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Nº: 032869
LUANDA, 2022
OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA PARA
ATRACÇÃO DE INVESTIMENTO PRIVADO ESTRANGEIRO 2017-
2021
LUANDA, 2022
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Declaro que este Trabalho de Fim de Curso é o resultado da minha investigação pessoal
e independente, o seu conteúdo e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas
no texto e nas notas de rodapé, e nas referências bibliográficas.
A Candidata
___________________________________________________
Declaro que tanto me foi possível verificar este trabalho de fim de curso, é resultado da
investigação pessoal e independente da candidata.
O Professor Orientador
___________________________________________________
II
FOLHA DE APROVAÇÃO
Este Trabalho de Fim do Curso, foi julgado, adequado e aprovado na sua versão final pela
direcção da Universidade Técnica de Angola no dia___/___/2022.
Presidente
___________________________________________________
1º Vogal
___________________________________________________
2º Vogal
__________________________________________________
Secretário (a)
_________________________________________________
III
DEDICATÓRIA
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado saúde e força para superar a dificuldades vividas ao
longo da minha caminhada estudantil e por ter me dado o privilégio de todos os dias acordar na
sua graça. Aos meus pais, Augusto Octávio Neto e Maria Baptista, pela dedicação, apoio e força
que me têm dado diariamente, por terem feito todo esforço para custear os meus estudos. O
meu muito obrigada vocês são a razão da minha existência, Serei eternamente grata por tudo
que fizeram por mim.
Aos meus irmãos Nilton Octávio, Nuno Octávio, Nelson Octávio e Norberto Octávio
gratidão profunda, aos meus parentes Avós, tios e primos pelas palavras de consolo e
motivação.
Ao Hélder Paulo palavras são insuficientes para expressar a minha gratidão pós tens
sido um suporte multivacional desde que te conheci.
Aos meus amigos e amigas Ana João, Ana Américo, Francisca Raúl Maria Anselmo,
Marcelina Mateus, Neusa Joaquim, e Nidia Dala, Will Mujinga e Edmundo Carlos pelo apoio
incondicional . Aos colegas que conheci ao longo do percurso académico Albertina, Augusta,
Teresa, Mário e Walter muito obrigada por estarem sempre disponíveis em ajudar-me, aos
professores, em especial o professor Mestre Francisco Sachitota pela ajuda dada na feitura
deste trabalho.
V
EPÍGRAFE
VI
RESUMO
O presente estudo, versa sobre “Os Desafios da Diplomacia Económica de Angola para a
Atração de Investimento Privado Estrangeiro 2017-2021”. Este é um tema pertinente na esfera
política que tem levado o Estado, através das suas representações diplomáticas em certas acções
conduzidas neste período. Por outro lado, a relevância do tema, prende-se com o facto dos
adâmicos abordarem com alguma profundidade a respeito desta temática. Para tal, levantou-se
a seguinte pergunta: Que desafios a diplomacia económica de Angola enfrentou para atracção
de Investimento Privado Estrangeiro no período em estudo? Como objectivo geral, o mesmo
procurou: Analisar os desafios que a diplomacia económica de Angola enfrentou para atracção
de investimento privado estrangeiro. Os desafios da diplomacia económica angolana, está
extremamente ligada à procura de novos investimentos, obtenção de recursos financeiros e
técnicos para reconstruir o país e para viabilizar a exploração de recursos naturais, sendo que
actualmente é impensável que os interesses económicos de um Estado possam ser melhor
defendidos sem uma actuação constante e activa das suas estruturas governamentais. Contudo,
conclui-se que no período em estudo, o país enfrentou vários desafios para a actração do IPE,
sendo que por via da diplomacia económica alguns investidores estrangeiros puderam aportar
no nosso país.
VII
ABSTRACT
The present study deals with “The Challenges of Economic Diplomacy in Angola for the
Attracting Foreign Private Investment 2017-2021”. This is a relevant topic in the sphere policy
that has led the State, through its diplomatic representations in certain conducted in this period.
On the other hand, the relevance of the theme is related to the fact that the adamics to approach
in some depth about this theme. To that end, he got up the following question: What challenges
did Angola's economic diplomacy face to attract of Foreign Private Investment in the period
under study? As a general objective, the same sought to: Analyze the challenges that Angola's
economic diplomacy faced to attract of foreign private investment. The challenges of Angolan
economic diplomacy are extremely linked to the search for new investments, obtaining financial
resources and technicians to rebuild the country and to enable the exploitation of natural
resources, it is currently unthinkable that the economic interests of a State can be better
defended without constant and active action by their governmental structures. However, it is
concluded that in the period under study, the country faced several challenges for the attraction
of the IPE, and through economic diplomacy some foreign investors were able to contribute in
our country.
VIII
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
IX
SADC: Comunidade de Desenvolvimento dos Estados da África Austral
X
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.................................................................................................................. IV
AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ V
EPÍGRAFE .......................................................................................................................... VI
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
XI
2.4. Principais Acções Diplomáticas de Angola ........................................................... 22
3.5. As Políticas Elaboradas Pelo Estado Angolano no sentido de atrair o IDE .......... 39
SUGESTÕES ....................................................................................................................... 44
XII
INTRODUÇÃO
1
Este trabalho, resulta da seguinte pergunta de partida: Que desafios a diplomacia
económica de Angola enfrentou para atracção de Investimento Privado Estrangeiro no período
em estudo?
Do ponto de vista estrutural, o trabalho encontra-se estruturado por três capítulos, além
de contar com elementos pré e pós textuais.
2
No terceiro e último capítulo, aborda-se sobre os desafios da diplomacia económica de
Angola para atracção de Investimento Privado Estrangeiro, no 2017 à 2021.
3
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEPTUAL SOBRE A
DIPLOMACIA
A diplomacia é das actividades estatais que mais tem sido alvo de transformações onde as
questões política, económicos e sociais têm destacando-se, permitindo que os Estados aliam à
diplomacia às várias vertentes. Pretende-se com este capítulo apresentar conceitos e evolução
da diplomacia, seus instrumentos, bem como apresentar a relação entre a diplomacia com a
política externa.
Segundo Zeca (2013, p. 51), “a palavra diplomacia tem a sua origem etimologia no
grego diploma, matos, que significa objecto duplo, papel dobrado em dois, seguindo-se
posteriormente ao Latim, que era concebido papel dobrado, carta de recomendação, carta de
licença ou privilégio”, na mesma senda, seguiu-se para o Francês diplomatie (1790), ciência
dos diplomas ou relativo as relações políticas entre estados, e o mesmo aconteceu com o
português em 1836.
Nesta senda, Mongiardim (2007, p. 51), defende que “em todas as civilizações da
antiguidade se recorreu ao uso de intermediários ou diplomatas nas relações entre povos
diferentes, só que em cada civilização os enviados eram designados por um nome diferente
sendo: nuntius, legatus, plesbeis, missus ou procurator”. Existem referências dispersas
antiguidade, relativamente ao uso de intermediários entre os povos orientais designadamente:
os Egípcios, Assírios, Babilónicos, Hebreus, Chineses e Hindus.
Magalhães (2005, p. 12), diz que o início da conformação da diplomacia na forma como
a conhecemos hoje deu-se no século XV, na Itália dividida em Cidades-estados. O
fortalecimento político e económico desses pequenos Estados propiciou a busca pelo comércio
com outras nações. Para isso, viu-se necessário a utilização de agentes em missões diplomáticas
para conduzir as negociações e o diálogo com os demais países.
Por outra, o autor Moita (2006), defende que a Igreja Católica e as cidades comerciais
italianas, especialmente Veneza, foram os primeiros a utilizar as representações diplomáticas
com carácter permanente. As negociações que culminaram com a assinatura em 1648 do
Tratado de Westefália constituem não só um marco histórico a partir do qual a diplomacia
sofreu notável expansão, como também inauguraram um novo método diplomático, a chamada
diplomacia multilateral.
Para Magalhães (2005, p. 34), “a diplomacia Grega tinha um carácter muito diferente,
os seus primeiros diplomatas eram denominados “heraldos”, porém, a sua protecção nos locais
onde eram enviados, dependia dos deuses, nos quais podemos destacar Hermés que era o
mensageiro”. Porém, as constantes invasões dos Bárbaros ao Império Romano, segundo a
5
história, apontam-se como o principal motivo da sua queda, o que de certa forma também
contribuiu para o enfraquecimento da diplomacia, que na época seguinte esteve sobre a tutela
da Santa Sé.
De acordo com Capoco (2013 p. 54), “após o tratado de westefália, o outro facto
importante para a diplomacia foi o congresso de Viena de 1814 a 1815, na capital da Austríaca,
para regular a situação política europeia após a queda do império napoleônico. Foi no mesmo
congresso levou ao estabelecimento das primeiras normas convencionais sobre a hierarquia dos
agentes diplomáticos e as suas respectivas precedências”.
No que refere a análises conceptual sobre a Diplomacia, Silva (2017, p. 7), diz que a
mesma é vista como a “formulação de uma estratégia visando à concretização de interesses
nacionais no campo internacional, e bem assim a sua execução por diplomatas”. Para
Magalhães (2005), “a Diplomacia é um instrumento da Política Externa, para o estabelecimento
e desenvolvimento dos contactos pacíficos entre os governos de diferentes Estados, pelo
emprego de intermediários, mutuamente reconhecidos pelas respectivas partes”.
Por outra, Amaral (1997), afirma que a “diplomacia compreende todos os meios pelos
quais os Estados estabelecem ou mantém relações mútuas, comunicam uns com os outros ou
interagem política ou juridicamente, sempre através dos seus representantes autorizados”. Ao
passo que Morgenthou (2002, p. 49), afirma que “a diplomacia compreende a formação e
execução da política externa a todos os níveis, tendo como objectivo primário, a promoção dos
interesses nacionais por meios pacíficos”.
Morgenthau (2003), defendeu que a diplomacia, tomada em seu sentido mais amplo,
que abarca todo o escopo da Política Externa, pode-se dizer que a sua função se apresenta por
meio de quatro facetas:
Ela precisa determinar até que ponto esses diferentes objectivos são compatíveis
entre si;
Morgenthau (2003), considera, ainda, que “o fracasso de qualquer destas funções” pode
pôr em risco o “sucesso da política externa” e, em consequência, pode pôr em risco a própria
“paz mundial”, reconhecendo que” a diplomacia que acaba na guerra falhou o seu primeiro
objectivo”.
7
Para Zeca (2013, p. 131) a diplomacia possui cinco funções principais: “facilitar a
comunicação entre os líderes políticos e outras entidades que participam da política
internacional, negociar acordos, reunir informação dispersa a respeito dos Estados estrangeiros,
minimizar os feitos dos atritos das relações internacionais, e simbolizar a existência das
sociedades dos Estados”.
Inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos
acontecimentos no Estado acreditador e informar a esse respeito o Governo do
Estado acreditante;
8
1.3. A Diplomacia enquanto Instrumento da Política Externa dos Estados
Para este autor, constitui tarefa última de uma diplomacia inteligente, zelosa por
preservar a paz, escolher acertadamente os meios apropriados de perseguir os seus objectivos,
sendo basicamente três os meios a disposição da diplomacia: persuasão, compromisso e ameaça
do uso da força. A arte da diplomacia consiste em pôr a ênfase correto, em cada um destes três
meios, sem menosprezar nenhum deles, porque há que saber utilizar simultaneamente a
persuasão, aproveitar as vantagens do compromisso e impressionar a outra parte com a
capacidade militar do Estado.
Todavia, a diplomacia, de acordo com Delgado (2015, p. 6), é muitas vezes confundida
com outros conceitos como por exemplo, com funções políticas dos Estados, com negociação,
mas é mais frequentemente confundida com política externa, tanto na linguagem corrente como
também nas obras dos especialistas de assuntos internacionais. Esta confusão é tão forte e tão
generalizada entre os próprios internacionalistas, que levou José Calvet Magalhães a concluir
que, a maioria ou quase totalidade das obras intituladas “história diplomática” não se ocupa da
1
A política externa é “O conjunto de objectivos, estratégias e instrumentos escolhidos pelos responsáveis
governamentais pela formulação política para responder ao ambiente externo actual e futuro”. Todas estas
definições comungam com uma série de princípios e pressupostos, dos quais se destaca o papel dos governos
estatais como actores privilegiados na formulação da política externa e a dimensão intencional da acção política.
Nestas conceptualizações há dificuldade em compreender outros actores como agentes activos na política
internacional, pois instituições não estatais não são consideradas. Assim, tem-se dificuldade em incluir entidades
supre-estatais (como a ONU ou a UE) na análise da política internacional. Igualmente, estas definições não incluem
os resultados não intencionais das decisões políticas, deixando uma lacuna conceptual por resolver (ROSATI,
1994, p. 225).
9
história da diplomacia, mas sim da história das relações externas ou da política externa de
determinados países, e até mesmo os especialistas em matéria diplomática propriamente dita,
não escapam a esta confusão de conceitos.
Porém, conforme Santos (2009, p. 227), “a diplomacia não é confundida só com política
externa, mas também com negociação e mesmo com outros instrumentos cuja função primária
é a gestão ou a resolução pacífica de conflitos internacionais, na medida em que, tal como a
negociação, a diplomacia se refere, a uma funcionalidade instrumental utilizada para a
concretização de uma finalidade específica”.
Assim sendo, Cooperação é uma acção conjunta para uma finalidade, objectivo em
comum. Uma relação baseada entre indivíduos ou organizações, utilizando métodos mais ou
menos consensuais. É ainda um conjunto de relações que não estão baseadas na coacção ou no
constrangimento, mas legitimadas através do consentimento mútuo dos intervenientes (Waltz,
1990).
10
Segundo o autor, os debates teóricos e académicos nas cadeiras de relações
internacionais, desenvolvidos desde a consolidação do primeiro departamento com tal
nomenclatura, em 1919, vinham dando relevância às teorias liberal e realista, que melhor se
enquadravam ao momento histórico vivido na época, e foram precursoras no desenvolvimento
de visões quanto aos conflitos e relação entre Estados no cenário internacional.
Nesta senda, Maciel (2009, p. 15-19) diz que “os autores neoliberais, liderados por
Joseph Nye e Robert Keohane, ao tempo que reformularam as ideias clássicas do liberalismo e
criticaram a utópica imagem de uma aldeia global, idealizada por novas vertentes do pós
Segunda Guerra, visualizavam um crescente intercâmbio nas esferas sociais e económicas, não
somente por parte dos Estados, mas com participação das Organizações Internacionais, dos
movimentos sociais transnacionais e de corporações multinacionais, que formariam um mundo
“sem fronteiras”, em que o poderio militar não poderia ser tido como alternativa viável para a
coexistência das nações independentes”.
Neste sentido, Sarfati (2005, p. 156), utilizando as narrativas de Keohane, explica que,
“na teoria Neoliberal Institucionalista, os Estados continuam sendo os principais actores das
relações internacionais e o sistema internacional é descentralizado, onde todos são iguais entre
si e os actores não devem obediência aos demais”. Porém, para a compreensão do mundo
moderno, não somente a ideia de descentralização deve ser considerada, mas também a da
institucionalização, que é definida como “regras estabelecidas, normas, convenções,
conhecimento diplomático, governados por entendimentos formais e não-formais”.
Por outro lado, os neo-realistas, conduzidos por Kenneth Waltz, segundo Saldanha
(2011, p. 172), cujas teorias foram exteriorizadas em 1979, com o lançamento do livro “Theory
of International Politics”, ainda que seguissem analisando o Sistema Internacional com a ideia
de estado de natureza hobbesiano, pautando as políticas externas e, consequentemente, as
cooperações internacionais no nível de sobrevivência e segurança estatal, realizaram diversas
11
críticas ao realismo clássico, inclusive quanto à conceituação de poder nas relações entre
Estados.
Portanto, Maciel (2009, p. 42) afirma que “a cooperação internacional serviria para os
Estados manterem seu poder e crescimento, para conseguirem influência política, prestígio,
vantagens geoestratégicas e intensificação do comércio, para garantirem investimentos ou,
também, como forma de oferecerem subornos para as elites dos países em desenvolvimento em
troca de apoios, por exemplo, em organismos internacionais”. Dessa forma, as políticas de
cooperação seriam inseparáveis das relações de poder, aonde não haveria espaço para
considerações éticas.
Tal como Waltz (1990, p. 22) afirmou “a teoria é artificial”. O autor prossegue referindo
que uma teoria é uma construção intelectual através da qual seleccionamos factos e os
interpretamos. O desafio é conciliar a teoria com os factos de forma a permitir uma explicação
e uma previsão. E isto apenas pode ser alcançado distinguindo entre teoria e factos. Só se esta
distinção for realizada, será possível utilizar a teoria para examinar e interpretar factos. Antes
de analisar com maior detalhe a concepção teórica na perspectiva das relações internacionais
(onde se destacam duas grandes correntes: o realismo, assente numa lógica de poder; e o
liberalismo, assente numa lógica individual).
12
1.6. A Diplomacia enquanto Instrumento para Atracção do Investimento Estrangeiro
No mundo contemporâneo, a Diplomacia é uma das mais eficazes vias de realização dos
interesses nacionais. Implica esforços diplomáticos concentrados no interesse económico do
país a nível internacional.
2
Segundo a OCDE, (apud Abrantes, 2016, p. 26), o Investimento Directo Estrangeiro é, “o movimento de capitais
internacionais realizados, destinados a explorar recursos naturais, criar ou manter filiais no estrangeiro e/ou exercer
o seu controlo, através da sua aquisição ou de partes, para influenciar significativamente a sua gestão, ou para
proceder a fusões além-fronteiras”.
13
índices: Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB) (Figueiredo et al., 2008,
p. 58).
Pôde-se perceber com essas abordagens, que o crescimento dos sectores da economia
nacional reflete a capacidade de crescimento de mercado interno e com isso os investidores
estrangeiros têm mais interesse em entrar na economia do país. Portanto, o IDE é um factor
gerador de crescimento económico, a partir do progresso tecnológico e da acumulação de
capital, o que aumenta a produtividade das empresas e, consequentemente, o seu crescimento.
No entanto, nem sempre o investimento estrangeiro é visto como um vector de crescimento.
Isso que Since (1995), defendeu que o investimento estrangeiro tem o potencial de gerar
emprego, aumentar a produtividade, transferir conhecimentos especializados e tecnologia,
aumentar as exportações e contribuir para o desenvolvimento económico a longo prazo dos
países em desenvolvimento de todo o mundo. Contudo, o investimento estrangeiro é a fonte
mais importante de financiamento externo para os países em desenvolvimento.
14
CAPÍTULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A DIPLOMACIA
ANGOLANA
Angola está situada na margem Sul do continente africano, ocupando uma extensão
territorial de 1.246.700 km2. Segundo Pedro (2018), faz fronteira a Norte e a Nordeste com a
República Democrática do Congo, a Sul com a República da Namíbia, a Leste com a República
da Zâmbia, e a Oeste com o Oceano Atlântico. No entanto, a República de Angola ocupa uma
posição geográfica, estando localizada na zona subequatorial e tropical do hemisfério sul e
ocupando uma parte sudoeste do continente Africano, localizado entre os paralelos 4º 22 de
latitude sul, o que determina uma amplitude latitudinal de 13º 40 e entre os meridianos de 11º
41 longitudes este a ocidente e de 24º 04 longitudes este a oriente, com uma amplitude
longitudinal de 12º 23.
Vilar (2009, p. 14), a República de Angola pode ser dividida em seis áreas
geomorfológicas:
Áreas costeiras;
Velho Planalto;
Bacia do Zaire;
Bacia do Zambeze;
15
Bacia do Cubango.
Cerca de 65% do território está situada a uma altitude entre 1000 e 1600 metro, mas é
na região central, na província do Huambo, que se encontra o ponto mais alto: o Monte Moco
(2620 metros).
Uma faixa costeira árida, que vai desde a namíbia até Luanda;
Quanto aos recursos, Xiaquivuila (2021), defende que Angola é um país potencialmente
rico em recursos minerais. Estima-se que o seu sub-solo albergue 35 dos 45
mais importantes do comércio mundial entre os quais se destacam o petróleo, gás natural,
diamantes, fosfatos, substâncias betuminosas, ferro, cobre, magnésio, ouro e rochas
ornamentais, e outros.
16
2.2. Fundamentos Estruturantes da Política Externa de Angola
Segundo Izata (2016)3, a Política Externa de Angola tem os seus princípios estruturantes
plasmados nalguns instrumentos fundamentais. Estes instrumentos são o texto manuscrito da
proclamação da Independência que foi proferida pelo presidente António Agostinho Neto, as 0
horas do dia 11 de Novembro de 1975, quando este proclamou perante África e o mundo a
independência da República Popular de Angola e os fundamentos da política externa angolana,
encontram-se consagrados nos 10 últimos parágrafos daquela declaração de independência.
3
IZATA, Sebastião. Aula Magna Proferida no Intituto Judiciário de Angola. Luanda, 2016
17
outros instrumentos internacionais; nomear e exonerar os embaixadores; designar os enviados
extraordinários e acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros (artigo 121.º da CRA,
2010).
Outros diplomas legais baseados nesta constituição, foram sendo aprovados ao longo
dos anos sequentes. Importa referir que os fundamentos da PEA mantêm-se inalteráveis apesar
do contexto actual.
Van-Dunem (2019, p. 260), defende que “a PEA, logo após do 11 de Novembro de 1975
com o alcance da independência do país, que veio a coincidir com o quadro da Guerra Fria e
que nesta conformidade Angola foi o palco da geoestratégia da chamada Guerra Fria”. O
processo de independência de Angola começou sem um consenso organizacional entre os
movimentos de libertação FNLA, MPLA e UNITA que foram sedimentando as suas alianças e
parcerias no continente e no mundo as linhas da PEA estiveram direccionadas em eliminar a
ameaça sul africana, nesta altura responsável pela ocupação ilegal da Namíbia, pela difusão de
uma política expansionista passando assim a ocupar parte da região sul de Angola a convite da
UNITA, como parte da política e da estratégia dos alinhamentos e da guerra indirecta que
caracterizou a guerra fria.
O mesmo autor considera que a PEA esteve ligada a acção individual dos movimentos
de libertação nacional, dado que por um lado assistia-se que a UNITA mantinha sua rede de
contactos com países que se encontravam alinhados com os propósitos por si defendidos, e o
mesmo se pode dizer da FNLA, tudo isso desde a luta contra a ocupação colonial mesmo até ao
período das guerras pós-independência com realce da guerra do Cuito Cuanavale. No entanto,
as bases daquilo que hoje constitui a PEA, foram semeadas pelo MPLA que desde cedo teve
uma diplomacia bastante proactiva e todas as acções que culminaram com o início da luta
armada no interior do território foram projectadas a partir de fora.
Por outro lado, refere Carreira (2012, p. 110), os princípios de uma política externa de
Angola, como hoje conhecemos foram definidos em sede da terceira plenária do comité central
do MPLA realizada em Luanda de 23 a 29 de 1976 cujas ideias são apresentadas nos seguintes
trechos):
Para Guedes (2011, p. 27), “os princípios que sempre nortearam a Política Externa
Angolana e as bases da sua projecção não fogem a linha doutrinaria e a pratica político-
diplomática. Ao contrário de muitos Estados africanos para os quais o ≪universo exterior dos
negócios estrangeiros≫, se resumia ao conjunto formado pelo excolonizador, as duas
superpotências, os congêneres continentais e os seus vizinhos, Angola desde sua independência
política de Portugal em 1975, sempre entreteve relações intensas com vários grupos de
Estados”.
19
externamente o país estava mergulhado num contexto de Guerra Fria, o governo procurou como
prioridades da PE, a salvaguarda da integridade territorial contra as ameaças externas
identificadas, pondo em causa a salvaguarda da independência nacional.
Segundo Carreira (2012, p. 110), “a diplomacia angolana nos anos a que se seguia a
independência, procurou responder aos desafios da nação dentre os quais se prendia em
desdobramentos externos visando a assegurar a soberania do país, bem como encontrar meios
como alianças regionais e não só, que viessem a conter a invasão sul africana”. Com o fim da
Batalha do Cuito Cuanavale a 23 de Março de 1988, Angola definia assim um novo rumo na
sua diplomacia, voltada pela diversificação de parcerias, e de uma abertura à globalização uma
realidade reconhecida pelo presidente José Eduardo dos Santos nos seguintes termos «temos
que ajustar a nossa diplomacia para o mundo actual, em que predominam o diálogo, a
coexistência pacífica e aproximação entre os povos de diferentes ideologias. Pretendemos em
primeiro lugar; uma maior inserção no contexto africano e, em especial, na região Austral».
20
2.3.1. Âmbito Bilateral
É importante ressaltar que Angola desde cedo privilegiou relações com os países
limítrofes, nomeadamente: RDC, Congo, África do Sul, Namíbia, Zâmbia, Botsuana e outros.
Privilegiando igualem-te países de outras partes do continente africano que haviam se
solidarizado com a luta de libertação nacional. Ao nível internacional procurou estabelecer
relações com vários países. Nomeadamente: China, Brasil, Rússia, Portugal, Espanha, Japão,
Corea do Sul, Alemanha, UE, Santa Sé Estados Unidos e Turquia, tendo em conta os seus
abjectivos, alguns países foram estabelecidas parcerias estratégicas.
4
DOMINGOS, Francisco Sachitota. Explicações sobre a diplomacia de Angola. Luanda 2022.
21
debatida e publicada em 2009, onde de forma clara Angola
manifesta que pretende tornar-se como um Estado respeitado,
aproveitando os nichos do mercado internacional para fortalecer
a economia nacional”.
Nestas regiões de África, Angola pretende ser um Estado respeitado pelos seus vizinhos
e parceiros e com influência e responsabilidades na manutenção da paz e segurança da região,
participando de forma activa nos processos de resolução de conflitos na região, o país usa a sua
experiência do conflito civil terminado em 2002, e dos meios a que o governo do presidente
José Eduardo dos Santos lançou mão para pôr fim ao conflito entre a UNITA e as forças do
governo , abrindo assim possibilidades de diálogo entre irmão durante longos anos. Desde o
ano de 2002 a diplomacia de Angola tem procurado capitalizar o prestígio do país, passar uma
imagem positiva no exterior através da intervenção na Guiné Bissau visando a auxiliar o
governo Bissau guineense logo após ao golpe de Estado (BEMBE, 2016, p. 33).
Quanto as relações diplomáticas entre Angola e China, vale referir que essas duas
repúblicas, estabeleceram as suas relações desde a pré-independência de Angola, e actualmente
são baseadas em uma relação comercial emergente. Assim, desde 2011, os angolanos são o
segundo maior parceiro comercial dos chineses em África. Logo, as duas repúblicas cooperam
na área do comercio, construção de infraestruturas, indústria, agricultura, pescas, recursos
humanos e naturais”.
22
Vale ainda dizer, que Angola tem sido um dos principais parceiros estratégicos da China
em África. Angola dependeu do investimento chinês, para a sua reconstrução, na qual viu-se
serem erguidas centralidades, portos, pontes e aeroportos no país, bem como o empréstimo de
dinheiro sem burocracias importas, e ainda a cooperação tecno-militar, nos sectores de
segurança e defesa e outros.
Ainda para Alves (2013, p. 201), o presidente angolano visitou o Japão em Janeiro de
2001, com o objectivo de estreitar relações de cooperação económica e de intercâmbio
comercial. Angola assinou com o Japão, nove anos depois, no mês de Agosto, vários acordos
de cooperação nos sectores do comércio e investimento (público e privado). O primeiro projecto
integrado no empréstimo em ienes esteve avaliado em 50 milhões de dólares; no segundo e
noutro empréstimo a seguir, o custo do projecto aproximou-se dos 100 milhões de dólares.
No contexto actual, dizer que as relações entre Angola e Japão, pautam-se pela
cooperação tecnológica, a assinatura das trocas de notas relativamente ao pagamento da dívida
angolana ao Japão, assim como o Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos e o Acordo
de Isenção de Vistos para Passaporte Diplomáticos e Oficiais.
Portugal governou Angola por mais de 400 anos, colonizando o território entre 1483 até
a independência em 1975. É considerado dizer que as relações diplomáticas entre Angola e
Portugal são excelentes, destacando que a relação bilateral se tem desenvolvido na base de um
amplo contexto histórico, cultural, político, econômico e comercial.
Nos últimos anos as relações entre os dois países têm se fortificando cada vez mais fruto
das últimas cooperações nas áreas de ciências da educação ligada ao mestrado em metodologias
especificas de ensino nos institutos superiores. Recentemente foi assinado o protocolo de
cooperação no domínio da construção e obras públicas, e protocolo de cooperação e a prova o
plano de Acção para 2019- 2021 que define os termos do plano de acção para o sector.
23
Angola e os EUA, são dois Estados cuja as relações foram intensificando no período
pois Guerra Civil, daí os objectivos da sua política externa para Angola, tem sido de promover
e fortalecer as instituições democráticas, a prosperidade económica, melhorar a saúde,
consolidar a paz e a segurança. Os EUA possuem um grande interesse geoestratégico em
Angola, sobretudo no que tange ao ramo mineral (diamante e petróleo), fruto disso é que se vê
em território angola um vasto leque de empresas do ramo a operar no nosso país.
As relações entre Angola e África do Sul foram estabelecidas em 1998. Os dois países,
cooperam em vários domínios de interesses comuns, e nos últimos anos, verificou-se um
intenso fluxo nas suas relações, com destaca para o sector económico, com a assinatura de
vários acordos ligados aos seguintes sectores: comércio, mineração, transporte, bens e serviços.
Angola e a Rússia são dois países, cuja as suas relações diplomáticas foram
estabelecidas, desde 1975, com a retiradas dos portugueses no território nacional, e o conflito
interno entre os Movimentos de Libertação, numa época que vigorava a Guerra Fria. Assim,
nesta conformidade, verifica-se nos últimos anos um crescimento massivo no sector da defesa
e segurança nacional, fruto das boas relações diplomáticas entre ambos.
No ano de 2019, viu-se o reforço das relações entre Angola e a Rússia, devido à
importância estratégica que Angola tem para a Rússia. Fruto da mesma, o presidente angolano
pediu maior investimento russo, deixando claro que há um espaço que não está a ser aproveitado
pela Rússia. Negociou-se a instalação de fábrica de armamento em Angola, investimento no
sector petrolífero e outros, como a construção do Angsat 1 e 2 que foi lançando no mês de
Outubro de 2022.
24
Angola e Brasil são duas repúblicas cuja as relações não são apenas comercias e
econômicas, mais também são históricas e culturais, visto que os dois países fizeram parte do
Império Colonial Português. Em 11 de Novembro 1975 Brasil foi o primeiro país a reconhecer
a independência de Angola, assim desde 2007 as relações entre as duas Repúblicas aumentaram
relativamente.
5
Concernente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, defende Alves (2013, p. 215), “em Junho de 2002,
Angola anunciou que iria apresentar a sua candidatura a membro não permanente do Conselho de Segurança das
Nações Unidas para o período de 2003 a 2004, o mandato de Angola no Conselho de Segurança durou 24 meses,
e a sua diplomacia deu atenção também às questões relacionadas com o Afeganistão, Médio Oriente, Iraque,
Chipre, Kosovo e Geórgia. A presidência angolana no Conselho de Segurança, foi adotada a Resolução 1516, que
condenou os atentados ocorridos em Istambul, na Turquia, a 15 e 20 de Novembro de 2003; foi criado o Comité
de Sanções que identificou individualidades e entidades iraquianas em maio de 2003, na altura da adopção da
Resolução 1483, que levantou interdições sobre o Iraque.
6
Segundo Silva (2006), a presença de diplomatas angolanos no Conselho de Segurança permitiu aperfeiçoar os
mecanismos de funcionamento diplomático do MIREX; lidar com a questão de massacres de civis por grupos
armados na RDC; trabalhar o dossier da Libéria, país que viveu uma das maiores crises durante o mandato de
Angola. Neste contexto, Angola defendeu o acompanhamento, pelo Conselho de Segurança, da mudança na
Libéria e a concentração de esforços na capacitação dos Liberianos para explorarem os seus recursos naturais. Os
diplomatas angolanos lidaram também com o conflito entre a Etiópia e a Eritreia, considerado o mais estagnante
e delicado durante o mandato de Angola no Conselho de Segurança.
25
Vale ainda enfatizar a diplomacia angolana levada a cabo pela CPLP, que de acordo
com Santos (2009, p. 70), na Cimeira, realizada na cidade da Praia, em Cabo Verde, em Julho
de 1998, a projecção da CPLP foi reforçada. Relativamente a Angola, o então presidente
português, Jorge Sampaio, manifestou inquietação quanto à guerra, exortando os Angolanos a
tomarem “o seu destino, permitindo a Angola ocupar o lugar de destaque que lhe cabe no
continente africano”. No que diz respeito à concertação político-diplomática, o apoio ao sector
da Defesa, passou a constar, desde 2002, na alínea b) do artigo 3.º dos Estatutos da CPLP,
embora a cooperação naquela área tenha sido iniciada, em 1998, por iniciativa portuguesa, o
que permitiu formar em Portugal pessoal da Marinha, do Exército, da Força Aérea. No ano de
2022, Angola foi eleita como presidente do grupo da CPLP na Turquia
Em 2021, de acordo com o Jornal Guardião (2021), houve o reforço da cooperação entre
ambos, no domínio da segurança marítima e a economia azul em Angola, com cerca de 200.000
euros, e acções que envolvem o Ministério da Defesa e a Universidade dos Açores, entre outros
parceiros. Na qual, as partes acordaram em realizar acções no âmbito do Projecto de
Capacitação Técnica no Domínio da Segurança Marítima.
26
CAPÍTULO III: OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA
PARA ATRACÇÃO DE INVESTIMENTO PRIVADO ESTRANGEIRO 2017-2021
7
A Diplomacia económica é um mecanismo preponderante de apoio às empresas e, consequentemente, à economia
de um país concretamente: no processo de internacionalização; na promoção de exportações; na atracção de
investimento; na divulgação de produtos e serviços nacionais; Influenciar as políticas económicas e sociais para
criar as melhores condições para o desenvolvimento económico e social, tomando em conta as necessidades e
aspirações dos outros interessados; trabalhar com as estruturas reguladoras internacionais cujas decisões afectam
o comércio internacional e as regulações financeiras (Gonçalves e Rocha, 2009).
27
Angola tendo em conta as necessidades económicas do país fruto da crise económica e
financeira que se instalou no país resultante de descida do preço do barril de petróleo nos
mercados internacionais. Resultante deste facto, que em 2017 após ter chegado ao poder que o
presidente João Manuel Gonçalves Lourenço elegeu a diplomacia económica como o novo
paradigma da diplomacia de Angola durante o seu consulado.
De acordo com o Jornal de Angola (2018), estas ideias foram reafirmadas na referida
reunião dos embaixadores nas seguintes palavras:
Pode-se com isso dizer que, a diplomacia económica apela cada vez mais para “menos
geopolítica e para mais economia”. Necessita-se, assim, de quadros e técnicos ligados à
actividade diplomática, sejam eles tutelados directamente pelo Ministério responsável pela
política externa, seja do Ministério da Economia ou do Comércio Externo. É que a construção
de relações económicas e comerciais tornou-se o centro da diplomacia.
29
Como refere Diogo (2018), de 2017 a 2018 o presidente efetuou cerca de 29 visitas de
Estado ao estrangeiro onde conseguiu captar investimentos e empréstimos de países como
França, alguns voltados para o sector agro-alimentar, um projecto que cuja concretização virá
a ser efectivado em Malanje. Ainda na Alemanha onde o país assinou acordos de investimento
com a Commerzbank no total de 500 milhões de dólares.
Neste mesmo ano, de acordo com o Jornal de Negócios (2018), o presidente João
Lourenço nas 29 deslocações realizadas até 2018, assegurou que a diplomacia económica
desenvolvida conseguia nesta altura, captar para o país cerca de 1,5 mil milhões de Euros de
empréstimos obtidos, sendo que deste valor inclui-se o empréstimo conseguidos da China, este
último visitado pelo chefe de Estado no quadro da habitual cimeira China-África. Durante o
período em questão o presidente no quadro da diplomacia económica realizou 17 viagens a
países africanos 7 a países Europeus incluindo Portugal, 2 vezes a Ásia e 2 vezes na América e
uma vez num país árabe.
30
contam-se também com várias intenções de investimentos, isso sem falar do programa de
financiamento solicitado pelo fundo monetário internacional FMI.
8
O ambiente de negócio diz respeito a um conjunto de medidas que passam por acções de educação e capacitação,
de simplificação e desburocratização dos procedimentos de abertura de empresas, e a oportunidade de se fazer
novos negócios. O ambiente de negócios é definido como o conjunto de factores externos que cercam e influenciam
as decisões da actividade empresarial num determinado país ou região, nomeadamente: clientes, governo,
competitividade e condições sociais, políticas e tecnologicas. A composição do ambiente de negócio é
extremamente burocrática e acaba por definir o ciclo das empresas, através de procedimentos de abertura ou
encerramento das mesmas, bem como da recolha da tributação. Fonte: Cfr. em:
http://lmfunesp.com.br/noticias/importância-de-um-bom-ambiente-de-negócios, aos 11 de Junho de 2018, as
23:00.
9
O Doing Business mede, analisa e compara as regulamentações aplicáveis às empresas e o seu cumprimento em
190 economias do mundo. Lançado em 2002, o projecto Doing Business procura examinar as pequenas e médias
empresas nacionais e analisa as regulamentações aplicadas a elas durante o seu ciclo de vida.
31
factores de competitividade em nenhum destes indicadores. Porém, de acordo com os relatórios
do governo, verifica-se que tem havido um esforço para a sua melhoria constante. Tem-se
verificado alguns indicadores de melhoria, nas grandes cidades, sobretudo nos critérios de
fornecimento de energia, com a construção de determinadas infra-estruturas que favoreçam a
produção e distribuição, a abertura de empresas, e o pagamento de imposto também são critérios
para os quais o país tem estado a olhar, visando a sua melhoria10.
Faria (2017, p. 14), por sua vez, apresentar o enquadramento macroeconómico do país,
tendo por base os factores socioeconómicos e políticos que influenciam em grande medida a
economia do país, através dos factores político-econômicos que estão associados à atracção de
Investimento Directo Estrangeiro. Na qual, o autor destaca:
a) Estabilidade política;
d) A evolução da economia,
e) Demografia.
Por último, Faria (2017, p. 15), diz que Angola continuará a procurar consolidar as
relações com os principais parceiros estratégicos e diversificar as possibilidades de
financiamento internacional. Como assevera:
“A economia angolana tem sido grandemente afetada pelo declínio mundial dos
preços do petróleo. Em resultado, o Executivo pretendeu em 2017 apresentar um novo
modelo de organização do sector dos petróleos, o qual visou otimizar o processo
produtivo por forma a reduzir os custos de produção”.
Nesta ordem de ideias, Eisner (2022, p. 22), afirma que a República de Angola é, “a
mais atractiva e intrinsecamente abençoada, nação no continente Africano. Geograficamente, o
país é duas vezes o tamanho do Estado do Texas, possui uma costa mais longa do que a costa
da Califórnia, tem diversas condições climatéricas que vão desde desertos a montanhas a
florestas tropicais, desfruta de recursos hídricos naturais invejáveis, dispõe de várias áreas de
10
Entretanto, o quadro não tem sido alterado com o devido dinamismo, permitindo aferir que a posição do país
vai continuar em baixa mediante o não cumprimento criterioso destes requisitos. As mudanças estruturais que se
têm verificado em Angola podem ser um bom indicador para alterar o ambiente de negócio, tendo em conta a visão
que os investidores externos vão tendo sobre o país, com maior abertura, mais liberdade, descentralização
administrativa e sobretudo a desburocratização dos procedimentos.
32
terra fértil e arável e tem enormes depósitos de recursos minerais incluindo, mas não só,
petróleo e diamantes”.
De acordo com APIEX (2018), o país beneficia ainda de vantagens que fundamentam a
promoção e a captação de investimento externo, designadamente, a integração em diferentes
organizações do sistema internacional, a consolidação das relações bilaterais com os principais
parceiros estratégicos internacionais, o clima de estabilidade e paz garantido desde 2002, a
amplitude e extensão geográfica do território angolano, a profusão em recursos naturais tais
como minerais e capacidade hídrica em todas as grandes regiões e, bem assim, as características
demográficas baseadas numa população maioritariamente jovem, que potência a densidade
populacional do país e a disponibilidade de Recursos Humanos. Demograficamente, a
República de Angola é também dotada de um perfil extremamente vantajoso tornando-a num
dos países mais estáveis no continente.
33
diplomáticos e não só informar à comunidade empresarial internacional sobre a alteração do
paradigma do país, caracterizado por mais abertura para os investidores, proporcionados pela
nova Lei do Investimento Privado, a Lei n.º 10/18, pelo combate contra a corrupção, maior
abertura para os meios de comunicação social.
Segundo Domingos (2019, p. 90), em Angola foi criada a primeira instituição dedicada
ao investimento estrangeiro, em 1989, era o Gabinete de Investimento Estrangeiro, tendo sido
substituído, em 1996, pelo Instituto do Investimento Estrangeiro, duas instituições cuja vocação
se centrava na captação de Investimento Estrangeiro Directo e Indirecto, de acordo com a
legislação vigente. Para dar maior suporte ao Instituto de Investimento Privado, o governo
decidiu extinguir o Instituto do Investimento Estrangeiro, criando, para o efeito, a Agência
Nacional para o Investimento Privado ANIP, tendo esta funcionado no período de 2003 a 2015,
ano em que foi extinta, tendo sido criada, a APIEX que apenas teve a duração de três anos, pois,
em 2018, foi substituída pela AIPEX (Agência de Investimento Privado e Promoção das
Exportações de Angola), que actualmente é a instituição vocacionada à captação do
Investimento Estrangeiro, é a AIPEX (Agência de Investimento Privado e Promoção das
Exportações de Angola)11.
De acordo com Domingos (2019, p. 90-94), a AIPEX12 surge num período crucial do
desenvolvimento da economia angolana, e tal como se afirmou neste trabalho, em secções
anteriores, o investimento privado constitui um objectivo a ser concretizado a curto, médio e
longo prazos. Portanto, a instituição deve criar sinergias, no sentido de junto aos principais
centros de negócios poder atrair investidores, cada vez mais. A celebração de protocolos com
11
A AIPEX, foi criada ao abrigo do Decreto Presidencial n. º 81/18, de 19 de Março de 2018, a AIPEX, tutelada
pelo Ministério da Economia e do Planeamento, faz parte de um conjunto de medidas do Governo angolano, no
sentido de acelerar e facilitar a realização de investimentos privados no País, assim como promover as exportações
e os negócios internacionais de parcerias empresariais capazes de aumentar a competitividade da economia
nacional, através de um quadro institucional dinâmico e adequado. A AIPEX resultou da extinção da UTIP
Unidade Técnica para o Investimento Privado; das Unidades Técnicas de Apoio ao Investimento Privado (UTAIP)
e da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações de Angola (APIEX). Foi criada com base legal no
Decreto Presidencial n. º 81/18, de 19 de Março. A fusão surge numa altura em que foi aprovada pelo Parlamento
a nova Lei do Investimento Privado, apresentada pelo Governo, e que vem trazer algumas alterações ao
investimento privado em Angola.
12
A mesma tem as seguintes atribuições: promover e captar investimentos; privados quer sejam nacionais ou
internacionais; assegurar a recepção e acompanhamento das propostas de investimentos privados a realizar em
Angola; promover a captação do investimento directo estrangeiro para os sectores estratégicos da economia de
Angola; promover o incremento e diversificação das exportações de produtos.
34
as câmaras de comércio de Angola com alguns países com investimentos relevantes em Angola,
com os organismos externos do MIREX, da Hotelaria e Turismo, Indústria, Agricultura etc., ou
seja, com todos os organismos internos e externos que concorrem para a atracção do IDE.
Convém aqui ressaltar que, de 2017 ao actual momento, Angola tem tido um
imenso potencial económico em virtude da grande variedade de recursos que possui. A par de
um conjunto de medidas orientadas para a estabilidade macroeconómica e sustentabilidade das
finanças públicas e para a criação de infra-estruturas transversais adequadas ao
desenvolvimento de uma estrutura produtiva diversificada, o programa do governo propõe o
reforço da diversificação da produção nacional, em bases competitivas, criando
assim oportunidades de negócio nos seguintes sectores:
Indústria extractiva;
Indústria transformadora;
Transportes;
Hotelaria e Turismo;
Educação;
Saúde.
Dizer que, actualmento o Investimento privado é regulado pela Lei n.º 10/18, de 26 de
Junho13, que vem fixar os benefícios e as facilidades que o Estado Angolano concede aos
investidores privados e os critérios de acesso aos mesmos, bem como estabelece os direitos, os
deveres e as garantias dos investidores. A actual Lei do Investimento Privado, é aplicável a
investimentos privados de qualquer valor, quer sejam realizados por investidores internos ou
13
Para efeitos da Lei do Investimento Privado, é considerado Investimento Externo a realização de projectos de
investimento por via da utilização de capitais titulados por não residentes cambiais, podendo estes, para além de
meios monetários, adoptar igualmente, a forma de tecnologia e conhecimento ou de bens de equipamento e outros.
35
externos. Ou seja, a Lei do Investimento Privado vigente deixa de impor ao investidor um valor
mínimo como sendo valor do investimento. Note-se igualmente que deixam de existir sectores
de actividade em que se exige a participação mínima de sócios angolanos, podendo o Investidor
Externo ser titular da totalidade das participações sociais de sociedades a constituir (excepto
sectores específicos). Existem, entretanto, alguns sectores específicos (petróleos, banca,
seguros) aos quais a presente Lei não é aplicada.14
14
Disponível em: https://www.fbladvogados.com/investimento-em-angola/Investimento-Privado/133/. Acesso
em: 10 de Outubro de 2022.
15
Disponível em: https://www.fbladvogados.com/investimento-em-angola/Investimento-Privado/133/. Acesso
em: 10 de Outubro de 2022.
36
As Zonas de desenvolvimento actuais são:
Zona D: Cabinda.
Assim, Melo (2021), considera que Angola tem registado melhorias na criação de um
quadro de investimento mais atractivo para os investidores externos. Para o efeito têm sido
executadas reformas ao nível fiscal, cambial e do investimento privado. É também um desafio
continuar a implementar reformas ao nível das leis cambiais e tributárias de forma a permitir
uma maior clarificação das mesmas, desburocratização de processos e estabilização futura
destes normativos.
Ainda assim, entre Agosto de 2018 e Maio de 2020, foram registadas 276 propostas de
investimento junto da AIPEX, que tem como missão, entre outras a captação de investimento
privado. Estas propostas totalizavam cerca de 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,5 mil milhões
de euros) e um potencial para a criação de 19 mil novos empregos, representando um esforço
de mudança que só a pandemia veio condicionar.
Nos últimos cinco anos foram criadas condições para que o País iniciasse um processo
de reformas, e Angola está agora progressivamente percorrendo o caminho do
desenvolvimento, ainda que de forma não muito peculiar, mas talvez mesmo por isso,
garantindo uma ampla gama de oportunidades de negócios que a torna extremamente
37
interessante comparando com outras realidades do continente africano. Porém, apesar do
progressivo melhoramento, o ambiente económico de Angola, ainda apresenta relevantes
aspectos críticos, por causa dos enormes problemas estruturais e da profunda desaceleração do
tecido social, causado pela guerra civil, com a destruição de empresas e infra-estruturas,
obrigando milhares de pessoas a viver numa situação de urbanização caótica, com a drástica
redução de actividades agrícolas e manufatureiro.
a) Agricultura,
b) Turismo,
c) Construção civil
Para a AIPEX (2020, p. 8), “os desafios da Diplomacia Económica Angola para a
Atracção de IDE, passam por manter a estabilidade, demonstrar a novidade, apoiar a tolerância,
ser visto como um bom local para fazer negócios, para viver ou estudar e passar tempo”.
38
3.5. As Políticas Elaboradas Pelo Estado Angolano no sentido de atrair o IDE
De acordo com Santos (2022), o executivo fez reformas em dez domiń ios da economia
até Abril de 2022 para melhorar o ambiente de negócios, atrair investidores estrangeiros ao país
e ter um melhor posicionamento no ranking “Doing Business”, do Banco Mundial17. Segundo
Santos (2022),o Executivo pretendeu melhorar, até Abril do ano em curso, o funcionamento da
sala especializada em contratos comerciais, propriedade intelectual e industrial, bem como dos
tribunais, com a disponibilizaçaõ de meios modernos de trabalho.
Outro aspecto que merece bastante atenção, é a criação da AIPEX, em 201818, pelo
decreto presidencial nº 81/18, de 19 de Março de 2018, visando a atrair o investimento privado
para Angola, resultado da junção da ex-UTIP e ex-APIEX. 19 A actual lei de investimento
16
, revogando a Lei n. º 20/11, de 20 de Maio. A nova lei do Investimento Privado introduz um conjunto
significativo de alterações, designadamente, a eliminação da obrigatoriedade de investimento de USD 1 milhão
para investidores estrangeiros que não pretendam beneficiar de incentivos fiscais e sem direito a repatriar lucros,
ficando estes regidos pelas disposições gerais aplicáveis à atividade comercial e às empresas.
17
Na qual, o Instituto Nacional de Segurança Social e o Ministério da Indústria e Comércio irão juntar-se a esta
plataforma digital, simplificando ainda mais o processo de constituição de empresa. O processo de obtenção do
Registo de Propriedade também mereceu muitas críticas, e por esta razão o Ministério das Obras Públicas e
Ordenamento do Território está a trabalhar para melhorar os procedimentos previstos na Lei de Terra e na
legislação inferior, visando facilitar o acesso à terra.
18
A mesma tem as seguintes atribuições: promover e captar investimentos; privados quer sejam nacionais ou
internacionais; assegurar a recepção e acompanhamento das propostas de investimentos privados a realizar em
Angola; promover a captação do investimento directo estrangeiro para os sectores estratégicos da economia de
Angola; promover o incremento e diversificação das exportações de produtos.
19
A actual lei de investimento privado aprovada em 2018, pelo Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de Março de
2018, trouxe muitas inovações sobre tudo quando comparada com a anterior lei Lei n.º 20/11, de 2011, que
apresentava como obrigatoriedade para se investir no país, parcerias entre o investidor externo e um investidor
nacional sobre tudo quando este investimento fosse direccionado para sectores considerados estratégicos para
economia nacional, a actual lei de investimento neste aspecto superou este requisito que a dado momento pudesse
a vir constituir num verdadeiro obstáculo ao investimento em Angola. A mesma lei apresenta inúmeros incentivos
aos investidores privados, incentivos tanto aduaneiros e fiscais. A mesma protege o repatriamento dos lucros
obtidos pelo investidor após o exercício da actividade produtiva, bem como também protege os interesses do
Estado angolano, a lei estabelece que nem todas as operações financeiras executadas por não residentes cambias
com destino ao território nacional, pode ser considerada investimento estrangeiro, como são os casos das simples
aquisições de acções, sejam em compras de patentes etc (Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de Março de 2018).
39
privado, trouxe muitas inovações, com inúmeros incentivos aos investidores privados,
incentivos tanto aduaneiros e fiscais20.
A par do PRODESI outros programas e acções que visam atrair IPE foram lancados
pelo governo com destaque para o Programa de Privatização (PROPRIV) e o Programa de
Reconversão da Economia Informal (PREI).
Segundo Melo (2021), a aplicabilidade deste programa foi reforçada com um aviso do
Banco Nacional de Angola (BNA), o qual estabelece regras para a concessão de créditos a
investimentos que visam a produção de produtos essenciais, como arroz, artigos de higiene,
pecuária, bebidas, cimento, embalagens, leite, varão de aço e vidro. Neste âmbito, foi
estabelecido pelo BNA que o custo total do crédito a conceder, incluindo juro e comissões, não
pode ser superior a 7,5% ao ano.
A Lei nº 10/21 de 22 de Abril de 2021, lei que altera a Lei nº 10/18 de 26 de Junho de
2018;
20
A mesma protege o repatriamento dos lucros obtidos pelo investidor após o exercício da actividade produtiva,
bem como também protege os interesses do Estado angolano, a lei estabelece que nem todas as operações
financeiras executadas por não residentes cambias com destino ao território nacional, pode ser considerada
investimento estrangeiro, como são os casos das simples aquisições de acções, sejam em compras de patentes etc
(Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de Março de 2018).
40
Lei nº 34/11 de 12 de Dezembro, Lei sobre o combate ao Branqueamento de Capitais e
Financiamento ao Terrorismo, de 26 de Julho de 2018;
Lei nº 19/17, que altera a Lei nº 34/11, de 25 de Agosto – Lei sobre a Prevenção e o
Combate ao Terrorismo.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi ainda criado um Regime Especial, aplicado aos investimentos privados realizados
nos sectores de actividade prioritários e nas zonas de desenvolvimento. Das quais: Educação,
formação técnico-profissional, ensino superior, investigação científica e inovação; Agricultura,
alimentação e agro-indústria; Unidades e serviços especializados de saúde; Reflorestamento,
transformação industrial de recursos florestais e silvícolas; Têxteis, vestuário e calçado;
Hotelaria, turismo e lazer; Construção, obras públicas, telecomunicações e tecnologias de
informação, infra-estruturas aeroportuárias e ferroviárias; Produção e distribuição de energia
eléctrica; Saneamento básico, recolha e tratamento de resíduos sólidos.
42
Essas zonas de desenvolvimento actuais, são: Zona A; Zona B; Zona C; e Zona D.
Portanto, apesar dos desafios que a Diplomacia Económica Angola apresenta, que passam,
passam por “manter a estabilidade, demonstrar a novidade, apoiar a tolerância, ser visto como
um bom local para fazer negócios, para viver ou estudar e passar tempo”. Angola tem
demonstrado um crescimento económico bastante atractivo, constituindo-se actualmente como
o polo de maior concentração e atracção de investimento no continente africano. Atentas as
potencialidades económicas e as possibilidades de investimento que o mercado angolano
oferece em vários sectores de actividade.
43
SUGESTÕES
1) Ao Estado, que continue a envidar esforços no sentido de cada vez mais tornar o
ambiente de negócios mais atractivo em Angola.
44
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