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INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DA MAIA

Turismo na Islândia

Ana Margarida da Silva Pinto Novo Caramez


Janeiro de 2020

Trabalho realizado no âmbito da Unidade Curricular de Economia do Turismo do 1º semestre


do 1º ano do Mestrado em Turismo, Património e Desenvolvimento
1- Índice
1- Índice ..................................................................................................................................... 2
2- Introdução ............................................................................................................................. 3
3- Metodologia .......................................................................................................................... 4
4- O fenómeno turístico ............................................................................................................ 5
5- A Islândia: características gerais ........................................................................................... 7
5.1- O mercado turístico ............................................................................................................... 9
5.1.1- Perfil da oferta e da procura ............................................................................................... 9
5.1.2- Destinos turísticos ............................................................................................................. 11
5.1.3- Mecanismos de mercado .................................................................................................. 14
6- Política económica para o turismo ...................................................................................... 15
7- Impactos do Turismo ........................................................................................................... 18
8- Conclusão ............................................................................................................................ 27
9- Bibliografia .......................................................................................................................... 28

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2- Introdução

O ato de viajar tornou-se algo cada vez mais acessível a um crescente número de
pessoas, de diferentes origens, com diferentes motivações, que procuram destinos
menos conhecidos, mais ou menos distantes, para viver experiências turísticas,
recreativas, culturalmente enriquecedoras, desfrutando de ambientes únicos, com
paisagens de intensa beleza natural, ou em territórios onde a ocupação e a presença do
Homem são a marca cultural dominante.
O que procura o turista ao escolher determinado local para visitar e o que este
tem para lhe oferecer; de que forma determinado país ou região promove o sector do
turismo e qual o impacto que este tem a nível económico, social e ambiental, para o
local de destino são algumas das interrogações para as quais pretendemos obter resposta
ao longo deste trabalho. Como caso específico escolhemos a Islândia.
Assim sendo, partimos da análise do fenómeno turístico no contexto global e
europeu, afunilamos a análise para o caso islandês, determinando a localização do pais e
as características mais relevantes do mesmo. Posteriormente, analisamos o seu mercado
turístico, nomeadamente o perfil da oferta/procura, os destinos turísticos mais
significativos e os mecanismos de mercado. De forma a perceber melhor os resultados
encontrados, analisamos a política económica do país relativamente ao turismo assim
como também os impactos que o mesmo tem nos cidadãos e no país. Consideramos,
desta forma, responder ao desafio que nos foi lançado na Unidade Curricular de
Economia do Turismo.

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3- Metodologia

A metodologia corresponde a um conjunto de procedimentos a serem utilizados


na obtenção do conhecimento, e envolve três aspetos fundamentais: o que vamos
observar, em que espaço geográfico vamos circunscrever a nossa observação e como a
vamos fazer. Quivy e Campenhoudt (1998, p. 25) referem que “os métodos não são
mais do que formalizações particulares do procedimento, percursos diferentes
concebidos para estarem mais adaptados aos fenómenos e domínios estudados”. É a
aplicação do método que, através dos seus processos e técnicas específicos, garante a
legitimidade do saber obtido; sem método, não há constituição de um conhecimento
científico.

Para dar resposta aos objetivos estabelecidos para o presente trabalho,


consultamos fontes diversas, das quais destacamos o site do Governo da Islândia,
Instituto Nacional de Estatística da Islândia, o Icelandic Tourist Board, o Road Map for
Tourism in Iceland, o Gabinete de estatísticas da União Europeia, a Organização
Mundial de Turismo e o Banco Mundial.

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4- O fenómeno turístico

Com aparecimento no século XIX, o turismo enquanto atividade económica, é um


fenómeno do século passado, resultante do progresso económico e social que permitiu o
acesso a viagens à generalidade das pessoas. Assim sendo, no presente constatamos que
o turismo está consolidado a nível mundial pois passou a fazer parte do modo de vida da
maioria dos países desenvolvidos. A questão que se coloca prende-se com a sua
evolução futura, nomeadamente no que concerne às questões relacionadas com a
sustentabilidade, a qualidade, a diferenciação e a diversidade. Por outro lado, ao nível
dos destinos, podemos dizer que um dos fenómenos mais marcantes é a emergência de
novos destinos em todas as regiões do mundo. Além disto, surgem agora atrativos
artificiais em que o poder de atração é a relação com os clientes e não a riqueza natural
ou monumental, como é o caso dos parques temáticos ou do turismo industrial.
Acrescenta-se a isto o facto de os cidadãos se terem tornado mais exigentes, dando mais
importância à relação qualidade/preço, deixando este último de ser o elemento de
concorrência e tendo sido substituído pelo da qualidade. Por fim, assistimos, nos
últimos anos, a um movimento de reorganização empresarial sem precedentes, com o
aparecimento de grandes grupos empresariais que, intervindo quer na produção quer na
organização dos mercados, dispõe de grande poder de influência sobre as correntes
turísticas e sobre as novas modalidades de oferta.

Hoje, todos os países do mundo abriram portas ao turismo e impulsionam a atividade


turística. Além disto, “as organizações internacionais são as primeiras a considerar que
o turismo contribui para a expansão económica, para a compreensão internacional e a
observância dos direitos e das liberdades humanas fundamentais, abrindo caminho à sua
promoção e difusão” (Cunha, 2013, p. 49).

Segundo informações recolhidas no EUROSTAT: (Eurostat, 2019)

- os residentes da União Europeia viajam sobretudo para Estados Unidos (2.3%),


Turquia (0.9%) e Tailândia (0.8%);

- chegam à União Europeia turistas vindos dos Estados Unidos (2.5%), dos países
asiáticos (2.3%) e da Suíça (1.4%);

- os três principais países da UE para turistas europeus (medidos pelo número de noites
passadas) foram Espanha (20,9%), França e Itália (ambos 11,7%);

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- os europeus gastaram em média 98 euros por noite noutro país da EU. Isso variou de
51 euros na Roménia a 155 euros na Estónia;

- os europeus viajaram de avião para 56,1% de suas viagens fora de país de origem,
enquanto para viagens dentro de próprio país viajaram principalmente de carro e
autocarro (81,6%) ou comboio (13,2%);

- uma em cada quatro viagens pessoais foi feita pelos europeus em julho e agosto,
enquanto março foi o mês em que a maioria das viagens de negócios foi realizada;

- mais de um terço de todas as viagens feitas por europeus eram visitas a amigos e
parentes;

Segundo o último barómetro da Organização Mundial do Turismo, (UNWTO, 2019)


verificou-se um crescimento sólido nas chegadas internacionais de janeiro a setembro
de 2019, embora desigual entre as regiões. As chegadas de turistas internacionais
(visitantes durante a noite) cresceram 4% em janeiro-setembro de 2019 em comparação
com o mesmo período do ano passado, com desempenho misto entre as regiões do
mundo. O Oriente Médio (+ 9%) liderou o crescimento, seguido pela Ásia e Pacífico e
África (ambos + 5%). A Europa (+ 3%) e as Américas (+ 2%) tiveram um aumento
mais moderado. A desaceleração económica global, as tensões comerciais e os
crescentes desafios geopolíticos, a agitação social, a incerteza prolongada sobre o Brexit
e a menor confiança nos negócios pesaram no crescimento do turismo internacional. O
colapso do grande grupo de viagens Thomas Cook e algumas pequenas companhias
aéreas europeias afetou temporariamente alguns dos principais destinos turísticos,
principalmente na Europa e nas Américas. De acordo com os principais mercados de
origem, os Estados Unidos lideraram o crescimento dos gastos internacionais em
turismo em termos absolutos, apoiados por um dólar forte. A França registou o maior
aumento entre os dez principais mercados, refletindo pelo segundo ano consecutivo uma
procura crescente, enquanto a China viu as viagens de saída aumentarem 14% no
primeiro semestre de 2019, embora as despesas tenham caído 4% em comparação ao
mesmo período do ano passado.

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5- A Islândia: características gerais

A Islândia é uma grande ilha vulcânica localizada no norte do oceano Atlântico um


pouco ao sul do Círculo Polar Ártico. Culturalmente ligada à Europa, a Islândia não
possui nenhum traço geológico em comum com o continente europeu, o que lhe dá uma
especificidade paisagística notável e motivo central da procura turística. Com uma área
de mais de 102 mil quilómetros quadrados, é a décima oitava maior ilha do mundo e a
segunda maior da Europa. Existem outras numerosas pequenas ilhas no litoral como as
ilhas Hrísey, Grímsey e o arquipélago de Vestmannaeyjar. As outras massas de terra
mais próximas do país são a Gronelândia, a 286 quilômetros; a Escócia, a 795
quilômetros e a Noruega, a 950 quilómetros.

Mapa 1 - Mapa da Europa, Fonte: (Blogue New Social)

Mapa 2 - Mapa da Islândia, Fonte: (Divizia)

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A Islândia tem uma população de quase 350 mil habitantes. A capital, e maior cidade, é
Reiquiavique, cuja área metropolitana abriga cerca de dois terços da população
nacional.

Imagem 1 - Reiquiavique, maior cidade e centro da Grande Reiquiavique, Fonte: (Kangaroo Tours, 2016)

Devido à sua localização, a Islândia tem uma grande atividade vulcânica e um


importante gradiente geotérmico, o que influencia muito a paisagem, como já
afirmamos anteriormente. O interior é constituído principalmente por um planalto
caracterizado por campos de areia, montanhas e glaciares. Aquecida pela corrente do
Golfo, a Islândia tem um clima temperado em relação à sua latitude.

Com uma sociedade desenvolvida e tecnologicamente avançada cuja cultura é baseada


no património cultural, a herança cultural da Islândia inclui a cozinha tradicional
islandesa (que inclui baleia, tubarão fermentado, peixe seco, renas), a poesia e as sagas
islandesas medievais. Nos últimos anos, a Islândia tornou-se uma das nações mais ricas
e desenvolvidas, tendo sido classificada pela Organização das Nações Unidas como o
terceiro país mais desenvolvido do mundo.

Imagem 2 – Ingredientes típicos da culinária da Islândia, Fonte: (Kangaroo Tours, 2016)

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5.1- O mercado turístico

“O mercado turístico abarca as áreas de produção, distribuição e desfrute ou consumo


do bem e, em sentido económico, abrange todas as contratações livres que se verificam
entre produtores, comerciantes e distribuidores e consumidores” (Cunha, 2013, p. 241).
Entre vendedores e consumidores estabelece-se uma relação em que os primeiros
garantem aos segundos a satisfação das suas necessidades. O mercado turístico nasce
pela existência de bens e serviços que são oferecidos a pessoas que integram a procura
turística, diretamente ou através de intermediários. Neste sentido, cria-se a possibilidade
de usufruir de um bem ou serviço existente num local diferente ao da residência
permanente. Assim sendo, analisemos o que tem a Islândia para oferecer ao visitante e
aquilo que este procura neste destino.

5.1.1- Perfil da oferta e da procura

A Islândia tem 13 034 quilómetros de estradas que unem todo o território. O Anel
Rodoviário é uma via primária que possui 1 337 quilómetros de comprimento e
circunda todo o país, junto ao litoral, ligando todas as principais cidades. O transporte
marítimo de passageiros para o país é feito por meio de uma balsa que sai da Dinamarca
passa pelas Ilhas Feroe e chega a Seyoisfjorour no oeste. Todavia, durante o inverno do
hemisfério norte, entre outubro e abril, este serviço não está disponível. Em relação ao
transporte aéreo, a Islândia possui 99 aeroportos, mas somente seis deles possuem pista
pavimentada. O Aeroporto Internacional de Keflavík, a 48 quilómetros da capital do
país, é o mais movimentado. As companhias aéreas do país oferecem voos regulares
para diversas localidades na Europa e América do Norte.

Relativamente ao alojamento e a locais de diversão/recreio e de acordo com o Instituto


Nacional de Estatística da Islândia, o país oferece um número considerável de hotéis,
reservas naturais e parques temáticos como podemos observar nas seguintes tabelas:

Ano 2015 2016 2017 2018 2019


Total 1331 1589 1672 1838 1756
Tabela 1 – Número de hotéis entre 2015 e 2019, Fonte: (Statistics Iceland, 2019)

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Números Área Km2
Total 2000 2018 2000 2018
Parques Naturais 3 3 1.870 14.535
Monumentos naturais 31 42 154 121
Reservas naturais 37 41 2.706 2.830
Parques 11 22 392 442
Outros 2 6 7.243 3.033
Total 84 114 12,365 20961
Tabela 2- Espaço das áreas protegidas, entre 2000 e 2016, Fonte: (Statistics Iceland, 2019)

No que concerne à procura turística, o número de chegadas e estadias entre 2010 e


2018, mostra-nos uma tendência crescente:

Anos 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Total
Chegadas 1,768,008 1,927,807 2,166,227 2,656,942 3,296,505 3,934,112 4,624,295 5,063,723 5,262,263

Total
Estadias 2,999,025 3,248,960 3,751,513 4,546,383 5,489,986 6,469,881 7,808,276 8,375,600 8,548,886

Tabela 3 - Total de chegadas e de estadias, entre 2010 e 2018, Fonte: (Statistics Iceland, 2019)

Anos 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018


Total
Chegadas 9% 12,3% 22,6% 24%
%

19,3 17,5 9,5% 3,9%

Total 10,8% 15,4% 21,1%


Estadias
20,7% 17,8% 20,6% 7,2% 2%
Tabela 4 - % de crescimento das chegadas e de estadias, entre 2011 e 2018, Fonte: (Statistics Iceland, 2019)

Quando analisamos o crescimento em percentagem, constatamos que, embora a procura


turística tenha vindo sempre a crescer, o crescimento, a partir de 2014 não é tão
acentuado.

Todavia, a partir de janeiro de 2019 até ao presente, os dados revelam uma tendência
decrescente fruto, em parte, ao encerramento da WOW Airlines. Desde que a WOW
Airlines fechou, o impacto na economia islandesa foi notório. As estatísticas mais
recentes sobre o número de turistas mostram que os passageiros em trânsito caíram
43%. O turismo islandês sofreu um impacto negativo muito significativo. De acordo
com a Icelandic Tourism Board, no mês de Novembro de 2019, a tendência negativa
têm-se mantido desde Janeiro 2019. Entre os 23,6% de Maio (queda mais alta) e os
1.7% em Março (queda mais baixa), todos os meses de 2019 apresentaram valores
negativos.

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Gráfico 1 – Número de visitantes entre dezembro de 2018 e novembro de 2019, Fonte: (Icelandic Tourist
Board, 2019)

Apesar desta queda, o USA Today destacou que as pesquisas globais sobre a
Gronelândia, nos sites de hotéis, aumentaram 52% em 2018, e para outras áreas também
se verifica um aumento de visitantes norte-americanos (USA Today, 2019).

5.1.2- Destinos turísticos

É sempre difícil definir um destino turístico pois as motivações da sua escolha são
diversas e nela interferem inúmeros fatores. “A decisão de viagem implica sempre a
eleição de um ou mais lugares de visita ou de permanência: o indivíduo, a partir do local
da sua residência, tem como objetivo alcançar um lugar, em regra, pré-determinado,
onde permanecerá até ao seu regresso e/ou vários lugares que vai percorrendo, segundo
um itinerário, permanecendo neles um número variável de dias ou apenas algumas
horas” (Cunha, 2013, p. 180). Todos os locais que o visitante elege são destinos mas
nem todos tem a mesma importância, nem para o visitante nem para o turismo.
As componentes essenciais de um destino turístico são, a saber: os recursos turísticos,
isto é, elementos naturais, culturais, artísticos, históricos ou tecnológicos que geram
atração turística; infraestruturas, fundamentais quer para os turistas, quer para os
residentes; equipamentos, ou seja, facilidades criadas necessárias para acomodar,
manter e ocupar os tempos livres dos turistas; acolhimento e cultura, ou seja,
comportamentos relativamente aos visitantes bem como manifestações culturais;
acessibilidades, formadas pelos meios de transporte externos incluindo os serviços e
tarifas bem como a sua organização. O desenvolvimento equilibrado dos destinos

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implica que todas as suas componentes essenciais estejam aptas a responder às
necessidades dos visitantes e sejam capazes de se adaptar às mudanças dos mercados.
No caso islandês, consideramos que a atração ao património natural, à paisagem, as
comodidades oferecidas e os acessos são determinantes na escolha deste destino.
Para melhor satisfazer as necessidades dos visitantes, no sentido de criar infraestruturas
necessárias assim como a devida divulgação e promoção, o Conselho de Turismo da
Islândia determinou, em 2002, cinco regiões principais, subdivididas em sub-regiões,
com base na sua singularidade relacionada com o património natural, histórico e cultura
local. Assim sendo, o planeamento e organização da visita torna-se mais assertivo.

Mapa 3 – Regiões turísticas da Islândia, Fonte: (Rögnvaldsdóttir, 2015)

As características naturais da Islândia, principalmente as mais peculiares como os


geiseres, as piscinas quentes de lama e os glaciares, atraem muitos visitantes para o país.

Imagem 3 - Gaiser no vale Haukadalur. É o mais antigo conhecido, em atividade desde o século XIV,
Fonte: (Kangaroo Tours, 2016)

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Uma das principais atrações é a Lagoa Azul, famosa pelas suas propriedades
terapêuticas.

Imagem 4 – Lagoa Azul, Fonte: (Kangaroo Tours, 2016)

Sendo o país com a menor densidade populacional da Europa, a paisagem natural da


Islândia foi conservada, facto que atrai, além dos turistas, muitos fotógrafos e artistas.
Além disso, existem também três espaços, de extraordinário impacto paisagístico,
classificados pela UNESCO como patrimónios mundiais, a saber: o local onde
funcionou o parlamento a céu aberto até 1763, Thingvellir National Park; Surtsey, que
surgiu na década de 60 do século passado em resultado de uma erupção vulcânica e
ainda Vatnajokull National Park, 1400.000 hectares de superfície abarcando uma região
vulcânica (UNESCO).

De acordo com o Trip Advisor, os visitantes procuram a Islândia por causa da natureza
e, como tal, os locais mais procurados são, a saber: a Lagoa Azul, a Lagoa de icebergs e
praia de Jökulsárlón, o Círculo Dourado, Skogafoss, Seljalandsfoss, Godafoss, o Parque
Nacional de Skaftafell, a Praia de areia preta de Reynisfjara, Myvatn, Kirkjufell e
Kirkjufellfoss

Imagem 5 – O que
visitar na Islândia,
Fonte: (Trip Advisor)

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5.1.3- Mecanismos de mercado

Em Portugal, podemos encontrar vários pacotes turísticos para viajar até à Islândia e que
apresentamos na tabela seguinte:

Operador Link

Abreu Express https://www.abreuexpress.com/pt-PT/destinos/reykjavik-2/


Nordictur https://nordictur.pt/islandia/
Logitravel https://www.logitravel.pt/circuitos/islandia-percurso-pelo-sul-da-ilha-de-
gelo-17189132.html
Pinto Lopes https://www.pintolopesviagens.com/catalogo-de-
Viagens viagens/individuais/viagem-a-islandia/
MSC Cruzeiros https://www.msccruzeiros.pt/pt-pt/Destinos-Cruzeiros/Norte-Da-
Europa/Islandia/Reykjavik.aspx
Top Atlântico https://www.topatlantico.pt/
Tabela 5 – Lista de Operadores Turísticos

As companhias aéreas que viajam até a Islândia são a Icelandair, a KLM, a AIR France,
a Lufthansa e a Finnair mas não existem voos diretos. Para decidir o alojamento, o
Booking oferece-nos 1630 possibilidades de escolha na categoria hotéis, com descrição
pormenorizada dos mesmos. Em contrapartida, no AIRBNB, apenas nos é indicado a
existência de, e passamos a citar, “mais de 300 ligares para ficar”, implicando depois
uma pesquisa muito afinada para a escolha do alojamento. Outra informação pertinente
pode ser retirada ao constatarmos que, se na Islândia existem 1756 hotéis dos quais
1630 estão indexados ao Booking, isto significa que 92,8% dos alojamentos estão assim
controlados por este operador, facto que tem implicações no momento de organizar a
viagem.

Para melhor preparar a estadia, a Islândia oferece também vários websites institucionais
com informação turística relevante, para que o turista possa planear a permanência no
país e identificar todas as atividades disponíveis e locais a visitar. São eles:

Lista de websites
https://safetravel.is/
www.visiticeland.com
www.visitreykjavik.is
www.visitreykjanes.is
https://www.iceland.is/
https://www.icetourist.is/
https://www.inspiredbyiceland.com/
https://www.northiceland.is/
https://www.south.is/
https://www.west.is/
www.westfjords.is
https://www.east.is/

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6- Política económica para o turismo

O turismo é um dos mais relevantes setores da atividade económica. A sua contribuição


para a criação de riqueza e melhoria do bem-estar dos cidadãos faz-se sentir de
múltiplas formas. Pela produção de emprego que cria, pelo investimento e inovação que
promove, pelo desenvolvimento de infraestruturas coletivas que estimula, pela
preservação do ambiente e recuperação do património histórico e cultural que favorece,
pelas oportunidades de desenvolvimento regional que representa, pelas necessidades dos
indivíduos que satisfaz.

O turismo tem um forte impacto na comunidade onde se desenvolve não só a nível


social, pela dinâmica cultural que proporciona e que pode ser usufruída por visitantes
mas também por residentes, mas ainda a nível económico e ambiental. Ao nível
económico, o turismo interfere com vários sectores como a hotelaria, a restauração, o
artesanato e os serviços de cultura e lazer, pelos vários inputs na economia local. Ao
nível ambiental, os efeitos podem ser devastadores pela alteração da paisagem, por
exemplo. Mesmo a nível social, pode ocorrer uma alteração da identidade cultural de
determinada comunidade.

De forma a dar respostas eficazes às necessidades dos visitantes sem prejudicar os


locais de destino, antes pelo contrário, pretendendo retirar desta atividade os maiores
rendimentos, os Estados legislam e impõe leis que a regulamenta e, percebendo a sua
importância, criam no seu organigrama de governação, um ministério focado
exclusivamente no turismo.

Na Islândia, o Departamento de Turismo do Ministério da Indústria e Inovação é


responsável pelo desenvolvimento e execução de uma política oficial de turismo,
propondo legislação no campo do turismo e coordenando o trabalho de vários órgãos
governamentais com relação às questões do turismo.

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Esquema 1 - Organigrama do Ministério da Indústria e Inovação, Fonte: (Government of Iceland, 2019)

O Conselho de Turismo da Islândia, o Fundo de Proteção de Locais Turísticos, o Fundo


de Desenvolvimento de Rota e a Task Force de Turismo são órgãos que operam sob os
auspícios do ministério. O ministério trabalha ainda em estreita cooperação com vários
outros ministérios quando se trata de assuntos que afetam o turismo. O ministério tem
vários acordos com o Promote Iceland relativamente à promoção e comercialização da
Islândia, em geral, e, especificamente, como destino turístico. O Promote Iceland é uma
parceria público-privada estabelecida com o objetivo de aumentar a competitividade das
empresas islandesas em mercados externos e estimular o crescimento económico através
do aumento da exportação (Promote Iceland).

O roteiro para o turismo na Islândia foi publicado no final de 2015, enfatizando os sete
elementos principais a seguir: coordenação, proporcionar uma experiência positiva ao
visitante, dados confiáveis, preservação da natureza, habilidades e qualidade, maior
rentabilidade e uma melhor distribuição de turistas. O objetivo é garantir, por um lado,
que o turismo na Islândia se torne exemplar e, por outro, estabelecer firmemente o país
como um destino atraente e sustentável para os turistas em harmonia com a paisagem e
seu povo (Ministério da Indústria e Inovação, 2015).

A Task Force do Turismo foi estabelecida com base no roteiro, com duração de cinco
anos, do final de 2015 até o final de 2020. O Conselho é formado por ministros das
quatro principais áreas ligadas à indústria do turismo, bem como quatro representantes

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do setor e dois representantes de municípios locais. O objetivo da Task Force do
Turismo é garantir que o período entre 2015-2020 seja usado para realizar as tarefas
necessárias para estabelecer as bases sólidas necessárias na indústria do turismo da
Islândia. A sua função é coordenar medidas e encontrar soluções, em colaboração com
administrações governamentais, municípios, a estrutura de apoio a esse setor em todo o
país, o próprio setor e outras partes interessadas.

Existe ainda o Centro de Investigação de Turismo da Islândia que é um projeto


cooperativo entre a Universidade da Islândia, a Universidade de Akureyri e a
Universidade Hólar. O Conselho da ITRC é mandatado por representantes das três
universidades, além de representantes do Conselho de Turismo da Islândia e da
Associação da Indústria de Viagens da Islândia. O ITRC recebe financiamento destas
entidades, além de apoio de fundos do governo.

O objetivo do ITRC é melhorar e promover a pesquisa sobre turismo na Islândia e


fortalecer os laços entre a pesquisa e a indústria por meio de projetos de colaboração
nacionais e internacionais. Os objetivos do ITRC são impulsionar a pesquisa e, assim,
entender o impacto que o turismo tem na economia, sociedade e meio ambiente do país.
Isto é feito através da cooperação com universidades nacionais e estrangeiras, a
comunidade empresarial e através da publicação e divulgação de trabalhos académicos,
informações, consulta e organização de seminários, realização de conferências e
palestras sobre estudos de turismo.

Os objetivos do Centro de Investigação são:

• promover e melhorar a pesquisa turística na Islândia;


• facilitar a cooperação nos institutos de ensino superior islandeses no campo dos
estudos turísticos;
• facilitar a comunicação e colaboração com a indústria do turismo da Islândia e
outras partes interessadas;
• facilitar a cooperação entre investigadores nacionais e estrangeiros no campo dos
estudos turísticos;
• publicar trabalhos e apresentar resultados de investigação em estudos de turismo;
• oferecer palestras em estudos de turismo e organizar conferências; (Icelandic
Tourism Research Centre).

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7- Impactos do Turismo

Os impactos do turismo de um país ou região devem ser analisados a partir de dois


eixos, digamos, o positivo e o negativo. Para melhor compreendermos esta dualidade,
chamemos-lhes impactos positivos e impactos negativos. Assim sendo, entendam-se
como impactos positivos todas as melhorias e mais-valias decorrentes da atividade
turística e, pelo contrário, como impactos negativos entendam-se os problemas ou
dificuldades que surgem com o decorrer dessa atividade.

Antes de tudo, é importante salientar a complexidade em determinar os impactos


positivos e os impactos negativos devido a três variáveis que passamos a enumerar: a
diversidade das atividades que estão associadas às necessidades turísticas; a dificuldade
em distinguir o que é ou não atividade produtiva e, ainda, o papel que os fatores não
produtivos desempenham no êxito dos destinos turísticos, tais como a segurança, o
ambiente e os usos e costumes.

Em função do que foi exposto, e de uma forma sucinta, podemos assumir que o turismo
permite o aumento das oportunidades de comércio para as empresas existentes na região
de destino, bem como favorece o aparecimento de novas empresas, necessárias para
uma resposta eficaz à procura turística. Por outro lado, o sector rural pode também
crescer para dar resposta às necessidades alimentares dos turistas ou do turismo rural.
Outro elemento a ter em conta é o fato da atividade turística favorecer também a criação
de postos de trabalho e o consequente aumento de riqueza da região. E aqui podemos
também acrescentar que o aumento da procura de bens essenciais pelos turistas, para
satisfazer as suas necessidades imediatas, incrementa a economia local. Em último, não
podemos deixar de considerar que as localidades recetoras vão passar a estar muito mais
preocupadas com a preservação e defesa, tanto da sua herança cultural como também
dos seus recursos naturais e culturais, pois são eles os potenciadores de atração turística.
Em última instância, para o Estado, o aumento do turismo significa o aumento de
receitas, fruto do pagamento de impostos e, como tal, o Estado tem motivos para
promover esta atividade. Face ao exposto, é de salientar que “o turismo é um sistema
que recebe inputs do contexto económico, social, político, cultural e ambiental em que
se insere, proporcionando, ao mesmo tempo, muitos outputs para esse contexto,

18
podendo contribuir desta forma para o desenvolvimento de mutas regiões” (Eusébio &
Carneiro, 2012, p. 66).

A receita de turismo da Islândia atingiu 3 bilhões de dólares em dezembro de 2017, em


comparação com 2 bilhões de dólares no ano anterior. Os dados da Receita Turística da
Islândia são atualizados anualmente e estão disponíveis de dezembro de 1995 a
dezembro de 2017. Os dados atingiram uma máxima histórica de 3.024 milhões de
dólares em dezembro de 2017 e uma baixa significativa de 309 milhões de dólares em
dezembro de 1995.

Gráfico 2 – As receitas do turismo na Islândia de 2006 a 2017, Fonte: (CEICData, 2019)

Segundo o gráfico em baixo, em 2018, a contribuição das viagens e do turismo para o


PIB (% do PIB) para a Islândia foi de 32,6%.

Gráfico 3 – Contribuição do turismo para o PIB, Fonte: (Knoema Corporation, 2019)

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Os 25 países mais dependentes do turismo

Mapa 4 – Os 25 países mais dependentes do turismo, Fonte: (QUARTZ Daily, 2019)

As Maldivas, localizadas no Oceano Índico, são o país mais dependente do turismo. Os


outros são, na maioria, ilhas e arquipélagos. Com poucos recursos naturais além das
praias e paisagens deslumbrantes, o turismo é um foco económico óbvio. Infelizmente,
são países extremamente vulneráveis às mudanças climáticas. Correm alto risco de ver o
nível do mar subir, eliminando resorts e áreas costeiras, a morte de recifes de corais e o
aparecimento de culturas ameaçadoras de salinização do solo, além de eventos
climáticos extremos.

A Islândia ocupa a 25ª posição n que concerne ao impacto do turismo no Produto


Interno Bruto, como nos mostra a tabela seguinte:

20
Ranking Países % de PIB

1 Maldivas 38.92
2 Ilhas Virgens da Bretanha 32.96
3 Macau 28.05
4 Aruba 27.64
5 Seicheles 25.74
6 Baamas 19.23
7 Vanuatu 18.16
8 Cabo Verde 17.66
9 Santa Lucia 15.61
10 Belize 14.95
11 Fiji 14.09
12 Malta 14.08
13 Camboja 13.72
14 Barbados 13.13
15 Antiga e Barbuda 13.09
16 Dominica 12.33
17 Montenegro 11.67
18 Croácia 11
19 São Tomé e Príncipe 10.63
20 Jamaica 10.48
21 Tailândia 9.82
22 Geórgia 9.36
23 Filipinas 8.7
24 Kiribati 8.66
25 Islândia 8.63
Tabela 6 – Lista dos 25 países em que impacto do turismo no PIB é maior, Fonte: (QUARTZ Daily, 2019)

Todavia, podemos também perceber a que o turismo tem sofrido uma queda, ao
compararmos o número de trabalhadores entre Fevereiro de 2018 e Fevereiro de 2019.

21
Assim sendo, de acordo com a tabela seguinte, o número de trabalhadores nesta área
desceu.

Número de empregadores e trabalhadores em diversas atividades

Empregadores Trabalhadores em Fevereiro

Fevereiro 2019 2018 2019 Variação %

Todas as atividades 17,898 185,700 187,200 1,400 0.8

Setor dos Negócios 14,067 127,800 127,600 -200 -0.1

Pescas 436 8,300 8,100 -300 -3.2

Manufaturas excetuando as das Pescas 1,030 16,700 16,800 100 0.4

Construção 2,812 13,000 13,400 500 3.5

Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas 502 3,500 3,400 -100 -1.8

Comércio grossista, exceto veículos automotores e motocicletas 986 8,700 8,800 100 1.4

Comércio retalhista, exceto de veículos automotores e 864 15,000 14,900 -100 -0.8
motocicletas

Administração pública, segurança social obrigatória e educação 594 41,100 42,200 1,100 2.7

Saúde e Serviço Social 1,162 16,700 16,800 100 0.6

Turismo 1,845 26,000 25,600 -400 -1.5

Serviços e fabrico de Alta Tecnologia 941 12,800 12,800 0 -0.3

Tabela 7 - Número de empregadores e trabalhadores em diversas atividades, Fonte: (Statistic Iceland, 2019)

22
Gráfico 4 – Número de empregados no setor do turismo entre 2008 e 2029, Fonte: (Statistics Iceland, 2019).

O gráfico acima mostra-nos a tendência decrescente entre 2018 e 2019 no que concerne
ao número de empregados no setor do turismo.

Gráfico 5 – Evolução do valor das receitas provenientes do turismo internacional na Islândia, (World Bank Group, 2019)

O gráfico acima mostra-nos as receitas do turismo internacional na Islândia, entre 1996


e 2017, sendo que neste ano atingiu 26,7. É notável o impacto que teve, nomeadamente
a partir de 2010, na economia islandesa.

23
Sabemos que o turismo “interfere com o desenvolvimento equilibrado e harmonioso das
cidades e territórios” (Condesso, 2014, p. 607). Senão vejamos, o desenvolvimento da
atividade turística de uma região pode ter impactos negativos noutras atividades que
utilizavam recursos que passam agora a ser canalizados, quase em exclusivo, para o
turismo. A poluição, a destruição de ecossistemas e os congestionamentos do excesso
de pessoas, e de trânsito, podem por em causa o meio ambiente. A sazonalidade dos
postos de trabalho é também um fator negativo assim como a precariedade dos salários
numa situação oposta aos preços dos bens e produtos que têm tendência a aumentar
(Eusébio & Carneiro, 2012). Pode até ocorrer a perda de identidade da região pela
padronização do produto turístico ou mesmo até pela aculturação realizada de forma
descontrolada. Por último, a atividade turística pode levar ao aumento da despesa
pública pela necessidade de manutenção de infraestruturas de transporte e segurança e
ainda, já vamos ouvindo falar na atualidade, dos fenómenos de massificação turística,
ou seja, a capacidade total de turistas é atingida ou mesmo ultrapassada, com
consequências preocupantes para os residentes e para a paisagem.

Espera-se que o número de turistas que atravessam as fronteiras chegue a 1,8 mil
milhões por ano até 2030, de acordo com as últimas previsões da OMT. Isso acontecerá
ao lado de mais 15,6 mil milhões de chegadas de turistas domésticos. Esse crescimento
trará muitas oportunidades, incluindo desenvolvimento socioeconómico e criação de
emprego. Ao mesmo tempo, no entanto, as emissões de gases de efeito estufa ligadas ao
transporte relacionado ao turismo também estão aumentando, desafiando a ambição do
setor de turismo de cumprir as metas do Acordo de Paris. (UNWTO, 2019)

O impacto da bancarrota da WOW Airlines na atividade turística da Islândia foi notório


com reflexos visíveis no número de chegadas ao país (Kyzer, 2019). Depois de anos
sucessivos de overtourism, que obrigou ao encerramento da instância de Fjaðrárgljúfur,
por causa da degradação ambiental provocada pelo excesso de visitantes, (Marcus,
2019), o turismo na Islândia sofreu um revés nos últimos meses (Sigurdardottir, 2019).
Para além do impacto da falência da WOW Airlines, surgem notícias menos positivas
sobre lugares de grande atração turística, como o caso da Lagoa Azul. Segundo notícia
recente no Business Insider, a Lagoa Azul estava superlotada e com aspeto deteriorado,
pouco convidativa para um mergulho. (Warren & Batarags, 2019)
Paralelamente a estes problemas, há ainda a considerar questões muito pertinentes, de
impacto mundial inclusive, como o degelo dos glaciares o que significa que, para além

24
de todos os problemas que daí advém, a Islândia está a perder aquilo que é recurso
turístico, facto que a longo prazo pode ser bastante preocupante. (Young & Miller-
Medzon, 2019).
Os próprios islandeses, ao serem inquiridos, consideram que o turismo tem
consequências positivas mas também negativas. Se, por um lado, lhes permite
beneficiar dos lucros provenientes da atividade turística e os obriga a estar mais
conscientes relativamente às questões ambientais, por outro, percebem que o turismo
tem impactos muito significativos na paisagem e que devem ser bem avaliados e para os
quais é necessário tomar medidas preventivas. A redução do número de entradas em
certos lugares pode ser uma delas.

Gráfico 6- Aspetos apontados pelos islandeses sobre o impacto do turismo, Fonte: (Sigurðardóttir, 2019)

O Nordic Labour Journal, a 27 de junho de 2019, afirma: “turistas afogando-se no mar.


Turistas morrendo em acidentes de autocarros. Turistas conduzindo ilegalmente fora da
estrada e ficando presos no meio da área geotérmica ativa. Causam sérios danos à
natureza apenas para publicar fotografias de si mesmos nas redes sociais”
(Sigurðardóttir, 2019). A natureza islandesa está a ser ameaçada e esta situação é um
problema ao qual a Islândia terá de dar resposta. A quebra turística que se está a
verificar nos últimos meses deve fazer com que as autoridades islandesas responsáveis
pelo sector, pensem o que será necessário fazer para controlar os impactos na paisagem
causados pelo excesso de visitantes. Jón Björnsson, diretor do parque nacional de
Snaefellsjokull, afirma que o turismo cresceu de forma desmesurada, com as empresas
de turismo a pensarem unicamente nos lucros e ignorando o impacto da atividade
turística nos residentes. Segundo ele, “ainda não há visão de futuro no setor de turismo.

25
Ainda falta conhecimento e, em certas áreas, os moradores estão prestes a ficar sem
paciência” (Sigurðardóttir, 2019).
A Associação Islandesa de Busca e Resgate, ICE-SAR, acredita que o comportamento
dos visitantes estrangeiros mudou pois o número de acidentes envolvendo turistas
diminuiu, com exceção de 2018. Mas a Islândia deve continuar a desenvolver
infraestruturas para controlar para onde vão os visitantes.
Como parte do esforço para ensinar os turistas a serem mais responsáveis, a agência de
turismo Inspired by Iceland publicou um vídeo mostrando como tirar selfies, o qual já
teve mais de meio milhão de visualizações. As autoridades de turismo estão a trabalhar
no sentido de fortalecer os regulamentos sobre como proteger e controlar o tráfego em
várias áreas e como aplicar multas se as regras forem violadas. Também a polícia pode
agora exigir uma indenização por danos resultantes de atividades ambientais ilegais
(Sigurðardóttir, 2019).
Guðmundur Ingi Guðbrandsson, Ministro do Meio Ambiente, considera que a Islândia
está no caminho do controle do impacto do turismo na natureza, investindo na
visualização de pontos, banheiros e escadas, a fim de controlar o tráfego e a maneira
como os visitantes interagem com a natureza. Ao mesmo tempo, o país está a organizar
uma estratégia de coexistência entre turismo e natureza, sem que esta seja prejudicada.
Considera-se também que o número de visitantes em determinadas áreas deve ser
limitado. A questão climática é extremamente importante para a Islândia e para o
mundo, assim como a atividade turística, pelo que é urgente encontrar soluções
conciliadoras. O mesmo ministro acredita que o número de visitantes pode diminuir
mas, todavia, os turistas permanecerão por períodos mais longos. Em paralelo, muitas
companhias aéreas também estão tentando solucionar os problemas do CO2. Não
podemos esquecer que o tráfego aéreo é a única forma de ligar o continente com a
Islândia. Existe já uma política governamental para as questões climáticas: os
funcionários públicos são incentivados a usar as videoconferências para reduzir o
número de voos para os mesmos, até que a indústria aeronáutica comece a usar
combustíveis mais ecológicos.
Será necessário consciencializar ainda mais a população local sobre os impactos dos
seus comportamentos para com a natureza para que a Islândia fortaleça a sua posição
como destino turístico. É necessário aproveitar este período de diminuição da procura
turística para se pensar na sustentabilidade, na reciclagem de resíduos e no uso de
energia renovável por parte da indústria turística.

26
8- Conclusão

O turismo é, cada vez mais, uma atividade fundamental para a maioria dos países,
proporcionando benefícios muito significativos para a economia de cada um deles e
para o desenvolvimento em geral.

A nível local, a atividade turística é responsável pela empregabilidade de muitos assim


como pelo desenvolvimento de várias atividades económicas colaterais essenciais para
que o turismo se desenvolva, contribuindo para as melhorias de condições de vida da
população e para a preservação do património histórico-cultural e ambiental dos lugares.
Se o seu desenvolvimento não for pensado e planeado, ouvindo todos os elementos que
nele intervêm, e perspetivando o futuro, a atividade turística pode produzir impactos
negativos avassaladores que podem levar à sua decadência. O mesmo se aplica a nível
nacional. É necessário pensar e refletir sobre a forma como vão vender o nosso
património histórico, cultural, ambiental, aos outros, satisfazendo as suas necessidades,
mas sem esquecer as necessidades dos residentes e as necessidades das gerações futuras.
Só com base na sustentabilidade é que é possível criar uma atividade turística cujos
impactos positivos sejam extraordinariamente superiores aos negativos ou até estes
últimos não existam.

Percebemos, ao longo deste trabalho, o impacto que o turismo tem na Islândia, assim
como também a forma como o poder político instituído olha para o sector. Percebemos
também que a paisagem é o recurso por excelência que os islandeses têm para oferecer e
que já se verificam alterações na mesma, facto que está a gerar uma onda de
preocupação mas também uma ação preventiva, levando a que se diminuam o número
de entradas autorizadas, em certos lugares, por exemplo.

27
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