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CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VIANA

Universidade Jean Piaget de Angola

(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE COMBATE A INFLAÇÃO


EM ANGOLA E A SUA INFLUÊNCIA NOS
INVESTIDORES PRIVADOS. (2017-2020)

Autor; Gilberto Jango Bernardo Felisberto


Licenciatura: Economia e Gestão
Opção: Economia e Desenvolvimento
Orientador: PhD: Julien D. Zanzala

Viana, Dezembro de 2021


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VIANA

Universidade Jean Piaget de Angola

(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE COMBATE A INFLAÇÃO


EM ANGOLA E A SUA INFLUÊNCIA NOS
INVESTIDORES PRIVADOS. (2017-2020)

Gilberto Jango Bernardo Felisberto

Economia e Gestão

Opção: Economia e Desenvolvimento


EPÍGRAFE

“A soberba do homem o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra.”

(Provérbios 29:23).

I
DEDICATÓRIA

Em memória, Luciana Paula Bernardo Felisberto (Irmã)

II
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus...

Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me concedeu durante toda a minha vida
pessoal e académica.

Ao meu orientador Phd, Julian David Zanzala, por aceitar de braços abertos e com muito
carinho na feitura deste trabalho, “muito obrigado, meu mentor”.

Aos meus amigos e colegas que durante este tempo labutamos juntos na trincheira
académica, sou infinitamente agradecido pelas constantes trocas de ideias.

Restá-me ainda agradecer à Universidade Jean Piaget de Angola e a todos os professores


do meu curso pela elevada qualidade do ensino oferecido “para sempre serão lembrados”

III
DECLARAÇÃO DE AUTOR

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos da
Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em particular do Regulamento de
Elaboração do Trabalho de Fim de Curso. O trabalho é original excepto onde indicado
por referência especial no texto. Quaisquer visões expressas são as do autor e não
representam de modo algum, quaisquer visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em
parte, não foi apresentado para avaliação noutras instituições de ensino superior nacionais
ou estrangeiras.

Mas informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho é a Norma APA.
Assinatura:_________________________________________________

Data: ____/____/ _____

IV
LISTA DE SÍGLAS E ABREVIATURAS

APUD. - Citado Por Outro Autor

AT ALL. - E Outros Autores

BNA. - Banco Nacional De Angola

BODIVA. - Bolsa De Valores de Angola

Ed. – Edição

H. - Hipóteses

IPC. - Índice Do Preço Do Consumidor

N.º - Número

P. – Página

PIB. - Produto Interno Bruto

Pp. – Páginas

Tn. - Taxa Nominal

DEF. – Défice

BM. – Base Monetária

AOA. – Unidade Monetária Angola (Kwanza)

INE. – Instituto Nacional De Estatística

PND. – Plano Nacional De Desenvolvimento

G. – Gastos Do Governo

TN. - Taxa Nominal

TR. – Taxa Real

V
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo geral analisar a inflação, bem como as políticas de
combate pelo BNA e a sua influência sobre os investidores privados. Desta feita, foram
delineados os seguintes objetivo especifico: (1) Compreender a inflação; (2) Descrever
os tipos de inflação; (3) identificar os principais factores da inflação e a sua influência
nos investidores privados. Quanto á fundamentação teórica, a pesquisa buscou
atempadamente fazer uma breve explicação relativamente as causas explicativas da
inflação, onde se enfatizou as causas da inflação numa economia, abordou-se ainda
relativamente as diferentes visões sobre a inflação, visão monetarista, visão keynesiana,
onde se verificou a visão de cada autor relativamente a inflação, posteriormente falou-se
das consequências da inflação sobre várias áreas da economia, e buscou-se os modelos
anti-inflacionários que servem para prevenir e combater a inflação, falou-se finalmente
da inflação em Angola e a sua influência sobre os investimentos privados, citou-se os
tipos de investimento privados em Angola. Relativamente a metodologia, optou-se pelo
método misto, isto é uma abordagem qualitativa quantitativa. Usou-se como instrumentos
de investigação, a recolha de dados documentais, que permitiu termos informações, que
serviram de suporte e sustentabilidade do conteúdo apresentado. Nesta senda, os dados
foram tratados com base na análise descritiva onde foi possível demostrar que a inflação
tem um impacto muito significativo sobre os investimentos privados. Uma vez que os
indicadores verificados assim apontam.

Palavras-Chave: Inflação, Políticas de Combate, Investimento Privado

VI
ABSTRACT

The present study had as general objective to analyze inflation, as well as the combat
policies by the BNA and its influence on private investors. This time, the following
specific objectives were outlined: (1) Understand inflation; (2) Describe the types of
inflation; (3) identify the main factors of inflation and their influence on private investors.
As for the theoretical foundation, the research sought in time to make a brief explanation
regarding the explanatory causes of inflation, where the causes of inflation in an economy
were emphasized, it was also relatively addressed the different views on inflation,
monetarist view, Keynesian view, where it verified the vision of each author regarding
inflation, afterwards the consequences of inflation on various areas of the economy were
discussed, and anti-inflationary models that serve to prevent and fight inflation were
sought, and inflation in Angola was finally discussed. and its influence on private
investments, the types of private investment in Angola were cited. Regarding the
methodology, we opted for the mixed method, that is, a qualitative and quantitative
approach. It was used as research instruments, the collection of documentary data, which
allowed us to have information, which served as support and sustainability of the content
presented. In this way, the data were treated based on descriptive analysis where it was
possible to demonstrate that inflation has a very significant impact on private investments.
Since the indicators verified so point.

Keywords: Inflation, Combat Policies, Private Investment

VII
ÍNDICE GERAL

EPÍGRAFE ........................................................................................................................ I

DEDICATÓRIA ............................................................................................................... II

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... III

DECLARAÇÃO DE AUTOR ........................................................................................ IV

LISTA DE SÍGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................V

RESUMO ....................................................................................................................... VI

ABSTRACT .................................................................................................................. VII

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

Identificação Do Problema ............................................................................................... 1

Objectivos do estudo: ....................................................................................................... 1

Objectivo Geral: ............................................................................................................... 1

Objectivos Específicos: .................................................................................................... 2

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ....................................................................................... 2

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................................... 2

DEFINIÇÃO DE CONCEITOS ....................................................................................... 3

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA .................................... 4

1. CAUSAS EXPLICATIVAS E TIPOS DE INFLAÇÃO ............................................. 5

1.1 Metas De Alto Nível De Emprego........................................................................ 9

1.2 DÉFICE ORÇAMENTAL.................................................................................. 11

1.3 MEDIDAS DA INFLAÇÃO .............................................................................. 12

1.3.1 Determinação do índice de preços ao consumidor (IPC) ................................... 13

1.3.2 Problemas do IPC ............................................................................................... 14

1.4 VISÕES SOBRE A INFLAÇÃO ....................................................................... 15

VIII
1.4.1 Visão monetarista ............................................................................................... 15

1.4.2 Visão keynesiana ................................................................................................ 16

1.5 CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO ............................................................... 17

1.5.1 Efeitos da inflação sobre o valor da moeda ........................................................ 19

1.5.2 Efeitos da inflação sobre o mercado de crédito e o investimento ....................... 20

1.5.3 Efeitos da inflação sobre a balança de pagamento ............................................. 21

1.5.4 Efeitos da inflação sobre o desemprego ............................................................. 21

1.5.5 Inflação crescimento económico ........................................................................ 22

1.6 POLÍTICAS DE COMBATE À INFLAÇÃO .................................................... 23

1.6.1 Caracterização da economia ortodoxa ................................................................ 24

1.6.2 Políticas ortodoxas de combate à inflação .......................................................... 25

1.6.3 Monetaristas e política de combate à inflação .................................................... 26

1.6.4 Políticas heterodoxas de combate à inflação ...................................................... 27

1.6.5 Políticas Keynesianas de combate à inflação ..................................................... 29

1.6.6 Políticas Pós-Keynesianas de combate à inflação .............................................. 30

1.6.7 Caracterização da economia heterodoxa............................................................. 31

1.7 Modelos anti-inflacionários ................................................................................ 33

1.7.1 Modelo tradicional .............................................................................................. 34

1.7.2 Modelo neoclássico ............................................................................................ 35

1.7.3 Modelo neokeynesiano ....................................................................................... 37

1.8 A inflação em Angola ......................................................................................... 38

1.9 TIPOS DE INVESTIMENTO ............................................................................ 39

1.9.1 Principais vantagens dos Fundos de Investimento ............................................. 40

1.9.2 Riscos que podem estar associados aos Fundos de Investimentos. .................... 41

1.10 INVESTIMENTO PRIVADO SEU EFEITO NA ECONOMIA ....................... 41

IX
1.10.1. Taxa Real Vs Taxa Nominal............................................................................... 43

1.10.2. INVESIMENTO PRIVADO EM ANGOLA ..................................................... 44

CAPÍTULO II: OPÇÕES METODOLÓGICAS ............................................................ 46

2.1 MODO DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................... 46

2.2 HIPÓTESES ....................................................................................................... 46

2.3 VARIÁVEIS ....................................................................................................... 46

2.4 OBJECTO DO ESTUDO ................................................................................... 46

2.5 INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO........................................................... 46

CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS RESULTADOS .... 47

EFEITO DAS POLITICAS DE COMBATE A INFLAÇÃO E SEU IMPACTO NOS


INVESTIFORES PRIVADOS ....................................................................................... 47

3.1 Negociações Anuais .............................................................................................. 47

3.2 Crescimento em cada sector de Actividade .......................................................... 48

3.3 Maiores negociações no mercado de bolsas.......................................................... 49

3.4 Questionário de perguntas abertas dirigida a direção do Banco de Fomento


Angolano. (BFA) ............................................................................................................ 50

3.5Analise dos Resultados .............................................................................................. 51

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 53

RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 55

ANEXOS ........................................................................................................................ 57

X
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1; Determinantes da Inflação de Custo................................................................ 7

Gráfico 2; Inflação de demanda ..................................................................................... 10

Gráfico 3; Aumento da Moeda ....................................................................................... 12

Gráfico 4; Nível de Preços.............................................................................................. 34

Gráfico 5; Efeito de uma expectativa não realizada ....................................................... 35

Gráfico 6; Nível agregado de Preços .............................................................................. 36

Gráfico 7; Nível Antecipado de Preços .......................................................................... 38

Gráfico 8; Nível Inflação em Angola ............................................................................. 39

Gráfico 9; Negociações Anuais ...................................................................................... 47

Gráfico 10; Crescimento em cada sector de Investimento ............................................. 48

Gráfico 11;Negociações no mercado de Bolsas ............................................................. 50

Gráfico 12; Inflação e compra de Imobiliários ............................................................... 52

XI
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1; Inflação Anual em Angola .............................................................................. 38

Tabela 2; Negociações Anuais ....................................................................................... 47

Tabela 3; Negociações no mercado de Bolsas................................................................ 49

Tabela 5; Negociações em Bilhões................................................................................. 51

XII
INTRODUÇÃO

A literatura Económica aponta várias causas da inflação, porem a mais evidenciada


é a considerada pelos economistas da escola de pensamento monetarista – a inflação é um
fenómeno monetário ela não surgirá se as autoridades monetárias não aumentassem
continuamente a oferta de moeda para acomodar a demanda agregada.

Vários instrumentos de políticas foram e têm sido aplicados para controlar a inflação
e aumentar os investimentos privados; o que se pretende nesta pesquisa é analisar a
tendência da inflação entre 2017 a 2020, os instrumentos de políticas que influenciaram
essa tendência, os impactos destas políticas de combate à inflação e os seus efeitos nos
investidores Privados

A presente monografia tem uma introdução, dois capítulos e referências


bibliográficas. A introdução cuida de aspectos genéricos sobre o tema, tais como a
identificação do problema, dos objetivos, da importância do estudo, da delimitação da
pesquisa e da definição dos principais conceitos usados. O primeiro capítulo compreende
a fundamentação teórica, ou seja, o conjunto de conceitos e de teorias, bem como as
relações entre elas, que dizem respeito ao objecto de estudo. O segundo cuida da
Metodologia empregue na presente Monografia até à defesa pública do Trabalho de Fim
de Curso.

Identificação Do Problema

A presente pesquisa tem como problemática as políticas de combate à inflação


utilizadas pelo BNA, e o seu impacto nos investidores privados no período de 2017 a
20120. Deste modo, o problema colocado consiste na seguinte pergunta de partida;

Quais têm sido as influências das políticas de combate à inflação sobre os


investidores privados?

Objectivos do estudo:

O presente Trabalho de Fim de Curso tem como objectivos gerais e específicos os


elucidados abaixo:

Objectivo Geral:

Analisar a inflação, bem como as políticas de combate adoptadas pelo BNA e a sua
influência sobre os investidores privados.

1
Objectivos Específicos:

1) Compreender a Inflação;
2) Descrever os tipos de Inflação;
3) Identificar os principais factores da inflação e a sua influência nos
investimentos privado;

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Teórica: atendendo a globalização e o desenvolvimento da economia, é de extrema


importância como acadêmicos, analisar a inflação minuciosamente, uma vez que a mesma
temática poderá trazer benefícios aos acadêmicos, e igualmente demostrar informações
pertinentes, relativamente a temática em análise, e consequentemente demostrar como esta
se relaciona com o investimento privado.

Prática: Em termos práticos, será de grande valia para a economia angolana,


particularmente para o banco central, pois demostrará até que ponto, a economia pode
influenciar os investimentos privados, e consequentemente contribuir no aumento do
conhecimento aplicáveis por parte do investigador, e posteriormente aos demais
interessados.

DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O presente trabalho limita-se, do ponto de vista espacial, em Angola.

Quanto à delimitação teórica, o mesmo delimitou-se ao Pensamento clássico.

Quanto à delimitação temporal, o presente trabalho compreende o período que vai de 2017
a 2020.

2
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

O fenómeno inflacionário é descrito como a expansão monetária da Economia de um país. É


uma elevação sustentada do nível geral de preços da economia, conhecido como nível de
preços, ou seja, o aumento da quantidade de dinheiro em circulação no sistema financeiro. E
que consequentemente ocasiona um aumento generalizado de preços, a taxa de inflação é a
representação perceptual do aumento de preços. (Blanchard 2009, p.76)
Inflação: ocorrência do aumento do nível geral de preços medias ponderadas dos preços de
milhares de produtos individuais. O índice de preços do consumidor (IPC), quantifica o custo
de um cabaz de produtos e serviços de mercado relativamente ao custo desse conjunto
determinado ano base. Percebe-se assim, que a inflação é o resultado da insuficiência da
produção na economia que pode apresentar em diferentes tipologias e causas. Samulsom
(2010, p.609)

Inflação – “A inflação pode ser definida como, o aumento continuo, persistente e


generalizado do nível dos preços.” (Vianna 2003, p.67)

Investimento – “Trata-se de qualquer gasto ou aplicação de recursos que produza


um retorno futuro.” (Clemente 2009, p.03)

3
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

4
1. CAUSAS EXPLICATIVAS E TIPOS DE INFLAÇÃO

Inflação é um dos termos sobre economia mais falado, além disso os efeitos dela são
sentidos facilmente pela população no nosso dia-dia, sendo o índice que apresenta o
aumento de preços de bens e serviços, é indispensável saber as causas e tipos de inflação.

As causas da inflação correspondem as categorias de inflação, com excepção das que se


referem ao tamanho da variação nessa variável (inflação galopante), e das que se referem ao
espaço temporal ao fenômeno (inflação prolongada, corrente e crônica). (Vianna (2003, p.
54)
As causas explicativas da inflação são múltiplas e por vezes divergentes; a sua
complexidade leva muitas vezes a serem confundidas com o próprio efeito.

Uma das causas da inflação é o aumento da emissão de papel-moeda pela autoridade


monetária para cobrir os gastos do estado.

Em presença de tal fenômeno, há fortes probabilidades de haver um maior volume


de liquidez em circulação no mercado, sem necessariamente, refletir positivamente e de
forma significativa na criação da riqueza, ou seja, no aumento da produção.

Samuelson. (2010, pp.613), ao estudarem as causas da inflação, dividiram-na como: Inflação


via demanda; causada pelo excesso de demanda de um determinado sector; Inflação via
custo; originada pelo aumento de custos directos de matérias-primas ligadas a produção;
Inflação inercial ou psicológica; devido a expectativas racionais; Inflação estrutural;
originada por falta da eficiência das infraestruturas envolvidas no processo de produção, que
é parte, para adquirir a mesma quantidade de produto, exige maior quantidade de dinheiro,
grande inflação.
Segundo Mattos (2011, p. 56), dentre as causas Macroeconómicas da inflação,
apontam-se: “(i) Excesso de emissão de moeda; (ii) escassez de capital; (iii) défice
governamental; (iv) expectativa inflacionária; (v) aumento salarial.”

A primeira causa apresenta por Mattos tem a ver com a quantidade excessiva de
moedas no mercado que por sua vez provoca uma subida no nível geral de preços, pois os
produtores precisariam responder a procura elevada, o que nem sempre é possível devido
à escassez de recursos.

Aumento da renda disponível, aumento dos gastos públicos, expansão do credito e redução
das taxas de juros, as expectativas dos agentes econômicos e aumento da quantidade de
moeda em circulação. Contudo nem sempre é possível aumentar a produção como resposta
ao aumento da demanda. (Samuelson 2005, p.120),
Existem vários factores que podem provocar pressões da demanda na economia,
entre eles:

5
Sabe-se que variação da demanda agregada tem efeito significativos sobre o produto,
Por exemplo no curto prazo, um aumento da demanda agregada é respondido com o
aumento dos preços e de produtos, isto ocorre devido a rigidez de elementos de custos de
produção como, por exemplo, salário, neste caso os agentes econômicos, tal como
produtores, aproveitam para produzir mais quando os níveis de demanda elevam.

A perspectiva clássica que quando os trabalhadores sentirem o aumento dos preços resultante
da resposta de um aumento da demanda, pressionarão para o aumento dos salários e uma vez
que os custos aumentarem tanto quanto os preços, as empresas não haverá qualquer incentivo
para aumentarem o seu produto. (Vianna 2003, p 89)
A ideia dos economistas clássicos como Adam Smith, é baseada numa perspectiva
de longo prazo, eles acreditam que no longo prazo tudo se estabelece, isto é, os custos que
na análise Keynesiana são considerados rígidos por se tratar de curto prazo, aqui se ajustam
e tornam-se variáveis

Portanto, a inflação de demanda ocorre quando o aumento da quantidade de moeda


em circulação não é acompanhado por um aumento rápido da quantidade de bens e serviços
produzidos.

O aumento da quantidade de moeda em circulação significa que há maior liquidez na


economia, o poder de compra aumenta, os agentes econômicos procuram por maiores
quantidades de bens e serviços e quando não são correspondidos a consequência é a elevação
dos preços. (Bravo, 1992, p.82).
Geralmente o governo aumenta a quantidade de moeda circulação para cobrir os seus
défices orçamentais e por algumas exigências de natureza social; vejamos como isso
acontece. A falta de recursos pode ocasionar inflação, à medida que os preços aumentam
para que as vendas possam vir a compensar.

A inflação de custos ocorre quando os custos de produção aumentam em que se verifique um


aumento na demanda de bens e serviços ou de factores de produção. Esta situação é
caraterística das economias modernas em que os sindicatos dos trabalhadores exercem
grande influência nas negociações. (Bravo, 1992, p.84).
A principal variável causadora de inflação de custo é o salário. Quanto os sindicatos
de trabalhadores têm grande poder de negociação, poderão obter aumento excessivo de
salários sempre que exercerem pressão, podendo assim gerar inflação, tal como
apresentado na figura

6
Gráfico 1; Determinantes da Inflação de Custo

Da inspecção visual da Figura 1.1, no ponto 1, verificá-se uma situação de equilíbrio


(a oferta é igual a procura); se os sindicatos pressionarem o aumento dos salários e forem
bem-sucedidos, acontece que as empresas passarão a suportar custos mais elevados o que
as levará a retraírem suas ofertas, é assim que a curva AS1 se desloca para AS2.

“A retracção da oferta terá como consequência uma diminuição do produto, no


ponto l' o produto está abaixo do nível de taxa natural de pleno emprego e com o preço
mais elevado.” (Mishkin, 2000, p. 34).

Tal como já foi mencionado acima, um dos objectivos dos mentores de política
económica é alcançar elevado nível de emprego, portanto para levar o produto a funcionar
no nível de taxa natural de pleno emprego:

“Pode se usar a política monetária expansiva que permitirá o deslocamento da


curva da demanda para a direita (de ADI para AD2), gerando uma segunda situação com
preços mais elevados (P2)” (Mishkin, 2000, p. 40).

Uma vez que a sua demanda foi acomodada, os sindicatos pressionarão novamente o
aumento dos salários e o cenário será o mesmo tal como foi descrito: retacção da oferta
aumento dos preços e expansão da demanda.

7
“Se o processo continuar os preços vão aumentar cada vez mais gerando assim a
inflação de custo.” (Mishkin, 2000, Bravo 1992, P 42).

Na análise da inflação de demanda e da inflação de custo, apontou-se que a política


que permitiria os mentores de política econômica alcançar o seu objectivo de alto nível de
emprego é a monetária (política expansionista), a política fiscal impossibilitaria alcançar
esse objetivo, porque o governo tem uma restrição orçamental, isto é, um limite máximo
de gastos e um limite mínimo de impostos, o que impossibilita deslocar a curva da demanda
continuamente

Em casos de verificação de desequilíbrios na balança corrente, ou seja. em presença dos


défices constantes na Balança de Pagamentos de país. 2) Os agentes econômicos na
expectativa de uma possível inflação, na forma como o estado poderia emitir moeda
excessivamente, os produtores podem subir os preços, ou até as famílias aumentarem a sua
propensão marginal a poupar o que ocasiona uma escassez de capita; 3) É um factor
provocador do aumento da demanda de consume e case não seja acompanhada pela
capacidade produtiva da economia, pode ocasionar uma subida dos preços dos bens e
serviços disponíveis no mercado em oferta”. Samuelson et al (2010, pp.98-112).
Os culpados preferidos dos surtos inflacionários são as altas do sector de enclave
causado por tensões no Oriente Médio, eventos climáticos como escassez ou excesse de
chuvas, as pressões sindicais por maiores salários ou até mesmo a subida das tarifas áreas,
da energia eléctrica e dos fretes. Argumenta ainda que um mau entendimento em relação a
inflação pode causar distorções na hora de definir suas causas. Assim, as fontes da inflação
deixam de ser o banco central e o sistema bancário de reservas fraccionárias, e a avaliação
passa a ser qualquer outro fenómeno não relacionado com essas instituições.

O autor defende que o banco central não pode ser visto como uma instituição que
nada tem a ver com a inflação, passando a ser considerado (banco central) como um
guerreiro contra a inflação.

Samuelson (2010, p.611), destaca a existência de três tipos, ou graus de inflação,


nomeadamente: (i) inflação moderada; (ii) inflação galopante; (iii) hiperinflação.(i) “É
caracterizado pelo aumento lento e previsível dos preços, ou seja, é definida como uma
inflação anual de um só dígito (é mais frequente nos países industrializados).

Essa categoria de inflação não acarreta consequências graves para a economia, pois
a este nível verifica-se uma relativa estabilidade dos preços e permite que os agentes
económicos planeiem os seus negócios com certa segurança. A inflação moderada pode ser
estimulante sobretudo em economias em via de desenvolvimento

ii) “É caracterizada como uma inflação de dois ou três dígitos, ou seja, 20, 100
ou 200% ao ano.” (Samuelson, 2005, p. 614)

8
Este tipo de inflação traz consigo grave distorções económicas no ponto de vista
técnico. A esses níveis as consequências económicas são graves, os preços são instáveis, o
dinheiro perde muito rapidamente o seu valor, mas a sobrevivência da economia não é
posta em causa.

iii) Quase nada de bom se pode dizer acerca de uma economia em que os preços estão a
aumentar um milhão ou até mil milhões porcento ao ano. Em parte, a hiperinflação tem sido
interessante para os estudantes de inflação por evidenciar os seus efeitos desastrosos na
economia, a hiperinflação é caracterizada por um aumento muitíssimo rápido e
extremamente violento do nível geral dos preços, as taxas de inflação podem variar de 201%
para cima. Por exemplo, as taxas podem vir a atingir um milhão ou um bilhão por cento ao
ano (Samuelson, 2005, p. 614).
As consequências económicas são drásticas, o poder de compra reduz drasticamente,
ao contrário das duas primeiras categorias em que a economia consegue ainda sobreviver,
aqui a situação é fatal, a economia se abate.

“Um dos casos célebres de hiperinflação é a hiperinflação Alemã no período de


1921-1923, resultante dos gastos para reparação dos danos provocados pela primeira
guerra mundial” (Mishkin,2000, p. 89).

Com o intuito de financiar o seu défice, o governo alemão recorreu a impressão de


moeda, dado o baixo nível de actividade económica na altura. O aumento contínuo da
quantidade de moeda sem o respaldo da actividade económica resultou em níveis de preços
elevadíssimos. Por exemplo, a taxa de inflação no ano de 1923 ultrapassava 1 milhão %.
O dinheiro perdia o valor de forma rapidíssima, de tal modo que as pessoas procuravam
desfazer-se dele antes que perdesse o valor.

Como temos vindo a referir, geralmente o governo aumenta a quantidade de moeda


em circulação para cobrir os seus défices orçamentais e por algumas exigências de natureza
social.

1.1 Metas De Alto Nível De Emprego

As noções básicas de economia demonstram que o desemprego existe e sempre existirá,


mesmo no nível de pleno emprego o desemprego não é nulo, isto é fruto dos atritos no
mercado de trabalho, dos desencontros entre empregados e empregadores.” (Mankin, 2012,p
98)
Um dos grandes objetivos dos mentores de política económica é o alto nível de
emprego, contudo, a curto prazo a concretização desse objectivo pode levar a políticas
monetárias inflacionárias, E Se a meta estabelecida de desemprego for abaixo do nível de
taxa natural, isto poderá criar uma situação propícia para o aumento da taxa de crescimento
da moeda e, por conseguinte inflação.
9
Gráfico 2; Inflação de demanda

Tal como apresenta a Figura 1.2, a curto prazo 𝒀𝒏 representa o produto no nível de
taxa natural, como a meta é alcançar um nível bastante reduzido de desemprego, os
mentores de política económica recorrem a política monetária expansionista.

A curva da demanda desloca-se de ADI para AD2 tendo como consequência um nível
de produto mais elevado, e quando o produto aumenta os salários e preços tendem aumentar
rapidamente, o que vai resultar numa retração da oferta, deslocando a curva AS1 para AS2
(situação 2), se o processo continuar vamos verificar que os níveis de preços tornam-se
cada vez mais elevados (P1 a P4), mas o produto não aumenta na mesma proporção. A
conclusão é que quando se pretende alcançar elevado nível de produto (baixo nível de
desemprego) através da política monetária expansionista o que se consegue mesmo silo
níveis de preço cada vez mais elevados.

Uma política monetária contracionista produz efeitos contrários, não permite que os
mentores de política económica alcancem os seus objectivos, pois ela tem como
consequência a retração da demanda agregada, quando isso acontece os níveis de preço são
mais baixos, porém o desemprego é mais elevado.

10
1.2 DÉFICE ORÇAMENTAL

Tal como as famílias e as empresas, o estado também com as suas de suportá-las. Para
suportarem suas despesas, as famílias e as empresas em duas alternativas: trabalhar para
geras receitas ou fazer empréstimos, porém o estado pelo dessas alternativas tem mais uma,
que é a emissão de moda. (Mishkin. 2000, p. 79).
Quando estado arrecada uma quantia de receitas inferior ao necessário para suportar
as suas despesas, dizemos que se está perante uma situação, de défice, isto é, as despesas
são superiores as receitas.

De acordo com Mishkin (2000, p.73) “As maneiras do estado financiar os seus gastos
podem ser descritas por uma expressão denominada restrição orçamentária de BV
segundo a qual.”

DEF = G -T = ∆𝐵𝑀 + ∆𝐵

Onde: DEF - significa défice, equivalente a diferença entre os gastos do governo (G)
e os impostos arrecadados (T)

ABM - Variação da base monetária, que compreende a circulação monetária (papel


moeda em poder do público) mais as reservas (notas e moedas existentes nos bancos mais
os depósitos & ordem possuídos pelos bancos junto do banco central).

AB - Variação do stock de títulos do governo em poder do público.

Quando o défice é financiado pela emissão de títulos não tem nenhuma influência sobre a
base monetária nem sobre a oferta de moda, porém se o défice for financiado pela emissão
de moeda, influencia a base monetária, aumenta a quantidade de moeda e pode levar a
inflação. (Samuelson, 2005, p.82)
Vale salientar que o défice é considerado fonte de inflação quando se verificam duas
situações a persistência do défice e o seu financiamento através da criação de moda. Isto
significa que quando uma situação de défice é superada através de um único financiamento
com a criação da moeda não gera inflação, é certo que os níveis de preço serão mais
elevados devido ao aumento verificado da quantidade de moeda em circulação e que faz
deslocar a curva da demanda para cima tal como mostra a Figura 1.3. mas a inflação
sustentada só se verificará caso o défice for financiado várias vezes com a criação de
moeda.

11
Gráfico 3; Aumento da Moeda

Quando o défice é persistente, há necessidade de se criar mais moeda a fim de que


seja superado e na busca dessa superação incorre-se a preços cada vez mais elevados, isto
é uma inflação sustentada. A situação é idêntica a ilustrada na Figura 1.2.

1.3 MEDIDAS DA INFLAÇÃO

Há vários índices que mostram o quanto os preços sobem ou descem em


determinados períodos, cada índice aponta uma inflação diferente, tudo por conta da alta
dos preços que por sinal não atinge a todos.

A análise da evolução dos níveis de preços pode ser feita através de diferentes índices de
preços como: índice de preços do produto interno bruto (PIB) também denominado deflator
do PIB, índice de preço no produtor (IPP), que mede o nível de preço ao produtor, e o mais
frequentemente utilizado e que aqui interessa aprofundar é o índice de preço ao consumidor
(IPC) (Samuelson, 2005, p.78).
A maior parte dos países utiliza o índice de preços ao consumidor para medir a
evolução dos níveis de preço na economia.

Este índice consiste em determinar o custo da cesta básica dos bens e serviços consumidos
na economia de um ano em relação ao outro ano tido como base, e a cesta básica
normalmente inclui bens consumidos pelo cidadão de classe média tais como: bens
alimentares, vestuário, habitação, transporte e saúde. (Bravo, 1992, p.80).
E assim podemos usar para observar a tendência da inflação. É calculando com a
base no preço médio necessário para comprar um conjunto de bens de consumo e produto.

12
1.3.1 Determinação do índice de preços ao consumidor (IPC)

A determinação do índice de preço no consumidor é uma tarefa delicada que envolve


um processo que vai desde a escolha da amostra da população até o cálculo do IPC
(BCV,2008).

O primeiro passo na determinação do IPC é a determinação da amostra da população,


isto é, a parte da população sobre a qual vão incidir os estudos. Realiza-se um inquérito
preliminar no intuito de determinar o conjunto de bens e serviços que vão constituir a cesta,
que é baseada nos padrões de compra dos consumidores ou seja fazem parte da cesta o
conjunto de bens e serviços tidos como básicos.

Este inquérito ditará também a ponderação a ser dada a cada bem ou serviço no total
das despesas do consumidor, isto é, qual é a percentagem do rendimento que o consumidor
despende para a compra de cada bem ou serviço, por outro lado, através da realização de
inquéritos registam-se durante um determinado período de tempo os preços e a
periodicidade com que as despesas são realizadas (mensal, trimestral ou anual), o período
de realização das despesas ajuda a determinar os bens que vão constituir a cesta e por fim
calcula-se o IPC (BCV, 2008).

Figura 1.4: Processo de Determinação do IPC

Cesta básica e Cálculo do IPC


Amostra da Realização
peso dos itens
população de inquéritos
Itens

Fonte: Elaboração

“O índice de preço no consumidor é calculado mensalmente ou anualmente, e


compreende o rácio entre o preço actual da cesta básica e o custo da mesma cesta
noperíodo de referência multiplicado por 100” (Abel, et al, 2008, p.94).

Para calcular o IPC são necessários os seguintes elementos:

1PCn = Valor do IPC no ano n, ex: 2018.

𝑃𝑛𝐴 = Preço do bem A no ano n (2018)

𝑃𝑏𝐴 = Preço do bem A no ano base, ex: 2017.

13
𝑝𝐴 𝑃𝐵 𝑃𝐶
IPCn = 𝑃𝑛𝐴 ⋅ 100 (% relativa de A) + 𝑃𝑛𝐵 x 100 (% relativa B) + 𝑃𝑛𝐶 × 100 ( % relativa
𝑛 𝑏 𝑛

C) + alteração verificadas para todos os restantes bens (3)

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟
𝐼𝑃𝐶2018 = 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟2018 × 100 (eq.1.4)
2017

Este índice é conhecido como índice de Taspeyres, utilizado pela maioria dos institutos de
estatística do mundo, por ser mais fácil de calcular em relação aos outros (tal como índice de
Paasche), pois considera as ponderações fixas, ou seja, o peso de cada bem corresponde aos
do ano base, não há necessidade de se conhecer constantemente as mudanças na estrutura de
consumo tal como no índice de Paasche (Bravo, 1992, p.72).
Uma vez calculado o IPC, pode-se calcular a taxa de inflação (conforme já
apresentado nas pontes antecedentes) que é expressa por:

𝐼𝑃𝐶𝑛−𝐼𝑃𝐶(𝑛−1)
Taxa de inflação = 𝐼𝑃𝐶(𝑛−1)

Onde: IPCn = Ano considerado e IPC (n-1) = Ano anterior

1.3.2 Problemas do IPC

Apesar do índice de preços no consumidor ser adoptado por grande parte dos
países para medir a inflação e ser utilizado para determinados fins como, indicador do custo
de vida, ele apresenta algumas ineficiências.

Estudos sobre este índice revelaram que o IPC pode sobrestimar a verdadeira taxa de inflação
em um ou dois pontos percentuais, isto é, se a inflação for de 7%, o IPC pode apresentar
taxas de 8 ou 9%, isto acontece devido a factores como: (i)Dificuldade de medir as mudanças
na qualidade dos bens; (i) Ponderação fixa para cada bem. (Abel, 2008, p. 92).
Quando o preço de um bem ou serviço aumenta por proporcionar mais satisfação,
não se pode considerar esse aumento como inflação, quando os estatísticos não fazem essa
distinção sobrestimam a inflação.

Esse problema é denominado por viés de ajuste da qualidade. isto é, considera-se que
os bens e serviços da cesta dos consumidores não variam ao longo do tempo. O custo de
vida é sobrestimado na medida em que não se considera que os consumidores podem
substituir bens e serviços mais caros por outros mais barato, quando verificam o aumento
de um bem ou serviço da cesta, a conclusão é que o custo de vida aumentou. Este problema
é denominado viés de substituição

“Essas subestimações da taxa de inflação têm como consequência a subestimação


do custo de vida, também a renda das famílias é subestimado na mesma proporção que os
valores de previdência social.” (Abelet et, al, 2008, p.94).

14
Este problema faz com que a taxa de inflação calculada usando-se uma cesta fixa de
produtos ao longo do tempo exagere o aumento real do custo de vida tendo em vista que
considera que as pessoas podem substituir os produtos que tiverem seus preços aumentados
desproporcionalmente

1.4 VISÕES SOBRE A INFLAÇÃO

Várias correntes do pensamento económico tais como: clássicos, neoclássicos.


keynesianos, monetaristas, estruturalistas e outras deram o seu contributo no que concerne
as teorias sobre inflação, porém as mais abordadas são a visão monetarista e a keynesiana.
Por razões de delimitação de tópico, estas duas últimas visões são as que serão mais
abordadas.

As visões monetaristas e keynesianas sobre inflação têm pontos em comum, ambas


consideram que a inflação é um fenómeno monetário, ela não existiria se a demanda
agregada não fosse acomodada com a oferta da moeda, ou seja ocorre sobretudo com o
aumento da taxa de crescimento da oferta da moeda.

Os monetaristas consideram que a oferta da moeda é o único factor que influência a demanda
agregada, os keynesianos consideram que para além da oferta da moeda existem outros
factores que influenciam a demanda agregada como: a variação dos gastos do governo,
variações dos impostos disponibilidade das empresas e consumidores gastarem. (Samuelson,
2005, p. 90).
Esta é uma das principais diferenças entre as duas visões reside nas abordagens sobre
os determinantes da demanda agregada.

1.4.1 Visão monetarista

Os monetaristas, representados principalmente por Milton Friedman, explicam o processo


inflacionário através da teoria quantitativa da moeda. Essa teoria foi desenvolvida por Irving
Fisher no século XX e tinha como objectivo analisar a relação entre a quantidade de moeda
oferecida e a quantidade das despesas em bens e serviços produzidos na economia, podendo
ser expresso através da equação de troca (Mishkin,2000, p.98)
M.V = P.Y (eq.1.3)

Onde: M - Representa a oferta da moeda, isto é, volume de moeda na economia num


dado momento;

V- Velocidade da moeda, representa em média o número de vezes que um dólar é

utilizado na compra de bens e serviços durante o ano.

P - Nível de preços

Y- Produto agregado;
15
PX Y - total das despesas, renda nominal ou PIB nominal

“A teoria quantitativa da moeda, no curto prazo, diz que existe uma relação
proporcional entre a quantidade da moeda e o nível de preços”. (Kato, 2014, p. 89).

Uma vez que se considera que no longo prazo a oferta da moeda não influencia a
velocidade de circulação nem o produto, isto é, a moeda é neutra. Para além da hipótese da
neutralidade da moeda, existem ainda outras duas que garantem a relação proporcional
entre a oferta da moeda e os níveis de preço: A moeda é uma variável exógena (determinada
pelas autoridades monetárias) e a velocidade de circulação é previsível ou constante

Portanto, uma das premissas principais da teoria da moeda é que quando o governo
aumenta a quantidade de moeda em circulação a renda disponível aumenta, a demanda por
bens e serviços aumentam, o que cria uma pressão sobre o aumento dos preços.

“Os economistas clássicos, tal como David Hume, consideram que os movimentos
nos níveis de preços são resultado exclusivamente das variações da oferta da moeda.”
(Samuelson 2005, p. 977).

Terminando assim por defender que a causa primaria da inflação é o aumento da


moeda.

1.4.2 Visão keynesiana

Para Keynes a inflação não existiria se o produto não se situasse no nível de pleno
emprego, Mas essa preposição foi desacreditada quando em 1970 a economia norte
americana se deparou com níveis de preço muito elevado e ao mesmo tempo elevado nível
de desemprego, o que ficou conhecido como o fenómeno da estagflação.

Keynes não explicou a inflação com base na teoria quantitativa da moeda, apesar de tê-la
estudado e revolucionado. Para Keynes, a inflação tem origem no excesso de demanda,
provocada pelo défice e pelo endividamento do sector privado”. (Keynes, 1930, p. 900).

Tal como os monetaristas, Keynes também considera que a inflação é um fenômeno


monetário, para além da oferta da moeda ele considera que existem outros factores que
influenciam a demanda agregada tais como:

“A variação dos gastos do governo, variações dos impostos e disponibilidade das


empresas e consumidores gastarem” (Samuelson, Mankiw, pp. 987),

Contudo esses factores não provocam inflação tal como já foi demonstrado nas
causas explicativas de inflação, para que haja inflação é necessário um deslocamento

16
continuo da curva da demanda agregada e através desses factores mencionados por Keynes
não é possível deslocar continuamente a curva da demanda agregada.

O governo não pode aumentar continuamente os seus gastos devido a restrição orçamental,
não pode reduzir os impostos continuamente, pois, precisa deles para suportar os seus gastos
e por outro lado choques de oferta podem provocar uma elevação temporária do nível de
preços, mas não resulta em inflação. (Mishkin, 2000, p.79).

Segundo Keynes e grande parte dos Keynesianos e neo-Keynesianos, é necessário


um pouco de inflação moderada para evitar a recessão, pois eles consideram que os custos
provenientes de um processo inflacionário não superam os custos do desemprego.

1.5 CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO

As consequências da inflação surgem, á quando da sua alta, ou seja, quanto maior é


a inflação maior é as distorções na economia.

Segundo Mankiw (2004, p.57) “um índice de inflação elevado na economia pode ser
considerado prejudicial devido aos diversos problemas e distorções geradas pelo mesmo
na economia.”

Uma vez instalada a inflação galopante, há fortes probabilidades de presença de


distorções económicas, e de uma forma abrangente, a maior parte dos contratos passam a
ser indexados a um índice de preços ou a uma moeda estrangeira a fim de reajustar a
desvalorização da moeda dos períodos homólogos.

Nestas condições, a moeda perde valor muito rapidamente pelo que as pessoas apenas
detêm o montante mínimo de moeda necessária para as transações diárias e os mercados
estrangeiros tendem a verificar um esvaziamento com a fuga de capitais para o exterior, as
pessoas armazenam bens, compram habitações, não se registar empréstimos de dinheiro a
taxas de juro nominais reduzidas.

“Uma queda no desemprego ou um aumento na actividade económica passam a ser


vistos como um potencial detonador inflacionário, devendo ser restringidos pelas políticas
do banco central.” (Mattos 2011, p. 78).

Alguns outros detonadores, como aumentos nos salários dos trabalhadores que nem
sempre refletem em um aumento real de sua renda), também passam a ser considerados
como ameaças em potencial, devendo, portanto, estar sempre sob o zeloso e atento
escrutínio do banco central.

17
O efeito do aumento de moeda em circulação na economia, possibilita que as primeiras
pessoas que adquiram essa moeda recém-criada tenham seu poder de compra elevado, sem
que tenham produzido bens ou prestado serviço equiparados.” (Shostak 2011, p, 98).
Ou seja, elas agora podem adquirir mais bens, gerando uma concorrência desleal com
os reais produtores de riqueza da economia, ou seja, aquelas pessoas que realmente
precisam produzir algo para poderem adquirir outro bem em troca. Essa distorção altera a
alocação de recursos na economia, privilegiando os reais beneficiários da inflação da oferta
monetária (os primeiros a receberem a moeda recém-criada) em detrimento dos reais
geradores de riqueza. É isso, e não o aumento dos preços, que gera a má alocação de
recursos na economia.

De acordo com Dombusch e Fischer (2006, p.230): “A inflação é impopular, visto


que os produtos que as pessoas estão comprando estão aumentando.”

Esta impopularidade da inflação se mantém mesmo se as rendas das pessoas


aumentarem proporcionalmente aos preços, o que de uma forma descontrolada pode ainda
ocasionar diversos casos de disfunções na economia do país, como; Perda do poder de
compra do dinheiro, aumento do desemprego, instabilidade da moeda, preços de produtos
em colapso, entre outras.

Muller (2001, p.07), entende que a inflação pode ser a responsável por diversas
distorções na economia. As principais distorções acontecem:

(i) Na distribuição de renda:


(ii) Na balança de pagamentos:
(iii) Na formação de expectativas:
(iv) No mercado de capitais: Na ilusão monetária:

Uma inflação interna maior que a extrema causa encarecimento do produto nacional
relativamente ao importado, o que provoca aumento nas importações e redução nas
exportações;

Diante da imprevisibilidade da economia, o empresariado tende a reduzir seus


investimentos;

Causa descontrole na compra e venda de acções, e causa migração de aplicações


monetárias para aplicações em bens de raiz (terra, imóveis):

Interpretação errada da relação de ajuste do salário nominal com o salário real, que
gera percepção de maior renda e consequentemente decisões equivocadas; as pessoas,
julgando-se mais ricas, demandam mais bens e serviços e, com oferta a pleno emprego,

18
ocasiona inflação. Outros efeitos na economia se dão em relação à política económica e
monetária, com um papel muito importante do governo no controlo através da
determinação da taxa de juros básica da inflação.

Os assalariados não têm a mesma capacidade de repassar os aumentos de seus custos,


como fazem empresários e governos, ficando seus orçamentos cada vez mais reduzidos até
a chegada do reajuste, (quando os salários reajustam, os trabalhadores muitas vezes não
ganham aumento real, pois como os preços sobem de uma maneira geral, a nova
remuneração no representa mais poder de compra para os trabalhadores)

1.5.1 Efeitos da inflação sobre o valor da moeda

O processo inflacionário gera sempre redução do poder de compra da moeda


independentemente da sua intensidade. “Com a inflação, as pessoas gastam mais dinheiro
para consumir a mesma quantidade de bens e serviços que consumiam antes de se verificar
o processo inflacionário” (Bravo, 1992, p.67).

A teoria económica sugere que o processo de desvalorização da moeda leva as


pessoas a se desfazerem rapidamente da moeda em forma liquida, os consumidores tendem
a aplicar as suas poupanças em outros activos que oferecer maior segurança tais como:

• Bens de luxo,
• Metais preciosos,
• Obras de arte,
• Divisas fortes ou em títulos de rendimento.

“Por outro lado, os empresários tendem a aumentar os seus investimentos em bens


de capital fixo através de autofinanciamento uma vez que o acesso ao crédito se torna
caro”. (Bravo, 1992, P.69)

A inflação não afecta a todos com a mesma intensidade, no processo inflacionário há


quem ganha e há quem perde. Normalmente a redução do poder de compra da moeda
prejudica as classes assalariadas bem como todas as pessoas que vivem de um rendimento
fixo. Por outro lado, a inflação beneficia o governo, os bancos comerciais, os mutuários
dos bancos e os especuladores.

Os preços e salários nominais normalmente não crescem paralelamente, enquanto os


preços crescem continuamente os salários são reajustados descontinuamente, o que
impossibilita o assalariado manter o mesmo poder de compra quando os níveis de
preço aumentam, por isso, perdem com a inflação. (Vianna, 2003, p. 89).

19
O governo ganha com a inflação na medida em que ela é considerada como se fosse
um imposto pago pelo cidadão.

O governo tem o monopólio de emitir moeda, quando ele provoca inflação aumentando a
quantidade de moeda em circulação beneficia-se desse imposto, pois, ele passa a dispor de
dinheiro novo à custa da diminuição do poder de compra do cidadão; por outro lado, os
bancos comerciais têm o poder de criar moeda através dos empréstimos concedidos
utilizando os depósitos à ordem, eles ganham com a inflação porque para garantir o valor
futuro do empréstimo cobram a correcção monetária ou ainda prémio de risco, que gera
lucros adicionais independentemente da taxa de juro (Vianna, 2003, p.89).
Os mutuários dos bancos oficiais ganham dado que a inflação reduz o montante a ser
pago em reposição do empréstimo feito anteriormente. Por exemplo, se os salários
aumentam com a inflação, e se o mutuário já devia o dinheiro antes de ter ocorrido a
inflação, a inflação beneficia o mutuário. Isso ocorre porque o mutuário ainda deve a
mesma quantidade de dinheiro, mas agora ele tem mais dinheiro para pagar a dívida. Isso
resulta em menos interesse para o credor se o devedor usa o dinheiro extra para pagar a sua
dívida.

Os especuladores ganham com a inflação quando as suas expectativas sobre a


variável risco dão certo. Por exemplo, quando "investidores" acreditam que o valor de uma
moeda é sobrevalorizado e, portanto, eles vendem essa moeda em antecipação do valor
desta moeda baixar e comprar outra, os especuladores ganham dinheiro quando o valor da
moeda que compraram (por exemplo Euros) aumenta

“Se a moeda cai em valor, em seguida, ele faz um lucro, porque ele vendeu a moeda
a um preço elevado, mas pode comprá-la a um preço mais baixo” (Krugman, 2010, p. 90).”

Este incidente, é constante em Angola visto que a inflação da moeda é o que controla
a nossa economia fruto do excesso de importação, assim toda vez que a moeda cai ou sobe,
alguns perdem outros ganham.

Além disso, para maximizar os lucros, os investidores podem se envolver em "short


selling" isto é, quando um investidor vende activos (de uma moeda) que ele não possui, e
se compromete a comprá-los em uma data futura.

1.5.2 Efeitos da inflação sobre o mercado de crédito e o investimento

Normalmente, o processo inflacionário beneficia os devedores e prejudica os credores. Os


devedores beneficiam-se porque o montante do empréstimo contraído tem um menor valor
em relação ao momento em que o empréstimo foi contraído, portanto em termos reais pagam
menos e o credor é prejudicado porque, por um lado, ele faz expectativas, isto é, espera
ganhar mais no futuro o que não acontece, por outro lado, o montante emprestado podia ter
sido aplicado noutros investimentos com maiores retornos, logo o credor perde duas vezes
(Bravo, 1992, p.98).
20
Uma economia em que os preços são muito voláteis não inspira confiança, torna-se
difícil prever o retorno dos investimentos, portanto as pessoas preferem fazer aplicação das
suas poupanças em investimento de curto prazo do que de longo prazo, mas muitas vezes
até os investimentos de curto prazo ficam comprometidos, porque em períodos de inflação
os agentes económicos não se sentem estimulados a poupar e os investimentos dependem
da poupança.

A inibição dos investimentos diminui o ritmo de crescimento económico, pode gerar


défice público e aumentar ainda mais os níveis de preço.

1.5.3 Efeitos da inflação sobre a balança de pagamento

Quando o nível de preços de um país é superior em relação ao do outro com o qual


mantem relações comerciais, a demanda por produtos do pais cujo preço é mais elevado
tende a diminuir, levando a desvalorização da moeda, consequentemente as importações
tornam-se mais caras em relação as exportações, por outro lado, a moeda do outro pais e
valorizada, consequentemente as importações deste tomam-se mais baratas em relação as
exportações.

“Portanto, mantendo todos outros factores constantes, o consumidor tende a


comprar sempre onde está mais barato, daí, o aumento interno dos níveis de preço gera
défice na balança comercial.” (Krugman, 2010, p.70).

Ou seja, na medida em que os produtos do exterior se tornam preferíveis e


consequentemente na balança de pagamento.

1.5.4 Efeitos da inflação sobre o desemprego

A relação entre inflação e desemprego é demonstrada pela curva de Phillips Estudos


realizados com dados sobre inflação e desemprego nos Estados Unidos (EUA) e no Reino
Unido no período de 1957-1961, revelaram que;

“A inflação e o desemprego são inversamente proporcionais, a justificação dada é


que em períodos de baixo desemprego as pressões para o aumento dos salários e preços
tendem a ser maiores e vice-versa” (Samuelson, 2005, p. 900).

A abordagem supra citada, justifica-se apenas tendo em conta uma análise a curto
prazo.

Economistas como Edmund Phillips e Milton Friedman, ao estudarem profundamente a


relação entre inflação e desemprego. verificaram que esta teoria não se comprova na
totalidade, a relação inversa entre inflação e desemprego só se verificava quando a taxa de
21
inflação se situava acima do esperado, mas no longo prazo essa mesma taxa se igualaria a
taxa esperada o que torna inválida esta relação, portanto, esta relação só se verifica a curto
prazo (Friedman e Samuelson, 2009-2005, p. 782)
Muitos economistas consideram que os efeitos da inflação sobre a eficiência
económica tendem a ser reduzidos se a inflação for antecipada, mas na realidade a inflação
geralmente é não antecipada, muitas vezes não dá tempo das pessoas se precaverem dos
seus efeitos.

Os agentes económicos baseiam-se em todas as informações disponíveis para


tomarem decisões, se as expectativas futuras sobre a inflação forem elevadas, os agentes
económicos vão se comportar no sentido de não serem afectados ou pelo menos minimizar
os efeitos do aumento do nível de preços, por exemplo: os trabalhadores vão exigir salários
mais elevados para compensar a perda do poder aquisitivo; para manter as margens de
lucro, as empresas vão transferir os aumentos dos custos de produção em aumento nos
preços de bens e serviços;

“As expectativas de inflação podem ou não se realizar e de qualquer modo


influenciam o desempenho da economia e podem gerar inflação.” (Banco de Cabo Verde
{BCV}, 2008, p.17)

Os consumidores antecipam as suas compras, pois, no futuro não terão o mesmo


poder de compra e os bancos aumentam as taxas de juro para garantir o valor futuro do
dinheiro.

1.5.5 Inflação crescimento económico

Tem havido muitas divergências de percepção relativamente à relação entre a


inflação e crescimento económico, alguns estudos revelam uma relação diretamente
proporcional entre a inflação e o crescimento econômico e outros uma relação
inversamente proporcional.

“A título de ilustração, até o ano de 1970, a economia nos EUA apresentava


elevados níveis de crescimento com elevadas taxas de inflação e nos anos de 1890, 1930 e
1950 verificou-se baixos níveis de taxa de inflação com elevado desemprego”
(Samuelson,2005, p. 783).

E foi neste período onde os EUA deu inicio a industrialização, e, este crescimento
redeu-lhe grandes efeitos, cidades tornaram-se grandes centros econômicos do país, e neste
mesmo período foi marcado por elavado índice de imigração de europeus ao país.

22
Hall e Taylor (1989); através de estudos realizados nos EUA, Alemanha e Reino Unido,
concluem que existe uma relação directa entre a inflação e o crescimento económico, isto é,
níveis baixos de taxa de inflação aumentam o produto quando este (o produto) é negativo e
níveis altos de taxa de inflação aumentam o produto quando este (o produto) é positivo
(Vianna, 2003, p.52).
Quando a demanda por bens é maior que a oferta, eles se tornam mais escassos
relativamente. Isto é, há mais pessoas para comprar do que tem para vender.

“Outro estudo realizado pelo Banco Mundial durante o período de 1960 - 1992 em
127 países revelou uma relação inversamente proporcional entre a inflação e o
crescimento económico”. (Samuelson, 2005, p.57)

O estudo demonstrou que os países com inflação reduzida crescem mais em relação
aos países com maior inflação. Uma forma de compreender a relação entre a inflação e o
crescimento económico é analisar os efeitos da inflação sobre os agregados
macroeconómicos.

Por exemplo, a inflação inibe o investimento devido ao aumento das taxas de juros;
influência negativamente a balança de pagamento na medida em que provoca redução nas
quantidades procuradas por produtos; ao reduzir o poder aquisitivo pode reduzir as
quantidades consumidas; muitos governos vêem-se obrigados a reduzir os seus gastos
porque o dinheiro fica escasso. Portanto essas variáveis (consumo, investimento, gastos do
governo e exportações líquidas) estão relacionadas positivamente com o crescimento
económico, pois, se reduzem o crescimento económico também reduz.

1.6 POLÍTICAS DE COMBATE À INFLAÇÃO

Cada uma das políticas acarreta o seu custo, o que exige uma análise profunda por
parte dos mentores de política econômica de modo a escolher a medida mais adequada, isto
é, à medida que permite combater à inflação com o mínimo custo possível

O objetivo de combater a inflação leva os mentores de política económica a utilizarem um


conjunto de medidas denominadas políticas de combate à inflação ou ainda medidas de
deflação. As políticas são múltiplas e seus efeitos também são múltiplos, elas não são válidas
para toda e qualquer situação, o que produz efeitos numa época ou país pode não produzir
no outro, elas dependem sobretudo das causas da inflação (Bravo,1992, p.106).
As políticas de combate à inflação divergem de acordo com as perspectivas das duas
grandes abordagens da teoria económica: Corrente ortodoxa e heterodoxa.

A corrente ortodoxa (clássicos, neoclássicos e monetaristas só para mencionar


alguns), acredita na neutralidade da moeda;

23
“Para esta corrente a inflação é um fenómeno monetário, portanto, para combatê-
la devem-se atacar as suas causas, isto é, aplicar medidas de política monetária”
(Samuelson, Mankiw, 2005-2012, p.907).

Por outro lado, os heterodoxos (Marxistas, Keynesianos, pós-Keynesianos, só para


citar alguns), não acreditam na neutralidade da moeda.

Para eles uma política monetária restritiva afecta a economia real e acarreta custos
elevados, por isso, propõem principalmente a política de preço e renda e secundariamente
política monetária e fiscal

1.6.1 Caracterização da economia ortodoxa

Os ortodoxos compreendem as primeiras escolas de pensamento económico, aquelas


que predominaram durante o desenvolvimento da ciência económica: Clássicos,
neoclássicos e monetaristas.

“Os principais pontos que separam a economia ortodoxa da heterodoxa são a não
aceitação da lei de Say e a neutralidade da moeda” (Mollo, 2004, p.80).

A lei de Say, diz que, a oferta gera a sua própria procura, não existe possibilidade de
sobre produção, as empresas podem produzir as quantidades que desejarem e os
consumidores terão sempre a capacidade de comprar

Essa lei assenta-se no fluxo circular da renda, segundo o qual empresas produzem bens e
serviços, pagam as famílias salário, renda e juros, por sua vez, as famílias usam esses
rendimentos na compra de bens e serviços fornecidos pelas empresas, o resultado é o
equilíbrio de mercados em geral. (Pereira et al, 1984, p.75).
A lei de Say não admite a possibilidade de entesouramento, admite-se que a demanda
de moeda é por motivos de transação.

“Todo rendimento das famílias é gasto em bens e serviços o que permite a não rotura
do fluxo circular da renda e garante a lei de Say” (Pereira et al, 1984, p.90).

Na perspectiva clássica a flexibilidade dos salários e preços leva o equilíbrio da oferta


e demanda agregada.

Os preços ajustam-se automaticamente com as variações nas quantidades demandadas e


ofertadas. Não existem recursos ociosos, trabalhadores qualificados podem encontrar
emprego rapidamente, por outro lado, as recessões são temporárias, no longo prazo tudo se
estabelece. (Samuelson, 2005, p.702).
Para os ortodoxos, a moeda é neutra, isto é, a quantidade de moeda em circulação
afecta apenas o nível de preço da economia e não o nível do produto.

24
Desde Hume e David Ricardo, a aceitação da teoria quantitativa da moeda assentava-se na
ideia de que o aumento da quantidade de moeda não tem efeito permanente sobre a economia
real. Como a economia real é afectada pelos preços relativos, quanto mais flexíveis forem os
preços (tal como os neoclássicos acreditam), os ajustamentos entre a oferta e a demanda
serão mais rápidos, o nível geral de preços vai subir mais rapidamente e por conseguinte a
moeda se torna neutra mais depressa (Mollo, 2004, p.70).
Para os neokeynesianos, a rigidez dos preços resultante das imperfeições de mercado
c as dificuldades de ajustes conduzem a neutralidade da moeda apenas no longo prazo.

Outras concepções ortodoxas tal como (Friedman e Schwartz 1963), defendem que a
neutralidade da moeda é transitória e ocorre devido as divergências entre as variáveis
esperadas e as efectivas, as taxas de juro real e nominal etc. Os efeitos transitórios sobre a
economia real são produzidos pelas variáveis nominais (salário nominais, preço e quantidade
de moeda) e os efeitos permanentes são produzidos pelas variáveis reais (como por exemplo,
preferências e tecnologia), entretanto a neutralidade é garantida tanto no curto ou no longo
prazo (Mollo, 2004, p.77).
A neutralidade da moeda constitui a preposição básica da teoria quantitativa da
moeda, apesar de todos os ortodoxos acreditarem que a moeda é neutra, entre eles existe
divergências relativamente o prazo em que a neutralidade se impõe, o grau e as razões da
neutralidade.

1.6.2 Políticas ortodoxas de combate à inflação

Para os ortodoxos a inflação é um fenómeno monetário, portanto, a melhor maneira


de combatê-la é atacando as causas.

“Eles propõem que o foco deve estar em medidas de política monetária, pois, as
variações nas quantidades de moeda têm efeito apenas sobre os níveis de preços e não
causam desemprego no longo prazo.” (Samuelson, 2005, p.702).

A política monetária pode ser definida como parte da política económica que tem
como principal objetivo controlar a liquidez na economia para estabilizar os preços

Para alcançar este objectivo os mentores de política económica utilizam um conjunto


de instrumentos tais como: Oferta da moeda, reservas compulsórias, operações de
"openmarket", taxa de juro, taxa de redesconto e regulamentação sobre o crédito.

Esses instrumentos são utilizados de diferentes maneiras, dependendo da medida de política


monetária que os mentores de política económica pretendem utilizar, isto é, se se pretende
utilizar una medida expansionista ou contracionista. (F. Chaudemaison, 2001, p.98).
A política monetária expansionista é utilizada normalmente em períodos de recessão,
tendo como objectivo estimular o investimento e aumentar o produto, normalmente ela
consiste em aumentar a oferta da moeda e reduzir a taxa de juro.

25
Esses objectivos podem ser alcançados através da emissão de moeda, que aumenta a
quantidade de moeda em circulação, da redução da percentagem sobre os depósitos à ordem
exigidos aos bancos comerciais (reservas compulsórias) e a taxa de redesconto (taxa de juro
praticada entre as instituições bancárias), ou através da compra de títulos soberanos pelo
governo por intermédio da instituição permitida para tal efeito (operações de open market)
(Echaudemaison, 2001, p.99).
Se todos os instrumentos citados acima forem aplicados em sentido contrário,
estaremos perante uma política monetária contracionista, recomendada pelos ortodoxos
como remédio para a inflação.

1.6.3 Monetaristas e política de combate à inflação

Na concepção monetarista, para combater a inflação é necessário controlar a oferta


da moeda de forma rígida.

O controlo da oferta da moeda vai conduzir a redução da demanda agregada se ela for maior
do que a oferta agregada. Com o equilíbrio da oferta e da demanda no nível de pleno
emprego, os preços poderão baixar através da redução da oferta da moeda sem que o produto
seja afectado. (Kato, 2014, p.87).
Os monetaristas consideram que a inflação é função das expectativas de aumentos
futuros de preço (P = p). Portanto, os mentores de política económica devem agir sobre as
expectativas dos agentes económicos que são baseadas na inflação passada, nas previsões
de aumento da oferta da moeda, desvalorização da moeda nacional em relação a estrangeira
e aumentos nominais de salário.

A atuação sobre as expectativas dos agentes económicos exigem que se estabeleçam metas
de crescimento nominal da quantidade de moeda a um ritmo decrescente, meta de redução
da desvalorização cambial e dos aumentos de salário nominal que correspondam a redução
da quantidade de moeda e a taxa de inflação futura prevista (Pereira et al, 1984, p.90).

Depois de todo plano bem formulado e garantido a sua credibilidade por parte dos
agentes económicos (crença de que a política será implementada), se verificará queda
automática dos preços mediante a queda dos salários nominais e redução da taxa de
desvalorização cambial, os salários nominais vão reduzir sem que se verifique
desemprego.

“Uma vez que os agentes económicos se ajustarão aos planos anunciados pelos
mentores de política econômica, por outro lado, a queda dos salários nominais não
implicará queda dos salários reais uma vez que a taxa de inflação está a baixar” (Pereira
et al, 1984, p.74)

26
Os monetaristas consideram que a taxa de juro no mercado internacional é única e a
nível interno ela não depende da oferta e da procura de moeda e sim da oferta e da procura
de poupança, por esse motivo uma política monetária restritiva não conduzirá ao aumento
da taxa de juro

Apesar das políticas de contenção da demanda produzirem efeitos sobre os níveis de


preços, elas acarretam graves consequências de ordem económica e também social. A
redução da quantidade de moeda (política contracionista), provoca recessão, na medida em
que os agentes económicos não aceitam voluntariamente (não ajustam o seu
comportamento) os planos ou orientações dadas pelas autoridades económicas para
controlar a inflação.

Como os agentes económicos tendem a não obedecer às orientações dadas pelas


autoridades monetárias, os planos de aumento de salários nominais, transformam-se em
imposições de limites de aumento de salários nominais e os planos da taxa de câmbio
tendem a conduzir a valorização da moeda interna (nacional), e consequentemente
desequilíbrios na balança de pagamento.

1.6.4 Políticas heterodoxas de combate à inflação

Para os heterodoxos, a política monetária restritiva não é uma boa medida de combater à
inflação, pois acarreta custos muito elevados, portanto eles consideram que a melhor maneira
de combater à inflação é reduzir os salários nominais e todos os custos que conduziram a
inflação, seja, eles propõem políticas de preços e rendas e secundariamente política
monetária e fiscal (Kato, 2014, p.56).
A política de preços e de renda, ou também denominada política administrativa, baseia-se no
pressuposto de que a coordenação da actividade económica nas modernas economias capitalistas é
feita pelas grandes empresas e pelo estado, utilizando medidas administrativas em substituição dos
mecanismos de mercado

Esta política pode ser usada quando a economia se encontra no nível de pleno
emprego, mas sobretudo quando está em recessão, e tem como objetivo combater à inflação
sem reduzir os níveis de produto nem comprometer a distribuição da renda e a
competitividade dos diferentes sectores na economia.

“Com a política de preços procura-sc reduzir os níveis de preço e garantir um


crescimento controlado e com a política das rendas procura-se garantir a equidade na
distribuição da renda, ou seja, evitar desequilíbrios distributivos.” (Pereira et al, 1984,
p.97).

27
A política administrativa tem como estratégia principal impedir os factores que aceleram a
inflação e enfraquecer os factores que mantenhem inflação, através de controlo de preços e
desindexação da economia, o que torna necessário aumentar a quantidade de moeda e reduzir o
défice público

Controlo administrativo de preços: O controlo dos preços consiste na regulamentação


das alterações de preços, por parte dos poderes públicos com o objectivo de modificar a
sua formação espontânea e prevenir as suas oscilações.

“Esse objectivo pode ser alcançado de forma directa ou indireta. A forma directa é quando o
estado fixa os preços mínimos ou máximos, ou ainda, congela os preços (proibição de
aumento durante um determinado período), a forma indireta pode ser através da imposição
de limites a produção.” (Echaudemaison, 2001, p.78).
Existem alguns problemas relativamente ao instrumento de controlo administrativo
dos preços tais como

Impossibilidade de controlar todos os preços; o controlo parcial requer um aparelho


burocrático pesado e o mesmo é susceptível à corrupção, erros de tabelamento de preços, isto
é, diferenças entre o preço estabelecido da mercadoria e o seu valor, tendência de reduzir os
salários reais dos trabalhadores (Pereira, et al, 1984, p.105).
Apesar dos problemas que envolvem o controlo administrativo de preços, ele é
mesmo assim recomendado na medida em que se considera que é a única alternativa para
se combater à inflação autónoma, mas para o efeito se requer atenção a fixação permanente
de preços em vez de utilização de fórmulas no intuito de evitar que os erros de fixação de
preços não provoquem problemas graves na alocação de factores e na distribuição da renda.
Por outro lado, existe o problema das empresas desobedecerem ao tabelamento.

“Para este problema, recomendam-se medidas de incentivos e penalidades fiscais,


de modo que as empresas estejam dispostas a cumprir”. (Pereira et al, 1984).

Desindexação da economia: com o objectivo de garantir o poder de compra durante


um processo inflacionário, procede-se a indexação.

A indexação consiste em variar uma grandeza em função de uma outra variável económica
ou índice (não necessariamente o índice de preço), mas como o interesse aqui é a inflação, o
índice considerado é o de preço, assim sendo, a indexação pode ser definida como o
mecanismo através do qual os preços ou os salários objectos de contrato são ajustados na
medida em que se verifica alteração dos preços, em outras palavras a indexação consiste no
aumento dos preços em função da dinâmica da inflação (Vianna, 2003). Numa economia, a
indexação pode-se aplicar no salário, na taxa de câmbio, nos activos financeiros e nos preços
das empresas estatais (Pereiraet al, 1984, p.106).
Esta vertente de pensamento argumenta: que a indexação alivia pressões na demanda
agregada porque estimula a poupança; diminui a demanda por inversões especulativas,
alivia pressões nos preços à medida que aumenta a produção, o Governo perde o benefício
28
do imposto inflacionário e ela deixa de ser fonte financiadora do défice orçamental em
termos reais.

Outros (heterodoxos), consideram que a indexação é um mecanismo inflacionista, tende a


aumentar mais ainda os níveis de preço por que afetará as expectativas dos agentes
económicos, e será interpretada como falta de interesse por parte do governo em combater à
inflação; como a indexação reduz as receitas de imposto inflacionário o governo pode emitir
mais moeda para financiar o seu défice (Vianna, 2003, p.70).
Pelo facto de se considerar a indexação um mecanismo realimentador da inflação os
heterodoxos recomendam que para combater à inflação o primeiro passo deve ser
desindexar parcialmente a economia (supressão da indexação).

Uma fórmula directa de desindexação seria estabelecer arbitrariamente um certo


redutor percentual sobre a taxa de inflação, e corrigir preços, salários, taxa de câmbio e
activos financeiros de acordo com essa fórmula

1.6.5 Políticas Keynesianas de combate à inflação

Os Keynesianos adotam o modelo de curva de Phillips, segundo o qual existe uma


troca entre inflação e desemprego.

Os Keynesianos recomendam que para combater à inflação é necessário reduzir a demanda


agregada através do uso da política monetária e principalmente fiscal, porque admite-se que
a inflação é causada principalmente pelo défice público ou mais especificamente pela
necessidade de financiar o sector público, (Pereira et al, 1984, p.73).
Essa política de administração da demanda difere da sugerida pelos monetaristas
devido ao facto de se admitir uma relação inversa entre a inflação e o desemprego, os
monetaristas também aceitam essa relação, mas somente no curto prazo.

A política Keynesiana de administração da demanda produz efeito quando a economia se


encontra no nível de pleno emprego. A esse nível a redução da demanda leva as empresas a
reduzirem também suas margens de lucro e os salários a não serem aumentados acima do
nível de produtividade. Essa política perde a eficiência em situações de desemprego, na
medida em que quando a demanda diminui, os oligopolistas tendem a aumentar suas margens
de lucro e os trabalhadores com a força dos sindicatos conseguem a indexação dos salários
(Pereira et al, 1984, p.92).
A política de administrativa tem como estratégia principal impedir os factores que aceleram
a imflação e enfraquecer os factores que mantenhem inflação, através de controlo de preços e
desindexação da economia, o que torna necessário aumentar a quantidade de moeda e reduzir o
défice público

29
1.6.6 Políticas Pós-Keynesianas de combate à inflação

O método pós-keynesiano, busca conter as pressões inflacionários sem pôr em causa


o funcionamento de outros sectores que apresentam compatibilidade com a estabilidade de
preços.

Para os pós-keynesianos, existem vários tipos de inflação (salários, lucros, impostos,


importada, choques de oferta e de demanda) e cada tipo tem a sua medida específica de
combate. Ao combater à inflação deve-se ter em conta quais os factores que originaram esse
processo e sobre eles aplicar as medidas necessárias. (Sicsú, 2001, p.700)
Aqui adopta-se a política anti-inflacionária “Tax-based on incomes Policy (TIP)"
segundo a qual quando os salários ou lucros aumentam num nível acima dos níveis de
produtividade, prejudicam a sociedade em geral, portanto eles recomendam
estabelecimento de um imposto a ser pago pelas empresas que concedem aumento de
salários ou margens de lucro acima dos níveis de produtividade, pois, elas impõem um
custo a toda sociedade e os impostos devem ser maiores ainda quando uma empresa
aumenta os preços tendo como objectivo aumentar as suas margens de lucro diante de um
aumento salarial.

Essas medidas são consideradas como as mais adequadas para combater à inflação de salários
(provocada pelo aumento salarial acima do nível de produtividade) e de lucro (provocada
pela elevação das margens de lucro acima dos níveis de produtividade). (Sicsú, 2001, p.772).
Quanto a inflação dos impostos (provocada pelo aumento dos impostos), a solução
seria o Governo reduzir se fosse possível o imposto das empresas que tiveram os seus
custos aumentados de modo que elas conservem as suas margens de lucro e não transfiram
os aumentos de custos em aumentos de preço

Para a inflação importada (provocada pelo aumento dos preços no exterior),


recomenda-se a curto prazo políticas cambiais, tributárias, e monetárias, mas sobretudo
recomenda-se políticas industriais que incentivem as exportações e substituam as
importações, essas políticas têm efeito no longo prazo.

“A substituição das importações livraria a economia das oscilações dos preços


internacionais, pois a cesta básica passaria a ser constituida basicamente por produtos
nacionais, e as exportações contribuiriam para a estabilidade de reservas internacionais”.
(Sicsú, 2001, p.787).

Keynes, diagnosticou a inflação da demanda e também propôs sua medida de


combatê-la.

30
Segundo o autor - tal como foi apresentado no ponto anterior - para combater à inflação seria
necessário accionar política monetária contraccionista e principalmente política fiscal
restritiva de modo a manter a economia em situação de quase boom e não super-boom. Em
situação de super-boom tende haver pressões para o aumento dos preços (Keynes, 1930,
p.677).
A inflação de choque de oferta, ocorre quando o aumento imprevisto da demanda por
um bem ou diminuição da oferta de um bem conduz ao aumento dos custos de produção e
consequentemente dos níveis de preço.

“Para combater este tipo de inflação recomenda-se a existência de uma instituição


que possa garantir um stock de protecção que proteja a sociedade das variações de oferta
e demanda que conduzem a variações de preços”. (Sicsú,2001, p.792).

Para os pós-keynesianos, o sucesso dessas políticas de combate à inflação, exige um


ambiente favorável e definem como ambiente favorável aquele em que toda sociedade está
comprometida com as metas estabelecidas pelas autoridades, isto é, há cooperação e
consenso entre o banco central, governo, empresários e trabalhadores.

Por outro lado, consideram que as políticas devem ser utilizadas em conjunto, não
devendo existir somente uma instituição, como o banco central, a assumir a
responsabilidade pela estabilidade de preços através da política monetária.

1.6.7 Caracterização da economia heterodoxa

Todas as escolas de pensamento económico que divergem das concepções dos ortodoxos são
denominadas heterodoxas: Keynesianos, Marxistas, Pós - keynesianos, só para citar alguns.
Os heterodoxos não aceitam a teoria quantitativa da moeda, para eles a variação da
quantidade de moeda tem efeito sobre a economia real, admite-se que a demanda de moeda
não é somente por motivos de transacção, existe a possibilidade de entesouramento, o que
torna instável a velocidade de circulação e leva as variações das quantidades de moeda a
afetarem o produto (Kato, 2014, p.67).

Tal como os monetaristas, os marxistas também consideram que a inflação tem


origem no aumento da quantidade de moeda em circulação, mas não aceitam a hipótese de
neutralidade da moeda.

Para eles a quantidade de moeda em circulação não corresponde necessariamente a


quantidade demandada de bens e serviços, porque nem toda renda é canalizada para esse
efeito, a moeda pode ser entesourada ou destinada a sectores que não respondem
rapidamente as necessidades de demanda, o que gera inflação.

31
Segundo Marx, o lucro do capitalista provém da mais-valia, quando o capitalista aumenta
sua margem de lucro aumentando a mais-valia (diminuição dos salários reais, prolongamento
ou intensificação do trabalho), o resultado será pressões para aumento dos salários, aumento
do preço das mercadorias e consequentemente inflação; por outro lado, todas as empresas
que não resistem a concorrência ou seja as empresas que não conseguem acompanhar a
dinâmica do mercado são eliminadas do mercado, e as empresas fortes ou resistentes tendem
a ter poder sobre a determinação de preços, o que conduz a inflação (Kato, 2014, p.94).
Para os ortodoxos a inflação tem sempre origem no lado da demanda, mas para os
heterodoxos (Keynesianos e alguns pos keynesianos), a inflação do lado da demanda só
ocorre quando a economia se aproxima do nível de pleno emprego. Para os pós-
keynesianos, a inflação tem a sua origem, sobretudo no lado da oferta.

Para os ortodoxos a equação de troca demonstra uma relação de proporcionalidade


directa entre o aumento da quantidade de moeda em circulação e os níveis de preço, isto é,
o nível de preço é afectado pela variação da oferta de moeda, para os pós-keynesianos o
processo é diferente, o aumento da renda nominal tem como consequência o aumento da
demanda por moeda e por conseguinte os níveis de preço também aumentam.

Keynes, desenvolveu uma teoria sobre demanda por moeda (teoria da preferência pela
liquidez), na qual exclui o pressuposto clássico da neutralidade da moeda. Para Keynes a
moeda é demandada por três motivos: transacção (transacções quotidianas). Precaução
(eventualidades futuras) e especulação (reserva de valor) (Mishikin, 2000, p. 67).

Os agentes económicos agem de acordo com as suas expectativas, essas expectativas


são incertas, tomando assim os investimentos arriscados.

Quando existe muita incerteza quanto aos retomo de determinado investimento, as


pessoas preferem não aplicar o seu capital e retenhem a moeda de forma liquida, o que
inibe os investimentos e consequentemente restringe o produto e o emprego.

A não estabilidade da demanda por moeda leva a possibilidade de sobreprodução.


por outro lado, ao contrário dos clássicos, Keynes considerou que a demanda era o fator
determinante da oferta.

Uma sobre produção conduziria a carência da demanda e consequente redução dos lucros do
empresário e desemprego. Para resolução desse problema seria necessária a intervenção do
governo através da realização de gastos (construção de infraestruturas) e estímulos ao
investimento (redução da taxa de juro) (Samuelson, 2005, p.80).
Esperada quanto a inflação actual (objectivando não diminuir o desemprego abaixo
do nível de desemprego natural).

Mattos (2011, p.67): “A dificuldade de se identificar uma única causa da inflação é


que a economia se comporta como um organismo vivo, onde tudo se inter-relaciona.”

32
Muitos, no entanto, atribuem ao défice público uma das principais causas da inflação.
Para um efeito compensatório do défice gerado anteriormente, o governo pode adoptar os
seguintes mecanismos para combater a inflação:

(i) Aumento da alíquota:

(ii) Restruturação dos preços dos produtos estatais;

(iii) Atraso nos pagamentos aos fornecedores;

(iv) Emissão primária de moeda; e finalmente,

(v) levantamento de empréstimos junto à rede bancária

Para clarificação do postulado anteriormente, (Gonçalves 2015,) em uma das suas


pesquisas sobre medidas de combate à inflação, destaca que a subida das taxas de juros
aplicadas pelo banco central, visa a redução da massa monetária em circulação.

Tal fenómeno, leva com que os empresários abdiquem do investimento, abrandando


com a actividade económica por uma alimentação a taxa de inflação via elevação da taxa
de referência do banco central. Consequentemente, obriga os bancos comerciais a
aumentarem as suas reservas legais para com o banco central.

O autor ainda assegura que é preciso modernizar o sector produtivo no aumento da


competitividade para uma redução dos preços no médio e longo prazo, para que a economia
saia a beneficiar das políticas anteriormente adoptadas para a correcção dos hiatos
inflacionários, e, finalmente, implementar um rigoroso controlo e disciplina fiscal, ou seja,
das despesas públicas.

1.7 Modelos anti-inflacionários

Os modelos anti-inflacionários centram-se nas taxas de salários, pelo facto de algumas


variáveis serem muitas vezes consideradas constantes (taxa de câmbio, margens de lucro),
fora de controlo das autoridades económicas (preço dos produtos importados), ou ainda,
passíveis de serem ignoradas (produtividade) (Pereira et al, 1984, p.782).

Os modelos macroeconómicos (tradicional, neoclássico e neokeynesiano),


apresentam divergências no que concerne aos efeitos de uma política anti-inflacionária
antecipada ou não antecipada.

Cabe realçar que o modelo tradicional considera as expectativas adaptativas (baseado nas
informações anteriores ou passadas), enquanto os modelos neoclássicos e neokeynesianos
consideram as expectativas racionais (baseado em todas as informações disponíveis). Esses
factores e a descrição ou não da política a ser implementada é que resulta na diferença dos
efeitos de uma política de combate à inflação nos três modelos. (Mishkin, 2000, p.712).

33
Na demonstração dos efeitos das políticas anti-inflacionárias em cada modelo, parte-
se da situação em que o governo aumentou a quantidade de moeda em circulação.

1.7.1 Modelo tradicional

O modelo tradicional considera as expectativas adaptativas, isto é, considera que os


agentes económicos tomam decisões baseando-se em experiências passadas. Isso torna o
processo de implementação de políticas económicas mais simples, uma vez que é possível
prever o comportamento dos agentes económicos face a implementação das políticas.

O contrário ocorre quando os agentes económicos não se baseiam apenas numa fonte de
informação, pois os mentores de política económica precisam fazer análise pormenorizada
daquilo que possivelmente será a reação deles e o resultado pode ou não ser satisfatório.
(Mishkin, 2000, p.59).

Neste modelo, tanto uma política antecipada como não antecipada tem efeitos sobre
o produto e o nível de preços.

Uma política expansionista antecipada no curto prazo conduz o aumento da demanda


agregada e a oferta agregada permanece inalterada devido as expectativas de ajuste, portanto
o nivel de preço aumenta e o produto também aumenta, o mesmo processo ocorre quando a
política expansionista é não antecipada. Uma política anti-inflacionária antecipada ou não
antecipada conduz a redução dos níveis de preço e do produto. (Mishkin, 2000, p.61)
Gráfico 4; Nível de Preços

Admite-se que os níveis de preço na economia estão altos (ponto 2) e pretende-se


alcançar a curva de demanda agregada AD1. Através de uma medida contracionista
(redução da oferta da moeda) antecipada ou não, chega-se até a curva ADI e o novo ponto
de equilíbrio dá-se em 2' com o nível de preço mais baixo (P2') e queda no produto de Yn
para Y2'. Nesse modelo os custos de redução da inflação são muito elevados. Okun (1962,
34
citado em Mishkin, 2000) estimou que a cada redução de 1% da taxa de inflação custa 9%
do PIB real, o que leva o modelo a ser indesejado por muitos.

1.7.2 Modelo neoclássico

Esse modelo considera as expectativas racionais, segundo a qual, os agentes económicos


baseiam-se em todo o tipo de informação disponível para tomarem as suas decisões e
considera-se ainda a flexibilidade total dos salários e preços e as variações dos níveis de
preço. (Mishkin,2000, p.231).

Se os trabalhadores tiverem expectativas de níveis de preços mais elevados no futuro.


Eles vão pressionar um aumento salarial de modo a garantir que os seus salários reais se
mantenham; se as pressões resultarem, verificar-se-á, a contracção da oferta agregada, ou
seja o produto permanece no mesmo nível, mas com níveis de preços mais elevados.
Segundo o modelo neoclássico uma política antecipada não tem efeito sobre o produto; os
efeitos só se verificarão se a política económica for não antecipada.

Se o gestor da política monetária nacional, decidir aumentar a oferta de moeda sem


dar a conhecer ao público, o resultado será a elevação da curva da demanda agregada, uma
vez que a medida não foi anunciada, a oferta não vai se retrair e consequentemente o
produto e os níveis de preço serão maiores conforme indica a Figura Baixo

Gráfico 5; Efeito de uma expectativa não realizada

Como mostra o gráfico, como e espera o aumento da quantidade de moeda, a curva


da demanda agregada desloca-se até AD2, uma vez que as empresas suportarão custos mais
elevados, a curva da oferta retrai até AS2, no nível de preço P2, mas acontece que a
35
autoridade monetária aumentou uma quantidade de moeda menor do que a esperada, o que
fez deslocar a curva da demanda até AD2’ em vez de AD2.

“A esse nível o equilíbrio dá-se no ponto 2’ (intercessão entre AS2 e AD2´), com
níveis de preços mais baixos (P2´) e produto reduzido (Y2´).” (Mishima, 2000, p.80).

Relativamente as políticas anti-inflacionárias, de acordo com o modelo neoclássico,


é preferível uma política antecipada do que uma política não antecipada. Uma política anti-
inflacionária antecipada ,tem como consequência a redução da taxa de inflação sem
modificar o produto (de AS1 para AS2 no ponto 2), enquanto enquanto uma política não
antecipada reduz o produto e a taxa de inflação (de AS1 para AS2 no ponto 2´), sendo a
redução da taxa de inflação da taxa de inflação menor do que a política antecipada.

Gráfico 6; Nível agregado de Preç

Se haver expectativa de que a inflação será combatida através da diminuição da oferta da


moeda, a demanda agregada (ADI) permanecerá, uma vez que a medida é esperada, os
salários e preços podem ser ajustados de modo que não aumentem e a curva da oferta
permanece em ASI. A inflação é reduzida e o produto é mantido no nível de pleno emprego
(Mishkin, 2000, p.45).
Se a política anti-inflacionária for não antecipada, a curva da demanda agregada
permanece em AD1 e a curva da oferta se desloca de ASi para AS2, gerando um novo
ponto de equilíbrio em 2’ com os níveis de preço reduzidos (menor redução em relação a
política antecipada) e queda do produto agregado de Yn para Y2’

36
1.7.3 Modelo neokeynesiano

Tal como o modelo neoclássico, o modelo neokeynesiano também considera as expectativas


adaptativas, mas nega a flexibilidade total dos preços e salários em relação aos níveis de
preço, isto é, ajustamento total e imediato dos preços e salários à medida que o nível de preço
aumenta. (Mishkin, 2000, p.53).

O modelo neokeynesiano nega a hipótese de flexibilidade total e imediata dos


salários e preços, porque existem os contratos de longo prazo que carecem de cumprimento,
não se admite que alterações em variáveis como expectativas de preço, leve a modificação
dos contratos de longo prazo; é necessário primeiramente que os contratos cessem e depois
sejam incorporadas a taxa de inflação esperada. Aponta-se ainda que a inflexibilidade dos
salários e preços deva-se ao facto de algumas empresas evitarem as mudanças constantes
nos salários, as mudanças constantes dos preços dos produtos (uma vez que acarreta custos)
ou estarem vinculadas em contratos de preço fixo com seus fornecedores.

“No modelo neokeynesiano, tanto uma política económica antecipada como não
antecipada geram efeitos positivos sobre o produto, mas os efeitos sobre o produto são
maiores se a política for não antecipada.” (Mishkin, 2000, p.53).

Os efeitos de uma política económica expansionista não antecipada no curto prazo


no modelo neokeynesiano são idênticos aos efeitos no modelo tradicional e neoclássico,
ela conduz ao aumento do produto e dos níveis de preço.

Quando a política é antecipada, uma vez que as expectativas são racionais, as


pressões de aumento salarial vão conduzir a uma retracção da oferta agregada, essa
retracção não será tão grande quanto a do modelo neoclássico porque se considera a
inflexibilidade dos salários e preços; por outro lado, o nível de preço será maior e o produto
agregado será menor em relação a uma política não antecipada.

Neste modelo, uma política anti-inflacionária não antecipada conduz a redução do


produto e dos níveis de preço, e uma política antecipada conduz a uma redução menor do
produto agregado e uma redução maior dos níveis de preço em relação a política não
antecipada, portanto a política antecipada é mais desejável do que a política não antecipada
conforme mostra a Figura abaixo.

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Gráfico 7; Nível Antecipado de Preços

No caso de uma política antecipada, a oferta agregada Asi vai retrair até AS2” e não até AS2,
porque não se admite a flexibilidade total de salários e preços; o novo ponto de equilíbrio é
dado no ponto 2 com o nível de preço muito mais baixos (P2) e uma menor queda do produto
(Y2. (Mishkin, 2000, p.79).

Se o objetivo de manter a demanda agregada em ADI não for anunciada a curva de


oferta agregada vai deslocar-se até AS2 e o ponto de equilíbrio dar-se-á no ponto 2’, tendo
como consequência níveis de preço mais baixos (P2) e níveis de produto agregado muito
baixo (Y2’).

1.8 A inflação em Angola

Segundo Afonso (2016, p.25) “a taxa de inflação em Angola é medida através do


IPCN”. O mesmo mede e avalia o custo de vida da população.

Tabela 1.1: Evolução da taxa de inflação em Angola através do índice do preço de


consumo Nacional, entre 2017 a 2020

Tabela 1; Inflação Anual em Angola

ANOS 2017 2018 2019 2020 MEDIA


IPCN. ANUAL 28,97% 19,56% 16,87 19,52 21,23

38
Gráfico 8; Nível Inflação em Angola

Fonte; BNA

1.9 TIPOS DE INVESTIMENTO

Os Fundos de Investimento são instrumentos financeiros que resultam da captação


de capital junto de diversos investidores, constituindo o conjunto desses capitais um
património autónomo, gerido por especialistas (sociedade gestora) que os aplicam numa
variedade de activos em função das várias oportunidades que os Mercados vão
apresentando.

Os Fundos de Investimento podem ser classificados de acordo com: A natureza dos


activos que compõem a sua carteira de Investimento; pela variação do seu capital, pela
forma de entrada e saída dos investidores e pelo número de participantes que compõem a
sua carteira de investidores.

Quanto a natureza dos activos que compõem a carteira de investimento dos Fundos de
Investimento, eles podem ser: (i) Fundos de Investimento em Valores Mobiliários; (i)Fundos
de Investimento em Valores Imobiliários; (i) Fundos Mistos. Quanto a variação do seu
capital, os Fundos de Investimento podem ser: (i) De Renda Fixa; (i) De Renda Variável.
(CMC, p.23)
Quanto a forma de entrada e saída dos investidores, os Fundos de Investimento
podem ser Abertos ou Fechados.

(i)Fundos Abertos: São aqueles em que os investidores podem subscrever (login) e resgatar
(logout) as unidades de participação a qualquer momento. (i) Fundos Fechados: São aqueles
em que a subscrição só é possível durante um período pré-fixado e o resgate só ocorre na
data de liquidação do fundo, salvo excepções que sejam previstas no regulamento de gestão.
(CMC, p.20)

39
a) Fundos de Investimento em Valores Mobiliários: são os que investem
sobretudo em ações, dívidas privadas (obrigações corporativas), dívida pública (títulos
emitidos pelo estado), depósitos bancários, e em outros valores mobiliários. (Silva, 2015,
p.89).
b) Fundos de Investimento em Valores Imobiliários: Os Fundos de
Investimento em Valores Imobiliários são os que investem sobretudo em bens imóveis
incluindo rendas. (Silva, 2015, p.70)

Fundos Especiais: Os Fundos Especiais são aqueles que nos termos de autorização
concedida pela Comissão de Mercado de Capitais (CMC), não estão sujeitos a qualquer um
dos limites e requisitos associados aos demais Fundos. São regidos pelas regras emanadas
no artigo 137º do Regulamento nº4/14 de 30 de outubro.(CMC,p.27)

c) Fundos de Investimento quanto ao número de participantes: Quanto ao


número de participantes que compõem a sua carteira de investidores, os Fundos de
Investimento podem ser de Subscrição Pública e de Subscrição Privada. (Assaf Neto 2003,
p. 107)

• Subscrição Pública: Tem de ter > de 150 participantes;

• Subscrição Privada: Tem de ter apenas até 150 participantes ( ≤ 150).

Figura de investidor / participante / subscritor / cliente

É toda e qualquer entidade (singular e ou colectiva) que aplica o seu capital em valores
mobiliários e ou imobiliários, utilizando-os como veículos de investimento, que transportam
e valorizam as suas poupanças no curto, médio e longo prazo. O seu acesso ao Mercado de
Capitais é feito com o apoio de Agentes de Intermediação. (CMC, p.20)

“Os investidores / participantes / subscritores / clientes dos Fundos de Investimento


são:Todas as entidades (singular e ou colectiva) que adquirem / compram unidades de
participação (UP) de um determinado Fundo de Investimento.” (CMC, p.20)

1.9.1 Principais vantagens dos Fundos de Investimento

Segundo a Comissão do Mercado de Capitais os Fundos de investimentos


proporcionam inúmeras vantagens, nomeadamente:

➢ São uma alternativa ao investimento;


➢ No caso Angolano estão sujeitos a um regime fiscal mais favorável, estando
isentos do pagamento do IAC; do Imposto de selo, do SISA e do IPU;
➢ Permitem uma maior diversificação do património do investidor;
➢ Permitem ter a sua disposição uma equipa de profissionais que fará a gestão,
administração e o cálculo do valor das unidades de participação;
40
➢ Permitem reduzir os custos de transacção que o investidor individual teria de
suportar por cada operação, caso pretendesse por si só adquirir activos junto dos
Intermediários Financeiros para atingir o mesmo nível de diversificação da sua carteira;
➢ São caracterizados pela simplicidade quanto à forma de investir e a forma
como o investidor irá reaver o seu capital mais o retorno esperado;
➢ São conhecidas, previamente à sua subscrição, as regras para o reembolso dos
montantes aplicados;
➢ Proporcionam ainda o acesso de investidores com recursos limitados a
investimentos de grande dimensão, diversificando o risco e potenciando grandes
rentabilidades.

1.9.2 Riscos que podem estar associados aos Fundos de Investimentos.

Cada fundo de investimento tem características e riscos próprios que só podem ser
avaliados com base na leitura da documentação obrigatória associada a cada fundo.
Todavia, de um modo geral, podemos dizer que os principais riscos que podem estar
associados aos Fundos de Investimento são os seguintes:

(i) Risco de Mercado - o Fundo está sujeito ao risco associado aos activos que integram a
sua carteira e que podem ter impacto na rentabilidade do fundo, variando o valor da unidade
de participação em função desse facto; (ii)Risco Legal - Pelas possíveis alterações do quadro
legal vigente, incluindo alterações no regime fiscal. (iii)Risco de incumprimento - a
possibilidade de incumprimento por parte dos emissores e ou a contraparte das transacções
não cumprirem com as suas obrigações; (iv)Risco de Liquidez - Por investir em activos
pouco líquidos. (CMC, p.30)
Cada risco de fundo é avaliado tendo em conta o seu nível de acontecimento
posteriormente elabora-se o seu regulamento.

1.10INVESTIMENTO PRIVADO SEU EFEITO NA ECONOMIA

É consabido que não há crescimento económico sem investimento. É um dos


postulados básicos da Ciência Económica. E quando se fala em investimento
necessariamente tem de se considerar todos os tipos de que esta categoria macroeconómica
se reveste: investimento em capital físico, em capital humano, em capital ambiental e em
capital social. Resulta, portanto, que a quantidade e a qualidade do crescimento económico
são resultado da interação entre o investimento privado e o investimento público.

um aspecto chave que explica as variações na taxa de crescimento econômico dos países se
refere às diferenças na produtividade dos fatores de produção. Há ainda outras variáveis que
encorajam um ambiente mais propício à realização de investimentos nesses capitais, que se
referem à infraestrutura social, instituições, estabilidade econômica, maior abertura ao
comércio internacional, além de novos atributos que vêm ganhando espaço na literatura nos

41
últimos anos, como a importância dada ao sistema financeiro. (Barro e Sala-i-Martin, 1995,
p.76)
É esta a parceria mais importante para o crescimento económico?

Este ponto de vista social do investimento é particularmente importante para os


países que precisando de crescer a taxas anuais significativas, necessitam, também, de
resolver problemas sociais básicos, como a pobreza.

“O ambiente geral que propicia um aumento significativo e sustentável do


investimento deve beneficiar as empresas – as conhecidas células básicas da actividade
económica – e a sociedade.” (Brito, 2005, p. 180).

E é neste ponto que duas questões devem ser colocadas: será que todo o investimento
arrasta, necessária e imediatamente, crescimento económico?

Será que todo e qualquer crescimento económico é socialmente útil, no sentido de


distribuir riqueza e gerar emprego?

Sabe-se, através de muitas evidências empíricas, que cada vez mais o crescimento
económico é menos gerador de empregos e, igualmente, que o emprego líquido criado é
cada vez mais precário. São as lógicas da concorrência.

Segundo Michael (2007, p.43) o modelo IS/LM, na sua versão mais simples,
descreve, formalizando analítica e graficamente, o comportamento de uma economia
constituída por três mercados:

• Bens E Serviços,
• Monetário
• Títulos.

O modelo estabelece a ligação entre os três mercados através de duas variáveis


endógenas, o produto ou rendimento (Y) e a taxa de juro (i), mantendo-se o pressuposto
Keynesiano da rigidez dos preços.

Como tal, o modelo revela-se apropriado para uma análise conjuntural de curto prazo, onde
a oferta de bens e serviços se ajusta passivamente à procura. Para além da análise de uma
economia fechada propriamente dita, este modelo também é adequado para a análise de uma
grande economia aberta, onde é natural que a maior parte das relações económicas e
financeiras se processem dentro das próprias fronteiras, sendo as relações com o exterior
relativamente pouco relevantes. (Roberto, 1972, p.335)
Desta forma podemos admitir que o equilíbrio geral destas grandes economias
abertas acaba por coincidir com o equilíbrio interno.

42
Existirá equilíbrio geral numa economia quando todos os mercados se encontram
simultaneamente em equilíbrio. Assim, o equilíbrio global no modelo IS/LM em economia
fechada corresponderá aquele ponto que garante o equilíbrio simultâneo dos três mercados
considerados: bens e serviços, monetário e títulos. (Keynes, 1936, p.115)

Se nos lembrarmos que o equilíbrio do mercado monetário implica o do mercado de


títulos, podemos concluir que o equilíbrio geral acontecerá quando os mercados de bens e
serviços e monetário se encontrarem, simultaneamente, equilibrados, ou seja, quando as
curvas IS e LM se interceptam.

1.10.1. Taxa Real Vs Taxa Nominal

Os rendimentos financeiros fazem a correção de capitais investidos perante uma


determinada taxa de juros. As taxas de juros são corrigidas pelo governo de acordo com os
índices inflacionários referentes a um período. O objetivo disso é corrigir a desvalorização
dos capitais aplicados durante uma crescente alta da inflação.

Se um capital C é aplicado durante certo prazo, à taxa de 15% por período, o capital
acumulado será de 100% isso quer dizer que durante o período de aplicação, o investidor terá
um ganho acima de 100% em detrimento da taxa que o mesmo aplicou, ao que chamamos
ganho nominal. Porem este valor aplicado ficou um certo período, e neste período houve
uma inflação de quase a mesma proporção de taxa, suponhamos 12% da taxa de inflação, se
calcularmos a taxa real veremos que investidor terá um ganho muito reduzido ao que se
esperava do valor aplicado. (Rocha 2011,p.35)
Ex. se um montante de 700 000kz foi aplicado durante 1 ano á uma taxa de 15% ao
ano, e neste mesmo ano houve uma inflação de 12%, qual será a taxa real.

Segundo Rocha (2010, p.43) “A taxa de inflação incide sobre o valor aplicado e
sobre a taxa de juros, tudo porque, o investidor perde o poder de compra, uma vez que as
coisas ficam 12% mais cara que o normal.”

Neste caso a taxa real será. Tr = 115/112´=1.026785-1=0,0267, a taxa real neste


período será de 2%.

Esta variação da taxa de inflação deixa muito dos investidores inseguros, até mesmo
em investir em ações por conta do poder de compra, quando á constantemente inflação o
poder de compra é ameaçado, todos os dias os produtos tornam-se mais caro que antes
impossibilitando a previsão de lucro de um determinado negócio ou investimento.

43
1.10.2. INVESIMENTO PRIVADO EM ANGOLA

Angola tem um imenso potencial económico em virtude da grande variedade de


recursos que possui. A maioria desses recursos permanece pouco ou quase nada valorizada
em virtude de nas últimas décadas a economia se ter centrado e tornado altamente
dependente da indústria e da produção do petróleo.

A falta de desenvolvimento de outros sectores de actividade fez com que, para além
de dependente de um único produto de exportação, o país se tornasse também dependente
de importações. (Brito, 2005, p. 180).

A queda dos preços do petróleo e a acentuada crise económica e financeira, marcada


por uma grande escassez de recursos cambiais para continuar a sustentar as importações,
fizeram o Governo retomar o seu programa de diversificação da economia, com vista à
valorização e exploração sustentada de outros recursos disponíveis, nomeadamente no
sector mineiro, na agricultura e na indústria. Apesar das duras condições que têm
enfrentado desde o início da crise, em meados de 2014, à classe empresarial e às empresas
abre-se, assim, uma janela de oportunidades de negócio.

A par de um conjunto de medidas orientadas para a estabilidade macroeconómica e


sustentabilidade das finanças públicas e para a criação de infra-estruturas transversais
adequadas ao desenvolvimento de uma estrutura produtiva diversificada, o programa do
governo propõe o reforço da diversificação da produção nacional, em bases competitivas,
criando assim oportunidades de negócio nos seguintes sectores: (i) Produção agrícola,
pecuária e floresta; (i)Recursos do mar e da pesca; (i) Indústria extractiva; (i) Indústria
transformadora; (i) Construção Civil e Obras Públicas; (i) Telecomunicações e Tecnologias
de Informação; (i)Transportes; (i) Produção e Distribuição de Energia Eléctrica; (i)Hotelaria
e Turismo; (i)Educação; (i) Saúde. (Cavalcante, p. 245).
As pessoas e as sociedades estrangeiras só podem fazer negócios em Angola se aqui
estabelecerem uma representação, normalmente através de um procedimento de
investimento privado estrangeiro.

O Investimento privado é regulado pela Lei n.º 10/18, de 26 de Junho, que vem fixar os
benefícios e as facilidades que o Estado Angolano concede aos investidores privados e os
critérios de acesso aos mesmos, bem como estabelece os direitos, os deveres e as garantias
dos investidores. (Misumi 2009, p. 245).

A conjuntura economia e financeira continua fragilizada, com taxas de crescimento


económico negativas, aceleração da inflação e redução do superávit da conta de bens.

44
A actual Lei do Investimento Privado é aplicável a investimentos privados de qualquer valor,
quer sejam realizados por investidores internos ou externos. Ou seja, a Lei do Investimento
Privado vigente deixa de impor ao investidor um valor mínimo como sendo valor do
investimento. O investimento em Angola tem atingido valores bastante significativos nos
três últimos anos, da ordem dos 30% do Produto Interno Bruto. No entanto, a diversificação
da estrutura produtiva, a aposta nas exportações com elevado valor agregado, a musculação
da economia não mineral, a criação de infraestruturas físicas de qualidade e a criação de
emprego são apelativos de muito mais investimento interno. Em termos de contribuição nos
anos de 2017 a 2020, por classes no PIB, as classes que mais contribuíram, destaca-se: A
classe 01 “Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas” com 2,31%, seguida da classe 10
“Educação” com 0,7%. e classe 12 “Bens e Serviços Diversos” com 0,46 %. (BNA, 2019.p
12).
Por sua vez, o mais recente choque provocado pela pandemia da COVID-19 terá
impactos devastadores na maioria dos sectores de actividade a nível nacional e
internacional, apesar das medidas já adoptados, ainda é prematuro fazer qualquer
julgamento ou avaliação da sua eficácia.

45
CAPÍTULO II: OPÇÕES METODOLÓGICAS

2.1 MODO DE INVESTIGAÇÃO

Quanto ao tipo de pesquisa, é de salientar que foi utilizada a pesquisa mista,


utilizando os seguintes procedimentos, descritiva, Documental, Bibliográfico, Entrevista e
Levantamento, da feita que este trabalho junta duas componentes, pratica e teórica, onde
procurou-se fazer a recolha de dados através dos métodos acima descritos.

2.2 HIPÓTESES

Foram adoptadas as seguintes hipóteses:

H0; As políticas de combate à inflação adoptada pelo BNA não tem nenhuma
influência sobre os investidores privados.

H1; As políticas de combate à inflação adoptada pelo BNA tem influência


significativa sobre os investidores privados.

2.3 VARIÁVEIS

Foram definidas as seguintes varáveis:

Variável independente: políticas de combate a Inflação.

Variável dependente: Investidores privados.

2.4 OBJECTO DO ESTUDO

O objecto de estudo da presente pesquisa é analisar as políticas de combate à inflação


e entender a maneira como está influencia os investidores privados em Angola.

2.5 INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

Para o presente trabalho, temos a considerar o seguinte: Entrevistas, livros, análises


de documentos, relatórios concernentes as Políticas de Combate à Inflação e a sua
Influência nos Investidores Privados. Procurou-se filtrar a informação pesquisada, analisá-
la e organizá-la, a fim de ser apresentada de forma clara e objectiva.

46
CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS
RESULTADOS

EFEITO DAS POLITICAS DE COMBATE A INFLAÇÃO E SEU


IMPACTO NOS INVESTIFORES PRIVADOS

Neste capitulo procedemos a análise e discussão dos resultados relativamente a


influência da taxa da inflação em angola, entre 2017 a 2020. Procura-se analisar o
comportamento da série da inflação em angola e a sua influência nos investimentos
privados no período em análise.

Tendo em conta os dados coletados, no relatório da BODIVA dos anos em estudo,


relativamente a contribuição dos investimentos privados, no mercado financeiro, verificou-
se que a inflação, influencia diretamente os investimentos privados, como ostra a tabela
abaixo.

3.1 Negociações Anuais

Tabela 2; Negociações Anuais


ANOS NEGOCIAÇÕES EM BILHÕES NEGOCIAÇÕES % TAXA DE INLFAÇÃO
2017 AOA 525.125.075.128,00 19% 29%
2018 AOA 794.910.493.823,00 28% 19%
2019 AOA 874.126.590.398,00 31% 17%
2020 AOA 627.143.127.085,00 22% 21%
TOTAL AOA 2.821.305.286.434,00 100%

Fonte; Elaboração própria

Gráfico 9; Negociações Anuais

Fonte; Elaboração própria

47
Ao analisarmos o crescimento da inflação e a percentagem de negociações
perceberemos que se relacionam de modo que quanto maior a inflação menor as
negociações e quanto maior as negociações menores a inflação.

Reparemos o exemplo do ano 2019 que teve maior negociação com uma taxa de
inflação menor que a dos anos em estudo, e consequentemente temos o ano de 2017 com
o maior crescimento inflacionário e as negociações com menor crescimento, o que nos leva
a concluir que a taxa de inflação tem um forte impacto nos investimentos privados,
particularmente no mercado de capitais.

Analisemos agora o crescimento anual de cada sector de atividade, nomeadamente:


serviço, comercio, capitais e consequentemente sua contribuição no PIB.

3.2 Crescimento em cada sector de Actividade

Gráfico 10; Crescimento em cada sector de Investimento

Fonte; Elaboração própria

Tendo em conta o crescimento em cada sector de atividade nomeadamente comercio,


capital serviço e posteriormente o PIB, sabe-se que a economia Angolana depende
maioritariamente da exportação do petróleo, o que também influência negativamente o
crescimento da economia, fragilizando outros sectores de atividade, por a falta de interesse
da parte do estado, em financiar projectos com finalidade de movimentar e arrecadar fundos
através de outras fontes, e posteriormente tornamo-nos dependentes do petróleo, e uma
ligeira queda no mesmo sector, transforma-se em inflação, pois ao analisarmos o

48
crescimento de cada sector, veremos que ainda estamos em uma margem de crescimento
pouco a desejar.

Reparemos o sector de comercio, com menos crescimento e o sector com maior


crescimento em 2017 foi o mercado de capital, já em 2018 o sector de serviço cresceu
negativamente o sector de capital continua a liderar com o maior crescimento, já em 2019
fruto do elevado crescimento da inflação o mercado de capitais cresceu negativamente
liderando a queda comparado a outros sectores de atividade, ao analisarmos a média
verificaremos que o maior crescimento ainda é no mercado de capitais, tudo porque a
população, as empresas, depositam os seus valores a banca, ou seja os comerciantes os
prestadores de serviços, depositam os seus dinheiros a banca, a banca por sinal usa o mesmo
para investir no mercado de capitais o que deixa este mercado em vantagens relativamente
a outros.

Ao repararmos os maiores colaboradores da compra e venda de títulos e de capitais


perceberemos que são apenas os bancos, e isso também debilita a economia uma vez que
os bancos negam negociar com os privados por conta dos riscos eminentes aos
investimentos, negociando apenas com o estado por conta da confiança torna os
investimentos privados sem financiamento, sem crescimento, e sem emprego, de modo que
nos tornamos dependentes apenas do petróleo, e uma queda na venda do mesmo debilita
toda a economia.

3.3 Maiores negociações no mercado de bolsas.

Tabela 3; Negociações no mercado de Bolsas


NEGOCIAÇÕES ANUAIS EM PERCENTAGENS
BANCOS
ANO 2017 ANO 2018 ANO DE 2019 2020 MEDIAS
BFA 30% 45% 32% 24% 33%
BAI 2% 13% 19% 25% 15%
MILEN ATLANTICO 7% 9% 16% 12% 11%
BANCO BIC 1% 6% 4%
STANDARD BANCK ANG 25% 23% 14% 21%
SBN 11% 11%
BNA 7% 7%
BANCO ECONOMICO 5% 5% 5%
OUTROS BANCOS 3% 4% 14% 21% 11%
TOTAL 10% 10% 10% 10%

49
Gráfico 11;Negociações no mercado de Bolsas

Fonte; Elaboração própria

Com maior realce ao banco BFA e BAI como maiores negociadores, ao analisarmos
os requisitos de credito e política de microcrédito perceberemos que são os bancos que
menos apoiam, já o BIC e o SOL com menos negociação são os que mais adoptam as
políticas, á uma necessidade de se rever a política cambial, fiscal e adoptar outras políticas
capazes de alavancar a economia de Angola.

Sabendo que o BFA é um dos maiores investidores, procurou-se fazer uma entrevista
através de um questionário de perguntas e abertas com a finalidade de se perceber a causa
de seus investimentos em ativos.

3.4 Questionário de perguntas abertas dirigida a direção do Banco de


Fomento Angolano. (BFA)

O prezado questionário visa recolher informações sobre o impacto da inflação nos


Investidores privados, e tirou-se como amostra o banco BFA, os dados coletados farão
parte do trabalho de investigação.

Agradecemos carecidamente, certo que, responderam com clareza e certeza as


questões que se seguem.

1. O BFA assumiu o estatuto de entidade autônoma de direito Angolano


apena em 2002

50
2. Em que Ano o BFA se tornou membro da BODIVA.

• O BFA tornou-se membro da BODIVA em 2017, detendo mais de 70% da


quota no mercado.
3. Quais são as externalidades, como membro da BODIVA.
Positivas:
• Permitir que os seus clientes façam aplicações em títulos do tesouro, por
este ser membro.
• Fonte de auto financiamento.
Negativas,
• --Excesso de activos aplicados.
• --
4. Como membro da BODIVA, tem algum impacto sobre seus clientes.
• O BFA tem percebido o impacto e a importância de investimento em ativos
para seus clientes, tanto que tem havido um elevado número de clientes que solicitam
a compra de activos, por isso o BFA decidiu constituir uma linha de gestão, que se
dedica ao comercio e gestão de fundos de investimentos

3.5 Analise dos Resultados

Ao perceber-se da importância de investimentos em ativos, para os investidores


privados. Procurou-se analisar ainda, como os investimentos se relacionam com a inflação
na tabela abaixo.

Tabela 4; Negociações em Bilhões


ANOS NEGOCIAÇÕES EM BILHÕES NEGOCIAÇÕES % VARIAÇÃO % NEGOCIAÇÕES TAXA DE INLFAÇÃO VARIAÇÃO % DA INFLAÇÃO
2017 AOA 525.125.075.128,00 19% 29%
2018 AOA 794.910.493.823,00 28% 10% 19% -10%
2019 AOA 874.126.590.398,00 31% 3% 17% -2%
2020 AOA 627.143.127.085,00 22% -9% 21% 4%
TOTAL AOA 2.821.305.286.434,00 100%

Vejamos, a variação dos anos em estudo, de 2017 a 2018 houve uma variação de
menos 10%, na inflação, e consequentemente as negociações também aumentaram em
10%, no ano seguinte a inflação reduz em menos 3% e as negociações sobem para 3% e do
último ao penúltimo ano, a inflação subiu em 4% já as negociações baixaram em 9%.

51
O gráfico abaixo nos mostra o crescimento da inflação, e a percentagem de
negociações. Perceberemos que se relacionam de modo que, quanto maior a inflação menor
as negociações e quanto maior as negociações, menor é a inflação.

Gráfico 12; Inflação e compra de Imobiliários

Reparemos o exemplo do ano 2019 que teve maior negociação com uma taxa de
inflação menor que a dos anos em estudo, e consequentemente temos o ano de 2017 com
o maior crescimento inflacionário e as negociações com menor crescimento, o que nos leva
a concluir que a taxa de inflação tem um forte impacto nos investimentos privados,
particularmente no mercado de capitais.

52
CONCLUSÃO

O presente trabalho científico teve como objetivo geral analisar a inflação bem como
as políticas de combate e a sua influência nos investidores privados durante o período de
2017 a 2020, descrevendo os fenómenos inflacionários e a sua consequência na economia,
identificar os principais factores da inflação e a sua influência nos investidores privados,
foi admitido como variável independente as políticas de combate à inflação, e a variável
dependente a taxa de juros. A política Económica, têm como grande preocupação a
estabilização de preços através da redução da inflação, promoção do crescimento do
emprego, para a sua efetivação exige-se as autoridades monetárias, a adopção de um
conjunto de medidas complexas e funcionais afim de alcançar os resultados econômicos
desejados.

Ao analisar as políticas de combate à inflação implementada em Angola pelo banco


central, percebeu-se que não teve influencias muito significativas, sobre os investidores
privados, ou seja, a taxa de juros e as políticas cambias impossibilitam de certa forma os
investidores. Uma vez que que as políticas de combate à inflação em Angola durante o
período de 2017 a 2020, nomeadamente a depreciação cambial, a subida da taxa de juros,
não tiveram efeitos esperados na redução da inflação causando assim um impacto negativo
aos investidores privados e posteriormente criando desemprego, deve-se a vários motivos
entre os quais;

➢ Comportamento adversos das medidas econômicas aplicadas pelo BNA


➢ Fraca capacidade de produção interna
➢ Alta dependência de um único sector produtivo
➢ Não definição das políticas e medidas econômicas claras

53
RECOMENDAÇÕES

Considerando os resultados obtidos pareceu-nos pertinente recomendar:

Criação de políticas expansionista com o propósito de baixar as taxas de juros


na concessão de crédito ao investimento privado.
Controlar as actividades dos agentes comercias com objetivo de estabilizar os
preços no mercado formal e informal, prevenindo a especulação.
Promover pesquisas relacionadas, as políticas de estabilidade econômica.

54
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ANEXOS

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