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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE ANGOLA

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE


RELAÇÕES INTERNACONAIS E PSICOLOGIA

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA


PARA ATRACÇÃO DE INVESTIMENTO PRIVADO
ESTRANGEIRO 2017-2021

Autora: Naulila Baptista Octávio

Nº: 032869

Orientador: Professor Mestre Francisco Sachitota Domingos

LUANDA, 2022
OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA PARA
ATRACÇÃO DE INVESTIMENTO PRIVADO ESTRANGEIRO 2017-
2021

NAULILA BAPTISTA OCTÁVIO

Trabalho de Fim do Curso, apresentado ao


Departamento de Ensino e Investigação de
Relações Internacionais e Psicologia, da
Universidade Técnica de Angola, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Licenciatura em Relações Internacionais,
orientado pelo Professor Francisco Sachitota
Domingos.

LUANDA, 2022
DECLARAÇÃO DE AUTORIA

Declaro que este Trabalho de Fim de Curso é o resultado da minha investigação pessoal
e independente, o seu conteúdo e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas
no texto e nas notas de rodapé, e nas referências bibliográficas.

A Candidata

___________________________________________________

Declaro que tanto me foi possível verificar este trabalho de fim de curso, é resultado da
investigação pessoal e independente da candidata.

O Professor Orientador

___________________________________________________

II
FOLHA DE APROVAÇÃO

OCTÁVIO, Naulila Baptista.

TÍTULO: OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA, PARA


ATRACCAO DE INVESTIMENTO PRIVADO ESTRANGEIRO 2017-2021

Este Trabalho de Fim do Curso, foi julgado, adequado e aprovado na sua versão final pela
direcção da Universidade Técnica de Angola no dia___/___/2022.

Foi apresentado e defendido perante o júri composto pelos professores

Presidente

___________________________________________________

1º Vogal

___________________________________________________

2º Vogal

__________________________________________________

Secretário (a)

_________________________________________________

III
DEDICATÓRIA

Aos meus queridos pais

“Augusto Octávio Neto e Maria Bernardete Bartolomeu


Baptista”.

IV
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado saúde e força para superar a dificuldades vividas ao
longo da minha caminhada estudantil e por ter me dado o privilégio de todos os dias acordar na
sua graça. Aos meus pais, Augusto Octávio Neto e Maria Baptista, pela dedicação, apoio e força
que me têm dado diariamente, por terem feito todo esforço para custear os meus estudos. O
meu muito obrigada vocês são a razão da minha existência, Serei eternamente grata por tudo
que fizeram por mim.

Aos meus irmãos Nilton Octávio, Nuno Octávio, Nelson Octávio e Norberto Octávio
gratidão profunda, aos meus parentes Avós, tios e primos pelas palavras de consolo e
motivação.

Ao Hélder Paulo palavras são insuficientes para expressar a minha gratidão pós tens
sido um suporte multivacional desde que te conheci.

Aos meus amigos e amigas Ana João, Ana Américo, Francisca Raúl Maria Anselmo,
Marcelina Mateus, Neusa Joaquim, e Nidia Dala, Will Mujinga e Edmundo Carlos pelo apoio
incondicional . Aos colegas que conheci ao longo do percurso académico Albertina, Augusta,
Teresa, Mário e Walter muito obrigada por estarem sempre disponíveis em ajudar-me, aos
professores, em especial o professor Mestre Francisco Sachitota pela ajuda dada na feitura
deste trabalho.

Que Deus cuida, proteja e abençoou à todos vocês.

V
EPÍGRAFE

“A qualidade da Diplomacia, é proventura um dos mais


importantes factores de poder, uma vez que procurará
combinar os restantes factores na tentativa de criar um
todo homogénio que será direccionado e utilizado de
acordo com o interesse nacional do Estado.”

VI
RESUMO

O presente estudo, versa sobre “Os Desafios da Diplomacia Económica de Angola para a
Atração de Investimento Privado Estrangeiro 2017-2021”. Este é um tema pertinente na esfera
política que tem levado o Estado, através das suas representações diplomáticas em certas acções
conduzidas neste período. Por outro lado, a relevância do tema, prende-se com o facto dos
adâmicos abordarem com alguma profundidade a respeito desta temática. Para tal, levantou-se
a seguinte pergunta: Que desafios a diplomacia económica de Angola enfrentou para atracção
de Investimento Privado Estrangeiro no período em estudo? Como objectivo geral, o mesmo
procurou: Analisar os desafios que a diplomacia económica de Angola enfrentou para atracção
de investimento privado estrangeiro. Os desafios da diplomacia económica angolana, está
extremamente ligada à procura de novos investimentos, obtenção de recursos financeiros e
técnicos para reconstruir o país e para viabilizar a exploração de recursos naturais, sendo que
actualmente é impensável que os interesses económicos de um Estado possam ser melhor
defendidos sem uma actuação constante e activa das suas estruturas governamentais. Contudo,
conclui-se que no período em estudo, o país enfrentou vários desafios para a actração do IPE,
sendo que por via da diplomacia económica alguns investidores estrangeiros puderam aportar
no nosso país.

Palavras-chaves: 1) Angola; 2) Diplomacia Económica; 3) Estrangeiro; 4) Investimento.

VII
ABSTRACT

The present study deals with “The Challenges of Economic Diplomacy in Angola for the
Attracting Foreign Private Investment 2017-2021”. This is a relevant topic in the sphere policy
that has led the State, through its diplomatic representations in certain conducted in this period.
On the other hand, the relevance of the theme is related to the fact that the adamics to approach
in some depth about this theme. To that end, he got up the following question: What challenges
did Angola's economic diplomacy face to attract of Foreign Private Investment in the period
under study? As a general objective, the same sought to: Analyze the challenges that Angola's
economic diplomacy faced to attract of foreign private investment. The challenges of Angolan
economic diplomacy are extremely linked to the search for new investments, obtaining financial
resources and technicians to rebuild the country and to enable the exploitation of natural
resources, it is currently unthinkable that the economic interests of a State can be better
defended without constant and active action by their governmental structures. However, it is
concluded that in the period under study, the country faced several challenges for the attraction
of the IPE, and through economic diplomacy some foreign investors were able to contribute in
our country.

Keywords: 1) Angola; 2) Diplomacia Economic; 3) Estranger; 4) Investment.

VIII
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

AGT: Agência Geral Tributária

APIEX: Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola)

ANIPA: Agência Nacional para o Investimento Privado

BNA: Banco Nacional de Angola

CIRGL: Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos

CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

CEEC: Comunidade Económica dos Estados da África Central

CRIP: Certificado de Registo de Investimento Privado

EUA: Estados Unidos da América

FNLA: Frentes Nacional de Libertação de Angola

FMI: Fundo Monetário Internacional

IDE: Investimento Directo Estrangeiro

MIREX: Ministério das Relações Exteriores

MPLA: Movimento Popular de Libertação de Angola

NLIP: Nova Lei do Investimento Privado

OUA: Organização da Unidade Africana

ONU: Organização das Nações Unidas

ORA: Organizações Regionais Africanas

PEA: Política Externa de Angola

PND: Plano Nacional de Desenvolvimento

PREI: Programa de Reconvenção da Economia Informal

PROPRIV: Programa de Privatização

RDC: República Democrática de Angola

RCA: República Centro Africana

IX
SADC: Comunidade de Desenvolvimento dos Estados da África Austral

SDN: Sociedade Das Nações

SME: Serviços de Migrações Estrangeiros

EU: União Europeia

UNITA: União Nacional para a Independência Total de Angola

UA: União Africana

X
SUMÁRIO

DECLARAÇÃO DE AUTORIA ........................................................................................ II

FOLHA DE APROVAÇÃO ............................................................................................... III

DEDICATÓRIA.................................................................................................................. IV

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ V

EPÍGRAFE .......................................................................................................................... VI

RESUMO ........................................................................................................................... VII

ABSTRACT ...................................................................................................................... VIII

LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS .............................................................................. IX

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEPTUAL SOBRE A


DIPLOMACIA ...................................................................................................................... 4

1.1. Origem histórica da diplomacia ............................................................................... 4

1.2. Conceptualização sobre a Diplomacia ..................................................................... 6

1.3. Funções da Actividade Diplomática ........................................................................ 7

1.3. A Diplomacia enquanto Instrumento da Política Externa dos Estados ................... 9

1.5. Teorias sobre a Cooperação Internacional ............................................................. 10

1.6. A Diplomacia enquanto Instrumento para Atracção do Investimento Estrangeiro13

CAPÍTULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A DIPLOMACIA


ANGOLANA ....................................................................................................................... 15

2.1. Caracterização Geográfica da República de Angola ............................................. 15

2.2. Fundamentos Estruturantes da Política Externa de Angola ................................... 17

2.2.1. Antecedentes históricos da PEA ......................................................................... 18

2.3. A Diplomacia como Instrumento da Política Externa ........................................... 20

2.3.1. Âmbito Bilateral ................................................................................................ 21

2.3.2. Âmbito Multilateral ............................................................................................ 21

XI
2.4. Principais Acções Diplomáticas de Angola ........................................................... 22

CAPÍTULO III: OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA


PARA ATRACÇÃO DE INVESTIMENTO PRIVADO ESTRANGEIRO 2017-2021 27

3.1. Contextualização sobre a Diplomacia Económica De Angolana .......................... 27

3.1.1. Características e Objectivos ................................................................................ 29

3.2. Caracterização do Ambiente de Negócios em Angola .......................................... 31

3.3. O Investimento Estrangeiro em Angola................................................................. 34

3.4. Os desafios da Diplomacia Económica Angola para a Atracção do IDE .............. 37

3.5. As Políticas Elaboradas Pelo Estado Angolano no sentido de atrair o IDE .......... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 42

SUGESTÕES ....................................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 45

XII
INTRODUÇÃO

O presente trabalho, aborda sobre “Os Desafios da Diplomacia Económica de Angola


para a Atração de Investimento Privado Estrangeiro 2017-2021”.

A Diplomacia é um dos instrumentos da política externa de extrema importância, e


utilizado pelos Estados visando ao alcance e satisfação das necessidades definidas pelos
governos. Constitui um meio facilitador na relação entre os Estados, com vista a satisfação dos
seus interesses interno. Hoje vivemos num mundo globalizado, com maior interação entre os
Estados, essa interação produz uma situação de conflito a cooperação entre os Estados, com
vista a tirarem maior proveito, visto que os objectivos dos Estados são transformados em
política externa que, por sua vez, é operacionalizada pela diplomacia.

Angola tornou-se uma república em 1975 com a proclamação da independência a 11 de


Novembro do mesmo ano, com a presidência de Antônio Agostinho Neto, sendo que este
acontecimento deveu-se em grande parte aos eventos militares e políticos que ocorreram um
ano antes em Portugal, aquando da Revolução de 15 de Abril de 1974. Assim, sendo a PEA tem
os seus princípios estruturantes nos textos manuscritos da proclamação da independência,
quando foi proclamada perante à África e ao mundo a independência da República Popular de
Angola

A diplomacia angolana persegue desde o fim do conflito a atracção do investimento


estrangeiro, como complemento de todo esforço interno de reconstrução da economia. Neste
plano económico, cujo resultado tem permitido projectar para o mundo uma imagem de um
país em crescimento. Angola tem feito da diplomacia uma plataforma para novas conquistas,
que tem permitido maior reforço na cooperação, principalmente na atracção do investimento
estrangeiro em Angola, com o recurso a diplomacia económica, a criação de instituições como
a AIPEX, e as Câmaras de Comércio.

Assim, a escolha do tema reveste-se de importância, quer do ponto de vista pessoal,


social e acadêmico, pós enquanto estudante de RI compreendo a necessidade de melhor
aprofundar sobre uma temática que tem ganhado bastante protagonismo ao nível do nosso país,
em função dos resultados que o investimento privado proporciona para a sociedade. Apesar de
ser uma temática consagrada ao nível da literatura nacional, existe poucos trabalhos feitos por
angolanos que abordam o referido tema, daí algumas dificuldades encontradas ao longo do
processo.

1
Este trabalho, resulta da seguinte pergunta de partida: Que desafios a diplomacia
económica de Angola enfrentou para atracção de Investimento Privado Estrangeiro no período
em estudo?

Do ponto de vista dos objectivos, de modo geral, objectiva-se o seguinte:

 Analisar os desafios que a diplomacia económica de Angola enfrentou para


atracção de investimento privado estrangeiro durante o período em estudo.

E de forma específica, pretende-se alcançar os seguintes objectivos:

 Fundamentar através da análise narrativa e bibliográfica os conceitos de


Diplomacia Económica e Investimento Privado Estrangeiro;

 Identificar os desafios que a diplomacia económica angolana enfrentou para


atracção de investimento privado estrangeiro;

 Apresentar as políticas elaboradas pelo Estado angolano no sentido de atrair


Investimento Privado Estrangeiro.

Concernente a metodologia, a pesquisa que aqui se apresenta é de natureza qualitativa.


O Método escolhido é o Hipotético-Dedutivo. Que em função da natureza do tema, procura-se
responder os desafios que a diplomacia económica de Angola enfrentou para atracção de
investimento privado estrangeiro no período em estudo.

Quanto ao Tipo de Pesquisa, utilizar-se a pesquisa Descritiva. Como técnica de


pesquisa, utilizou-se a técnica de observação indirecta. Utilizou-se está técnica com a finalidade
de obter informação para elaboração trabalho, em fontes secundárias (bibliográficas), como
Livros, Revistas, Trabalhos Académicos, Artigos Científicos, Jornais, Monografias,
Dissertações, e Sites da Internet.

Do ponto de vista estrutural, o trabalho encontra-se estruturado por três capítulos, além
de contar com elementos pré e pós textuais.

No capítulo I, apresenta-se os conceitos e evolução da diplomacia, seus instrumentos,


bem como apresentar a relação entre a diplomacia com a política externa.

No capítulo II, fez-se a contextualização histórica sobre a diplomacia angolana.


Começando pela caracterização geográfica sobre a República de Angola, identificando os
fundamentos estruturantes da política externa de Angola, e apresentar a diplomacia como
instrumento da política externa.

2
No terceiro e último capítulo, aborda-se sobre os desafios da diplomacia económica de
Angola para atracção de Investimento Privado Estrangeiro, no 2017 à 2021.

3
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEPTUAL SOBRE A
DIPLOMACIA

A diplomacia é das actividades estatais que mais tem sido alvo de transformações onde as
questões política, económicos e sociais têm destacando-se, permitindo que os Estados aliam à
diplomacia às várias vertentes. Pretende-se com este capítulo apresentar conceitos e evolução
da diplomacia, seus instrumentos, bem como apresentar a relação entre a diplomacia com a
política externa.

1.1. Origem histórica da diplomacia

Segundo Zeca (2013, p. 51), “a palavra diplomacia tem a sua origem etimologia no
grego diploma, matos, que significa objecto duplo, papel dobrado em dois, seguindo-se
posteriormente ao Latim, que era concebido papel dobrado, carta de recomendação, carta de
licença ou privilégio”, na mesma senda, seguiu-se para o Francês diplomatie (1790), ciência
dos diplomas ou relativo as relações políticas entre estados, e o mesmo aconteceu com o
português em 1836.

Segundo o autor acima mencionado, a essência da diplomacia decorre da necessidade


do estabelecimento de relações entre sociedades, devidamente organizadas inicialmente em
tribos visando, com este instrumento apaziguar eventuais hostilidades e outras disputas que
viriam a culminar em guerras. Assim, o estabelecimento de relações externas com grupos
vizinhos igualmente organizados visava promover o diálogo, sendo que, as causas destes
conflitos resultavam em disputas de partilha de rios e de fronteiras. Está dialéctica, de certa
forma, originou a aproximação dos homens, obrigando-os a ter contactos, que por sua vez,
resultaram em diplomacia.

Nesta senda, Mongiardim (2007, p. 51), defende que “em todas as civilizações da
antiguidade se recorreu ao uso de intermediários ou diplomatas nas relações entre povos
diferentes, só que em cada civilização os enviados eram designados por um nome diferente
sendo: nuntius, legatus, plesbeis, missus ou procurator”. Existem referências dispersas
antiguidade, relativamente ao uso de intermediários entre os povos orientais designadamente:
os Egípcios, Assírios, Babilónicos, Hebreus, Chineses e Hindus.

Quanto aos egípcios existem registos de documentos que comprovam a utilização de


troca de enviados da parte do faraó do Egipto e monarcas vizinhos, como são os casos dos
acordos concluídos entre Ramisés II e o rei Hititas, Hatursi III acordo concluído em Mefins e
Tebas. Se junta a este conjunto de acordos entre os babilónicos, assírios e hititas. Na China
4
antiga, o antigo Império do Meio possuía um cerimonial específico para os enviados externos,
não obstante que as relações externas eram pouco estimuladas há registos de existir regras de
protocolos entre o hindu elemento parte do pilar da civilização (Mongiardim, 2007, pp. 51-52).

Magalhães (2005, p. 12), diz que o início da conformação da diplomacia na forma como
a conhecemos hoje deu-se no século XV, na Itália dividida em Cidades-estados. O
fortalecimento político e económico desses pequenos Estados propiciou a busca pelo comércio
com outras nações. Para isso, viu-se necessário a utilização de agentes em missões diplomáticas
para conduzir as negociações e o diálogo com os demais países.

Por outra, o autor Moita (2006), defende que a Igreja Católica e as cidades comerciais
italianas, especialmente Veneza, foram os primeiros a utilizar as representações diplomáticas
com carácter permanente. As negociações que culminaram com a assinatura em 1648 do
Tratado de Westefália constituem não só um marco histórico a partir do qual a diplomacia
sofreu notável expansão, como também inauguraram um novo método diplomático, a chamada
diplomacia multilateral.

Nesta seda, o Tratado de Paz de Westafália (1648), é considerado como o primeiro


encontro que congregou vários países da Europa, o que em outras palavras diríamos que
experimentou-se o diálogo multilateral, com o objectivo principal de pôr fim à0 guerra dos 30
anos (1618-1648), que acontecia entre os Príncipes da liga Protestante Alemã e os Príncipes do
Império Romano Germânico e Austro-Húngaro, depois de ser assinado trouxe a liberdade
religiosa, retirou oficialmente o poder político que esteve sob o domínio da Igreja, na pessoa
do Papa, originando assim o equilibro político até à Revolução Francesa. As negociações que
culminaram com a assinatura em 1648 do Tratado de Westefália constituem não só um marco
histórico a partir do qual a diplomacia sofreu notável expansão, como também inauguraram um
novo método diplomático, a chamada diplomacia multilateral (CAPOCO, 2013 p. 53).

Assim, na época contemporânea a diplomacia é pautada pelo multilateralismo, devido


ao surgimento de várias organizações de carácter mundial e regional. Outro grande avanço para
a diplomacia foi a Convecção de Viena de 1961 a 1963, sobre as Relações Diplomáticas e
Consulares.

Para Magalhães (2005, p. 34), “a diplomacia Grega tinha um carácter muito diferente,
os seus primeiros diplomatas eram denominados “heraldos”, porém, a sua protecção nos locais
onde eram enviados, dependia dos deuses, nos quais podemos destacar Hermés que era o
mensageiro”. Porém, as constantes invasões dos Bárbaros ao Império Romano, segundo a
5
história, apontam-se como o principal motivo da sua queda, o que de certa forma também
contribuiu para o enfraquecimento da diplomacia, que na época seguinte esteve sobre a tutela
da Santa Sé.

De acordo com Capoco (2013 p. 54), “após o tratado de westefália, o outro facto
importante para a diplomacia foi o congresso de Viena de 1814 a 1815, na capital da Austríaca,
para regular a situação política europeia após a queda do império napoleônico. Foi no mesmo
congresso levou ao estabelecimento das primeiras normas convencionais sobre a hierarquia dos
agentes diplomáticos e as suas respectivas precedências”.

No que se refere a Era Contemporânea, segundo Magalhães (2005, p. 71), a “diplomacia


nesse período é caracterizada pelo multilateralismo, pôs é nela que surgem as maiores
organizações internacionais de vários tipos, como a S.D.N 1919, a primeira organização
universal permanente de carácter político”. Outro grande ganho da diplomacia contemporânea,
foi a Conferência das Nações Unidas sobre Relações e Imunidades Diplomáticas que teve lugar
de 2 de Março a 14 de Abril de 1961. Esta conferencia produziu a Convenção de Viena de 1961,
sobre as Relações Diplomáticas. Esta convenção foi completada pela a convenção de Viena
sobre as Relações Consulares de 24 de Abril de 1963.

1.2. Conceptualização sobre a Diplomacia

No que refere a análises conceptual sobre a Diplomacia, Silva (2017, p. 7), diz que a
mesma é vista como a “formulação de uma estratégia visando à concretização de interesses
nacionais no campo internacional, e bem assim a sua execução por diplomatas”. Para
Magalhães (2005), “a Diplomacia é um instrumento da Política Externa, para o estabelecimento
e desenvolvimento dos contactos pacíficos entre os governos de diferentes Estados, pelo
emprego de intermediários, mutuamente reconhecidos pelas respectivas partes”.

A Diplomacia, segundo Magalhães (1996), seria um instrumento pacífico da política


externa de um país, estando inserida no contexto dos contatos plurilaterais junto com a
negociação direta e a mediação. Para título de melhor compreensão, ele apresenta também os
instrumentos violentos de política externa como sendo a dissuasão, a ameaça, a guerra
econômica, a pressão militar e a guerra.

De acordo com Costa (2011), a Diplomacia é um dos instrumentos da política externa


de um determinado Estado, simbolizando a consciência geral de que existe uma sociedade
internacional, que media o interesse nacional através da identificação dos interesses
compartilhados pelas unidades políticas. É uma facilitadora da comunicação entre os líderes
6
políticos dos Estados, reunindo informações relevantes sobre os mesmos em uma actividade de
inteligência que é aceita e reconhecida como legítima no cenário internacional.

Por outra, Amaral (1997), afirma que a “diplomacia compreende todos os meios pelos
quais os Estados estabelecem ou mantém relações mútuas, comunicam uns com os outros ou
interagem política ou juridicamente, sempre através dos seus representantes autorizados”. Ao
passo que Morgenthou (2002, p. 49), afirma que “a diplomacia compreende a formação e
execução da política externa a todos os níveis, tendo como objectivo primário, a promoção dos
interesses nacionais por meios pacíficos”.

Assim sendo, a essência da diplomacia decorre da necessidade do estabelecimento de


relações entre sociedades, devidamente organizadas inicialmente em tribos visando, com este
instrumento apaziguar eventuais hostilidades e outras disputas que viriam a culminar em
guerras. O estabelecimento de relações externas com grupos vizinhos igualmente organizados
visava promover o diálogo, sendo que, as causas destes conflitos resultavam em disputas de
partilha de rios e de fronteiras.

1.3. Funções da Actividade Diplomática

Morgenthau (2003), defendeu que a diplomacia, tomada em seu sentido mais amplo,
que abarca todo o escopo da Política Externa, pode-se dizer que a sua função se apresenta por
meio de quatro facetas:

 A diplomacia precisa determinar os seus objectivos a luz do poder disponível,


tanto de facto como em potencial para a condução desses objectivos;

 Tem de ser capaz de avaliar os objectivos das outras nações perante os


respectivos recursos disponíveis, potenciais e efectivos;

 Ela precisa determinar até que ponto esses diferentes objectivos são compatíveis
entre si;

 Por fim a diplomacia tem de empregar os meios apropriados para a concretização


desses objectivos, sob pena de se comprometer o sucesso da política externa e,
com ela a paz do mundo.

Morgenthau (2003), considera, ainda, que “o fracasso de qualquer destas funções” pode
pôr em risco o “sucesso da política externa” e, em consequência, pode pôr em risco a própria
“paz mundial”, reconhecendo que” a diplomacia que acaba na guerra falhou o seu primeiro
objectivo”.
7
Para Zeca (2013, p. 131) a diplomacia possui cinco funções principais: “facilitar a
comunicação entre os líderes políticos e outras entidades que participam da política
internacional, negociar acordos, reunir informação dispersa a respeito dos Estados estrangeiros,
minimizar os feitos dos atritos das relações internacionais, e simbolizar a existência das
sociedades dos Estados”.

Com base as duas ideias anteriormente apresentadas, tem em base as mesmas


características quanto a função da diplomacia, sendo um meio de extensão dos objectivos dos
estados junto dos outros Estados e os demais actores do sistema internacional, de fomento a
cooperação e para evitar conflitos. Assim, a missão diplomática é a extensão do serviço público
de representação instalada no território de outro Estado, missão perante ou de representação
eventual junto de outros sujeitos de Direito Internacional, missão especial ou ad hoc.

Com base ao artigo 3º da Convenção de Viena de sobre as Relações Diplomáticas de


1961, estabelece como funções das Missões Diplomáticas consistem, nomeadamente em:

 Representar o Estado acreditante junto do Estado acreditador;

 Proteger no Estado acreditador os interesses do Estado acreditante e de seus


nacionais, dentro dos limites estabelecidos pelo direito internacional;

 Negociar com o Governo do Estado acreditador;

 Inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos
acontecimentos no Estado acreditador e informar a esse respeito o Governo do
Estado acreditante;

 Promover relações amistosas e desenvolver as relações económicas, culturais e


científicas entre o Estado acreditante e o Estado acreditador.

Essas cinco funções agora apresentadas representam, os objectivos primordiais dos


Estados na arena internacional, mesmo nas relações comercias entre particulares. A partir do
momento em que surgiram as embaixadas permanentes foi possível ver uma maior interacção
entre os Estados e ficou mais fácil pôr fim ou negociar certos conflitos, avaliar o impacto de
decisões erradas para a economia de cada Estados hoc (ZECA, 2013, p. 132).

8
1.3. A Diplomacia enquanto Instrumento da Política Externa dos Estados

De acordo com Delgado (2015, p. 9), “a diplomacia é de longe o instrumento


privilegiado da Política Externa1, embora não o único de relacionamento entre os Estados com
o mútuo objectivo de concretizarem os respectivos interesses nacionais, e para o seu
funcionamento a diplomacia dispõe de dois instrumentos organizativos”:

 Os serviços de assuntos externos, ou estrangeiros assediados nas capitais dos


países respectivos, ou seja, um departamento responsável pela formulação da política externa,
que constitui, pode dizer-se, o “cérebro” desta política, recebendo as informações de todo o
mundo, armazenando-as e analisando-as;

 Os representantes diplomáticos, enviados pelos serviços exteriores para as


capitais das nações estrangeiras. No fundo pode-se dizer que os representantes diplomáticos são
os olhos, os ouvidos e a boca do departamento nacional encarregado dos negócios estrangeiros.

Para este autor, constitui tarefa última de uma diplomacia inteligente, zelosa por
preservar a paz, escolher acertadamente os meios apropriados de perseguir os seus objectivos,
sendo basicamente três os meios a disposição da diplomacia: persuasão, compromisso e ameaça
do uso da força. A arte da diplomacia consiste em pôr a ênfase correto, em cada um destes três
meios, sem menosprezar nenhum deles, porque há que saber utilizar simultaneamente a
persuasão, aproveitar as vantagens do compromisso e impressionar a outra parte com a
capacidade militar do Estado.

Todavia, a diplomacia, de acordo com Delgado (2015, p. 6), é muitas vezes confundida
com outros conceitos como por exemplo, com funções políticas dos Estados, com negociação,
mas é mais frequentemente confundida com política externa, tanto na linguagem corrente como
também nas obras dos especialistas de assuntos internacionais. Esta confusão é tão forte e tão
generalizada entre os próprios internacionalistas, que levou José Calvet Magalhães a concluir
que, a maioria ou quase totalidade das obras intituladas “história diplomática” não se ocupa da

1
A política externa é “O conjunto de objectivos, estratégias e instrumentos escolhidos pelos responsáveis
governamentais pela formulação política para responder ao ambiente externo actual e futuro”. Todas estas
definições comungam com uma série de princípios e pressupostos, dos quais se destaca o papel dos governos
estatais como actores privilegiados na formulação da política externa e a dimensão intencional da acção política.
Nestas conceptualizações há dificuldade em compreender outros actores como agentes activos na política
internacional, pois instituições não estatais não são consideradas. Assim, tem-se dificuldade em incluir entidades
supre-estatais (como a ONU ou a UE) na análise da política internacional. Igualmente, estas definições não incluem
os resultados não intencionais das decisões políticas, deixando uma lacuna conceptual por resolver (ROSATI,
1994, p. 225).

9
história da diplomacia, mas sim da história das relações externas ou da política externa de
determinados países, e até mesmo os especialistas em matéria diplomática propriamente dita,
não escapam a esta confusão de conceitos.

Porém, conforme Santos (2009, p. 227), “a diplomacia não é confundida só com política
externa, mas também com negociação e mesmo com outros instrumentos cuja função primária
é a gestão ou a resolução pacífica de conflitos internacionais, na medida em que, tal como a
negociação, a diplomacia se refere, a uma funcionalidade instrumental utilizada para a
concretização de uma finalidade específica”.

Abordos os conceitos, evolução, instrumentos e funções da Diplomacia, far-se-á uma


abordagem comparativa sobre as teorias da cooperação internacional, a luz ada actividade
diplomática. Sendo que a sua compreensão, leva-nos a perceber a real função da actividade
diplomática, e a relação com o tem em pesquisa.

1.5. Teorias sobre a Cooperação Internacional

A cooperação internacional, como o nome indica, é acordado entre as nações a partir da


convergência de interesses e com propósitos comuns, o que leva-nos a relaciona-la com a
diplomacia. Pois, essa actividade só é exercida entre países que mantem entre si relações
diplomáticas. Como tal, essa modalidade de relacionamento tem sido utilizada desde o século
XVII, quando os Estados-nação foram elevados à categoria de atores internacionais em uma
pretensa comunidade de nações. Desde então, até os dias actuais, ela foi assumindo matizes
próprios de cada conjuntura internacional, na qual era estabelecida.

Assim sendo, Cooperação é uma acção conjunta para uma finalidade, objectivo em
comum. Uma relação baseada entre indivíduos ou organizações, utilizando métodos mais ou
menos consensuais. É ainda um conjunto de relações que não estão baseadas na coacção ou no
constrangimento, mas legitimadas através do consentimento mútuo dos intervenientes (Waltz,
1990).

Todavia, segundo Saldanha (2011, p. 39) “a complexidade das relações envolvendo os


mais diversos actores no ambiente internacional gerou, ao longo do tempo, nos teóricos das
relações internacionais, comportamentos diversificados, tendo estes utilizado ideias advindas
de fontes das mais variadas áreas do conhecimento, para tentar explicar (e entender) o
comportamento dos Estados no ambiente internacional, seja em momentos de (aparente) paz ou
em estado de conflito”.

10
Segundo o autor, os debates teóricos e académicos nas cadeiras de relações
internacionais, desenvolvidos desde a consolidação do primeiro departamento com tal
nomenclatura, em 1919, vinham dando relevância às teorias liberal e realista, que melhor se
enquadravam ao momento histórico vivido na época, e foram precursoras no desenvolvimento
de visões quanto aos conflitos e relação entre Estados no cenário internacional.

Nesta senda, Maciel (2009, p. 15-19) diz que “os autores neoliberais, liderados por
Joseph Nye e Robert Keohane, ao tempo que reformularam as ideias clássicas do liberalismo e
criticaram a utópica imagem de uma aldeia global, idealizada por novas vertentes do pós
Segunda Guerra, visualizavam um crescente intercâmbio nas esferas sociais e económicas, não
somente por parte dos Estados, mas com participação das Organizações Internacionais, dos
movimentos sociais transnacionais e de corporações multinacionais, que formariam um mundo
“sem fronteiras”, em que o poderio militar não poderia ser tido como alternativa viável para a
coexistência das nações independentes”.

Neste sentido, Sarfati (2005, p. 156), utilizando as narrativas de Keohane, explica que,
“na teoria Neoliberal Institucionalista, os Estados continuam sendo os principais actores das
relações internacionais e o sistema internacional é descentralizado, onde todos são iguais entre
si e os actores não devem obediência aos demais”. Porém, para a compreensão do mundo
moderno, não somente a ideia de descentralização deve ser considerada, mas também a da
institucionalização, que é definida como “regras estabelecidas, normas, convenções,
conhecimento diplomático, governados por entendimentos formais e não-formais”.

A ideia básica dos neoliberais, portanto, é que o grau de institucionalização do Estado é


que mede sua habilidade de se comunicar e cooperar com seus congéneres, variando conforme
sua natureza e força, não dependendo somente do poder, mas sim dos arranjos institucionais
que influenciam diversos factores, entre eles: “o fluxo de informações e a oportunidade de
negociar, a habilidade dos governos de monitorar os compromissos assumidos pelos outros
países, e a expectativa sobre a solidez dos acordos internacionais” (Sarfati, 2005, p. 156).

Por outro lado, os neo-realistas, conduzidos por Kenneth Waltz, segundo Saldanha
(2011, p. 172), cujas teorias foram exteriorizadas em 1979, com o lançamento do livro “Theory
of International Politics”, ainda que seguissem analisando o Sistema Internacional com a ideia
de estado de natureza hobbesiano, pautando as políticas externas e, consequentemente, as
cooperações internacionais no nível de sobrevivência e segurança estatal, realizaram diversas

11
críticas ao realismo clássico, inclusive quanto à conceituação de poder nas relações entre
Estados.

Nesta vertente, os teóricos defendiam que a actuação do Estado, notadamente na


aplicação da política externa e nas cooperações mútuas, não seria definida pela moralidade das
partes ou da negociata, mas sim pelo interesse nacional, em um jogo em que a soma seria sempre
zero, no qual para que um ganhe o outro, necessariamente, tem que perder.

Portanto, Maciel (2009, p. 42) afirma que “a cooperação internacional serviria para os
Estados manterem seu poder e crescimento, para conseguirem influência política, prestígio,
vantagens geoestratégicas e intensificação do comércio, para garantirem investimentos ou,
também, como forma de oferecerem subornos para as elites dos países em desenvolvimento em
troca de apoios, por exemplo, em organismos internacionais”. Dessa forma, as políticas de
cooperação seriam inseparáveis das relações de poder, aonde não haveria espaço para
considerações éticas.

Tal como Waltz (1990, p. 22) afirmou “a teoria é artificial”. O autor prossegue referindo
que uma teoria é uma construção intelectual através da qual seleccionamos factos e os
interpretamos. O desafio é conciliar a teoria com os factos de forma a permitir uma explicação
e uma previsão. E isto apenas pode ser alcançado distinguindo entre teoria e factos. Só se esta
distinção for realizada, será possível utilizar a teoria para examinar e interpretar factos. Antes
de analisar com maior detalhe a concepção teórica na perspectiva das relações internacionais
(onde se destacam duas grandes correntes: o realismo, assente numa lógica de poder; e o
liberalismo, assente numa lógica individual).

Portanto, a cooperação pode ocorrer em resultado de ajustamentos dos comportamentos


dos actores e em resposta, ou por antecipação as preferências de outros actores; A cooperação
pode ser consensuada num processo de negociação quer explícito quer tácito; A cooperação
pode também resultar de uma relação entre um actor mais forte e uma parte mais fraca. Assim,
os poderes hegemónicos têm a capacidade de fornecer a estabilidade que aumenta a segurança
e o bem-estar económico de Estados mais pequenos na forma, poder hegemónico contribui
assim para o comportamento cooperativo ao fornecer a base para a realização de vantagens
mútuas sob a forma de mercados em expansão ou protecção militar (Waltz, 1990, p. 22).

12
1.6. A Diplomacia enquanto Instrumento para Atracção do Investimento Estrangeiro

No mundo contemporâneo, a Diplomacia é uma das mais eficazes vias de realização dos
interesses nacionais. Implica esforços diplomáticos concentrados no interesse económico do
país a nível internacional.

Nesta ordem de ideia a Diplomacia enquanto Instrumento para atracção do Investimento


Estrangeiro2, é define como diplomacia económica ou comercial, que segundo Van-Dúnem
(2019), resume-se em todas as actividades do Estado, para promover e proteger os interesses
nacionais na Arena Internacional. Todavia, pode ser ainda entendida como um instrumento para
a reorganização geográfica da prosperidade económica com repercussões evidentes no bem-
estar das sociedades, em geral. Não obstante, a Diplomacia Comercial é definida como a gestão
das relações comerciais pela negociação ou pelo método através do qual essas relações são
ajustadas e geridas pelos embaixadores e enviados, tendo em atenção os interesses dos diversos
actores.

Anteriormente, Carreira (2012), apresentou uma definição bastante abrangente sobre a


Diplomacia Económica, definindo-a como a prossecução de objectivos económicos por meios
diplomáticos, quer se apoiem, ou não, em instrumentos económicos para atingi-los. Esta
definição englobava a diplomacia económica de chancelaria (ou diplomacia macroeconómica)
e a diplomacia económica do terreno (ou diplomacia microeconómica). Nesta lógica, a
diplomacia macroeconómica diz respeito à diplomacia económica de enquadramento, centrada
na construção de sistemas ou regimes internacionais, e tem como actor principal o Estado,
enquanto a diplomacia microeconómica está mais próxima da diplomacia económica
contemporânea, tendo como actores centrais as empresas.

Assim, através da qual, surge o crescimento económico. Que refere-se ao aumento


quantitativo de produção de bens e serviços, cujas consequências serão o enriquecimento do
país e elevação do nível de vida, mas sem a preocupação com a melhoria das condições de vida
da sociedade. O crescimento económico é o aumento sustentado de uma unidade económica
durante um ou mais períodos longos. A sua avaliação é feita por intermédio da análise de certos

2
Segundo a OCDE, (apud Abrantes, 2016, p. 26), o Investimento Directo Estrangeiro é, “o movimento de capitais
internacionais realizados, destinados a explorar recursos naturais, criar ou manter filiais no estrangeiro e/ou exercer
o seu controlo, através da sua aquisição ou de partes, para influenciar significativamente a sua gestão, ou para
proceder a fusões além-fronteiras”.

13
índices: Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB) (Figueiredo et al., 2008,
p. 58).

Na óptica de Lecture (1971 apud Figueiredo et al., 2008, p. 58), “o crescimento


económico de um país pode ser definido como o aumento, a longo prazo, da sua capacidade de
oferecer à população bens económicos cada vez mais diversificados, baseando-se esta
capacidade crescente numa tecnologia avançada e nos ajustamentos institucionais e ideológicos
que esta exige”.

No entanto, o Investimento Directo Estrangeiro, ortanto, pode ser fonte de crecimento e


desenvolvimento económico, pois acarreta mudanças no fluxo económico circular seja pela
entrada de capital em alguma indústria já existente ou pela instalação de uma filial no país
receptor. De qualquer forma, haverá uma mudança na economia daquele Estado que está
recebendo o investimento (Serra, 2010, p. 140).

Pôde-se perceber com essas abordagens, que o crescimento dos sectores da economia
nacional reflete a capacidade de crescimento de mercado interno e com isso os investidores
estrangeiros têm mais interesse em entrar na economia do país. Portanto, o IDE é um factor
gerador de crescimento económico, a partir do progresso tecnológico e da acumulação de
capital, o que aumenta a produtividade das empresas e, consequentemente, o seu crescimento.
No entanto, nem sempre o investimento estrangeiro é visto como um vector de crescimento.

Isso que Since (1995), defendeu que o investimento estrangeiro tem o potencial de gerar
emprego, aumentar a produtividade, transferir conhecimentos especializados e tecnologia,
aumentar as exportações e contribuir para o desenvolvimento económico a longo prazo dos
países em desenvolvimento de todo o mundo. Contudo, o investimento estrangeiro é a fonte
mais importante de financiamento externo para os países em desenvolvimento.

14
CAPÍTULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A DIPLOMACIA
ANGOLANA

2.1. Caracterização Geográfica da República de Angola

Angola está situada na margem Sul do continente africano, ocupando uma extensão
territorial de 1.246.700 km2. Segundo Pedro (2018), faz fronteira a Norte e a Nordeste com a
República Democrática do Congo, a Sul com a República da Namíbia, a Leste com a República
da Zâmbia, e a Oeste com o Oceano Atlântico. No entanto, a República de Angola ocupa uma
posição geográfica, estando localizada na zona subequatorial e tropical do hemisfério sul e
ocupando uma parte sudoeste do continente Africano, localizado entre os paralelos 4º 22 de
latitude sul, o que determina uma amplitude latitudinal de 13º 40 e entre os meridianos de 11º
41 longitudes este a ocidente e de 24º 04 longitudes este a oriente, com uma amplitude
longitudinal de 12º 23.

Vilar (2009, p. 13), “a República de Angola é um país da Costas Ocidental de África,


cuja fronteiras foram definidas no fim do século XIX. A superfície do território angolano é de
1246 700 km2, incluindo o enclave costeiro de cabinda (7270 km2), que se encontra separado
do resto do país por uma faixa de território de cerca de cinquenta quilómetros. A facha marítima
de Angola estende-se por cerca de 1600 km”. Os países que fazem fronteira são:

 A norte: a república popular do congo (201 km) e a República Democrática do


Congo (2511 km, dos quais 220 km fazem fronteira com a província de cabinda),

 A sul, a República da Namíbia (1376 km),

 A leste, a República Democrática Do Congo e a República da Zâmbia (1110


km).

Vilar (2009, p. 14), a República de Angola pode ser dividida em seis áreas
geomorfológicas:

 Áreas costeiras;

 Cadeia de montanhas marginal;

 Velho Planalto;

 Bacia do Zaire;

 Bacia do Zambeze;

15
 Bacia do Cubango.

Cerca de 65% do território está situada a uma altitude entre 1000 e 1600 metro, mas é
na região central, na província do Huambo, que se encontra o ponto mais alto: o Monte Moco
(2620 metros).

Do ponto de vista climático, angola pode ser dividida em quatro regiões:

 Uma faixa costeira árida, que vai desde a namíbia até Luanda;

 Um planalto interior húmido;

 Uma savana seca no interior sul sueste,

 Uma floresta tropical no Norte e em cabinda.

Vilar (2009, p. 16), o território angolano encontra-se dividido em 18 províncias, que


integram, ao todo, 157 municípios. Cada província tem um governador, designado pelo
presidente da República. Actualmente, o poder político de angolano está concentrado na
presidência da república. O executivo do governo é composto pelo presidente, João Manuel
Gonçalves Lourenço. O governo angolano é composto por 23 ministérios.

Do ponto de vista económico, a República de Angola é um dos países mais rico da


África subsaariana, principalmente em razão das reservas de petróleo, das suas capacidades
hidroeléctricas e dos minerais. Mas Angola dispõe ainda de grandes extensões de terra
cultivável, de importantes áreas florestas, de recursos no sector da pecuária, bem como de zona
ricas em pesca.

Quanto aos recursos, Xiaquivuila (2021), defende que Angola é um país potencialmente
rico em recursos minerais. Estima-se que o seu sub-solo albergue 35 dos 45
mais importantes do comércio mundial entre os quais se destacam o petróleo, gás natural,
diamantes, fosfatos, substâncias betuminosas, ferro, cobre, magnésio, ouro e rochas
ornamentais, e outros.

Hoje, o sector do petróleo domina a economia angolana, representado cerca de 50% do


PIB. Todavia, o sector petrolífero promove pouco emprego directo, já que a riqueza inerente a
este sector apenas beneficia uma pequena parte da população. Essa dependência do país em
relação ao sector do petróleo acarretou severos desequilíbrios económico e facilitou políticas
insustentáveis. Apesar deste problema, graças à produção crescente do petróleo e à estabilização
da taxa de inflamação, angola registou um crescimento continuo nos últimos 20 anos.

16
2.2. Fundamentos Estruturantes da Política Externa de Angola

Segundo Izata (2016)3, a Política Externa de Angola tem os seus princípios estruturantes
plasmados nalguns instrumentos fundamentais. Estes instrumentos são o texto manuscrito da
proclamação da Independência que foi proferida pelo presidente António Agostinho Neto, as 0
horas do dia 11 de Novembro de 1975, quando este proclamou perante África e o mundo a
independência da República Popular de Angola e os fundamentos da política externa angolana,
encontram-se consagrados nos 10 últimos parágrafos daquela declaração de independência.

Naquele documento histórico, estabelece-se que Angola aplicaria os princípios


estabelecidos no Acto Constitutivo da OUA, na Carta da ONU que consagram o respeito pela
igualdade soberana das nações, não ingerência nos assuntos internos dos Estados, o fomento
das relações de cooperação com todos os países do mundo na base da reciprocidade de
vantagens. Estabelece-se igualmente que Angola prosseguiria uma política de não alinhamento
activo que não permitiria a presença de bases militares no seu território e não adiria a blocos
militares.

Para além da declaração de independência, Izata (2016), considera que os princípios


estruturantes da PEA, encontrariam respaldo constitucional e legal na 1ª Constituição de
Angola, adaptada pelo Conselho da Revolução que na altura fazia o papel de Parlamento. Um
outro instrumento importante da PEA, foi o discurso proferido pelo então Ministro das Relações
Exteriores José Eduardo dos Santos, na admissão de Angola como membro das Nações Unidas
em 12 de Dezembro de 1976. As leis constitucionais seguintes, nomeadamente a de 1991 e a
actual Constituição, fundamentam a PEA nos seus art. 11º e 13º, introduzindo inovações tendo
em conta o contexto.

Segundo Oliveira (2008, pp. 167), os primeiros licenciados em Relações Internacionais


foram formados em 2008. Naquele ano, foi também publicado o “Prontuário diplomático
angolano: direito diplomático e prática diplomática”, que trata de conceitos de negociação
diplomática, diplomacia, formulários de correspondência e documentação diplomática. O
“objectivo da publicação foi doptar os diplomatas de elementos para que possam desempenhar
cabalmente a sua missão no exterior”.

A Constituição de 2010 reforçou os poderes presidenciais, cabendo-lhe: a definição da


Política Externa; representar o Estado; assinar e ratificar os tratados, convenções, acordos e

3
IZATA, Sebastião. Aula Magna Proferida no Intituto Judiciário de Angola. Luanda, 2016

17
outros instrumentos internacionais; nomear e exonerar os embaixadores; designar os enviados
extraordinários e acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros (artigo 121.º da CRA,
2010).

Outros diplomas legais baseados nesta constituição, foram sendo aprovados ao longo
dos anos sequentes. Importa referir que os fundamentos da PEA mantêm-se inalteráveis apesar
do contexto actual.

2.2.1. Antecedentes históricos da PEA

Van-Dunem (2019, p. 260), defende que “a PEA, logo após do 11 de Novembro de 1975
com o alcance da independência do país, que veio a coincidir com o quadro da Guerra Fria e
que nesta conformidade Angola foi o palco da geoestratégia da chamada Guerra Fria”. O
processo de independência de Angola começou sem um consenso organizacional entre os
movimentos de libertação FNLA, MPLA e UNITA que foram sedimentando as suas alianças e
parcerias no continente e no mundo as linhas da PEA estiveram direccionadas em eliminar a
ameaça sul africana, nesta altura responsável pela ocupação ilegal da Namíbia, pela difusão de
uma política expansionista passando assim a ocupar parte da região sul de Angola a convite da
UNITA, como parte da política e da estratégia dos alinhamentos e da guerra indirecta que
caracterizou a guerra fria.

O mesmo autor considera que a PEA esteve ligada a acção individual dos movimentos
de libertação nacional, dado que por um lado assistia-se que a UNITA mantinha sua rede de
contactos com países que se encontravam alinhados com os propósitos por si defendidos, e o
mesmo se pode dizer da FNLA, tudo isso desde a luta contra a ocupação colonial mesmo até ao
período das guerras pós-independência com realce da guerra do Cuito Cuanavale. No entanto,
as bases daquilo que hoje constitui a PEA, foram semeadas pelo MPLA que desde cedo teve
uma diplomacia bastante proactiva e todas as acções que culminaram com o início da luta
armada no interior do território foram projectadas a partir de fora.

Por outro lado, refere Carreira (2012, p. 110), os princípios de uma política externa de
Angola, como hoje conhecemos foram definidos em sede da terceira plenária do comité central
do MPLA realizada em Luanda de 23 a 29 de 1976 cujas ideias são apresentadas nos seguintes
trechos):

“O aparecimento da República popular de Angola, no


concerto das Nações, pronuncia-se pelo respeito e
aplicação dos princípios da carta da ONU e da OUA, o
18
estabelecimento e manutenção de relações diplomáticas
com todos os países do mundo, sobre a base do respeito
mútuo, não agressão e não ingerência nos assuntos
internos, igualdade e reciprocidade de vantagens e
coexistência pacífica entre os Estados com regimes
diferentes”.

Conforme Bembe (2016, p. 28), as coordenadas de base da Política Externa Angolana


resultam em larga medida do facto de ser Angola uma ≪nação≫ africana, detentora de uma
identidade histórica e cultural partilhada com nações vizinhas e com uma condição
geoestratégica particular decorrente da sua maritimidade e da localização no cruzamento
regional entre as Áfricas Central e Austral. Aqueles factos obrigam que o pais integre, em
simultâneo, as organizações sub-regionais que aí se estabelecem, designadamente a
Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), a Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC), a Comissão do Golfo da Guine (CGG) e a
Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).

Esta integração político-estratégica, aliada a ≪posição estratégica≫, que o país assume


naquele quadro sub-regional, confere-lhe a possibilidade de integrar a sede do poder estratégico
no mesmo e, consequentemente, acompanhar, de forma quase permanente, os mecanismos,
processos, dinâmicas e tendências do desenvolvimento social, político, económico e cultural
nos diversos Estados-membros. Logo, após a proclamação da independência em 1975, o
Governo angolano procurou que as capacidades nacionais que garantiam a sua legitimação
internacional estivessem nas suas zonas de influência directa.

Para Guedes (2011, p. 27), “os princípios que sempre nortearam a Política Externa
Angolana e as bases da sua projecção não fogem a linha doutrinaria e a pratica político-
diplomática. Ao contrário de muitos Estados africanos para os quais o ≪universo exterior dos
negócios estrangeiros≫, se resumia ao conjunto formado pelo excolonizador, as duas
superpotências, os congêneres continentais e os seus vizinhos, Angola desde sua independência
política de Portugal em 1975, sempre entreteve relações intensas com vários grupos de
Estados”.

É importante deixar claro, segundo Van-Dunem (2019, p. 250), que as prioridades da


política externa do país, no período compreendido entre 1975 à 1990. Considerando o facto do
alcance da independência, ter sido um período bastante conturbado ao nível interno, e

19
externamente o país estava mergulhado num contexto de Guerra Fria, o governo procurou como
prioridades da PE, a salvaguarda da integridade territorial contra as ameaças externas
identificadas, pondo em causa a salvaguarda da independência nacional.

Com instauração do multipartidarismo, os desafios da PE tiveram que ser adaptados


naquele contexto, no entanto, do período que se seguiu até 2022, visava igualmente garantir a
paz. Assim, desde o alcance da paz em 2022, o Estado angolano procurou garantir que a Política
Externa fosse virada para uma cooperação que visava a reconstrução nacional, o crescimento e
o desenvolvimento económico.

No período delimitado da abordagem, a PEA, tem se virado para a diplomacia


económica, visando o alcance dos seus objectivos de desenvolvimento e industrialização.

Constatou-se, no entanto, que terminada a guerra civil, em 2002, a República de Angola


estabeleceu parcerias externas, privilegiando as relações com a China e mantendo as relações
tradicionais com Cuba, a Federação Russa, o Brasil e outros países, enquanto concentra a sua
política na segurança interna e no âmbito da África Austral e Central, de que Angola, devido à
sua localização geográfica, faz parte. Como membro não permanente do Conselho de Segurança
das Nações Unidas, entre 2003 e 2004, assumiu um papel importante na resolução dos conflitos
em África. Outro acontecimento a destacar foi o ter assumido a presidência da SADC e o facto
de a capital angolana ter sido o local escolhido para consulta sobre os conflitos dos Grandes
Lagos, especialmente na RDC, em 1998, e sobre as crises políticas do Zimbabué e da Costa do
Marfim, em 2010.

2.3. A Diplomacia como Instrumento da Política Externa

Segundo Carreira (2012, p. 110), “a diplomacia angolana nos anos a que se seguia a
independência, procurou responder aos desafios da nação dentre os quais se prendia em
desdobramentos externos visando a assegurar a soberania do país, bem como encontrar meios
como alianças regionais e não só, que viessem a conter a invasão sul africana”. Com o fim da
Batalha do Cuito Cuanavale a 23 de Março de 1988, Angola definia assim um novo rumo na
sua diplomacia, voltada pela diversificação de parcerias, e de uma abertura à globalização uma
realidade reconhecida pelo presidente José Eduardo dos Santos nos seguintes termos «temos
que ajustar a nossa diplomacia para o mundo actual, em que predominam o diálogo, a
coexistência pacífica e aproximação entre os povos de diferentes ideologias. Pretendemos em
primeiro lugar; uma maior inserção no contexto africano e, em especial, na região Austral».

20
2.3.1. Âmbito Bilateral

No âmbito bilateral, a República de Angola procurou estabelecer relações diplomáticas


com todos os Estados e povos, tendo nesta perspectiva depois do seu reconhecimento como
Estado Soberano, iniciando conversações com diversos países com os quais estabeleceu
relações formais alguns anos mais tarde.4

É importante ressaltar que Angola desde cedo privilegiou relações com os países
limítrofes, nomeadamente: RDC, Congo, África do Sul, Namíbia, Zâmbia, Botsuana e outros.
Privilegiando igualem-te países de outras partes do continente africano que haviam se
solidarizado com a luta de libertação nacional. Ao nível internacional procurou estabelecer
relações com vários países. Nomeadamente: China, Brasil, Rússia, Portugal, Espanha, Japão,
Corea do Sul, Alemanha, UE, Santa Sé Estados Unidos e Turquia, tendo em conta os seus
abjectivos, alguns países foram estabelecidas parcerias estratégicas.

2.3.2. Âmbito Multilateral

No âmbito multilateral, ressalva-se a adesão do país às principais organizações


internacionais, nomeadamente a ONU e suas Agências Especializadas. Ao nível regional,
Angola integrou à OUA e contribuiu para a criação de algumas das Organizações Regionais,
das quais é Estado-membro, nomeadamente a CIRGL, SADC e CEEC. É igualmente membro
da CPLP por inerência da língua, e Estado parte de várias convenções internacionais.

A intensificação da acção da Angola nas organizações internacionais nomeadamente na


ONU e na OUA e outras acções estratégicas servem para resumir as finalidades que a política
externa de Angola almejava alcançar (CARREIRA, 2012, p. 111).

No entanto, a visão de Bembe (2016, p. 33), é que

“a diplomacia é o instrumento mais eficaz e sensato para a sua


implementação, nos períodos do consulado do presidente José
Eduardo dos Santos desdobrou-se sobre as questões de paz e
segurança, questões de âmbito geopolítico e geoestratégico,
aspectos que seriam as linhas conducentes da política externa e
da diplomacia de Angola, cujas intenções segundo o mesmo autor
podem ser encontradas na Agenda Nacional de Consenso

4
DOMINGOS, Francisco Sachitota. Explicações sobre a diplomacia de Angola. Luanda 2022.

21
debatida e publicada em 2009, onde de forma clara Angola
manifesta que pretende tornar-se como um Estado respeitado,
aproveitando os nichos do mercado internacional para fortalecer
a economia nacional”.

Segundo o autor, no domínio regional, foi apresentado um conjunto de estratégias de


acção na qual Angola manifesta a sua intenção de afirmar-se como um parceiro económico
privilegiado, permitindo a sua inserção na economia global. A participação activa nas questões
relacionadas com a integração regional na África Austral a nível da SADC, na África Central
(CEAAC), na região do golfo da Guiné e a continuidade das relações no seio da CPLP
constituem as prioridades.

Nestas regiões de África, Angola pretende ser um Estado respeitado pelos seus vizinhos
e parceiros e com influência e responsabilidades na manutenção da paz e segurança da região,
participando de forma activa nos processos de resolução de conflitos na região, o país usa a sua
experiência do conflito civil terminado em 2002, e dos meios a que o governo do presidente
José Eduardo dos Santos lançou mão para pôr fim ao conflito entre a UNITA e as forças do
governo , abrindo assim possibilidades de diálogo entre irmão durante longos anos. Desde o
ano de 2002 a diplomacia de Angola tem procurado capitalizar o prestígio do país, passar uma
imagem positiva no exterior através da intervenção na Guiné Bissau visando a auxiliar o
governo Bissau guineense logo após ao golpe de Estado (BEMBE, 2016, p. 33).

2.4. Principais Acções Diplomáticas de Angola

Durante o período em análise, várias acções diplomáticas foram desenvolvidas no


sentido de atrair IDE. Estas acções fizeram parte dos objectivos estratégico do governo que
definiu a Diplomacia Económica como o principal eixo da PE. Nesta perspectiva, destaca-se
alguns países e instituições internacionais, cuja acção da diplomacia de Angola teve bastante
reflexo na captação de IDE assim sendo, listamos os seguintes: China, Japão, Coreia do Sul,
Portugal, EUA, África do Sul, Rússia e Brasil,

Quanto as relações diplomáticas entre Angola e China, vale referir que essas duas
repúblicas, estabeleceram as suas relações desde a pré-independência de Angola, e actualmente
são baseadas em uma relação comercial emergente. Assim, desde 2011, os angolanos são o
segundo maior parceiro comercial dos chineses em África. Logo, as duas repúblicas cooperam
na área do comercio, construção de infraestruturas, indústria, agricultura, pescas, recursos
humanos e naturais”.
22
Vale ainda dizer, que Angola tem sido um dos principais parceiros estratégicos da China
em África. Angola dependeu do investimento chinês, para a sua reconstrução, na qual viu-se
serem erguidas centralidades, portos, pontes e aeroportos no país, bem como o empréstimo de
dinheiro sem burocracias importas, e ainda a cooperação tecno-militar, nos sectores de
segurança e defesa e outros.

Ainda para Alves (2013, p. 201), o presidente angolano visitou o Japão em Janeiro de
2001, com o objectivo de estreitar relações de cooperação económica e de intercâmbio
comercial. Angola assinou com o Japão, nove anos depois, no mês de Agosto, vários acordos
de cooperação nos sectores do comércio e investimento (público e privado). O primeiro projecto
integrado no empréstimo em ienes esteve avaliado em 50 milhões de dólares; no segundo e
noutro empréstimo a seguir, o custo do projecto aproximou-se dos 100 milhões de dólares.

No contexto actual, dizer que as relações entre Angola e Japão, pautam-se pela
cooperação tecnológica, a assinatura das trocas de notas relativamente ao pagamento da dívida
angolana ao Japão, assim como o Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos e o Acordo
de Isenção de Vistos para Passaporte Diplomáticos e Oficiais.

A República de Angola e a Coreia do Sul têm mantido um relacionamento consistente


desde que se estabeleceram as relações diplomáticas entre os dois países em 1992, na qual foi
instalada uma embaixada permanente em Angola em Dezembro de 2007, e Angola instalou a
sua embaixada na correia do Sul em Agosto de 2008. Actualmente as relações entre os dois
países completarão trinta (30) anos de parceria, assim sendo é o melhor momento para reafirmar
à aposta na melhoria e na perspectiva da tecnologia para facilitar as demais províncias no sector
da educação.

Portugal governou Angola por mais de 400 anos, colonizando o território entre 1483 até
a independência em 1975. É considerado dizer que as relações diplomáticas entre Angola e
Portugal são excelentes, destacando que a relação bilateral se tem desenvolvido na base de um
amplo contexto histórico, cultural, político, econômico e comercial.

Nos últimos anos as relações entre os dois países têm se fortificando cada vez mais fruto
das últimas cooperações nas áreas de ciências da educação ligada ao mestrado em metodologias
especificas de ensino nos institutos superiores. Recentemente foi assinado o protocolo de
cooperação no domínio da construção e obras públicas, e protocolo de cooperação e a prova o
plano de Acção para 2019- 2021 que define os termos do plano de acção para o sector.

23
Angola e os EUA, são dois Estados cuja as relações foram intensificando no período
pois Guerra Civil, daí os objectivos da sua política externa para Angola, tem sido de promover
e fortalecer as instituições democráticas, a prosperidade económica, melhorar a saúde,
consolidar a paz e a segurança. Os EUA possuem um grande interesse geoestratégico em
Angola, sobretudo no que tange ao ramo mineral (diamante e petróleo), fruto disso é que se vê
em território angola um vasto leque de empresas do ramo a operar no nosso país.

Em 2017, com a presidência de João Manuel Gonçalves Lourenço, os EUA reafirmaram


seu compromisso com Angola, na luta contra a corrupção, e promoção da democracia, o apoio
mútuo pela paz e estabilidade regional e nas crescentes oportunidades económicas bilaterais e
reformas políticas, por meio do programa do Departamento do Tesouro, lançado em 2019, para
aperfeiçoar a capacidade de Angola no combate à lavagem de dinheiro, e financiamento ao
terrorismo. No presente ano, perspectivou-se a cooperação entre os dois Estados no sector da
segurança e energia renováveis.

As relações entre Angola e África do Sul foram estabelecidas em 1998. Os dois países,
cooperam em vários domínios de interesses comuns, e nos últimos anos, verificou-se um
intenso fluxo nas suas relações, com destaca para o sector económico, com a assinatura de
vários acordos ligados aos seguintes sectores: comércio, mineração, transporte, bens e serviços.

Os investimentos Sul-africanos em Angola, permitiram a instalação de várias empresas,


com um volume de investimento bastante significativo. Recentemente, houve a assinatura do
Acordo de Supressão de vistos de viagens em os dois países.

Angola e a Rússia são dois países, cuja as suas relações diplomáticas foram
estabelecidas, desde 1975, com a retiradas dos portugueses no território nacional, e o conflito
interno entre os Movimentos de Libertação, numa época que vigorava a Guerra Fria. Assim,
nesta conformidade, verifica-se nos últimos anos um crescimento massivo no sector da defesa
e segurança nacional, fruto das boas relações diplomáticas entre ambos.

No ano de 2019, viu-se o reforço das relações entre Angola e a Rússia, devido à
importância estratégica que Angola tem para a Rússia. Fruto da mesma, o presidente angolano
pediu maior investimento russo, deixando claro que há um espaço que não está a ser aproveitado
pela Rússia. Negociou-se a instalação de fábrica de armamento em Angola, investimento no
sector petrolífero e outros, como a construção do Angsat 1 e 2 que foi lançando no mês de
Outubro de 2022.

24
Angola e Brasil são duas repúblicas cuja as relações não são apenas comercias e
econômicas, mais também são históricas e culturais, visto que os dois países fizeram parte do
Império Colonial Português. Em 11 de Novembro 1975 Brasil foi o primeiro país a reconhecer
a independência de Angola, assim desde 2007 as relações entre as duas Repúblicas aumentaram
relativamente.

Recentemente Angola e Brasil assinaram acordo no domínio da agricultura denominado


programa de cooperação sobre o Desenvolvimento da Agricultura em Áreas Irrigadas e
Agricultura Familiar.

Do ponto de vista multilateral, destaca-se como principais acções diplomáticas dos


últimos anos, o facto de Angola ter sido eleita por duas vezes como membro não permanente
do Conselho de Segurança da ONU, nomeadamente no período de 2002 à 2003, e 2015 à 20165.
Representando o continente africano no qual sempre defendeu a resolução pacífica dos conflitos
em África. Tem tido igualmente uma participação activa em outros organismos internacionais,
relativamente ao continente africano, os últimos anos consagraram Angola, a diplomacia
angolana como uma das mais proativas, tendo uma influência significativa na UA, e nas ORA,
nomeadamente: SADC, CEEAC e CIRGL, nas quais tem contribuído para a resolução pacífica
dos conflitos, com destaque para o Sudão do Sul, Uganda, Ruanda, RDC e RCA6. Essas acções,
foram voltadas mais para questões políticas, no sentido de projectar Angola para a gestão de
conflitos no continente africano.

5
Concernente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, defende Alves (2013, p. 215), “em Junho de 2002,
Angola anunciou que iria apresentar a sua candidatura a membro não permanente do Conselho de Segurança das
Nações Unidas para o período de 2003 a 2004, o mandato de Angola no Conselho de Segurança durou 24 meses,
e a sua diplomacia deu atenção também às questões relacionadas com o Afeganistão, Médio Oriente, Iraque,
Chipre, Kosovo e Geórgia. A presidência angolana no Conselho de Segurança, foi adotada a Resolução 1516, que
condenou os atentados ocorridos em Istambul, na Turquia, a 15 e 20 de Novembro de 2003; foi criado o Comité
de Sanções que identificou individualidades e entidades iraquianas em maio de 2003, na altura da adopção da
Resolução 1483, que levantou interdições sobre o Iraque.
6
Segundo Silva (2006), a presença de diplomatas angolanos no Conselho de Segurança permitiu aperfeiçoar os
mecanismos de funcionamento diplomático do MIREX; lidar com a questão de massacres de civis por grupos
armados na RDC; trabalhar o dossier da Libéria, país que viveu uma das maiores crises durante o mandato de
Angola. Neste contexto, Angola defendeu o acompanhamento, pelo Conselho de Segurança, da mudança na
Libéria e a concentração de esforços na capacitação dos Liberianos para explorarem os seus recursos naturais. Os
diplomatas angolanos lidaram também com o conflito entre a Etiópia e a Eritreia, considerado o mais estagnante
e delicado durante o mandato de Angola no Conselho de Segurança.

25
Vale ainda enfatizar a diplomacia angolana levada a cabo pela CPLP, que de acordo
com Santos (2009, p. 70), na Cimeira, realizada na cidade da Praia, em Cabo Verde, em Julho
de 1998, a projecção da CPLP foi reforçada. Relativamente a Angola, o então presidente
português, Jorge Sampaio, manifestou inquietação quanto à guerra, exortando os Angolanos a
tomarem “o seu destino, permitindo a Angola ocupar o lugar de destaque que lhe cabe no
continente africano”. No que diz respeito à concertação político-diplomática, o apoio ao sector
da Defesa, passou a constar, desde 2002, na alínea b) do artigo 3.º dos Estatutos da CPLP,
embora a cooperação naquela área tenha sido iniciada, em 1998, por iniciativa portuguesa, o
que permitiu formar em Portugal pessoal da Marinha, do Exército, da Força Aérea. No ano de
2022, Angola foi eleita como presidente do grupo da CPLP na Turquia

Relativamente a União Europeia, de acordo com Meneses (2008), o então chefe de


Estado de Angola, acompanhado pelo então ministro das Relações Exteriores, João Miranda, e
pela então ministra do Planeamento, Ana Dias Lourenço, foi um dos subscritores dos
documentos, baseados em princípios de interdependência, igualdade e respeito, com vista a uma
cooperação estratégica para reforçar as relações nos domínios de desenvolvimento, comércio e
política.

Do ponto de vista político e diplomático, Mendes (2008), considera que a delegação da


UE teve de assegurar a representação junto do Governo de Angola, das missões diplomáticas e
dos organismos internacionais, para acompanhar os dossiers da competência da Europa. Outra
função da delegação é facultar aos órgãos de comunicação social, aos parceiros e aos
interessados, informações sobre as realizações da Europa, bem como da sua delegação, cuja
atividade se desenvolve em coordenação com os Estados-membros com representação
diplomática.

Em 2021, de acordo com o Jornal Guardião (2021), houve o reforço da cooperação entre
ambos, no domínio da segurança marítima e a economia azul em Angola, com cerca de 200.000
euros, e acções que envolvem o Ministério da Defesa e a Universidade dos Açores, entre outros
parceiros. Na qual, as partes acordaram em realizar acções no âmbito do Projecto de
Capacitação Técnica no Domínio da Segurança Marítima.

Ainda neste contexto, realça-se o fortalecimento das relações com as principais


instituições financeiras internacionais, nomeadamente: o FMI e o Banco Mundial, com as quais
tem estabelecido acordos que têm permitido sobretudo ao longo dos últimos 5 anos o
financiamento de vários projectos.

26
CAPÍTULO III: OS DESAFIOS DA DIPLOMACIA ECONÓMICA DE ANGOLA
PARA ATRACÇÃO DE INVESTIMENTO PRIVADO ESTRANGEIRO 2017-2021

Neste capítulo, descreve-se a diplomacia económica angolana, apresentando as suas


características e objectivos. Não obstante, aborda-se sobre o Investimento Privado Estrangeiro
em Angola, destacando os desafios da Diplomacia Económica Angola para a Atracção de IDE,
bem como as políticas elaboradas pelo estado angolano no sentido de atrair o IDE

3.1. Contextualização sobre a Diplomacia Económica De Angolana

Segundo Santos (2010), a actual estrutura sectorial da economia angolana e a sua


possível evolução são melhor compreendidas à luz daquilo que foi a actividade económica no
passado, nomeadamente durante o período colonial. Observa-se que a Diplomacia Económica7,
compreende instrumentos políticos, jurídicos e económicos específicos desta relação e que são
alimentados por processos internos e externos, públicos e privados. Considerando Angola como
uns países em via de desenvolvimento tem sido tomado acções de coordenação com o objectivo
de construir espaços de troca comuns e fortalecidos.

Voltando ao passado, Van-Dúnem (2019), descreve que a exploração económica do


território angolano foi impulsionada pelos acontecimentos políticos externos, em particular a
partilha de África entre as potências europeias. Após a Conferência de Berlim (1885), seguiu-
se um renovado interesse pela exploração e “pacificação” do interior, enquanto a antiga classe
“mercantil” procurava criar novos polos de interesse económico após a perda do tráfico de
escravos. Assim sendo, este fenómeno mundial, que se verificam a todos os níveis da política,
da economia e das instituições financeiras, requer reformas profundas. Visando abrir as
sociedades e potenciar as capacidades humanas, torna-las livres, aptas, conscientes e dinâmicas.
Na verdade, o mundo de ideologias, de dogmas e de opressão, já faz parte do passado e não se
ajustam às exigências da realidade contemporânea.

De acordo com Angola Press (2017), a diplomacia de um Estado resulta das


necessidades internas identificadas pelo Estado, que por esta via do diálogo procura-se
externamente a maximização dos interesses deste Estado. Neste âmbito para a situação de

7
A Diplomacia económica é um mecanismo preponderante de apoio às empresas e, consequentemente, à economia
de um país concretamente: no processo de internacionalização; na promoção de exportações; na atracção de
investimento; na divulgação de produtos e serviços nacionais; Influenciar as políticas económicas e sociais para
criar as melhores condições para o desenvolvimento económico e social, tomando em conta as necessidades e
aspirações dos outros interessados; trabalhar com as estruturas reguladoras internacionais cujas decisões afectam
o comércio internacional e as regulações financeiras (Gonçalves e Rocha, 2009).

27
Angola tendo em conta as necessidades económicas do país fruto da crise económica e
financeira que se instalou no país resultante de descida do preço do barril de petróleo nos
mercados internacionais. Resultante deste facto, que em 2017 após ter chegado ao poder que o
presidente João Manuel Gonçalves Lourenço elegeu a diplomacia económica como o novo
paradigma da diplomacia de Angola durante o seu consulado.

A posição do novo governo no que ao paradigma da diplomacia diz respeito, segundo


o Jornal de Angola (2018), foi apresentada pelo presidente à quando da abertura da reunião com
os embaixadores realizada em Luanda de 23 de Maio de 2018 na sede do MIREX, numa reunião
com todos os embaixadores e chefes de missões diplomáticas de Angola acreditadas em várias
partes do mundo, onde o objectivo da mesma visou em avaliar as acções dos diplomatas, bem
como perspectivar as novas linhas de acção da diplomacia angolana, onde os diplomatas foram
orientados para diplomacia económica.

Nesta ocasião o presidente João Lourenço pronunciou-se a favor de um novo paradigma


na diplomacia de Angola visando a melhor explorar as várias opções na cooperação
internacional, o presidente definiu novos rumos na diplomacia sendo que no seu discurso de
investidura falou da necessidade de ser reanalisada o papel a assumir por Angola na actual
conjuntura regional e internacional dando primazia aos contactos com os parceiros interessados,
reforçando assim a participação das representações diplomáticas angolanas na captação do
investimento estrangeiro e na promoção do acesso ao Know-how, científico e técnico,
contribuindo para criação de um empresariado forte.

De acordo com o Jornal de Angola (2018), estas ideias foram reafirmadas na referida
reunião dos embaixadores nas seguintes palavras:

“A diplomacia económica apresenta-se como uma das


mais importantes vertentes da política externa de Angola,
quer a nível do estreitamento económico e comercial do
relacionamento bilateral, regional e multilateral, quer na
promoção da imagem do país no exterior, tanto de
expectativa de exportação de bens e serviços, como na
captação de investimentos”.

Portanto, a visão do presidente João Lourenço encerrava assim abertura de um novo


ciclo na diplomacia angolana no qual se exige que os diplomatas estejam altura dos desafios,
apresentados visando à melhoria da imagem do país, tendo em vista a atracção do investimento
28
directo estrangeiro numa altura em que Angola vem sofrendo dos impactos da crise económica
iniciada em 2014 agravadas em 2015 dado que a captação de investimentos no estrangeiro seja
vista como saída para a crise.

3.1.1. Características e Objectivos

Segundo Gonçalves e Rocha (2009), a diplomacia angolana está extremamente ligada à


procura de novos investimentos, obtenção de recursos financeiros e técnicos para reconstruir o
país e para viabilizar a exploração de recursos naturais, sendo que actualmente é impensável
que os interesses económicos de um Estado possam ser melhor defendidos sem uma actuação
constante e activa das suas estruturas governamentais. Destacam-se, naturalmente, os
ministérios encarregados da política externa e da actividade económica.

Pode-se com isso dizer que, a diplomacia económica apela cada vez mais para “menos
geopolítica e para mais economia”. Necessita-se, assim, de quadros e técnicos ligados à
actividade diplomática, sejam eles tutelados directamente pelo Ministério responsável pela
política externa, seja do Ministério da Economia ou do Comércio Externo. É que a construção
de relações económicas e comerciais tornou-se o centro da diplomacia.

Para dar substância aos discursos norteadores do novo paradigma da diplomacia


angolana, o presidente João Lourenço definiu parcerias estratégicas cuja contribuição e
importância permitirá o alcance dos objectivos.

Segundo Faustino (2020), a diplomacia económica angola, caracteriza-se pelas


parcerias prioritárias com os seguintes Estados: Estados Unidos da América; China; Rússia;
Índia; Brasil; Japão; Alemanha; Espanha; França; Itália; Reino Unido; e Coreia do Sul. A
escolha destes países como parceiros estratégicos da Angola tem em atenção o respeito destes
países a soberania de Angola.

Constata-se portanto, que o objectivo da diplomacia angola, segundo Faustino (2020),


tem sido marcado com inúmeras visitas do próprio presidente, aos Estados acima mencionados
visando com isto manifestar a vontade do Estado angolano de cooperar com estes Estados, e
procurar atrair os empresários destes para Angola, a participação do próprio presidente nos
fóruns de negócios com os empresários tem servido para persuadi-los, como informações
apresentadas tendo o foco na identificação de potencialidades e oportunidades em Angola,
reforçar ideias em torno do combate a corrupção e de outras práticas nocivas ao bom ambiente
de negócios em Angola.

29
Como refere Diogo (2018), de 2017 a 2018 o presidente efetuou cerca de 29 visitas de
Estado ao estrangeiro onde conseguiu captar investimentos e empréstimos de países como
França, alguns voltados para o sector agro-alimentar, um projecto que cuja concretização virá
a ser efectivado em Malanje. Ainda na Alemanha onde o país assinou acordos de investimento
com a Commerzbank no total de 500 milhões de dólares.

Neste mesmo ano, de acordo com o Jornal de Negócios (2018), o presidente João
Lourenço nas 29 deslocações realizadas até 2018, assegurou que a diplomacia económica
desenvolvida conseguia nesta altura, captar para o país cerca de 1,5 mil milhões de Euros de
empréstimos obtidos, sendo que deste valor inclui-se o empréstimo conseguidos da China, este
último visitado pelo chefe de Estado no quadro da habitual cimeira China-África. Durante o
período em questão o presidente no quadro da diplomacia económica realizou 17 viagens a
países africanos 7 a países Europeus incluindo Portugal, 2 vezes a Ásia e 2 vezes na América e
uma vez num país árabe.

Nestas deslocações, a diplomacia económica, segundo Faustino (2020), foi apresentada


como a vertente caracterizadora da diplomacia angolana nos próximos anos podendo assim
assumir um grande protagonismo na política externa de Angola. Estas deslocações para o
exterior serviram para Angola passar a mensagem de um país diferente, engajado a desenvolver
reformas de modos a eliminar a corrupção, bem como de uma Angola voltada para cooperação
económica e comercial tanto bilateral e multilateral, um capítulo onde as próprias instituições
de representações externas e as câmeras poderão desempenhar um papel crucial visando a
aumentar as exportações de Angola de bens e serviços.

No seu primeiro discurso sobre Estado da Nação em 2018, na abertura da IV legislatura


da Assembleia Nacional de Angola, segundo Edson (2020), o presidente João Lourenço
assumia a importância estratégica a que a diplomacia económica por si escolhido viria dar
resposta aos efeitos da crise económica resultante da quebra no preço do barril de petróleo nos
mercados internacionais.

A atracção de investimentos estrangeiros para Angola, segundo Edson (2020), viria a


ser uma saída, uma vez que ela asseguraria a entrada de capitais e “know-how”, elementos
fundamentais para dar corpo ao programa de diversificação económica. Foi assegurada aos
deputados de que as visitas feitas ao estrangeiro, permitirão restaurar a confiança dos
investidores internacionais pelo que foram conseguidas garantias de investimentos e de
financiamentos na economia angolana que, além do montante de 10 mil milhões de euros,

30
contam-se também com várias intenções de investimentos, isso sem falar do programa de
financiamento solicitado pelo fundo monetário internacional FMI.

Constatou-se portanto, que as estratégias da diplomacia económica de Angola, pautam-


se pela a actual liderança, na qual visa adoptar a diplomacia ao serviço da economia visando a
atender as reais necessidades do país, e considera-se que ao então presidente José Eduardo dos
Santos cumpriu a afirmar o nome do país no contexto regional, tornando o país mais interativo,
servindo-se da sua diplomacia para a resolução de conflitos em países vizinhos, bem como
procurar afirmar-se no contexto das organizações regionais e internacionais. Contudo, fica
evidente que o país enfrenta novos desafios que são de ordem económico e financeira, pelo que
será necessário que o país assuma uma nova dinâmica a nível da sua política externa em que a
mesma passa a identificar a diplomacia económica como prioridade para fazer face aos desafios
do país.

3.2. Caracterização do Ambiente de Negócios em Angola

Segundo Domingos (2019, p. 55), um ambiente de negócio8 favorável é naturalmente


mais atractivo para o investimento privado, pois os investidores buscam sempre por critérios
que favoreçam os seus investimentos em países que rentabilizem. O inverso é sempre propício
à retracção e, por este facto, este deve ser melhorado constantemente de acordo com as
circunstâncias nacionais e internacionais. Esta melhoria do ambiente de negócios está
relacionada com as acções que simplificam e desburocratizem os procedimentos acima
mencionados. Este é, portanto, o primeiro aspecto que permite reconhecer a importância do
ambiente de negócios para uma economia, principalmente em questões microeconómicas.

Ao analisar os indicadores apontados pelo Doing Business9, em relação a Angola, nota-


se claramente, segundo Abrantes (2019, apud Domingos, 2019, p. 56), que o país não possui

8
O ambiente de negócio diz respeito a um conjunto de medidas que passam por acções de educação e capacitação,
de simplificação e desburocratização dos procedimentos de abertura de empresas, e a oportunidade de se fazer
novos negócios. O ambiente de negócios é definido como o conjunto de factores externos que cercam e influenciam
as decisões da actividade empresarial num determinado país ou região, nomeadamente: clientes, governo,
competitividade e condições sociais, políticas e tecnologicas. A composição do ambiente de negócio é
extremamente burocrática e acaba por definir o ciclo das empresas, através de procedimentos de abertura ou
encerramento das mesmas, bem como da recolha da tributação. Fonte: Cfr. em:
http://lmfunesp.com.br/noticias/importância-de-um-bom-ambiente-de-negócios, aos 11 de Junho de 2018, as
23:00.
9
O Doing Business mede, analisa e compara as regulamentações aplicáveis às empresas e o seu cumprimento em
190 economias do mundo. Lançado em 2002, o projecto Doing Business procura examinar as pequenas e médias
empresas nacionais e analisa as regulamentações aplicadas a elas durante o seu ciclo de vida.

31
factores de competitividade em nenhum destes indicadores. Porém, de acordo com os relatórios
do governo, verifica-se que tem havido um esforço para a sua melhoria constante. Tem-se
verificado alguns indicadores de melhoria, nas grandes cidades, sobretudo nos critérios de
fornecimento de energia, com a construção de determinadas infra-estruturas que favoreçam a
produção e distribuição, a abertura de empresas, e o pagamento de imposto também são critérios
para os quais o país tem estado a olhar, visando a sua melhoria10.

Faria (2017, p. 14), por sua vez, apresentar o enquadramento macroeconómico do país,
tendo por base os factores socioeconómicos e políticos que influenciam em grande medida a
economia do país, através dos factores político-econômicos que estão associados à atracção de
Investimento Directo Estrangeiro. Na qual, o autor destaca:

a) Estabilidade política;

b) As alterações nas relações internacionais,

c) As alterações nas políticas fiscais,

d) A evolução da economia,

e) Demografia.

Por último, Faria (2017, p. 15), diz que Angola continuará a procurar consolidar as
relações com os principais parceiros estratégicos e diversificar as possibilidades de
financiamento internacional. Como assevera:

“A economia angolana tem sido grandemente afetada pelo declínio mundial dos
preços do petróleo. Em resultado, o Executivo pretendeu em 2017 apresentar um novo
modelo de organização do sector dos petróleos, o qual visou otimizar o processo
produtivo por forma a reduzir os custos de produção”.

Nesta ordem de ideias, Eisner (2022, p. 22), afirma que a República de Angola é, “a
mais atractiva e intrinsecamente abençoada, nação no continente Africano. Geograficamente, o
país é duas vezes o tamanho do Estado do Texas, possui uma costa mais longa do que a costa
da Califórnia, tem diversas condições climatéricas que vão desde desertos a montanhas a
florestas tropicais, desfruta de recursos hídricos naturais invejáveis, dispõe de várias áreas de

10
Entretanto, o quadro não tem sido alterado com o devido dinamismo, permitindo aferir que a posição do país
vai continuar em baixa mediante o não cumprimento criterioso destes requisitos. As mudanças estruturais que se
têm verificado em Angola podem ser um bom indicador para alterar o ambiente de negócio, tendo em conta a visão
que os investidores externos vão tendo sobre o país, com maior abertura, mais liberdade, descentralização
administrativa e sobretudo a desburocratização dos procedimentos.

32
terra fértil e arável e tem enormes depósitos de recursos minerais incluindo, mas não só,
petróleo e diamantes”.

De acordo com APIEX (2018), o país beneficia ainda de vantagens que fundamentam a
promoção e a captação de investimento externo, designadamente, a integração em diferentes
organizações do sistema internacional, a consolidação das relações bilaterais com os principais
parceiros estratégicos internacionais, o clima de estabilidade e paz garantido desde 2002, a
amplitude e extensão geográfica do território angolano, a profusão em recursos naturais tais
como minerais e capacidade hídrica em todas as grandes regiões e, bem assim, as características
demográficas baseadas numa população maioritariamente jovem, que potência a densidade
populacional do país e a disponibilidade de Recursos Humanos. Demograficamente, a
República de Angola é também dotada de um perfil extremamente vantajoso tornando-a num
dos países mais estáveis no continente.

De forma a melhorar o ambiente de negócios em Angola, Sachitota (2019, p. 57), afirma


que o Executivo adoptou as seguintes estratégias, contidas no Plano Nacional de
Desenvolvimento – PND 2018 -2022:

a) Ampliação do mercado interno para os produtos de produção nacional, com


gradual substituição selectiva de importações;

b) Diversificação das exportações não petrolíferas;

c) Diversificação da estrutura da economia;

d) A selecção dos sectores a incluir no programa de investimento estrangeiro, que


deve ter como critério a criação de emprego, a maior satisfação das necessidades básicas
da população, o maior valor acrescentado nacional e a contribuição relativa à
diversificação da economia;

e) Levar em consideração as indústrias (alimentar, têxtil, vestuário e calçado),


construção civil, indústria de reciclagem de papel, plásticos, etc., equipamentos
informáticos.

Conforme Domingos (2019, p. 57), para o cumprimento destes objectivos, o Estado


deve levar a cabo políticas fiscais, monetária, cambial, comercial e de concorrência profícuas
que permitam, de facto, a concretização dos mesmos. Tem havido, nos últimos tempos, um
conjunto de medidas tendentes à melhoria da imagem no exterior que, tal como se verifica,
também contribui para o ambiente de negócios. Esta estratégia visa por via dos canais

33
diplomáticos e não só informar à comunidade empresarial internacional sobre a alteração do
paradigma do país, caracterizado por mais abertura para os investidores, proporcionados pela
nova Lei do Investimento Privado, a Lei n.º 10/18, pelo combate contra a corrupção, maior
abertura para os meios de comunicação social.

3.3. O Investimento Estrangeiro em Angola

Segundo Domingos (2019, p. 90), em Angola foi criada a primeira instituição dedicada
ao investimento estrangeiro, em 1989, era o Gabinete de Investimento Estrangeiro, tendo sido
substituído, em 1996, pelo Instituto do Investimento Estrangeiro, duas instituições cuja vocação
se centrava na captação de Investimento Estrangeiro Directo e Indirecto, de acordo com a
legislação vigente. Para dar maior suporte ao Instituto de Investimento Privado, o governo
decidiu extinguir o Instituto do Investimento Estrangeiro, criando, para o efeito, a Agência
Nacional para o Investimento Privado ANIP, tendo esta funcionado no período de 2003 a 2015,
ano em que foi extinta, tendo sido criada, a APIEX que apenas teve a duração de três anos, pois,
em 2018, foi substituída pela AIPEX (Agência de Investimento Privado e Promoção das
Exportações de Angola), que actualmente é a instituição vocacionada à captação do
Investimento Estrangeiro, é a AIPEX (Agência de Investimento Privado e Promoção das
Exportações de Angola)11.

De acordo com Domingos (2019, p. 90-94), a AIPEX12 surge num período crucial do
desenvolvimento da economia angolana, e tal como se afirmou neste trabalho, em secções
anteriores, o investimento privado constitui um objectivo a ser concretizado a curto, médio e
longo prazos. Portanto, a instituição deve criar sinergias, no sentido de junto aos principais
centros de negócios poder atrair investidores, cada vez mais. A celebração de protocolos com

11
A AIPEX, foi criada ao abrigo do Decreto Presidencial n. º 81/18, de 19 de Março de 2018, a AIPEX, tutelada
pelo Ministério da Economia e do Planeamento, faz parte de um conjunto de medidas do Governo angolano, no
sentido de acelerar e facilitar a realização de investimentos privados no País, assim como promover as exportações
e os negócios internacionais de parcerias empresariais capazes de aumentar a competitividade da economia
nacional, através de um quadro institucional dinâmico e adequado. A AIPEX resultou da extinção da UTIP
Unidade Técnica para o Investimento Privado; das Unidades Técnicas de Apoio ao Investimento Privado (UTAIP)
e da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações de Angola (APIEX). Foi criada com base legal no
Decreto Presidencial n. º 81/18, de 19 de Março. A fusão surge numa altura em que foi aprovada pelo Parlamento
a nova Lei do Investimento Privado, apresentada pelo Governo, e que vem trazer algumas alterações ao
investimento privado em Angola.
12
A mesma tem as seguintes atribuições: promover e captar investimentos; privados quer sejam nacionais ou
internacionais; assegurar a recepção e acompanhamento das propostas de investimentos privados a realizar em
Angola; promover a captação do investimento directo estrangeiro para os sectores estratégicos da economia de
Angola; promover o incremento e diversificação das exportações de produtos.

34
as câmaras de comércio de Angola com alguns países com investimentos relevantes em Angola,
com os organismos externos do MIREX, da Hotelaria e Turismo, Indústria, Agricultura etc., ou
seja, com todos os organismos internos e externos que concorrem para a atracção do IDE.

Convém aqui ressaltar que, de 2017 ao actual momento, Angola tem tido um
imenso potencial económico em virtude da grande variedade de recursos que possui. A par de
um conjunto de medidas orientadas para a estabilidade macroeconómica e sustentabilidade das
finanças públicas e para a criação de infra-estruturas transversais adequadas ao
desenvolvimento de uma estrutura produtiva diversificada, o programa do governo propõe o
reforço da diversificação da produção nacional, em bases competitivas, criando
assim oportunidades de negócio nos seguintes sectores:

 Produção agrícola, pecuária e floresta;

 Recursos do mar e da pesca;

 Indústria extractiva;

 Indústria transformadora;

 Construção Civil e Obras Públicas;

 Telecomunicações e Tecnologias de Informação;

 Transportes;

 Produção e Distribuição de Energia Eléctrica;

 Hotelaria e Turismo;

 Educação;

 Saúde.

Dizer que, actualmento o Investimento privado é regulado pela Lei n.º 10/18, de 26 de
Junho13, que vem fixar os benefícios e as facilidades que o Estado Angolano concede aos
investidores privados e os critérios de acesso aos mesmos, bem como estabelece os direitos, os
deveres e as garantias dos investidores. A actual Lei do Investimento Privado, é aplicável a
investimentos privados de qualquer valor, quer sejam realizados por investidores internos ou

13
Para efeitos da Lei do Investimento Privado, é considerado Investimento Externo a realização de projectos de
investimento por via da utilização de capitais titulados por não residentes cambiais, podendo estes, para além de
meios monetários, adoptar igualmente, a forma de tecnologia e conhecimento ou de bens de equipamento e outros.

35
externos. Ou seja, a Lei do Investimento Privado vigente deixa de impor ao investidor um valor
mínimo como sendo valor do investimento. Note-se igualmente que deixam de existir sectores
de actividade em que se exige a participação mínima de sócios angolanos, podendo o Investidor
Externo ser titular da totalidade das participações sociais de sociedades a constituir (excepto
sectores específicos). Existem, entretanto, alguns sectores específicos (petróleos, banca,
seguros) aos quais a presente Lei não é aplicada.14

Os projectos de investimento são aprovados pela AIPEX (Agência de Investimento


Privado e Promoção das Exportações). O Regime da Declaração Prévia caracteriza-se pela
simples apresentação da proposta de investimento junto da AIPEX para efeitos de registo e
atribuição de benefícios. Neste regime, as sociedades devem estar previamente constituídas,
sendo dispensável o CRIP - Certificado de Registo de Investimento Privado, no momento da
sua constituição.

O Regime Especial aplica-se aos investimentos privados realizados nos sectores de


actividade prioritários e nas zonas de desenvolvimento. Os sectores prioritários são os
seguintes15:

 Educação, formação técnico-profissional, ensino superior, investigação


científica e inovação;

 Agricultura, alimentação e agro-indústria;

 Unidades e serviços especializados de saúde;

 Reflorestamento, transformação industrial de recursos florestais e silvícolas;

 Têxteis, vestuário e calçado;

 Hotelaria, turismo e lazer;

 Construção, obras públicas, telecomunicações e tecnologias de informação,


infra-estruturas aeroportuárias e ferroviárias;

 Produção e distribuição de energia eléctrica;

 Saneamento básico, recolha e tratamento de resíduos sólidos.

14
Disponível em: https://www.fbladvogados.com/investimento-em-angola/Investimento-Privado/133/. Acesso
em: 10 de Outubro de 2022.
15
Disponível em: https://www.fbladvogados.com/investimento-em-angola/Investimento-Privado/133/. Acesso
em: 10 de Outubro de 2022.

36
As Zonas de desenvolvimento actuais são:

 Zona A: Luanda, municípios-sede das províncias de Benguela, Huíla e


municípios do Lobito;

 Zona B: Bié, Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Huambo, Namibe e restantes


municípios das Províncias de Benguela e da Huíla;

 Zona C: Cuando Cubango, Cunene, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malanje, Moxico,


Uíge e Zaire;

 Zona D: Cabinda.

Assim, Melo (2021), considera que Angola tem registado melhorias na criação de um
quadro de investimento mais atractivo para os investidores externos. Para o efeito têm sido
executadas reformas ao nível fiscal, cambial e do investimento privado. É também um desafio
continuar a implementar reformas ao nível das leis cambiais e tributárias de forma a permitir
uma maior clarificação das mesmas, desburocratização de processos e estabilização futura
destes normativos.

Ainda de acordo com Melo (2021), anteriormente, as barreiras existentes


condicionavam o investimento e contribuíram para a sua erosão. Entre 2015 e 2017, o
Investimento Directo Estrangeiro em Angola caiu 62%, para 6,2 mil milhões de dólares (cerca
de 5,5 mil milhões de euros, ao câmbio atual). Em 2018, as regras mudaram, com a extinção
generalizada da obrigatoriedade de parcerias locais, a criação e incentivos e a permissão de
expatriação de lucros, procurando gerar capacidade de atracção de investimento estrangeiro,
mesmo num quadro recessivo.

Ainda assim, entre Agosto de 2018 e Maio de 2020, foram registadas 276 propostas de
investimento junto da AIPEX, que tem como missão, entre outras a captação de investimento
privado. Estas propostas totalizavam cerca de 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,5 mil milhões
de euros) e um potencial para a criação de 19 mil novos empregos, representando um esforço
de mudança que só a pandemia veio condicionar.

3.4. Os desafios da Diplomacia Económica Angola para a Atracção do IDE

Nos últimos cinco anos foram criadas condições para que o País iniciasse um processo
de reformas, e Angola está agora progressivamente percorrendo o caminho do
desenvolvimento, ainda que de forma não muito peculiar, mas talvez mesmo por isso,
garantindo uma ampla gama de oportunidades de negócios que a torna extremamente
37
interessante comparando com outras realidades do continente africano. Porém, apesar do
progressivo melhoramento, o ambiente económico de Angola, ainda apresenta relevantes
aspectos críticos, por causa dos enormes problemas estruturais e da profunda desaceleração do
tecido social, causado pela guerra civil, com a destruição de empresas e infra-estruturas,
obrigando milhares de pessoas a viver numa situação de urbanização caótica, com a drástica
redução de actividades agrícolas e manufatureiro.

Relativamente aos desafios da Diplomacia Económica Angola para a Atracção de IDE,


Perdeneira (2017), aponta que os grandes desafios da diplomacia económica angola, passam
pela criação, restruturação e investimento nos sectores da;

a) Agricultura,

b) Turismo,

c) Construção civil

d) Infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias

Por constituírem sectores que dinamizam a economia e permitem a sua diversificação.


Em particular, o sector da agricultura precisa com urgência o aumento dos níveis de
investimento, pelo que se estima que os próximos anos venham a ser decisivos na estratégia de
captação de recursos estrangeiros para este sector. Segundo Perdeneira (2017), é preciso criar-
se oportunidades de investimento nestas áreas, de modo que os investidores privados nacionais
como estrangeiros possam investir. Entretanto, é necessário também que o ambiente de negócio
seja favorável para o efeito, de maneira que as trocas comerciais internas possam ser feitas com
alguma fluidez.

De acordo com a NLIP (2022), os desafios da Diplomacia Económica Angola para a


Atracção de IDE, passam pela implementação de um processo de reformas macroeconómicas
baseando-se numa política de atracção de investimentos estrangeiros, reduzindo a distância
entre as meras potencialidades e as efectivas dinâmicas dos negócios.

Para a AIPEX (2020, p. 8), “os desafios da Diplomacia Económica Angola para a
Atracção de IDE, passam por manter a estabilidade, demonstrar a novidade, apoiar a tolerância,
ser visto como um bom local para fazer negócios, para viver ou estudar e passar tempo”.

38
3.5. As Políticas Elaboradas Pelo Estado Angolano no sentido de atrair o IDE

O Governo tem apostado em medidas de promoção ao investimento privado tal como


atestam as consecutivas alterações aos diplomas legais que vigoram no país. Actualmente, de
acordo com a APIEX (2022), encontra-se em vigor a Lei do Investimento Privado n. º 14/15,
de 11 de Agosto, que aprovou o novo regime do Investimento Privado em Angola16.

De acordo com Santos (2022), o executivo fez reformas em dez domiń ios da economia
até Abril de 2022 para melhorar o ambiente de negócios, atrair investidores estrangeiros ao país
e ter um melhor posicionamento no ranking “Doing Business”, do Banco Mundial17. Segundo
Santos (2022),o Executivo pretendeu melhorar, até Abril do ano em curso, o funcionamento da
sala especializada em contratos comerciais, propriedade intelectual e industrial, bem como dos
tribunais, com a disponibilizaçaõ de meios modernos de trabalho.

Outro aspecto que merece bastante atenção, é a criação da AIPEX, em 201818, pelo
decreto presidencial nº 81/18, de 19 de Março de 2018, visando a atrair o investimento privado
para Angola, resultado da junção da ex-UTIP e ex-APIEX. 19 A actual lei de investimento

16
, revogando a Lei n. º 20/11, de 20 de Maio. A nova lei do Investimento Privado introduz um conjunto
significativo de alterações, designadamente, a eliminação da obrigatoriedade de investimento de USD 1 milhão
para investidores estrangeiros que não pretendam beneficiar de incentivos fiscais e sem direito a repatriar lucros,
ficando estes regidos pelas disposições gerais aplicáveis à atividade comercial e às empresas.
17
Na qual, o Instituto Nacional de Segurança Social e o Ministério da Indústria e Comércio irão juntar-se a esta
plataforma digital, simplificando ainda mais o processo de constituição de empresa. O processo de obtenção do
Registo de Propriedade também mereceu muitas críticas, e por esta razão o Ministério das Obras Públicas e
Ordenamento do Território está a trabalhar para melhorar os procedimentos previstos na Lei de Terra e na
legislação inferior, visando facilitar o acesso à terra.
18
A mesma tem as seguintes atribuições: promover e captar investimentos; privados quer sejam nacionais ou
internacionais; assegurar a recepção e acompanhamento das propostas de investimentos privados a realizar em
Angola; promover a captação do investimento directo estrangeiro para os sectores estratégicos da economia de
Angola; promover o incremento e diversificação das exportações de produtos.
19
A actual lei de investimento privado aprovada em 2018, pelo Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de Março de
2018, trouxe muitas inovações sobre tudo quando comparada com a anterior lei Lei n.º 20/11, de 2011, que
apresentava como obrigatoriedade para se investir no país, parcerias entre o investidor externo e um investidor
nacional sobre tudo quando este investimento fosse direccionado para sectores considerados estratégicos para
economia nacional, a actual lei de investimento neste aspecto superou este requisito que a dado momento pudesse
a vir constituir num verdadeiro obstáculo ao investimento em Angola. A mesma lei apresenta inúmeros incentivos
aos investidores privados, incentivos tanto aduaneiros e fiscais. A mesma protege o repatriamento dos lucros
obtidos pelo investidor após o exercício da actividade produtiva, bem como também protege os interesses do
Estado angolano, a lei estabelece que nem todas as operações financeiras executadas por não residentes cambias
com destino ao território nacional, pode ser considerada investimento estrangeiro, como são os casos das simples
aquisições de acções, sejam em compras de patentes etc (Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de Março de 2018).

39
privado, trouxe muitas inovações, com inúmeros incentivos aos investidores privados,
incentivos tanto aduaneiros e fiscais20.

Actualmente, está em discussão um quadro de incentivos fiscais ao investimento interno


e externo, que será incluído no futuro Código dos Benefícios Fiscais. Além disso, tendo como
objectivo uma alteração da estrutura de produção em Angola, altamente focada e dependente
da exportação de petróleo, que representava 95% das exportações e cerca de dois terços das
receitas do Estado, em 2019.

O governo angolano lançou o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das


Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), que “visa incentivar a fileira
produtiva, com especial enfoque em produtos considerados prioritários para a população
angolana, reduzir o défice da balança cambial em matéria de bens da cesta básica, atrair
financiamento externo e investidores externos e melhorar o clima de negócios”.

A par do PRODESI outros programas e acções que visam atrair IPE foram lancados
pelo governo com destaque para o Programa de Privatização (PROPRIV) e o Programa de
Reconversão da Economia Informal (PREI).

A melhoria do funcionamento das instituições públicas, a construção e reabilitação de


infra-estruturas e transporte, emergia electrica, água e outras inunciam a preocupação que o
governo angolano teve em melhorar o ambiente de negócio.

Segundo Melo (2021), a aplicabilidade deste programa foi reforçada com um aviso do
Banco Nacional de Angola (BNA), o qual estabelece regras para a concessão de créditos a
investimentos que visam a produção de produtos essenciais, como arroz, artigos de higiene,
pecuária, bebidas, cimento, embalagens, leite, varão de aço e vidro. Neste âmbito, foi
estabelecido pelo BNA que o custo total do crédito a conceder, incluindo juro e comissões, não
pode ser superior a 7,5% ao ano.

Relativamente a legislação destacam-se a aprovação das seguintes leis:

A Lei nº 10/21 de 22 de Abril de 2021, lei que altera a Lei nº 10/18 de 26 de Junho de
2018;

20
A mesma protege o repatriamento dos lucros obtidos pelo investidor após o exercício da actividade produtiva,
bem como também protege os interesses do Estado angolano, a lei estabelece que nem todas as operações
financeiras executadas por não residentes cambias com destino ao território nacional, pode ser considerada
investimento estrangeiro, como são os casos das simples aquisições de acções, sejam em compras de patentes etc
(Decreto Presidencial nº 81/18, de 19 de Março de 2018).

40
Lei nº 34/11 de 12 de Dezembro, Lei sobre o combate ao Branqueamento de Capitais e
Financiamento ao Terrorismo, de 26 de Julho de 2018;

Lei nº 19/17, que altera a Lei nº 34/11, de 25 de Agosto – Lei sobre a Prevenção e o
Combate ao Terrorismo.

A Lei nº 5/97 de 27 de Junho, Lei Cambial.

A Lei 5/02-Lei de delimitaação de sectores da actividade económica de 16 de Abril de


2002, revoga toda a legislação contrária no disposto na presente lei, designadamente a Lei nº
13/94, de 2 de Setemrbo de 1994.

41
CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo a concluir o trabalho, observa-se que desde 2017, a diplomacia económica é


uma das mais importantes vertentes da política externa de Angola, mesma passa pela
cooperação estritamente económica e comercial do relacionamento bilateral, regional e
multilateral, promovendo a imagem do País no exterior, com a expectativa de aumentar a
exportação de bens e serviços, mas também para a captação do investimento estrangeiro, com
primazia a parceiro como a Alemanha, Brasil, China, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos,
França, Bélgica, Itália, Índia, Japão, Rússia e Reino Unido e outros.

Percebe-se que o enquadramento macroeconómico do país, apresenta evolução


significativa, na qual destaca-se: Estabilidade política; as alterações nas relações internacionais,
as alterações nas políticas fiscais, e a evolução da economia. Portanto, Angola continua a
consolidar as relações com os principais parceiros estratégicos e diversificar as possibilidades
de financiamento internacional, tendo em conta as vantagens que fundamentam a promoção e
a captação de investimento externo, designadamente, a integração em diferentes organizações
do sistema internacional, a consolidação das relações bilaterais com os principais parceiros
estratégicos internacionais.

De forma a melhorar o ambiente de negócios em Angola, e atrair invetsidores


estrangeiros, o Executivo adoptou estratégias como: Ampliação do mercado interno para os
produtos de produção nacional, com gradual substituição selectiva de importações;
Diversificação das exportações não petrolíferas; Diversificação da estrutura da economia; A
selecção dos sectores a incluir no programa de investimento estrangeiro; Levar em consideração
as indústrias (alimentar, têxtil, vestuário e calçado), construção civil, indústria de reciclagem
de papel, plásticos, equipamentos informáticos, e outros, contidas no Plano Nacional de
Desenvolvimento (PND 2018 -2022).

Foi ainda criado um Regime Especial, aplicado aos investimentos privados realizados
nos sectores de actividade prioritários e nas zonas de desenvolvimento. Das quais: Educação,
formação técnico-profissional, ensino superior, investigação científica e inovação; Agricultura,
alimentação e agro-indústria; Unidades e serviços especializados de saúde; Reflorestamento,
transformação industrial de recursos florestais e silvícolas; Têxteis, vestuário e calçado;
Hotelaria, turismo e lazer; Construção, obras públicas, telecomunicações e tecnologias de
informação, infra-estruturas aeroportuárias e ferroviárias; Produção e distribuição de energia
eléctrica; Saneamento básico, recolha e tratamento de resíduos sólidos.

42
Essas zonas de desenvolvimento actuais, são: Zona A; Zona B; Zona C; e Zona D.
Portanto, apesar dos desafios que a Diplomacia Económica Angola apresenta, que passam,
passam por “manter a estabilidade, demonstrar a novidade, apoiar a tolerância, ser visto como
um bom local para fazer negócios, para viver ou estudar e passar tempo”. Angola tem
demonstrado um crescimento económico bastante atractivo, constituindo-se actualmente como
o polo de maior concentração e atracção de investimento no continente africano. Atentas as
potencialidades económicas e as possibilidades de investimento que o mercado angolano
oferece em vários sectores de actividade.

43
SUGESTÕES

Diante do exposto, e das considerações apresentadas, apresenta-se as seguintes


sugestões:

1) Ao Estado, que continue a envidar esforços no sentido de cada vez mais tornar o
ambiente de negócios mais atractivo em Angola.

2) Que se melhore os mecanismos de facilitação e fiscalização, bem como os de


segurança pública, no sentido de garantir a estabilidade política e a tranquilidade,
para que aos investidores estrangeiros sintam-se seguros e atraídos para investirem
no país;

3) Que se fiscalizem os investidores estrangeiros, e os sectores que eles investem, para


evitar consequências futuras, como o Branqueamento de Capitais e o financiamento
ao terrorismo;

4) Que se aposte em medidas de promoção ao investimento privado tal como atestam


as consecutivas alterações aos diplomas legais que vigoram no país;

5) Que se aposte na produção nacional, de modos a que se criem as condições para


tornar o país menos dependente das exportações de insumos básicos.

44
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