é importante realçar, que a internacionalização,


não deve ser vista apenas como uma solução universal para os desafios que as
empresas enfrentam (Sousa, 1997), pois, ela, tem se tornado, uma condição necessária
tanto para o reforço da posição competitiva das empresas, como, da sua própria
sobrevivência (Silva, 2003).

Evolução do quadro teórico da internacionalização

Conceitualização da Principais Autores Fatores Influenciadores da


Internacionalização Internacionalização
Teorias Clássicas do Comércio
Teoria da Vantagem Absoluta Smith (1776) Vantagem Absoluta
Teoria da Vantagem Ricardo (1817) Vantagem Comparativa
Comparativa
Teoria da Dotação de Recursos Hecksher – Ohlin Dotação dos Fatores (capital,
(1933) terra, trabalho)
Teorias da Imperfeição do Mercado
Teoria do Ciclo de Vida do Vernon (1917-1966) Desenvolvimento Tecnológico
Produto Wells (1968-1969)
Teoria do IDE Kindleberger (1969) A base competitiva das
Hymer (1970-1971) multinacionais assenta nas
imperfeições do mercado, quer
de fatores, quer de produtos.
Nova Teoria do Comércio Krugman (1979) Economias de escala; medidas
Internacional protecionistas para a criação de

4
grupos industriais fortes.
Teoria da Vantagem Porter (1990) Condições de Fatores;
Competitiva condições de procura; indústrias
relacionadas e de suporte;
estratégia; estrutura e rivalidade
empresarial.
Teoria da Produção Dunning (1980) Condições de atratividade do
Internacional país hospedeiro
Teoria da Internacionalização Coase (1937) Imperfeições do Mercado
Williamson (1975)
Buckley (1982-1988)
Buckley & Casson (1976-
1985)
Hennart (1977-1982-
1991)
Teoria Eclética (Paradigma OLI) Dunning (1995-1998- Imperfeições de Mercado,
2000) Custos de Transação e
Vantagens de localização
Fonte: Botelho (2015, p, 54)

1.2- Estratégias da Internacionalização

Para que haja uma melhor compreensão em relação ao tema em causa, torna-se
fundamental estudar os motivos que fazem com que as empresas decidam
internacionalizar os seus negócios e quais as são estratégias que elas adotam.

De acordo com Viana e Hortinha (2009), a internacionalização engloba várias


etapas e manifesta-se de várias formas: exportações e importações de bens e serviços,
investimento na compra de empresas, licenciamento de operações produtivas e de

5
marketing de vendas, join ventures, alianças, redes industriais para a internacionalização,
visando o aumento da eficácia das empresas e o seu crescimento.

Da Silva (2016), por sua vez, defende que o comércio internacional (dado através
das exportações e das importações) e o IDE (investimento direto estrangeiro), são as
duas principais componentes da internacionalização (Oberhofer e Pfaffermayr, (2012);
embora, tal como citado a cima, existam outras formas de internacionalização, como , as
joint ventures internacionais, o outsourcing e o licenciamento e/ou cooperação
internacional (Kalinic e Forza, 2012).

Por outro lado, autores como Dal-Soto, Alves & Bulé (2014), defendem que a
internacionalização pode assumir dois formatos:

Para dentro (inward)- caracteriza-se por importações, licenças de fabricação,


compra de tecnologia ou contratos de franquias de empresas estrangeiras.

Para fora (outward)- ocorre através de exportações, concessão de licenças ou


franquias e investimento direto no exterior.

Para Kaynak. (2014), as empresas que procuram internacionalizar-se, devem ter


em consideração duas questões: Porque querem se internacionalizar? Como vão
alcançar a internacionalização?

Segundo Kaynak (2014), são muitas as teorias que tratam da internacionalização


de empresas, e as duas questões- porquê e como- são respondidas por meio de diversas
abordagens científicas. Neste estudo, os modelos teóricos são agrupados nas seguintes
categorias:

- Modelos de Estágios (o caminho universal das internacionalizações).

- Modelos de contingência (a abordagem de planejamento de adaptações para a


internacionalização)

6
- Modelos de (Inter)ligações (internacionalizações alcançadas através do aproveitamento
de oportunidades internacionais através do networking).

Kaynak (2014), cita que, estas três categorias refletem diferenças importantes no
entendimento do processo de internacionalização de uma empresa. Estas diferenças
podem ser ilustradas olhando para as seguintes categorias:

1- Uma visão de mundo objetiva versus subjetiva


2- Uma perspetiva estática versus uma perspetiva dinâmica
3- Uma orientação de planejamento versus uma orientação de ação.

1- Visão do mundo objetiva versus subjetiva


Segundo Kaynak (2014), uma visão do mundo objetiva implica que a teoria (ou seja, o
pesquisador) assume que o mundo dos negócios, incluindo os mercados internacionais,
existe independentemente do mundo dos negócios individuais se comportar de acordo
com as leis e princípios gerais (naturais que podem ser determinados por meio de
investigações científicas, aumentando assim seu conhecimento sobre a
internacionalização).

Uma visão de mundo subjetiva implica que a teoria pressupõe que o mundo dos
negócios é uma construção social, ou seja, criada pelas ações e interação dos seres
humanos. Nenhuma lei geral de comportamento pode ser encontrada porque cada
situação é única.

Assim, o conhecimento, no sentido de ciência natural do termo, não pode ser


acumulado. De importância são as perceções e as ações de cada empresário.

2- Perspetiva Estática versus Dinâmica


De acordo Kaynak (2014), uma abordagem estática implica que a teoria fornece um
instantâneo da situação. Isso contrasta com uma abordagem dinâmica, que, em uma
versão simples, implica a adição de uma dimensão de tempo. Isso significa que as
atividades de internacionalização são descritas em diferentes momentos. Esta versão da
abordagem dinâmica é chamada de “abordagem estática comparativa”.

7
Uma abordagem dinâmica também pode implicar que não é o tempo, como tal, que
interessa, mas sim os processos dinâmicos, por exemplo, a interação entre um exportador
e um importador que aumenta gradualmente a internacionalização da empresa.

3- Planejamento versus Orientação da Acão


Kaynak (2014), também cita que, as teorias da internacionalização podem ser
agrupadas conforme focalizam a atenção principalmente nas atividades de planejamento
gerencial ou se preocupam mais com as ações e experiências dos gestores. Por exemplo,
teorias relacionadas à seleção de mercados ou formas de introdução no mercado podem
ser consideradas ferramentas de planejamento. Aqui, o ponto de partida é a totalidade
sendo gradualmente reduzida usando um procedimento de seleção gradual. Como se
verá a seguir, a análise de mercado pressupõe que a empresa necessita de informações
para o planejamento de suas atividades.

Em contraste, as teorias orientadas para a ação têm a ideia intuitiva do empresário


como ponto de partida. A ideia é acompanhada por ações imediatas, que por sua vez
proporcionam experiência aos atores. Esta experiência é então transformada em
conhecimento por meio de um processo de reflexão (Kuada e Sorensen, 1997).

1.3- Investimento Direto Estrangeiro

Segundo Neide (2019), ao longo do tempo, tem sido notório, que muitas empresas
têm optado por deslocar os seus serviços, para outros países, procurando suprimir as
dificuldades encontradas no mercado doméstico. Deste modo, aproveitam os progressos
providenciados pela globalização, porque ao derrubar as fronteiras, elas passam a
beneficiar também de avanços significativos, numa esfera económica e isso, gera como
consequência o avolumar da competitividade global.
Assim, entende-se que a competitividade das empresas passa também a ser
medida com base no seu nível de exportações, no seu fluxo de investimento (IDE), bem
como, na sua na sua rede de parceiros nacionais e internacionais (Amaral, Raboch, &
Tomio, 2009).

8
Cita Pereira (2012), vai definir o IDE (investimento direto estrangeiro), como uma
forma de investimento, que é efetuado, para adquirir um interesse duradouro em
empresas que operam fora da economia do investidor (FMI, 1993; OCDE, 2001). A
entidade estrangeira ou grupo de entidades associadas que fazem o investimento são
designados “investidores diretos”. A empresa incorporada, filial ou subsidiária, é referida
como uma “empresa de investimento direto”. O FMI define ainda um limiar de dez por
cento de participação acionista para qualificar um investidor como investidor estrangeiro
direto (FMI, 1993).

Neide (2019), apoia a teoria que diz que, a internacionalização resulta do


entusiasmo por parte dos comerciantes e dos compradores ativos no mercado, e que por
isso, existe uma relação entre a busca constante de novos mercados de abastecimento,
de fornecimento e de aquisição de know-how e mão de obra qualificada com a
necessidade de sobrevivência mercantil.

Segundo Castilho (2014), os anos 50, foi marcado, por ser uma época, em que a
economia mundial foi dominada pelas empresas norte-americanas, que lideravam em
termos de investimento direto. As empresas japonesas e europeias faziam os possíveis
para alcança-las e usavam a exportação como arma principal.
Entretanto, de acordo os autores, as mudanças no mercado internacional,
começaram a ser sentidas entre os anos 60 e 70 com o aumento da quota de mercado da
quota de mercado das empresas americanas. Porém, só nos anos 80, houve a grande
alteração no que diz respeito ao IDE e, os Estados Unidos da América, passou de
principal emissor de IDE para principal recetor (Hagedoom & Schakenraad (1991)).

Castilho (2014), ainda cita que, com base em estudos analisados, é possível
afirmar que o IDE e o comércio internacional, são aspetos importantes na
internacionalização de uma economia. Faini (2005) realça a importância do IDE e do
comércio internacional durante o boom no processo de internacionalização nos anos 80.
Pournarakis & Varsakelis (2004) por sua vez, apresentam o IDE como fator de integração
na economia e o peso das exportações no PIB e do comércio internacional (exportação +
importação) no PIB como medidas do grau de internacionalização de uma economia.

9
Ideia esta, reforçada por Fernández, García, & Tortosa-Ausina (2007), que ao
classificarem os indicadores da integração económica internacional aponta o grau de
abertura comercial como uma medida de integração económica.

Castilho (2014), finaliza que, o IDE é um dos modos mais comuns de


internacionalização das empresas e que, além do impacto no crescimento económico
também influencia o grau de internacionalização da economia dos países emissor e
recetor.

Por sua vez, ainda quanto a teoria do investimento direto estrangeiro, Botelho
(2015), cita que as empresas procuram oportunidades em países estrangeiros para
efetuar o seu investimento, tendo como estratégia a exploração de vantagens
competitivas intrínsecas e a ausência de competências das empresas concorrentes.
Esta teoria considera que as imperfeições do mercado e a diferenciação da empresa são
fatores catalisadores para o investimento direto estrangeiro.

Segundo Botelho (2015), são consideradas as seguintes imperfeições no mercado:

• As imperfeições nos mercados de bens, nomeadamente as relacionadas com a


diferenciação do produto, com as competências de marketing e com a notoriedade das
marcas;
• As imperfeições nos mercados de fatores, isto é, as relacionadas com as
competências de gestão, com a tecnologia e com a capacidade de obtenção de recursos;
• As imperfeições na concorrência das economias de escala (internas e externas);
• As imperfeições na concorrência causadas pelas políticas dos governos na atração
do investimento.
Botelho (2015), também vai citar que, o investimento direto estrangeiro (IDE)
assume duas formas distintas (Dunning, 1993b): o propriamente dito investimento
direto no estrangeiro e o investimento indireto no estrangeiro, também denominado
investimento de carteira.

10
- O primeiro caracteriza-se por envolver a transferência para outro país de um conjunto de
ativos e produtos intermediários que inclui capital financeiro, tecnologia, know-how
(conhecimento do saber fazer), técnicas de gestão, liderança e acesso a mercados
externos, com o controlo do uso dos recursos por parte do investidor.

- O segundo envolve unicamente a transferência internacional de capital financeiro


passando o controlo do vendedor para o comprador.

Botelho (2015), concluirá que, as empresas optam pelo IDE quando os benefícios
líquidos, decorrentes da internalização de atividades no mercado doméstico e no
estrangeiro, são superiores aos que seriam proporcionados pelas relações comerciais
externas. Isto sucede porquanto a empresa consegue impor a definição e aceitação das
obrigações contratuais, a fixação dos preços e a exploração dos mercados.

1.4- Investimento Direto Estrangeiro nos países subdesenvolvidos

Segundo Castilho (2014), a entrada do investimento direto estrangeiro, tem um


papel relevante no país recetor, sendo, que muitas vezes, quando calculado o total de
investimento privado do país, o IDE, seja o que mais estimula o crescimento económico
(Dabour, 2000). No caso dos países em desenvolvimento, o IDE, pode ser o instrumento
mais eficaz na redução da pobreza, uma vez que permite a expansão tecnológica, ajuda
na formação do capital humano, contribui para a integração no comércio internacional,
cria um ambiente empresarial mais competitivo e contribui para um melhor
desenvolvimento do sector empresarial (Ahmed, 2012).
Castilho (2014), cita que os estudiosos também mencionam, que para que um país
tenha acesso aos benefícios de longo prazo do IDE tem que possuir um conjunto de
características, entre as quais se destacam o capital humano, a capacidade de absorção
(Borensztein, Gregorio, & Lee, 1998), a estabilidade económica e o mercado liberalizado
(Li & Liu, 2005).
Adicionalmente, a literatura revela que o impacto no crescimento é influenciado
pelo tipo de IDE. Por exemplo, Li & Liu (2005), mostraram que o IDE exportação-
promoção, tem maior relevância para o crescimento económico do país recetor em
relação ao IDE substituição-importação. Os autores mostraram que o efeito do IDE varia

11
de país para país e que as políticas comerciais têm um papel importante no impacto do
IDE sobre o crescimento económico.

Costa (2003), defende a ideia apresentada por Duning (1981, 1988), onde este
acredita que só há lugar para IDE, quando a empresa usufrui de três componentes
chaves:

1- Vantagens específicas de propriedade (Ownership advantages)


2- Vantagens de localização (Location advantages)
3- Vantagens de internacionalização (Internalization advantages)

Segundo Duning (1981, 1988) e citado por Costa (2003), as duas primeiras
vantagens, explicam o motivo pelo qual as empresas produzem fora do seu território. O
terceiro determinante explica a utilização dessas vantagens pela própria empresa, em vez
da sua cedência à empresas estrangeiras. Ou seja, quanto maior forem as vantagens
específicas de uma empresa (líquidas de qualquer desvantagem resultante do facto de
operar num mercado estrangeiro), maior será o incentivo para explorá-las, i.e de
internalizar as suas atividades, direcionando as atividades para os países que apresentam
maiores vantagens de localização (Costa, 2003ª).

Kaynak (2014), considera que, mesmo nas economias em desenvolvimento da


África, da América Latina e do resto da Ásia, as recentes políticas de desenvolvimento
econômico visam reduzir o envolvimento direto do Estado nos negócios. Os quadros
legais e regulamentares restritivos estão a ser desmantelados e uma série de medidas
macro e microeconómicas estão a ser adotadas para encorajar o desenvolvimento do
sector privado por parte de investidores locais e estrangeiros.

Para Kaynak (2014), as políticas de porta aberta da China, que começaram no


início da década de 1980, são um exemplo clássico, mas evidências semelhantes podem
ser encontradas em outros lugares. Assim como os países em desenvolvimento estão a
abrir as suas economias para investidores estrangeiros, o aumento da intensidade da
concorrência internacional tem pressionado as empresas das economias de mercado

12
desenvolvidas a buscar estratégias de terceirização e/ou investimentos estrangeiros
diretos em países com baixos custos trabalhistas (Dunning, 1989).

Kaynak (2014), cita que outros não viram outra alternativa senão localizar-se nos
países em desenvolvimento ou nas economias em transição da Europa Central e Oriental.
Como observa Dunning (1989), essas empresas se tornaram mais livres em sua
escolha de localização, uma vez que sua dependência de dotações de fatores naturais e
imóveis foi reduzida. Essas mudanças distintas nos negócios mundiais são causadas por
uma combinação de fatores externos e medidas políticas específicas de cada país que
favorecem a liberalização econômica e o investimento estrangeiro direto.

1.5- Crise Financeira

Conforme citado por Carvalho (2013), segundo Minsky (1977), um dos critérios que
permite avaliar a fragilidade ou a robustez de uma dada estrutura financeira é o modo
como nessa estrutura ponderam os financiamentos com cobertura de risco (hedge), os
financiamentos especulativos e os financiamentos Ponzi.

De acordo a teoria apresentada por Minsky (1977) e citada por Carvalho (2013),
existem três tipos de unidades económicas, segundo o grau de prudência do
endividamento:

-Em primeiro lugar, temos as unidades hedge, onde o endividamento é tal que as
entradas monetárias, provenientes dos rendimentos esperados, são superiores, em cada
período, às saídas destinadas ao pagamento de responsabilidades. Neste caso, seja qual
for a taxa de atualização considerada, o valor do investimento líquido é positivo.
- Em segundo lugar, temos as unidades especulativas, onde os fluxos monetários de
saída são superiores às entradas esperadas, em alguns curtos períodos de tempo,
embora as unidades se possam refinanciar no mercado. O valor líquido do investimento
pode, neste caso, tornar-se negativo, se a taxa de juros subir muito.

13
- Finalmente, as unidades Ponzi são aquelas onde apenas os fluxos financeiros
destinados ao pagamento dos juros da dívida excedem as entradas esperadas, pelo que
o valor líquido do investimento é então negativo.

Neste sentido, Minsky (1977, p.149) conclui que “se, em geral, a finança
especulativa torna a estrutura financeira frágil, então o financiamento contínuo ou
especulativo do investimento é uma parcela particularmente sensível da estrutura
financeira frágil”.

Segundo Carvalho (2013), o termo crise reporta-se a um elenco alargado de


situações, nas quais concorrem, porém, dois fatores fundamentais:
1- Envolve a perda de valor de instituições ou de ativos financeiros;
2- Este processo propaga-se rapidamente.

Por outro lado, para Kindleberger (2002), as crises financeiras estão intimamente
associadas aos períodos cíclicos da economia. Uma crise financeira ocorre quando se
observa uma mudança súbita no panorama económico. Novas oportunidades de lucros
emergem, ao mesmo tempo que o risco em torno dessas operações também se eleva. O
desequilíbrio entre essas duas forças - de ganhos e de perdas – faz instaurar as crises
financeiras.

Com efeito, para Kindleberger (2002), a definição de crise financeira deve considerar
as atitudes dos agentes económicos, por fazerem emergir os momentos de euforia,
bolhas e irracionalidades.

Quelhas (2013), por sua vez, defende que “o conceito de crise financeira, é por
excelência, um conceito inacabado, onde ponderam múltiplos elementos constitutivos,
nomeadamente de natureza bancária, monetária e cambial, que obstam à delimitação das
sua fronteiras”.
Quelhas (2013), ainda afirma que não há um consenso entre os economistas, porque
há várias teorias acerca do desenvolvimento das crises financeiras. As crises continuam a

14
ocorrer por todo o mundo, parecendo desencadear-se com certa regularidade, sendo
inerentes ao próprio funcionamento da economia capitalista.

Capítulo 2: O Turismo em Angola

Angola é um país, com uma área total de cerca 1 246 700 km2, com 1 600 km de
costa, com imponentes planaltos, praias, fauna e flora abundantes, cultura diversa, , povo
, vastos rios, e oferece grandes oportunidades de negócios no sector turístico.
O relatório publicado pelo PND- Angola/Portugais (2018), refere que a dimensão
territorial e litoral, a diversidade climática e paisagística, bem como a biodiversidade que o
País apresenta, ainda são desconhecidas pelo Turismo internacional.
Entretanto, o turismo angolano, tem como estratégia definir prioridades, regiões e
polos de desenvolvimento turístico, de modos que esteja focado no desenvolvimento
integrado e faseado de seis eixos estratégicos, nomeadamente:
Mercados emissores, enriquecimento da oferta, acessibilidades, promoção e distribuição,
serviços e competências, qualidade urbana e ambiental.

Conforme referenciado pelo relatório publicado, o Campeonato Africano das


Nações, realizado em Angola em 2010, serviu de alavanca para impulsionar o sector
turístico angolano pós-guerra, pois, este marco, despertou o olhar de turistas de todo o
mundo e ajudou a melhorar a oferta turística angolana.

15
O Turismo, desde modo, apresenta-se como um sector promissor, que pode
contribuir para a redução da pobreza, aumentar as receitas internas e consequentemente
o crescimento económico do País.
O sector é determinante na inclusão e desenvolvimento social, vela pela identidade
nacional e pela imagem do país, reforça a cidadania e ajuda a conter o êxodo rural.

A crise económico-financeira registada por Angola desde 2014, face a redução do


preço do petróleo no mercado internacional, incitou o despertar das autoridades
governamentais, políticas e de empresários para a necessidade da diversificação da
economia, através de recursos a outras potencialidades, como o Turismo, conforme
citado pelo relatório.

Deste modo, a indústria do Turismo foi um dos sectores selecionados para a


diversificação da economia, fruto do potencial que o País possui e pelo crescimento
contínuo da indústria do Turismo mundial.

Contudo, de acordo o relatório, a conceção do turismo tem evoluído ao longo dos


tempos. O modelo turístico de exploração massificada que vigorou desde os anos 50,
baseados nos três S, (Sun, Sea, Sandy) está ultrapassado e insustentável. Hoje em dia, o
novo modelo é baseado nos três L, (Landscape, Leisure, Learning) verificando-se uma
alteração significativa no comportamento dos turistas e nas estratégias do Turismo. O
Turismo passou a estar mais ligado a natureza, a aventura, a novidade e a criatividade.

Todo esse processo permitiu o surgimento de um novo perfil de turistas, com maior
sensibilidade para as culturas locais, para o ambiente, e que procuram por experiências
únicas e de autorrealização, saúde e bem-estar, fruto também, da alteração do estilo de
vida das pessoas.
Angola, respeitando, os objetivos do milénio, tem estado a apostar na
sustentabilidade do turismo, que contempla a preservação da natureza, da fauna, da flora,
a manutenção da identidade cultural e outros recursos naturais.
O País tem uma forte reserva de património cultural, histórico e natural, povo
acolhedor, fauna e flora diversificada, localização privilegiada, extensão territorial e litoral,

16
que são uma mais-valia para impulsionar o desenvolvimento do turismo a médio e a longo
prazo. Daí, a necessidade da qualificação da oferta turística com o aumento da qualidade
e diversidade, tornando-o mais competitivo.

O relatório ainda revela que, Angola tem capacidade para ser um novo destino
turístico no século XXI, mas para tal, tem que continuar a apostar fortemente na
superação do défice de ofertas a vários níveis (mão de obra, quadro legal, inventariação e
caracterização dos ativos turísticos, meios de trabalho eficientes e criar uma visão
integrada do Turismo), uma vez que tem potencial para o seu desenvolvimento.

Capítulo 3: Metodologia

Segundo Reichardt; Frasson; Junior (2017), a revisão da literatura está estruturada de


modos a permitir um breve retrospeto sobre as classificações metodológicas abordadas,
as quais são: objetivos de pesquisa, natureza do problema, abordagem do problema,
ambientes e delineamento da pesquisa. Neste sentido, procura-se estabelecer definições
dessas estruturas para cumprir com o objetivo proposto nesse trabalho.

3.1- Objetivos da Investigação: Gerais e Específicos

O presente estudo, pretende contribuir com conhecimento específico sobre os


impactos gerados pela Internacionalização de empresas. O estudo tem como objetivo
geral, saber quais são as motivações, oportunidades, riscos e desafios que as empresas
estrangeiras enfrentam face a possibilidade de investir no território Angolano.

Neste âmbito, constituem objetivos específicos deste trabalho:

-Explicar a importância que o Investimento Direto Estrangeiro (como estratégia de


Internacionalização), tem para Angola.

17
-Saber quais são as políticas/estratégias governamentais implementadas por Angola para
atrair o Investimento Direto estrangeiro na área do Turismo, neste contexto de crise que
enfrenta.

3.2- Questão de Investigação

A presente Dissertação tem por base uma questão de partida. Assim, delimitamos o
caminho a ser traçado na investigação, de forma a alcançar o objeto primário da mesma.

Quivy e Campenhoudt (2013), defendem, que quando se elabora um projeto de


investigação, deve ser definida uma questão de partida, que permita compreender de
forma clara, objetiva e precisa, o que é que a investigação em causa pretende estudar e
conhecer. Deste modo, o estudo terá como principal objetivo responder a esta questão de
partida e explorá-la o máximo possível.

Foi elaborada a seguinte questão de partida:


Quais são as principais motivações, oportunidades, barreiras e/ou riscos
associados ao processo de internacionalização de empresas turísticas em Angola?

3.3- Hipóteses

Motivações inerentes ao Investimento Direto Estrangeiro:

De acordo com Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, 2010, pag 5), existem quatro
motivos essenciais para a realização de IDE: a procura de recursos, procura de
mercadorias, procura de eficiência e a procura de ativos estratégicos, que se traduzem
em diferentes vantagens de propriedade, localização e internacionalização.

Os vários motivos existentes não são mutuamente exclusivos e cada vez mais as
empresas combinam um ou mais motivos tradicionais para justificarem as suas incursões
diretas nos mercados internacionais (Mehmed e Osmani, 2004).

Assim, obtemos a seguinte hipótese:

18
H1: Existe uma relação positiva entre a motivação de investir na área do turismo angolano
e a atração de IDE.

Oportunidades inerentes ao Investimento Direto Estrangeiro:

Segundo Shenkar & Luo (2007), uma empresa multinacional (EMN) pode tanto afetar
a importação do país recetor (no caso de usar o país emissor como fornecedor de bens
intermédios para a produção no país recetor, logo afeta a exportação do país emissor),
como pode afetar a exportação do país recetor (ao produzir bens intermédios e exportar
para o país emissor ou para outros países, neste caso afeta a importação do país emissor
ou dos países para os quais os bens intermédios são enviados).

Por sua vez, ainda quanto a teoria do investimento direto estrangeiro, Botelho (2015),
cita que as empresas procuram oportunidades em países estrangeiros para efetuar o seu
investimento, tendo como estratégia, a ausência de competências das empresas
concorrentes e a exploração de vantagens competitivas intrínsecas.

Assim, obtemos a seguinte hipótese:

H2: Existe uma relação positiva entre as oportunidades que Angola oferece e a atração de
IDE.

Barreiras inerentes ao Investimento Direto Estrangeiro:

Botelho (2015), considera as seguintes imperfeições no mercado que servem como


barreira:

• Imperfeições nos mercados de bens, nomeadamente as relacionadas com a


diferenciação do produto, com as competências de marketing e com a notoriedade das
marcas;
• Imperfeições nos mercados de fatores, isto é, as relacionadas com as competências de
gestão, com a tecnologia e com a capacidade de obtenção de recursos;
• As imperfeições na concorrência das economias de escala (internas e externas);

19
• As imperfeições na concorrência causadas pelas políticas dos governos na atração do
investimento.

Porém, as limitações apontadas a esta teoria, concentram-se no facto desta


abordar apenas o tema do investimento no estrangeiro, não considerando quaisquer
formas de acordos no mercado (Malhotra et al., 2003) Também designada por «Teoria da
Imperfeição dos Mercados».

Assim, obtemos a seguinte hipótese:

H3: Existe uma relação negativa entre as barreiras que as empresas turísticas enfrentam
e a atração de IDE.

Riscos associados ao Investimento Direto Estrangeiro:

Conforme cita (Pereira 2012), uma das principais prioridades das empresas que atuam
internacionalmente, é a gestão do risco (Miller, 1992). Quando o destino destes
investimentos internacionais são países em desenvolvimento e emergentes, verifica-se
que estes, apesar de um dado progresso a nível da estabilidade política e da qualidade
das instituições económicas (Wyk e Lal, 2008), são normalmente associados a um
elevado nível de risco o qual inibe um maior influxo de investimento direto estrangeiro
(IDE) (Asiedu, 2002).

Assim, obtemos a seguinte hipótese:

H4: Existe uma relação negativa entre os Riscos associados ao processo de


internacionalização de uma empresa e a atração de IDE para o turismo angolano.

Tabela Hipóteses

Hipóteses Autores Relação Esperada com a


Variável Dependente
(IDE)

H1 Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, +


2010, pag 5)

20
H2 Segundo Shenkar & Luo (2007), Botelho +
(2015)
H3 Botelho (2015) -

H4 (Pereira 2012) -

Fonte: Elaboração Própria

3.4- Ambiente da pesquisa

Segundo Gil e Andrade (2002), o lugar onde o pesquisador busca realizar as suas
pesquisas designa-se ambiente de pesquisa. São percebidos nesse contexto, o lugar e a
forma de abordagem. Neste caso, estabelecemos duas formas distintas de abordar esse
tema, pesquisa de campo e bibliográfica.

No que toca a pesquisa de campo, Andrade (2002), considera que deve-se buscar
por uma realidade específica, geralmente envolvendo várias observações relacionadas à
entrevistas, filmagens, pré e pós testes.

No nosso estudo, recorremos aos dois ambientes de pesquisa acima mencionados.


Na primeira fase, usamos pesquisas bibliográficas, que serviram de sustentabilidade
teórica para o estudo e de ponte para a execução prática da Dissertação. Consideramos
que é fundamental, antes de tudo, aprofundarmos os conceitos que dão voz ao tema
central do trabalho, e por isso, recorremos aos livros, artigos, teses, revistas e outros
documentos que nos permitiram desenvolver toda a parte teórica do estudo.

Por outro lado, também tivemos uma pesquisa de campo, por meio de entrevistas
feitas aos profissionais ligados diretamente a área que está a ser analisada no nosso
estudo. Estas entrevistas, ajudaram-nos a compilar também, a parte prática do nosso
estudo.

21
3.4-1. Delineamento da pesquisa e processo de Investigação

O processo de investigação deste projeto envolve três fases diferentes, mas que
acabam por se complementar:

1. Recolha de dados primários: de modos a aprofundar os conhecimentos das


temáticas abordadas, foram feitas várias consultas bibliográficas, para servirem de base
teórica do trabalho.

2. Recolha de dados secundários: dados adquiridos por meio de entrevistas feitas às


entidades ligadas ao Ministério do Turismo de Angola e às entidades ligadas à AIPEX
(Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola).

3. Tratamento e análise de dados: parte em que se deu o devido tratamento aos dados
obtidos durante todo o processo investigativo deste trabalho.

Quanto à problemática de investigação, foram formuladas questões gerais e


específicas, que nos permitiram organizar a investigação por sub-temas, de acordo com o
nosso objeto de investigação.

Este estudo assume as duas vertentes de investigação, quantitativa e qualitativa,


no sentido em que a dedução e indução são critérios constantes nesta investigação.

Quanto ao método quantitativo, obtivemos vários dados estatísticos por parte das
instituições angolanas, que nos permitiu construir um estudo, com variáveis conhecidas e
teorias existentes quanto à natureza da problemática aqui apresentada. Assim, foi
possível aprofundar os conhecimentos sobre a atual realidade do turismo angolano (em
termos estatísticos) e quais as medidas que estão a ser adotadas pelo governo de modos
a promover o investimento neste sector.

Também foi elaborado um inquérito online, através do google docs, cujo o


resultado serviu de sustentabilidade para o nosso estudo.

Quanto ao método qualitativo, na conceção de Anadón (2005), a pesquisa,


preocupa-se com os problemas sociais, ultrapassa a análise estatística e visa uma
mudança social.

22
Na perspetiva de Silva (1998), a abordagem qualitativa permite uma infinidade de
sentidos simbólicos e coloca o próprio homem como investigado e investigador. Neste
caso, o pesquisado não é um mero objeto; o campo e o processo se transformam. Deste
modo, umas das primeiras motivações para o desenvolvimento de uma pesquisa está em
responder a uma inquietação do próprio pesquisador.

Neste trabalho, o método qualitativo foi o mais desenvolvido, pois, com o


questionário elaborado e enviado para entidades turísticas angolanas, foi possível colher
o máximo de dados possíveis para o processo construtivo, bem como para a análise do
estudo de caso do trabalho.

O método qualitativo, cumpriu-se pela observação direta e pelo conhecimento da


realidade como angolana, o que nos permitiu obter informações mais precisas sobre o
turismo nacional. Os indicadores obtidos pela metodologia quantitativa permitiu-nos uma
investigação ancorada à qualitativa.

A pesquisa qualitativa visa compreender os fenómenos e não simplesmente


explicá-los. Nesta abordagem, a ênfase não recai sobre o produto em causa, mas sobre o
processo.

A entrevista pode ser presencial, telefónica ou via internet, pode ser individual ou
em pequenos grupos (Coutinho 2014; Fortin, 2009).

Neste contexto, apresentamos a problemática através das seguintes questões


fundamentais:

- O que Angola tem feito para atrair o IDE na área do turismo nacional?

-Quais são as motivações, oportunidades, barreiras ou riscos, que as empresas turísticas


encontram face à possibilidade de internacionalizarem-se em Angola?

Quanto ao desenho, a investigação é de carácter descritiva e está composta por 8


fases: apresentação da problemática de investigação, questões e hipóteses formuladas,
objetivos de investigação, revisão da literatura, definição e fundamentação da
metodologia, recolha de dados, análise de dados e conclusões.

23
3.4.2- Recolha de dados Primários

Para as consultas bibliográficas, recorremos á vários autores, de modo a amplificar


os conhecimentos referentes ao estudo da Internacionalização de Empresas, as
Estratégias de Internacionalização, do IDE, Crise Financeira e do Turismo.

Foram recolhidos e analisados documentos como Decretos presidenciais ligados à


AIPEX, relatórios do Fórum do Turismo Angolano, entre outros. As consultas foram
efetuadas no âmbito do estudo em questão, como no Ministério do Turismo, através das
seguintes áreas:

1. Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística

E pela Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX),


através das seguintes entidades:

1. Departamento de Promoção e Captação de Investimento;

2. Departamento de Acompanhamento de Investimento e Negócios Internacionais;

3.4.3 - Recolha de dados secundários:

Referente à recolha dos dados secundários, foi feito um questionário com


questões, abertas, a 3 intervenientes ligados à AIPEX e 1 interveniente ligado ao sector
do Turismo, a saber:

Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) e


Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente.

Definindo objectivos gerais, procurou-se perceber o seguinte:

AIPEX:

1. Compreender quais são os desafios, riscos e oportunidades que as empresas


estrangeiras enfrentam face à possibilidade de investir em Angola;

24
2. Saber quais são os países e consequentemente empresas estrangeiras, com maior
impacto a nível de investimento em Angola;

Ministério do Turismo:

1. Saber, qual é a realidade do turismo em Angola e quais seriam os desafios e


possíveis oportunidades face à crise;

2. Saber quais são as províncias/cidades consideradas mais atrativas para se


investir?

3. Quais são as estratégias/políticas governamentais que estão a ser implementadas


para fomentar o investimento direto estrangeiro no que concerne ao turismo nacional.

4. Compreender qual é a apreciação feita pelos investidores estrangeiros face a


possibilidade de investir no sector turístico em Angola.

A investigação teórica foi efetuada entre os meses de Novembro 2019-Fevereiro


2020, o trabalho de Campo executado em Angola, foi realizado entre os meses de
Fevereiro á Março de 2020 (tendo sido interrompido devido as restrições relacionadas ao
COVID), mas prosseguimos com as investigações para o trabalho, incluindo algumas
entrevistas realizadas de forma online, entre os meses de Maio-Outubro 2020.

Inicialmente, as questões elaboradas para as entrevistas foram apresentadas às


respetivas entidades e posteriormente (devido a pandemia), por endereço eletrónico e via
o aplicativo ZOOM. As questões foram administradas por mim (autora do trabalho).

Inicialmente, foi explicado o objetivo do estudo aos entrevistados, e posteriormente,


convidados a responder às questões apresentadas.

3.5 - Variáveis

Variável Dependente

Neste estudo, a variável dependente definida é o Investimento Direto Estrangeiro.

Variáveis Independentes

25
Após a definição das hipóteses apresentadas anteriormente, as variáveis
independentes definidas para este estudo são as seguintes:

 Motivações inerentes a atração do IDE


 Oportunidades que Angola oferece para atração do IDE
 Desafios inerentes ao IDE
 Riscos associados a atração de IDE

3. 6- Apresentação dos Resultados (Recolha de dados)

Neste capítulo, apresentamos a caracterização socioprofissional dos entrevistados.


Posteriormente procederemos à apresentação do conteúdo das entrevistas realizadas,
tendo por base os objetivos, finalidade e questões da investigação.

3.6.1 - Caracterização Socioprofissional dos Participantes

Neste estudo, participaram 4 entidades relacionadas aos organismos que permitiram-nos


obter informações fundamentais e detalhadas que serviram de base para o nosso estudo.

Três entidades, ligadas à Agência de Investimento Privado e Promoção das


Exportações de Angola (AIPEX); E uma entidade do Ministério do Turismo, Cultura e
Ambiente de Angola.

Todos do sexo masculino e cujo a média de idades correspondia aos 38 anos,


variando entre os 36 anos e 42 anos.

O tempo de experiência profissional (geral) nas referentes áreas variavam entre os


6-11 anos.

Concernente as habilitações literárias, todos os entrevistados possuíam o grau de


Licenciado e dois possuíam também o grau de Mestre e é de salientar, que todos
avaliaram a sua experiência nas referidas áreas como positiva.

26
Caracterização das entidades entrevistadas

Tabela - Caraterização dos entrevistados

Categoria Número
-Director (Gabinete de
Estudos, Planeamento e 1
Estatística - Ministério
Turismo )

-Departamento de Promoção 2
e captação de investimento
(AIPEX)

-Departamento de 1
acompanhamento de
investimento e negócios
internacionais (AIPEX)
Anos de experiência em
Angola 1
5-7 anos
7-10 anos 1
> 10 anos 2
Elaboração: Própria

3.6.2- Apresentação dos conteúdos da entrevista.

Da análise de conteúdo das entrevistas realizadas, emergiram, os seguintes


domínios:

1- Quais são as Motivações, Oportunidades, Barreiras e Riscos que as empresas


turísticas se deparam quando decidem internacionalizar-se e investir em Angola?

2- Quais são os países e consequentemente empresas estrangeiras, com maior impacto a


nível de investimento em Angola?

3- Quais são as estratégias/políticas governamentais que estão a ser implementadas para


fomentar o investimento direto estrangeiro no que concerne ao turismo nacional.

27
4- Quais são as províncias/cidades consideradas mais atrativas para se investir?

5-Qual é a apreciação feita pelos investidores estrangeiros face a possibilidade de investir


no sector turístico em Angola?

Estas questões foram seleccionadas, porque elas servem de ponte para o que se
pretende analisar neste projecto.

A primeira questão, relacionada as motivações, oportunidades, barreiras e riscos


que as empresas turísticas se deparam quando decidem internacionalizarem-se em
Angola, é a questão de partida deste projeto e poder contar com o esclarecimento dos
entrevistados (entidades directamente ligadas ao turismo e a Agência de investimento de
importações e exportações de Angola), foi uma mais valia.
Conhecer quais são as motivações que conduzem as empresas estrangeiras a
investirem em Angola, quais as Oportunidades que Angola oferece, as possíveis barreiras
e riscos que as mesmas enfrentam e saber qual é o impacto das mesmas e como elas
influenciam o fluxo dos investimentos diretos estrangeiros é o ponto fulcral desta
dissertação.

A segunda questão, relativamente aos países com maior impacto a nível de


investimento em Angola, é necessária, porque ajudar-nos-ia a perceber, numa primeira
instancia, quais são estes países e consequentemente, saber o que os leva a continuar a
investir no território nacional. Certamente, além de estarem a investir, também receberiam
o retorno esperado, daí inicialmente dizer que (numa opinião pessoal), o investimento
direto estrangeiro, pode representar uma espada de dois gumes, que possivelmente, gera
benefícios, não somente para o país receptor do investimento, como para o país emissor
também.

Quanto a terceira questão, saber quais são as políticas governamentais que estão
a ser implementadas para fomentar o investimento direto estrangeiro no que concerne ao
turismo nacional, é de suma importância, porque leva-nos a conhecer precisamente, quais
são as estratégias que o governo angolano tem adotado, primeiro para melhorar o

28
ambiente interno relativamente aos olhares de investidores nacionais e
consequentemente, conseguir atrair o olhar de possíveis investidores estrangeiros para a
sector turístico angolano.

Relativamente a quarta questão, é essencial reiterar que Angola é um país que


possui 18 províncias/cidades. Deste modo, saber quais são as mais atractivas para o
investimento direto estrangeiro, é fundamental para este trabalho, porque leva-nos a ter
uma percepção de quais são as cidades que o governo angolano tem apostado de modos
a serem o pivô dos investimentos diretos estrangeiros, fundamentalmente na área do
turismo nacional.

E por último, ter a noção da apreciação feita pelos investidores estrangeiros face a
possibilidade de investir no sector turístico em Angola e obter estas informações da parte
das entidades entrevistadas é de salutar, pois a resposta serviu como um termómetro na
elaboração deste projeto. Permitiu-nos saber quais são os pontos positivos e os que
precisam ser melhorados para continuar a manter tais investimentos e abrir portas para
outros.

Deste modo, dada as questões apresentadas, obtivemos as seguintes respostas:

Questão 1: Quais são as Motivações, Oportunidades, Barreiras e Riscos que as


empresas turísticas se deparam quando decidem internacionalizarem-se e investir em
Angola?

a) Motivações para a realização de IDE

De acordo com Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, 2010, pag 5), existem quatro
tipos de motivos essenciais para a realização de IDE: procura de mercadorias, a procura
de recursos, a procura de ativos estratégicos e a procura de eficiência, que se traduzem
em diferentes vantagens de localização, propriedade, e internacionalização.

29
Os vários motivos existentes não são mutuamente exclusivos e cada vez mais as
empresas combinam um ou mais motivos tradicionais para justificarem as suas incursões
diretas nos mercados internacionais (Mehmed e Osmani, 2004).

Face às pesquisas feitas e as entrevistas realizadas, foi possível saber que os motivos
que levam os investidores a investir no território angolano são:

A Lei do Investimento Privado – Lei 10/28 de 26 de Junho de 2018, foi desenhada


para facilitar a atração do IDE e contribuir para a melhoria do ambiente de negócios.
Destacam-se os seguintes elementos:

• Inexistência de valor mínimo para o Investimento Privado;

• Garantia da transferência de Lucros e Dividendos após implementação efetiva do


projeto;

• Ausência de obrigatoriedade de parcerias para investir em Angola;

• Concessão automática de benefícios fiscais;

• Isenção de pagamento das taxas e emolumentos de qualquer serviço solicitado,


incluindo os aduaneiros, por um ente público não empresarial, durante um período não
superior a 5 (cinco) anos, para os projetos enquadrados no Regime Especial.

Para que a lei fosse implementada, foram adotados procedimentos que permitiram a
redução do tempo e do custo para o registo das propostas de investimento e a
simplificação da tramitação processual. Entre as medidas destacam - se as seguintes:

• O limite máximo de 72 horas para registo de respostas de investimento privado;

• A possibilidade de Submissão da proposta de investimento online através do Sistema


Eletrónico de Tramitação do Investimento Privado (SETIP), a partir de qualquer ponto do
globo;

• O acompanhamento das propostas de investimento até a sua implementação efetiva,


através de serviços de suporte ao investidor.

30
Angola está determinada em atrair investimentos e melhorar o ambiente de
negócio
• Estratégia de longo prazo (ELP 2025) prevê importantes projectos de inves-
timentos em infraestruturas que se constituem em importantes oportu-
nidades de negócios;
• Acordos bilaterais de promoção e protecção de investimentos com vários
países, com destaque para Alemanha, Espanha, Grã-Bretanha, Itália,
Portugal, Rússia, Suíça, África do Sul e Guiné Bissau;
• Captação de investimento privado através de programas de incentivo ao
investimento e diversificação, bem como o PRODESI que estabelece os
parâmetros inerentes a um processo sustentado de desenvolvimento;

Fonte: Relatório Angola-Portugais (2018)

Fonte: Relatório Angola-Portugais (2018)

■■ Como investir em Angola


O processo começa com o pedido de registro da Proposta de Investimento, que
pode ser feito através do SETIP, ou através do contacto directo com os serviços
da AIPEX, devendo para os devidos efeitos apresentar os documentos seguintes:
• Carta de pedido de registo da proposta de investimento privado;
• Formulário de Declaração de Projecto de Investimento e seus anexos devi-
damente preenchido (disponível nos balcões de atendimento da AIPEX e
portal eletrónico aipex.gov.ao);
• Cópias da identificação dos proponentes (Bilhete de Identidade ou
Passaporte), no caso de tratar-se pessoas individuais;
• Cópia da Certidão do Registo Comercial, no caso de se tratar de pessoa
colectiva;
• A acta deliberativa da decisão de registo do projecto de investimento;
• Documento comprovativo da existência de fundos ou das outras formas
de realização do projecto de investimento privado declarado (Declaração
Bancária: para forma de realização em meios monetários e documento
idóneo passado na origem por uma entidade de avaliação de activos
devidamente certificada, para a forma de realização em máquinas e
equipamentos);
• Plano de formação e de substituição gradual da força de trabalho estran-
geira pela nacional;

Fonte: Relatório Angola-Portugais (2018)

31
Projetos Registados por Setor de Atividade (em USD)

Fonte: Relatório AIPEX (Maio 2021)

O setor do Turismo, em 5 projetos, recebeu investimentos tanto a nível de investidores


nacionais, como de estrangeiros, num valor correspondente à 31M Dólares até Maio de
2021.

b) Oportunidades que Angola oferece aos investidores


estrangeiros:

Os investidores estrangeiros têm as seguintes oportunidades:

- Angola é um país com abundância de recursos minerais e matéria-prima em todas as


províncias, nomeadamente, diamantes, ouro, cobalto, ferro, manganês, recursos hídricos,
arreia, britas, fosfatos e outros fundamentais para o sector da construção civil, agricultura
e indústria.

- Terras aráveis para prática de agricultura, pastorício, silvicultura, bovinicultura, etc.

- Mais de 70% do que se consome é importado, apesar das terras aráveis, significando
garantia efetiva de sucesso para quem localmente produzir.

32
-Belezas Naturais em todas as províncias, com destaque para Malange, Namibe, Huila,
Bengo, Luanda entre outras, com grande atratividade turística.

- Um país com estabilidade política e militar em todo território nacional.

- Existência de programa de privatizações em curso;

- Existência de um Novo Quadro de Investimento Privado, que confere maior celeridade a


quem queira investir em Angola, nomeadamente a JUI- Janela Única do Investimento, que
é um mecanismo de facilitação de processos de investimentos privado, ou seja a AIPEX é
o único interlocutor do investidor, em todas as fases de investimento, desde a
apresentação da proposta, aprovação, licenciamento e repatriamento de lucros e
dividendos.

Fonte: Relatório Ministério Turismo

c) Desafios que investidores estrangeiros enfrentam face a


possibilidade de investir em Angola

As empresas Estrangeiras e Nacionais que pretendam investir em Angola enfrentam


os seguintes desafios:

- Falta infraestruturas suficientes para o apoio à implementação de projetos


nomeadamente estradas para escoamento dos produtos, zonas mais recônditas às
capitais das províncias.

33
- Centros logísticos para armazenamento de produtos e transportes;

- Forte dependência do petróleo, reduzindo a capacidade de mais reservas internacionais


líquidas influenciando o processo de Repatriamento de Lucros e Dividendos.

-Capital humano diminuto (em termos de especializações) e quebra na cadeia de valores


em alguns sectores.

Fonte: Relatório Ministério do Turismo

d) Riscos que os investidores estrangeiros podem enfrentar face à


possibilidade de investirem em Angola

As empresas nacionais e estrangeiras enfrentam os seguintes riscos:

Tabela - Principais Riscos Identificados

Nível de Importância

Riscos que as empresas nacionais e Muito Relevante Pouco


estrangeiras podem enfrentar: Relevante Relevante

Instabilidade Política 25 Pontos 15 pontos 3 Pontos

34
Corrupção 33 Pontos 6 Pontos 1 Ponto

Burocracia em termos de documentação 33 Pontos 9 Pontos 0 Pontos

Riscos de Inflação Flutuante 28 Pontos 9 Pontos 1 Ponto

Volatilidade Cambial 28 Pontos 8 Pontos 0 Pontos

Taxas de Juros elevados 28 Pontos 9 Pontos 0 Pontos

Impostos elevados 24 Pontos 15 Pontos 2 Pontos

Custo de Inputs elevados 20 Pontos 13 Pontos 2 Pontos

Instabilidade laboral (qualidade de mão-de- 18 Pontos 13 Pontos 5 Pontos


obra)

Infraestruturas e Serviços Públicos 22 Pontos 12 Pontos 2 Pontos


Debilitados

Volatilidade de Procura de Mercados 15 Pontos 15 Pontos 3 Pontos

Concorrência e Competição 10 Pontos 9 Pontos 15 Pontos

Fonte: Elaboração própria

Esta tabela, foi baseada em uma das questões do inquérito online, cujo a questão
era saber quais são os principais riscos que os investidores nacionais e estrangeiros
enfrentam face a possibilidade de investir em Angola, bem como permitiu avaliar também
em termos de pontos.

Questão 2: Quais são os países, com maior impacto a nível de


investimento em Angola?

Os países com maior impacto a nível de investimento estrangeiro em Angola,


considerando os variados setores são: Portugal, Inglaterra, Holanda, França, Bélgica,
Malásia, Espanha, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Suíça, Rússia, Brasil, África do Sul,
China, Guiné-Bissau e etc.

35
Fonte: Relatório AIPEX (Maio 2021)

Fonte: Relatório AIPEX (Maio 2021)

36
Fonte: Relatório AIPEX (Maio 2021)

Questão 3: Quais são as estratégias/políticas governamentais que estão


a ser implementadas para fomentar o investimento direto estrangeiro
no que concerne ao turismo nacional.

São várias as estratégias adotadas pelo governo angolano, para fomentar o


crescimento do sector turístico nacional e aumentar o número de investidores
estrangeiros neste sector.

Neste sentido, o país traçou um Plano de Desenvolvimento 2018-2020 cujo


programas de desenvolvimento do sector também têm tido grande relevância.

Fonte: PDN (2018-2022) Angola

Questão 4: Quais são as províncias/cidades consideradas mais


atrativas para se investir?

37
No âmbito do Plano Diretor do Turismo, o Governo angolano lançou quatro Polos
de Desenvolvimento Turístico – três em 2011 e um em 2016, resultantes das
especificidades e envolventes paisagísticas e turísticas de cada um.

Trata-se do Pólo de Desenvolvimento da “Bacia de Okavango Zambeze”, na


província do Cuando Cubango – o maior de Angola, com uma área total de 11 mil 972
hectares, e do “Cabo Ledo”, no município da Quiçama, província de Luanda (o menos
extenso, com 1.390.3 hectares).

Junta-se a estes o Pólo de Desenvolvimento de “Calandula”, na província de


Malanje (área total de 1.977.49 hectares), e do “Futungo de Belas e Mussulo”, o mais
recente, criado em 2016, com uma área de 537 hectares, desde o largo da Corimba até à
ponte do Benfica, província de Luanda.

Dos quatro projetos, apenas o “Okavango Zambeze”, designado KAZA, atravessa


fronteiras, envolvendo Angola, Zâmbia, Zimbabwe, Namíbia e Botswana. Todos os países
são atravessados por um rio que nasce no território nacional.

38
Questão 5: Qual é a apreciação feita pelos investidores
estrangeiros face a possibilidade de investir no sector turístico em
Angola?

De acordo com o Relatório Mundial de Investimentos 2020 da UNCTAD, os


principais ativos de Angola são:

• A estabilidade política e econômica que recuperou-se em torno de um amplo


consenso e sob a liderança de uma sólida maioria política após 27 anos de guerra civil,

• Uma grande população faz do país o terceiro maior mercado da África


Subsaariana,

• Importantes recursos naturais (segundo maior produtor de petróleo da África


Subsaariana, produção de mineração, produção de diamantes),

• Forte potencial de crescimento para setores não petrolíferos, como agricultura,


construção e turismo,

• Uma força de trabalho jovem e em expansão,

• Atraente para o IED nos últimos anos.

Pontos Fracos

Entre os fatores prejudiciais ao investimento estrangeiro estão:

• Alta vulnerabilidade às flutuações dos preços do petróleo: 98% dos ganhos de


exportação vêm da produção de petróleo,

• O ambiente de negócios sub-ótimo com altos custos de entrada no mercado,


burocracia pesada e relativamente lenta e baixa confiança geral no atual governo pelas
empresas,

• Infraestrutura inadequada,

39
• A falta de qualificação da força de trabalho e a alta taxa de desemprego (32,7% em
2020 - Ministério da Economia, Finanças e Recuperação da França) que sustenta a alta
taxa de pobreza,

• A fraqueza do sistema judiciário, a persistência da corrupção e a falta de


transparência em geral e nas contas públicas em particular,

• Alta dívida bruta do governo geral (120,3% do PIB em 2020 - FMI),

• Um sistema financeiro subdesenvolvido.

A Agência Nacional de Promoção e Exportação de Investimentos (APIEX) tem


como objetivo estimular o crescimento econômico, diversificar a economia e ampliar a
participação do setor privado na economia angolana. O país perdeu quatro posições no
relatório anual de clima de negócios do Banco Mundial 2020, ocupando a 177ª posição
entre 190 países. Angola também ocupa o 142º lugar entre 180 no índice de perceção de
corrupção da organização Transparência Internacional, em claro andamento desde o
último relatório (+19 lugares). Além de sua vulnerabilidade devido à dependência das
receitas petrolíferas, Angola sofre de altos níveis de burocracia e de um sistema
financeiro subdesenvolvido, bem como corrupção generalizada, infraestrutura precária,
portos ineficazes, mão-de-obra abundante, mas não qualificada e altos custos no terreno
para as empresas.

Investimento Direto Estrangeiro 2017 2018 2019

FDI Inward Flow (milhões de USD) -7,397 -6,456 -4,099

Ações da FDI (milhões de DÓLARES) 29,436 22,717 18,618

Número de Investimentos Greenfield* 5 5 21

Valor da Greenfield Investments (milhões de USD) 2,580 4,668 2,205

Fonte: UNCTAD-( United Nations Conference on Trade and Development) - Últimos dados disponíveis.

40
Nota: * A Greenfield Investments é uma forma de Investimento Estrangeiro Direto, onde
uma empresa-mãe inicia um novo empreendimento em um país estrangeiro, construindo
novas instalações operacionais do zero.

Em termos de ranking a nível mundial:

No relatório lançado pelo Banco Mundial (2020), em relação a facilidade de


negócios a nível mundial, Angola ocupa a posição 177, com 41.3 pontos. O primeiro lugar
é ocupado pela Nova Zelândia, com 86.8 pontos e o último lugar, pertence à Somália,
posição 190, com 20 pontos.

Facilidade de fazer ranking de negócios


Classificação Economia Pontuação Classificação Economia Pontuação Classificação Economia Pontuação DB
DB DB
1 Nova Zelândia 86.8 65 Porto Rico (EUA) 70.1 128 Bárbaros 57.9
2 Singapura 86.2 66 Brunei 70.1 129 Equador 57.7
Darussalam
3 HONG Kong 85.3 67 Colômbia 70.1 130 São Vicente e 57.1
SAR, China Granadinas
4 Dinamarca 85.3 68 Omã 70.0 131 Nigéria 56.9
5 Coreia, Rep. 84.0 69 Usbequistão 69.9 132 Rio Níger 56.8
6 Estados Unidos da 84.0 70 Vietname 69.8 133 Honduras 56.3
Estado
7 Geórgia 83.7 71 Jamaica 69.7 134 Guiana 55.5
8 Reino Unido 83.5 72 Luxemburgo 69.6 135 Belize 55.5
9 Noruega 82.6 73 Indonésio 69.6 136 Ihas Salomão 55.3
10 Suécia 82.0 74 Costa Rica 69.2 137 Cabo Verde 55.0
11 Lituânia 81.6 75 Jordânia 69.0 138 Moçambique 55.0
12 Malásia 81.5 76 Peru 68.7 139 São Cristóltes e Nevis 54.6
13 Ilha Maurícia 81.5 77 Catar 68.7 140 Zimbabué 54.5
14 Austrália 81.2 78 Tunísia 68.7 141 Tanzânia 54.5
15 Taiwan, China 80.9 79 Grécia 68.4 142 Nicarágua 54.4

16 Emirados Árabes 80.9 80 República 67.8 143 Líbano 54.3


Unidos Quirgistão

17 Macedónia do 80.7 81 Mongólia 67.8 144 Camboja 53.8


Norte
18 Estónia 80.6 82 Albânia 67.7 145 Palácio 53.7
19 Letónia 80.3 83 Kuwait 67.4 146 Granada 53.4
20 Finlândia 80.2 84 África do Sul 67.0 147 Maldivas 53.3
21 Tailândia 80.1 85 Zâmbia 66.9 148 Rio Mali 52.9
22 Alemanha 79.7 86 Panamá 66.6 149 Rio Benin 52.4
23 Canadá 79.6 87 Botsuana 66.2 150 Bolívia 51.7
24 Irlanda 79.6 88 Malta 66.1 151 Burkina Faso 51.4
25 Cazaquistão 79.6 89 Butão 66.0 152 Mauritânia 51.1
26 Islândia 79.0 90 Bósnia e 65.4 153 Ilhas Marshal 50.9
Herzegovina
27 Áustria 78.7 91 El Salvador 65.3 154 Lao PDR 50.8
28 Federação russa 78.2 92 São Marino 64.2 155 Gâmbia, O 50.3
29 Japão 78.0 93 Santa Lúcia 63.7 156 Guiné 49.4
30 Espanha 77.9 94 Nepal 63.2 157 Argélia 48.6
31 China 77.9 95 Filipinas 62.8 158 Micronésia, Fed. Sts. 48.1
32 França 76.8 96 Guatemala 62.6 159 Etiópia 48.0
33 Turquia 76.8 97 Togo 62.3 160 Comores 47.9
34 Azerbaijão 76.7 98 Samoa 62.1 161 Madagáscar 47.7
35 Israel 76.7 99 Sri Lanka 61.8 162 Suriname 47.5
36 Suíça 76.6 100 Seychelles 61.7 163 Serra Leoa 47.5
37 Eslovénia 76.5 101 Uruguai 61.5 164 Rio Kiribati 46.9
38 Ruanda 76.5 102 Fiji 61.5 165 Rio Myanmar 46.8
39 Portugal 76.5 103 Tonga 61.4 166 Burundi 46.8
40 Polónia 76.4 104 Namíbia 61.4 167 Camarões 46.1
41 República Checa 76.3 105 Trinidad e Tobago 61.3 168 Bangladesh 45.0
42 Países Baixos 76.1 106 Tajiquistão 61.3 169 Gabão 45.0
43 Bahrein 76.0 107 Vanuatu 61.1 170 São Tomé e Príncipe 45.0

41
44 Sérvia e 75.7 108 Paquistão 61.0 171 Sudão 44.8
Montenegro
45 República Eslovaca 75.6 109 Malawi 60.9 172 Iraque 44.7
46 Bélgica 75.0 110 Costa do Marfim 60.7 173 Afeganistão 44.1
47 Arménia 74.5 111 Dominica 60.5 174 Guiné-Bissau 43.2
48 Moldávia 74.4 112 Djibuti 60.5 175 Libéria 43.2
49 Bielorrússia 74.3 113 Antígua e 60.3 176 República Árabe Síria 42.0
Barbuda
50 Montenegro 73.8 114 Egito, 60.1 177 Angola 41.3
Representante
Árabe.
51 Croácia 73.6 115 República 60.0 178 Guiné Equatorial 41.1
Dominicana
52 Hungria 73.4 116 Uganda 60.0 179 Haiti 40.7
53 Marrocos 73.4 117 Cisjordânia e 60.0 180 Congo, Rep. 39.5
Gaza
54 Chipre 73.4 118 Gana 60.0 181 Timor-Leste 39.4
55 Roménia 73.3 119 Bahamas 59.9 182 Rio Chade 36.9
56 Quénia 73.2 120 Papua-Nova 59.8 183 Congo, Dem. O 36.2
Guiné Representante.
57 Kosovo 73.2 121 Eswatini 59.5 184 República Centro- 35.6
Africana
58 Itália 72.9 122 Lesoto 59.4 185 Sudão do Sul 34.6
59 Chile 72.6 123 Senegal 59.3 186 Líbia 32.7
60 México 72.4 124 Brasil 59.1 187 Iémen, Rep. 31.8
61 Bulgária 72.0 125 Paraguai 59.1 188 Venezuela, RB 30.2
62 Arábia Saudita 71.6 126 Argentina 59.0 189 Eritreia 21.6
63 Índia 71.0 127 Irão, 58.5 190 Somália 20.0
Representante
Islâmico.
64 Ucrânia 70.2

Fonte: Banco Mundial (DOING BUSINESS 2020)

Sub-Saharan AfricaTTCI2019Scores

ENABLING ENVIRONMENT T&T POLICY & ENABLING CONDITIONS INFRASTRUCTURE NATURAL & CULT. RESOURCES

Global Business Safety Health Human ICT Prioriti Int’l. Price Environ. Air Ground Tourist Natural Cultural
Rank Environ- & & Resources Readiness - Openness Compt’ness. Sustain- Transport & Port Service Resources Res. &
ment Security Hygiene & Labor zation ability Infra- Infra- Infra- Business
Market of structure structur structur Travel
T&T e e

South Africa 61 4.6 3.9 3.7 4.4 4.6 4.5 2.5 5.6 3.7 3.3 3.5 4.3 4.5 3.2

Namibia 81 4.8 5.0 3.5 4.4 4.2 4.8 2.8 5.7 4.3 2.9 3.4 4.6 3.5 1.2

Botswana 92 4.9 5.3 3.3 4.3 4.1 4.8 2.3 6.0 4.3 2.1 2.8 3.6 3.4 1.2

Zambia 113 4.4 5.3 2.6 3.8 3.2 3.9 2.9 5.1 4.4 1.8 2.4 2.5 3.6 1.3

Zimbabwe 114 3.3 5.4 3.0 3.6 3.2 4.2 3.0 5.3 4.1 1.8 2.3 3.0 3.6 1.3

Eswatini 118 4.4 5.5 3.1 3.8 2.3 4.6 2.7 6.1 3.7 2.2 3.1 3.0 2.2 1.0

Lesotho 124 4.1 5.4 3.0 3.6 3.2 5.1 2.6 6.1 4.8 1.3 1.8 2.8 2.2 1.0

Angola 134 3.5 5.0 3.2 3.2 2.3 3.2 1.9 5.3 4.1 1.7 2.0 2.7 2.2 1.2

Southern Africa Average 4.2 5.1 3.2 3.9 3.4 4.4 2.6 5.7 4.2 2.1 2.7 3.3 3.2 1.4

Bottom 20% Top 20%

Fonte: Fórum Económico Mundial (2019).

42
De acordo o relatório lançado pelo Fórum Económico Mundial (2019), em relação
as pontuações do Turismo na África Subsariana, Angola ocupa a posição 134, com os
seguintes pontos:

-Ambiente de Negócios (4.5); Segurança e Proteção (5.0); Saúde e Higiene (3.2)

- Recursos Humanos e Mercado de Trabalho (3.9); Prontidão para as TICS (3.4)

-Priorização de T&T (4.4); Abertura (2.6); Preços Competitivos (5.7); Sustentabilidade


ambiental (4.2);

-Infraestrutura de transporte aéreo (2.1); infraestrutura terreste e portuária (2.7);

- Infraestrutura de serviços turísticos (3.3); Recursos Naturais (3.2); Recursos culturais e


Viagens de Negócios (1.4).

3.7 - Apresentação dos conteúdos do Inquérito feito no Google DOCS

No trabalho, também foi elaborado um inquérito online para servir de sustentabilidade


para a parte prática do trabalho.

a) Questões Demográficas

Fonte: Elaboração Própria (Google Docs)

43
Numa primeira instância, é essencial detalhar que do formulário elaborado,
obtivemos 48 respostas. Onde, 60,4% corresponde a participação masculina e 39,6%,
corresponde a participação feminina.

Fonte: Elaboração própria (Google Docs)

Dentre todos os inqueridos, 91,7% são angolanos, o que é bom, pois também conhecem a
realidade turística de Angola; 6,3% corresponde ao número de portugueses inquiridos e 2,1%
correspondem à inquiridos de outras nacionalidades.

b) Questões de Contexto

Fonte: Elaboração própria (Google Docs)

44
A primeira questão, foi saber se todos os inqueridos, fundamentalmente os
estrangeiros conheciam Angola. O lado positivo, é que 93,8% de todos os inqueridos,
assumiram que conhecem o território angolano e apenas 6,3% (ou seja, 3 pessoas),
assumiram que não conhecem o país.

O facto da maioria assumir que conhece o país, ajudou-nos a dar mais crédito as
posteriores respostas, inerentes a realidade do turismo angolano.

Fonte: Elaboração Própria (Google Docs)

Angola é um país com 18 províncias (cidades), e é importante saber o número de


cidades que os inqueridos de facto conhecem.

Deste modo, de acordo os resultados obtidos, foi-nos possível saber que de todos os
inqueridos, 41% conhecem menos que 5 províncias (cidades) e apenas 18,8%, conhecem de
15 á 18 províncias, o que não é mau, porque angola possui muitas cidades.

C) Questões sobre o tema: Turismo Angolano

45
Fonte: Elaboração própria (Google Docs)

Saber qual é a classificação que os inqueridos dão ao sistema turístico angolano, é


importante, porque é uma forma de ajudar a perceber a apreciação que tanto os nacionais
como os estrangeiros têm do turismo angolano.

E assim sendo, 60,4% dos inqueridos, classificaram o sistema turístico angolano


como fraco, ou seja, a carecer de mudanças estruturais; 35,4%, classificaram como
mediano e 4,2%, classificaram como um sistema Bom.

Fonte: Elaboração Própria (Google Docs)

A questão seguinte, foi saber se os inqueridos acreditam que Angola tem potencial
para atrair o IDE na área do turismo.

46
60,4%, acreditam que o turismo nacional carece ainda de reformas internas e apenas,
posteriormente poderá beneficiar dos investimentos diretos estrangeiros.

Contudo 39,4%, defendem que o turismo angolano, é sim atrativo e desperta a


atenção de potenciais investidores estrangeiros.

Fonte: Elaboração Própria (Google Docs)

Esta questão é interessante (não desmerecendo as restantes), pois levou os


inqueridos a posicionarem-se no papel de potenciais investidores e analisar a
possibilidade de investir no turismo angolano.

De forma positiva, 89,6% dos inqueridos, assumiram que Angola oferece grandes
oportunidades e potencialidades e deste modo, sim, se fossem, potenciais investidores,
investiriam no turismo angolano.

Por outro lado, 10,4%, assumem que como possíveis investidores, não vêm tanta
atratividade no que concerne ao investimento do turismo nacional.

47
Quais são as províncias/cidades angolanas, que em termos de prioridade, podem
ser as mais atrativas para o investimento direto estrangeiro na área do turismo? Fique à
vontade para descrever o seu TOP 5 .

Nesta questão, foi possível os inquiridos escreverem e selecionarem de facto as 5


cidades que consideram as mais atrativas (em termos de prioridades), para a atração do
IDE.

Assim sendo, das 48 respostas obtidas, as 5 cidades, mais vezes citadas foram:

Malanje, Benguela, Huila (Lubango), Quando Cubango e Namibe…em que alguns dos
pontos turísticos selecionados foram: as Quedas de Kalandula, Praia Amélia, fortaleza de
São Miguel, Miradouro da Lua, Palácio de ferro, Deserto do Namibe e etc.

Fonte: Elaboração própria (Google Docs)

Neste ponto, foi fulcral saber, quais seriam de facto, as maiores motivações ou
oportunidades que Angola oferece, para que um investidor estrangeiro decidisse investir
no turismo nacional.

As opções neste caso, tinham que ser classificadas como muito relevantes,
relevantes ou pouco relevantes

48
E assim sendo, as opções declaras da primeira tabela foram:

-A inexistência de um valor mínimo para o investimento privado (Lei do Investimento


Privado - Lei 10/28 de 26 de junho de 2018), em que 13 inqueridos acharam muito
relevante; 16 acharam relevante e 7 acharam pouco relevante.

- Benefícios fiscais para potenciais investidores (Lei do Investimento Privado - Lei 10/28
de 26 de Junho de 2018), em que 13 acharam muito relevante, 18 acharam relevante
e apenas 4 inqueridos acharam pouco relevante.

-Garantia de transferência de lucros e dividendos após implementação efetiva do projeto


(Lei do Investimento Privado - Lei 10/28 de 26 de Junho de 2018), em que 14 inqueridos
acharam muito relevante, 10 acharam relevante e 4 pouco relevante.

- Ser um país com forte potencial turístico, 25 inqueridos consideraram este fator
muito relevante, 11 consideraram relevante e ninguém considerou pouco relevante,
sendo um aspeto muito positivo.

Fonte: Elaboração Própria (Google Docs)

Na segunda tabela, as opções foram as seguintes:

-População amena e trabalhadora, em que 12 inquiridos acharam muito relevante, 12


acharam relevante e apenas 3 acharam pouco relevante.

49
- População maioritariamente jovem, em que 18 inqueridos acharam este ponto muito
relevante, 9 acharam relevante e 3 pouco relevante.

- Cultura diversificada, em que 27 inqueridos, acharam este fator muito relevante, 3


acharam relevante e apenas 1 achou pouco relevante.

- Paisagens magníficas e atrativas, em que 28 inqueridos acharam muito relevantes, 2


relevantes e nenhum achou este fator pouco relevante.

Fonte Elaboração Própria (Google Docs)

Na terceira tabela, as opções foram:

-País convidativo, em que 17 inqueridos acharam muito relevantes, 10 acharam


relevantes e apenas 1 achou pouco relevante.

- Fauna e Flora impressionantes e Cativantes, em que 29 inqueridos acham que é um


ponto muito relevante, 4 acham relevante e nenhum achou pouco relevante.

- Fácil acesso em várias províncias (comboio, autocarro, carro pessoal, barco e avião),
em que 20 inqueridos acharam um fator muito relevante, 6 acharam relevante e 3
pouco relevante.

50
Nessa última questão, procurou-se saber quais são as maiores barreiras/riscos
associados ao processo de investimento direto estrangeiro em Angola.

As opções também são classificadas como muito relevantes, relevantes e pouco


relevantes.

Elas são as seguintes:

Fonte: Elaboração Própria (Google Docs)

Na primeira tabela, destacam-se os seguintes fatores:

-Instabilidade e Política, em que 25 inqueridos consideraram ser muito relevantes, 14


acham relevantes e apenas 1, considerou o fator pouco relevante.

-Corrupção, em que 33 inqueridos consideram ser um fator muito relevante, 6


consideraram que é um fator relevante e apenas 1 considera pouco relevante.

-Burocracia em termos de documentação, em que 33 inqueridos consideram que é um


fator muito relevante, 9 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco
relevante.

51
- Riscos de Inflação flutuante, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito
relevante, 9 relevante e apenas 1 inquerido achou que é um fator pouco relevante.

- Volatilidade Cambial, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 8 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco relevante.

Fonte: Elaboração própria (Google Docs)

Fatores da segunda tabela:

-Taxas de Juros, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito relevante, 9


relevante e apenas 1 inquerido achou que é um fator pouco relevante.

-Impostos elevados, em que 24 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 15 relevante e apenas 2 inqueridos acharam que é um fator pouco
relevante.

- Custo de inputs elevados, em que 20 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 13 relevante e apenas 2 inqueridos acharam que é um fator pouco
relevante.

52
- Instabilidade laboral: Qualidade de mão de obra local, em que 18 inqueridos
consideram que é um fator muito relevante, 13 relevante e 5 inqueridos acharam
que é um fator pouco relevante.

- Infraestruturas e serviços públicos debilitados, em que 22 inqueridos consideram que


é um fator muito relevante, 12 relevante e 2 inqueridos acharam que é um fator
pouco relevante.

Fonte: Elaboração própria (Google Docs)

Na última tabela, as opções são:

-Volatilidade da procura de mercado, em que 15 inqueridos consideram que é um fator


muito relevante, 15 relevante e 3 inqueridos acharam que é um fator pouco
relevante.

- Concorrência e Competição, em que 10 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 9 relevante e 15 inqueridos acharam que é um fator pouco relevante.

53
Capítulo 4: Discussão dos resultados obtidos

Enquadramento das motivações, oportunidades, barreiras e riscos


associados à captação de investimento direto estrangeiro (IDE) para Angola,
alocado no sector turístico nacional, numa época de crise.

Por vivermos num mundo cada vez mais globalizado e face ao aumento da
concorrência no mundo empresarial, a expansão internacional tem servido de resposta
para muitas empresas, diante de crises que ameaçam a sua sobrevivência (Martins,
2013).
Deste modo, tem aumentado o número de empresas que decidem transferir os
seus serviços, e com isso, procurar suprimir as dificuldades encontradas no mercado
doméstico. Aproveitam os progressos providenciados pela globalização, que ao derrubar
as fronteiras, permite avanços significativos na esfera económica. O que
consequentemente, fez avolumar a competitividade global (Neide 2019).
O IDE é um das formas mais comuns de internacionalização das empresas que
influi o grau de internacionalização da economia dos países emissor e recetor, além de
contribuir também, para o impacto no crescimento económico de ambos.
Botelho (2015), vai citar que, o investimento direto estrangeiro (IDE) assume duas
formas distintas (Dunning, 1993b): o propriamente dito investimento direto no estrangeiro
e o investimento indireto no estrangeiro, também denominado investimento de carteira.

- O primeiro caracteriza-se por envolver a transferência para outro país de um conjunto de


ativos e produtos intermediários que inclui capital financeiro, tecnologia, know-how
(conhecimento do saber fazer), técnicas de gestão, liderança e acesso a mercados
externos, com o controlo do uso dos recursos por parte do investidor.

- O segundo envolve unicamente a transferência internacional de capital financeiro


passando o controlo do vendedor para o comprador.

54
A internacionalização, pode então ser percebida, como uma evolução gradual com
etapas muito bem definidas, através da qual as empresas procuram adquirir recursos e
aprendem a operar nos mercados estrangeiros (Andersson,2004).

Pode representar uma possibilidade de aumento da competitividade de uma


organização a longo prazo, através da exploração das competências centrais em novos
mercados, da realização de economias de localização (mercados favoráveis para o
desenvolvimento das atividades) e do aumento das economias de escala (volume vendas
e diminuição dos custos e de experiência (Serra et. al 2010).

Análise de Campo

Neste trabalho, procuramos saber quais seriam as motivações, oportunidades,


barreiras e riscos que as empresas turísticas se deparam quando decidem
internacionalizarem-se e investir em Angola.
Entretanto, foram levantadas hipóteses, para saber se existe uma relação positiva
entre as motivações e as oportunidades que Angola oferece para atrair o IDE, e se os
riscos e barreiras apresentados ao longo da pesquisa teriam uma relação negativa com a
atração de IDE, sendo, neste caso a razão pelo qual Angola tem limitado a atração de IDE
de potenciais investidores estrangeiros.

Motivações e Oportunidades

De acordo com Dunning e Lundan (2008, cit. Castro, 2010, pag 5), existem quatro de
motivos essenciais, para a realização de IDE: procura de mercadorias, a procura de
recursos, procura de eficiência e a procura de ativos estratégicos, que se traduzem em
diferentes vantagens de propriedade, internacionalização e localização.

Segundo Shenkar & Luo (2007), uma empresa multinacional (EMN) pode tanto afetar
a importação do país recetor (no caso de usar o país emissor como fornecedor de bens
intermédios para a produção no país recetor, logo afeta a exportação do país emissor),
como pode afetar a exportação do país recetor (ao produzir bens intermédios e exportar

55
para o país emissor ou para outros países, neste caso afeta a importação do país emissor
ou dos países para os quais os bens intermédios são enviados).

Por sua vez, ainda quanto a teoria do investimento direto estrangeiro, Botelho (2015),
cita que as empresas procuram oportunidades em países estrangeiros para efetuar o seu
investimento, tendo como estratégia a exploração de vantagens competitivas intrínsecas e
a ausência de competências das empresas concorrentes.

Neste ponto, foi fulcral saber, quais seriam de facto, as maiores motivações ou
oportunidades que Angola oferece, para que um investidor estrangeiro decidisse investir
no turismo nacional.

As opções neste caso, tinham que ser classificadas como muito relevantes,
relevantes ou pouco relevantes.

Atenção que, quanto maior for o nível de relevância em um dos pontos, maior é o
peso que o mesmo tem sobre a captação do investimento direto estrangeiro para o
turismo nacional.

E assim sendo, as opções declaras sobre as motivações e oportunidades que


causam maior impacto foram:

-A inexistência de um valor mínimo para o investimento privado (Lei do Investimento


Privado - Lei 10/28 de 26 de junho de 2018), em que 13 inqueridos acharam muito
relevante; 16 acharam relevante e 7 acharam pouco relevante.

- Benefícios fiscais para potenciais investidores (Lei do Investimento Privado - Lei 10/28
de 26 de Junho de 2018), em que 13 acharam muito relevante, 18 acharam relevante e
apenas 4 inqueridos acharam pouco relevante.

-Garantia de transferência de lucros e dividendos após implementação efetiva do projeto


(Lei do Investimento Privado - Lei 10/28 de 26 de Junho de 2018), em que 14 inqueridos
acharam muito relevante, 10 acharam relevante e 4 pouco relevante.

56
- Ser um país com forte potencial turístico, 25 inqueridos consideraram este fator muito
relevante, 11 consideraram relevante e ninguém considerou pouco relevante, sendo um
aspeto muito positivo.

-População amena e trabalhadora, em que 12 inquiridos acharam muito relevante, 12


acharam relevante e apenas 3 acharam pouco relevante.

- População maioritariamente jovem, em que 18 inqueridos acharam este ponto muito


relevante, 9 acharam relevante e 3 pouco relevante.

- Cultura diversificada, em que 27 inqueridos, acharam este fator muito relevante, 3


acharam relevante e apenas 1 achou pouco relevante.

- Paisagens magníficas e atrativas, em que 28 inqueridos acharam muito relevantes, 2


relevantes e nenhum achou este fator pouco relevante.

-País convidativo, em que 17 inqueridos acharam muito relevantes, 10 acharam


relevantes e apenas 1 achou pouco relevante.

- Fauna e Flora impressionantes e Cativantes, em que 29 inqueridos acham que é um


ponto muito relevante, 4 acham relevante e nenhum achou pouco relevante.

- Fácil acesso em várias províncias (comboio, autocarro, carro pessoal, barco e avião),
em que 20 inqueridos acharam um fator muito relevante, 6 acharam relevante e 3 pouco
relevante.

Face ao resultado obtido pelas entrevistas e pelo questionário, chegamos a conclusão


que as motivações e oportunidades representam sim, fatores positivos e que podem
despertar a atenção de possíveis investidores estrangeiros para Angola. Comprova que
as hipóteses inicialmente levantadas sobre as motivações e oportunidades estão corretas.

Barreiras e riscos inerentes ao Investimento Direto Estrangeiro:

Segundo Botelho (2015), é possíveis considerar as seguintes imperfeições no


mercado:

57
• As imperfeições nos mercados de fatores, isto é, as relacionadas com as competências
de gestão, com a tecnologia e com a capacidade de obtenção de recursos;
• As imperfeições nos mercados de bens, nomeadamente as relacionadas com a
diferenciação do produto, com as competências de marketing e com a notoriedade das
marcas;
• As imperfeições na concorrência causadas pelas políticas dos governos na atração do
investimento.
• As imperfeições na concorrência das economias de escala (internas e externas);

Conforme cita (Pereira 2012), uma das principais prioridades das empresas que
buscam a internacionalização, é a gestão do risco (Miller, 1992). Quando o destino destes
investimentos internacionais são para países em desenvolvimento e países emergentes,
verifica-se que, apesar do progresso verificado o nível da estabilidade política e da
qualidade das instituições económicas (Wyk e Lal, 2008), são normalmente associados a
um elevado nível de risco o qual inibe uma maior influência do investimento direto
estrangeiro (Asiedu, 2002).

Neste ponto, procuramos saber, quais são as maiores barreiras e riscos


associados ao processo de investimento direto estrangeiro em Angola.

Tal, como no ponto anterior, as opções também são classificadas como muito
relevantes, relevantes e pouco relevantes. Onde, quanto maior for o número de
relevância, maior será o impacto (em termos negativos), na atração de IDE para o sector
turístico nacional.

As barreiras e os Riscos apontados foram os seguintes:

-Instabilidade e Política, em que 25 inqueridos consideraram ser muito relevantes, 14


acham relevantes e apenas 1, considerou o fator pouco relevante.

-Corrupção, em que 33 inqueridos consideram ser um fator muito relevante, 6


consideraram que é um fator relevante e apenas 1 considera pouco relevante.

58
-Burocracia em termos de documentação, em que 33 inqueridos consideram que é um
fator muito relevante, 9 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco
relevante.

- Riscos de Inflação flutuante, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 9 relevante e apenas 1 inquerido achou que é um fator pouco relevante.

- Volatilidade Cambial, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito relevante,


8 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco relevante.

Instabilidade e Política, em que 25 inqueridos consideraram ser muito relevantes, 14


acham relevantes e apenas 1, considerou o fator pouco relevante.

-Corrupção, em que 33 inqueridos consideram ser um fator muito relevante, 6


consideraram que é um fator relevante e apenas 1 considera pouco relevante.

-Burocracia em termos de documentação, em que 33 inqueridos consideram que é um


fator muito relevante, 9 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco
relevante.

- Riscos de Inflação flutuante, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 9 relevante e apenas 1 inquerido achou que é um fator pouco relevante.

- Volatilidade Cambial, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito relevante,


8 relevante e nenhum inquerido achou que é um fator pouco relevante.

Taxas de Juros, em que 28 inqueridos consideram que é um fator muito relevante, 9


relevante e apenas 1 inquerido achou que é um fator pouco relevante.

-Impostos elevados, em que 24 inqueridos consideram que é um fator muito relevante, 15


relevante e apenas 2 inqueridos acharam que é um fator pouco relevante.

- Custo de inputs elevados, em que 20 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 13 relevante e apenas 2 inqueridos acharam que é um fator pouco relevante.

59
- Instabilidade laboral: Qualidade de mão de obra local, em que 18 inqueridos consideram
que é um fator muito relevante, 13 relevante e 5 inqueridos acharam que é um fator pouco
relevante.

- Infraestruturas e serviços públicos debilitados, em que 22 inqueridos consideram que é


um fator muito relevante, 12 relevante e 2 inqueridos acharam que é um fator pouco
relevante.

-Volatilidade da procura de mercado, em que 15 inqueridos consideram que é um fator


muito relevante, 15 relevante e 3 inqueridos acharam que é um fator pouco relevante.

- Concorrência e Competição, em que 10 inqueridos consideram que é um fator muito


relevante, 9 relevante e 15 inqueridos acharam que é um fator pouco relevante.

Face aos resultados obtidos, foi possível chegar a conclusão que os desafios, riscos e
barreiras inerentes aos investimentos no sector turístico nacional, representam os factores
negativos que têm limitado a atração do investimento direto estrageiro para Angola.

De acordo o inquérito, 60,4% dos inqueridos, classificaram o sistema turístico


angolano como fraco, ou seja, a carecer de mudanças estruturais; 35,4%, classificaram
como mediano e 4,2%, classificaram como um sistema Bom.

Outra questão fundamnetal, foi saber se os inqueridos acreditam que Angola tem
potencial para atrair o IDE na área do turismo. 60,4%, acreditam que o turismo nacional
carece ainda de reformas internas e apenas, posteriormente poderá beneficiar dos
investimentos diretos estrangeiros.

Contudo 39,4%, defendem que o turismo angolano é sim atrativo e desperta a


atenção de potenciais investidores estrangeiros.

60
Conclusão

Em virtude de tudo o que foi mencionado no trabalho, torna-se essencial realçar


que tal como foi citado por Martins (2013), a internacionalização é um processo através
do qual a empresa começa a desenvolver operações além da sua delimitação geográfica
e do seu mercado de origem (Hitt et al. 1999). Este procedimento pode ainda estar ligado
a uma estratégia de mercados, produtos e a uma integração vertical para outros países,
que resulta numa replicação total ou parcial da sua cadeia operacional (Freire, 1997).

Por sua vez, Da Silva (2016), vai dizer que, existem várias estratégias ligadas a
internacionalização de empresas. Porém, o IDE e o comércio internacional (exportações
e importações), são as duas principais componentes da internacionalização (Oberhofer e
Pfaffermayr, (2012); embora, existem ainda, outras formas de internacionalização, como
as joint ventures internacionais, o outsourcing, o licenciamento e/ou cooperação
internacional (Kalinic e Forza, 2012).

Neste estudo, demos ênfase ao IDE (Investimento Direto Estrangeiro), como uma
estratégia de Internacionalização, por considerarmos que é a que Angola mais precisa no
momento.

No que concerne ao turismo angolano, o relatório publicado pelo PND-


Angola/Portugais (2018), revela que Angola oferece diversas oportunidades, pela sua
dimensão territorial e litoral, pela sua diversidade climática, paisagística, biodiversidade,
ainda desconhecidas pelo Turismo internacional, por ter estado durante décadas fechada
ao mundo.

A estratégia do desenvolvimento do Turismo em Angola assenta em prioridades,


regiões e polos de desenvolvimento turístico e a capacitação do setor foca-se no
desenvolvimento integrado e faseado de seis eixos estratégicos, nomeadamente:

Mercados emissores, enriquecimento da oferta, serviços e competências as


acessibilidades, a promoção e distribuição, qualidade urbana e ambiental.

61
O Turismo, deste modo, apresenta-se como um sector promissor para a redução
da pobreza e crescimento do país, com vista a atingir os objetivos do milénio, atendendo
a sua natureza transversal e a sua incidência em todos os sectores da economia.

No setor turístico, muitas são as motivações, oportunidades e também são


identificados determinadas barreiras e riscos que as empresas turísticas se deparam
quando decidem internacionalizar-se e investir em Angola.

Em termos de motivações, a inexistência de valor mínimo para o Investimento


privado; a ausência de obrigatoriedade de parcerias para investir em Angola; a garantia
da transferência de Lucros e Dividendos após implementação efetiva do projeto a
concessão automática de benefícios fiscais a isenção de pagamento das taxas e
emolumentos de qualquer serviço solicitado, incluindo os aduaneiros, por um ente público
não empresarial, durante um período não superior a 5 (cinco) anos, para os projetos
enquadrados no Regime Especial e outros, são fatores que contribuem para o despertar
do interesse de investidores estrangeiros.

Em termos de oportunidades, considerar o fato de Angola ser um país abundante


em recursos minerais e matéria-prima, ter terras aráveis para prática de agricultura,
pastorício, silvicultura, bovinicultura, etc;

Possuir belezas naturais em todas as províncias, com destaque para Malange,


Namibe, Huila, Bengo, Luanda entre outras, com grande atratividade turística;

Ser um país com estabilidade política e militar em todo território nacional e contar
com um novo quadro de investimento privado, que confere maior celeridade a quem
queira investir em Angola, nomeadamente a JUI- Janela Única do Investimento, que é um
mecanismo de facilitação de processos de investimentos privado, ligados à AIPEX
(Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola), passam a ser
igualmente fatores preponderantes para a captação do investimento direto estrangeiro
para Angola e fundamentalmente, na área do turismo.

62
A Agência Nacional de Promoção e Exportação de Investimentos (APIEX) tem
como objetivo estimular o crescimento econômico, diversificar a economia e ampliar a
participação do setor privado na economia angolana.

O país perdeu quatro posições no relatório anual de clima de negócios do Banco


Mundial 2020, ocupando a 177ª posição entre 190 países. Angola também ocupa o 142º
lugar entre 180 no índice de perceção de corrupção da organização Transparência
Internacional, em claro andamento desde o último relatório (+19 lugares).

Além de sua vulnerabilidade devido à dependência das receitas petrolíferas,


Angola sofre de altos níveis de burocracia e de um sistema financeiro subdesenvolvido,
bem como corrupção generalizada, infraestrutura precária, portos ineficazes, mão-de-obra
abundante, mas não qualificada e altos custos no terreno para as empresas.

Em termos de Barreiras e Riscos: a corrupção, burocracia em termos documentais,


os riscos de inflação flutuante, a volatilidade cambial, as taxas de juros e impostos
elevados, os custos de inputs elevados, a instabilidade laboral em termos de qualidade de
mão-se-obra local, as infraestruturas e serviços públicos debilitados, ainda constituem
entraves para a um maior fluxo de investimento direto estrangeiro no país e
consequentemente, para um atraso no aprimoramento do turismo nacional.

Em relação ao ranking contido no relatório lançado pelo Banco Mundial (2020), em


relação a facilidade de negócios a nível mundial, Angola ocupa a posição 177, com 41.3
pontos. O primeiro lugar é ocupado pela Nova Zelândia, com 86.8 pontos e o último lugar,
pertence à Somália, posição 190, com 20 pontos.

Quanto ao relatório lançado pelo Fórum Económico Mundial (2019), em relação as


pontuações do Turismo na África Subsariana, Angola ocupa a posição 134, com os
seguintes pontos:

-Ambiente de Negócios (4.5); Segurança e Proteção (5.0); Saúde e Higiene (3.2)

- Recursos Humanos e Mercado de Trabalho (3.9); Prontidão para as TICS (3.4)

63
-Priorização de T&T (4.4); Abertura (2.6); Preços Competitivos (5.7); Sustentabilidade
ambiental (4.2);

-Infraestrutura de transporte aéreo (2.1); infraestrutura terreste e portuária (2.7);

- Infraestrutura de serviços turísticos (3.3); Recursos Naturais (3.2); Recursos culturais e


Viagens de Negócios (1.4).

Resumindo:

É notório que Angola precisa de melhorar as suas condições quanto a facilidade


dos negócios internacionais e encontrar mecanismos para melhorar o seu ranking quer
seja a nível mundial, como entre os países africanos.

Contudo, nada está perdido, pois com as políticas certas, certamente Angola, os
angolanos os turistas e investidores estrangeiros, poderão tirar melhor proveito do turismo
nacional angolano.

64
Conclusões Finais da Autora

Com base as informações obtidas através das entrevistas e do inquérito formulado,


foi-nos possível chegar a conclusão, que o turismo angolano ainda é debilitado, mas tem
um grande potencial.

O relatório Angola-Portugais (2018), revela que, Angola tem um vasto leque de


capacidades tornar-se um novo destino turístico ainda neste século, mas para isso, deve
continuar a investir fortemente na superação do défice de ofertas a vários níveis (mão de
obra, quadro legal, inventariação e caracterização dos ativos turísticos, meios de trabalho
eficientes e criar uma visão integrada do Turismo), uma vez que tem potencial para o seu
desenvolvimento.

Todavia, Angola precisa de continuar a adotar políticas mais direcionadas e


focadas na estruturação do turismo, para que as mudanças sejam atrativas primeiro
internamente, despertando o interesse de potenciais investidores nacionais, para que
assim, possa atrair cada vez mais o olhar de potenciais investidores estrangeiros.

Angola é um país rico, não só em mineiros, cobres, fosfatos, ouro, etc, como em
paisagens únicas, uma fauna e flora admirável, que podem ser melhores exploradas.

Angola tem o que precisa para não depender totalmente do Petróleo. Precisamos
de explorar melhor todos os pontos positivos que a própria geografia e a natureza
oferecem ao país, e assim, desta forma, investir, visando o crescimento económico do
país e o bem-estar social.

O turismo mundial e consequentemente Angola, enfrenta uma fase delicada devido


as consequências da pandemia (COVID-19), porém, se o governo Angolano
reestruturar/elaborar melhor as políticas e estratégias associadas à reforma do setor
turístico, poderemos então, ter uma visão futurística mais positiva para o turismo nacional.

Por sua vez, Teixeira e Diz (2005), defendem que os motivos que levam uma
empresa a optar pela internacionalização baseiam-se fundamentalmente, na busca por
um aumento da quota de mercado, acessos a recursos mais baratos ou de maior

65
confiança, evitar a tributação ou contingentação de importação e visam por um maior
retorno do investimento.

Contudo, Angola poderá também pensar em dar mais abertura aos investidores,
não que isso será traduzido em inexistência de regulamentação, mas em reduzir a taxa de
impostos, a burocracia em termos de documentação e as fraudes (corrupção), pois isso
corrói o bom funcionamento da economia de qualquer nação e se visamos melhorias, não
podemos autossabotar-nos, para que mostrando verdadeira ordem e organização,
possamos estar prontos para receber os investidores estrangeiros.

Limitações e Sugestões para Investigação Futura

A) Limitações do estudo

A realização deste estudo foi particularmente mui importante, pois permitiu-me


aprender mais sobre o tema em causa. Porém, também tem limitações que
posteriormente (caso este sirva de base para projetos/estudos futuros), poderiam ser
colmatados.

Eis a principal limitação:

Poucos entrevistados: na altura em que comecei a elaborar a minha tese o mundo foi
surpreendido pela pandemia SARSCOV 2 (Covid 19), e deste modo não me foi possível
alcançar todos quanto gostaria que fossem entrevistados e que acredito, que seriam uma
mais valia para o trabalho.

B) Sugestões para investigações futuras

Como dito anteriormente, o facto de não ter conseguido tantos entrevistados


diretamente das áreas relacionadas ao turismo, impossibilitou um maior levantamento de
informações.

66
Neste caso, para os trabalhos futuros, recomendo a incorporação de mais informação,
que certamente enriquecerá o projeto.

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Nhaca, Á. (2019). INTERNACIONALIZAÇÃO E DUMPING SOCIAL: RISCOS E


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Strickland III, de A. J; Junior, Arthur A. Thompson; Gamble, John E. e. Administração


Estratégica (15ª Edição, 2008)

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(2006). Perspectivas teóricas sobre a internacionalização das empresas. Editorial
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Wu, Y. Y. (2021). A internacionalização das empresas portuguesas no mercado


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69
Anexos

AO

MINISTÉRIO DO TURISMO

E A AIPEX

LUANDA

Eu, Leossária de Fátima de Menezes da Silva, angolana, com licenciatura em


Economia pela Universidade Lusíada de Angola e Mestranda do curso de Estratégia de
Investimento e Internacionalização, pelo Instituto Superior de Gestão (ISG), em Lisboa-
Portugal.

Venho através desta, requerer o auxílio do Ministério do Turismo e da AIPEX na


obtenção de informação que me permitirá dar seguimento á minha Dissertação de
Mestrado com o tema “Captação de Investimento Direto Estrangeiro para Angola: A
Internacionalização em contexto de Crise”, com foco no Turismo, como o principal alvo
no que concerne a atração e captação do Investimento Estrangeiro.

Assim sendo, surge a necessidade de obter respostas face as seguintes questões:

Ministério do Turismo

 Qual é a realidade do turismo em Angola? Quais os desafios e possíveis


oportunidades face a crise?
 Concernente ao turismo, quais são as províncias consideradas mais atrativas para
se investir?
 Quais são as estratégias/políticas governamentais que estão a ser adotadas para
fomentar o investimento direto estrangeiro no que concerne ao turismo nacional?

70
 Qual é a apreciação feita pelos investidores estrangeiros face a possibilidade de
investir no sector turístico em Angola?

AIPEX

 Quais os desafios, riscos e oportunidades que as empresas estrangeiras enfrentam


face a possibilidade de investir em Angola?
 Quais são os países e consequentemente empresas estrangeiras, com maior
impacto a nível de investimento em Angola??
 Em termos de dados estatísticos concretos (indicadores), quantas empresas
estrangeiras cessaram ou reincidiram os seus contratos no mercado angolano no
período (2010-2020) fundamentalmente em Luanda durante esta fase de crise?
 E quantas foram as empresas estrangeiras que neste mesmo período (2010-2020)
decidiram se internacionalizar/ingressar para o mercado angolano?
 Existem empresas angolanas que foram internacionalizadas? Quantas foram até o
ano corrente? E quais são as estratégias adotadas pelo Governo para fomentar o
número de empresas angolanas que reúnam as condições necessárias para
ingressar para o mercado internacional?

Obrigada,

Leossária Menezes Silva

71

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